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Torre Entrevista: Larissa Palmieri

Lá pelos idos de 2017, a jovem Larissa Palmieri realizou um dos seus sonhos: publicou sua primeira história em quadrinhos, ela saiu na coletânea Space Opera em Quadrinhos, pela Editora Draco. Ela já andava pelos caminhos dos quadrinhos realizando resenhas no seu blog pessoal e na batalha de uma série de cursos de roteiros.

De lá para cá, foram publicações em editoras e dezenas de histórias importantes, como por exemplo, “Meu corpo, minhas regras” da coletânea Na Quebrada da Editora Draco, a recente adaptação em quadrinhos para Frankenstein de Mary Shelley, recentemente veio a grande notícia em que o quadrinho O Fantasma da Ópera em São Paulo, que tem desenhos de Al Stefano e edição de Daniel Esteves foi aprovado no ProAc Expresso 20/2021 e uma adaptação literária de um famoso livro infanto-juvenil, em parceria com a Fabi Marques e Mario Cau também aponta no horizonte. Ou seja, a musa dos quadrinhos nacionais está com tudo e não está prosa.

Aqui conversamos sobre processo de trabalho nos roteiros, “pitacos” em parcerias e como usar, ou tentar, as redes sociais para promover o próprio trabalho de maneira sadia dentro e/ou fora da nossa bolha. Sem mais delongas, Larissa Palmieri:

1 – O que você está lendo atualmente?

No momento em quadrinhos estou lendo “Terra da Garoa” do Rafael Calça e do Tainan Rocha, além de ter pego umas edições antigas da Revista Animal pra ler também. De livro, estou alternando entre Hellraiser do Clive Baker com o Onze Reis do meu querido amigo Tiago P. Zanetic. Mas preciso urgente terminar o Retrato de Dorian Gray do Oscar Wilde.

2 – Esse ano você lançou a adaptação de Frankenstein da Mary Shelley. Essa obra é muito mais do que uma história de monstros, como muitos consideram e pensam. Como foi trabalhar em cima de um texto tão cheio de camadas, e ainda tentar colocar as suas características nela?

Foi uma responsabilidade enorme. E coincidiu de começarmos esse trabalho junto com a pandemia, então foi um momento muito tenso da vida de todo mundo e o ritmo ficou bem bagunçado. Mas tive a oportunidade de dar um mergulho e eu acabei lendo o livro várias vezes, estudando a vida da Mary Shelley pra entender melhor os subtextos que estavam ali. Mas, de todos os desafios, acho que o maior foi tentar contar essa história de uma forma que fosse acessível para mais idades e que pudesse combinar com o traço do Pedro também. Tive que segurar um pouco meus ímpetos mais violentos de narrativa como costumo fazer sempre essas histórias e foi uma experiência interessante.

3 – Um passarinho contou que você, juntamente com o Mario Cau e a Fabi Marques estão no forno para lançar um novo trabalho. O que podemos esperar? Será que pode adiantar alguma coisa sobre?

Ah, eu acho que dá pra imaginar que é um dos trabalhos mais lindos que fiz até agora. Também posso dizer que essa adaptação literária de um famoso livro infanto-juvenil, com adaptações para série televisiva, é uma saga muito conhecida na língua inglesa, em especial no Canadá. Como autora, foi algo muito diferente de tudo o que já fiz até agora e amei demais navegar por esses estilos.

Lindo spoiler do projeto que terá cores da Fabi Marques e roteiro de Mario Cau.

 

4 – Já se foram um ano e tanto de pandemia. Isolamento, ficar longe de eventos e pessoas queridas. Isso mexeu com sua forma de escrever ou com as ideias de roteiros que tinha antes do isolamento iniciar?

Estou totalmente “trilili” das ideias como autora. Não consegui fazer nada autoral, do zero, desde julho do ano passado. Acho que além de um contínuo esforço para sobreviver e pagar as contas, a falta de eventos, vida social e passar muito tempo em casa meio que fez os meus estalos criativos fugissem de mim. Sou uma observadora do cotidiano e as pessoas no meu entorno sempre me inspiram demais, ao contrário das minhas paredes.

5 – O caminho para se tornar o roteirista muitas pessoas passam por etapas. Existem cursos, o network é importante e sempre estar escrevendo é essencial. Nem que seja uma ponta de ideia. Qual o melhor caminho para chegar nesse nível de competência sendo uma roteirista inteligente, talentosa, poderosa e cheirosa como você?

(RISOS) Obrigada pelo cheirosa. Bom, eu acho que a coisa mais importante de tudo isso que você citou na pergunta é sentar a bunda na cadeira e escrever e realizar – coisa que não ando fazendo por causa desses tempos tenebrosos, mas geralmente é meu modo padrão. Ainda tenho muito pra construir, é verdade, mas publiquei quase 20 histórias desde 2017 porque meti as caras mesmo. Infelizmente o medo segura o nosso ímpeto de subir os degraus e acho que na maior parte do tempo eu não tive esse sentimento apesar de ser uma pessoa muito surtada e sofrer muito com a síndrome do impostor.

Ainda tenho muitos desafios pra superar, como escrever uma história longa completamente autoral, mas sei que vou chegar lá se tiver os gatilhos certos. E acho que isso vale pra todo mundo, não parar muito pra pensar nos poréns, mas começar a escrever e ir atrás. A sua primeira história será ruim, as próximas serão piores do que as futuras. Mas tem uma frase que eu amo: antes feito que perfeito, e é assim que eu sigo com a minha vida, com o tempo vou lapidando a técnica com a prática. E tem que ter tesão por contar histórias, né?

O Fantasma da Ópera em São Paulo, que tem desenhos de Al Stefano e edição de Daniel Esteves foi aprovado no ProAc Expresso 20/2021.

6 – Você é uma roteirista que caminha entre os dois pontos: ser publicada por uma editora e também pelo fato de ser independente. Hoje temos algumas mídias que sempre serviram para divulgar e atingir o público. Mas com a mudança do Instagram, o algoritmo do Facebook caindo cada vez mais, o Youtube é caixa de surpresa e eu sempre acho que o Twitter é mais para a nossa bolha de alcance, como elevar o trabalho para mais pessoas? Um dos caminhos seria apostar nos blogs pessoais?

Eu sinceramente acho que estou ficando velha. Pois não consigo me adaptar a esse momento louco em que o vídeo para redes sociais está em primeiro lugar, é um pesadelo pensar em ficar gravando coisas pras redes sociais. Dá um trabalho enorme e irá morrer nos próximos cinco minutos. Por isso ainda amo o Twitter, as pessoas pelo menos estão lendo alguma coisa, ainda que vire uma bola de neve de caos e tretas às vezes.

Eu acho que nosso problema com formação de leitores é muito mais profundo e grave, pois competir com as redes sociais é quase uma guerra perdida, além de estarmos neste esgoto do governo atual que vai deixar uma marca profunda de desinformação e abandono. Quem conseguir se adaptar a esses tempos novos se dará muito bem, mas é um desafio e tanto para os quadrinhos, que ainda sofrem um pouco para encontrar um formato que realmente seja um sucesso em telas. Por isso, até cogito trabalhar com audiovisual de alguma forma com séries ou cinema, sem abandonar os quadrinhos, claro. O que importa é contar histórias, sempre.

7 – Como funciona o processo de criação de uma história com você? Tipo você é daquelas pessoas que chega para o desenhista e dá aquele “pitaco”? E também rola o “pitaco” vindo do outro lado?

Eu sou uma pessoa de referências meio inusitadas, como meus próprios sonhos, experiências bizarras de vida, jornalismo policial… Leio menos quadrinhos do que devia, na verdade. Estou sempre mergulhada em outras coisas, como buscas insanas sobre um assunto qualquer na internet. No começo me via mais presa a certas etiquetas de gênero, hoje tenho vontade de contar apenas as minhas histórias de acordo com meu fluxo. E sim, quando se trata da criação do conceito da história, eu adoro fazer isso em parceria com o desenhista. Amo “pitacos” e sou “pitaqueira” também, quando estou em uma parceria boa funciona superbem. Sou uma ótima parceira, faço guia de roteiro, pesquiso fotos pra referências, ajudo a tirar dúvidas e tudo mais, modéstia a parte.

8 – Muitas vezes o trabalho do roteirista é um tanto solitário, é você com sua história e seus personagens. Às vezes é necessário passar para uma outra pessoa ler antes de ir para o editor ou nem todo texto é assim?

Eu sempre preciso de outras opiniões no meu texto. Além da insegurança natural de alguém que não domina todas as ferramentas, tem coisas que você tá tão viciado na sua forma de enxergar a história que escapam à percepção, então tem que ter leituras críticas sim. Felizmente tenho grupos de amigos autores que sempre me ajudam nesse sentido e eu também sempre leio as coisas deles.

9 – Uma das histórias que eu mais gosto sua é “Meu corpo, minhas regras” da coletânea Na Quebrada da Editora Draco. Ela mistura religião, abuso de poder, cyberpunk e um forte discurso feminino. Você uma vez falou da sua experiência com a religião, digamos, mais doutrinadora. Você às vezes se vê com essa “missão”, ou por poder falar com um alcance maior, não somente sobre esses temas, de colocar assuntos tão importantes nos seus roteiros?

Nem é uma coisa que eu racionalizo muito, são só as minhas questões pessoais que eu sinto um impulso inevitável de colocar nas histórias. São muitas das minhas experiências de vida somadas as minhas idealizações, mas não penso muito sobre atingir as pessoas com uma lição de moral ou expondo algo que deve ser denunciado e sim em fazê-las sentirem a jornada com o que conto no roteiro. Algo em mim crê que a transformação acontece mais pelo impacto ao ler uma história do que quando é mais panfletário – não sei se essa é a palavra certa, mas é por aí. É muito o caso de “Meu corpo, minhas regras”, que você citou.


10 – Qual seria o desenhista, ou equipe criativa, que você gostaria muito de trabalhar?

Essa pergunta é TÃO difícil de responder, eu não idealizo demais isso porque a vida sempre me surpreende com possiblidades que eu não imaginei que teria e, sabe como é, um roteirista não pode se dar muito ao luxo de escolher. Eu amo quase todo mundo com quem eu trabalhei até aqui, na real, repetiria várias parcerias.

11 – Qual seria o assunto, ou história, que você gostaria de escrever e não tem nada a ver com você, qual seria?

Eu gostaria muito de fazer um quadrinho histórico sobre o período colonial do Brasil. E talvez um dia me arriscar na comédia, pois é algo completamente fora da minha zona de conforto e ainda não me desafiei nesse sentido.

12 – Quais os projetos da Larissa para a reta final de 2021?

Bom, vem aí uma adaptação literária que ainda não foi anunciada, como disse acima, e também estou trabalhando em uma história mais curta com o querido André Oide, acho que conseguimos lançar a campanha no Catarse na CCPX deste ano.

13 – E se você pudesse voltar no tempo e encontrar a Larissa Palmieri dez anos atrás, o que você diria para ela e o que ela diria para você?

Eu diria para ela: guarde dinheiro e invista em coisas mais sólidas. Cuide da sua saúde. Estude muito. Larga o que não te faz bem e vai atrás dos seus sonhos. Ela diria para mim: Sou sua fã. Você é incrível e corajosa.

 

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Saiba quem são os Perpétuos e se prepare para a série Sandman da Netflix

Empolgados para a estreia da série Sandman? Essa semana foi revelado que neste sábado, 25 de setembro, ao vivo às 12:50 no canal do youtube da Netflix Brasil, será divulgado o primeiro teaser da série no evento Tudum: Um evento mundial para fãs da Netlix, que já está em contagem regressiva e recheada de novidades. E para aguardar esse teaser e aumentar ainda mais as expectativas para essa tão aguardada série, que tal conhecer um pouco mais desse universo fantástico de Neil Gaiman? Saiba aqui  por onde começar sua leitura e quem são os Perpétuos!

A série ainda nem foi lançada e já é sucesso de críticas e elogios, e está dividindo os fãs já na escolha dos elenco, que diga- se passagem, teve uma escolha excepcional e me gerou grandes e positivas expectativas. 

Vamos começar do início, nos primórdios haviam entidades que chegaram antes mesmo dos seres humanos e esses seres eram denominados Perpétuos, que ao todo eram 7 e eles eram irmãos. Todos eles representam algo que compõe nossa humanidade e vida na Terra. Todos os perpétuos possuem seu próprio reino e símbolo, que são artefatos usados para invocar uns aos outros quando necessário.

 

Morpheus, senhor do Sonhar. Todos que estão vivos sonham e em algum momento irão passear pelos seus reinos. Os sonhos movem a humanidade e sem sonhos nossas vidas não seriam as mesmas e essa analogia é descrita de forma muito singular quando por um período de 70 anos a humanidade perde a capacidade de sonhar após o aprisionamento do senhor do reino dos sonhos no arco Prelúdios e Noturnos. Morpheus, dentro de toda sua sabedoria e seriedade, já foi também imaturo e indiferente a vida da humanidade, mas seu período no aprisionamento o fez ter uma grande compressão e empatia sobre a vida dos mortais.

 

Morte, a mais velha entre os irmãos depois de Destino, a única que esteve presente na nossa chegada e a única que estará presente para fechar as portas quando nós nos formos finalmente no fim dos tempos. Morte é a Perpétua que demonstra mais humanidade e simpatia, mas nem sempre foi assim, esse dom foi aperfeiçoado após tomar a decisão de passar um dia na Terra como uma mortal a cada cem anos para conhecer e entender esse seres que ao mesmo tempo são tão frágeis e tão complexos.

 

Destino, o irmão mais velho. Quando a humanidade surgiu seus destinos foram traçados, assim nasceu o Destino. Descrito como um homem cego, trajado de um manto e sempre com um livro nas mãos, o livro do destino está acorrentado à ele por toda a eternidade, nele contém todos os segredos do passado, presente e futuro. Destino é o irmão mais sério e dedicado aos seus deveres.

 

Desejo, em alguns momentos representado com aparência de uma mulher, outras com a aparência de um homem andrógeno, pois o desejo não tem gênero, todos desejam alguém ou alguma coisa, ele representa o desejo e a ambição do ser humano. Desejo é egocêntrico, e foi o grande responsável por manipular ações que levaram ao aprisionamento de Morpheus em Prelúdios e Noturnos, sua arrogância e seus joguinhos foram responsáveis por muita dor e sofrimento, apenas para o seu desejo de satisfazer as peças que pregava contra o irmão Morpheus.

 

Desespero, uma mulher de aparência horripilante, baixinha e nua, seu símbolo é um anel em formato de gancho que usa para fazer cortes na própria pele. Desespero vê refletido em sua galeria de espelhos o pior do homem, assassinos, pedófilos, abusadores e a insanidade, refletidos em suas faces frias e tristes. Desespero é retratada como gêmea de Desejo, ainda que não possuam nenhuma similaridade física, dado ao fato de que Desejo é uma criatura de beleza indescritível, mas o desejo também é capaz de levar ao sofrimento e desespero.

Destruição, é o perpétuo que quis abandonar suas obrigações e não mais viver em função do que era esperado para ele, ele compreendeu que o nosso mundo é assim e nós, seres humanos, sempre vamos dar um jeito de destruir e nos autodestruir até o final dos tempos, independente das ações do perpétuo que era responsável por causar a destruição para que novos ciclos se iniciassem. Destruição um dia simplesmente foi embora para ter uma vida comum com seu companheiro fiel, o cachorro falante Barnabas. Todos os seus irmãos aceitaram ou foram indiferentes à sua escolha, exceto Delírio, a irmã mais nova e confusa, o que deu origem a uma incrível saga no arco Vidas breves, onde Delírio convence Morpheus a acompanhá – la em busca do irmão. 

“Eu gosto de estrelas. Creio que é a ilusão de permanência. Sei que vivem explodindo, esmorecendo e se apagando. Mas daqui posso fazer de conta… Posso fazer de conta que as coisas duram. Que vidas são além de momentos. Deuses vêm e vão. Mortais lampejam, brilham e desvanecem. Mundos não duram; estrelas e galáxias são transitórias, coisas passageiras que cintilam como vagalumes e se desfazem em frio e pó. Mas posso fazer de conta.” Destruição, em Vidas breves.

 

Delírio,  que um dia foi Deleite, é a irmã mais nova. Delírio vive em constante variação, nem mesmo sua sombra se assemelha com a aparência que ela apresenta no momento. Seu estilo é uma tremenda mistura desconexa, cabelos coloridos que hora são compridos e bonitos, hora curtos e desgrenhados, olhos de cores díspares, um verde como esmeralda e outro azul, representando a confusão de sua mente “Quem pode saber o que Delírio vê através de seus olhos desiguais?”. Dentro de suas confusões Delírio tem vários momentos de lucidez e consegue se mostrar mais forte e sábia, ainda que por poucos minutos, nesses momentos seus olhos se tornam iguais como se pudessem vislumbrar a estabilidade por alguns instantes. A jovem é a representação da dor da mudança, em não aceitar a transformação e o crescer. Além de ser uma forte alusão aos transtornos da mente, Delírio se perde em seus devaneios constantemente, esquece o que ia dizer, troca e inventa palavras, demonstra confusão de pensamentos e desconexão com a realidade. Seus balões de fala são sempre coloridos e sua fonte bagunçada. Mas, como Sandman é uma história da evolução dos Perpétuos e os resultados de suas ações no mundo, Delírio também nem sempre foi assim. Vemos claramente no arco Noites sem Fim, que é dedicado a contar individualmente a história de todos os irmãos, nele é possível ver fatos que levaram eles a serem o que são ou motivo de terem buscado mudança, nele na história de Morpheus em uma convenção com os astros no início do universo, vemos pela primeira vez Delírio como uma criança normal, assim como qualquer outra, feliz, curiosa, argumentativa, dois olhos iguais e sem balões diferentes, era puramente uma criança inocente que ainda não tinha assumido a responsabilidade de ser uma das 7 Perpétuas. “Alguns dizem que a grande frustração de Delírio é saber que, apesar de ser mais velha que as estrelas e mais antiga que os deuses, ela continua sendo, eternamente, a mais jovem da família, pois os Perpétuos não medem tempo como nós nem vêem mundos através de olhos mortais.”  

Delírio é minha Perpétua preferida, como não compreender a dificuldade em aceitar a perda da nossa inocência e sanidade tão bruscamente para sermos jogados em um mundo tão cruel?

 

O universo dos quadrinhos de Sandman é extenso e rico. Seu primeiro arco foi publicado entre Janeiro e Agosto de 1989 e a continuação dos demais arcos foi lançada até 1996. Os personagens são muito bem construídos e não apenas em seu núcleo principal, a trama gira em torno de causa e efeito, seus arcos se complementam como uma dança sincronizada e todas as ações resultam em consequências futuras, nada passa despercebido. Isso fica claro logo nas primeiras histórias, Morpheus nem sempre foi sábio, era imaturo, arrogante, e apenas após seus anos aprisionado pela seita da Ordem dos Antigos Mistérios sua visão do mundo mudou. Como Delírio diz em Entes queridos, nossa existência deforma o universo. Isso é responsabilidade.” Essa é uma das muitas formas de retratar passagens de amadurecimento e nos mostrar que mesmo sendo tão poderosos e evoluídos, quase como Deuses, os Perpétuos também tem que arcar com suas responsabilidades aqui na Terra e que suas pegadas também deixarão marcas.

Uma particularidade dessa saga é a forma que aborda situações reais, fazendo duras críticas sociais e ao nosso modo de vida. Neil Gaiman sempre busca retratar em suas histórias mulheres fortes, de grande personalidade, sejam elas humanas ou não (Fadas, Musas e Bruxas da Mitologia), transxesuais, relacionamentos entre personagens lgbt, preconceito, sem contar as inúmeras referências que você pode brincar de listar em todos os arcos como se tivesse dentro de o Jogador N1 ( Livro de Ficção de Ernest Cline ). Em suas histórias Gaiman trás desde personagens históricos à personagens da mitologia, e ainda outras personalidades do Universo DC como Batman, Caçador de Marte e Constantine.

Muitas edições já foram publicadas ao longo dos anos, ao todo são 13 arcos que compõe 75 histórias

  1. Sandman: Prelúdios e Noturnos (01 a 08)
  2. Sandman: A Casa de Bonecas (09 a 16)
  3. Sandman: Terra dos Sonhos (17 a 20)
  4. Sandman: Estação das Brumas (21 a 28)
  5. Sandman: Espelhos Distantes (29 a 31 e 50)
  6. Sandman: Um Jogo de Você (32 a 37)
  7. Sandman: Convergência (38 a 40)
  8. Sandman: Vidas Breves (41 a 49)
  9. Sandman: Fim dos Mundos (51 a 56)
  10. Sandman: Entes Queridos (57 a 69)
  11. Sandman: Despertar (70 a 73)
  12. Sandman: Exílio (74)
  13. Sandman: A Tempestade (75)

Dê uma olhada em algumas das publicações que sairam aqui no Brasil:

 

Coleção lançada pela Editora Conrad, 2005

 

 

 

Edição Definitiva, Paninini 2006

 

 

 

Edição Comemoração 30 anos, Panini 2019-2021

Edição Comemorativa 30 anos Panini 2019-2021

 

Essas são as publicações que eu acho mais bonitas lançadas até agora, mas além delas também foram publicadas no Brasil pela Editora Globo os 13 arcos entre anos 80 e 90 e a Editora Pixel fez sua participação publicando Prelúdios e Noturnos em 2008. 

E então? Despertou a curiosidade de conhecer um pouco mais desse universo e maratonar a série de quadrinhos antes de assistir a série de TV da Netflix? Conta pra gente! 

 

Nos vemos no sonhar! Bons sonhos 😉

 

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Necron está em Dose Dupla, na Campanha no Catarse, pela Tai Editora

A Tai Editora iniciou a campanha de financiamento coletivo no Catarse para mais dois volumes de Necron, a pré-venda dupla vai englobar os volumes 8 e 9. Criado em 1981, e publicado pela editora Edifumetto, Necron seria uma história única escrita por Mirka Martini e com arte de Roberto Raviola, que na época assinaram com os pseudônimos de Ilaria Volpe e Magnus. Mas ao serem convencidos pelo editor, Necron se tornou uma minissérie de 11 volumes que se tornaram sucesso.

Necron é uma paródia sexy de Frankenstein , apresenta as aventuras da ninfomaníaca e necrofílica louca médica Frieda Boher e de seu amante escravo Necron, um humanóide forte, bem dotado e canibal montado com fragmentos de cadáveres.

Necron Volume 8: O Homem Peixe

Depois de tomar o submarino em forma de baleia, a doutora Frieda Boher e seu monstrengo Necron se deparam com um novo e poderoso inimigo. Alguém cuja inteligência biológica é capaz de criar um império submarino. Uma aventura molhada espera por Necron em “O Homem Peixe”.

A publicação será no seu formato original, como foi lançado na Itália, nos anos 80. Com formato 13,5 cm x 19 cm, capa cartão e 116 páginas em preto e branco.


Necron Volume 9: O Rei dos Canibais

Já em O Rei dos Canibais, vamos acompanhar a doutora Frieda Boher e Necron vão ter que encarar a inusitada realeza de um país africano. Em meio a rituais tradicionais e alegorias religiosas, a verdade virá à tona com “O Rei dos Canibais”.

Esse volume, assim como o outro, terá o seu formato original, como foi lançado na Itália. Com formato 13,5 cm x 19 cm, capa cartão e 116 páginas em preto e branco.

A Tai Editora ainda vai presentear todos os apoiadores com Necron Volume 10: Os Mortos-Vivos. Sim, isso mesmo que você leu. Para saber mais sobre os detalhes da campanha de financiamento coletivo de Necron, seus valores e recompensas clique AQUI.

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Elemento Incomum, HQ da Valores Editorial, já está em pré-venda

A Valores Editorial começou a pré-venda de Elemento Incomum, a HQ que conta a história de Hidrogênio, um jovem muito curioso a respeito de sua própria identidade e ele sai em busca de respostas pelo reino de Mendelévian em uma jornada de autoconhecimento.

O mundo de Mendelévian possui a mesma organização da Tabela Periódica, na qual cada reino se refere a uma família ou grupo, tais como: alcalinos, metais de transição, ametais e gases nobres. Assim, a obra insere de forma lúdica vários conceitos que envolvem classificação, localização e propriedades dos principais elementos químicos, representados por personagens antropoformizados, que possuem as respectivas características deles em suas personalidades. E o mesmo vale para os poderes relativos de cada um, ligados às suas propriedades naturais.

O jovem Hidrogênio terá muitas dificuldades no seu caminho pois muita gente não quer que ele descubra as suas origens e terá que bater de frente com um rei cheio de interesses obscuros, um cientista louco, piratas e traições.

Elemento Incomum tem roteiro de Richarde Guerra, arte de Max Andrade, cores de Kaji Pato e a edição de Sidney Gusman. A intenção da obra é mostrar ao leitor que a tabela periódica pode ser divertida e enigmática. A edição, em capa dura, traz ainda um jogo de cartas completo com os personagens da história e tem uma seção de extras explicando como cada personagem se relaciona com a tabela periódica.

Elemento Incomum tem formato 27 x 19 cm, 240 páginas e o valor de R$ 99,90. Os assinantes do Amazon Prime tem direito a frete grátis.

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Damian Wayne, a criança quebrada

Falar de um personagem controverso, principalmente na internet, é um negócio complicado. Mas hoje eu serei o advogado do diabo, pelo menos para aqueles que odeiam, o que eu considero, um dos personagens mais interessantes da Bat-família: Damian Wayne. Se você ainda não é familiarizado com esse negócio de quadrinhos, esqueça o que viu nas animações, que, por mais divertidas que sejam, pegam apenas uma parte superficial do que estamos querendo falar aqui. Sabe aquele papo de livro x filme? É mais ou menos isso.

Sua primeira aparição se deu em 1987, como um bebê na graphic novel Batman: O Filho do Demônio (começamos bem, hein?) mas ele foi se transformar em um personagem de fato em sua reintrodução anos depois em Batman #655-658, pelas mãos de Grant Morrison. Esse arco saiu aqui tanto nas mensais quanto no encadernado Batman & Filho. Nosso primeiro contato com o menino não foi um dos melhores, nos apresentando algo muito parecido com o que vemos nas animações. Confesso que a melhor parte desse início é o Batman dando um belo de um esporro em seu filho.

Só faltou pegar o Bat-Chinelo.

Arrogante, teimoso, violento e sem nenhum talento para trabalho em equipe. Mas quem diabos gosta de personagens assim?

credo

Uma criança que foi treinada desde o seu nascimento para ser uma arma mortal por sua mãe e a Liga dos Assassinos, Damian se torna interessante à partir de sua evolução como Robin, aprendendo com seu pai e mestre, o conceito de heroísmo. Desconstruir tudo aquilo tudo que ele aprendeu até então não é fácil. É uma criança, e crianças por si só são difíceis de lidar. Mas não estamos falando de uma criança comum, não é? Afinal, o que poderia sair de bom misturando os genes de Talia al Ghul com Batman?

Meu professor de roteiro costumava dizer “Sem conflito não há história.” Bem, conflitos não faltam nessa run de 2011, pela excelentíssima dupla (e que dupla) Peter J. Tomasi e Patrick Gleason. Damian é constantemente testado em sua moral e ética, até então questionáveis, pelos personagens inseridos na trama. Bruce tem medo e receio de seu filho, e do que ele pode se tornar sem uma bússola moral. Ele sabe de seu potencial, tanto pro bem quanto para o mal. O pequeno Robin é um assassino em essência. A regra do Morcego de nunca matar é explorada mais a fundo aqui, mostrando o quão deturpada pode ser essa ideia e quanto ela pode transformar alguém. Afinal, todo vilão acha que está do lado certo. A dinâmica de pai e filho é outro ponto positivo na trama, e nos apresenta pontos diferentes de um choque de gerações.

E pra falar de pontos positivos, Patrick Gleason simplesmente arrebenta na arte, nos entregando cenas fluidas e empolgantes de ação. Pra fã nenhum do Batman botar defeito.

Também somos apresentados ao personagem Ninguém (Morgan Ducard) que aparece para fazer o contraponto dessa bússola. Ele vê a aptidão do menino para a destruição, e tenta arrastá-lo consigo para a escuridão, apresentando argumentos em prol de sua filosofia menos branda com criminosos. Por muitas vezes, vemos Damian como um personagem permanentemente danificado, sem empatia e sem qualquer senso de heroísmo. Mas, ao mesmo tempo que você o odeia por ser um personagem impulsivo, teimoso e arrogante, você acaba se compadecendo com ele em muitos momentos. E é aí que mora a mágica desse gibi: A quebra de expectativa.

“Não quero acabar como Ducard, sem uma bússola moral. Eu quero ser como você. Eu sempre quis ser como você.”

 

A criança monstro vem numa crescente de desenvolvimento, em uma leitura viciante que te prende do início ao fim. Méritos a Peter J. Tomasi, que soube muito bem conduzir a trama até o seu ápice, nos surpreendendo e nos emocionando em muitos momentos. Quando você se dá conta, você está já está torcendo por ele. Caímos na real e vemos a humanidade em seus olhos e em suas ações, constatamos: É uma criança. Uma criança que nunca conheceu o afeto e que está tentando achar o seu lugar no mundo ao lado de seu pai. Em um dos volumes seguintes ao arco, Damian acaba desobedecendo seu pai e sai em uma missão sozinho. No final, descobrimos que tudo aquilo foi pra conseguir recuperar a última pérola do colar de Martha Wayne, perdida nos esgotos de Gotham. Uma cena de uma pureza ímpar.

Nascido para Matar compila as edições de Batman & Robin #1-#8 de 2011, pertencentes aos Novos 52. Mas a recomendação fica para todos os 40 volumes. É uma leitura que vale cada página, e talvez seja uma das melhores coisas do selo N52, com momentos memoráveis, que trabalham do micro ao macro do Universo DC.

No fim, você aprende a amar a criança quebrada, que aos poucos tenta se refazer. Damian Wayne quer apenas ser o orgulho de seu pai.

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Torre Entrevista: Thiago Ferreira (Comix Zone)

Era uma vez um alagoano. Ele morava no Canadá e tem uma paixão por quadrinhos. Então ele criou, em 2015, um canal no Youtube. E mesclando boas indicações de quadrinhos, resenhas e bebendo nas lágrimas dos haters, surgiu o sonho de se tornar um editor de quadrinhos e tocar a sua própria editora. Eis que surge Reginaldo Ferreira da Silva, o Ferréz, já conceituado romancista, e assim nasceu uma parceria que ninguém esperava, Thiago Ferreira, o popular Arromboss,ambos lançam a Editora Comix Zone em 2019. 

Com a meta de publicar HQs que fujam do lugar comum, lançar artistas inéditos, histórias boas e com mensagens edificantes, a primeira publicação da Comix Zone foi a Canção de Rolland (2019) do canadense Michel Rabagliati, até então inédito no Brasil. De lá para cá a editora lançou importantes publicações, se tornou a casa da lenda Lourenço Mutarelli, sucesso de críticas, tanto nas histórias quanto na qualidade gráfica e arrebatou o Troféu HQMIX. 

Mas, Thiago sempre fala que um dos pilares mais sólidos na editora é a atuação do canal homônimo no YouTube. Com quase 60 mil inscritos, ele é o elo entre público e editora, que ajuda a impulsionar no sucesso crescente a cada publicação. 

Aqui batemos um papo com o Thiago Ferreira, via áudios de Whatsapp, onde ele falou sobre início da editora, união com o Ferréz, a “missão” da editora, como se tornou a casa do Mutarelli e o seu sonho de princesa. 

1 – O que você está lendo atualmente? 

Em Ondas (Editora Nemo) e Imbatível (Editora Saber Ler). 

2 – Eu me lembro de um vídeo seu, um pouco antes de começar a editora, falando sobre fazer o que gosta. Se não me engano você falou que saiu do trampo que estava e ia iniciar em algo que sempre amou fazer, então veio a editora. Passados, acho que três anos, nem vou perguntar se está satisfeito com a decisão porque é óbvio a resposta, mas você achou que em algum momento tinha queimado a largada e antecipado o processo, ou pensa que poderia ter feito antes? 

O tempo foi perfeito. Não saí nem cedo demais e nem tarde demais. o empurrãozinho foi dado pelo meu antigo chefe da agência de marketing, onde trabalhei por seis anos. Sempre tive meus projetos paralelos, sendo o primeiro deles o canal. Quando comecei a “trampar” na editora, eu ainda estava como designer. Só que aos poucos meu chefe começou a reparar que eu estava rendendo cada vez menos no meu trabalho de verdade, porque minhas energias estavam na editora. Então no final de 2019, ele me chamou na sala dele e disse que estava feliz pelos meus projetos pessoais, até porque nunca escondi o que eu fazia, mas eu precisava escolher o que eu queria fazer da vida.

Porque fazer as duas coisas não dava, ele me disse que eu precisava decidir se ia focar no trabalho ou nos projetos pessoais. Essa conversa foi numa sexta-feira, na segunda-feira seguinte eu pedi demissão. Ele entendeu de boa, porque ele sabe o valor e o peso de ter projetos pessoais. Foi no tempo certo, nem cedo demais, nem tarde demais.

3 – Já vão completar três anos que a editora Comix Zone está na ativa, e meio que ela ditou algumas melhorias no mercado, juntamente com a Pipoca & Nanquim, Figura… o que foi bom, porque merecemos sempre melhores histórias e com produtos de grande qualidade. Você acha que tanto o leitor e o mercado estavam preparados para essa “subida de sarrafo”? 

Eu gosto de pensar sim que somos responsáveis por uma melhoria nos quadrinhos publicados no Brasil. Graças a nossa curadoria, eu acho que ajudamos a sofisticar mais o leitor que está pensando menos em quadrinho de super-herói descartável e está dando uma chance para quadrinhos de outros gêneros, de outros países…, mas isso não se deve somente ao trabalho da editora. Se deve muito ao canal do Youtube, que veio muito antes da editora. A editora é de 2019 e o canal existe desde 2015, e essa confiança que construímos ao longo desses anos, fez com que os leitores confiassem nos quadrinhos que nos publicamos. A editora não vive sem o canal, é uma ligação direta. O sucesso vem muito desse vinculo. 

Ferréz

4 – Como foi essa união com o Ferréz? De onde surgiu essa parceria? 

O Ferréz eu só conhecia de nome. Nunca tinha lido nenhum livro dele, mas sabia quem ele era por causa do Instagram. Eu já tinha feito alguns vídeos falando sobre a minha vontade de ser editor de quadrinhos, dos cursos que tinha feito, mas eu sabia que nunca ia conseguir montar uma editora morando no Canadá. E o Ferréz acompanhava o canal, e eu não sabia disso, então um belo dia ele me enviou uma mensagem, isso foi em abril de 2019, depois de assistir um desses vídeos. Ele me perguntou se eu não queria entrar em algum projeto com ele, até então não tinha o papo de editora ainda. Era um projeto ou algo parecido. Então sugeri montar uma editora e ele topou na hora! Parecia até mágica, saca? Sabe aquele lance de duas pessoas que parecem que se conhecem ao mesmo tempo? Foi isso. Tudo comigo e com o Ferréz acontece de forma bem rápida, direta. Não tem isso de reunião, demora e tal… a gente conversa, acerta e faz. E até hoje funciona assim. 

5 – Como rola a escolha das obras para serem adquiridas e publicadas? Rola uma leitura de ambos, ou tem aquilo de “cara, vamos fazer isso aqui que essa parada é boa”. 

A curadoria é feita 100% por mim. Como moro no exterior tenho acesso ao que está sendo publicado aqui fora. Como novidades e backlist das editoras, o material um pouco mais antigo e monto uma lista das coisas mais interessantes. Eu faço um pitch para o Ferréz. Aquele pitch de elevador de um ou dois minutos com premissa do quadrinho e porque ele seria pertinente. Se ele comprar a ideia, a gente corre atrás, adquire os direitos e publica. Ele não lê os quadrinhos antes, até porque os quadrinhos na esmagadora das vezes são importados e ele não fala nem francês e nem inglês. É uma relação de confiança. Ele confia no meu gosto e que tem se provado as escolhas editorais são bem acertadas. Eu costumo falar que o Ferréz é o meu primeiro cliente, eu faço o pitch e se ele achar interessante corremos atrás para publicar. 

A Canção de Roland foi a primeira publicação da Comix Zone em 2019.

6 – Qual a publicação que te deu mais prazer de fazer? Aquela que te dá um puta orgulho. E aquela que você pensou que fosse estourar demais, tanto na parte financeira quanto na parte de reação da galera e não foi tão bem assim? 

Todos os quadrinhos dão um certo prazer, principalmente quando nós o terminamos (risos). Mas de orgulho… tem uns que gosto mais… gosto de todos (pensativo), Paracuellos e a Grande Farsa são dois que eu gosto muito, recentemente teve O Guarani e Contos Ordinários de uma Sociedade Resignada, porque são dois autores que nunca foram publicados no Brasil antes. E a editora vai, publica, as pessoas falam a respeito deles e eles são sucesso. Isso é o que me dá mais prazer. Ser capaz de colocar no mercado um quadrinho que as pessoas nunca tinham ouvido falar antes. Graças ao trabalho que fazemos no canal, as pessoas confiam, compram e elas adoram. E falam a respeito e passam para frente. Esses são apenas alguns que mais gosto, mas gosto de todos. 

7 – A Comix Zone será destinada para quadrinhos ou teremos também livros publicados? 

Existem sim conversas sobre publicar livros, acho que pode acontecer no futuro, mas não posso confirmar nada. 

8 – Vamos falar de O Golpe da Barata – Tem Fantasmas em Casa. Eu li umas resenhas sobre ela e todas foram bem taxativas: é uma história pesada, mas necessária de ser contada. Como foi o processo de negociação e edição de uma história tão importante? 

O Golpe da Barata é um quadrinho muito importante. É uma aposta da editora. Um quadrinho que vai impactar muita gente, fala de um tema super relevante. O primeiro quadrinho escrito por uma mulher na editora e isso alivia um pouco a gente. Porque, infelizmente, o nosso catalogo era muito masculino, mas sabemos que estamos longe ainda do ideal, mas estamos trabalhando para mudar isso e trazer mais mulheres para o nosso catalogo. Foi um quadrinho super tranquilo de contratar, até porque a Gata Fernandez é autora nova, desconhecida no país, ou seja, não tem muita gente se “estapeando” (risos). Agora eu acho que vai ter mais gente olhando para as obras dela. Essa é a vantagem de olhar para onde ninguém está olhando, encontramos boas histórias de grande relevância sem grandes concorrências. 

9 – No lance de publicar Che, que é um clássico do quadrinho sul americano, pareceu ser um sonho bem antigo de vocês. Essa ainda tem um texto do Guilherme Boulos. Como surgiu a ideia do Boulos criando um texto? 

Eu não digo que publicar o Che era um sonho. Não sei se era para o Ferréz. Mas era uma coisa que ia acontecer, ainda mais depois de publicarmos cinco obras do Breccia no Brasil. Depois de publicar somente material inédito, e chegou a hora de fazer essa reedição. E por se tratar de uma reedição, já que ele tinha sido publicado pela Conrad em 2008, a gente queria fazer algo diferente. A minha ideia logo de cara foi chamar realmente o Boulos. O Ferréz que é muito bem relacionado é amigo do Boulos, ele então fez o convite que foi aceito prontamente. 

Che, de Oesterheld, Alberto Breccia e Enrique Breccia, tem um texto do Guilherme Boulos.

10 – Se lembra de quando falei de “elevar o sarrafo”? Hoje em dia temos diversas editoras trazendo grandes obras e com qualidade ímpar. Além de vocês, tem a Figura, Pipoca, Skript… e umas outras que já tinham um tempo no mercado também apresentando obras que dificilmente veríamos por aqui. A concorrência é grande e boa, como consumidor eu acho muito bom isso. Como manter esse movimento sempre engrenado e que fique acessível financeiramente tanto para editoras e para os leitores? 

É… hoje em dia a gente tem muita editora brigando por um dinheiro de público que é bem reduzido. A gente sabe que o quadrinho no Brasil é algo muito de nicho, mas temos o nosso trunfo que é o canal que rola desde 2015, repito, a editora não seria nem de perto tão bem sucedida se não fosse esse relacionamento estreito com o público. No canal do Comix Zone são quase 60 mil consumidores em potencial. E acho que uma editora para ser bem sucedida hoje, precisa do público e ter um material diferenciado. Mas também não adianta ter um material diferenciado se não saber trabalhar aquilo, não souber atingir as pessoas para quem o produto é destinado. Como eu disse, a editora e o canal andam juntos, mas sim o mercado fica cada vez mais concorrido a medida em que mais editoras surgem e o poder de compra do brasileiro fica cada vez menor. 

Thiago além de analises de quadrinhos e anúncios da Comix Zone, também lida com o amor dos haters em seu canal do Youtube.

11 – Qual seria o “sonho de princesa” que você gostaria de publicar pela Comix Zone? 

Meu Sonho de Princesa…. já realizamos alguns, temos tantos outros que gostaríamos de realizar e que vamos realizar. Mas não posso falar porque tem editora por aí querendo “furar os nossos olhos” (risos). O que posso passar é que tem um quadrinho escrito por Mark Russell ilustrado por um brasileiro e que vamos publicar e estou muito animado. Tem outro quadrinho, na verdade é uma série contratada, escrita e desenhada por Marc-Antoine Mathieu, o autor de Deus em Pessoa, que eu sou apaixonado desde que li pela primeira vez, e que vocês mal perdem por esperar. É algo impressionante e que será publicado ainda esse ano. 

12 – O Ferréz falou lá no Flow Podcast, e em algumas outras ocasiões, que o grande barato ou “missão” da Comix Zone é poder publicar coisas que passariam batidas por aqui, ou momentos da história que são esquecidas de propósito. Por exemplo, O Guarani, em todo meu ano letivo, apenas dois professores contaram esse episódio. Agora tem esse, digamos, resgate com Che de Oesterheld e Breccia. Você acha que essa é a principal “missão” da editora ou não tem nada disso, o lance é publicar boas histórias. 

O Ferréz está certo! Uma das grandes missões que temos na editora é aumentar a bibliodiversidade. Não só no nosso catalogo, mas nos quadrinhos do Brasil como um todo. O maior tesão que eu tenho é mostrar para o público um quadrinhista, em um lugar totalmente estranho que ele nunca tinha ouvido falar e tornar aquele nome conhecido e desejado. O que eu mais gosto é quando alguém chega e me fala: “nossa, eu não conhecia isso e preciso desse quadrinho”. O que eu mais gosto é publicar gente nova. 


13 – Vocês se tornaram a casa do Lourenço Mutarelli. E aposto que muitos leitores mais novos, nem conheciam a obra dele tanto assim. A importância de apresentar Mutarelli para essa galera mais nova é imensa. Foi algo pensado trazer o Muta desde o começo da editora e que foto é aquela lá que você postou essa semana marcando o Mutarelli? Pode adiantar algo? 

Publicar a obra do Mutarelli não era necessariamente algo que passava na nossa cabeça quando a gente abriu a editora. Mas quando foi, mais ou menos, na altura do nosso segundo lançamento, alguém do nosso grupo no facebook, em um post sobre catalogo, falou: “Pô, o Ferréz é amigo do Lourenço. Porque vocês não falam com ele para republicar os quadrinhos dele?” Na hora meus olhos brilharam! Eu falei com o Ferréz, como eu disse antes, não somos de conversinha. A gente fala e faz. Falei com ele, eram oito da manhã, duas horas depois, Ferréz me retorna e fala que tinha conversado com o Lourenço e estava tudo certo (risos). Por que o Ferréz é assim. E ele é muito amigo do Lourenço. Tem muitos trabalhos, como o Capa Preta, que o Lourenço não tinha menor vontade de republicar. E ele só permitiu porque ele é amigo do Ferréz. E assim nos tornamos a casa do Lourenço Mutarelli. E em setembro teremos mais uma republicação dele que será o Astronauta ou Livre Associação de um Homem no Espaço, que tem a peculiaridade de ser um quadrinho escrito pelo Lourenço, mas que não foi desenhado por ele. O quadrinho teve um processo bem interessante que envolveu mais três pessoas além do próprio Lourenço. Foi publicado pela primeira vez pela Zarabatana e será republicado em uma edição de aniversário com muito extra bacana e um projeto gráfico que vai deixar a galera babando. 

14 – E na vibe de quadrinhos nacionais, existem possibilidades de mais autores nacionais serem publicados pela Comix Zone? 

Estamos com um quadrinho original sendo produzido por uma pessoa absolutamente brilhante, mas que não posso entrar muito em detalhes e outro projeto que estou louco para mostrar para vocês. E a gente pensa sim na produção de quadrinhos nacionais e vai rolar. Até porque a Comix Zone é uma editora multinacional, com o Ferréz no Brasil e eu aqui no Canadá, e quero muito licenciar quadrinhos para publicar aqui no exterior. Sobretudo na Europa, principalmente na França, Canadá e EUA. 

 15 – Para encerrar, meu chapa, qual os projetos do Thiago e da Comix Zone para esse resto de 2021? 

Veja, eu sou um homem simples. Tudo que eu quero é continuar publicando quadrinho legal, continuar apresentando quadrinhistas incríveis para o público brasileiro, continuar vendendo gibi e fazer essa máquina girar, quem sabe em breve expandir a equipe, contratar um designer talentoso para dividir a produção comigo. Por que tá foda (risos). Mas não tenho o que reclamar, 2021 tem sido um ano incrível e espero que siga assim até o final. 

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Horror e Erotismo andam juntos em Suspiria, publicação da Tai Editora

A Tai Editora tinha iniciado a campanha de financiamento coletivo para Suspiria, quadrinho criado por Luca Laca Montagliani e publicado pela editora italiana Annexia. A trama de horror ainda conta com participação de grandes nomes dos quadrinhos italianos como Andrea Bulgarelli, Franco Saudelli e Andrea Jula.

Mas o que é Suspiria?

Lá em 1845, Thomas de Quincey publicou uma coletânea de ensaios intitulada Suspiria de Profundis, que traduzido do latim, significa Suspiros das Profundezas. O livro, todo em tons de delírio, provoca no leitor imagens fantasmagóricas e reflexivas sobre os medos e perdas da experiência humana.

O tema já rendeu diversos estudos e adaptações, inclusive para filmes, um clássico de 1977 e um remake em 2018 estrelado pelas atrizes Dakota Johnson, Tilda Swinton, Mia Goth, Chloë Grace Moretz.

Tendo Suspiria como a personificação onipresente do medo e do desespero. Ela preambula pela Terra desde o início dos tempos, caçando e punindo almas que não conseguem se livrar do próprio destino por pura indolência. Suspiria está sempre na companhia da sua mãe Santa Morte e das suas três irmãs: Nenia Candelaria, Sudaria e Grimoria.

 

Elas são as Deusas das Trevas, as consoladoras da paz eterna. Uma fúria infernal ungida do Reino das Trevas, região situada nas profundezas do planeta, uma força cosmológica universal suspensa no tempo eterno por onde essa tétrade infernal se move entre os séculos de história da humanidade. Um verdadeiro asilo do universo.

A publicação da Tai Editora é composta por quatro histórias: O inferno existe, A pequena morte, Aos seus pés e Onde morrem as almas. Todas repletas de muito horror e erotismo. Suspiria é a publicação fez muito sucesso pela Annexia e se tornou uma campeã de vendas na Itália. As capas criadas por  Alex Horley e Nikk Guerra.

Suspiria terá formato 16 x 23 cm, 160 páginas (sendo 32 coloridas) e capa dura. A campanha já é um sucesso e passou dos 100%, mas ainda dá tempo de garantir o seu exemplar.

Para saber mais sobre a campanha, valores, recompensas e claro apoiar, clique AQUI.

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Conheça os detalhes da Hyperion Comics, a editora do Levi Trindade

Levi Trindade, ex-editor chefe da Panini Comics anunciou o lançamento da mais nova editora brasileira, a Hyperion Comics deu o seu pontapé inicial em uma live no último dia 02/08, onde Levi explicou sobre o seu novo projeto e as suas ideias.

Durante a live de estreia da Hyperion Comics, já foram anunciados duas publicações: The Resistance: Uprising e MOTHS, ambos os títulos de J.Michael Straczynski e publicadas pela editora americana independente AWA. Os quadrinhos fazem parte do universo de The Resistance.

Confira abaixo a live completa que teve participação de nomes como Mike Deodato, Paloma Diniz, Luiz Fernando Mafra, Cassiano Pinheiro, Sâmela Hidalgo, Douglas Freitas, Geraldo Borges e outros clicando AQUI.

A Hyperion Comics também terá ficará de olho no mercado nacional e a ideia é promover o trabalho da galera daqui. Um dos caminhos é a parceria fechada entre a editora e a NEHQ – Rede Nordestina de Histórias em Quadrinhos, um núcleo que vai fomentar a indústria de quadrinhos da região Nordeste. Mas o olhar da nova editora será voltado para o Brasil inteiro também.

Os títulos da Hyperion Comics serão todos em capa cartão com orelhas e sobrecapa. O objetivo é trazer HQs com preços mais acessíveis ao mercado e consumidores.

Fique ligado na Torre de Vigilância para mais detalhes sobre a Hyperion Comics.

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Clássica Biografia em Quadrinhos de Che Guevara é publicada no Brasil pela Comix Zone

E um clássico dos quadrinhos sul-americanos está de volta ao Brasil! A biografia em quadrinhos Che é capitaneado pelas lendas Héctor Oesterheld, Alberto Breccia e Enrique Breccia, e é considerada a melhor e mais completa biografia do lendário revolucionário Che Guevara. Che (Biografia em Quadrinhos – Volume Único) volta a tomar o Brasil pela Editora Comix Zone.

Lançado originalmente em 1968 na Argentina, depois de três meses da morte do guerrilheiro nas selvas da Bolívia, o livro foi proibido em 1973 com as cópias restantes destruidas e as pranchas originais queimadas. Seguindo até 1977 com a prisão, tortura e assassinato do roteirista Oesterheld e suas quatro filhas, pela ditadura Argentina. O livro se torna item raro até reaparecer na Espanha 20 anos depois.

Ernesto Rafael Guevara de La Serna, mais conhecido como Che Guevara, nasceu na Argentina e foi médico, professor, político, jornalista, fotógrafo e revolucionário, sendo uma das figuras mais importantes na Revolução Cubana. Hoje em dia se tornou por muitos um símbolo da contracultura e do comunismo.

A edição da Comix Zone, Che (Biografia em Quadrinhos – Volume Único) terá acabamento de luxo, formato grande, capa dura com verniz localizado e uma apresentação exclusiva assinada por Guilherme Boulos, professor, coordenador do MTST e da Frente Povo Sem Medo. Não é a primeira vez que Che é publicado no Brasil, a Conrad Editora já tinha lançado por aqui em 2008.

Che (Biografia em Quadrinhos – Volume Único) tem formato 21 x 28.5 cm, 96 páginas em preto e branco e tradução da Jana Bianchi. Adquirindo a edição durante a pré-venda, você consegue 30% de desconto no site da Amazon Brasil.

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Começa a campanha no Catarse para OPArt, HQ que mistura artistas do Brasil e da Irlanda

Começou a campanha de financiamento coletivo no Catarse para OPArt, um projeto de quadrinhos idealizado e organizado por Rodrigo Ortiz Vinholo e Mari Rolin. A ideia de OPArt é unir artistas residentes no Brasil e na Irlanda e realizar uma mistura de duplas criativas para produzir histórias em quadrinhos que possuem entre 8 e 12 páginas.

O nome da coletânea deriva do conceito em comum que une todas as histórias: “Out of Place Artifacts” (“artefatos fora de lugar”). A sigla OoPArt se refere a artefatos que vão contra as expectativas de lógica da história, como o Mecanismo de Anticitera ou as Linhas de Nazca. Todas as histórias giram em torno de um objeto completamente fora do lugar e como isso redefine as vidas dos personagens que se envolvem com eles.

O título, ainda, é um trocadilho com o “Out of Place” por “deslocarmos” artistas de dois países para um lançamento único. Além disso, há por associação a ligação com a ideia de Op-art, que ainda que não seja “óptica” no sentido de “ilusão de óptica”, estamos nos focando em artes visuais para este trabalho.

O que resultou em seis histórias, todas mudas, e a publicação contará com introdução e outros elementos bilíngues (português e inglês). Confira o nome das histórias e a dupla criativa de cada uma:

1- THE FIND/A DESCOBERTA – Colin O’Mahoney (roteirista) e Luiza Nasser (artista)
2- EXHIBIT/EXPOSIÇÃO – Rodrigo Ortiz Vinholo (roteirista) e Coireall Carroll Kent (artista)
3- RUNED LIVES/VIDAS MARCADAS – Emmet O’Brien (roteirista) e Mari Santtos (artista)
4- SWINGIN’/NO BALANÇO – Camila Suzuki (roteirista) e Nene Lonergan (artista)
5- AND SHE WAS/E ELA ERA – SC Ormond (roteirista) e Roberta Cirne (artista)
6- RITUAL – Pedro Hutsch Balboni (roteirista) e Mari Rolin (artista)

OPArt terá formato 16 x 23 cm, lombada quadrada, 80 páginas em P&b e para saber mais sobre a campanha, valores, recompensas e para apoiar, clique AQUI.