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Primeiras Impressões | Renai Boukun

Escrito por Vini Leonardi

Aquele que tiver seu nome escrito nesse caderno há de… Beijar outra pessoa? Não, de verdade, quem é que pensa nessas coisas? É umas ideia que não tenho nem noção de onde é que eles tiram… Cada dia que passa, e cada post que eu escrevo, é uma prova cada vez maior de que japonês é um povo estranho.

Acontece que, quando uma ideia é absurda desde o princípio, só existem dois caminhos pare seguir: ou você segue na absurdidade, pois o início já foi aviso o suficiente para qualquer um; ou você tenta racionalizar o negócio, falha miseravelmente e manda tudo por água abaixo. E o que o mangá de Megane Mihoshi faz é justamente a primeira opção. Em andamento com oito volumes no Japão, a série que é publicada originalmente na web é trabalho único do autor, mas vem fazendo relativo sucesso nas terras nipônicas.

Fico extremamente feliz de saber que ainda existem pessoas e autores dispostos a aderir ao absurdo e fazer uso do que há de melhor em marmelada para trazer humor à suas obras. Renai Boukun é justamente isso, uma reunião absurda de marmelada que por juntar o inacreditável com o inesperado, consegue te fazer rir.

A obra não tenta esconder em momento algum que se trata de uma comédia absurda e propositalmente forçada. Além de ter personagens extremamente diferentes interagindo de forma genial entre si, o anime ainda conta com eventuais quebras da quarta parede que já são muito boas por si só, mas conseguem brilhar ainda mais pelo fator surpresa.

Minha cara quando o professor libera as notas.

Minha cara quando o professor libera as notas.

O desenvolvimento da história se dá por “bloquinhos”. Não é exatamente episódico, pois temos mais de um episódico por episódio, mas acho que não é errado chamá-lo assim. Em cada bloco temos um problema, um conflito e uma solução. As coisas acabam sendo bem fechadinhas em si mesmas, e pouco se vê de prosa a longo prazo. Em três episódios, não se pode tirar praticamente nada que pudesse vir a ser desenvolvido de novo no futuro. Talvez, no máximo, a história da irmã do protagonista, mas isso é algo que é óbvio que virá a acontecer no futuro, dentro do formato de “bloquinho”.

Acontece que isso não é exatamente um problema. É quase que uma das ferramentas que torna a estrutura absurda do anime viável. Justamente por ser absurdo, se tentássemos focar demais em alguma coisa, algo daria errado em algum momento, e cairíamos no segundo caso que foi descrito lá no começo deste Primeiras Impressões. Meu único medo é não ter certeza se o show consegue aguentar doze episódios assim, sem perder a graça.

Equipe de dubladores caracterizados como seus personagens. Graças a Deus o "gato" não está ai...

Equipe de dubladores caracterizada como seus personagens. Graças a Deus o “gato” não está ai…

Na parte técnica, temos uma animação de ótima qualidade pelo recente estúdio EMT², que consegue capturar bem as diversas facetas da obra (como, por exemplo, as mudanças das personagens para um modo caricato quando a cena demanda); os personagens não têm um design espetacular, mas possuem, sim, características peculiares e marcantes o bastante para podermos dizer que foi um bom trabalho por parte de Mariko Ito. O destaque técnico, porém, com certeza está na música: botar a responsabilidade nas mãos do cara que cuida da música de um anime musical que está no ar há mais de quatro anos, foi sem dúvidas uma escolha certa. O monaca conseguiu deixar tudo ainda mais galhofado com sua trilha sonora que beira o estúpido de tão boa que é. Com a ajuda do diretor de áudio Satoshi Motoyama, os sons são o ponto alto do show.

Resumão, então: obra sólida com comédia nonsense que consegue tirar muitas risadas de quem gosta desse tipo de coisa; personagens não muito especiais tanto em personalidade como em aparência, mas que interagem muito bem entre si; parte técnica interessantemente positiva e com destaque para uma ótima trilha sonora.

Pra mim, que adoro esse tipo de show, foi uma estréia maravilhosa e que com certeza valerá acompanhar. Começa com um 7/10 no comedômetro, sendo que não recebeu um oito por pura precaução.

O anime pode ser assistido gratuitamente no serviço de streaming da Crunchyroll, com novos episódios todas as quintas-feiras.

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Sobre o Autor

Vini Leonardi

Cavaquinho na roda de pagode da Torre. Químico de formação, blogueirinho por diversão e piadista de vocação. "Acredito que animês são a mídia perfeita para a comédia, e qualquer tentativa de fazer um show sério é um sacrilégio", respondeu ao ser questionado sobre o motivo de nunca ter visto Evangelion.