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Black Mirror: Bandersnatch | Infinitas escolhas, mas apenas um final para a loucura

Escrito por Daniel Estorari

Um breve aviso: a coluna (ou crítica, como preferir) que você lerá a seguir, foi redigida com base nas escolhas e conclusão feitas por mim (como todos os meus outros textos, não contém spoilers). Contudo, não possuo conhecimento a respeito dos outros quatro finais, afinal, essa é a graça; assistir o evento Black Mirror dezenas de vezes até poder ”desbloquear” todos os desfechos possíveis.

Criado por Charlie Brooker, Black Mirror é comercializado como uma série original Netflix, que tem como intuito criticar a rotina do homem cada vez mais dependente da tecnologia, usando uma linguagem pesada e alarmante. Por sorte, o longa metragem antológico Bandersnatch não é nem um pouco diferente. Mas, diferentemente dos seus ”irmãos”, a película é conduzida de maneira semelhante aos jogos Until Dawn (2015) e Detroit: Become Human (2018), onde o telespectador pode fazer as suas próprias decisões. Dessa forma, surge incontáveis crônicas partindo de um único ponto de vista.

Enquanto adapta um romance de fantasia para videogame em 1984, um jovem programador começa a questionar o próprio conceito de realidade e acaba enfrentando um desafio alucinante. Bem-vindo de volta.

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Óbvio que sua ambientação oitentista não foi escolhida a toa, pois além de proporcionar momentos nostálgicos, as drogas Maconha e LSD estavam em alta na época, que serviram como dois elementos importantíssimos ao decorrer da trama, até sua famigerada conclusão. Além das substâncias, os jogos desse período são utilizados como pano de fundo para ajudar a mente psicopata do personagem de Fionn Whitehead a se concentrar mais no seu dia a dia.

Por falar em Fionn, que já participou de Dunkirk, sua atuação está em um nível além do convencional. É evidente que o artista trabalha de forma delicada para construir o seu papel, que não guarda  sua loucura para si, ao contrário, ele tenta espalhar sua ”palavra” através de gestos e ações com que o telespectador se una com sua personalidade caída. Assim, nasce um império de sociopatas.

Já o programador vivido pelo famoso  Will Poulter, é a outra figura que se destaca em BandersnatchMas, diferente de Fionn, que é uma pessoa mais introvertida, Poulter usufrui dos problemas alheios para se autobeneficiar em certas ocasiões. É o tipo ”amigo que bate na sua cara”. Mas de longe, é um problema, pois sem ele, não teria ninguém que abriria a mente do nosso personagem principal para o mundo.

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Como um bom e velho Black Mirror, Bandersnatch é conduzido em cima de uma lição de moral; simples, mas essencial. A produtora (Netflix) e muito menos Brooker, se saturaram ao decorrer que os outros anos foram lançados quando o quesito é inovar, pelo contrário, a criatividade ainda reina, provando para todos que o seriado e seus spin-offs tem longos anos de trajetória pela frente.

Vale mencionar, os milhares de easter eggs que o evento Black Mirror traz consigo, que são simplesmente espetaculares e empolgantes; bom ficar atento em todo o cenário. Mas, o cargo chefe fica por conta da possível explicação de como todos os episódios se conectam e da provável data da quinta temporada do show televisivo, que pode ter sido dada de maneira sutil aos assinantes do serviço de streaming.

O ponto fraco, fica por conta do falso livre arbítrio. Muitos pensaram que seria uma fábula onde o espectador teria o direito de decidir 100% o destino das personas, mas apesar de necessário, é entediante e cansativo ser obrigado a voltar a mesma cena várias vezes. Por sua vez, a Netflix estava certa, nós nos sentimos culpados após estabelecer os caminhos que os personagens seguirão.

Bandersnatch é espetacular e inovador. Após seu término, deixa saudades, torcendo para que uma continuação seja feita. Todavia, sem sombras de dúvidas, com a boa aceitação dos internautas, a Netflix ou até mesmo outros estúdios, começarão a apostar todas as suas fichas em filmes nesse estilo, afinal, sempre é bom sentir um pouco na pele o que os personagens de determinado meio de entretenimento estão passando.

Obrigado, até a próxima e lembrem-se, Pac-Man é mais que um simples joguinho arcade.

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Sobre o Autor

Daniel Estorari

With great powers...