Categorias
Anime Cultura Japonesa Pagode Japonês

Primeiras Impressões | The Misfit of Demon King Academy

Sejamos sinceros: você, eu, e todos os envolvidos nisso aqui sabemos exatamente com o que estamos lidando, e decidimos lidar com isso de qualquer maneira. Nós olhamos para a mais patética combinação de nome, título e sinopse, e imediatamente pensamos o quão idiota e ridículo seria esse show inteiro.
E justamente por isso que nós decidimos assisti-lo.

Detesto todas as generalizações e já disse um milhão de vezes que odeio exageros. Deveria ser claro para todos que a minha pessoa é a maior defensora de nunca julgar um livro pela capa e que devemos dar uma chance para tudo, pois sempre existe a possibilidade dela te surpreender.

…Mas esse não é o caso. “The Misfit of Demon King Academy” é exatamente tudo que você poderia ter imaginado, sem tirar nem pôr. Porém, estou aqui para fazer um comício sobre como isso não é algo ruim, muito pelo contrário!

Em tempos de incerteza, há um conforto calmante em saber exatamente o que esperar de algo. O Rei Demônio foi renascido e vai utilizar seus poderes ordens de grandeza maiores do que do resto da população para torcer a realidade à sua vontade? Claro que vai. O que mais ele faria? Quando você liga a TV ou acessa sua rede social e tudo que existe é o caos… Ter a possibilidade de simplesmente desligar o cérebro e aproveitar uma porradinha sincera e singela é uma bênção.

Quem não tem avó sentada no sofá, malha com castelo.

Confesso que por mais batido que seja o tema, e mesmo sabendo exatamente o que ia acontecer em cada situação, o show ainda conseguiu me pegar desprevenido algumas vezes, com um humor sucinto e eficaz. É surpreendente ver que souberam diferenciar momentos sérios de momentos cômicos, fazendo cada um deles mais impactante.

Claro que nem tudo são rosas no jardim do Rei Demônio, e precisamos comentar sobre o elefante na sala: Pelo amor de Deus que animê corrido jesus amado do céu. Tudo acontece numa velocidade frenética, não te dando tempo nem para respirar ou digerir qualquer informação que lhe foi dada. Eu tenho a impressão de que passamos por dez volumes de Light Novel em apenas dois episódios. O que é impossível, pois a novel original só tem cinco volumes publicados.

Isso é uma pena, pois parece que a história tem um aprofundamento interessante e um mundo com detalhes bacanas que poderiam ser explorados… Mas que passam quase desapercebidos por terem tão pouco tempo e muita informação pra passar de uma vez só. Qual a lógica por trás dos nomes dos feitiços? Alguém explicou o conceito de realeza que foi trazido umas cinco vezes no episódio? O que aconteceu para a história do Rei Demônio ser tão distorcida? O que diabos aqueles olhos mágicos deveriam fazer? Etc, etc, etc.

Chorando pois passaram voando pela sua introdução e nem deram tempo de te deixar fazer um monólogo de 17 páginas.

Na parte técnica, a animação do estúdio Silver Link. nos entregou cenas de ação mais bonitas do que um show como esse tinha qualquer direito de ter, e um design de personagens que faz cada pessoa ser distintamente ela mesma, sem parecer muito “animêsco”. A dublagem surpreende, ao trazer um protagonista experiente (Suzuki Tatsuhisa) para atuar com duas novatas na área (Natsuyoshi Yuuko e Kusunoki Tomori), trazendo confiança e renovação num só pacote.

Na prática, percebemos que “The Misfit of the Demon King Academy” não passa de mais um harém escolar mágico genérico que amamos, e serve como um lembrete de que um show não precisa ser bom para ser divertido. Definitivamente vale a pena conferir os dois primeiros episódios, se você souber o que está fazendo e já tiver experiência em atravessar mares conturbados. Para a estreia, eu daria uma nota 6/10, mas que no meu coração vale muito mais.

O animê pode ser assistido legalmente, com legendas em português e vídeos em alta resolução, na plataforma de streaming Crunchyroll, com novos episódios todos os sábados.

Categorias
Anime Cultura Japonesa

Após hiato, reboot de Digimon voltará a ser exibido na semana que vem

pouco mais de um mês a Toei suspendeu as exibições de novos episódios de One Piece e Digimon Adventure: no Japão por conta da pandemia do COVID-19. Hoje, o canal oficial de Digimon anunciou o retorno da série.

Digimon Adventure: voltará a ser exibido no Japão no dia 07 de junho, e recomeçará a partir do primeiro episódio. Até o momento, haviam sido exibidos apenas os três primeiros episódios da série. Desta forma, com reinício e levando em conta a periodicidade de um episódio por semana, o quarto (inédito) será exibido no dia 28 de junho.

© Toei.

A nova animação é um reboot da série clássica de 1999, contando mais uma vez a história dos Digiescolhidos, porém com grandes diferenças de desenvolvimento, e foi uma das principais estreias de abril, apesar de ter sido rapidamente afetada pela pandemia de Coronavírus.

O canal japonês onde a série é exibida semanalmente é o Fuji TV.

Confira nossas impressões sobre o reboot de Digimon Adventure clicando aqui!

No Brasil, Digimon Adventure: está sendo exibido simultaneamente com o Japão através da Crunchyroll, que também possui outras séries da Toei em catálogo. Até o momento nada foi dito sobre o retorno de One Piece, que entrou em hiato ao mesmo tempo.

Categorias
Anime Cultura Japonesa Pagode Japonês

O futuro do isekai e “My Next Life as a Villainess”

Tá todo mundo de saco cheio de isekai. Ninguém aguenta mais um show que começa com um adolescente sendo atropelado por um caminhão ou acordando num campo gramado com os braços abertos. Mas mesmo assim, se você olhar os últimos lançamentos, verá que a taxa de isekai por metro quadrado está igual ao desmatamento da amazônia: crescendo descontroladamente. Como? E principalmente… por quê?

Pensando no histórico do “gênero”, vemos que desde o seu boom alguns anos atrás, a fórmula funcionou e foi divertida pelas primeiras quinhentas repetições. Depois disso, passou a ser mais do mesmo. Hoje em dia, temos um isekai tradicional que estoura por ano, e olhe lá. São casos de séries que já possuem uma base forte, seja de temporadas anteriores ou de leitores da obra original. Re:Zero e The Rising of The Shield Hero são alguns exemplos recentes.

Eu nunca vou esquecer da Emilia Snowboard… Obrigado, Re:Zero.

A partir disso, podemos ter dois caminhos: ou continuamos martelando o prego que já tá mais do que enfiado na parede, e fazemos uma dúzia de shows que são tão medíocres que acabam sendo esquecidos em questão de semanas (lembram de “Isekai Cheat Magician” ou de “The Master of Ragnarok & Blesser of Einherjar“? Nem eu). Ou… tiramos sarro do gênero, tentando fazer com que a sua premissa seja tão absurda que se torne difícil de esquecer.

Paródias sempre existem, mesmo quando algo ainda está em seu ápice (como KonoSuba, por exemplo), mas o nível começa a cair de uma forma absurda, assim que a saturação começa a ser atingida. Que tal um isekai, mas se você tivesse um celular? E se você fosse para um isekai, mas fosse reencarnado como um slime? Ou pior, ir parar em um isekai com a sua mãe?

Aiai… um isekai com a sua mãe… isso é tão besta… aiai…

Atingimos o ápice do isekai quando percebemos que ele se dá melhor quando não se leva a sério, e que deveríamos usar a sua saturação como mais uma forma de humor. Afinal, a repetição é o primeiro e o segundo princípio da comédia, não é?

Em “My Next Life as a Villainess: All Routes Leads to Doom!“, temos mais um caso – brilhante, aliás – de premissa absurda usada para o humor. Shows onde a personagem principal se vê num mundo de videogame são um dos isekais mais clássicos que temos (podendo citar o nosso queridinho Sword Art Online). Dar uma reviravolta no básico ao dar o papel de vilã para a protagonista não seria o bastante, afinal, shows como Overlord já fizeram isso antes. Precisávamos ir além, precisávamos enfiar ainda mais o pé na jaca.

Apesar do forte uso do tema para gerar humor – afinal, termos uma vilã desesperadamente tentando evitar a sua inevitável morte já parece tema o suficiente para muitas piadas – o show ainda tem qualidades que o seguram de pé por conta própria, como o carisma acidental da protagonista Catarina, ou seu charmoso intelecto negativo. Você se diverte e dá risadas por conta da premissa absurda de um isekai charlatão, e também por outros motivos. Se isso não é o ideal para uma comédia, eu não sei o que é.

E esse é justamente o ponto que eu queria tocar: o novo padrão de isekais deveria ser esse. Deveríamos fazer todo isekai ser mil vezes mais absurdo do que o anterior. Deveríamos forçar a barra de uma forma que ela já se transforme em uma mola. É a única forma de aguentar a repetição absurda que o gênero impôs sobre o universo de animês. Até uma hora que vão resolver parar, assim do nada. Lembra dos Haréns Escolares Mágicos Genéricos, que plagueavam todas as temporadas da primeira metade dos anos 2010? Pois é.

Mas, comentando um pouco mais sobre a patrona dessa postagem, acho que “My Next Life as a Villainess” merece alguns tapinhas nas costas pela sua execução. Não é fácil fazer uma comédia que não se leva a sério e conseguir ter uma história coesa e ter suas personagens plausíveis e realistas (dentro do limite permitido pelo absurdo, é claro).
Mesmo a protagonista, que carrega o fardo cômico inteiro nas costas, e que possui como um de seus principais atributos a sua falta de noção, consegue ser mostrada como tendo objetivos e aspirações claras e que refletem no desenvolvimento da história… Mesmo que isso seja feito através de um conselho de mini-Catarinas mentais.

Seja lá quem inventou a piada de miniaturas controlando a mente de uma pessoa, muito obrigado!

O absurdo se une ao bobo e conseguimos um show que me fez rir horrores nos oito episódios já disponíveis, e me deixou ansioso por mais. Nesse mini primeiras impressões, escondido no fundo de uma resenha de buteco, gostaria de dizer que “My Next Life as a Villainess” receberia um 4/5 se eu tivesse começado a assisti-lo um mês atrás. E recomendo que você não faça como eu, e assista esse show o quanto antes.

My Next Life as a Villainess: All Routes Leads to Doom!” está disponível na plataforma de streaming Crunchyroll, com oito episódios disponíveis até o momento, e um novo episódio todos os sábados.

Categorias
Anime Cultura Japonesa Pagode Japonês

KonoSuba: Lenda do Carmesim traz o retorno explosivo de Kazuma e seus companheiros

KonoSuba é um dos animês recentes que eu mais tenho apreço. A maneira como ele pega o gênero Isekai (yikes) e transforma todos os seus clichês em ótimas piadas é algo que me fascinou desde o seu começo lá em 2016.

Desde o final da segunda temporada em 2017, os fãs esperam por uma nova adaptação de KonoSuba, e ficaram ainda mais ansiosos quando o filme foi anunciado. Mas isso trazia uma dúvida: um filme original ou uma continuação do animê? Pois bem, em 2019, KonoSuba: Lenda do Carmesim foi lançado, chegando à Crunchyroll em 25 de março de 2020. O filme adapta o volume 5 da light novel, sendo uma continuação direta do animê, que terminou no volume 4.

Como é uma continuação direta, o filme não é recomendado como uma porta de entrada para a série. Muito do humor e relacionamento entre os personagens se perde caso você não tenha visto as duas temporadas do animê. Ainda mais se você não está acostumado com o tom do mesmo.

Não sou leitor da light novel, então não sei o que mudaram ou adicionaram no filme, não cabe a mim dizer se foi uma ótima adaptação ou não. Mas o filme é espetacular.

Nele, Kasuma e seus companheiros tem a missão de ir na Vila dos Demônios Carmesim, após Yunyun, amiga de Megumin, dizer que a vila está sendo atacada pelo Rei Demônio, o grande vilão de KonoSuba, e que o filho de Kasuma com ela será o responsável por derrotá-lo. Após alguns pingos nos is, o grupo de aventureiros decide ir para a Terra Natal de Megumin.

O roteiro é simples, mas funciona.

Todo humor de KonoSuba é elevado nesse filme, desde as personalidades dos nossos protagonistas, quanto ao absurdo que é aquele mundo. Megumin é a estrela do filme. A maga explosiva ganha bastante destaque e mais do seu background é apresentado, e em decorrência disso, Yunyun, que no anime era apenas uma piada de rival recorrente, também é mais explorada. A relação entre as duas era apenas superficial durante o animê, mas aqui é melhor explicada.

O filme não traz nada de novo ou extraordinário, que irá mudar a indústria da animação. É apenas uma nova aventura, que dá continuação ao animê. É algo simples.

Apesar de ser ótimo, o filme me deu a confirmação de que KonoSuba funciona melhor em formato de animê para TV. O longa tem 1h30 min. e tive a impressão dele ter ficado bastante corrido. Talvez seja por eu já ter me acostumado a assistir KonoSuba em animê, mas o filme simplesmente não para.

Aqua e Darkness acabaram ficando escondidas nesse filme, mas era algo que eu já esperava. A hora delas ainda deve chegar. Mais sobre os aliados do Rei Demônio foi apresentado, mas sem muito aprofundamento. E como foram apenas 5 novels adaptadas, eu não acho que isso será explorado tão cedo em animê. A light novel, no entanto, já está rumando para seu final.

Agora, assunto sério. Quando o filme saiu nos cinemas americanos, alguns críticos acusaram-no de ser transfóbico. E sim, tem piadas sobre isso no filme e a resolução dele vem por causa disso. É algo bem ofensivo e que deveria ser extinguido. Infelizmente é esperar demais do Japão. Não sou a pessoa certa para opinar sobre isso, mas foi ofensivo, sim.

Diferentemente das duas temporadas do animê, que foram produzidas pelo Studio Deen, o filme foi produzido pelo J.C. Staff, que ganhou uma má fama nos últimos anos pela má produção de seus animês, devido a quantidade de projetos que o estúdio pega. No entanto, mesmo com a mudança de casa, toda a equipe de produção do animê retornou para o filme, incluindo o diretor Kanasaki Takaomi. E tenho que falar, a animação do filme está impecável.

Um dos charmes de KonoSuba são as caretas e reações dos personagens e isso que foi mantido aqui, e ainda teve espaço para show de luzes e magias, além de cenas de lutas. Vários cenários possuem mais detalhes, claramente houve um grande investimento por parte da produção.

KonoSuba: Lenda do Carmesim é o retorno que os fãs esperavam. O filme traz novamente o humor absurdo do animê e o expande ainda mais com uma animação primorosa e ótimos efeitos, apesar de ser corrido.

Nota: 8.5/10

O filme e as duas temporadas do animê estão disponíveis na Crunchyroll. As duas temporadas possuem dublagem em português.

Categorias
Anime Cultura Japonesa Pagode Japonês

Os princípios da comédia em “A Destructive God Sits Next to Me”

A cada três meses – em situações normais, pelo menos – nós somos inundados com toneladas e toneladas de novos animês. E toda temporada temos que passar pela mesma história: tem aquele show absurdamente popular; os dezessete isekais que parecem ser sempre a mesma coisa; aquele um isekai que faz sucesso mesmo assim; diversos títulos que nos fazem questionar a racionalidade da humanidade; e, é claro, aqueles shows que ninguém assistiu, e você fica revoltado pois ele foi o melhor da temporada mas “puxa vida ninguém viu essa porcaria?!”.

No começo do ano, quando o mundo ainda era mundo, tivemos a temporada de janeiro seguindo o roteiro à risca. E eu, particularmente, fiquei revoltadíssimo com a baixa repercussão de um dos shows mais engraçados não só da temporada, como dos últimos anos. “A Destructive God Sits Next To Me” deu uma aula de comédia por doze semanas seguidas, ao não só respeitar como doutrinar sobre os três princípios da comédia.

Inclusive, vou quebrar minha regra de usar “os três princípios da comédia” como piada no final de postagens, e irei comentar sobre elas de verdade, dessa vez. Como vocês sabem, o primeiro princípio da comédia é a repetição. E é justamente ela que faz o humor do show. O protagonista, Koyuki Seri, está lidando sempre com o mesmo problema, e o próprio animê reconhece e abraça essa repetição, usando ela para manter a piada rolando, e fazer meta-piadas com o próprio senso de ridículo que toda essa situação representa.

As ‘mortes’ de Koyuki ao longo da série representam aquilo que meu professor de teatro sempre me disse: “a verdadeira comédia é a desgraça alheia”

Seguindo o nosso cronograma, o segundo princípio da comédia é a repetição. E normalmente é aqui que a maioria das comédias fracassa. Eles conseguem seguir o primeiro princípio, mas acabam repetindo a mesma coisa e isso acaba ficando chato. É o clássico “a piada ficou velha” e perdeu a graça. Eu já perdi a conta de quantos animês tiveram dois ou três episódios maravilhosos, só para cair no mais do mesmo pelo resto da temporada. A chave para o sucesso do nosso show nesse quesito está, na verdade, no próximo ponto.

Pois é, como você deve ter imaginado, o terceiro princípio da comédia é pegar o público desprevenido. Quando você já sabe o que esperar, a comédia perde o efeito. Em “A Destructive God Sits Next To Me”, esse princípio começa a tomar efeito antes mesmo de você assistir. Dê uma lida na sinopse do show, olhe com bastante atenção para a imagem de capa, e me diga com sinceridade: você daria algum trocado pra isso? A resposta mais honesta é que não. Eu também não dei. E justamente por não esperar nada dali que tudo se torna ainda melhor.

A sinopse, aliás, retirada da Crunchyroll: “Koyuki Seri é um estudante do colegial com propensão para mandar tiradas bem ácidas… E ao mesmo tempo, ele odeia quem merece receber essas tiradas! Para sua infelicidade, ele atraiu a atenção de Hanatori Kabuto, que sofre de delírios de grandeza. Seri promete a si mesmo que não vai comentar as extravagâncias de Kabuto, mas ele não consegue se conter. E pra piorar, outros sujeitos anormais estão se aproximando dos dois… Está começando uma comédia colegial que vai te fazer rir de montão (e te encantar um pouquinho, também!

Um ponto a mais que preciso acrescentar sobre o terceiro princípio é a maestria com que ele é utilizado. Com o passar dos episódios, você começa a entender como o show funciona, e começa a pensar que sabe o que está acontecendo. Mesmo quando você sabe que algo absurdo vai acontecer, mesmo estando preparado para o pior, o animê ainda consegue te pegar com as calças arriadas. Sério, é inacreditável, eu sinceramente não faço a menor ideia de como eles conseguiam se superar toda semana, mas conseguiam. Quando eu achava que não tinha como ficar mais absurdo, eles iam lá e me provavam errado.

E se isso tudo não fosse o suficiente, a parte técnica é de uma qualidade surpreendente. Não só contando com uns dubladores que parecem ser mais areia do que o caminhãozinho do show pode carregar (Takahiro Sakurai, Jun Fukuyama e Ai Kayano, só para citar alguns), ainda temos uma direção que criou alguns dos aspectos visuais mais geniais do século (agradecimentos a Atsuhi Nigorikawa!).

A arte e animação do estúdio EMT², que já foi comentado por mim antes, quando tratamos de Assassins Pride e Renai Boukun, quebrou minhas expectativas (hah!) ao ser muito mais consistente do que tem qualquer direito de ser… É um show que, poupando termos técnicos que agradam poucos, mostrou serviço e botou o pau na mesa e conseguiu seguir firme com seus próprios pés.

Desculpe, mas se você não vê que isso é praticamente A MONA LISA MODERNA, eu não tenho mais nada para falar com você

Claro que, agora que sua expectativa tá lá em cima, você vai chegar e acabar se decepcionando. Faz parte. Pra mim, só de você ter visto o que eu julgo como sendo um dos candidatos a melhor animê do ano, já estou de barriga cheia. Se depois disso tudo, você quiser dar uma chance para “A Destructive God Sits Next To Me”, o show está disponível na íntegra, com legendas em português, na Crunchyroll.

Categorias
Anime Cultura Japonesa Pagode Japonês

Primeiras Impressões | Science Fell in Love, So I Tried to Prove it

No passado, já deixei duas coisas bem claras sobre mim: a primeira é que eu amo comédias, e a segunda, é que eu sou o famoso Químico da USP™. Então, quando vi que fariam uma comédia estrelando cientistas… Inicialmente tive alguns traumas mentais. Mas quando botei o pré-conceito do Bazzinga de lado, dei de cara com uma enorme surpresa. É justamente quando você imagina que já inventaram tudo quanto é possível, que você é pego desprevenido por algo que nunca estava esperando. O terceiro princípio da comédia pode ser aplicado tanto para o show em si, quanto para sua premissa.

SciLove (que eu abreviarei por preguiça) é tudo aquilo que uma comédia deveria se inspirar. Por ser o mais puro suco de desgraçamento mental que eu vi nos últimos tempos, englobando tanto a normalização do absurdo quanto o clássico Manzai na sua fórmula de RomCom, o show consegue agradar um público bem vasto de admiradores do humor.

Porém, acredito que o animê seja especialmente tragicômico para quem está familiarizado com a temática e ambientação dele: a pesquisa científica universitária. O choque de realidade foi tão grande que chegou a dar um aperto no coração, pois mesmo sendo de áreas diferentes (no show, eles são das Ciências da Computação, enquanto eu trabalho com Química), parece que todo laboratório é igual, né… Os mestrandos e doutorandos discutindo temas completamente tangentes ao trabalho; os graduandos perdidos e sem saber o que fazer da vida; o orientador – e responsável pelo laboratório – não dando as caras por dias; literalmente todo mundo usando o espaço do laboratório para tomar café e jogar joguinhos ao invés de fazer algo útil…
São detalhes que podem passar como piadas – e muito provavelmente são, mesmo! – mas que, como toda piada, têm um fundinho de verdade.

Pessoas de fora da área tentando achar graça do parágrafo anterior.

Outro ponto que o show trabalha magistralmente é a (sub)utilização de conhecimentos científicos. Já cheguei a ter crises em outras postagens por conta do maldito Gato de Schrödinger sendo citado erroneamente em tudo quanto é obra pseudo-cult, e quando SciLove parafraseou Pitágoras em seus primeiros VINTE SEGUNDOS, eu estava preparado para o pior. Felizmente, eles parecem saber o que estão fazendo desta vez, e tem até uma pequena esquete todo episódio onde um ursinho de pelúcia te ensina algum termo técnico na base da porrada.
E mesmo quando eles cometem algum erro teórico ou abusam um pouco da boa vontade da audiência, fica tudo dentro da licença poética e acaba virando o mote para alguma piada, exatamente como deveria ser.

Pessoas da área vendo um animê querendo ser edgy e citando o Gato de Schrödinger de forma errada pela 37ª vez.

Como nada é perfeito, eu tenho uma única reclamação sobre o animê. Ou melhor, uma INDIGNAÇÃO sobre moda. Sim, moda.
Esses caras são da área de ciências da computação. Eles trabalham com dados, números e computadores. O material mais perigoso que existe dentro daquele laboratório são as latas de cerveja na geladeira. POR QUE DIABOS ELES USAM JALECO?
Tá bom, tá bom, eu entendo que o jaleco acaba sendo mais uma ferramenta de roteiro e uma forma de arraigar o esteriótipo de “cientista” nas personagens, eu sei disso… Mas nossa, que ódio sobrenatural que me deu!
A pior parte é que, mesmo que eles PRECISASSEM usar jaleco (coisa que não precisam), eles estão quebrando umas vinte e sete regras de segurança ao vestir o jaleco com saias, bermudas, chinelos, calçados com salto, meias-calças, cabelo solto…

Tenho que confessar que eles ficam legais de jaleco.

Na parte técnica, não tenho muito o que comentar. O show é extremamente feijão-com-arroz e traz aspectos bem medianos tanto em arte, animação, direção, música e dublagem. Se bem que, nos dias de hoje, estar na média em todos esses quesitos por três episódios inteiros já é mais do que o esperado, não é? Cortesia do estúdio Zego-G (que animou “Grand Blue” e “My Roommate is a Cat“), com direção de Tooru Kitahata (responsável por, entre outros títulos, “Haganai” e “Hinako Note“).
Se bem que, tanto a Opening quando a Ending são excepcionalmente boas.

Resumindo: uma comédia de rachar o coco de tanto rir, que funciona muito bem para o público geral, e tem um gostinho especial para quem já adentrou esse mundo. Estou positivamente surpreso com a qualidade do show e da força de seus primeiros três episódios, e não poderia dar uma nota menor que 9/10 para a minha primeira estreia de 2020.

Você pode assistir Science Fell in Love, So I Tried to Prove it na plataforma de streaming Crunchyroll, com novos episódios disponíveis, com legendas em português, toda sexta-feira.

Categorias
Anime Cultura Japonesa Pagode Japonês

Primeiras Impressões | ASSASSINS PRIDE

Esse show é exatamente o que você está imaginando, e é exatamente o que se propõe a ser. Dessa forma, não há muito o que comentar, além de chover no molhado: puta merda bicho, lá vamos nós de novo.

No início da década de 2010, vivemos o auge de um gênero conhecido (por mim, ao menos) como “Harém Escolar Mágico Genérico“. O nome diz tudo, e se você assistiu alguma coisa dessa época, com certeza sabe do que eu estou falando.
Por conta da explosão do isekai, os haréns escolares mágicos genéricos entraram em decadência, e passaram a ser exemplar raro ultimamente. Mas quando encontramos um…

Apenas membros de famílias nobres detêm o Mana, um poder que lhes torna capazes de enfrentar monstros. Kufa é um nobre, nascido numa família de duques, que é enviado para tutorar uma jovem chamada Merida. E em segredo, Kufa é encarregado de assassinar Merida caso ela não demonstre talento para utilizar o Mana. (Via: Crunchyroll)

Baseado numa Light Novel de mesmo nome, com autoria de Kei Amagi e ilustrações de Ninomotonino, ASSASSINS PRIDE é uma enorme reunião de tudo aquilo que torna um harém escolar mágico genérico em um… Bem, um harém escolar mágico genérico: o protagonista Kiritoface; as dezessete garotas, cada uma se encaixando em um estereótipo já conhecido; as roupas espalhafatosamente ridículas; o worldbuilding absurdo e que mesmo sendo cortado a menos de 10% do material original, continua sendo extremamente cansativo e repetitivo na adaptação; as batalhas escolares que por algum motivo colocam a vida dos estudantes em muito mais risco do que deveriam… E por aí vai.

De verdade, eu realmente não tenho nada a acrescentar sobre ambientação, sobre as personagens ou sobre a trama. É tudo tão engessado, é tudo tão clichê, que você já sabe do que se trata ou como as coisas vão se desenrolar. O que eu posso comentar sobre, porém, são as qualidades que diferenciam esse show dos seus antecessores.

A começar pela qualidade gráfica: eu não fazia ideia de que era legalmente permitido ter um harém escolar mágico genérico com visuais tão bonitos e consistentes. Não só as personagens, mas a cidade e o mundo são belos, e tanto as sequências calmas quanto as cenas de ação são coreografadas com uma maestria que parece estar sendo desperdiçada em um animê desse nível.
Até o episódio 3, tivemos algumas sequências de combate que foram de tirar o fôlego. Por mais que eu não entendesse metade dos motivos pelos quais as lutas estavam ocorrendo, ou que eu realmente não desse a menor bola para quem fosse sair vencedor, a violência gratuita foi tão gostosa de se ver que eu acabei gostando.

O negócio tá caprichadíssimo, e eu não sei como lidar com isso.

Outro ponto, que é aquele que sempre nos deixa com uma pulga atrás da orelha, é o excelentíssimo elenco de dublagem: temos nomes que claramente não deveriam estar emprestando suas vozes para algo desse naipe e talvez pudessem estar trabalhando em algo melhor, como Yuuki OnoYui IshikawaAzumi WakiMaaya UchidaTatsuhisa SuzukiAyane SakuraAsami Seto… Sinceramente, tirando umas duas dubladoras que estão em início de carreira, todo o elenco parece ser areia demais para o caminhãozinho de ASSASSINS PRIDE.

Como se pode imaginar, a dublagem está num nível altíssimo, com cada ator conseguindo trazer o melhor – e o pior – de sua personagem de uma forma que beira o inacreditável. Um detalhe que eu adorei foi como o protagonista, Kufa (dublado por Yuuki Ono) é um assassino treinado para esconder suas emoções, e mesmo nos momentos mais acalorados e intensos que tivemos até agora, ele conseguiu se manter calmo, e ainda assim passar todo o entusiasmo da cena. Como eu disse, inacreditável.

Vazaram cenas da versão dublada do animê, confira:

Apesar de parecer bonito e soar bonito (a OST e o uso musical no geral também são pontos a se exaltar), o animê continua sendo apenas o que é: um harém escolar mágico genérico, com uma construção de mundo ambiciosa demais e que foi transformada em frangalhos pela adaptação absolutamente acelerada, onde metade da história parece não estar sendo contada para você – e não está mesmo! – e todo o desenvolvimento parece voar pelos seus olhos… No quesito “direção“, o show é um caos, com todos os defeitos que poderiam ser imaginados, e há pouca coisa que uma pessoa que não teve contato com o material original pode fazer quanto a isso.

Quando se esforçam para te fazer o mais adorável possível, mas ainda assim o seu show acaba sendo uma shitstorm

No geral, a pergunta que fica é: você embarcaria no Titanic, mesmo sabendo que ele vai afundar e lhe causar uma morte terrível? Eu embarcaria. As partes boas conseguem sobrepujar as enormes falhas, que acabam sendo muito mais toleráveis quando é a sua quinquagésima vez lidando com elas, e o show consegue ser divertido. Para a estreia, minha nota é um surpreendente 5/10, pois sei que nem todo mundo tem a paciência de lidar com esse tipo de abobrinha.

Você pode assistir ASSASSINS PRIDE na Crunchyroll, que fornece o serviço de transmissão simultânea com o Japão e legendas em português, com novos episódios todas as quartas-feiras.

Categorias
Anime Cultura Japonesa Pagode Japonês

Químico da USP analisa a ciência em Dr. STONE: Episódio 1

Eu sempre soube que, algum dia, todos os anos dedicados em minha graduação serviriam para algo. E esse dia chegou. Começaremos por introduções: O redator que vos digita é graduando em Bacharelado em Química com ênfase em Química Ambiental pela Universidade de São Paulo (USP), como aponta a minha biografia (que você pode conferir no final do texto). Também, como um cara que atualmente trabalha no setor educacional, tenho contato diário com as outras ciências.

Dr. STONE é um dos mangás de maior sucesso na Shonen Jump atual (é publicado no Brasil pela Editora Panini), e a inevitável adaptação em animê foi ao ar no começo de julho. A sinopse do show, retirada do site da Crunchyroll, que possui os direitos de exibição e simulcast do animê no Brasil, segue:

Milhares de anos após um misterioso fenômeno transformar a humanidade inteira em pedra, desperta um garoto extraordinariamente inteligente e motivado pela ciência – Senku Ishigami. Diante de um mundo de pedra e do colapso generalizado da civilização, Senku decide usar sua mente para reconstruir o mundo. Ao lado de Taiju Oki, seu amigo de infância absurdamente forte, eles começam a reestabelecer a civilização do zero… Representando os dois milhões de anos da história da ciência, desde a Idade da Pedra até os dias atuais, esta aventura científica sem precedentes está prestes a começar!

Claro que com a difusão da obra por conta do animê, surgiram diversas discussões sobre a credibilidade e/ou exatidão dos então chamados de “conhecimentos científicos” do protagonista, Senku Ishigami. Não é essa a discussão que eu quero entrar, pois isso já foi amplamente discutido. Para se divertir com uma obra de ficção (olha o nome!), é preciso aceitar a suspensão de descrença (link do TVTropes, esteja avisado) e entender que nem tudo vai ou pode ser completamente real. E que nem por isso algo vai deixar de ser proveitoso ou divertido.

Tendo isso em mente, acredito, porém, que ainda seja um exercício válido o de tentar analisar o desenvolvimento da obra, e ver o quanto daquilo seria plausível. É pra isso que estamos aqui, e vamos falar um monte de abobrinhas que muito provavelmente vão estar em grego para maior parte de vocês (e o pior é que, em alguns casos, vai estar literalmente em grego!). Um episódio por vez, pois o protagonista inventa coisas demais.

  • Fazer gasolina a partir de tampinhas de garrafas PET?

RESPOSTA: Verdadeiro, mas com ressalvas.

Logo nos primeiros minutos do episódio, temos uma afirmação do Sr. Senku que diz que é possível fazer gasolina a partir do Polietileno encontrado em tampinhas de garrafas PET (Cena começa em 1:15). Dá mesmo?

Bem… A primeira ressalva é sobre o material em si. Nem todas as tampinhas de garrafa são feitas de Polietileno (abreviarei como “PE” a partir de agora). Mas até aí, tudo bem. Basta pegar tampinhas que sejam, de fato, feitas de PE. Seguimos.

A reação proposta por ele é a de simplesmente “…cortar as moléculas de hidrocarbonetos para ficarem do mesmo comprimento que a de gasolina“. Vamos também perdoar a linguagem errada pois o pobre tradutor da Crunchyroll não é obrigado a saber química. Colocando de uma forma mais criteriosa, o que ele sugere é a quebra das cadeias poliméricas do PE em cadeias menores, na faixa de 4 a 12 carbonos (especialmente 8 carbonos), característicos da gasolina comercial.

Um artigo publicado em 2016, de Jia, X. e outros (DOI: 10.1126/sciadv.1501591) mostrou estudos que obtiveram, com sucesso, a exata proposta do protagonista: transformar PE em combustível. De certa forma, o animê está certo. Que ressalvas eu tenho a fazer?

Bem, devemos lembrar que o herói da obra é um adolescente, trabalhando num laboratório didático de uma escola de ensino médio. Dentro dessas condições, algumas matérias-primas seriam de difícil acesso… Por exemplo, duvido muito que qualquer escola possua catalisadores complexos de irídio. Ou que um adolescente possua dinheiro o suficiente para comprar isso do seu bolso. Se é que isso é vendido em algum lugar.

Então dá? Dá. Mas putz. Próximo.


  • Morcegos produzem ácido nítrico?

RESPOSTA: Verdadeiro, mas com ressalvas.

Não é bem uma “produção” dos morcegos. Como explicado pelo próprio Dr. Senku (cena começa em 15:35), o guano de morcegos pode gerar ácido nítrico. Basicamente, esse “guano” é um monte de cocô de morcego, que contém vários tipos de nutrientes, e por isso era utilizado como fertilizante antes do advento da síntese de amônia via fixação de nitrogênio por Habber e Bosch.

De forma mais direta… Sim, você pode conseguir ácido nítrico a partir de cocô de morcego. Em condições naturais, o processo pode ser catalisado por microorganismos. A ressalva está na quantidade gerada. Um artigo de William H. Hess (não confundir com Henri Hess, o da termoquímica) publicado pelo The Journal of Geology em 1900 (como comentado, guano era muito usado – e estudado – no passado), aponta que apenas por volta de 6% da massa de guano de morcego in natura é de ácido nítricoAinda, aponta que gotas de água que caem do teto de cavernas onde há guano de morcego presente possui uma concentração de ínfimos 5,71 miligramas de ácido nítrico por litro de água.

Ou seja… Até tem ácido nítrico ali no balde que nosso amigo cientista posicionou estrategicamente, mas rapaz… Tá tão diluído que demoraria um bom tempo (e uma boa destilação) pra conseguir o suficiente. Boa sorte com isso. Próximo.


  • Produzir Nital caseiro?

RESPOSTA: Surpreendentemente, verdadeiro.

Na cena que começa em 17:13, Senku, Ph.D diz que com etanol e o ácido nítrico obtido no item anterior, ele poderia fazer Nital. E dessa vez, não tenho nenhuma reclamação. Nital é simplesmente uma solução de um álcool de cadeia pequena (normalmente se usa etanol mesmo, mas pode ser feito também com metanol) e ácido nítrico. Não há nenhum processo extraordinário envolvido nem nada do tipo, então sua produção em condições precárias não seria nada muito sobrenatural.

Eu poderia tentar contestar a utilidade de Nital na situação em que eles estão, tendo em vista que ele é normalmente utilizado para capagem de materiais metálicos. Mas sinceramente? Seria uma boa hipótese. Próximo.


  • Destilação de vinho para concentrar o álcool?

RESPOSTA: Verdadeiro, mas com ressalvas.

Com algumas uvas e muita paciência, a dupla de protagonistas consegue fazer um vinho improvisado. Agora, para extrair o etanol presente na bebida, o Sábio Senku propõe uma destilação (cena começa em 18:56). Inclusive, eu simplesmente adorei a descrição do processo que ele deu: “Aqueça, resfrie e deixe pingar” é um ótimo resumo.

De fato, poderíamos conseguir etanol “mais concentrado” através de uma destilação. Minha ressalva é sobre o equipamento necessário para tal. O show até brinca com isso, fazendo o primeiro “destilador” de Senku não funcionar. Temos dois problemas com o equipamento: o material de que ele é feito, e o método de resfriamento.

Sobre o material, vemos claramente que Senku utiliza barro. Tudo bem, nós conhecemos diversas coisas feitas de cerâmica e similares, não? Meu questionamento é sobre como conseguir o tipo de cerâmica desejado. Pra começar, “cerâmica” nem é o termo certo, pois estamos em estágios menos avançados. Para “endurecer” o barro, é preciso “queimá-lo”, colocando no fogo a determinadas temperaturas. A faixa de temperatura vai determinar as propriedades do resultado final.

Como mostrado no animê, ele utiliza apenas uma fogueira para a queima do barro. A temperatura da queima de madeira possui, em média, uns 600ºC na melhor das hipóteses. Mesmo assumindo essa hipótese, ainda estaríamos muito longe da temperatura necessária para queimar o barro e formar Grés, o estágio mínimo que seria necessário para trabalhar com líquidos. Grés só se forma por volta de 1100ºC.

Sobre o resfriamento, eles até lidaram com isso bem. Fica um pouco aberto para interpretação, mas deu a entender que a destilação só deu certo no inverno. Se esse for o caso, então tá ótimo. Agora, se o processo funcionou antes, daí eu gostaria de entender como o Senku fez para resfriar o vinho em ebulição, sendo que a temperatura ambiente estava na faixa dos 20 e poucos graus.

Então é, a ressalva fica por conta da falta de poder de fogo (desculpem o trocadilho) para conseguir o equipamento necessário.


E assim, terminamos as baboseiras científicas presentes no episódio 1 de Dr. STONE. Dependendo da reação popular, podemos fazer a análise dos outros episódios também.

Caso tenha ficado interessado nessa história pós-apocaliptica, você pode assisti-la na Crunchyroll. Novos episódios são transmitidos simultâneamente com o Japão todas as sextas-feiras, às 11h30.

Categorias
Anime Cultura Japonesa Pagode Japonês

Oito animês com temática LGBT para você assistir hoje

Sem nenhum motivo particular em mente, a nossa equipe resolveu fazer uma coletânea de obras de animação japonesa que abordam, de uma forma ou de outra, uma “temática LGBT“.

Todos os títulos escolhidos podem (e devem) ser assistidos legalmente, com legendas em português, via algum site de streaming (que gentilmente te indicaremos), e você pode aproveitá-los hoje mesmo. Afinal, nunca se sabe o dia de amanhã, não é?

SARAZANMAI

Sarazanmai

Assista em: Crunchyroll

Número de Episódios: 11

Ano: 2019

Sinopse:

Um dia, em Asakusa, três estudantes do fundamental – Kazuki Yasaka, Toi Kuji e Enta Jinnai – conhecem Keppi, um misterioso kappa que rouba suas jóias místicas e os transforma em kappas. Para voltar para sua forma original, eles precisam enfrentar kappas zumbis e roubar as jóias místicas deles. Ao mesmo tempo, algo estranho está acontecendo na delegacia onde trabalham Reo Niiboshi e Mabu Akutsu. Esta é a história de três garotos que não conseguem se conectar com alguém que lhes é importante, e estão aprendendo o verdadeiro significado dessas conexões. (Via: Crunchyroll)

CITRUS

citrus

Assista em: Crunchyroll

Número de Episódios: 12

Ano: 2018

Sinopse:

Quando a mãe de Yuzu, uma gyaru colegial que nunca se apaixonou, resolve se casar novamente, ela é transferida para um colégio feminino. Yuzu fica mais que chateada de não poder encontrar um namorado lá. Até que, no primeiro dia de aula, ela conhece Mei, a belíssima morena que comanda o conselho de classe, nas piores circunstâncias possíveis. E para piorar, ela descobre também que Mei é sua meia-irmã, e que ambas viverão sob o mesmo teto! (Via: Crunchyroll)

 

GIVEN

given

Assista em: Crunchyroll

Número de Episódios: 9 (Em andamento, completo em 11)

Ano: 2019

Sinopse:

Por algum motivo, a guitarra que ele amava tocar e o basquete que ele adorava jogar perderam a graça. Essa era a vida de Ritsuka Uenoyama até encontrar Mafuyu Sato. Ritsuka tinha começado a perder seu amor pela música, mas ao ouvir Mafuyu cantar pela primeira vez, a canção ressoou em seu coração e a distância entre os dois começou a encurtar. (Via: Crunchyroll)

 

LOVE STAGE!!

Love Stage!!

Assista em: Crunchyroll

Número de Episódios: 10

Ano: 2014

Sinopse:

Seu pai é um renomado cantor, sua mãe uma famosa atriz, seu irmão mais velho é o líder da superpopular banda de rock CRUSHERZ e ele… bem, ele é só um otaku comum. A única aspiração de Izumi Sena é se tornar um mangaka e, para isso, ele se dedica muito! No entanto, ele recebe o convite para participar de uma comemoração aos 10 anos de um comercial de TV que ele fez quando criança ao lado do hoje famoso Ryouma Ichijou, que só aceitou participar com a condição de que o elenco original fosse chamado. Já Izumi não quer participar porque, para isso, ele teria que se vestir de garota. (Via: Crunchyroll)

 

SUPER LOVERS

SUPER LOVERS

Assista em: Crunchyroll

Número de Episódios: 20 (2×10)

Ano: 2016

Sinopse:

Enganado pela notícia da morte de sua mãe, o adolescente Kaido Haru conhece um menino que insiste em dizer que é seu irmão. Haru faz de tudo para domar o arisco e teimoso Ren, mas parece haver um segredo por trás do nascimento do menino. E logo quando Ren começa a se apegar a Haru, a tragédia acontece… Cinco anos depois, Haru reencontra Ren, crescido em Tóquio, mas… (Via: Crunchyroll)

 

BLOOM INTO YOU

Assista em: Hidive

Número de Episódios: 13

Ano: 2018

Sinopse:

Yuu sempre sonhara em receber uma confisão de amor, mas ao não sente nada ao finalmente receber uma de um garoto. Confusa, ela começa seu primeiro ano no ensino médio e conhece Touko. Será que o coração de Yuu finalmente acelerará? (Tradução livre, via: Hidive)

 

FROM THE NEW WORLD

From The New World

Assista em: Crunchyroll; Hidive

Número de Episódios: 25

Ano: 2012

Sinopse:

Nascida numa utopia futurística, Saki e seus amigos vivem em uma comunidade pacata onde a tecnologia é obsoleta. Porém, quando Saki descobre um artefato perdido, a fachada se quebra, e eles encaram verdades estarrecedoras sobre a sua até então “perfeita cidade”. (Tradução livre, via: Hidive)

 

YURI!!! ON ICE

Yuri!!! on ICE

Assista em: Crunchyroll

Número de Episódios: 12

Ano: 2016

Sinopse:

Yuri Katsuki carregava a esperança de todo o Japão no Grande Prêmio de Patinação Artística, mas sofreu uma derrota esmagadora nas finais. Ele volta à sua terra natal em Kyushu e se esconde na casa de seus pais, indeciso entre continuar patinando e se aposentar de vez. É então que Viktor Nikiforov, pentacampeão mundial na categoria, aparece de repente com seu colega de treino, Yuri Plisetsky, um jovem atleta prestes a superar seus veteranos. É assim que os dois Yuri e o campeão russo partem para competir num Grande Prêmio como o mundo jamais viu! (Via: Crunchyroll)


Esperamos que você possa aproveitar esses shows e celebrar a liberdade de expressão e de amor que deve ser sempre um dos pilares de nossa cultura 💕

Categorias
Anime Cultura Japonesa Séries

Saint Seiya: Os Cavaleiros do Zodíaco é uma modernização desnecessária do anime original

Depois de diversas polêmicas após seus trailers, Saint Seiya: Os Cavaleiros do Zodíaco finalmente foi lançado na Netflix. Com o objetivo de deixar a obra lançada originalmente em 1990 mais moderna para a geração atual, o serviço de streaming optou por trazer diversos elementos novos para os episódios que foram lançados. Mas será que ficou bom?

Mesmo com algumas adaptações presentes ao longo dos episódios, a trama é a mesma que a do anime original: acompanhamos Seiya em sua jornada para descobrir o paradeiro de sua irmã e em missão, junto com os demais Cavaleiros de Bronze, para proteger Atena e a humanidade contra a possível destruição que será causada por Poseidon e Hades, isso tudo com algumas mudanças presentes ao decorrer dos episódios – que vão desde a mudança de sexo do Shun até a presença de soldados armados e tanques de guerra. Tais modificações serviram para modernizar o anime e até que algumas delas se encaixam bem no decorrer da trama, porém, foram totalmente desnecessárias.

Related image

Shun de Andrômeda se tornar mulher na nova animação foi uma mudança que passa até despercebida durante toda a temporada pois a essência do personagem continua exatamente a mesma, não influenciando em nada na trama. Já o acréscimo dos armamentos de guerra se torna rídiculo em alguns momentos pois, por exemplo, é impossível não rir ao ver Hyoga lutando contra um tanque de guerra usando o seu famoso Pó de Diamante ou vendo Seiya derrubando helicópteros com um simples Meteoro de Pégaso. No geral as mudanças apresentadas durante os episódios funcionam bem na nova adaptação por conta das alterações que a trama original sofreu e chegam até a serem aceitáveis, mas contudo são completamente desnecessárias.

Related image

Outra mudança na trama é a presença de Vander Guraad, um empresário rival que quer montar um exército militar onde os soldados tenham os poderes dos cavaleiros. É um acréscimo que faz sentido na história porém que se torna mais um elemento dentre vários para ser trabalhado, fazendo com que outros elementos importantes fiquem em segundo plano.

Uma melhora bem significativa em relação ao anime original é a forma que os episódios se desenrolam. A história é mais fluida, mais rápida e sem tanta enrolação nas lutas. Porém isso se torna um problema quando toda luta presente durante a temporada é resolvida com apenas dois socos e finalizada com o golpe especial dos cavaleiros. Outro problema quanto a isso é a passagem de tempo, por ser desenvolvida de forma muito rápida, a trama não deixa clara quanto tempo passou em algumas ocasiões mesmo sendo evidente que teve uma passagem de tempo.

Image result for os cavaleiros do zodiaco netflix

Os traços gráficos, que se torna também uma tentativa de modernizar o anime, deixa a desejar em diversos aspectos – se apresentando como se fosse cgi de Playstation 2 em alguns momentos. Um ponto bem positivo da animação são os detalhes dos personagens, de suas expressões, das armaduras e dos golpes de cada cavaleiro. Ruim por um lado, bom por outro.

Em suma, a releitura da Netflix de Saint Seiya: Os Cavaleiros do Zodíaco acaba sendo uma modernização desnecessária do anime original. Mesmo que seja divertido de se assistir, alguns elementos não deveriam estar ali no momento e isso acaba fazendo com que a animação deixe bastante a desejar. O que acaba tornando essa versão interessante é ver como as mudanças vão influenciar no decorrer dos episódios e a forma que a trama se desenrola, de forma rápida e sem episódios desnecessários. No fim das contas eu achei uma animação mediana e me diverti bastante assistindo, inclusive é bem emocionante poder ouvir Pegasus Fantasy novamente. A nova animação funciona bem e caminha ao lado da original, sendo assim, vale a pena conferir sendo você fã do anime antigo ou alguém que nunca teve contato com a obra original.

Seiya e Os Cavaleiros do Zodíaco estão de volta para proteger a reencarnação da deusa Atena, mas uma obscura profecia paira sobre todos eles.

Saint Seiya: Os Cavaleiros do Zodíaco já está disponível no catálogo da Netflix, com seis episódios de 24 minutos cada.

Nota: 2.5/5