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“Fena: Pirate Princess” é uma bela e confusa mistura

A discussão de “piratas vs ninjas” é uma das mais antigas da internet, e já causou horas e horas de acalorados argumentos. Se me perguntarem, acredito que demorou até demais para termos um animê inteiro dedicado a responder esse questionamento.

Fruto de uma parceria entre a Crunchyroll e o Adult Swim, “Fena: Pirate Princess” é um animê original que estreou em Agosto na plataforma de streaming, e foi concluído recentemente com 12 episódios. Animado pelo estúdio Production I.G. e dirigido por Kazuto Nakazawa, o show foi inspirado por mangás shoujo” e possuía como objetivo “ser uma história de fantasia e romance, que não se preocupa em ser historicamente realista.

A sinopse e trailer do show, como apresentados pela Crunchyroll, seguem:

Fena Houtman se lembra pouco da sua infância. Orfã e criada como serva em um bordel, sua vida muda quando ela foge para uma ilha de piratas onde descobre a verdade por trás da sua família. Fena sendo a única capaz de desbloquear os segredos da sua família, e com um grupo formidável de piratas na sua cola, ela precisa assumir seu lugar como capitã de sua tripulação de Samurai para uma aventura em alto mar!

Falar de “Fena” é falar de visuais deslumbrantes, e qualquer comentário que diga menos que “espetacular” seria uma mentira. Do início ao fim, fomos presenteados com cenários desenhados a mão, baseados em diversas localidades históricas ao redor do mundo, trazendo uma imersão no tema de “aventura na era das navegações” de fazer inveja para muitos shows populares.

E não só os visuais, mas todas as partes artísticas do animê se mostraram como de alto nível e com uma consistência inacreditável: O design de personagens que deu um charme único para cada uma delas; a trilha e efeitos sonoros que se complementam perfeitamente com os visuais; a escolha e interpretação das vozes, que contou com um elenco de dubladores AAA; a coreografia das cenas de ação, que embora poucas, foram extremamente marcantes… O show se destaca positivamente como sendo um espetáculo técnico.

Visual da cidade de "Shangri-lá", em imagem utilizada na produção de "Fena: Pirate Princess"
“Shangri-lá”, apenas a primeira de muitas paisagens maravilhosas da série (Imagem cedida pela Crunchyroll)

Os problemas começam, porém, quando olhamos para o enredo. “Fena” parece ser uma obra com crise de identidade, que não consegue escolher o que quer ser ou qual rumo deseja tomar, e acaba ficando sem tempo para concluir sua trama quando finalmente se decide (se é que dá pra falar que uma decisão foi tomada).

No início, somos apresentados a um mundo incrível, com personagens de personalidade forte e com toda a parte artística supracitada como base. Terminei o primeiro episódio completamente boquiaberto, pronto para explorar os mares nessa história que parecia estar se moldando para ser uma jornada de auto-realização e de entendimento pessoal. Minha empolgação estava tão pra cima quanto o narizinho da Fena.

Captura de tela do episódio 8 de "Fena: Pirate Princess", mostrando Fena
Narizinho da Fena. É isso, essa é a legenda. (Reprodução: Crunchyroll)

Com o passar dos episódios, mais e mais elementos foram sendo adicionados, sem dar a chance para os anteriores se concretizarem ou serem explicados. Em pouco tempo, a trama já estava completamente perdida, com tantas coisas empilhadas que nenhuma delas conseguiu ser coerente. Acabamos com um monstro de Frankenstein, que juntou retalhos de diversos gêneros e bebeu de diversas fontes, mas não pensou na ética ou na consequência de seus atos. Eles estavam tão preocupados em saber se conseguiam, que não pararam pra pensar se deveriam.

Piadas à parte, a impressão que fica é que de duas, uma: Ou a produção foi muito ambiciosa, e precisava de pelo menos 24 episódios para explorar todos os pontos da salada de frutas que eles fizeram; ou a produção foi muito ingênua, e acreditou que conseguiria fazer sentido das ligações sem pé nem cabeça que inventaram com apenas 12 episódios. Um exemplo claro dessa linha de raciocínio são os próprios samurais que compõem a tripulação. Eles tiveram participações desiguais ao longo da série, e não sei dizer se os menos favorecidos seriam aprofundados se tivéssemos tempo para isso, ou se estavam lá apenas por estar desde o início.

Existe uma linha tênue entre o conceito de “ser misterioso e deixar as coisas no ar puramente pela estética do desconhecido“, e “não fazer absolutamente nenhum sentido“. E, embora consiga ficar no lado certo em alguns momentos, o animê acaba não apenas passando pro outro lado dessa linha em múltiplas ocasiões, como decide correr uma maratona além dela em sua conclusão.

Captura de tela do episódio 7 de "Fena: Pirate Princess", mostrando Fena e uma explosão ao fundo
Representação visual de como foi acompanhar a história do animê (Reprodução: Crunchyroll)

“Fena” não precisava ir tão longe, até porque ninguém estava esperando que fosse. O show precisava escolher se seria uma aventura mais pé-no-chão, focada em descobrir a história e o passado da protagonista, e como ela lidaria com essas descobertas… Ou se seria uma aventura fantástica, onde as personagens fossem apenas os veículos para nos mostrar a magia, que seria o verdadeiro ponto central. São duas visões completamente opostas, e justamente por isso, não funcionam quando unidas. E, pra mim, esse é o maior defeito do animê.

Com um embaraçado de temas, e pouco tempo para desembaraçá-los, “Fena: Pirate Princess” se perde em si mesmo e se torna uma mera experiência visual. Mas que os visuais são lindos, isso não dá pra negar. É um animê que entretê, mas que não possui substância, e por isso, minha nota pessoal e intransferível para ele é 2,5/5,0. Levemente decepcionado com a jornada que nunca me foi prometida, mas que eu achei que iria receber.

O animê está disponível na Crunchyroll, completo em doze episódios, e com legendas em português.

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TONIKAWA: “Fofura” e “Vergonha alheia”, faces de uma mesma moeda

O satélite natural do nosso planeta empresta seu nome para diversos ditados populares. Um deles, “Nascer virado para a Lua“, significa que a pessoa é bastante sortuda; Já outro, “Viver no mundo da Lua“, quer dizer que o indivíduo é muito distraído ou avoado. São ditados intrinsecamente brasileiros, mas que acabaram calhando de combinar perfeitamente com o protagonista desta história japonesa que também se baseia nesse corpo celeste.

Inicialmente um mangá, “Tonikaku Kawaii” (abreviado para “Tonikawa“) está em publicação desde 2018, com autoria de Kenjiro Hata (que também escreveu Hayate no Gotoku!/Hayate The Combat Butler). Em outubro de 2020, recebeu uma adaptação em animê, animado pelo estúdio Seven Arcs, e dirigido por Hiroshi Ikehata.

A Crunchyroll fez a transmissão simultânea do show, além de disponibilizar uma versão dublada em português (que vou comentar em maiores detalhes daqui a pouco). A sinopse e trailer do animê, disponibilizada pelo próprio serviço de streaming:

Após um encontro com a misteriosa Tsukasa, Nasa Yuzaki se apaixona à primeira vista. Nasa decide se declarar pra garota, mas ela responde: “Só vou sair com você se a gente se casar.” Assim começa a vida  cativante e amorosa destes dois recém-casados!

Tonikawa é um animê, acima de tudo, fofo. E quando digo fofo, quero dizer aquele tipo de história doce de doer o dente. Passamos boa parte do show com trocas tímidas de amor entre os dois protagonistas, Nasa e Tsukasa. A sensação de que eles realmente gostam um do outro é nítida a todo o momento, e soa genuína o bastante para não parecer forçada, mesmo quando acontece numa intensidade muito maior do que se julgaria “normal“.

Não conseguia não me divertir quando Nasa apontava para Tsukasa e, com um largo sorriso no rosto, dizia de boca cheia: “a minha esposa é linda“. Da mesma forma, todas as reações de Tsukasa para com a simples existência do Nasa, também trazia a quintessência de uma série piegas. Uma overdose de fofura.

Por outro lado… Sempre acompanhado de coisas fofas, vem também a vergonha alheia. É um sentimento bem fácil de entender, mas difícil de colocar em palavras. Cada declaração ousada do marido se torna um constrangimento para o espectador; Muitas vezes, até mesmo a esposa acaba ficando embaraçada com toda a situação, e a vergonha que ela sente acaba passando da fofura pra se tornar simplesmente… vergonhoso. Constantemente, a série se apoia em insinuações sexuais que abrangem desde pequenas piadinhas que te arrancam um riso, até pensamentos que te fazem questionar a moralidade das personagens e até mesmo a sua, por estar assistindo isso.

Captura de tela do episódio 7 de TONIKAWA: Over The Moon For You, mostrando Tsukasa e Nasa
Quando o amor por sua esposa é tanto que você manifesta SFXs na vida real (Reprodução: Crunchyroll)

Exageros à parte, a carga de conteúdo fofo e vergonhoso existe num equilíbrio quase perfeito, e é isso que faz com que o animê seja tão bem encaixado. Eles se intercalam com uma maestria, que não permite que nenhum fique tempo demais na tela. Cada cena existe num contexto onde faz sentido ela existir, e dura apenas o suficiente para ter o efeito desejado, sem sobrecarregar a pessoa assistindo. Na maioria das vezes, é claro. Vez ou outra, alguma coisa passa, o que me deixou um pouco desconfortável quando aconteceu. Mas foi raro o bastante para não afetar a experiência como um todo.

Então, você soma a essa equação um timing humorístico acima da média, que não tenta te fazer rir o tempo todo, pois sabe que quando precisar, vai conseguir entregar uma boa piada. Acabamos por ter uma comédia-romântica que se preocupa muito mais no balanço entre seus aspectos românticos, e a comédia surge naturalmente como resultado disso.

O show pode ser meio vago, com grandes buracos de roteiro que estão lá propositalmente… Mas todo o resto se complementa de uma forma tão excepcional, que acabam servindo de pontes para atravessar esses abismos, fazendo com que no final do episódio, você nem se lembre das perguntas que tinha.

Captura de tela do episódio 9 de TONIKAWA: Over The Moon For You, mostrando Tsukasa de costas
A Tsukasa de costas ser super parecida com um Among Us é uma das “referências” que provavelmente aconteceram por acaso… (Reprodução: Crunchyroll)

Outro ponto que gostaria de comentar é sobre a bagagem midiática que Tonikawa possui. O autor fez questão de inserir uma quantidade exorbitante de referências, salpicadas ao longo de toda a série. É o tipo de conteúdo que, caso você tenha o contexto necessário para entender, acaba adicionando ao humor, pois muitas vezes, são referências que soam naturais de serem feitas (como, por exemplo, comparar Nasa com Tony Stark), dando ainda mais autenticidade ao dia-a-dia do elenco.

Já algumas outras, existem como uma homenagem aos referenciados, sendo usadas como meros recursos visuais para uma narrativa dentro da história (é o caso do uso das silhuetas de personagens de “Danganronpa”, por exemplo). Nos dois usos de referências, porém, elas existem apenas como um extra, um conteúdo bônus para quem foi capaz de reconhecê-las, e não o centro da atenção ou da piada.

Levemente relacionado com o ponto anterior, é o enorme contexto cultural que o animê exige. Ele é uma história japonesa, que se passa no Japão, e nem a obra original, nem a dublagem, tentam “localizá-la” para um público internacional. Não quero (e nem devo!) entrar no mérito de se isso é uma coisa boa ou ruim, mas é claramente algo que precisa ser comentado.

O show fala de franquias de lojas japonesas; de bairros famosos de Tóquio; sobre pontos turísticos e históricos de todo o país; de costumes e tradições culturais pouco conhecidas no ocidente; e nenhuma dessas coisas são explicadas para você. A maioria delas é entendível dentro do contexto da cena, e muitas delas são coisas que se você for um fã de animê de longa data, já deve ter ouvido ou se acostumado ao longo dos anos. Mas fica claro que a intenção é ser uma história para quem já tem uma bagagem anterior, fazendo com que não seja uma boa escolha para “iniciantes”.

Captura de tela do episódio 7 de TONIKAWA: Over The Moon For You, mostrando Tsukasa
Para não dizer que o animê é só coisas doces, toma: Tsukasa chupando limão (Reprodução: Crunchyroll)

Finalmente falando da dublagem: A versão brasileira foi feita no estúdio Som de Vera Cruz (também responsável por Re:ZERO; Tokyo Revengers; entre outros), e contou com a direção de Leonardo Santhos (diretor das dublagens de Re:ZERO e Konosuba).

No elenco, queria destacar as duas personagens principais, que tiveram uma performance muito acima da média. Eu fiquei genuinamente surpreso com o quão bem a voz da Isabella Simi encaixou com a Tsukasa. Ela conseguiu trazer todas as nuances que a complexidade da personagem exigia, com uma interpretação que não perde em nada para a contraparte japonesa (voz de Akari Kito); Já para Nasa, a voz de Pedro Alcântara me soou um pouco estranha a princípio, principalmente por conta do original (voz de Junya Enoki) ter um tom tão mais grave que a da versão brasileira. Mas imediatamente após ouvir o primeiro solilóquio do rapaz, fui convencido de que o Pedro era o dublador perfeito para ele. 

Outros nomes no elenco de vozes foram Jeane Marie, Jéssica Marina, Vitória Crispim, Gabriela Medeiros, Lhays Macêdo, Milton Parisi e Tonia Mesquisa.

De forma geral, tanto a escolha de vozes como a interpretação dos dubladores foi excelente, e não estou exagerando quando digo que é, na minha opinião, o melhor animê dublado que eu assisti. Confesso que ainda tem muita coisa dessa “nova leva” de dublagens que eu preciso conferir, mas a qualidade de Tonikawa está assegurada.

Claro que o trabalho não foi perfeito (nada é!), e para não parecer que estou apenas elogiando cegamente, tenho uma reclamação: Todos os nomes e termos japoneses do animê foram estranhamente pronunciados, como se os dubladores estivessem se forçando a falar com um certo estrangeirismo. Cada vez que alguém falava “Chitose” (nome de uma das personagens), eu precisava checar para ver se entendi o que tinha sido dito. E lembram das diversas referências à cultura japonesa que eu comentei acima? Todas elas foram mantidas com seus nomes japoneses, e todos eles foram pronunciados de uma forma estranha. Uma gota de crítica num oceano de elogios.

Captura de tela do episódio 5 de TONIKAWA: Over The Moon For You, mostrando Nasa e Tsukasa
Todo casal é formado por uma pessoa que acredita que Sharknado é a melhor franquia que existe, e uma pessoa que está errada. (Reprodução: Crunchyroll)

Tonikawa funciona. Funciona pois escolheu um nicho e se aperfeiçoou nele, dando uma experiência ideal para qualquer um que esteja no clima que ele oferece. “Fofura” e “Vergonha alheia” são dois lados de uma mesma moeda, mas nesse cara-ou-coroa, o animê conseguiu um raro empate. Com muito mais qualidades do que problemas, e problemas que podem ser relevados (se você entender que eles existem para serem resolvidos num futuro que ainda não foi adaptado do mangá), o show se mostra como uma experiência gentil e alegre que passa voando por você. A nota do redator é de 4/5, junto com uma recomendação de assistir a versão dublada.

TONIKAWA: Over The Moon For You está disponível na Crunchyroll, completo em 13 episódios, com opções de áudio em português e japonês (e legendas em português para o segundo caso).

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Blade Runner: Black Lotus irá estrear em Novembro de 2021, assista o novo trailer

A Crunchyroll junto do Adult Swim anunciaram durante um painel da New York Comic Con, que o anime Blade Runner: Black Lotus estreará em 14 de Novembro de 2021, às 1:00 hora da manhã no horário de Brasília. 

O anime estará disponível com dois capítulos, sendo os outros episódios disponibilizados na plataforma semanalmente. 

Los Angeles, 2032. Uma jovem acorda sem memórias, e de posse de habilidades mortíferas. Suas únicas pistas para o seu passado são um dispositivo de dados encriptado e uma tatuagem de uma lótus negra. Para desvendar o mistério, ela precisa caçar os responsáveis por seu passado brutal e sangrento e descobrir a verdade sobre sua identidade perdida.

Para futuras informações a respeito de Blade Runner: Black Lotus, fique ligado aqui, na Torre de Vigilância.

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O problema de se prolongar demais em Hamefura X

Uma das citações mais famosas da ficção é aquela que você provavelmente já ouviu em vários contextos: “Ou você morre herói, ou vive o bastante para ver você mesmo virar vilão“. É comum, no mundo do entretenimento, a criação de histórias longas, e, enquanto algumas delas não duram tanto quanto gostaríamos (ou quanto era necessário…), o caso oposto também é recorrente: histórias que se estendem muito mais do que precisavam.

Diversas franquias estão presentes há anos, até décadas, e continuam gerando novos conteúdos. Mas chega um momento em que até mesmo o mais aficionado fã vai encarar o seu novo filme (ou quadrinho, livro, temporada, álbum…) e pensar “Putz, esse aí já foi pura ganância“.

Vários exemplos podem ter passado pela sua cabeça (e eu até prefiro não citar nenhum para não causar uma polêmica, mas cada um sabe, lá no fundo, do que estamos falando), só que eu queria dar um exemplo que você provavelmente não conhece, e um exemplo que talvez não seja tão radical quanto esse começo fez soar, mas que precisa ser dito antes que chegue nos patamares acima.

Captura de tela do episódio 1 de "Hamefura X", mostrando Catarina, com a legenda "Por que as coisas acabaram assim?!"
A pergunta que muitas fãs fazem… (Reprodução: Crunchyroll)

Ano passado, eu comentei sobre “My Next Life as a Villainess: All Routes Leads to Doom!” (abreviado para “Hamefura”, por seu nome japonês), um animê isekai que me divertiu horrores com sua premissa absurda e execução impecável.

A primeira temporada teve uma história com início, meio e fim. Seu clímax foi interessante e me deixou intrigado pela sua resolução, e o que foi entregue conseguiu encaixar perfeitamente todas as peças, numa conclusão satisfatória e eloquente. Acompanhar a vida da Catarina, desde sua infância, até o momento de sua “programada” morte, era um conceito interessante: Cada evento tinha importância, nos fazia pensar em como isso alteraria o futuro que já estava escrito. Até que ponto as mudanças que ela causou a ajudariam? A parte “séria” da história funcionava por causa dos conhecimentos prévios que ela tinha.

Por outro lado, o humor funcionava em cima da incapacidade da Catarina de entender qualquer coisa ao seu redor, que não fosse tentar sobreviver. Ela é abobada e sem nexo parcialmente por sua inexperiência, mas principalmente por realmente não estar dando bola para qualquer coisa que não seja evitar sua própria morte. A própria ideia de ter todas aquelas pessoas gostando e se interessando por ela era absurda, afinal, elas seriam as responsáveis por seus “fins de destruição”.

Captura de tela do episódio 1 de "Hamefura X", mostrando Catarina, e com a legenda "Escapei!"
Mas convenhamos, é a junção da história e da bobeira da Catarina que me fez gostar da primeira temporada (Reprodução: Crunchyroll)

Então, chegamos na segunda temporada, que estreou em julho deste ano (e está na Crunchyroll)… O anime tenta se manter o mesmo, e fez isso com bastante maestria. O problema é que o clima não é mais o mesmo. As coisas não funcionam mais tão bem na atmosfera que foi criada num mundo de Hamefura pós-primeira-temporada.

A história de “Fortune Lover“, o jogo que Catarina conhecia, já terminou. Os conhecimentos prévios dela se esgotaram. A partir desse ponto, a trama se torna um mistério comum. Ele perdeu parte do charme, pois não temos mais uma “base” para comparar e perceber o quanto as coisas mudaram.

Para piorar, a ambientação acaba impondo um limite de quantas coisas diferentes você pode fazer para gerar tensão. Quando você me conta que, pela terceira vez, alguém foi sequestrado por um usuário de magia negra… Eu não vou ficar preocupado, eu vou é revirar os olhos.

Captura de tela do episódio 3 de "Hamefura X", mostrando Catarina, e com legenda "Não posso dizer que estava tão confortável que até esqueci que fui raptada."
Admiro a coragem de fazer um meta-humor com isso, mas poxa vida… (Reprodução: Crunchyroll)

Essas são apenas algumas das coisas que eu pensava enquanto assistia aos novos episódios. O questionamento geral sempre era: “Precisava de mais?“. Mesmo a segunda temporada tendo sido até que divertida, trabalhando em cima dos pontos fortes da série, e explorando seu rico elenco (além das excelentes adições), ela não chegou nem perto da genialidade da primeira.

A impressão que eu tive é que o primeiro episódio deveria ter sido um “especial“, um extra para a primeira temporada. Um clássico “agora que nossas crianças salvaram o mundo, vamos deixá-las se divertir um pouco!“, e então, encerrar por ali. A criação de uma nova narrativa não só pareceu forçada, ela era totalmente desnecessária.

No geral, Hamefura X foi uma existência que não precisava existir, mas já que existiu, pelo menos se esforçou para dar o seu melhor. E, enquanto o seu melhor não é tão bom quanto o seu antecessor, ainda é melhor do que muita coisa que se encontra por aí. A história ainda não se tornou vilã, mas está tentando perigosamente viver por tempo demais. Para a segunda temporada, a nota do redator é 3,0/5,0.

Hamefura X (e também sua primeira temporada) está disponível na plataforma de streaming Crunchyroll, completo em 12 episódios (24 com as duas temporadas), e com legendas em português.

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Demon Slayer: “Mugen Train” e “Entertainment District” estreiam na Crunchyroll este ano

O sucesso mundial “Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba“, mangá de Koyoharu Gotouge e adaptado para animê em 2019 pelo estúdio ufotable, vai receber novos episódios em 2021!

Em release para a imprensa, a Crunchyroll, plataforma de streaming especializada em animê, anunciou que dois novos arcos, “Mugen Train” e “Entertainment District”, chegarão à plataforma ainda este ano. Confira os detalhes:

Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba Mugen Train Arc

Data de estreia no Japão: 10 de outubro (domingo), às 23:15 JST (11:15 no horário de Brasília).

Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba Mugen Train Arc é uma reedição em 6 episódios do filme com nova trilha sonora, além de um inédito episódio 1 de duração estendida, onde Kyojuro Rengoku embarcará numa nova missão a caminho do Mugen Train.

LiSA retornará para cantar o tema de abertura “Akeboshi” e o tema de encerramento “Shirogane“.

Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba Entertainment District Arc

Data de estreia no Japão: 5 de dezembro, às 23:15 JST (11:15 no horário de Brasília).

Em Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba Entertainment District Arc, Tanjiro e seus colegas embarcam numa nova missão no Distrito Yoshiwara, onde eles enfrentarão a demônio Daki, interpretada por Miyuki Sawashiro. A série estreará logo após a conclusão do arco Mugen Train, com um episódio especial de uma hora.

A cantora Aimer interpretará os temas de abertura “Zankyosanka” e encerramento “Asa ga kuru“.

A plataforma já conta com a primeira temporada, completa em 26 episódios. No Brasil, o mangá é publicado pela Editora Panini.

Novas informações, como a disponibilidade e datas de estréia na plataforma, poderão ser reveladas no futuro. Para ficar por dentro das novidades, fique de olho na Torre de Vigilância!

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Resenha Semanal | The Detective is Already Dead #12

Acabou! Hoje foi o último episódio, e com isso, teremos a última resenha semanal de “The Detective is Already Dead“. Se você me acompanhou até aqui, agradeço a parceria! E se chegou depois, fico surpreso de ter chegado até aqui… As resenhas anteriores, como sempre, seguem:  #01 | #02 | #03 | #04 | #05 | #06 | #07 | #08 | #09 | #10 | #11.

Numa tentativa de encerrar a temporada com chave de ouro, o animê acabou mostrando exatamente todos os problemas que os assombraram ao longo de toda sua exibição. Se for para fazer um elogio, porém, poderia dizer que pelo menos eles foram consistentes nesses pontos? Vamos comentar o episódio da semana, e dar um apanhado geral do show!

Captura de tela do episódio 12 de "The Detective is Already Dead", mostrando Kimihiko
Pois é, Kimihiko. Terminou. Para o bem ou para o mal, não tem mais resenha semanal. (Reprodução: Twitter Oficial, @tanteiwamou_)

Episódio 12: “Aqueles três anos estonteantes que passei com você”

A primeira metade fez uma construção completa: da preparação emocional com o flashback; ao reencontro surpreendente; passando pela já clássica interação entre Kimihiko e Siesta que eu tanto elogiei; chegando ao clímax com uma nostálgica onda de memórias; e encerrando com uma pose épica enquanto um discurso sobre o poder da amizade é narrado ao fundo; tudo isso enquanto enfrentam um lagarto gigante dentro de um navio em chamas. Honestamente, a ideia inteira da cena é perfeita.

Faço questão de destacar, porém, que apenas a “ideia” é perfeita. Mais uma vez, temos um problema de execução por parte do animê, que tirou grande parte do impacto que a cena precisava ter. Os movimentos são desengonçados; o monstro não tem a presença ameaçadora nem a coreografia que precisava ter para fazer sua existência ali relevante; toda a conversa entre os dois protagonistas teve sua importância diminuída pois eles falavam sobre coisas que aconteceram apenas dois episódios atrás… Foi um desastre de direção do início ao fim.

Na segunda metade, destaco mais uma escolha estranha por parte do autor: Sério mesmo que depois de tudo que aconteceu, nem o Kimihiko nem a Charlotte conseguiram chegar à conclusão de que a Siesta já tinha planejado morrer desde o começo? Para quem estava escrevendo uma história sobre protagonistas absurdamente poderosos, as duas pessoas que mais passaram tempo ao lado da “Lendária Detetive” não terem herdado nem uma fração da esperteza dela… soa um pouco estranho. Faz até parecer que a ideia era emburrecer as pessoas ao redor de Siesta, para que a sua inteligência parecesse maior.

Por fim, o encerramento pareceu servir como um soco no estômago, um último recado de que o show poderia ter sido bom, mas continuou no “quase” a temporada inteira. A apresentação de slides com o que aconteceu nos doze episódios nos mostrou como tivemos pouca coisa acontecendo de fato, com mais episódios de preparação de terreno do que terrenos sendo usados. O meta-comentário do Kimihiko, de que “É muito cedo para chamar isso de um epílogo” me causou uma reação visceral de ódio: Estou acostumado a adaptações de Light Novel terminarem com uma enorme placa de “vá ler o material original“, mas “The Detective is Already Dead” se esforçou para, em doze episódios, mostrar a menor quantidade possível de material. Esse final foi um grande dedo do meio para quem acompanhou o animê, quase como uma confirmação de que ele fez todas as coisas erradas propositalmente, e não por incompetência.

Captura de tela do episódio 12 de "The Detective is Already Dead", mostrando Nagisa com os olhos azuis
Não sei nem mais o que colocar na legenda das imagens da “Nagisa”… Coitada, a protagonista menos protagonista da história da ficção… (Reprodução: Twitter Oficial, @tanteiwamou_)

Considerações Finais (Dessa vez, “finais” mesmo)

Depois de três meses, eu confesso que fiquei confuso. Será que foi mesmo culpa do show? Será que “The Detective is Already Dead” que está errado, com uma direção e execução falhas? Ou será que sou eu que não tenho mais paciência para esse tipo de ladaínha? Gostaria de dizer que sou eu, mas o próprio anime me desmentiria. Veja o primeiro episódio! Leia os comentários que eu fiz sobre ele, lá atrás! Eu adorei a ladaínha, achei super legal toda a parte brega e exagerada que fizeram. Eu também vejo isso acontecendo em outros shows! A única explicação acaba caindo, de novo, na direção e na execução dos episódios 2 a 12. Uma pena.

Com uma aparência de “história de detetive“, mas uma proposta de “história de protagonista absurdamente poderoso“, o animê acabou arranhando a superfície de ambas as partes, sem se aprofundar em nenhuma delas. Coisas “genéricas” funcionam, mas só funcionam quando elas são genéricas o suficiente para abrangir um público enorme, fazendo com que essa grande área superficial compense a falta de profundidade. “The Detective is Already Dead” não foi nem largo, nem fundo, e acabou sendo um show que não agrada tanto quanto poderia.

Por outro lado, uma rápida pesquisa te mostra que a adaptação deu uma chacoalhada bem grande na Light Novel, trocando grandes blocos de ordem e trazendo uma visão bem diferente da mesma história. Se você ficou frustrado com o modo como o animê apresentou as aventuras de Siesta, Kimihiko e Nagisa, talvez a versão original seja justamente o que você precisa. Afinal, como já comentei antes, a realidade normalmente muda de acordo com a expectativa que você tem.

Captura de tela do episódio 12 de "The Detective is Already Dead", mostrando Siesta
A cara de todos os envolvidos no comitê do animê, ao ver que todo o plano de empurrar as pessoas para a Light Novel deu certo, mesmo que pelos motivos errados (Reprodução: Twitter Oficial, @tanteiwamou_)

E como a história terminou, acho justo fazer o que sempre fazemos e dar uma nota para o que acabamos de assistir: Para mim, “The Detective is Already Dead” fica com um 2,5/5,0, e eu nunca tive tantas postagens para esclarecer o meu ponto, quanto como hoje.

O animê, agora completo, está disponível na Funimation, com legendas em português.

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Samurai Soul | Netflix anuncia anime spin-off de Bright

A Netflix anunciou através de suas redes sociais, o anime Samurai Soul, que será um spin-off do filme Bright, lançado em 2017. 

Simu Liu, Fred Mancuso e Yuzu Harada fazem parte do elenco de vozes da produção. Kyohei Ishiguro  dirige. 

Nos primeiros anos da Restauração Meiji no Japão, um samurai precisa se unir a um orc assassino para salvar uma jovem elfa de um adversário em comum. 

A produção chega em 12 de Outubro de 2021.

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Resenha Semanal | The Detective is Already Dead #11

Na penúltima semana, temos nossa penúltima resenha semanal de “The Detective is Already Dead“! O animê está chegando ao fim, e se você deixou a coisa acumular para maratonar tudo no final, esse é um bom momento de ir assistir os episódios anteriores, e ler as resenhas anteriores:  #01 | #02 | #03 | #04 | #05 | #06 | #07 | #08 | #09 | #10.

Como estamos quase acabando a temporada, o animê faz um esforço para tentar concluir seu raciocínio. Esforço sempre dá resultados, mas, de vez em quando, não dá resultados positivos. Com alguns acertos e alguns erros, vamos comentar o episódio da semana!

Captura de tela do episódio 11 de "The Detective is Already Dead", mostrando Yui
Parece que o olho-que-tudo-vê da Yui conseguiu ver o plano do Kimihiko dessa vez (Reprodução: Twitter Oficial, @tanteiwamou_)

Episódio 11: “Uma luz em meio à esperança”

Continuando de onde paramos na semana passada, o Kimihiko salva o dia com o poder da enrolação estratégica. Comprar alguns preciosos minutos fazendo um discurso emocionado, e forçando o seu vilão a fazer outro discurso emocionado é uma tática mais velha que andar para frente, e foi o que o nosso ajudante predileto fez para salvar a Nagisa. E o animê fez questão de te mostrar que ele tinha planejado as coisas só até aqui.

Seguimos com mais um pequeno acerto: Uma boa utilização de flashback. Viu gente? Não é tão difícil assim! Um flashback não precisa ter mais que um minuto de duração, e ele pode ir direto ao ponto que será utilizado logo na sequência. É uma construção que nos faz lembrar que sim, de fato, a detetive já está morta, e que o importante é o presente, e não o passado. Mas também mostra que ela continua sendo relevante no hoje, por meio de suas filosofias e lições. A ideia não era essa?

O que eu não gostei, porém, foi a segunda enrolação estratégica. O garoto estava lá, enrolando o nosso camaleão (que aliás, era um camaleão mesmo né? Esse autor gosta de ser literal) depois de ter salvo a Nagisa. Essa era a oportunidade perfeita para fazer justamente o que o autor disse que era o objetivo dele desde o princípio: contar uma história de um protagonista super-poderoso e bem-preparado. Se tivessem me falado um “Ahá! Eu sabia desde o princípio que eu não tinha como enfrentar um mutante por conta própria, e sabia que a Charlotte iria aparecer com reforços! Por isso eu passei um flashback no meio da cena de combate! Eu sou muito esperto!“, eu teria aplaudido. Seria uma atitude incrivelmente corajosa por parte da história, e por mais cafona que seja, se alinharia com o que a história pretende ser.

Captura de tela do episódio 11 de "The Detective is Already Dead", mostrando Camaleão (esquerda) e Kimihiko (direita)
Eu depois de duas doses da vacina vs eu antes de tomar a vacina (Reprodução: Twitter Oficial, @tanteiwamou_)

Considerações Finais

Eu não sei mais o que dizer, apenas sentir. No caso, sinto pena do animê. A direção artística do show não está dando conta de fazer o que precisava fazer. Todas as cenas são anti-climáticas, sem emoção e sem intensidade. Eu acredito seriamente que você precisa de um certo talento para conseguir fazer uma cena onde um cara se transforma em um camaleão-mutante enorme e é então alvejado por uma submetralhadora dentro de um navio em chamas, ser uma sequência totalmente sem impacto.

Por outro lado, a segunda metade do episódio serviu como réplica ao meu comentário da semana passada: Finalmente justificaram os cinco episódios de flashback que eu tanto reclamei sobre. Foi uma conclusão que precisava de uma certa construção para funcionar, e que só teve impacto justamente pela longa duração. Mas com o porre que foi acompanhar essa construção sem aviso prévio, e com o problema de direção artística já mencionado… A conclusão pareceu muito menos impactante do que precisava ser. Isso faz com que eu não tenha certeza se a justificativa tenha valido a pena.

Ao menos deram uma justificativa, né? Agora só resta um episódio.

Captura de tela do episódio 11 de "The Detective is Already Dead", mostrando Siesta
Quando finalmente o seu jogo de Xadrez 5D, que você vem planejando há anos, finalmente chega à conclusão que você já tinha calculado 27 passos a frente de todos… (Reprodução: Twitter Oficial, @tanteiwamou_)

O animê está disponível na Funimation, com novos episódios aos domingos, e legendas em português. Além de “The Detective is Already Dead”, a Funimation também anunciou diversos outros títulos para a temporada de verão de 2021, incluindo algumas dublagens para o português.

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Resenha Semanal | The Detective is Already Dead #10

Dá para acreditar? Essa é a décima semana que estamos fazendo resenhas de “The Detective is Already Dead“! Parece que vamos mesmo sobreviver até o final, ein? Caso não tenha visto, as resenhas anteriores podem ser lidas aqui:  #01 | #02 | #03 | #04 | #05 | #06 | #07 | #08 | #09.

Como uma fênix que resurge das cinzas após morrer, o animê decidiu voltar ao presente após cinco semanas de flashbacks. E, assim como a fênix, meu interesse no show pareceu renascer. Vamos comentar o que vimos essa semana:

Captura de tela do episódio 10 de "the Detective is Already Dead", mostrando Charlotte (direita) e uma parte de Kimizuka (esquerda)
Dessa vez, a Charlotte serviu de algo! Isso que é desenvolvimento de personagem! (Reprodução: Twitter Oficial, @tanteiwamou_)

Episódio 10: “Então, não posso me tornar um detetive”

O episódio começa com uma reflexão da Nagisa – que o autor levou muito ao pé da letra, fazendo ela ficar de frente para o seu reflexo num espelho por toda a cena… E a sutileza? – onde vimos ainda melhor dois detalhes opostos de episódios anteriores: Nos mostrou, de novo, que aquela introdução da garota, no episódio 2, foi completamente sem pé nem cabeça… e também nos mostrou que a escolha de direção do episódio 3, que eu tanto elogiei, foi feita propositalmente. A própria Nagisa admitir que ela é o completo oposto da Siesta é um ponto óbvio, mas que impacta quando é dito de forma tão descarada assim.

Outra coisa que eu já comentei antes, mas que se mostrou novamente nesse episódio, foi a inversão de papéis. Depois de cinco episódios vendo a Siesta ser a “provocadora” e o Kimizuka ser o “provocado”, ver o Kimizuka no papel de “provocador”, mesmo que acidentalmente, é como uma brisa de ar fresco. E o animê estava precisando mesmo de uma refrescada de ares.

A aparição – dessa vez, com alguma utilidade pra trama – da Charlotte também foi interessante, ao trazer ainda mais destaque para o conflito interno da Nagisa, e de servir como ponto de início para a trama do arco. E qualquer personagem que seja necessária para nos levar até um vilão dublado pelo Takehito Koyasu é uma personagem importante, na minha opinião.

E já que citei o vilão, toda a história do episódio pareceu extremamente fora de lugar, mas não de uma forma ruim. É normal as coisas parecerem fora de lugar, pois, no presente, estamos acompanhando as coisas por um ponto de vista que é muito mais próximo do da Nagisa (que não tem muita ideia do que está acontecendo, por ter chegado de paraquedas) do que do Kimizuka. Esse sequestro repentino, esse item misterioso da Siesta que aparentemente está no barco, a aparição de um vilão que fica invisível e lhe dá um ultimato… Tudo isso acrescenta ao ar de mistério que circunda a nova e antiga vida da Nagisa.

Captura de tela do episódio 10 de "the Detective is Already Dead", mostrando Nagisa
E não se pode ter um drama sem um pouco de charme, não é? E de charme, a Nagisa está cheia (Reprodução: Twitter Oficial, @tanteiwamou_)

Considerações Finais

Caso não tenha ficado óbvio até agora, o ponto que eu tenho achado mais interessante em “The Detective is Already Dead” é o drama da Nagisa. É por isso que eu fiquei tão revoltado quando tivemos cinco episódios de flashback seguidos, e é por isso que eu fiquei tão feliz quando finalmente voltamos para o presente.

A volta ao presente, inclusive, nos mostrou ainda mais como aquela retrospectiva gigante foi inútil. Aprendemos mais sobre o passado? Sim, mas eles não estão usando essas informações para nada. Espalhar essa história ao longo dos acontecimentos presentes, mostrando apenas a parte que seria útil, parece muito mais interessante do que foi feito. Espero que tenhamos um desfecho colossal para me fazer calar a boca por reclamar tanto, mas não sei se eles terão a qualificação para fazê-lo…

Mas também, deixa eu elogiar quando se é devido: As cenas pontuais de humor estão fluindo muito melhor agora, do que nos primeiros episódios. Elas soam mais naturais, e se encaixam no roteiro como tendo importância. Talvez seja o reflexo de estarmos adaptando um volume mais avançado da Light Novel, onde o autor já pegou melhor o jeito de escrevê-las? Não sei, mas fico feliz.

Agora, as cenas possuem tensão, há impacto num ultimato como o que foi feito pelo vilão. A morte da Nagisa poderia acontecer, já que o futuro ainda não está escrito. Terminar o episódio em um cliffhanger onde coisas estão mesmo em jogo é muito mais interessante do que em um onde não se está apostando nada. Na pior das hipóteses, esse arco já será muito melhor do que o anterior, e por isso, eu fico animado com a expectativa dos próximos episódios.

Captura de tela do episódio 10 de "the Detective is Already Dead", mostrando Yui
Nem mesmo o olho-que-tudo-vê da Yui é capaz de prever o futuro. Mas o passado é fácil de se prever… (Reprodução: Twitter Oficial, @tanteiwamou_)

O animê está disponível na Funimation, com novos episódios aos domingos, e legendas em português. Além de “The Detective is Already Dead”, a Funimation também anunciou diversos outros títulos para a temporada de verão de 2021, incluindo algumas dublagens para o português.

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Resenha Semanal | The Detective is Already Dead #09

Em contraste à semana passada, hoje eu serei breve. As resenhas anteriores de “The Detective is Already Dead” estão aqui:  #01 | #02 | #03 | #04 | #05 | #06 | #07 | #08.

Lembra do flashback das últimas quatro semanas? Que falamos que tinha durado três semanas a mais do que deveria? Pois então, ele continua. Breves comentários sobre o episódio:

Episódio 9: “SPES”

Acredito que o que vimos essa semana resume bem o que tem sido “The Detective is Already Dead”, desde o seu segundo episódio: Diálogos descritivos e com falas pseudo-filosóficas, mas que não carregam nenhum peso ou significado; cenas de ação medíocres e que te fazem questionar o que aconteceu com a incrível luta que vimos no avião; e algumas poucas interações divertidas que se perdem no meio de todo o resto.

Tudo nesse episódio pareceu extremamente esquisito, como se as próprias personagens estivessem desconfortáveis de estar ali. E não digo isso num ponto de vista da narrativa (o que faria sentido!), mas sim, tecnicamente: É um problema de composição de cenas, que já discuti anteriormente, e tem se mantido semana a semana, mas que ficou especialmente visível hoje, pela natureza do episódio que tivemos.

Captura de tela do episódio 9 de "The Detective is Already Dead", mostrando Kimihiko e um pedaço da cabeça de Charlotte
Aliás, qual foi a utilidade da loirinha no episódio de hoje? Servir de Uber? Pois nem a conversa dela valeu muita coisa… (Reprodução: Twitter Oficial, @tanteiwamou_)

Considerações Finais

O episódio de hoje deveria ter sido um clímax, a emocionante conclusão de um looooooooooongo arco que se passa no passado. O que foi entregue, porém, não chegou aos pés do que ele se propôs a fazer. Houveram algumas ideias legais, mas elas não foram executadas tão bem quanto poderiam, fazendo com que tudo ficasse meia-boca.

A melhor demonstração disso é o quão anti-climática foi toda a cena com a “morte” e a morte da Siesta. O dublador do Kimihiko, Arata Nagai, se esforçou para fazer a parte dele, e para isso, eu dou os parabéns, mas todo o resto da cena simplesmente não contribuiu para o impacto que era necessário. O jeito como a Hel simplesmente aparece ali, do nada, para interromper a conversa, chegou quase a ser engraçada… Sem contar que não só uma, mas duas vezes, eles decidiram fazer coisas literalmente brotar do chão para dar uma sacudida na cena que já tinha perdido todo o gás.

Se bem que uma coisa funcionou: Com o coração da Siesta roubado pela vilã, a história me deixou intrigado em tentar entender como aquele órgão vai acabar indo parar na outra protagonista, que não aparece há tanto tempo que eu já esqueci seu nome. Mas, torrar a paciência do seu público com cinco episódios seguidos de flashback, e ainda gastar todo o combustível “do passado” que você tinha de uma vez, não parece ter valido a pena, quando você pensa que esse questionamento foi a única coisa que você ganhou.

Estamos tão perto do final, que me sentiria mal de desistir agora, então vou continuar até o fim. Mas que esse episódio me deu vontade de nem postar nada, isso deu…

Captura de tela do episódio 9 de "The Detective is Already Dead", mostrando Siesta
Depois de estar supostamente morta no início, mas aparecer no início de qualquer jeito, e aí estar morta de verdade, mas voltar a estar viva por cinco episódios, só para fingir morrer e então morrer mesmo no mesmo episódio… Finalmente podemos dizer que a Detetive Está Morta (Reprodução: Twitter Oficial, @tanteiwamou_)

O animê está disponível na Funimation, com novos episódios aos domingos, e legendas em português. Além de “The Detective is Already Dead”, a Funimation também anunciou diversos outros títulos para a temporada de verão de 2021, incluindo algumas dublagens para o português.