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Nós | Soberania e grandeza sob uma produção de horror estupenda

”Portanto assim diz o Senhor:’ Eis que trarei mal sobre eles, de que não poderão escapar; e clamarão a mim, mas eu não os ouvirei’.” Jeremias 11:11.

Em 2008, Jordan Peele ingressou no mundo da sétima arte como comediante, sendo um dos humoristas mais respeitados e amados dos Estados Unidos. Dentre seus trabalhos nesse vasto universo cômico, estão Key and Peele, Keanu e Chocolate News; obras satíricas que elevaram de forma absurda a sua fama durante seus primeiros anos como humorista. No entanto, foi apenas em 2016 que Peele decidiu migrar de ”área”, anunciando o seu primeiro projeto 100% autoral que seria desvinculado de qualquer tipo de narrativa pitoresca. Falo de Corra!, um filme de terror psicológico que revolucionou indiretamente as produções de horror hollywoodianas. 

Estrelado por Daniel Kaluuya, Corra! foi um sucesso de crítica e público, gerando dezenas de novos fãs do cineasta ao redor do mundo. Em menos de um ano, Jordan anunciou o seu segundo trabalho como diretor, produtor e roteirista; que até Dezembro de 2018, estava sendo mantido em sigilo absoluto. Pois bem, no Natal do ano passado, somos presenteados com o primeiro trailer de Nós, longa protagonizado por Lupita Nyong’o e Winston Duke, que despertou a curiosidade de inúmeras pessoas. Não é pra menos, visto que até o dia do seu lançamento, ninguém sabia exatamente do que o longa-metragem se tratava.

A mente de Jordan Peele é uma verdadeira caixa de surpresas. Nós não é um simples filme de terror; ele mexe com o psicológico do telespectador desde os primeiros segundos até os seus últimos minutos de exibição, causando inúmeras paranoias em quem estiver assistindo, dando a impressão que tudo aquilo que vemos no filme, pode estar acontecendo na vida real.

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Adelaide (Lupita Nyong’o) e Gabe (Winston Duke) decidem levar a família para passar um fim de semana na praia e descansar em uma casa de veraneio. Eles viajam com os filhos e começam a aproveitar o ensolarado local, mas a chegada de um grupo misterioso muda tudo e a família se torna refém de seus próprios duplos.

Nós mexe com o subconsciente. Diferente de outras obras ”fantasmagóricas”, a trama mistura fantasia com inúmeros temas do cotidiano, que apesar de selvagens, estão presentes cada vez mais na vida do ser humano. Aqui, quatro assuntos são abordados de formas simples, mas bem confeccionadas; como racismo, fanatismo religioso, desigualdade social e mudança de vida.

Os quatro temas citados acima, acabam se misturando e formando uma única asserção, que apesar de perceptíveis, são conduzidos através de palavras e ações extremamente acuradas. Literalmente tudo (ou quase tudo) é muito bem conduzido. Há um cuidado nímio de Peele em contar uma história amedrontadora  e pavorosa usando ”instrumentos” do cotidiano, sem que precise fazer um grande alarde para que o espectador se envolva com a obra.

Atualmente, a maioria das produções de terror não causam medo, elas apenas assustam. Felizmente, Nós é totalmente o oposto. Aqui, o medo é moldado como um elemento social animalesco, ou seja, a selvageria do elemento se estagna na mente do espectador por horas e possivelmente, por dias. 

Um ponto que merece ser destacado, é a sua amedrontadora trilha sonora. De um lado, há a presença de uma canção possivelmente em latim, que utiliza de um pequeno coral de crianças para acompanhar a transição dos personagens entre um cenário e outro. Já, do outro lado, utiliza-se em momentos chave uma versão distorcida do clássico I Got 5 On It, do grupo Luniz. A canção, foi recomposta por Michael Marshall, utilizando acordes distorcidos e proeminentes.

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O elenco convence em todos os sentidos, tanto na atuação quanto na situação de pânico que vivem durante duas horas e um minuto. A família composta por Lupita Nyong’o, Winston Duke, Shahadi Wright Joseph e Evan Alex está fenomenal. Durante toda a trama, os membros do cast dão a impressão de que realmente são parentes.

Infelizmente, Nós possui algumas falhas. Uma delas, são suas piadas mal posicionas, que na maioria das vezes, são feitas em momentos de tensão e euforia. Entretanto, as anedotas são engraçadas e conseguem tirar uma risada de quem está assistindo.

Já, o outro lapso, é o excesso de explicações para ações que poderiam muito bem, ficar por trás das cortinas e deixar com que o público trace suas próprias conclusões. Muito da história é deixado em branco, mas numerosos atos são pontuados um a um, jogando no lixo uma potencial surpresa.

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Afinal, quem somos nós? Você realmente se conhece? Qual é o limite da sua alma e da sua mente? Por incrível que pareça, o filme deixa esses questionamentos como parte de seu ”legado”. Diferente dos animais irracionais, o ser humano caça por prazer, mata por matar e sempre deseja o mal para o próximo. Estamos cada vez mais, a beira do abismo. Nossas versões distorcidas estão dentro de nós, esperando para serem libertadas.

Espero que tenham gostado, até a próxima e lembrem-se, coelhos são alimentos.

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O retorno às origens de Martin Scorsese

Martin Scorsese é um dos melhores diretores vivos atualmente. Sua contribuição ao cinema é inegável e lendária, e basta conferir sua filmografia e constatar a quantidade de obras excepcionais que esta contém. Porém, tal sequência inacreditável de ótimos filmes não foi ao acaso ou pela sorte. Obras cinematográficas, de modo geral, são constituídas através dos olhares e interpretações de diretores e roteiristas. Nós, espectadores, veremos o que eles querem nos mostrar ou dizer; óbvio que a interpretação e o impacto dependem do público (outro fator fundamental), mas a construção estética e argumentativa está centrada nos pensamentos dos respectivos autores.

Dito isso, Scorsese sempre trabalhou em filmes as próprias percepções diante da realidade. Nascido em Nova York e tendo vivido grande parte da infância em Little Italy, tinha duas rotinas no seu dia a dia: ir ao cinema e à igreja. Obviamente que a primeira opção de profissão foi ser padre, mas as coisas, como sabemos, foram se desvirtuando aos poucos. Martin sempre foi amante e apaixonado pelo cinema, o documentário A Personal Journey with Martin Scorsese Through American Movies (1995) explora esta paixão. Depois de estudar na escola de cinema da Universidade de Nova York, seu trabalho passou a ser de dirigir alguns curtas enquanto ia descobrindo seu potencial.

Aos poucos começou a se arriscar e lançar longas-metragens. Who’s That Knocking at My Door (1968) e Boxcar Bretha (1972) foram os primeiros, até chegar em Mean Streets, de 1973. Apesar de Boxcar Bretha já ser um filme do gênero policial, Mean Streets é a consolidação máxima da visão de Martin sobre máfia, criminalidade e o subúrbio de Nova York – em Little Italy, bairro em que viveu. Sendo assim, é através deste exemplo que conseguimos notar a conexão existente entre as suas experiências e as implicações de seus filmes.

O gênero policial, o drama, a criminalidade, o sistema mafioso, a sujeira e o pessimismo exalados pelo subúrbio, estão intrínsecos na mente genial do diretor. Nota-se como a vida de Travis Bickle – interpretado maravilhosamente por Robert De Niro, já chegamos nele – e os cenários ao seu redor, são retratados em uma perspectiva pessimista e desacreditada em Taxi Driver (1976). Ou como o sistema fraudulento de cassinos é desmistificado e exemplificado em Cassino (1995). Até em Os Bons Companheiros (1990), quando acompanhamos a infância e o crescimento inteiro de Henry Hill (Ray Liotta) dentro da máfia. Estes são apenas alguns exemplos das diversas e variadas formas que ele consegue encaixar novas visões no mesmo foco temático.

Embora esteja constatada a qualidade para abordar esses elementos na linguagem cinematográfica, não há como deixar de lado algumas figuras que construíram suas carreiras ao lado dele; sendo elas: Robert De Niro, Joe Pesci e Harvey Keitel, prioritariamente, mas não esquecendo da ascendência de Jodie Foster, ou do crescimento de Leonardo DiCaprio.

De Niro e Scorsese poderiam se dizer irmãos, porque ninguém desconfiaria. Tantos filmes que estes dois trabalharam juntos, entregando coisas indescritíveis e inesquecíveis, que não iria se estranhar algum vínculo familiar. O jeito que se conduz atores/personagens é único. Dar liberdade ao ator para improvisar e, consequentemente, se conectar com o personagem, é um primeiro passo arriscado, mas corajoso, que sempre adotou nas gravações. Visto que há domínio na condução do elenco, fica nítido o porquê de tantos artistas se destacarem após trabalharem com ele. Robert DeNiro foi seu braço direito por muito tempo, até se consolidar como o grande ator que conhecemos.

Joe Pesci e Harvei Keitel são outras pérolas providas da filmografia de Scorsese. O primeiro filme de Keitel foi o próprio Who’s Knocking At My Door, e continuou atuando em outras histórias que abordavam crimes e máfias. Se destacou por iniciar a carreira junto a do diretor e depois, apesar de não trabalharem mais juntos, amadurecer em papéis importantes como em Thelma & Louise (1991), Cães de Aluguel (1992), Pulp Fiction (1994), entre outros. Joe Pesci, contudo, teve seus principais personagens nos próprios filmes do senhor Scorsese: Cassino, Os Bons Companheiros e Touro Indomável. Sua atuação se separava em duas habilidades: entonação dos diálogos e repetição de fuck’s por segundo. É inigualável como Pesci entende o comportamento, o modo de dizer e entoar, além dos trejeitos do arquétipo de mafiosos.

Entretanto, Martin não se afirmou através de um só gênero. Os filmes foram se diversificando ao decorrer do tempo, temos A Última Tentação de Cristo (1988) – retrato bastante pessoal sobre a história bíblica – até O Lobo de Wall Street (2013), que abordou de forma complexa e frenética a vida corruptiva do mundo dos negócios. O único elemento que sempre esteve inerente em todas as histórias é a abordagem íntima com os personagens e as narrativas. Todos os roteiros, na mão dele, são traduzidos de maneira didática e contextualizada. Estamos aprendendo a cada assistida, e impressiona a quantidade de conhecimentos difundidos. Seja sobre máfia, religião, business ou o próprio cinema (A Invenção de Hugo Cabret (2011) prova isso), possui todos os assuntos na palma da mão.

Colocando o presente em análise, o século XXI nos registrou como um diretor, de décadas passadas, possa fazer cinema nos dias de hoje modernizando técnicas e linguagens, porém, nunca perdendo a identidade. Os próprios O Lobo de Wall Street e Ilha do Medo (2010) exemplificam a energia e o fôlego inovadores na estruturação dos ambientes e personagens. E tal modernização fica notória em Os Infiltrados (2006), que se tornaria o último filme de máfia por um longo período.

Remake de Mou Gaan Dou (Conflitos Internos, 2002), obra chinesa, Os Infiltrados funciona como uma homenagem a toda a carreira construída até aqui. Uma linguagem moderna e atual, auxiliada pelas experiências acumuladas em mais de trinta anos resultaram em um dos melhores filmes do gênero do século. O conflito entre os personagens, a dualidade moral entre polícia e máfia, além da violência física e psicológica, demonstram o domínio de todas as etapas cinematográficas. E, finalmente, depois de tantas injustiças, Martin Scorsese ganha o seu merecidíssimo Oscar, em 2007, de Melhor Diretor. Os Infiltrados também ganhou de Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Edição.

Agora, em 2019, fará quase 13 anos sem um filme como Os Infiltrados no cinema. Tanto tempo sem o gênero policial maduro, que sempre nos presentou, faz muito mal ao cinema nos dias de hoje. Mas parece que a espera irá acabar. Foi anunciado, pela Netflix, The Irishman, adaptação do livro I Heard You Paint Houses. Previsto para estrear no final desse ano, a obra, além de muito promissora, parece ser o retorno às origens de tudo o que nós vimos durante décadas. Não é uma homenagem ou a celebração de toda uma história, é o acúmulo inacreditável, e nunca visto, de experiências dentro do cinema americano.

O retorno do seu braço direito, Robert De Niro, a volta da aposentadoria do fucking Joe Pesci e, juntando com o cara que iniciou tudo, Harvey Keitel, The Irishman é o Vingadores: Ultimato da vida de Martin Scorsese. É o cúmulo de toda a filmografia baseada na vida e história do próprio. E, mesmo assim, após diversas películas com o mesmo foco temático, podemos ter certeza que teremos novas visões e perspectivas, porque há uma extrema agilidade e versatilidade em explorar as potencialidades do sistema mafioso e dos dramas pessoais existentes nos personagens.

Tem como ficar melhor? Sim, por incrível que pareça. Outra adição incrível no elenco é o famoso, o talentoso e o mestre, Al Pacino. Um dos maiores e melhores atores da história, além de estrelar a trilogia do O Poderoso Chefão (1972), – ápice na vida de qualquer ator – Pacino tem o mesmo sangue nas veias. Sua contribuição para o gênero policial, e as interpretações de diversos mafiosos e criminosos, foram o ponto máximo da profissão. Scarface (1983) e O Pagamento Final (1993) são grandes exemplos disso.

Bem, se temos este elenco admirável e extremamente capaz, podemos esperar outro grande filme. Além disso, temos um dos – e repito mesmo – maiores diretores do século XX e XXI, Martin Scorsese, coordenando o projeto. Portanto, talvez estejamos próximos de mais uma obra-prima do diretor, que traduziu sua vivência e suas experiências em obras humanas, pautadas na realidade nua e crua, provando a marca autoral existente no Cinema.

Ah… e se for ruim? Como diria Joe Pesci: Foda-se, o cara tem crédito.

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Capitã Marvel | Satisfaz, mas decepciona na mesma medida

Quando foi anunciado em 2014, Capitã Marvel levou muitos fãs da época ao delírio, imaginando como o vindouro filme da heroína poderia se encaixar no MCU. Tempos depois (mais especificamente em 2016), a atriz norte-americana Brie Larson foi escalada para dar vida a personagem. Seu papel no famigerado O Quarto de Jack (que lhe rendeu o Oscar de melhor atriz), fez com que Kevin Feige se interessasse pela moça, que agora, tem contrato assinado com a Marvel Studios para mais sete filmes. 

Os fatos lidos acima deixaram muitos fãs empolgados, pois agora, teríamos um filme solo de uma personagem feminina no universo compartilhado na Marvel, que seria valorizada pelos seus valores ideológicos. Bom, sinto-lhe informar, que as coisas não são bem assim. 

Capitã Marvel é a famosa produção 50/50, ou seja, satisfaz e decepciona igualmente. Quando os dois fatores se juntam, eles criam uma pequena atmosfera agridoce em volta de sua jornada cinematográfica, que se iniciou no final dos anos noventa e ”conclui-se” em 2019 com Vingadores: Ultimato.

Um pequeno adendo: Aconselho quando for assistir todos os filmes da Marvel, prepare sua mente para uma história que se passa em um universo paralelo dos quadrinhos. O que acontece nas HQ’s fica nas HQ’s; cinema é algo completamente diferente. Adapte-se e adeque-se às mudanças, seus gibis continuarão existindo por toda a eternidade.

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A história acompanha Carol Danvers conforme ela se torna uma das heroínas mais poderosas do universo no momento em que a Terra se vê no meio de uma batalha galática entre duas raças alienígenas. Ambientado nos anos 1990, Capitã Marvel é uma aventura completamente nova de um período nunca visitado da história do Universo Cinematográfico da Marvel.

Felizmente, a trama é simples e fácil de ser entendida. Pode-se dize que a obra é dividida em duas partes, sendo uma relacionada com a origem da Carol e outra referente a guerra das duas raças alienígenas. Ambas são boas, porém, o nascimento dos poderes da Danvers é totalmente esperado e sem nenhuma surpresa. Nesse quesito, não há nenhum plot twist satisfatório, apenas mais uma origem clichê referente ao universo dos super-heróis. Poderia ser executada com mais esmero, e fica evidente que foi algo feito as pressas. 

Já, os conflitos entre os Kree e os Skrulls, são recheados de surpresas agradáveis. Os diretores   e roteiristas Anna Boden e Ryan Fleck, pegaram uma antiga intriga dos quadrinhos e a transformaram em algo inovador e deveras inesperado. Apesar disso, a alteração pode causar um certo tipo de estranheza nos nerds que estão acostumados com os gibis mais antigos da Marvel Comics

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Uma das críticas mais árduas referente a Capitã Marvel, foram sobre a falta de expressão da atriz Brie Larson nos materiais promocionais do filme. Felizmente, Larson faz incontáveis caras e bocas. Mas, em determinadas cenas, a vingadora lembra um bebê, que vive de cara fechada para as visitas, mas que abre um sorriso quando seus pais estão por perto. Troque o bebê por Carol Danvers e os pais por Nick Fury, Maria Rambeau e Monica Rambeau.

Brie se esforça para Capitã Marvel, dando um gostinho de ”quero mais” quando o filme é concluído. Por sorte, Capitã terá um papel de extrema importância em Ultimato, onde poderemos vê-la em ação novamente.

Samuel L. Jackson vive um Nick Fury mais caricato e menos rabugento. O ator está super divertido no papel do futuro diretor da S.H.I.E.L.D., no qual deixa o questionamento: ”Por que a Marvel ainda não fez um filme do Nicholas?’‘ E o desenho: ”Marvel, por favor, faça uma série do Nick!”.

O resto do elenco de apoio não fede, mas também não cheira. O papel de Jude Law foi mantido em segredo, por pura falta de bom senso da produtora, visto que a revelação do seu personagem não é nada demais. Por sorte, a escolha de Law para viver o Kree casou-se perfeitamente com o ator. Talos, vivido por Ben Mendelsohn é rodeado de piadas sem graça que não funcionam, mas que por ventura, não estragam a real motivação do Skrull.

De resto, Lee Pace, Clark Gregg, Gemma Chan, Djimon Hounsou, Lashana Lynch, Rune Temte e Algenis Perez Soto; estão presentes no longa-metragem apenas para tapar buracos, criando uma legião de personagens secundários irrelevantes e esquecíveis.

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Goose, a felina fofa e carismática,  poderia muito bem estar presente em mais cenas da obra. Torço para seu retorno em vindouros filmes da Marvel Studios, já que o destino da Flerken é um tanto quanto incerto e a pergunta: ”Aonde ela esteve nesses vinte e quatro anos?” não é respondida. Mas relaxa, Goose, eu adorei você.

Um ponto positivo que deve ser destacado: Capitã Marvel tem muitos fan services referentes ao MCU, que transitam desde o Projeto Pegassus até os Vingadores. Nesse quesito, o filme acertou.

Como de costume, possui duas cenas pós-créditos, uma no meio dos créditos finais e outra no final. Mesmo previsível, a primeira dá um frio na barriga. A segunda, é uma piada. Foi bem pensada e que por incrível que pareça, responde um dos ”mistérios” do MCU de uma forma bem humorada.

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Capitã Marvel vale o ingresso do cinema, mas é esquecível. É uma diversão momentânea, que não levará o telespectador para casa com um sentimento satisfatórioO longa-metragem é aceitável mas decepcionante em relação de todo o hype que foi criado em cima da heroínaVamos torcer para que acertem melhor na continuação.

Espero que tenham gostado, até a próxima e lembrem-se cuidado ao adotar um Flerken disfarçado de gatinho.

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Humanidade e sinceridade carregam Alita: Anjo de Combate

Criada por Yukito Kishiro e publicada nos anos 90, Gunnm (Battle Angel Alita) não é uma obra cyberpunk tão conhecida para o grande público como Ghost in The Shell ou Akira são. O cineasta James Cameron, vem querendo há um bom tempo, adaptar a história para os cinemas. Entretanto, com o advento de Avatar, um marco para o cinema blockbuster, o projeto foi quase esquecido. Quase. Robert Rodriguez, amigo de longa data de Cameron, se candidatou para dirigir a adaptação e concretizar sua visão. Anos depois, Alita: Anjo de Combate finalmente chega aos cinemas.

Cameron e Rodriguez

No ano de 2564, muito tempo após A Queda, o Doutor Dyson Ido (Christoph Waltz) encontra a cabeça de uma cyborg em meio ao ferro-velho da Cidade de Ferro, desprezado pela elitista cidade voadora Zalem. Logo após, o cientista utiliza o corpo e o nome de sua filha, Alita, para reconstruí-la. Sem noção de quem ela foi, Alita (Rosa Salazar) embarca em uma jornada por auto-descoberta, pontuada por paixões, combates e decepções, como toda aventura com uma pitada de coming of age.

Coming of age é um termo em inglês utilizado para filmes sobre amadurecimento. Um exemplo recente do termo em blockbusters, é Mulher-Maravilha. A personagem começa a projeção com uma visão de mundo preto e branca e a finalização, com uma visão mais cinza, mais ambígua. O roteiro de Cameron trabalha de forma simples e com bastante competência todos os aspectos da jornada da personagem-título. Ela é o centro da narrativa.

Captura de movimento da protagonista pela WETA

Talvez isso explique porque o elo mais fraco da produção resida nos outros personagens, moldados por diálogos expositivos e arcos dramáticos que não se permitem uma dose de aprofundamento. O que é sinceramente uma faca de dois gumes. Ao mesmo tempo em que é compreensível os realizadores terem escolhido esse método de comunicação com o público, os personagens continuam rasos. Contudo, todas as performances funcionam. Ido, Chiren (Jeniffer Connelly), Vector (Mahershala Ali), Hugo (Keean Johnson), Zarpan (Ed Skrein) e o monstruoso Grewishka (Jackie Earle Haley), giram em torno da protagonista e a afetam, de alguma forma, solidificando sua jornada.

Mas a alma de Alita está na impressionante performance de Rosa Salazar, acompanhado da perfeita captura de movimento pela WETA. Enquanto a empresa de efeitos visuais torna a heroína foto realista e convence ao público de que ela existe em meio aos seres de carne, é Salazar quem dá alma à personagem. Entre cada espaço de cada diálogo, lá está o olhar, de vez em quando inocente, ou guerreiro, mas sempre determinado, transmitido por ela. Toda a intensidade humana está ali, seja na tensão, ou na calmaria. Ela é a conexão perfeita com a audiência.

O trabalho inteiro da WETA é digna de aplausos. É um dos trabalhos visuais digitais mais fluídos dos últimos no cinema blockbuster. O que imediatamente faz com que o espectador considere re-assistir ao filme mais algumas vezes apenas para apreciar o trabalho insano do VFX na película.

Assim como a surreal capacidade da WETA em trazer veracidade ao mundo de Anjo de Combate, o diretor Robert Rodriguez sabe como coordenar muito bem todos os elementos, o seu olhar na direção é veloz e ágil para as cenas de ação (Tão brutais quanto as do material-base). Já a trilha sonora composta por Junkie XL não foge do básico, com exceção de algumas faixas, como por exemplo: Motorball, onde entrega toda a adrenalina necessária para a grande corrida no ato final.

Por fim, Alita: Anjo de Combate é um sopro de ar fresco para o blockbuster. É uma narrativa honesta, sem grandes pretensões, mas nada raso que faça residir um vazio em seu coração. É um filme de ação, com uma protagonista de ação. Os diálogos poderiam ser menos expositivos e o filme poderia ter encontrado seu ritmo antes de seus 40 minutos iniciais, mas é um espetáculo visual que carrega tanta humanidade e sinceridade, que será impossível não sair do cinema clamando por mais.

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Velvet Buzzsaw | Um filme limitado e emocionalmente desgastante

De 2017 à 2019, a Netflix vem produzindo cada vez mais obras originais que se expandem para todos os lados; transitando em inúmeros gêneros distintos e criando diversas narrativas emocionalmente fracas, medianas e algumas excelentes. Dessa vez, a produtora apostou em algo  mais conceitual, feito com o intuito de  levar os telespectadores para uma galeria de arte moderna sem ao menos saírem de suas casas.

Quando o primeiro trailer de Velvet Buzzsaw foi liberado, o serviço de streaming nos vendeu um terror dramaticamente eletrizante inspirando em conceitos artísticos vindo do renascimento, modernismo, pós-modernismo e entre outros. Mas, ao invés de optar em trabalhar cada gênero artístico de uma vez, o cineasta Dan Gilroy (a mente por trás de O Abutre), determina que fará uma pequena salada de frutas não muito saborosa com os estilos.

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Quando o mercado da arte colide diretamente com o mercado do comércio, artistas e investidores milionários encontram-se em um duro embate financeiro que pode sacrificar muito mais do que suas carreiras.

Contendo mais defeitos do que acertos, o filme insere o sobrenatural de maneira sutil e inteligente em sua trama medíocre, mesmo que o fator fique um pouco desgastado e de lado, ao decorrer que a produção avança. Sim, o ”extraordinário” do longa-metragem é deveras inovador, uma ideia originária das galerias de artes modernas misturada com a loucura de uma determinada maldição.

Infelizmente, a abstração genuína é trabalhada de maneira relaxada, jogando um potencial absurdo no lixo. É evidente que os idealizadores por trás do longa foram incapazes de criar uma história de horror inovadora. Falo com muita tristeza, que uma grande trama foi emocionalmente desgastada.

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Pessoalmente, sou muito fã de todos os trabalhos da carreira do Jake Gyllenhaal, já que em na minha opinião, é um dos atores mais renomados de Hollywood. No entanto, seu papel em Velvet é desgastante e chegar a ser chato em inúmeros momentos.

Em contraparte, ver um ator heterossexual dando vida à um homossexual de maneira singularmente perfeita é muito gratificante por inúmeros motivos. Um deles, é a camuflagem espontânea que um ator célebre como Jake pode ”adotar” quando um papel desse tipo é oferecido para pessoas como ele.

Já, o elenco de apoio é totalmente sem vida abaixo da expectativa. Grandes astros como Toni Collette, Rene Russo e principalmente John Malkovich deixam a desejar com suas atuações beirando ao esquecimento. Malkovich por exemplo, dá vida a uma persona fútil e que está no longa apenas para preencher buraco. 

A única personagem coadjuvante que da gosto de assisti-la em meio de tantas personalidades sem sal, é a da atriz Natalia Dyer, que da vida a Coco, uma garota que trabalha com as grandes mentes milionárias do mundo da arte e que sonha que um dia, possa chegar no mesmo nível de seus patrões.

Emocionalmente falando, as grandes tragédias do filme são sensacionais e criativas, mas deveriam criar uma atmosfera mais pesada e menos ”bonita”, pode-se dizer. Um ponto positivo, já que não chega a ser um defeito.

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Velvet Buzzsaw é composto por diálogos e takes descontinuados e sem nexo, mas isso é proposital, já que seu intuito é fazer igual as obras de artes contemporâneas e fazer uma sátira daqueles que se acham pseudo-intelectuais em determinado assunto. O que mais me entristece em Velvet, é a expectativa de níveis proporcionalmente exageradas que eu criei entorno do filme. Sem sombras de dúvidas, é uma produção que me entristeceu em inúmeros aspectos.

Obrigado, até a próxima e lembrem-se, cuidado com as obras de artes que contenham crianças ou macacos.

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Com Polar, Mads Mikkelsen e violência se tornam excelentes sinônimos

Aposto que após assistir ao filme, você que aqui se encontra não conseguiu tirar da mente de como seria a parceria mortal entre John Wick e Duncan Vizla, certo? Pois então, saiba que não está sozinho neste desejo. A violência em Polar se faz presente, porém não foi o único chamariz atrativo.

Estrelado pelo excelente Mads Mikkelsen, a história mostra os preparativos de seu personagem, Duncan, prestes a se aposentar e seguir com uma vida de paz absoluta. Quem não quer se aposentar um dia, não é mesmo? O diferencial aqui é o trabalho no qual exercia. Assassinato.

Só que esta paz entrou em conflito quando precisou retomar suas atividades para evitar que seja morto. Daí em diante veio uma enxurrada de adrenalina para deixar o telespectador se contorcendo no sofá com os golpes, mutilações e muitas fraturas.

O grupo de antagonistas impõe a sensação de perigo que o protagonista enfrenta e mostra completa sintonia em seus atos ao longo de toda a trama, porém não o suficiente para representar um elemento preciso para derrotá-lo. Já Matt Lucas como Blut entrega um vilão bem caricato e cheio de trejeitos, o que torna esta caçada ainda mais divertida de acompanhar.

Vanessa Hudgens foi uma boa adição ao elenco, onde conseguiu transmitir através dos olhares, o medo e por consequência, o trauma sofrido no passado. É com ela que somos apresentados ao plot twist da história, que apesar de ser uma revelação frequentemente usada em alguns filmes de ação, ainda sim é mostrado aqui de forma suave e sem pressa. O longa não dependia deste fator, pelo contrário, foi se sustentando bem e a informação nova trouxe um sabor a mais.  A interação entre Mads e Vanessa é muito boa, tendo ambos os atores bem equilibrados em demonstrar suas emoções. O sisudo de Duncan se complementa com o reservado de Camille.

Katheryn Winnick apresenta de forma dividida sua personagem Vivian, uma vez que trabalha contra Vizla e ao mesmo tempo, mostra preocupação em atiçar a onça com vara curta.

Polar possui uma salada bem agradável de elementos que permite um excelente entretenimento em sua duração de quase duas horas. A chance de uma sequência é bastante real e o gancho mostrado só corrobora por este caminho. Há potencial para até encerrar numa trilogia, se isso for possível. Quem iria reclamar? Até porque, queremos ver mais de Duncan Vizla dando uma boa surra em que se meter no seu caminho.

Polar é uma adaptação cinematográfica da Netflix do gibi de mesmo nome da Dark Horse escrita e ilustrado pelo espanhol Victor Santos.

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Vidro | O fim da perfeita trilogia de M. Night Shyamalan

M. Night Shyamalan é um cineasta que consolidou-se produzindo obras autorais e não de terceiros (vamos esquecer O Último Mestre do Ar e Depois da Terra, ok?), considerado por boa parte de sua ”fanbase’‘, como um dos melhores diretores da última década.

Contudo, logo no início dos anos 2000, Shyamalan concebeu para as telonas o controverso Corpo Fechado, protagonizado por  Bruce Willis e Samuel L. Jackson. Um longa-metragem sobre super-humanos que sofrem de uma complexabilidade nos quais acreditam ser super-heróis em uma sociedade composta apenas pessoas ”normais”.

Dezesseis anos depois, chega aos cinemas o famigerado Fragmentado, um thriller  com James McAvoy no papel principal. Nele, Kevin Wendell Crumb é um sociopata que sofre de transtorno dissociativo de identidade, que sequestra três adolescentes com a finalidade de viverem em cativeiro para um propósito muito maior.

A maior surpresa veio com o final de Fragmentado, quando David Dunn (Bruce Willis), o vigilante de Corpo Fechado, dá as caras de maneira surpreendente, revelando que as duas produções se passam no mesmo universo. Pouco tempo depois, Vidro é anunciado como a última parte de uma trilogia que estava em desenvolvimento por Shyamalan desde 1999.

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Vidro é sobre dramas pessoais, onde três homens tentam achar seus devidos lugares em uma sociedade não habituada com indivíduos superpoderosos. Os superpoderes e as associações feitas com heróis de quadrinhos, são apenas um pano de fundo para posteriormente trazer uma mensagem avassaladora sobre sua própria trama, que mesmo começando de uma forma não tão glamourosa, evolui para perfeição ao decorrer que cria uma metalinguagem com o espirito de todos os personagens ali presentes e não apena dos protagonistas.

A trama é lenta mas necessária, que começa a ganhar força quando o terceiro ato finalmente dá as caras. Outro ponto interessante, são as presenças recorrentes das cores Roxo, Verde e Amarelo, que representam a personalidade de cada protagonista, onde está desde os cenários até nos detalhes das roupas.

Definido como um filme de ação, o elemento está presente de uma forma mais real e menos fictícia, já que diferente de outras produções do gênero que usufruem do componente  como um instrumento e não como uma simbologia, aqui, o item é empregado como parte  do próprio cenário, sendo construído de forma bruta e rústica ao decorrer que as personas centrais vão descobrindo cada vez mais sobre si mesmas.

É impressionante como Corpo Fechado, Vidro e Fragmentado são peças de um quebra-cabeças que se encaixam perfeitamente entre si. Diferente de outros universos cinematográficos que possuem longas-metragens mais infantilizados e que não usufruem muito da lógica para andarem de mãos dadas, essa trindade não tão heroica construída por M. Night Shyamalan possui um intelecto incomparável quando se diz a respeito de conexões, pois prova para os telespectadores que é possível ligar todos os pontos de maneira íngreme e simples. 

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 A atuação de Samuel L. Jackson é a única que impressiona de verdade. O ator vive o antagonista Elijah Price, que carrega consigo o nome do filme. Logo é explicado a relação entre o personagem e o título, moldada de forma extraordinária entre criador e criatura. Jackson não entrega uma performance memorável, entretanto,  sai totalmente de sua zona de conforto para ficar 100% do conto sentado em uma cadeira de rodas agindo apenas com a mente.

James McAvoy continua com sua integridade vista em Fragmentado, não há nada de impressionante aqui, apenas uma repetição do espetacular (e que continua espetacular) visto três anos atrás. Isso não tira o mérito de McAvoy, mas não tem nenhuma surpresa quanto seu comportamento como Kevin Wendell Crumb.

Os atores que trabalham de maneira menos impressionante são Bruce Willis e Sarah Poulson, que diferente dos outros dois artistas citados acima que demonstram seus sentimentos de forma natural,  os intérpretes de David Dunn e Doutora Ellie Staple agem beirando a inaturalidade, com feições superficiais. Não chega a ser um problema, mas apenas um pequeno incômodo. 

Apesar do pouco tempo de tela, Charlayne Woodard, Anya Taylor-Joy e Spencer Treat Clark como Senhora Elijah, Casey Cooke e Joseph Dunn, honram seus respectivos papeis como excelentes coadjuvantes, que na verdade, são as áureas iluminadas de Price, Crumb e Dunn.

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Há três plot twists (também conhecido como as famosas reviravoltas) espetaculares um seguido do outro perto do ápice final da obra. Com esses três fundamentos, Vidro encerra perfeitamente a trilogia quase sem erros criada por M. Night Shyamalan, que decidiu dar um ponto final para uma fábula que estava dezenove anos em construção. Admito, além de me fazer arrepiar, a produção me arrancou várias lágrimas com um belo e grande sorriso em meu rosto. Shyamalan criou uma franquia espetacular.

Obrigado, até a próxima e lembrem-se, devem haver limites para o que um homem pode ser.

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Dragon Ball Super: Broly é porradaria sincera, sem medo de arriscar

Broly sempre foi um dos personagens mais queridos pelos fãs de Dragon Ball, mesmo não estando inserido no cânone oficial da série. Agora, 25 anos depois, o mais forte dos Saiyajin chega à franquia em um excelente filme, rodeado de porradaria.

A história é simples. Broly e seu pai, Paragas, são despejados para um planeta inabitável após uma crise de ciúmes do Rei Vegeta, ao descobrir que Broly possuía um poder do mesmo nível de seu filho, Vegeta. Durante esse tempo, a raça Saiyajin é eliminada por Freeza e vemos a ida de Goku ao Planeta Terra. E então, somos jogados aos tempos atuais, onde Goku e Vegeta estão treinando, após o término do Torneio do Poder.

Para aqueles, que como eu, não acompanharam Dragon Ball Super, não se preocupem. O filme apenas puxa algumas referências, e mostra alguns personagens, porém não é necessário ter conhecimento do anime. Isso porque, o filme joga alguns flashes e contextualiza os acontecimentos finais do anime. Posso até dizer, que ele necessita mais dos conhecimentos da Saga Z, do que de Super em si.

O filme utiliza os 30 minutos iniciais para montar o background, para os fãs, é um prato cheio. Somos apresentados, canonicamente, ao nome da mãe de Kakaroto, Gine, que já havia sido revelado no mangá Jaco; temos a ascensão de Freeza ao poder e a extinção dos Saiyajin alá Superman. Mas, talvez poderia ter tido uns 5 minutos a menos e dar mais foco a relação abusiva entre Broly e seu pai, Paragas.

As piadas do filme são ótimas, foi basicamente Akira Toriyama voltando as raízes. A dublagem do filme também está fenomenal, como já era de se esperar.

A animação é onde Dragon Ball Super: Broly se consagra. Já esperávamos que o filme teria uma animação mais fluida, por conta da mudança nos designs feitas por Naohiro Shintani, mas o que tivemos, foi algo além disso.

O diretor Tatsuya Nagamine, se aproveitou a liberdade que conquistou e se arriscou. As batalhas são excelentes, você sente cada soco. Há cenas em primeira pessoa e em câmera lenta. Movimentos de câmera que nunca veríamos no anime. O uso de CG, ainda que exagerado em algumas partes, se mostrou necessário. Afinal, o nível de poder se elevou tanto, ao ponto do cenário se tornar computação gráfica e se quebrar. E o uso de cores na reta final, é um show à parte.

O final da luta, no entanto, é um pouco broxante. Muito por conta de uma provável nova série animada de Dragon Ball. É nítido que eles tiveram que se segurar. E para finalizar, há dois momentos de fanservice desnecessários, ambos envolvendo a personagem Cheelai, que simplesmente não faz sentido estarem ali.

Sem medo de se arriscar, Dragon Ball Super: Broly é o maior festival de pancadaria da franquia desde Dragon Ball Z. Expande o lore da série e dá novos ares ao fenômeno mundial que é Dragon Ball.

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Torre elege os melhores filmes de 2018

2018 foi um ano marcante para o cinema. Presenciamos inúmeras experiências de tirar o folego; rimos, choramos, aplaudimos, gritamos e o principal, nos divertimos. Tudo isso, graças à magia do mundo da sétima arte, pois sem sua existência, muitas histórias magníficas e inspiradoras nunca veriam a luz do dia.

Pensando nisso, alguns redatores da Torre de Vigilância reuniram suas opiniões pessoais sobre os longas-metragens mais marcantes desse ano que já está por acabar. A seguir, você poderá ler cada uma delas, redigidas com muito carinho, de fã para fã.


João Guilherme Fidélis (redator e colunista)

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Apesar de ser um grande fã dos espetáculos caóticos proporcionados por Michael Bay, Bumblebee foi o primeiro filme de Transformers a tocar o meu coração, desde a película dirigida por Bay, em 2007. Este é um filme, simples, focado e centrado em nada mais, nada menos, do que em seus personagens. Todos eles funcionam. Desde o agente Burns interpretado por John Cena, até os maléficos Decepticons. Entretanto, a alma da obra, reside na excelente química entre Charlie Watson (Hailee Steinfeld) e o robô amarelo. O primeiro contato entre os dois, é o momento em que o encanto retorna e permanece dentro da espectador, mesmo após o término da sessão.

O melhor filme de ação do ano. Não há espaço para discordâncias. Não consigo pensar em um blockbuster tão bem coordenado e escrito este ano, senão Missão Impossível: Efeito Fallout. O filme não apenas conta com uma excelente direção, como explora a moralidade de Ethan Hunt (Tom Cruise) de maneira inteligente e traz um excelente antagonista interpretado por Henry Cavill. O roteiro força seus personagens a fazerem escolhas difíceis e é preenchido por diversos plot-twists, daqueles que arrancam um sorriso genuíno do rosto. O cinema pipoca em sua melhor forma.

Confesso que quando O Primeiro Homem foi anunciado, o que me chamou atenção foi o responsável pela direção: Damien Chazelle. Um dos maiores diretores de sua geração. Trouxe duas histórias sobre sonhos, executadas em tonalidades diferentes: Whiplash e La La Land. Aqui, ele revisita a chegada de Neil Armstrong à Lua, sob um olhar mais íntimo, cinzento e intenso. Ryan Gosling e Claire Foy traduzem perfeitamente a proposta do cineasta, o qual entrega um dos melhores, senão o melhor, filme do ano.


Carlos Eduardo Rici (colunista)

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Infiltrado na Klan
O novo filme de Spike Lee se provou em pouco tempo de exibição um filme mais do que necessário para nossa atual sociedade. A acidez do longa somado
a uma ótima história nos brinda com um impactante e inteligente filme.

 

Pantera Negra

O diretor Ryan Coogler, unido a um elenco de peso, trouxe neste ano o que eu considero o melhor filme de heróis que vi nas telonas em 2018. É incrível como mesmo seguindo uma fórmula, Coogler consegue trabalhar de uma maneira séria e bem feita temas importantes pra nossa sociedade, além de saber criar ótimos planos e extrair performances excelentes de seu elenco.

 

Ilha de Cachorros

Wes Anderson voltou ao stop-motion em Ilha de Cachorros, que assim como seus outros filmes, é grandioso em estética e simples em história. Mas não se engane, a simplicidade e acessibilidade de Ilha de Cachorros só torna o filme melhor e mais belo, uma das melhores animações do ano.

 

Você Nunca Esteve Realmente Aqui
A diretora Lynne Ramsey retornou em 2018 com o que talvez seja o longa mais esquizofrênico que tive o prazer de ver neste ano. O filme é uma viagem dentro da loucura do protagonista, sabendo utilizar violência ao seu favor, sem beleza alguma, Ramsey cria um filme forte e faz Joaquin Phoenix entregar uma sensacional atuação.

 

Roma
É de um consenso geral que Alfonso Cuarón é um dos maiores diretores da nossa geração, e em Roma ele só deixa isto mais claro. Apesar de não ser um filme tão acessível, se você conseguir apreciar a obra por completo, vai ver que Roma é uma obra-prima cinematográfica, o cinema em seu estado mais puro, o que não encontramos todos os dias.


Tassio L. Stark (redator)

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Guerra Infinita – por ser a primeira parte da culminação preparada pelo mcu de forma tão cuidadosa desde 2008 e que superou as expectativas de todas as formas. Um filme para ser lembrado.

Jogo Perigoso – Tenso do início ao fim, onde a trama prega peças não só na mente da personagem como também no telespectador. A sensação de alguém te observando no escuro torna uma bela experiência junto com a adrenalina de vê-la sair daquela situação.

Um Lugar Silencioso – Primeiro filme com essa temática do silêncio que me deparei e gostei bastante. Dá uma agonia o silêncio que ajuda o telespectador a adentrar na trama.


Tiago Bacelar (redator)

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2018 foi um bom ano no cinema. Reunimos as joias do infinito para combater Thanos em Guerra Infinita; entramos com Margot Robbie na vida conturbada de uma patinadora em Eu, Tonya; voltamos no tempo para assistir do show do Queen no Live Aid em Bohemian Rhapsody; sofremos na pele de uma mãe desesperada em Três anúncios de um crime; fomos contagiados por um mundo fantástico de referências em Jogador Número 1; ficamos assustados pelo terror de Um Lugar Silencioso; conhecemos animais muito especiais na Ilha dos Cachorros; mergulhamos no fundo do oceano para ver um herói virar Rei em Aquaman; e nos emocionamos com a bonita relação entre a humana Charlie e o famoso Autobot amarelo em Bumblebee.


Daniel Estorari (redator e colunista)

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Diversas películas marcaram os meus doze meses, mas o que mais me fez ficar espantado e impressionado comigo mesmo, foram as obras que conseguiram arrancar lágrimas da minha alma, e é justamente delas que eu mencionarei a seguir.

Vingadores: Guerra Infinita

Você pode não achar a Marvel Studios a melhor empresa do mundo, mas o que não pode ser negado, é como o estúdio sabe trabalhar em cima de suas fórmulas e construir um belíssimo universo cinematográfico por 10 anos. Guerra Infinita é um lindo presente do estúdio para seus fãs, dando-lhes um vilão e trama fora do convencional, mas que se apoiam totalmente em cima das clássicas histórias cósmicas da Marvel Comics. Tudo é conduzido de maneira sutil e delicada até o seu emocionante final, que mesmo sabendo que determinados personagens voltarão a vida, ouvir: ”Por Favor senhor Stark, eu não quero morrer” não foi nada fácil.

Homem-Aranha no Aranhaverso

Tive a oportunidade de assistir essa linda animação dois meses antes da sua estreia no Brasil. Se eu fosse elogiar essa fábula, provavelmente a coluna teria mais de três mil palavras, portanto, direi apenas o necessário.  Homem-Aranha no Aranhaverso é esplêndido, a Sony Pictures Animation criou uma história simples em cima de um desenho recheado de referências ao universo do amigão da vizinhança, que transita desde as personalidades de Tobey Maguire e Andrew Garfield, até Tom Holland. O mais emprisionante, é que o desenho é um fã de si mesmo, não se esquecendo de tudo aquilo que já foi construído para o Homem-Aranha em todas as mídias.

Aquaman

Warner Bros. Pictures, uma empresa que costuma errar pouco em seus filmes originais, mas que tropeça muito quando produz películas em parceria com a DC Comics; mas dessa vez, ela conseguiu se redimir. Aquaman possui uma história clichê, mas isso não é uma observação negativa, já que sua trama é divertida e bem anedótica. Arthur Cury junto de Mera e Orm, carregam o filme nas costas, ao lado de seu lindo cenário subaquático, que é de deixar qualquer pessoa boquiaberta. Quem diria que um dia, um super-herói que era humilhado por seus pseudos fãs, ganharia um longa-metragem tão épico e avassalador quanto esse?

Bohemian Rhapsody

O famoso ”filme do Queen” é a melhor cinebiografia que eu já assistir. Sintetizando de maneira breve, após o término de Rhapsody, eu comecei a refletir sobre minha vida, sendo que eu uso até hoje algumas atitudes de Freddie como espelho. A união, relacionamentos, intrigas e vitórias, são tudo mais mágicos ao decorrer que a trama avança até cena do Live Aid, que pessoalmente, cai nos prantos só de ver como a atuação de Rami Malek estava condizente com as músicas que estavam sendo tocadas.

Me Chame Pelo Seu Nome

OK, eu sei que essa película estreou no final de 2017 nos Estados Unidos, mas vale a menção, pois chegou no início de 2018 nos cinemas nacionais, sem contar, que é basicamente o filme da minha vida ao lado de alguns outros. Me Chame Pelo Seu Nome é maravilhosamente lindo e triste, que mexe 100% com o emocional. A história é tão perfeita, que em determinado ponto, ela desvincula a mente do telespectador dessa realidade, e a transporta para outro mundo além dos paradigmas convencionais. Sua duração é equivalente ao nosso cotidiano, ou seja, cumprida e massante, mas necessária. Essa obra prima me deu milhões de lições, mas a principal, foi que nem tudo são flores e que não devemos desistir de procurar o amor de nossas vidas. Gostaria de aproveitar a oportunidade, para dizer: Me Chame Pelo Seu Nome, eu te amo.


2019 está prometendo ser tão promissor quanto 2018, já que está aparentando ser uma das melhoras épocas para lançamentos cinematográficos. Sem sombras de dúvidas, ao seu final, terá outra lista como essa. 

Espero que tenham gostado, até a próxima e lembrem-se, assistir filmes é mais que um hobbie.

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Black Mirror: Bandersnatch | Infinitas escolhas, mas apenas um final para a loucura

Um breve aviso: a coluna (ou crítica, como preferir) que você lerá a seguir, foi redigida com base nas escolhas e conclusão feitas por mim (como todos os meus outros textos, não contém spoilers). Contudo, não possuo conhecimento a respeito dos outros quatro finais, afinal, essa é a graça; assistir o evento Black Mirror dezenas de vezes até poder ”desbloquear” todos os desfechos possíveis.

Criado por Charlie Brooker, Black Mirror é comercializado como uma série original Netflix, que tem como intuito criticar a rotina do homem cada vez mais dependente da tecnologia, usando uma linguagem pesada e alarmante. Por sorte, o longa metragem antológico Bandersnatch não é nem um pouco diferente. Mas, diferentemente dos seus ”irmãos”, a película é conduzida de maneira semelhante aos jogos Until Dawn (2015) e Detroit: Become Human (2018), onde o telespectador pode fazer as suas próprias decisões. Dessa forma, surge incontáveis crônicas partindo de um único ponto de vista.

Enquanto adapta um romance de fantasia para videogame em 1984, um jovem programador começa a questionar o próprio conceito de realidade e acaba enfrentando um desafio alucinante. Bem-vindo de volta.

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Óbvio que sua ambientação oitentista não foi escolhida a toa, pois além de proporcionar momentos nostálgicos, as drogas Maconha e LSD estavam em alta na época, que serviram como dois elementos importantíssimos ao decorrer da trama, até sua famigerada conclusão. Além das substâncias, os jogos desse período são utilizados como pano de fundo para ajudar a mente psicopata do personagem de Fionn Whitehead a se concentrar mais no seu dia a dia.

Por falar em Fionn, que já participou de Dunkirk, sua atuação está em um nível além do convencional. É evidente que o artista trabalha de forma delicada para construir o seu papel, que não guarda  sua loucura para si, ao contrário, ele tenta espalhar sua ”palavra” através de gestos e ações com que o telespectador se una com sua personalidade caída. Assim, nasce um império de sociopatas.

Já o programador vivido pelo famoso  Will Poulter, é a outra figura que se destaca em BandersnatchMas, diferente de Fionn, que é uma pessoa mais introvertida, Poulter usufrui dos problemas alheios para se autobeneficiar em certas ocasiões. É o tipo ”amigo que bate na sua cara”. Mas de longe, é um problema, pois sem ele, não teria ninguém que abriria a mente do nosso personagem principal para o mundo.

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Como um bom e velho Black Mirror, Bandersnatch é conduzido em cima de uma lição de moral; simples, mas essencial. A produtora (Netflix) e muito menos Brooker, se saturaram ao decorrer que os outros anos foram lançados quando o quesito é inovar, pelo contrário, a criatividade ainda reina, provando para todos que o seriado e seus spin-offs tem longos anos de trajetória pela frente.

Vale mencionar, os milhares de easter eggs que o evento Black Mirror traz consigo, que são simplesmente espetaculares e empolgantes; bom ficar atento em todo o cenário. Mas, o cargo chefe fica por conta da possível explicação de como todos os episódios se conectam e da provável data da quinta temporada do show televisivo, que pode ter sido dada de maneira sutil aos assinantes do serviço de streaming.

O ponto fraco, fica por conta do falso livre arbítrio. Muitos pensaram que seria uma fábula onde o espectador teria o direito de decidir 100% o destino das personas, mas apesar de necessário, é entediante e cansativo ser obrigado a voltar a mesma cena várias vezes. Por sua vez, a Netflix estava certa, nós nos sentimos culpados após estabelecer os caminhos que os personagens seguirão.

Bandersnatch é espetacular e inovador. Após seu término, deixa saudades, torcendo para que uma continuação seja feita. Todavia, sem sombras de dúvidas, com a boa aceitação dos internautas, a Netflix ou até mesmo outros estúdios, começarão a apostar todas as suas fichas em filmes nesse estilo, afinal, sempre é bom sentir um pouco na pele o que os personagens de determinado meio de entretenimento estão passando.

Obrigado, até a próxima e lembrem-se, Pac-Man é mais que um simples joguinho arcade.