A Funimation, serviço de streaming de animê que estreou no Brasil em 2020, liberou mais informações sobre seu catálogo para a Temporada de Verão de 2021. Em especial, anunciou cinco títulos que receberão dublagem em português, no esquema de “simuldub”. Vale lembrar que a nomenclatura das temporadas de animê são baseadas nas estações do ano no hemisfério norte, assim, a “Temporada de Verão 2021” equivale ao nosso inverno, entre Julho e Setembro. Conheça os títulos:
“The Case Study of Vanitas”, um dos títulos que receberá simuldub (Reprodução: Funimation)
● The Case Study of Vanitas (simulcast já disponível, com legendas em português; episódios dublados devem ser disponibilizados em breve)
Um vampiro jovem e cauteloso une esforços com um médico enigmático. Sua missão? Descobrir a “cura” para todos os vampiros.
● How a Realist Hero Rebuilt the Kingdom (simulcast já disponível, com legendas em português; episódios dublados devem ser disponibilizados em breve)
Kazuya Souma é coroado rei num mundo de fantasia e planeja melhorar as condições de seu reinado com uma reforma administrativa. Sim, isso mesmo!
“Scarlet Nexus”, outro título que será dublado pela Funimation (Reprodução: Funimation)
● Scarlet Nexus Kingdom (simulcast já disponível, com legendas em português; episódios dublados devem ser disponibilizados em breve)
Salvo pela “Força de Supressão de Criaturas” quando criança e munido de habilidades especiais, Yuito se alista a um grupo de elite formado especialmente para combater os “inimigos da Terra”. A prodígio Kasane também é escolhida por suas habilidades. Os sonhos estranhos e recorrentes de Kasane acabam arrastando os dois protagonistas para um destino inevitável.
● Sonny Boy (simulcast, em breve)
O colégio onde Nagara estuda vai parar em outra dimensão e seus alunos desenvolvem poderes estranhos e novas formas de rivalidade. Será que eles conseguirão sobreviver a esse ambiente hostil e suportar uns aos outros?
“The Dungeon of Black Company” é um dos cinco títulos que serão dublados para português (Reprodução: Funimation)
● The Dungeon of Black Company (simulcast já disponível, com legendas em português; episódios dublados devem ser disponibilizados em breve)
Kinji não quer saber de trabalhar e faz o possível para ficar longe de qualquer ofício. Tudo vai bem até ele se ver endividado num mundo completamente novo. Vivendo sob as regras de uma mineradora demoníaca, ele será capaz de se livrar dessa roubada?
O sistema de simuldub da Funimation funciona da seguinte forma: Com um atraso de algumas semanas em relação ao lançamento original (com áudio em japonês), um episódio dublado é lançado por semana, para os usuários assinantes, até a obra estar concluída. Depois, todos os episódios continuam na plataforma e ficam disponíveis para todos os assinantes.
Além dos cinco shows já citados, a Funimation conta com outros animês para a Temporada de Verão 2021, totalizando 15 títulos em transmissão simultânea com o Japão, e legendas em português. Você pode ver a lista completa aqui. Vale reforçar que a empresa ainda não deu uma data para o início do lançamento dos episódios dublados.
Mais uma semana, mais uma resenha semanal de “The Detective is Already Dead” (ou “Tanmoshi“, para abreviar o título japonês). Caso tenha perdido, a explicação da coluna e o comentário do primeiro episódio estão aqui.
O segundo episódio nos trouxe o começo da história de fato. Se o primeiro episódio foi uma grande introdução (e bota grande nisso, 47 minutos…), o de hoje foi quando finalmente colocamos as cartas na mesa e ensinamos como se jogar. Então vamos falar do que vimos!
Seja lá o que você esteja pensando sobre o animê, não pode negar que pelo menos bonito ele está… (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)
Episódio 2: “Ainda me lembro, depois de todo esse tempo”
A primeira cena nos trouxe uma última memória da Siesta e do antigo Kimihiko. Em questão de direção, foi uma escolha interessante, especialmente pelo jeito como ela começa: Nós vemos um avião no céu, nos lembrando de onde eles se conheceram, e os dois trocam uma conversa descontraída, exatamente como fizeram ao longo de todo o primeiro episódio. A função dessa cena foi para contrastar com o que vimos na semana passada. Se antes tivemos a duração inteira para os dois se conhecendo e interagindo no “passado”, para então termos uma pequena cena com o Kimihiko “do presente”, justamente para entendermos esse contraste entre as duas interações do garoto… no segundo episódio, tivemos a mesma coisa, mais invertida: tivemos uma pequena cena com a interação passada dele, para podermos contrastar com quem ele é hoje, que ocuparia todo o resto do episódio.
Descobrimos que o timeskip foi de quatro anos. Quatro anos! Fiquei impressionado com a passagem tão grande de tempo. Não por serem quatro anos em específico, mas gostei do fato de que agora, o Kimihiko é um aluno do terceiro ano do ensino médio. “Qual a importância disso, Vini?” você pode se perguntar. E é uma pergunta válida! A resposta é mais banal do que você deve estar imaginando, porém: Normalmente, animês que se passam no ensino médio nos mostram protagonistas como sendo alunos do primeiro ou do segundo ano. Quando tratam de alunos do terceiro ano, eles são vistos como “criaturas místicas, entidades superiores e misteriosas que irão MORRER ao final do ano letivo”, e sempre achei esse tratamento engraçado. Por isso, quando acompanhamos alunos que estão, de fato, no terceiro ano, o clima da obra parece mudar. Por exemplo, em “Just Because!“, acompanhamos alunos do terceiro ano em busca de entender o que o futuro deles reserva. Parece que os autores olham para a diferença de um ano e acham que é o suficiente para mudar completamente o gênero da narrativa. Quero ver como isso vai ser aplicado em “The Detective is Already Dead”.
Continuando, temos a apresentação da nossa “nova protagonista”… se é que dá pra dizer assim? Nagisa Natsunagi teve uma primeira impressão forte. Positiva? Acho que não, mas “forte”, com certeza. Conforme o episódio foi passando, eu consegui entender o tipo de personagem que ela é. Deu pra ver a personalidade e jeito de ser dela, e a cada cena que se passava, a introdução dela parecia mais e mais fora de personagem. Toda a primeira cena dela, com as ameaças, a mão na boca e os comentários sádicos foram extremamente esquisitos. A ideia que foi passada nessa cena foi completamente diferente de todo o resto que aconteceu no episódio. Mesmo com uma explicação futura, sobre como ela poderia estar “sendo influenciada” a fazer as coisas que fez… isso ainda não explica a mudança tão drástica.
Não importa o quão absurdo a coisa seja, sempre vai ser o fetiche de alguém… Talvez essa seja a explicação? (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)
Isso é pura especulação minha, mas o formato e a direção da cena me lembraram de Bakemonogatari. A cena clássica onde a garota, Senjougahara, enfia um grampeador na boca do garoto, Araragi, assim que se conhecem. A única coisa que consigo pensar, após ver várias referências no episódio anterior, é que o autor (ou diretor, não sei se essa cena é original do animê, embora pareça impactante demais para ser) quis homenagear essa outra obra, colocando uma cena parecida na sua própria. Acontece que em Bakemonogatari, a garota é daquele jeito mesmo. Ela é meio maluca, e por isso, enfiar um grampeado na boca de um desconhecido é algo que se enquadra na personagem dela. A impressão que todo o episódio passou sobre a Nagisa é de que ela é uma garota boa e honesta. Esquentadinha? Sim, mas com um bom coração (Ha! Trocadilhos!). A cena inicial parece deslocada e desnecessária.
Voltando ao protagonista, vimos como o “novo” Kimihiko é, depois de tudo que passou. Gostei bastante do jeito como ele foi escrito, pois eu consegui perceber que o “espírito” do garoto que conhecemos ainda está ali: Ele ainda é brincalhão, tranquilo e gentil, embora essas características tenham sido deixadas um pouco de lado por conta de seu amadurecimento. Amadurecimento esse que aconteceu tanto pela passagem do tempo, como pelo trauma que ele viveu. A conversa que ele teve com a Nagisa no café foi um bom exemplo disso, onde ele mostrou tanto alguns “tiques” que adquiriu com a Siesta, mas ainda se manteve autêntico com o que vimos anteriormente. Também achei interessante o quanto ele acabou se aproximando daquela policial, a Fuubi. É uma relação que parece bastante natural, dado o que ele passou os últimos quatro anos fazendo, e até o que ele fazia antes. Foi um toque legal.
Com a construção do episódio, estava claro que o coração que a Nagisa recebeu era, de fato, o da Siesta. Em nenhum momento eu tive dúvidas disso. Mas ter a confirmação de algo é completamente diferente do que apenas pensar sobre. Eles conseguiram explicar de uma forma que ficou tanto interessante como impactante ao mesmo tempo. As reações de ambas as personagens envolvidas foram dentro do que eu imaginava, mas, de novo, estar dentro da expectativa não faz com que o resultado seja medíocre: O Kimihiko mostrou seu amadurecimento ao ficar emocionado e até em negação, mas sem ter uma crise exagerada; e a Nagisa mostrou ainda mais a sua personalidade, de que é alguém que se baseia muito em sentimentos, mas que não é totalmente incapaz de usar a razão para puxar alguém de volta do mundo da lua.
Eu adoro tapões na cara, principalmente quando eles são merecidos. Esse foi merecido. (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)
Uma coisa que eu não gostei no episódio, porém, foi a cena onde os dois se encontraram na rua. Sim, você sabe do que eu estou falando: Quando passamos cerca de dois minutos falando sobre os peitos da Nagisa. É uma situação que está ali para ser engraçada, mas que acaba sendo simplesmente vergonhoso, principalmente por não se encaixar no contexto. Isso chega até a ser irônico, pois ontem mesmo eu estava falando sobre como a vergonha alheia é justamente o que faz “Girlfriend Girlfriend” ser engraçado. E, como eu comentei naquela postagem, é uma questão de atmosfera: Todo o resto do animê está se levando a sério, e mesmo possuindo ótimas cenas de humor, elas são de um outro tipo de humor, um que faz sentido de existir no contexto “sério” de “The Detective is Already Dead“. A cena acaba sendo apenas vergonhosa, e não uma “vergonha engraçada”.
Considerações Finais (Bem, “parciais”, mas vocês entenderam)
Esse episódio foi bem mais fraco do que o da semana passada, e isso já era de se esperar. É normal começarmos com um estouro, para prender a atenção de quem está assistindo, para então diminuir a tensão e explicar o que tá rolando de verdade, essa técnica é mais velha que andar pra frente. Isso só quer dizer que eles estão seguindo o ritmo comum de obras do gênero, e que daqui algum tempo, já estaremos investidos demais no animê para desistir. Se você quiser desistir, a hora é agora. Eu vou continuar.
A cena de exposição no café me fez espumar pela boca um pouquinho, pois “exposição num café” já virou um meme de tanto que acontece em animê. Parece que não tem outra forma de contar o que está acontecendo, e não duvidaria se isso estivesse sendo feito propositalmente, como uma forma de circlejerk entre os autores japoneses. Desavenças pessoais à parte, a cena até que se desenvolveu de forma satisfatória, com um bom uso da ambientação.
Por fim, achei incrível a inversão de papéis que aconteceu nesse episódio. Dessa vez, foi o Kimihiko que estava na posição de pessoa informada, daquele que sabe o que está acontecendo. Sendo que semana passada, esse papel era da Siesta, e o garoto estava no papel que, essa semana, foi da Nagisa. Essa inversão se encaixa tanto com o que eu comentei sobre a primeira cena do episódio, como serve para mostrar a gentileza do Kimihiko: Quando se viu em uma inversão de papéis, ele fez questão de dar uma escolha para Nagisa. Uma escolha que ele não teve. Quando se encontrou com Siesta, ele acabou “arrastado” para a situação, sem ter chances de recusar. Ele quis ter certeza de que a Nagisa poderia fazer essa escolha, de que ela não precisaria substituir a Siesta na vida dele, que ela poderia continuar sendo ela mesma. Mesmo com toda a influência e tutelagem da Siesta, o Kimihiko continuou sendo ele mesmo. Excelente toque para caracterizá-lo.
O animê está disponível na Funimation, com novos episódios aos domingos, e legendas em português. Além de “The Detective is Already Dead”, a Funimation também anunciou diversos outros títulos para a temporada de verão de 2021.
Nem só de resenha semanal vive um redator, e por isso, voltaremos às origens para falar uma vez só de algo que acabou de sair, para talvez revisitar com outra postagem no futuro: Mais um “Primeiras Impressões“!
O animê de hoje se chama “Girlfriend Girlfriend” (No original, “Kanojo mo Kanojo“, カノジョも彼女), baseado num mangá com arte e roteiro por “Hiroyuki“, ainda inédito no Brasil. Até o momento, o show possui dois episódios, animados pelo estúdio Tezuka Productions, e com direção de Satoshi Kuwahara.
No Brasil, os direitos de exibição simulcast são da Crunchyroll, que disponibiliza a seguinte sinopse e trailer:
Naoya, o protagonista, está no primeiro ano do colegial. Ele se declara para Saki, sua paixão de infância, que aceita se tornar sua namorada. Sua vida não podia estar melhor, quando uma bela garota chamada Nagisa o convida para sair. Indeciso e incapaz de magoar uma garota tão gentil quanto a Nagisa, Naoya chega a uma conclusão inusitada, dando início a um novo tipo de comédia romântica!
Vamos começar falando do elefante na sala. Simplesmente não vai ter como termos uma conversa franca sem alinharmos expectativas quanto a isso, então precisa ser falado o quanto antes:
Sim, este é um show sobre um “trisal” adolescente. É um caso de poliamor que se encaixa na definição de dicionário do termo. Não há “mas”, não é “poréns”, as três personagens estão num relacionamento aberto e estão todas cientes disso.
Com isso dito, a pergunta que eu faço para você, leitor, é a seguinte: Isso te incomoda? Isso é um problema? E faço essa pergunta com a cara mais lavada do mundo. Não quero pagar de diferentão, de desconstruído, nem nada do tipo. A minha opinião sobre o assunto (e, sinceramente, a sua também!) não poderia ser menos importante. Estou simplesmente alinhando expectativas pro resto do texto.
A ideia do show é justamente usar essa situação, que é bastante “inusitada” (principalmente no contexto em que acontece), como fonte de humor. E tudo nasce a partir disso. Se isso for algo que te incomoda, o animê simplesmente não é para você. E tudo bem! Faz parte, cada um tem seu gosto. A única coisa que eu peço é a seguinte: Ao menos tente assistir, pensando que se trata de uma comédia. Você não precisa levar o conceito a sério, e isso independe da sua opinião sobre o quão real o poliamor pode ser na vida real. Pois isso é uma ficção, e o próprio show deixa claro que não está se levanto a sério. Por que você deveria levar?
As duas reações mais comuns ao ler a sinopse (Reprodução: Crunchyroll)
Pronto, chega, sermão dado, oração feita, expectativas alinhadas. Vamos falar do animê em si, agora que sabemos que estamos olhando para uma comédia:
Um dos tipos mais clássicos de humor japonês é o “Manzai“, onde temos um “cara sério” (chamado de “Tsukkomi“) e um “cara bobo” (chamado de “Boke“). A ideia desse tipo de show é que o “cara sério” serve como a voz da razão, e reage aos comentários absurdos do “cara bobo”. E por qual motivo eu estou explicando isso ao invés de falar do animê, como prometi no parágrafo anterior? Pois isso é essencial para entender o show.
Embora tenhamos apenas três personagens principais, eu diria que podemos enquadrar quatro “coisas” nos títulos anteriores: Temos três Bokes e um Tsukkomi. O “cara sério” é, claramente, a garota que parece ser a mais sensata do grupo, SakiSaki (ou apenas “Saki”). Não haveria nada demais nisso, se ela fosse um Tsukkomi tradicional, que simplesmente reage aos absurdos dos Bokes e corta o barato deles. Acontece que a Saki é um Tsukkomimuito fraco, ela não tem a frieza e o bom senso necessários para aguentar tanto absurdo. Afinal, ela precisa lidar com seu namorado, Naoya, e a namorada dele, a Nagisa, como Bokes. E, pra piorar, a própria situação em que eles estão pode se enquadrar como um gigantesco, onipresente e francamente genial Boke.
O que me fez dar tanta risada com os dois primeiros episódios de “Girlfriend Girlfriend” foi justamente essa dinâmica pouco comum, onde a Saki, não conseguindo segurar as rédeas da situação, acaba se juntando ao absurdo e cada vez mais se vê afundadando na areia movediça dos outros dois. É um caso semelhante ao que existe em “A Destructive God Sits Next to me“, embora lá, o protagonista “sério” tinha um pouco mais de “força” para segurar os seus Bokes. Não o suficiente, mas já gerava um tipo diferente de humor.
E já que estamos falando de personagens, o ponto alto do show, pra mim, foi o fato de que não tem um único que se salva ali. Tá todo mundo completamente biruta. Se erguer o braço, Deus leva. Mesmo a Saki, que deveria ser a pessoa mais sã entre os três, já está muito mais pra lá do que pra cá, e é justamente essa instabilidade dela que se encaixa tão bem com a honestidade do Naoya, e com a inocência da Nagisa, para nos dar uma dinâmica maravilhosa. É uma dinâmica um pouco “cringe“, para usar o termo da moda? Sim, com certeza. Especialmente quando os adolescentes começam a discutir sobre sexo. Mas a ideia é justamente essa, é engraçado justamente por ser vergonhoso.
Eu fiquei o episódio inteiro pensando nessa imagem do The Joker™
Falando um pouco sobre a parte técnica, eu tenho dois comentários indispensáveis pra fazer: O primeiro é sobre a qualidade da atuação de Sakura Ayane, a dubladora da Saki. Com um alcance de voz absurdo, ela conseguiu dar vida a todo o caos e volatilidade necessários para interpretar a garota. Em um momento, ela está falando normalmente, e na próxima frase, já está gritando como se sua vida dependesse disso. É esse tipo de reação exagerada (que todas as personagens tem) que fazem o Manzai ser engraçado pra mim, e ter uma dubladora tão talentosa como a Sakura Ayane trabalhando nisso facilita muito o humor.
O segundo ponto é o uso cirúrgico da trilha sonora e de efeitos sonoros para incrementar cada piada. Cada música e cada som foi colocado com uma maestria, que somente uma pessoa extremamente qualificada conseguiria tal proeza. O responsável é o diretor de som Satoshi Motoyama, que trabalhou em mais comédias do que eu posso contar, e tem o know-how pra fazer mágica com os ouvidos.
Vi muitos comentarem que “Girlfriend Girlfriend” lembra muito de outro mangá-que-virou-animê, “Rent-a-girlfriend” (no Brasil, foi adaptado para “Namorada de Aluguel” pela Editora Panini). E, de certo modo, lembra mesmo. Porém, eu não poderia ter tido uma experiência mais desagradável com “Namorada de Aluguel“, e o motivo é simples: Ele tentava ser levado a sério. Ele tentava ser uma história coesa e sensata. No final, ao tentar tocar uma trama de novela, as desavenças se destacaram muito mais do que o humor, e ficamos com um show sobre relacionamentos abusivos, ao invés de uma comédia.
É até bom eu ter tocado nesse assunto, pois é uma preocupação que eu tive assistindo “Girlfriend Girlfriend“: Isso parece que poderia se tornar um relacionamento abusivo muito rapidamente. Embora estejamos tratando tudo na brincadeira e na suspenção de descrença, é um desenvolvimento que poderia acontecer facilmente, se assim o autor desejasse. Eu espero que não, e que continuemos pensando apenas no absurdo da situação para darmos gostosas risadas.
Minha cara quando a comédia-romântica inevitavelmente vira um drama na segunda metade (Reprodução: Crunchyroll)
Com um humor absurdo e absurdamente bem bolado, “Girlfriend Girlfriend” foi uma das estréias mais divertidas da temporada, e será o animê que ficarei mais ansioso por assistir. Se fosse para dar uma nota para esses dois primeiros episódios, seria um sólido 9/10, e, claro, acompanhado do recado de que o show é melhor apreciado ao não ser levado a sério.
O animê está disponível na plataforma de streaming Crunchyroll, com legendas em português, e novos episódios todas as sextas.
Um dos mangás mais populares da atualidade, Vinland Saga foi adaptado para animê em 2019, pelo Estúdio Wit. Desde então, os fãs tem pedido por mais, e esse pedido finalmente se tornará realidade.
Em um evento que ocorreu ontem (07), para a comemoração de dois anos da adaptação em animê, foi anunciado que a segunda temporada do animê já está em produção. Embora ainda não tenha sido dada uma data para o início de sua exibição, nem detalhes técnicos como o estúdio que produzirá a animação, alguns nomes do elenco foram divulgados:
Shuhei Yabuta retornará como diretor da série, após dirigir a primeira temporada;
Takahiko Abiru continuará o trabalho que fez na primeira temporada como designer de personagens.
Além dos nomes, também foi liberado um novo visual para a segunda temporada, que mostra o protagonista, Thorfinn; um vídeo com uma retrospectiva do que aconteceu até então (com legendas em inglês disponíveis); e três imagens promocionais, desenhadas pelo diretor e designer já mencionados, e uma desenhada por Makoto Yukimura, o criador do mangá. Confira abaixo:
Novo Visual (Reprodução: Twitter Oficial, @V_SAGA_ANIME)Ilustração pelo criador, Makoto Yukimura (Reprodução: Twitter Oficial, @V_SAGA_ANIME)Ilustração pelo Designer de Personagens, Takahiko Abiru (Reprodução: Twitter Oficial, @V_SAGA_ANIME)Ilustração pelo diretor, Shuhei Yabuta (Reprodução: Twitter Oficial, @V_SAGA_ANIME)
O autor do mangá, Makoto Yukimura, tweetou, em japonês e em inglês, uma mensagem de agradecimento e disse estar esperando pela nova temporada junto com os fãs:
The second season of the anime Vinland Saga is in production. I am very happy to be able to convey the news that the fans expected. I am also looking forward to the second season. Let's wait for the follow-up news together.
Tradução-livre: “A segunda temporada do anime Vinland Saga está em produção. Eu estou muito contente de poder dar a notícia que os fãs estavam esperando. Também estou ansioso pela segunda temporada. Vamos esperar juntos por novas notícias.“
“Vinland Saga” é um mangá com roteiro e arte por Makoto Yukimura, e está em publicação no Japão desde 2006, ainda em andamento com 24 volumes. No Brasil, o mangá é publicado pela Editora Panini, que lança a obra em dois formatos: O formato regular (desde 2014), e o formato 2-em-1 (desde 2020), e você pode encontrá-los na Amazon.
O animê foi lançado em 2019, e atualmente está disponível apenas na Amazon Prime Video, com legendas em português. O site dá a seguinte sinopse para o show:
Em torno do fim do primeiro milênio, os Vikings, a tribo mais poderosa, porém também bárbara, estavam se espalhando por toda parte. Thorfinn, filho do maior dos guerreiros, passou a infância no campo de batalha e vivia em busca de Vinlândia, a terra de seus devaneios. Esta é a saga de um guerreiro real em uma era turbulenta.
Nem só de obras completas vive um redator, e por isso, fujo da panela para cair no fogo. Querendo engajar mais com os leitores, me propus a comentar semanalmente um novo animê dessa temporada: “The Detective is Already Dead“. Como o bom mistério que é – ou que se propõe a ser, mas isso será discutido já já – esse show pode vir a ser um exercício mental interessante, ao comentarmos semana a semana o que está acontecendo. Se a ideia der certo, pretendo continuar com outros animês no futuro.
Primeiro, vamos conhecer o show: “The Detective is Already Dead” (no original em japonês, “Tantei wa mou, shindeiru“, ou “探偵はもう、死んでいる”) é baseado numa Light Novel de mesmo nome, que ainda está em publicação, com apenas cinco volumes lançados pela MF Bunko J. A obra, de autoria de nigozyu (二語十) e com ilustrações de Umibouzu (うみぼうず), ainda é inédita no Brasil. O animê está em produção no Estúdio ENGI, e conta com um interessante comitê de produção.
Sua sinopse é a seguinte, cortesia da Funimation, que detém os direitos de exibição do animê no Brasil:
Reprodução: Funimation
Barrar o sequestro de um avião ao lado da bela detetive de cabelos prateados, Siesta, transforma a vida do jovem Kimihiko. O sucesso dos dois os lança em solucionar crimes e confrontar organizações mundo afora por anos até a morte de Siesta. Deixado para trás cheio de perguntas, Kimihiko segue com sua vida. Mas agora, um novo caso pode reabrir as feridas curadas ao se conectar com um assassino, uma conspiração mundial e sua parceira morta!
Com um primeiro episódio duplo, tivemos quase 47 minutos para conhecer a história, as personagens, e o universo que o animê quer nos contar. Mas e aí? O que eu achei? Vale lembrar que, como toda resenha, ela reflete apenas a opinião do autor, e de ninguém mais. Pra piorar, temos apenas um episódio para avaliar a situação. Todo o recado dado, vamos lá:
Episódio 1: “Atenção, passageiros: Há algum detetive a bordo?”
O episódio começa com uma clássica cena de exposição. É claro que precisamos ouvir o protagonista contar, em um solilóquio, quem ele é de uma forma bem pouco natural. Mas isso só precisa ser chato se você quiser que seja. O jeito como o nosso personagem principal conta sobre sua vida é bastante bem-humorada (bom humor que, aliás, parece ser uma característica do rapaz), e transforma a introdução em uma pequena esquete de humor. Como meu professor de teatro costumava dizer, “o verdadeiro humor é a desgraça alheia“, e isso talvez se aplique bem demais ao Kimihiko.
Quando conhecemos Siesta, a auto-proclamada “lendária detetive”, fica claro o tipo de personagem que ela é. É bastante comum termos personagens “geniais”, com capacidades absurdas em determinadas coisas, terem uma personalidade que não se encaixa na fantasia da posição que eles possuem. A Siesta é relaxada, talvez até “folgada” em alguns sentidos, e parece usar uma “inocência” para esconder sua natureza gentil. Claro que não tivemos tempo o suficiente para julgar, mas ela parece ser uma garota genuinamente boa, enquanto não podemos ter certeza se a sua atitude “bobalhona” é uma fachada ou não.
99% anjo, perfeita, mas aquele 1%… (Reprodução: Twitter Oficial, @tanteiwamou_)
Uma coisa que me pegou desprevenido foi a súbita aparição de elementos fantasiosos na história. Claro que existe a tag “sci-fi” atrelada ao show, mas não esperava que fôssemos tão longe. Pela sinopse, imaginei que teríamos apenas um show investigativo, mas realista, que se passa num futuro próximo. O máximo que eu pensei que teríamos eram projeções holográficas ou coisas assim. Mas não que isso seja ruim! Até acabo ficando mais interessado por conta disso.
O episódio inteiro foi incrivelmente bem animado, com um design que eu achei muito bonito, e que foi consistente ao longo de toda a duração. Um destaque que eu dou é a cena de “combate”, que aconteceu na primeira metade. Mais do que uma animação bonita, um combate interessante precisa ter uma boa coreografia. E eu adorei a coreografia de “The Detective is Already Dead” até então: A intensidade da luta foi passada tanto pelos movimentos caóticos e imprevisíveis, como também pelas consequências que ele deixou nos arredores. E ela também foi caótica, como era de se esperar, considerando que estamos acompanhando o “ponto de vista” do protagonista, que não fazia ideia do que estava acontecendo. Isso também vale para a trilha sonora, que eu gostei bastante, e acredito ter acrescentado à experiência.
O ponto alto do episódio pra mim, porém, foi a química entre os dois protagonistas. As interações entre a Siesta e o Kimihiko são hilárias, de uma forma bastante natural. O clima de humor do animê inteiro é super agradável, com piadas mais “prontas” sendo usadas na hora certa, e na quantidade certa, enquanto as piadas mais sutis são constantemente jogadas na sua cara (até mesmo uma referência a JoJo!). O Kimihiko é um tipo de cara que acaba sendo arrastado pras coisas, ele querendo ou não; enquanto a Siesta é uma garota de presença forte, que arrasta os outros ao seu redor. O fato de ambos serem bastante “bobos”, cada um em um sentido diferente da palavra, faz com que eles sejam bem complementares, alternando seus papéis como Boke e Tsukkomi. Eles são uma dupla perfeita.
Também queria comentar sobre como o animê usou, principalmente na primeira metade, a questão do protagonista “não ter ideia do que diabos está acontecendo”. Quando você esconde informações de um determinado grupo que inclui os espectadores, manter esse teatro por muito tempo pode levar a irritação. Eu, pelo menos, acho insuportável quando tentam fazer um mistério ao dar as informações para todo mundo, menos você. Deixar só uma pessoa no escuro enquanto todos ao redor sabem e parecem estar dando risadinhas às suas costas (cof cof Attack on Titan). Quando isso é usado para o humor, porém, você consegue um resultado interessante, se não exagerar na dose. O jeito como a Siesta evitava propositalmente dar respostas concretas para o Kimihiko foi feito para gerar uma situação engraçada, e também para nos mostrar os limites da paciência do garoto. Quando foi necessário, eles pararam com isso.
Participação especial: Loira do Banheiro (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)
Considerações Finais (Bem, “parciais”, mas vocês entenderam)
Embora o episódio “duplo” tenha sido simplesmente a junção de dois episódios completamente independentes, entendi o valor de tê-los unidos: Como a detetive já está morta, o impacto é muito maior ao terminar a primeira impressão com a sua morte, acompanhada de um titledrop, e, se entendi direito, de um timeskip. Embora isso me deixe um pouco triste, pois gostei muito da interação entre os dois, esse animê não é sobre a Siesta, mas sim, sobre Kimihiko. Juntar os dois episódios serviu para nos dar mais tempo com os dois, sem termos “tempo” de absorver essa situação, que um intervalo de uma semana nos daria. Assim como ela chegou, Siesta também se foi: Intangível, Intensa, Imprevisível.
Gostei bastante do que vi, e já estou bastante investido nas personagens. Nem tanto na trama, mas o suficiente, eu diria. Esperarei ansiosamente pelos domingos, para poder assistir mais um novo episódio de “The Detective is Already Dead“, e, claro, comentar com vocês.
O animê está disponível na Funimation, com novos episódios aos domingos, e legendas em português. Além de “The Detective is Already Dead”, a Funimation também anunciou diversos outros títulos para a temporada de verão de 2021.
Julho marca o início da chamada “Temporada de Verão” dos animês. Verão, é claro, no hemisfério norte, pois aqui estamos em pleno inverno. Uma nova temporada também significa novos shows e o retorno de alguns já queridos do público. Confira abaixo todos os – até então – novos animês que estarão disponíveis na Funimation a partir de Julho, junto com um vídeo, disponibilizado pela plataforma, com uma prévia de alguns dos shows:
A lista completa de títulos anunciados até o momento segue:
“The Case Study of Vanitas”
The Case Study of Vanitas
Um vampiro jovem e cauteloso une esforços com um médico enigmático. Sua missão? Descobrir a cura para todos os vampiros.
How a Realist Hero Rebuilt the Kingdom
Kazuya Souma é coroado rei num mundo de fantasia e planeja melhorar as condições de seu reinado com uma reforma administrativa. Sim, isso mesmo!
My Hero Academia Season 5 (com legendas e áudio em português)
Endeavor reluta, mas acaba acolhendo os alunos que estão sob sua proteção. Enquanto isso, o guarda-costas de All For One coloca a Liga dos Vilões em seu devido lugar. Mas, antes que eles se recomponham, surge uma organização sinistra para destruir a Liga.
Sonny Boy
O colégio Nagara, misteriosamente, vai parar em outra dimensão, e seus alunos desenvolvem poderes estranhos e novas formas de rivalidade. Será que eles conseguirão sobreviver a esse ambiente hostil e suportar uns aos outros?
The Honor at Magic High School
Recém-chegada à Magic High School, Miyuki é boa aluna e sonha aproveitar a escola na companhia de seu irmão mais velho, Tatsuya, um estudante pouco dedicado. Mas um racha entre as duas classes pode atrapalhar seus planos. Tudo leva a crer que Miyuki vai brilhar muito. Spin-off da famosa série “The Irregular at Magic High School“.
“The Dungeon of Black Company”
The Dungeon of Black Company
Kinji não quer saber de trabalhar e faz o possível para ficar longe de qualquer ofício. Tudo vai bem até ele se ver endividado num mundo completamente novo. Vivendo sob as regras de uma mineradora demoníaca, ele será capaz de se livrar dessa roubada?
Higurashi: When They Cry – SOTSU
Novo na vizinhança, Keiichi Maebara está se adaptando à vida no pacato vilarejo de Hinamizawa. Ele chegou a tempo do grande festival do ano e tem feito amizade facilmente com as meninas do colégio. Mas algo nessa vila isolada parece não estar bem e Keiichi desconfia que essa pequena comunidade esteja escondendo segredos obscuros. Nova temporada da famosa franquia “Higurashi“, cuja temporada anterior está, também, na Funimation.
RE-MAIN
Produzido pelo aclamado estúdio MAPPA, RE-MAIN mergulha no mundo do pólo aquático. O protagonista, Minato Kiyomizu, fera no esporte, abandona a modalidade após sofrer um acidente. Agora, cursando o ensino médio, ele volta a encarar o pólo, integrando uma equipe que enfrenta uma série de contratempos.
Life Lessons with Uramichi Oniisan
A história acompanha a jornada de Uramichi Omota, um homem de 31 anos que parece ter dupla personalidade. Uramichi trabalha com atividade física e aparenta ser uma pessoa animada. Mas, fora do campo de visão, o que se nota é um milenial desiludido e inconformado com a vida adulta. Conforme a trama se desenrola, a série explora as imperfeições dessa fase da vida.
The Duke of Death and His Maid
Devido a uma maldição sofrida na infância, tudo aquilo em que Duke põe as mãos morre. Mas ele tem a companhia de sua empregada para ajudá-lo.
“Scarlet Nexus”
Scarlet Nexus
Salvo pela “Força de Supressão de Outros” quando era criança e munido de habilidades especiais, Yuito se alista a um grupo de elite formado especialmente para combater os inimigos da Terra. A prodígio Kasane também é escolhida por suas habilidades. Os sonhos estranhos e recorrentes de Kasane acabam arrastando os dois protagonistas para um destino inevitável.
Kageki Shojo!!
As jovens alunas da Escola de Música e Artes Cênicas Kouka Kageki se preparam para integrar um grupo teatral renomado e tradicional, chamado Kouka Acting Troupe, formado apenas por mulheres. Desde a época de escola, passando pelos palcos, até outras fases da vida, essas jovens são capazes de encarar qualquer desafio, graças à paixão pelo teatro.
Kingdom Season 3
Um menino sem nome e um jovem rei cresceram em uma nação atormentada pela guerra. O garoto já provou sua coragem incontáveis vezes no campo de batalha e, embora ele e o rei tenham lá suas diferenças, acabam tornando-se bons companheiros.
Blue Reflection Ray
Juntos, uma dupla de amigos um tanto inusitada usará seus poderes para ajudar a solucionar problemas emocionais e a proteger os “Fragmentos” de coração das pessoas.
The Stranger by the Shore
Shun Hashimoto é um rapaz solitário até o dia em que conhece Mio Chibana. Eles se apaixonam. Mas, logo após o encontro, Mio viaja para longe. Anos depois, ele retorna e, finalmente, se declara. Será, no entanto, que Shun ainda nutre os mesmos sentimentos por Mio?
A Funimation está no Brasil desde 2020, como mais uma opção de streaming para os amantes de animês, oferecendo um extenso catálogo de títulos completos e fazendo simulcast (a transmissão simultânea de novos episódios, assim que são lançados no Japão) de novos shows, tudo com legendas em português. A plataforma também oferece a opção de dublagem em português do Brasil para alguns de seus shows.
A essa altura, já deveríamos ter adicionado a palavra “isekai” ao dicionário. Não só da lingua portuguesa, como de todos os idiomas. É um termo tão recorrente quando o assunto são animês, que explicamos mais vezes do que gostaríamos de admitir. De forma breve, se traduz como “outro mundo“. Para uma descrição mais aprofundada, recomendo um outro texto: O Futuro do Isekai e “My Next Life as a Villainess”
Quando se cria um mundo completamente novo (e claro, uso o termo “completamente novo” com licença poética), você cria quantas oportunidades quanto você quiser. Esse mundo pode abrigar qualquer tipo de história ou narrativa, cabendo apenas ao autor decidir o que fazer com ele. Assim, é muito comum encontrarmos isekais onde temos uma trama épica, de proporções catastróficas. Onde a personagem principal é colocada numa posição onde precisa lutar contra o mal (ou pelo mal!), precisa estar no centro da ação para viver ou sobreviver. São situações extremamente incomuns no nosso mundo, e por isso, requerem um mundo de fantasia para acontecer.
Como você pode já saber, dragões são super irados, mas, infelizmente, não existem em nosso mundo… Precisamos de um novo, se quisermos dragões.
Mas, recentemente, temos visto o crescimento de um tipo específico de fantasia. Uma história tão absurda para o nosso mundo, que realmente requer um mundo completamente novo para ser viável. Mas ela não envolve guerras, conflitos ou destruição eminente. A fantasia que vem se popularizando como sub-gênero do isekai é a de viver uma vida tranquila.
Colocando dessa forma, chega a ser um pouco triste, não é? E de certo modo, não deixa de ser mesmo. Um dos temas mais comuns para o início desses shows está em uma situação que se torna cada vez mais comum no Japão (principalmente lá, mas não exclusivamente), que é o excesso de trabalho. As chamadas “Black Companies“, empresas onde pessoas morrem de trabalhar (as vezes, literalmente), por violações nas leis trabalhistas e cargas absurdamente altas de horas-extras, muitas vezes sem remuneração adequada.
Com abusos de seus superiores, uma promessa vazia de crescimento de carreira, e ameaças de ter seu nome sujo no mercado caso desistam, muitos jovens acabam presos nesse ciclo tóxico de viver para trabalhar.
A história de Azusa é apenas uma de várias como a dela…
E é a quebra desse ciclo, e um desejo por uma vida tranquila e de paz, que dá início a dois dos animês que terminaram sua exibição recentemente. Ambos abordam essa mesma temática, mas cada um consegue tomar seu próprio rumo e, dentro de gêneros diferentes, usar o melhor que seu respectivo gênero tem a oferecer para dar às nossas protagonistas um tão merecido descanso.
Esses shows são, é claro, “I’ve been killing slimes for 300 years and maxed out my level” e “The Saint’s Magic Power is Omnipotent“. Só de ler os dois nomes em sequência, eu já deveria cobrar hora extra… Mas vamos falar sobre eles.
No primeiro título nós acompanhamos, com todo o bom humor que uma comédia pode nos dar, a nova vida de Azusa, reencarnada em um novo mundo de fantasia e magia, após morrer de trabalhar.
Após trezentos anos de paz e tranquilidade, uma quantidade honestamente absurda de acontecimentos em sequência faz com que, aos poucos, a protagonista comece a repensar sua estrutura familiar. Talvez, a companhia de algumas pessoas não seja tão ruim, não é?
Com uma atmosfera aconchegante e acolhedora, a Bruxa das Terras Altas consegue “montar” uma família feliz, para finalmente receber a interação “humana” (bem… élfica, dracônica, demoníaca, fantasmagórica… vocês entenderam) e o amor fraternal que ela precisou abandonar em sua vida passada.
Numa mistura quase que perfeita de humor absurdo, previsibilidade como forma de imprevisibilidade, interessantíssimas interações de personagem, incrível trabalho técnico (principalmente de sonoplastia e visuais) e clima fofinho ownnt cuticuti, “Killing Slimes” se firmou como meu show predileto da temporada, e, até aqui, também do ano.
Já no segundo título, nós acompanhamos a nova vida de Sei, evocada para um novo mundo de fantasia e magia, deixando para trás um planeta Terra onde trabalhava exaustivamente.
Ao contrário de “Killing Slimes“, que é uma galhofa proposital, a história da nossa Santa em “Saint’s Magic Power” é surpreendentemente pé no chão. É claro que é necessário um certo grau de suspensão de descrença para lidar com toda a abobrinha mágica, mas quando isso é colocado de lado, vemos uma mulher adulta que lida com a sua vida de forma racional. E “racional” não significa “chata”: Sei é uma mulher de ótimo humor, com um repertório de vida que faz seus pensamentos serem bastante interessantes.
Embora sua vida não seja tão “tranquila” quanto a de Azusa, Sei está, também, vivendo uma realidade que não tinha em seu mundo original: Uma rotina onde ela se sente realizada, onde ela consegue deitar na cama no final do dia e, mesmo que cansada, pensar que tudo valeu a pena. É uma demonstração de que a exaustão pode ser, também, um sinal de que você está se divertindo com o que faz.
Com uma sinceridade que faz falta nos dias de hoje, o animê consegue ser sério e divertido ao mesmo tempo. E ele também serve como um refúgio para quem está cansado de ver séries sobre adolescentes, pois tem um elenco de adultos, e, mais importante, que agem como adultos.
Você pode assistir “I’ve Been Killing Slimes For 300 Years and Maxed Out My Level” na Crunchyroll, com legendas em português, e também com a opção dublada, que está sendo lançada semanalmente (e, até o momento, temos cinco episódios com dublagem brasileira). Já “The Saint’s Magic Power is Omnipotent” está disponível, com legendas em português, na Funimation.
Clichês são, de certa forma, o ápice da literatura. Afinal, para que algo se torne um clichê, ele precisa ser usado à exaustão, e só existe um motivo para quererem usar algo tanto assim: Essa coisa precisa ser boa. Quando chegamos no patamar de clichê, porém, a necessidade de inovação se torna maior e mais importante, fazendo com que mudanças e reviravoltas precisem ser adicionadas ao seu roteiro. Um exemplo clássico disso são as velhas histórias de vampiro. Desde “The Vampyre“, tivemos diversas pessoas tentando fazer algo novo: Bram Stoker, Stephenie Meyer, Jorge Fernando…
E como o nome sugere, “Vlad Love” é uma história de vampiro. Ao menos, é a ideia que ela tenta te passar. Só que dessa vez, o destaque está na reviravolta que precisa existir para saírmos do clichê: Existem coisas pequenas e existem coisas grandes. Existem coisas enormes, e existem coisas colossais. E, acima de tudo isso, existe seja lá o que aconteceu nesse show.
A sinopse e o trailer, ambos cortesia da Crunchyroll:
Mitsugu Bamba é viciada em doar sangue, e visita bancos de sangue tão frequentemente que chega a atrair a inimizade das enfermeiras. Certo dia, Mitsugu encontra uma bela garota que parece ter vindo do exterior. Ela é tão pálida que parece prestes a desmaiar, então Mitsugu decide levá-la pra casa…
Para entender o que, e principalmente, o como isso sequer saiu do papel, precisamos conhecer o responsável (ou “culpado“, se preferir) por tudo: Mamoru Oshii.
Atualmente o meu diretor predileto, esse homem é responsável não apenas por títulos que você conhece, mas também por difundir uma boa parte dos diversos esteriótipos de animê que são usados até hoje.
Como cineasta, dirigiu filmes que quebraram recordes, como Ghost in the Shell (1995, com sequência em 2004) e Patlabor (1989, com sequência em 1993). Para o nosso contexto, porém, creio que seu maior mérito esteja em Urusei Yatsura, animê de 1981, que é a própria definição do gigante naquela famosa frase de Isaac Newton, sobre “ver mais longe“.
Se esses nomes não te deram contexto nenhum, significa que você não está familiarizado com esse lado da internet, e, muito provavelmente, “Vlad Love” seria um baque grande demais pra você suportar.
Por mais incrível que possa parecer, esse nem é o clube mais esquisito da escola
Aí você pega um diretor que, pelo histórico que tem, sabemos que gosta de fazer coisas absurdas e impensáveis… e dá a ele carta branca para fazer o que ele quiser, do jeito que ele quiser. Como foi um animê completamente patrocinado por uma única empresa privada, Mamoru Oshii recebeu o dinheiro e teve a liberdade de simplesmente fazer o que diabos ele tivesse afim. Ele não precisava ser coeso, ele não precisava criar algo que fizesse sentido. Ele podia apenas fazer por fazer. A habilidade – e, talvez, a possibilidade – de criar tantas tangentes quanto ele quisesse é, indubitavelmente, a própria essência de o que é o “caos“. E a frase anterior é pomposa de propósito.
Não vou contar tudo o que acontece na animê, para você ainda ter a chance de viver essa experiência surreal em primeira mão, mas só para te dar uns exemplos: Temos desde referências a quadrinhos avant-garde da década de 60; pausas de vários minutos para ler artigos da Wikipedia sobre assuntos diversos; Escolhas artísticas e visuais que são ousadas até mesmo para o próprio Mamoru Oshii… São coisas tão absurdas que quando chegamos na violência gratuita, nas quebras de quarta parede e nas piadas com direitos autorais, elas parecem até normais demais.
Por mais incrível que possa parecer, essa nem é a pausa para ler um artigo da Wikipedia mais esquisita do show
O resultado é que, em sua essência, Vlad Love não é uma história. O animê é apenas um delírio coletivo, uma alucinação liderada por um homem louco e que não tem nada a perder, e que está disposto a entregar uma experiência surrealista e irracional para qualquer pessoa insana o bastante para querer recebê-la. Ao abraçar o caos em sua mais pura forma, o show se torna a própria definição de “comédia“, ao ser completamente impossível de se prever, tal como dita o terceiro princípio do gênero.
E, se não conhece os três princípios da comédia, um outro show pode te apresentar ao conceito: “A Destructive God Sits Next to Me“.
Assim como uma seita, é preciso aceitar a doutrina completamente sem pé nem cabeça e se tornar um seguidor fanático. Sem essa aceitação, o animê simplesmente não funciona, e por isso, ele acaba sendo extremista: Ou você o ama religiosamente, ou você o odeia tanto quanto o diabo odeia a cruz. Se você acha que gosta de humor absurdo e nonsense, Vlad Love é, com certeza, um teste para ver se isso é verdade.
Por mais incrível que possa parecer, essa nem é a quebra de quarta parede mais esquisita do animê
Se acredita que é verdade, eu não poderia recomendar mais esse show, que, acredito eu, foi o responsável por queimar o resto dos fusíveis que eu ainda tinha funcionando na cabeça. E eu os queimaria novamente com o maior prazer.
Caso seja o seu tipo de animê, a única avaliação possível para “Vlad Love” é Diamante. Mas só se for o seu tipo de animê.
Você pode assistir “Vlad Love” completo na plataforma de streaming Crunchyroll, com legendas em português.
Posso começar esse texto dizendo que sempre tive uma ideia quase que utópica de felicidade – e a palavra “estabilidade” foi predominante no meu conceito. Nós nascemos, crescemos um pouco, entramos na escola. Estudamos. Crescemos um pouco mais, nos formamos. Trabalhamos, e trabalhamos bastante. Se ousarmos escapar mesmo que de forma sutil dessa linha imaginariamente consensual, sofremos o risco do arrependimento ou até mesmo do medo de não estarmos seguindo o que se considera o mais aceitável. Mas… é só isso então? A vida é um corredor estático e segue apenas uma direção? O descobrimento de nossas próprias indagações não estaria entrelaçado unicamente à nós mesmos?
Ok, admito que essa foi uma introdução longa, mas no decorrer do texto vocês vão entender onde eu quero chegar.
Lançado em 1995, Golden Boy é um anime de 6 episódios, produzido pela Shueisha em conjunto com a KSS. Baseado no mangá de mesmo nome, o criador Tatsuya Egawa nos apresenta à jornada do jovem Oe Kintaro, um rapaz de 25 anos que optou por “largar tudo” e viajar com sua fiel bicicleta pelo Japão. Kintaro decidiu que iria aprender sobre a vida, percorrendo seu país não em busca de si mesmo, mas em busca de um aprendizado que só poderia ser conquistado através de uma vivência única.
Ao longo dos 6 episódios, vemos o personagem passar de cidade em cidade, de trabalho em trabalho, sempre buscando aprender o máximo que pode no lugar em que se encontra. O desapego que Kintaro tem com relação ao que a maioria considera como essencial é o que permeia toda a essência do anime, nos mostrando como a alegria pode ser encontrada nas menores e mais simples coisas.
No primeiro episódio, o jovem acaba conseguindo um emprego como faxineiro de uma empresa de informática comandada por mulheres. Mesmo ocupando uma função “simples” e que nada tinha a ver com a computação, Kintaro está sempre com um caderno em mãos, anotando tudo que as suas chefes lhe dizem e até mesmo tudo que elas falam entre si sobre programação e tecnologia. O ânimo em absorver o que o atual momento lhe proporciona é inclusive reparado pelas moças, que veem no jovem uma curiosidade excepcional.
Numa noite, ao estar sozinho no trabalho após o expediente, Kintaro vê um dos computadores ligados, e, numa falha tentativa de poupar energia e ajudar a natureza, desliga o aparelho. O ato ecológico, no entanto, acaba por jogar fora todo o trabalho de meses da empresa, que estava desenvolvendo um programa de computador para um exigente cliente. Perdendo o emprego, Kintaro sente que precisa, de alguma forma, compensar o erro e ajudar as mulheres, começando então a ele mesmo desenvolver o programa que havia deletado. Consultando suas próprias anotações do seu tempo na empresa e mais diversos livros, o jovem consegue criar do zero um software ainda melhor do que o deletado, entregando o arquivo na empresa com um pedido de desculpas e agradecendo por todos os ensinamentos que teve.
Ao perceberem o resultado e o talento de Kintaro, as empresárias procuram pelo jovem, que já havia subido em sua bicicleta e partido rumo à uma nova aventura. O rapaz sente que sua função ali já foi cumprida, que aprendeu o que podia e que conseguiu, de alguma forma, ajudar as pessoas que conheceu.
Em outro momento, vemos Kintaro agora trabalhando em um restaurante de massas artesanais. Morando provisoriamente em um quarto na casa dos proprietários, Oe fala que vai partir assim que o braço do responsável melhorar e o mesmo já puder preparar os pratos sem dificuldades. No decorrer desse tempo, percebemos como o jovem se importa com a família que o contratou – e o acolheu -, dando duro no trabalho, ajudando no que precisa e, o mais importante: vemos como ele está feliz em estar ali.
Sabemos – nós expectadores e a família do restaurante – que a estadia de Kintaro é passageira; sabemos que ele seguirá seu caminho e que as pessoas que ele conhecerá não embarcarão na mesma jornada. Entretanto, mesmo tendo ciência desses fatos, sentimos quando a despedida acontece. Novamente, ao sentir que ali cumpriu sua missão, Kintaro parte, carregando consigo a experiência que adquiriu e os laços que criou.
Kintaro nos faz refletir sobre nossos próprios conceitos de felicidade e aprendizado, nos ensinando (mesmo sendo ele quem está buscando aprender) a olharmos para as oportunidades como uma nova forma de encarar a vida. Percebemos como muitas pessoas irão passar pelos caminhos de Oe e que, mesmo que elas não permaneçam, suas marcas serão eternas. A solidão de constantes separações acaba sendo compensada pelas belas paisagens que conhece, pelos lugares que visita e pelos encontros que essa incrível jornada lhe proporciona. E, uma coisa eu posso afirmar: Kintaro é feliz. Kintaro leva a felicidade aonde vai, e, do seu jeito, transforma a vida de quem cruza seu caminho, nos mostrando que parte da trajetória também é a partida.
Mesmo sendo um anime ecchi, com cenas de insinuação sexual e até mesmo nudez, Golden Boy consegue empregar a sexualidade de uma forma eficaz, sendo coerente com a narrativa, mesmo que as vezes acabe pesando um pouco na dose. Cabe ressaltar que, por ser uma produção de mais de 20 anos atrás, temos muitos conceitos e entendimentos da época, fazendo com que algumas cenas e piadas se tornem “datadas”. A animação é muito bem feita e produzida, tendo o estilo único que os anos 90 proporcionaram para os padrões estéticos e de traçado. Recomendo essa obra, do fundo do meu coração, não somente aos amantes de animações japonesas, mas à todos que procuram uma trama diferenciada quanto à mensagem que traz. O anime pode ser encontrado na Crunchyroll, clicando AQUI.
PS: se te der vontade de pegar uma bicicleta e sair pelo mundo… não esqueça: a vida é boa e merece ser vivida todos os dias.
Não faço segredo para ninguém que comédias-românticas são um dos meus gêneros prediletos. Eu adoro comédias no geral, e defendo que animê, como mídia, é perfeita para gerar humor. Juntar a mídia perfeita com um dos subgêneros mais bem sucedidos dela é como um pastelzinho com caldo de cana: Mesmo se der errado, ainda vai ter valido a pena.
Com autoria de Negi Haruba, “As Quíntuplas” (no original, “Gotoubun no Hanayome“) é um mangá de comédia-romântica, completo no Japão em 14 volumes, e que se transformou em, até o momento, duas temporadas de animê, com 24 episódios no total. E, é claro, foi a minha inspiração para essa postagem.
Quando a primeira temporada saiu, em 2019, eu comentei sobre ela no “Primeiras Impressões“, e o show acabou se tornando o meu animê predileto daquele ano – desbancando títulos como Kaguya-sama e Demon Slayer – e por um bom motivo: Foi uma das melhores comédias-românticas que eu já assisti, a ponto de me fazer sobreviver 2020 para assistir a segunda temporada. E ainda bem que eu consegui.
Eu pensando no pastelzinho com caldo de cana enquanto escrevo o resto da postagem
Com o mangá recentemente lançado no Brasil, eu tive a oportunidade de consumir a mídia das duas formas: No original e na adaptação. E fico muito feliz em poder dizer que as duas são equivalentemente boas, com cada uma delas trazendo aspectos e características diferentes para uma mesma história, fazendo com que cada versão possa agradar um público diferente.
Fora as mudanças claras que existem na forma de consumir cada mídia (e isso, talvez, já pode servir como diferenciação de público. Eu, por exemplo, não tenho costume de ler mangá, então fiquei um pouco desconfortável com o livro em mãos), os dois grandes fatores em jogo são cor e som.
Isso pode parecer óbvio, mas a mera existência desses dois fatores faz com que o animê seja uma experiência completamente diferente. Quando tratamos das irmãs Nakano, nós sabemos que elas são quíntuplas idênticas. Logo, não deveria existir diferença na voz ou na cor dos cabelos entre as cinco garotas. Isso não é um problema no mangá, que é todo em preto-e-branco, e onde a voz não passa de um balão de fala. Quando elas “brincam” de trocar de lugar uma com a outra, a versão impressa torna a história muito mais acreditável, e levanta mistérios muito mais potentes, por nunca sabermos, de fato, quando alguma irmã está se passando por outra, ou qual delas é a responsável.
Por outro lado… O animê diferencia as garotas com cores de cabelos imaginárias, e nenhum produtor em sã consciência deixaria sua dubladora fazer cinco personagens num show semanal (que era a ideia inicial, como pode ser visto nesse comercial do mangá, que precede o animê), então temos também diferentes vozes. Como você pode imaginar, isso destrói completamente a brincadeira de adivinhação, fazendo com que o show acabe se tornando acidentalmente mais engraçado, de tão idiota que é a situação. E pra mim, que veio assistir uma comédia-romântica por conta do primeiro pedaço, isso é um ponto positivo.
Ok, o tamanho dos cabelos entrega um pouco… Mas a falta de cor já ajuda a confundir todas as cinco, não ajuda?
Aliás, já que toquei no assunto… Apesar de gostar muito de comédias-românticas, elas parecem ter um problema que é estrutural, impossível de fugir: Elas costumam virar um drama na segunda metade.
E isso não é exatamente um “problema“… Acaba sendo uma das características que fazem o gênero ser o que é, e, para muitos, pode ser o fator determinante entre gostar ou desgostar de uma obra.
Aí eu só posso falar por mim, mas tem vezes que essa virada de chave é muito repentina e/ou muito brusca pro meu gosto. Eu não me importo muito com o drama, mas eu simplesmente prefiro a comédia, então, quando o show faz um completo 180º e se torna um drama completo, isso me deixa um pouco decepcionado.
Talvez seja um “azar” meu, mas esses casos de troca violenta de ritmo parecem ser muito comuns, pelo menos nas coisas que eu assisto. Por causa disso, eu precisei aplaudir de pé a coragem que “As Quíntuplas” teve ao ser muito mais sutíl em sua abordagem dessa mudança, que, aparentemente, é obrigatória em todo e qualquer tipo de comédia-romântica.
Em sua segunda temporada, o animê entra na inevitável parte dramática, e ao perceber o caminho que estávamos indo, eu já revirei meus olhos em desgosto. Porém, vocês podem imaginar o tamanho do meu sorriso ao perceber que, embora o drama tivesse chegado, o humor havia se mantido. Num balanço quase inacreditável de cenas sérias e cenas absurdas, o show conseguiu ter quase dois arcos inteiros e consecutivos de histórias de novela, sem abandonar suas raízes como comédia, fazendo com que eu me mantivesse dando risadas mesmo quando o mundo estava literalmente em chamas.
É um caso exatamente oposto ao de outra comédia-romântica que eu já comentei aqui: Oregairu. Não me levem a mal, eu adoro Oregairu, e acredito ser um dos finais mais satisfatórios que eu já vi, mas… Logo no começo da sua segunda temporada, o show parece desistir de ser uma comédia e fica totalmente dedicado ao drama. Eu precisei parar de encarar as aventuras de Hachiman como uma comédia, e começar a encará-las como um drama. E como um drama, elas são excelentes.
No momento, o drama é assistir elas serem vacinadas e eu não estar nem próximo de tomar a minha…
Como já comentado, a mágica desse gênero está em atrair tanto quem goste de drama (e precisa passar por um sofrido começo cômico), como quem gosta de comédias (e acaba sofrendo com os finais dramáticos de suas obras prediletas). Com um desenvolvimento que mescla os dois lados da moeda, Negi Haruba parece ter empatado seu cara-ou-coroa ao derrubá-la de lado, trazendo tanto gregos como troianos para sua obra, com essa decisão tão diferente que parece até esquisita.
E ninguém esperava por isso. Não só com “As Quíntuplas“, mas com todas as comédias-românticas que existem, os fãs não sabem como uma obra vai se direcionar. Quanto tempo ficaremos na parte “cômica“, até entrar o drama? A história vai virar uma novela? Se sim, vai virar “Amor de Mãe” ou “Ti Ti Ti“? São perguntas que só podem ser respondidas conforme a própria obra se encaminha para seu desfecho. Se eu não fosse químico e odiasse o uso errôneo desse exemplo, poderia dizer que toda comédia-romântica é um “Drama de Schrödinger“, e que talvez esse mistério seja o maior motivador de fãs do gênero.
Caso tenha ficado interessado em “As Quíntuplas“, e queira conferir por você mesmo, o mangá é licenciado no Brasil pela Editora Panini, e você pode encontrar os volumes já lançados na Amazon. Se preferir o animê, as duas temporadas estão disponíveis na plataforma de streaming Crunchyroll, sob o nome “The Quintessential Quintuplets“, e possuem legendas em português.