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Crunchyroll anuncia anime original FENA e OVAs de My Hero Academia

A Crunchyroll anunciou novas adições ao seu catálogo de animes, incluindo uma produção original, em parceria com o Adult Swin, e OVAs de My Hero Academia.

Fena: Pirate Princess

Foi anunciado na Adult Swin Con, que a Toonami está co-produzindo um anime original juntamente com a Crunchyroll chamado Fena: Pirate Princess. A animação será transmitida no Adult Swin e streamada pela Crunchyroll.

Fena: Pirate Princess terá 12 episódios e mostrará a história de Fena Houtman, uma jovem orfã nascida em uma ilha onde os habitantes tem como destino se tornar mão-de-obra escrava pelo Império Britânico. Após uma revelação de seu passado, a Fena liderará uma revolução para libertar a população. Ela deverá forjar uma nova identidade e desvendar os mistérios em torno da palavra-chave “Eden”.

A animação está a cargo da Production I.G e será dirigido por Kazuto Nakazawa. O anime será lançado em 2021.

Confira o trailer:


A Crunchyroll também anunciou que estará adicionando em seu catálogo as vindouras OVAs de My Hero Academia, a OVA de Strike the Blood e o filme Hakubo.

Os dois episódios especiais de My Hero Academia serão lançados no dia 15 de agosto e trarão uma história original.

Nesta nova aventura, alguns estudantes da Sala 1-A são enviados para um percurso de treinamento com o intuito de aperfeiçoar suas habilidades. Ainda desprovidos de suas licenças provisórias, eles estão ansiosos para relaxar e se divertir um pouco. Contudo, eles logo percebem que o perigo que enfrentarão não é uma simulação! E para superá-lo, eles terão que combinar seu treinamento, raciocínio rápido e especialmente seu trabalho em equipe!

A OVA de Strike the Blood já está disponível desde o dia 04 de agosto.

Kojo e Yukina estão a caminho do colégio quando vêem La Folia sendo perseguida. Yukina trava combate com o enorme homem que a persegue, mas logo La Folia declara: “Pai, este é o Quarto Progenitor, Akatsuki Kojo!” La Folia declara que deseja se casar com Kojo, mas seu pai se recusa a aceitar a decisão. Polifonia, mãe de La Folia, convida Kojo e Yukina para uma festa, onde podem conversar em mais detalhes. Contudo, ao chegar na festa, eles notam que Asagi, Yaze, Nagisa e Sayaka também foram convidadas! Como vai acabar esta briga entre as garotas da vida de Kojo?!

Hakubo, está disponível no catálogo também desde o dia 04.

Koyama Sachi, uma jovem colegial que mora em Iwaki, Fukushima, ficou profundamente traumatizada pelo terremoto de Tohoku, em 2011. Desde o incidente, ela se distanciou de seus amigos e família, e deixou de demonstrar interesse em outras pessoas. Violinista desde criança, ela participa do clube de música de seu colégio e treina todos os dias para tocar com seu quarteto no festival cultural do colégio. Em meio a tudo isso, ela conhece Yuusuke, um jovem que se refugiou em Iwaki após sua família ficar desabrigada no terremoto, e os dois se apaixonam…

Fique ligado aqui na Torre de Vigilância para mais novidades da Crunchyroll.

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Primeiras Impressões | The Misfit of Demon King Academy

Sejamos sinceros: você, eu, e todos os envolvidos nisso aqui sabemos exatamente com o que estamos lidando, e decidimos lidar com isso de qualquer maneira. Nós olhamos para a mais patética combinação de nome, título e sinopse, e imediatamente pensamos o quão idiota e ridículo seria esse show inteiro.
E justamente por isso que nós decidimos assisti-lo.

Detesto todas as generalizações e já disse um milhão de vezes que odeio exageros. Deveria ser claro para todos que a minha pessoa é a maior defensora de nunca julgar um livro pela capa e que devemos dar uma chance para tudo, pois sempre existe a possibilidade dela te surpreender.

…Mas esse não é o caso. “The Misfit of Demon King Academy” é exatamente tudo que você poderia ter imaginado, sem tirar nem pôr. Porém, estou aqui para fazer um comício sobre como isso não é algo ruim, muito pelo contrário!

Em tempos de incerteza, há um conforto calmante em saber exatamente o que esperar de algo. O Rei Demônio foi renascido e vai utilizar seus poderes ordens de grandeza maiores do que do resto da população para torcer a realidade à sua vontade? Claro que vai. O que mais ele faria? Quando você liga a TV ou acessa sua rede social e tudo que existe é o caos… Ter a possibilidade de simplesmente desligar o cérebro e aproveitar uma porradinha sincera e singela é uma bênção.

Quem não tem avó sentada no sofá, malha com castelo.

Confesso que por mais batido que seja o tema, e mesmo sabendo exatamente o que ia acontecer em cada situação, o show ainda conseguiu me pegar desprevenido algumas vezes, com um humor sucinto e eficaz. É surpreendente ver que souberam diferenciar momentos sérios de momentos cômicos, fazendo cada um deles mais impactante.

Claro que nem tudo são rosas no jardim do Rei Demônio, e precisamos comentar sobre o elefante na sala: Pelo amor de Deus que animê corrido jesus amado do céu. Tudo acontece numa velocidade frenética, não te dando tempo nem para respirar ou digerir qualquer informação que lhe foi dada. Eu tenho a impressão de que passamos por dez volumes de Light Novel em apenas dois episódios. O que é impossível, pois a novel original só tem cinco volumes publicados.

Isso é uma pena, pois parece que a história tem um aprofundamento interessante e um mundo com detalhes bacanas que poderiam ser explorados… Mas que passam quase desapercebidos por terem tão pouco tempo e muita informação pra passar de uma vez só. Qual a lógica por trás dos nomes dos feitiços? Alguém explicou o conceito de realeza que foi trazido umas cinco vezes no episódio? O que aconteceu para a história do Rei Demônio ser tão distorcida? O que diabos aqueles olhos mágicos deveriam fazer? Etc, etc, etc.

Chorando pois passaram voando pela sua introdução e nem deram tempo de te deixar fazer um monólogo de 17 páginas.

Na parte técnica, a animação do estúdio Silver Link. nos entregou cenas de ação mais bonitas do que um show como esse tinha qualquer direito de ter, e um design de personagens que faz cada pessoa ser distintamente ela mesma, sem parecer muito “animêsco”. A dublagem surpreende, ao trazer um protagonista experiente (Suzuki Tatsuhisa) para atuar com duas novatas na área (Natsuyoshi Yuuko e Kusunoki Tomori), trazendo confiança e renovação num só pacote.

Na prática, percebemos que “The Misfit of the Demon King Academy” não passa de mais um harém escolar mágico genérico que amamos, e serve como um lembrete de que um show não precisa ser bom para ser divertido. Definitivamente vale a pena conferir os dois primeiros episódios, se você souber o que está fazendo e já tiver experiência em atravessar mares conturbados. Para a estreia, eu daria uma nota 6/10, mas que no meu coração vale muito mais.

O animê pode ser assistido legalmente, com legendas em português e vídeos em alta resolução, na plataforma de streaming Crunchyroll, com novos episódios todos os sábados.

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O futuro do isekai e “My Next Life as a Villainess”

Tá todo mundo de saco cheio de isekai. Ninguém aguenta mais um show que começa com um adolescente sendo atropelado por um caminhão ou acordando num campo gramado com os braços abertos. Mas mesmo assim, se você olhar os últimos lançamentos, verá que a taxa de isekai por metro quadrado está igual ao desmatamento da amazônia: crescendo descontroladamente. Como? E principalmente… por quê?

Pensando no histórico do “gênero”, vemos que desde o seu boom alguns anos atrás, a fórmula funcionou e foi divertida pelas primeiras quinhentas repetições. Depois disso, passou a ser mais do mesmo. Hoje em dia, temos um isekai tradicional que estoura por ano, e olhe lá. São casos de séries que já possuem uma base forte, seja de temporadas anteriores ou de leitores da obra original. Re:Zero e The Rising of The Shield Hero são alguns exemplos recentes.

Eu nunca vou esquecer da Emilia Snowboard… Obrigado, Re:Zero.

A partir disso, podemos ter dois caminhos: ou continuamos martelando o prego que já tá mais do que enfiado na parede, e fazemos uma dúzia de shows que são tão medíocres que acabam sendo esquecidos em questão de semanas (lembram de “Isekai Cheat Magician” ou de “The Master of Ragnarok & Blesser of Einherjar“? Nem eu). Ou… tiramos sarro do gênero, tentando fazer com que a sua premissa seja tão absurda que se torne difícil de esquecer.

Paródias sempre existem, mesmo quando algo ainda está em seu ápice (como KonoSuba, por exemplo), mas o nível começa a cair de uma forma absurda, assim que a saturação começa a ser atingida. Que tal um isekai, mas se você tivesse um celular? E se você fosse para um isekai, mas fosse reencarnado como um slime? Ou pior, ir parar em um isekai com a sua mãe?

Aiai… um isekai com a sua mãe… isso é tão besta… aiai…

Atingimos o ápice do isekai quando percebemos que ele se dá melhor quando não se leva a sério, e que deveríamos usar a sua saturação como mais uma forma de humor. Afinal, a repetição é o primeiro e o segundo princípio da comédia, não é?

Em “My Next Life as a Villainess: All Routes Leads to Doom!“, temos mais um caso – brilhante, aliás – de premissa absurda usada para o humor. Shows onde a personagem principal se vê num mundo de videogame são um dos isekais mais clássicos que temos (podendo citar o nosso queridinho Sword Art Online). Dar uma reviravolta no básico ao dar o papel de vilã para a protagonista não seria o bastante, afinal, shows como Overlord já fizeram isso antes. Precisávamos ir além, precisávamos enfiar ainda mais o pé na jaca.

Apesar do forte uso do tema para gerar humor – afinal, termos uma vilã desesperadamente tentando evitar a sua inevitável morte já parece tema o suficiente para muitas piadas – o show ainda tem qualidades que o seguram de pé por conta própria, como o carisma acidental da protagonista Catarina, ou seu charmoso intelecto negativo. Você se diverte e dá risadas por conta da premissa absurda de um isekai charlatão, e também por outros motivos. Se isso não é o ideal para uma comédia, eu não sei o que é.

E esse é justamente o ponto que eu queria tocar: o novo padrão de isekais deveria ser esse. Deveríamos fazer todo isekai ser mil vezes mais absurdo do que o anterior. Deveríamos forçar a barra de uma forma que ela já se transforme em uma mola. É a única forma de aguentar a repetição absurda que o gênero impôs sobre o universo de animês. Até uma hora que vão resolver parar, assim do nada. Lembra dos Haréns Escolares Mágicos Genéricos, que plagueavam todas as temporadas da primeira metade dos anos 2010? Pois é.

Mas, comentando um pouco mais sobre a patrona dessa postagem, acho que “My Next Life as a Villainess” merece alguns tapinhas nas costas pela sua execução. Não é fácil fazer uma comédia que não se leva a sério e conseguir ter uma história coesa e ter suas personagens plausíveis e realistas (dentro do limite permitido pelo absurdo, é claro).
Mesmo a protagonista, que carrega o fardo cômico inteiro nas costas, e que possui como um de seus principais atributos a sua falta de noção, consegue ser mostrada como tendo objetivos e aspirações claras e que refletem no desenvolvimento da história… Mesmo que isso seja feito através de um conselho de mini-Catarinas mentais.

Seja lá quem inventou a piada de miniaturas controlando a mente de uma pessoa, muito obrigado!

O absurdo se une ao bobo e conseguimos um show que me fez rir horrores nos oito episódios já disponíveis, e me deixou ansioso por mais. Nesse mini primeiras impressões, escondido no fundo de uma resenha de buteco, gostaria de dizer que “My Next Life as a Villainess” receberia um 4/5 se eu tivesse começado a assisti-lo um mês atrás. E recomendo que você não faça como eu, e assista esse show o quanto antes.

My Next Life as a Villainess: All Routes Leads to Doom!” está disponível na plataforma de streaming Crunchyroll, com oito episódios disponíveis até o momento, e um novo episódio todos os sábados.

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TV Tokyo anuncia alteração no cronograma de Boruto por conta do COVID-19

A TV Tokyo anunciou na edição mais recente da V-JUMP e na página oficial de Boruto: Naruto Next Generations que o animê terá uma alteração na exibição de novos episódios, ocasionada pela pandemia do coronavírus.

Após o episódio 154, que está programado para ser exibido no dia 26 de abril, o cronograma será alterado. Maiores detalhes ainda não foram divulgados, ocasionando, até segunda ordem, uma pausa na série.

O anúncio oficial diz: “Obrigado pelo apoio a BORUTO: NARUTO NEXT GENERATIONS. Por conta do estado de emergência decretado pelo governo japonês, causado pela pandemia de COVID-19, a produção de novos episódios da série foi impactada. Por conta disso, mudaremos o cronograma de exibição de novos episódios via broadcasting e streaming.

A produtora também liberou em seu site oficial uma nova imagem de divulgação da série:

Boruto: Naruto Next Generations é uma sequência de Naruto e já conta com 153 episódios produzidos. Os autores do mangá são Ukyo Kodachi e Mikio Ikemoto, dando sequência ao universo criado por Masashi Kishimoto. A pandemia de coronavírus afetou a exibição de outras séries animadas no Japão, incluindo One Piece e Digimon Adventure:, ambos da Toei.

O estado decretado pelo primeiro-ministro Shinzo Abe vai, inicialmente, até o dia 07 de maio, podendo ser prorrogado por tempo indeterminado.

No Brasil, Boruto é exibido simultaneamente com o Japão através do serviço de streaming Crunchyroll. O mangá é publicado no país pela editora Panini.

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KonoSuba: Lenda do Carmesim traz o retorno explosivo de Kazuma e seus companheiros

KonoSuba é um dos animês recentes que eu mais tenho apreço. A maneira como ele pega o gênero Isekai (yikes) e transforma todos os seus clichês em ótimas piadas é algo que me fascinou desde o seu começo lá em 2016.

Desde o final da segunda temporada em 2017, os fãs esperam por uma nova adaptação de KonoSuba, e ficaram ainda mais ansiosos quando o filme foi anunciado. Mas isso trazia uma dúvida: um filme original ou uma continuação do animê? Pois bem, em 2019, KonoSuba: Lenda do Carmesim foi lançado, chegando à Crunchyroll em 25 de março de 2020. O filme adapta o volume 5 da light novel, sendo uma continuação direta do animê, que terminou no volume 4.

Como é uma continuação direta, o filme não é recomendado como uma porta de entrada para a série. Muito do humor e relacionamento entre os personagens se perde caso você não tenha visto as duas temporadas do animê. Ainda mais se você não está acostumado com o tom do mesmo.

Não sou leitor da light novel, então não sei o que mudaram ou adicionaram no filme, não cabe a mim dizer se foi uma ótima adaptação ou não. Mas o filme é espetacular.

Nele, Kasuma e seus companheiros tem a missão de ir na Vila dos Demônios Carmesim, após Yunyun, amiga de Megumin, dizer que a vila está sendo atacada pelo Rei Demônio, o grande vilão de KonoSuba, e que o filho de Kasuma com ela será o responsável por derrotá-lo. Após alguns pingos nos is, o grupo de aventureiros decide ir para a Terra Natal de Megumin.

O roteiro é simples, mas funciona.

Todo humor de KonoSuba é elevado nesse filme, desde as personalidades dos nossos protagonistas, quanto ao absurdo que é aquele mundo. Megumin é a estrela do filme. A maga explosiva ganha bastante destaque e mais do seu background é apresentado, e em decorrência disso, Yunyun, que no anime era apenas uma piada de rival recorrente, também é mais explorada. A relação entre as duas era apenas superficial durante o animê, mas aqui é melhor explicada.

O filme não traz nada de novo ou extraordinário, que irá mudar a indústria da animação. É apenas uma nova aventura, que dá continuação ao animê. É algo simples.

Apesar de ser ótimo, o filme me deu a confirmação de que KonoSuba funciona melhor em formato de animê para TV. O longa tem 1h30 min. e tive a impressão dele ter ficado bastante corrido. Talvez seja por eu já ter me acostumado a assistir KonoSuba em animê, mas o filme simplesmente não para.

Aqua e Darkness acabaram ficando escondidas nesse filme, mas era algo que eu já esperava. A hora delas ainda deve chegar. Mais sobre os aliados do Rei Demônio foi apresentado, mas sem muito aprofundamento. E como foram apenas 5 novels adaptadas, eu não acho que isso será explorado tão cedo em animê. A light novel, no entanto, já está rumando para seu final.

Agora, assunto sério. Quando o filme saiu nos cinemas americanos, alguns críticos acusaram-no de ser transfóbico. E sim, tem piadas sobre isso no filme e a resolução dele vem por causa disso. É algo bem ofensivo e que deveria ser extinguido. Infelizmente é esperar demais do Japão. Não sou a pessoa certa para opinar sobre isso, mas foi ofensivo, sim.

Diferentemente das duas temporadas do animê, que foram produzidas pelo Studio Deen, o filme foi produzido pelo J.C. Staff, que ganhou uma má fama nos últimos anos pela má produção de seus animês, devido a quantidade de projetos que o estúdio pega. No entanto, mesmo com a mudança de casa, toda a equipe de produção do animê retornou para o filme, incluindo o diretor Kanasaki Takaomi. E tenho que falar, a animação do filme está impecável.

Um dos charmes de KonoSuba são as caretas e reações dos personagens e isso que foi mantido aqui, e ainda teve espaço para show de luzes e magias, além de cenas de lutas. Vários cenários possuem mais detalhes, claramente houve um grande investimento por parte da produção.

KonoSuba: Lenda do Carmesim é o retorno que os fãs esperavam. O filme traz novamente o humor absurdo do animê e o expande ainda mais com uma animação primorosa e ótimos efeitos, apesar de ser corrido.

Nota: 8.5/10

O filme e as duas temporadas do animê estão disponíveis na Crunchyroll. As duas temporadas possuem dublagem em português.

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5 animês “Slice of Life” para você lembrar como era a vida antes do Coronavírus

A frase “parece que foi ontem” nunca pareceu tão fora de lugar quanto no ano de 2020. Ela é uma carrasca que nos lembra que infelizmente, não passamos nem de um terço desse ano que parece não ter mais fim. Com todas as loucuras (para não dizer coisa pior) que vêm acontecendo, pode ser que você tenha se esquecido como a sua vida costumava ser.

Que horas você costumava acordar? Como se calça um sapato? O que é um “jeans“? Essas e outras perguntas devem ter passado por sua mente no último mês (sim, pois é, faz tipo um mês apenas). Por conta disso, nada melhor do que aproveitar o tempo que você “ganhou” com uma preparação para voltar ao normal: se lembrando do como era sua vida no passado distante.

A equipe da Torre selecionou alguns animês Slice of Life, que abrangem diversos tipos de atividades e rotinas, para que você assista e fique melancólico por aquilo que você perdeu.

  • Está no Ensino Fundamental? Tsukigakirei

Primeiramente, se você é tão jovem, eu não recomendaria nem você estar assistindo animê. Você não fez PROERD não? De qualquer maneira, Tsukigakirei é um show absurdamente doce e gentil, que mostra com realismo a vida de pré-adolescentes. Desde a forma de pensar até a reação exagerada dos pais, esse é um slice of life que te lembrará como era a vida na época do fundamental. Com apenas doze episódios, pode ser sua diversão dominical (se é que você lembra que dia da semana estamos).

A sinopse do show, cortesia da Crunchyroll, onde você pode assistir Tsukigakirei na íntegra e com legendas em português:

“Último ano do ensino fundamental. Kotaro, um rato de biblioteca que quer se tornar um novelista, e Akane, uma atleta que adora correr, se encontram na mesma sala pela primeira vez. Eles ficam encarregados de cuidar dos equipamentos do festival esportivo, e vão aos poucos se aproximando via LINE. Como Kotaro vai lidar com os sentimentos que está nutrindo por ela? Enquanto isso, Takumi está apaixonado pela Akane desde o primeiro ano. Chinatsu, amiga de Akane, também fica interessada por Kotaro. Uma história de amor encantadora que se passa em Kawagoe.”

  • Está no Ensino Médio? Sound! Euphonium

Se você está no ensino médio, provavelmente está aproveitando bastante esse caos, não está? Mas não se acostume que logo, logo, você terá que voltar a acordar cedo para ir pro colégio, pegar fila na cantina e se manter acordado naquela aula de biologia que resolveram colocar de segunda-feira 7h da manhã.

Esse período da vida é um pouco complicado, pois a experiência média japonesa é bem distante da que temos aqui no Brasil, então pode ser que você estranhe alguns pontos, com coisas do tipo “eu não lembro de fazer isso“. É normal, não é sua memória do passado se destruindo. Não ainda. Apesar da forte temática musical, Sound! Euphonium ainda possui o quintessencial de uma vida adolescente: obsessões com hobbies inusitados; discussões absurdas por temas bobos; engrandecimento de coisas que não merecem tanto valor; e etc.

Com duas temporadas, que totalizam 27 episódios, você passará tanto tempo com essas personagens que é capaz de esquecer os seus colegas de sala de verdade. O show está, também, na Crunchyrolle a sinopse que eles oferecem está logo abaixo:

“O clube de música da escola de ensino médio Kitauji já foi um clube de alto nível que vem caindo no ranking após a saída de seu conselheiro. No entanto, um novo conselheiro veio para colocar os alunos em rédeas curtas a fim de moldá-los. Em seu primeiro ano no ensino médio, Kumino Oumae e suas colegas Hazuki e Sapphire decidem dar uma olhada na banda de metais”

  • Já está na faculdade? Golden Time

O desespero começa a bater, pois você sente que nunca vai se formar? Seu curso presencial se tornou a Netflix mais cara que você já assinou? Já até esqueceu o gosto do corote azul? Pois é, amigo, Golden Time é para você. Se bem que, você realmente deveria parar de tomar corote, sério.

Você vai se sentir em casa muito, mas muito rápido, pois uma das primeiras coisas que nosso protagonista, Tada Banri, faz, é esquecer completamente tudo que sabia. E se tem alguma sensação mais representativa da vida de universitário, eu não conheço. Com 24 episódios que te tirarão ainda mais a vontade de ver aulas EAD, esse slice of life vai te lembrar do real objetivo de todo universitário: sobreviver.

Com legendas em português disponíveis na plataforma, a Crunchyroll nos diz o seguinte sobre o animê:

“Tada Banri é o mais novo aluno na escola de direito particular de Tóquio. Contudo, devido a um acidente, ele perde suas memórias. Durante sua integração, ele encontra outro calouro, Yanagisawa Mitsuo. Sem se lembrarem um do outro, suas vidas começam a se tornar cada vez mais interligadas, como se fosse obra do destino. Mas qual é o destino deles? Haverá felicidade ou somente outra memória a ser esquecida?”

  • Esqueceu como é a vida no escritório? Servant x Service

Tudo bem, eu sei que a maioria de vocês já são adultos, que trabalham e se sustentam. Afinal, para estar aqui, precisam ter algum hobby extremamente caro, que não dá pra ter sem uma renda fixa. Tá difícil pra todo mundo, seja você cinéfilo, nerd ou civil. Eu também sei que você tem feito todas as reuniões por vídeo com uma camisa social e bermuda de pijama. Mas o que importa é que você precisa lembrar de coisas fundamentais da vida no escritório: a pausa pro café; a habilidade de dar ALT+TAB pra planilha do Excel; amaciar seu colega o máximo possível para evitar que um assunto que podia ser resolvido por e-mail vire uma reunião de uma hora; entre outras habilidades essenciais para sobreviver na selva de pedra.

Em Servant x Service, vemos de forma bem-humorada o dia a dia de Lucy no escritório, e você vai, inevitavelmente, reconhecer os seus colegas em cada uma das personagens. É quase “The Office“, só que com um tema de abertura surpreendentemente mais dançante. Com apenas 13 episódios, você pode fazer esse exercício de teamwork até mesmo entre as meetings do seu squad, no lugar do coffeebreak que você sente tanta falta.

Também na Crunchyroll, a sinopse de Servant x Service é:

“Numa certa prefeitura de uma determinada cidade, em Hokkaido… A prefeitura onde Yamagami Lucy foi contratada emprega muitas pessoas únicas. Yamagami e seus colegas estão cheios de energia e segredos de como eles se esforçam (?!) nesta comédia de trabalho!”

  • Mas Torre, eu moro no interior! Esses animê de cidade grande não me ajuda em nada!“: Non Non Biyori

Concordo com ocês, meus querido cumpadre caipira. Esses animê de cidade grande num dá nem uma ajudadinha pá nóis. Como um conterrâneo que mora no serrrrtão e puxa os R em porrrta, porrrteira e em porrrtão, entendo que nenhum dos citados acima aprecia os pequenos detalhes que apenas quem mora no fim do mundo conhece.

Tantos episódios e em nenhum momento eles vão passear na praça? Nunca saem pra “ir na cidade” (que na verdade é só o centro)? Não encontram nenhum conhecido na rua, mesmo passando por aquele bocado de gente? Pois é, né, essas coisas que só quem é do interior conhece e deve também estar sentindo falta. Non Non Biyori explora o interior do Japão com uma certa dose de fofura. Acaba sendo chamado de “tedioso” por muitos, por não ter nada de extraordinário e mostrar apenas coisas mundanas. Mas quem é que está rindo agora, desesperado pelo mundano, hein?

Com duas temporadas, que dão um total de 24 episódios, Non Non Biyori (e sua segunda temporada, Non Non Biyori Repeat) pode ser visto, você já sabe, na Crunchyroll. A sinopse deles é a seguinte:

“A vida de ritmo reconfortantemente lento das quatro meninas na pequena Escola Asahioka Branch continua com Natsumi, Komari, Renge e Hotaru frequentando a escola de uma turma só e com o total de 5 estudantes. Embora o ambiente descontraído seja uma grande mudança para Hotaru, que veio da agitada Tóquio, ela ainda encontra algo de encantador e relaxante na vida no campo no interior do Japão.”


E é isso por hoje. Espero que todos vocês fiquem em casa e se lembrem de como era a vida lá fora com esses cinco shows que selecionamos com carinho.

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Toei suspende One Piece e Digimon Adventure: por conta do COVID-19

A Toei Animation anunciou em seu site oficial que estão suspensas as exibições de novos episódios de seus dois produtos animados atuais, One Piece e Digimon Adventure:.

Por conta do estado de emergência no Japão causado pela pandemia do COVID-19, avaliamos as medidas de segurança para evitar a disseminação e decidimos suspender o simulcast e exibição japonesa de “One Piece” e nossa nova série, “Digimon Adventure:” por tempo indeterminado. Atualizações sobre o retorno das duas séries serão fornecidas quanto antes soubermos. Agradecemos pela paciência e compreensão durante este período.

Por favor, permaneçam em segurança e com saúde.

Digimon Adventure: estreou há três semanas e é um reboot da série clássica de 1999, contando mais uma vez a história dos Digiescolhidos, porém com grandes diferenças de desenvolvimento, e até agora é uma das principais estreias de abril. One Piece, exibido há cerca de 20 anos ininterruptamente, entra em hiato pela primeira vez. O episódio mais recente lançado foi o 929.

Confira nossas impressões sobre o reboot de Digimon Adventure clicando aqui!

O estado de emergência decretado no Japão pelo primeiro-ministro Shinzo Abe vai até, no mínimo, o dia 07 de maio e teve início em 16 de abril.

No Brasil, tanto One Piece como Digimon Adventure: estão sendo exibidos simultaneamente com o Japão através da Crunchyroll, que também possui outras séries da Toei em catálogo.

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Os princípios da comédia em “A Destructive God Sits Next to Me”

A cada três meses – em situações normais, pelo menos – nós somos inundados com toneladas e toneladas de novos animês. E toda temporada temos que passar pela mesma história: tem aquele show absurdamente popular; os dezessete isekais que parecem ser sempre a mesma coisa; aquele um isekai que faz sucesso mesmo assim; diversos títulos que nos fazem questionar a racionalidade da humanidade; e, é claro, aqueles shows que ninguém assistiu, e você fica revoltado pois ele foi o melhor da temporada mas “puxa vida ninguém viu essa porcaria?!”.

No começo do ano, quando o mundo ainda era mundo, tivemos a temporada de janeiro seguindo o roteiro à risca. E eu, particularmente, fiquei revoltadíssimo com a baixa repercussão de um dos shows mais engraçados não só da temporada, como dos últimos anos. “A Destructive God Sits Next To Me” deu uma aula de comédia por doze semanas seguidas, ao não só respeitar como doutrinar sobre os três princípios da comédia.

Inclusive, vou quebrar minha regra de usar “os três princípios da comédia” como piada no final de postagens, e irei comentar sobre elas de verdade, dessa vez. Como vocês sabem, o primeiro princípio da comédia é a repetição. E é justamente ela que faz o humor do show. O protagonista, Koyuki Seri, está lidando sempre com o mesmo problema, e o próprio animê reconhece e abraça essa repetição, usando ela para manter a piada rolando, e fazer meta-piadas com o próprio senso de ridículo que toda essa situação representa.

As ‘mortes’ de Koyuki ao longo da série representam aquilo que meu professor de teatro sempre me disse: “a verdadeira comédia é a desgraça alheia”

Seguindo o nosso cronograma, o segundo princípio da comédia é a repetição. E normalmente é aqui que a maioria das comédias fracassa. Eles conseguem seguir o primeiro princípio, mas acabam repetindo a mesma coisa e isso acaba ficando chato. É o clássico “a piada ficou velha” e perdeu a graça. Eu já perdi a conta de quantos animês tiveram dois ou três episódios maravilhosos, só para cair no mais do mesmo pelo resto da temporada. A chave para o sucesso do nosso show nesse quesito está, na verdade, no próximo ponto.

Pois é, como você deve ter imaginado, o terceiro princípio da comédia é pegar o público desprevenido. Quando você já sabe o que esperar, a comédia perde o efeito. Em “A Destructive God Sits Next To Me”, esse princípio começa a tomar efeito antes mesmo de você assistir. Dê uma lida na sinopse do show, olhe com bastante atenção para a imagem de capa, e me diga com sinceridade: você daria algum trocado pra isso? A resposta mais honesta é que não. Eu também não dei. E justamente por não esperar nada dali que tudo se torna ainda melhor.

A sinopse, aliás, retirada da Crunchyroll: “Koyuki Seri é um estudante do colegial com propensão para mandar tiradas bem ácidas… E ao mesmo tempo, ele odeia quem merece receber essas tiradas! Para sua infelicidade, ele atraiu a atenção de Hanatori Kabuto, que sofre de delírios de grandeza. Seri promete a si mesmo que não vai comentar as extravagâncias de Kabuto, mas ele não consegue se conter. E pra piorar, outros sujeitos anormais estão se aproximando dos dois… Está começando uma comédia colegial que vai te fazer rir de montão (e te encantar um pouquinho, também!

Um ponto a mais que preciso acrescentar sobre o terceiro princípio é a maestria com que ele é utilizado. Com o passar dos episódios, você começa a entender como o show funciona, e começa a pensar que sabe o que está acontecendo. Mesmo quando você sabe que algo absurdo vai acontecer, mesmo estando preparado para o pior, o animê ainda consegue te pegar com as calças arriadas. Sério, é inacreditável, eu sinceramente não faço a menor ideia de como eles conseguiam se superar toda semana, mas conseguiam. Quando eu achava que não tinha como ficar mais absurdo, eles iam lá e me provavam errado.

E se isso tudo não fosse o suficiente, a parte técnica é de uma qualidade surpreendente. Não só contando com uns dubladores que parecem ser mais areia do que o caminhãozinho do show pode carregar (Takahiro Sakurai, Jun Fukuyama e Ai Kayano, só para citar alguns), ainda temos uma direção que criou alguns dos aspectos visuais mais geniais do século (agradecimentos a Atsuhi Nigorikawa!).

A arte e animação do estúdio EMT², que já foi comentado por mim antes, quando tratamos de Assassins Pride e Renai Boukun, quebrou minhas expectativas (hah!) ao ser muito mais consistente do que tem qualquer direito de ser… É um show que, poupando termos técnicos que agradam poucos, mostrou serviço e botou o pau na mesa e conseguiu seguir firme com seus próprios pés.

Desculpe, mas se você não vê que isso é praticamente A MONA LISA MODERNA, eu não tenho mais nada para falar com você

Claro que, agora que sua expectativa tá lá em cima, você vai chegar e acabar se decepcionando. Faz parte. Pra mim, só de você ter visto o que eu julgo como sendo um dos candidatos a melhor animê do ano, já estou de barriga cheia. Se depois disso tudo, você quiser dar uma chance para “A Destructive God Sits Next To Me”, o show está disponível na íntegra, com legendas em português, na Crunchyroll.

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Digimon Adventure: é um bom reboot sem apelar só para nostalgia

Digimon é uma das franquias de maior sucesso internacional do Japão, constantemente se reinventando com novos produtos, de jogos a animações. Produção original da Toei, a incursão mais recente do estúdio no universo de Digimon Adventure (ao qual pertencem as séries Digimon Adventure 01, 02, os filmes, e tri.) foi o filme Last Evolution Kizuna, disponível no momento apenas em terras nipônicas e que foi criado com a promessa de encerrar o ciclo da série original comemorando seus 20 anos de vida. Mas grandes franquias nunca terminam, sempre se transformam. E Digimon Adventure: (o “:” faz parte do título) chega na temporada de abril de 2020 para cravar essa máxima de forma certeira.

Um dos animês mais aguardados da temporada, Digimon Adventure: é um reboot da série clássica original de 1999. Taichi, Agumon e seus amigos Digiescolhidos irão novamente se aventurar no Digimundo, e agora de uma nova forma, pois como dito acima, esta nova série recomeça a franquia do zero.

Taichi, se preparando para um acampamento (uma óbvia referência à série original) vê sua mãe e irmã (Hikari, futuramente uma Digiescolhida) em perigo após uma pane nos sistemas de trem de toda Tóquio. Quando tenta salvá-las, acaba sendo levado ao Mundo Digital de onde a pane nos sistemas tecnológicos do mundo real está se originando por conta do ataque de um vírus misterioso.

Digimon Adventure: começa, em poucos minutos, referenciando o material clássico porém apresentando sua trama de nova forma, diferente. O reboot transparece essa vontade do estúdio de reapresentar a franquia para uma nova geração de crianças, respeitando os visuais clássicos que marcaram época e ao mesmo tempo trazendo novas músicas, trilha sonora distinta e criando um mix de situações que lembram a série Adventure e o filme Our War Game!, de 2001, apelidado de “o filme do Diaboromon“.

O design de série clássica é aplicado numa animação moderna, criando uma boa mistura das duas coisas.

E analisando apenas o que foi entregue no episódio de estreia, a Toei não poupou esforços em muitos aspectos técnicos que foram duramente criticados em séries anteriores do estúdio, como Dragon Ball Super. A animação deste Digimon está linda, e vale ressaltar que esta série vem como estreia do horário que era dedicado exatamente ao Dragon Ball, e depois, a GeGeGe no Kitaro.

É possível que os fãs da franquia original (e consequentemente do Adventure 2 e tri.) sintam de forma brusca as mudanças, colocando a primeira série ao lado desta. Não há menções a Butterfly ou Brave Heart. A trilha incidental é diferente. Detalhes como os brasões dos Digiescolhidos já são apresentados. A relação entre as crianças também parece tomar rumos completamente diferentes do original e o Digimundo propriamente não foi mostrado ainda, mas todas as mudanças são boas. Continua sendo Digimon, mas visando um novo público, enquanto ainda presta suas homenagens à história da franquia.

Taichi e Agumon se encontram pela primeira vez.

Parece que Digimon Adventure: terá um desenvolvimento mais lento e comedido que a temporada antiga. O primeiro episódio da temporada de 1999 introduzia os conceitos dos Digimons, do Digimundo, das primeiras Digievoluções e todos os principais Digiescolhidos de uma só vez no decorrer de seus 20 minutos. Este, traz apenas Tai e Izzy, com um gancho no final com outro herói querido dos fãs. E a aventura se situa apenas em Tóquio e na Net, trazendo também a nova forma de Digievoluir dos monstrinhos.

E a modernização dos visuais e desenrolar da história também é aplicada nas tecnologias. Depois de 20 anos, é previsível que a interação dos garotos com a internet, celulares e outros devices seja mais ligada diretamente ao funcionamento do Mundo Digital. Parte dessa interação foi muito usada em tri. e a promessa da Toei é de que agora os acontecimentos do Digimundo influenciarão diretamente na vida das pessoas na Terra, causando panes e possivelmente até mudanças naturais.

Digimon Adventure: moderniza o que os espectadores já conhecem muito bem sem apelar totalmente para o valor sentimental da coisa toda. O elenco de dublagem apresentado na estreia, porém, faz um bom trabalho em aproximar as vozes das características já conhecidas de cada personagem (Tai é dublado por Yuuko Sanpei, a dubladora que dá voz ao Boruto e outros personagens famosos), conversando também com o coração do fã de longa data. A nostalgia não é direta e barata, apelativa. Ela cria um sentimento que traz memórias distantes sem perder a sensação do novo.

E parte da magia de Digimon é justamente a recriação. A franquia possui muitas séries, algumas cronológicas e outras não, mas todas de alguma forma apresentam novidades respeitando conceitos pré-estabelecidos. E Adventure especificamente se prova como o mais sólido dos Digianimês, com fôlego para mais 20 anos de aventuras e amizade entre humanos e criaturas digitais.

A nova série está disponível no serviço de streaming Crunchyroll com transmissão simultânea com o Japão (aos domingos de manhã por lá, aos sábados à noite para nós no ocidente).

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Primeiras Impressões | Science Fell in Love, So I Tried to Prove it

No passado, já deixei duas coisas bem claras sobre mim: a primeira é que eu amo comédias, e a segunda, é que eu sou o famoso Químico da USP™. Então, quando vi que fariam uma comédia estrelando cientistas… Inicialmente tive alguns traumas mentais. Mas quando botei o pré-conceito do Bazzinga de lado, dei de cara com uma enorme surpresa. É justamente quando você imagina que já inventaram tudo quanto é possível, que você é pego desprevenido por algo que nunca estava esperando. O terceiro princípio da comédia pode ser aplicado tanto para o show em si, quanto para sua premissa.

SciLove (que eu abreviarei por preguiça) é tudo aquilo que uma comédia deveria se inspirar. Por ser o mais puro suco de desgraçamento mental que eu vi nos últimos tempos, englobando tanto a normalização do absurdo quanto o clássico Manzai na sua fórmula de RomCom, o show consegue agradar um público bem vasto de admiradores do humor.

Porém, acredito que o animê seja especialmente tragicômico para quem está familiarizado com a temática e ambientação dele: a pesquisa científica universitária. O choque de realidade foi tão grande que chegou a dar um aperto no coração, pois mesmo sendo de áreas diferentes (no show, eles são das Ciências da Computação, enquanto eu trabalho com Química), parece que todo laboratório é igual, né… Os mestrandos e doutorandos discutindo temas completamente tangentes ao trabalho; os graduandos perdidos e sem saber o que fazer da vida; o orientador – e responsável pelo laboratório – não dando as caras por dias; literalmente todo mundo usando o espaço do laboratório para tomar café e jogar joguinhos ao invés de fazer algo útil…
São detalhes que podem passar como piadas – e muito provavelmente são, mesmo! – mas que, como toda piada, têm um fundinho de verdade.

Pessoas de fora da área tentando achar graça do parágrafo anterior.

Outro ponto que o show trabalha magistralmente é a (sub)utilização de conhecimentos científicos. Já cheguei a ter crises em outras postagens por conta do maldito Gato de Schrödinger sendo citado erroneamente em tudo quanto é obra pseudo-cult, e quando SciLove parafraseou Pitágoras em seus primeiros VINTE SEGUNDOS, eu estava preparado para o pior. Felizmente, eles parecem saber o que estão fazendo desta vez, e tem até uma pequena esquete todo episódio onde um ursinho de pelúcia te ensina algum termo técnico na base da porrada.
E mesmo quando eles cometem algum erro teórico ou abusam um pouco da boa vontade da audiência, fica tudo dentro da licença poética e acaba virando o mote para alguma piada, exatamente como deveria ser.

Pessoas da área vendo um animê querendo ser edgy e citando o Gato de Schrödinger de forma errada pela 37ª vez.

Como nada é perfeito, eu tenho uma única reclamação sobre o animê. Ou melhor, uma INDIGNAÇÃO sobre moda. Sim, moda.
Esses caras são da área de ciências da computação. Eles trabalham com dados, números e computadores. O material mais perigoso que existe dentro daquele laboratório são as latas de cerveja na geladeira. POR QUE DIABOS ELES USAM JALECO?
Tá bom, tá bom, eu entendo que o jaleco acaba sendo mais uma ferramenta de roteiro e uma forma de arraigar o esteriótipo de “cientista” nas personagens, eu sei disso… Mas nossa, que ódio sobrenatural que me deu!
A pior parte é que, mesmo que eles PRECISASSEM usar jaleco (coisa que não precisam), eles estão quebrando umas vinte e sete regras de segurança ao vestir o jaleco com saias, bermudas, chinelos, calçados com salto, meias-calças, cabelo solto…

Tenho que confessar que eles ficam legais de jaleco.

Na parte técnica, não tenho muito o que comentar. O show é extremamente feijão-com-arroz e traz aspectos bem medianos tanto em arte, animação, direção, música e dublagem. Se bem que, nos dias de hoje, estar na média em todos esses quesitos por três episódios inteiros já é mais do que o esperado, não é? Cortesia do estúdio Zego-G (que animou “Grand Blue” e “My Roommate is a Cat“), com direção de Tooru Kitahata (responsável por, entre outros títulos, “Haganai” e “Hinako Note“).
Se bem que, tanto a Opening quando a Ending são excepcionalmente boas.

Resumindo: uma comédia de rachar o coco de tanto rir, que funciona muito bem para o público geral, e tem um gostinho especial para quem já adentrou esse mundo. Estou positivamente surpreso com a qualidade do show e da força de seus primeiros três episódios, e não poderia dar uma nota menor que 9/10 para a minha primeira estreia de 2020.

Você pode assistir Science Fell in Love, So I Tried to Prove it na plataforma de streaming Crunchyroll, com novos episódios disponíveis, com legendas em português, toda sexta-feira.