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Resenha Semanal | The Detective is Already Dead #07

É o início da segunda metade da temporada, e então, temos a sétima postagem sobre “The Detective is Already Dead“. Como sempre, as resenhas semanais dos primeiros episódios estão aqui:  #01 | #02 | #03 | #04 | #05 | #06.

Insistindo no flashback que parece não nos levar a lugar nenhum, passamos um terceiro episódio no passado. Mas dessa vez, eles ao menos tentaram corrigir o problema que vimos nas semanas anteriores. Vamos comentar!

Captura de tela do episódio 7 de "The Detective is Already Dead", mostrando Siesta.
Minha cara de bolado assistindo mais um episódio de flashback… (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)

Episódio 7: “Na hora, você se lembrará desse dia”

O que eu comentei nas outras vezes foi a falha principal de um flashback: Você já saber o que vai acontecer remove totalmente a tensão da história. Essa semana, o animê se esforçou para contornar esse problema, ao focar no que acontece com a Alicia. Afinal, o que acontece com a Alicia? Não sabemos, e o ponto é justamente esse. Qual é o destino dela? Qual o passado dela? Não temos essas informações, e por conta disso, mesmo uma história que se passa no passado consegue ter algum tipo de drama.

Além disso, o episódio ainda trabalhou, com certo grau de sucesso, em um “caso de detetive”. O olho esquerdo do Kimihiko estar machucado e a Alicia “resolver esse mistério” serviram como um aperitivo, para nos lembrar que, mesmo com eles não se esforçando em mostrar, isso ainda é um animê de detetive. Claro que foi um golpe um pouco baixo, pois não estávamos pensando nesse mistério, mas foi um mistério que começou na nossa frente, mostrou pistas para nós ao longo de todo o episódio, e foi resolvido com as informações que nós tínhamos. Então bem… Um ponto positivo?

Mas como não dá pra deixar só com elogios, tenho que reclamar do enorme desperdício que foi gastar metade do episódio com seja lá o que aquilo deveria ser. Pra começar, quem que deixou essas crianças beber? Não sabemos a idade da Siesta, tudo bem, mas o Kimihiko é menor de idade! E toda a cena que transcreveu com os dois bêbados e as várias insinuações sexuais não serviu para nada! Por um momento, achei que poderia ser uma preparação para algum acontecimento, não sei, talvez um ataque inimigo enquanto eles estavam fora de si, ou o fato de estarem agindo de forma diferente do normal fosse um catalisador para um momento de epifania. Mas não, a cena acabou e a história prosseguiu como se nada tivesse acontecido. Foi uma cena puramente de fanservice. Não vejo problema em fanservice, mas poxa, pelo menos escolhe um momento mais oportuno né? Não coloca no meio de um flashback que já está muito mais longo do que deveria ter sido…

Captura de tela do episódio 7 de "The Detective is Already Dead", mostrando Siesta.
Eu fiquei a cena inteira pensando “isso vai servir para algo, né?” só para o Kimihiko literalmente ir dormir de calça jeans… (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)

Considerações Finais

Continuo com a impressão das postagens anteriores: O animê está tão próximo de conseguir fazer algo legal, mas não tá conseguindo firmar o pé no chão. Pra mim, a única coisa que realmente me diverte é o fato de o autor fazer questão de que todas as garotas destratem o protagonista. Pois o Kimihiko tem uma personalidade combativa, então ele retruca de volta, e esse humor tem sido o ponto salvador de “The Detective is Already Dead“. Isso, e a piada de que eles estão sempre sem um único tustão furado no bolso. Eu também sempre dou risada disso.

Mas, de resto, a história está caminhando num ritmo absurdamente lento. Isso, se pudermos considerar que está caminhando, afinal, já é o terceiro episódio em que estamos no passado. Para quem estava achando que teríamos uma curta retrospectiva para introduzir o novo caso, isso está sendo um martírio.

Uma luz no fim do túnel, porém, parece ser que a história vai engrenar no próximo episódio. Só que nessa altura do campeonato, estar esperando o negócio engrenar? A maior parte das pessoas já desistiu, você não pode se dar ao luxo de demorar tanto.

Captura de tela do episódio 7 de "The Detective is Already Dead", mostrando Alicia.
Não precisa ser um Xeroque Rolmes para saber que a galera desiste fácil das coisas hoje em dia (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)

O animê está disponível na Funimation, com novos episódios aos domingos, e legendas em português. Além de “The Detective is Already Dead”, a Funimation também anunciou diversos outros títulos para a temporada de verão de 2021, incluindo algumas dublagens para o português.

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Resenha Semanal | The Detective is Already Dead #06

Com o sexto episódio, chegamos na metade da temporada de “The Detective is Already Dead”, e também, na metade das resenhas semanais. As anteriores, como de praxe, estão aqui: #01 | #02 | #03 | #04 | #05.

Continuando no passado, seguimos aventuras sem peso e sem emoção, apenas como preparação para um acontecimento futuro. Como o animê parece não respeitar o nosso tempo, eu irei respeitar o seu, falando bem mais brevemente do que nas semanas anteriores. Vamos comentar o que vimos:

Captura de tela do episódio 6 de "The Detective is Already Dead", mostrando Hel.
Monstrão gigante só pode significar uma luta irada, né? Bem… (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)

Episódio 6: “Demônio Carmesim, Rainha do Gelo”

Voltando de onde paramos semana passada, vimos a luta de um robô gigante contra um monstro maligno mais apática da história do entretenimento de massas. Eu fiquei impressionado com o nível do “combate” e da “perseguição” que aconteceu, principalmente por saber que eles podem fazer melhor do que isso. Eles já fizeram! Ambos os grupos se movimentavam de forma esquisita, protagonizando uma cena anti-climática de assistir e que beirou a paródia, mas que esqueceram de fazer com que fosse engraçada.

A segunda metade nos apresentou a uma nova personagem, Alicia, que parece ser importante para o futuro da série, mas que no momento, aparenta ser apenas uma criação para ticar vários pré-requisitos de uma lista. É claro que o anime baseado em uma light novel precisava de uma garota de 19 anos (a idade que ela terá no presente, quando voltarmos para lá) que aparenta ter oito. E é claro que ela precisa apontar para o protagonista e imediatamente assumir que ele é um tarado. É um tipo de humor que, pra mim, não cola. E olha que eu sou bem aberto com humor!

Aliás, um comentário rápido sobre interações: Que conversinha mais sem-vergonha essa da Hel com a Siesta, ein? Esse papo da vilã de “aceitar ser o lado ruim da história“, e a insistência dela com essa história de “destino” me cansam. Existe uma linha a ser cruzada quando você quer ser espalhafatosamente melodramático, mas eles não conseguiram cruzá-la com a Hel, fazendo com que ela soe apenas como um esteriótipo. Pelo menos tivemos mais da famosa interação da Siesta com o Kimihiko, que tem sido a salvação do animê.

Captura de tela do episódio 6 de "The Detective is Already Dead", mostrando Siesta.
Não sei, é a câmera numa posição estranha? Pois o resto funciona… (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)

Considerações finais

Mesmo com diversos acontecimentos, o episódio pareceu não ter importância nenhuma para a história geral. Não sou contra algum tempo tranquilo entre momentos de ação, para acalmar os ânimos e dar uma chance das personagens (e dos espectadores) descansarem. Mas um episódio de repouso é o que você normalmente esperaria após um episódio tenso e cheio de nervosismo. E o episódio passado claramente não foi isso.

Outro problema que eu tenho observado desde o segundo episódio, mas que se mostrou descaradamente no sexto, é a falha na composição de cenas. As coisas parecem que não “se encaixam” na tela, elas não parecem estar nos lugares certos. Não sou profissional da área e nem entusiasta de animação, então fica apenas como um pressentimento, mas que as cenas parecem não “clicar comigo… Ah, isso parece. Tanto aquela perseguição estranhíssima que comentei acima, como a – supostamente – emocionante cena onde Siesta e Kimihiko conversam entre escombros e chamas, pareceram não estar aptas a transmitir as emoções que precisavam. A música combinava com o momento, a dublagem é de alto nível, e a animação é bonita, mas mesmo assim… As coisas não combinam.

A impressão que eu tenho é que “The Detective is Already Dead” está muito, mas muito próximo de conseguir fazer algo legal. Eles estão a margem de ser um animê interessante e divertido. Mas eles só conseguiram cruzar essa linha no primeiro episódio. Desde então, estão parando no quase.

Captura de tela do episódio 6 de "The Detective is Already Dead", mostrando Siesta.
Também me sinto assim com esses flashbacks, Siesta. Eu te entendo… (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)

O animê está disponível na Funimation, com novos episódios aos domingos, e legendas em português. Além de “The Detective is Already Dead”, a Funimation também anunciou diversos outros títulos para a temporada de verão de 2021, incluindo algumas dublagens para o português.

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Grand Chase Classic: A Pequena Sombra de um Colosso

Se você possuía acesso a internet nos meados da década de 2010, é muito improvável que você nunca tenha ouvido falar de Grand Chase, um dos jogos online que mais fizeram sucesso na história do nosso país. Ele estava presente em redes sociais, vídeos, fóruns, e até mesmo no mundo real, com revistas, propagandas e embalagens de chiclete. Eu sempre tento fugir de clichês, mas Grand Chase foi o que se pode definir como um fenômeno cultural de uma geração. Por causa disso, a comoção na comunidade brasileira, ao descobrir que o jogo seria relançado em 2021, na Steam, com o nome de “Grand Chase Classic”, foi enorme. Principalmente por ter sido um anúncio repentino e que pegou todo mundo de calças arriadas.

Com o lançamento global do jogo no dia 28 de julho, eu passei quantas horas quanto eu pude (e fui capaz) dentro do jogo, para ver se encontrava a felicidade que eu tinha com 12 anos de idade. Não a encontrei, pois não é culpa do jogo, afinal de contas. Mas o jogo também não ajudou. Segue abaixo os meus pitacos nessa resenha sobre o relançamento de GC, o Grand Chase Classic!

Essa é a print mais antiga que eu consegui encontrar (de 2012). O resto se perdeu no Orkut…

História do jogo e minha história com o jogo

Um breve resumo da história do jogo, para quem está caindo de paraquedas: Criado pela empresa coreana KOG, o jogo foi originalmente lançado por lá em 2003, e chegou no Brasil, com administração da Level Up! Games (ou simplesmente “LUG”) em 2006. Se tratava de um jogo grátis com microtransações. Apesar de ter tido servidores em diversos países (como Japão, Estados Unidos e Filipinas, para citar alguns), o servidor brasileiro se estabeleceu como o maior e mais ativo do mundo, tendo frequentemente mais de trinta mil jogadores simultaneos (o que era bastante para a época, e ainda é bastante, embora menos impressionante nos dias de hoje).

Os servidores se mantiveram online até 2015, passando por diversas atualizações, recebendo novos personagens, mapas, sistemas e itens, até serem desativados por uma exigência da própria KOG, que encerrou os serviços oficiais do jogo em todo o mundo. Depois disso, os fãs ficaram órfãos por muito tempo, buscando exílio em outros jogos ou em servidores piratas. Até recebemos uma “continuação”, na forma de “Grand Chase Mobile“, que foi lançado para iOS e Android em 2018, e fez um relativo sucesso, mas ainda assim, não foi a mesma coisa que o original.

Quanto a mim… Bem, eu joguei Grand Chase desde o seu lançamento no Brasil. Eu era uma daquelas crianças que ficava em casa jogando no computador desde muito novo, e era viciado em Ragnarok Online, outro jogo famosíssimo (e que está online até hoje!), também administrado pela LUG. Quando GC foi trazido para o país, a distribuidora não poupou esforços para divulgar seu novo jogo para as pessoas que já jogavam Ragnarok, e com isso, eu acabei caindo em outro buraco sem fundo. Confesso não ter jogado continuamente pelos nove anos, mas usando outros jogos como referência, imagino ter colocado bem mais que cinco mil horas no jogo (Eu tenho 4,5 mil horas jogadas em World of Warcraft, e tenho certeza que joguei mais GC do que WoW, então…).

Grand Chase Classic continua sendo uma experiência de gameplay bem próxima do que era a Season 5 da versão original

Jogabilidade

Voltando para o presente, podemos falar sobre como o jogo se joga. Grand Chase é um jogo de plataforma 2D com modelos 3D, podendo se enquadrar como um “Jogo de Luta“. Cada uma de suas personagens (atualmente apenas quatro, mas com vinte no total) apresenta uma gameplay distinta, com estilos diferentes de combate, uma quantidade razoável de combos que podem ser feitos e emendados uns nos outros, e diversidade até mesmo dentro de um mesmo personagem, com o sistema de árvore de talentos e de classes.

O jogo oferece dois modos: O modo missão, equivalente a um PVE de MMOs, onde você enfrenta monstros em uma sala instânciada em grupos de até quatro jogadores; e o modo PVP, onde até seis jogadores podem se enfrentar em equipes ou cada um por si.

A jogabilidade de GC na nova versão continua praticamente identica àquela que conhecemos do passado. Atacar com “Z”, ficar pulando e correndo de um lado pro outro, emendar um combo com uma habilidade de uma barra de MP, para então tentar dar um agarrão no adversário com o uso do delay, etc. Uma coisa que eu notei, porém, é que o jogo é muito menos responsivo do que minha memória me dizia. As ações dos personagens são permanentes, e o uso de uma habilidade é a única forma de cancelamento que existe. Começou um combo de Lass, que tem uma animação enooooorme, e o chefão acabou de dar um golpe que você precisa pular para evitar? Bem, espero que você tenha uma barra de MP para ficar invunerável!

Talvez o jogo sempre tenha sido assim, e só agora estou notando, por ser mais velho e ter jogado coisas mais novas, mas Grand Chase Classic me pareceu punitivo demais. Você toma uma ação e precisa arcar com todas as consequências dela, mesmo se a sua decisão tenha sido tomada antes das circunstâncias mudarem. Isso é especialmente frustrante ao enfrentar chefes em missões, pois a inteligência artificial dos monstros não é lá muito refinada. De vez em quando, o chefe fica simplesmente parado por vários segundos, sem fazer nada, e então, repentinamente, utiliza várias habilidades e combos, um seguido do outro. Você pode ver a situação e pensar que não há problema começar um combo que irá te travar naquela animação por 1,0~1,5 segundos, para imediatamente ser recebido por um “DANGER” gritado em seu ouvido, sem chance de esquivar.

Porém, sempre dou crédito onde se é devido, e uma coisa boa que existe são as linhas de hitbox de algumas habilidades especiais. Isso não existia nas versões mais antigas do jogo, e muitas vezes você subia numa plataforma, julgando que ali era alto o bastante para desviar do laser do Paradom, só para ser atingido de qualquer maneira. Com a hitbox anunciando o trajeto de ataques, você pode se preparar para evitar os golpes com antecedência.

Eu sempre joguei só de espadachim mesmo, mas é bom ter a possibilidade de usar outras armas, né?

Desafios e progressão de personagem

Conforme você avança nas missões do modo PVE, você evolui de nível de personagem, e desbloqueia novos desafios. Eles funcionam como “quests“, onde você é desafiado (duh!) a fazer alguma coisa em específico dentro de um determinado mapa. Esse sistema, que foi arrumado nas últimas seasons da versão original e já veio como base no Grand Chase Classic, é muito mais instintivo e acompanha seus níveis de forma satisfatória, fazendo com que você sempre esteja numa missão de dificuldade adequada para você.

Acredito, porém, que a principal vantagem do sistema de desafios é que ele ajuda a fazer a repetição não ser tão monótona. O jogo tem, como design, a ideia de que você deve repetir cada missão algumas vezes. Inicialmente duas, mas conforme você vai avançando na história, você precisará repetir o mesmo mapa três, quatro, até cinco vezes. Ficar enfrentando os mesmos monstros, no mesmo cenário, várias e várias vezes acaba se tornando chato, mas os desafios te propõem jeitos diferentes de jogar, quebrando um pouco desse problema. Entre as opções de tarefas, temos coisas como “Realizar ataques pelas costas”, “ser acertado menos de X vezes”, “usar menos de X poções”, e “ativar a habilidade tal”. Parecem coisas bobas, mas que fazem com que você preste atenção no que está fazendo e ativamente altere seu modo de jogo para tentar realizá-las.

Além disso, os desafios oferecem recompensas interessantes, e que te fazem querer fazê-los. Muitos jogos criam sistemas incríveis de quests, mas que não valem a pena serem feitos. Em GC Classic, você recebe grandes quantidades de experiência, assim como itens, equipamentos, mascotes e materiais. Todo prêmio recebido é útil, principalmente no início do jogo, onde você está de bolso furado e qualquer tustão ajuda.

Agora sobre progressão, o jogo faz um trabalho relativamente positivo em te fazer se sentir mais forte, dar a impressão de que você está avançando junto com o seu nível. A árvore de talentos desbloqueia novas habilidades praticamente a cada dois níveis, te dando novas opções de como jogar com sua personagem. São pequenas mudanças que você pode escolher fazer, dependendo do seu estilo de jogo. Elas são pequenas o bastante para que você consiga de acostumar com ela, antes da próxima chegar. E o melhor? As habilidades “de cash“, aquelas que, no jogo antigo, eram bloqueadas e podiam apenas ser compradas com dinheiro real, estão totalmente liberadas, fazendo com que a diversidade de builds seja ainda maior. Jogando de Elesis, eu uso as habilidades e combos que eu costumava usar antigamente, e eu não encontrei nenhum outro jogador de Elesis com a mesma build que eu.

Você também pode realizar os testes de mudança de classe nos níveis 20, 40 e 60, desbloqueando a segunda, terceira e quarta classes do seu personagem, respectivamente. O nível em que os testes são desbloqueados, assim como as exigências deles, são bem colocados na curva de evolução, fazendo com que você faça missões condizentes com o seu nível, e liberando uma nova possibilidade de jogo no tempo certo. Cada classe de um mesmo personagem possui jogabilidade bastante diferente uma da outra, fazendo com que mesmo não possuindo uma árvore de talentos, você possa variar o jeito de matar coisas. Cansou de jogar de espadachim? Pois bem, a partir do nível 20, você pode equipar uma lança e jogar como uma cavaleira, que possui combos e habilidades completamente diferentes.

#ReleaseTheSnydercut do Grand Chase

Enredo e narrativa

Sejamos sinceros, a história de Grand Chase nunca foi seu ponto forte, e isso continua sendo verdade. Mesmo com a reformulação da narrativa nas seasons finais do jogo original, que fizeram com que a história fosse linear, e introduzisse as personagens em momentos mais oportunos, ela não deixou de ser medíocre.

Os diálogos são rasos; não vemos motivações ou vontades de ninguém, seja mocinho ou vilão; a maioria das coisas pode ser resumida em “oh céus! Monstros!” e não agregam em nada… E os momentos que realmente te dão informações interessantes ou mostram caracterizações das personagens, acontecem de uma forma bastante anti-climática.

[spoiler]O maior exemplo disso talvez seja a derrota de Cazeaje. Mesmo que o jogo não se esforce em te explicar o que está acontecendo, ele ainda te joga umas migalhas de vez em quando, dizendo que “óh, o vilãozão é a Cazeaje tá? Vocês tão aqui pra derrotar ela, tudo bem? Ela é a origem de tudo de ruim, ok?“. Então, espera-se que ao menos a sua luta seja algo épico, e os diálogos, impactantes.

Mas o que recebemos é um encontro que se passa no meio de um continente, como se não fosse nada de especial; uma das lutas mais fáceis de toda Ellia; e uma conversa que parece ter sido escrita por um adolescente que acabou de ouvir Evanescence pela primeira vez.

Eu diria que chega a ser decepcionante, mas de certa forma, acaba sendo consistente com todo o resto.[/spoiler]

Há, ainda, uma tentativa de tentar expandir um pouco mais a narrativa, com o texto dos desafios, que comentamos logo acima. Devo dizer que ouvir um panda me falar sobre como eu devo eliminar mosquitos gigantes foi, possivelmente, a parte mais interessante da história como um todo. E isso diz muito sobre a história.

No nível 53, ainda estou usando Elmo, Cota, Sapatos e Capa de nível 39… E meu GP mofando…

A loja e a monetização

E agora nós começamos a listar os muitos problemas do jogo. Como comentado na introdução, o jogo é gratuito para jogar (“free to play“), com microtransações disponíveis. A antiga moeda premium, chamada “Cash“, foi substituída por outra, chamada “VP“, embora sua funcionalidade esteja praticamente inalterada. O que foi alterado, porém, foi o valor da moeda, os valores da loja, e o quanto ela custa.

Por se tratar de um lançamento internacional, o VP é comercializado em dólares. Não houve nenhum esforço por parte da KOG em tentar fazer uma localização dos preços para nenhum país, mesmo tendo a maioria de seus jogadores vindo de locais com moedas fracas, como a Indonésia, a américa latina, e o próprio Brasil. E isso fica ainda pior quando lembramos que o jogo está na Steam, a plataforma que permite a localização de preços de seus produtos. Os valores causaram revolta imediata na comunidade, que fizeram cálculos para mostrar o quão caro o VP está, e entraram em contato com a desenvolvedora.

E quando olhamos para a loja do jogo em si, ficamos com uma certa pulga atrás da orelha. A moeda comum do jogo, obtida gratuitamente e farmável, é o “GP”. Ele costumava ser a principal fonte de equipamentos para as suas personagens, pois os conjuntos eram vendidos na loja, permitindo que você complete imediatamente um novo set, assim que passa de nível e pode equipá-lo. Uma das coisas mais legais do Grand Chase era finalmente chegar no nível 30 e comprar o Pacote do Luar; ou pegar nível 42 para liberar aquele super exagerado Pacote Celestial… E isso não é mais possível. Todos os conjuntos e armas de GP foram removidos da loja, e podem ser obtidos apenas através de drops aleatórios em missões, em baús obtidos após partidas de PVP, ou completando certos desafios. Eles compensaram essa mudança ao aumentar significativamente (acredito que por volta de 90%) as chances do item dropado ser para a personagem que você está jogando, mas ainda estamos a mercê da aleatoriedade.

Disponível na loja de GP, estão apenas alguns acessórios de nível baixo, os desafios de mudança de classe (e alguns outros), e poções de HP (e apenas HP, não há mais poções de MP ou mistas). A moeda se tornou praticamente irrelevante, pois não há nada para ser comprado a longo prazo, além das poções com preços extorsivos.

No geral, mantiveram todas as partes ruins do jogo original no quesito de monetização, enquanto fizeram alterações que pioraram as poucas partes boas que existiam. Eu nunca imaginei que diria isso, mas conseguiram criar um sistema ainda pior do que o que tínhamos sob a LUG.

Ah, você queria se divertir no PVP? Desculpe, não vai rolar. Talvez um dia coloquem rollback netcode? (Não vão)

Os servidores e o lag. Oh céus, o lag!!

Indo direto ao ponto: O negócio está injogável. Completamente sem condições de fazer qualquer atividade em grupo.

Como falado no tópico anterior, Grand Chase Classic é um lançamento global. O jogo está disponível para todo o mundo, e todos os jogadores, seja no Brasil, no México ou na Coreia do Sul, jogam no mesmo servidor. Até existem “servidores” para regiões diferentes (inclusive, a américa do sul é o que possui mais servidores, de longe), mas essa divisão é meramente ilustrativa, pois o servidor físico é, de fato, o mesmo para todos. Os “servidores” que eles oferecem são apenas shards diferentes de um mesmo sistema.

E para piorar, aparentemente eles mantiveram um sistema que era usado no Grand Chase lá de 2003, que é o de local host. Não sou programador, então peço perdão por erros técnicos, mas o que isso significa é que a pessoa que cria a sala (o Líder) é a responsável por enviar as informações pro servidor. Logo, quando você é o líder da sala, o seu ping é zero, pois as coisas estão acontecendo no seu cliente. Agora, quando outra pessoa é o líder, tudo que você faz precisa ser enviado para o líder antes, fazendo com que você experiencie um ping de 300 a 500 ms (OBS: eu não consegui confirmar essa informação, então não levem como verdade absoluta, mas os meus testes e depoimentos de outros jogadores corroboram com essa teoria). Já no PVP, a situação consegue ser ainda mais aterrorizante, pois nem como líder o lag parece passar, fazendo com que qualquer batalha contra outro jogador se torne mais um jogo de sorte do que de habilidade.

Isso faz com que jogar sozinho seja a estratégia mais efetiva. Ou, pelo menos, a menos estressante para todos os envolvidos. Você pode até criar a sua própria sala para ficar sem lag, mas você não se sente mal pelos outros três jogadores, que estarão tendo uma experiência miserável? Esse é um problema que acontece mesmo quando jogando apenas entre conhecidos. Uma sala liderada por um amigo meu, que mora no mesmo estado (questão de 80 quilometros de distância!) ainda gera o lag insuportável.

Tenho que admitir que essa print foi tirada em um momento bem calmo do chat… Normalmente ele está pior. Bem pior…

A comunidade e os jogadores

Talvez isso seja apenas chover no molhado, mas… Vocês sabem como é o gamer médio, não sabem? Grand Chase Classic não fica muito longe disso. Embora exista uma comunidade brasileira bastante ativa e, no geral, bastante amigável, especialmente no ambiente de PVE, a toxicidade absurda sempre vai existir, e a minoria vocal (nem tão minoria assim…) acaba passando a impressão que fica.

O problema da toxicidade é ampliado por dois motivos: O lançamento global, e a distribuição de VP. Vou falar de cada um deles:

Com um lançamento global, temos pessoas de vários países e idiomas jogando em um mesmo ambiente. Você poderia imaginar que a diversidade seria enriquecedora para a comunidade, mas para as pessoas tóxicas, é apenas mais uma forma de ofender o outro. A xenofobia que rola nos chats é um negócio absurdo.

Falando em chats, o segundo problema é justamente a existência de um “chat global“. Na loja de VP, existe um item chamado “Alto-falante”, que permite que você envie uma mensagem para todo o servidor, ficando exposta aos jogadores dentro e fora de jogo. Mesmo numa missão ou numa partida de PVP, essa maldita mensagem estará lá. Isso não seria uma questão tão grave, se o item não fosse acessível a literalmente todo mundo. O jogo te dá alguns “Desafios de Iniciante”, que te ensinam a usar alguns sistemas, e como recompensa, te dá VP. Mas o VP que você recebe após completar tudo é uma quantidade miserável. Não dá para comprar absolutamente nada com esse VP, de forma que gastar meros 100 VP por um Alto-falante acaba sendo um dos únicos usos úteis. Com isso, vocês não fazem ideia das obcenidades que eu li no chat global. Desde ofensas racistas, homofóbicas, xenofóbicas, transfóbicas; todos os palavrões que eu conhecia e até alguns que eu não conhecia; pessoas descaradamente vendendo hacks com pagamento via Pix (é mole?); ou fazendo propagandas de livestreams ou coisas piores.

E já que comentei sobre, o uso de hacks está absurdo e escancarado. Mesmo com alguns banimentos acontecendo, uma grande porção da comunidade está abusando de diversas ferramentas ilegais para ganhar vantagens no jogo. Nesse jogo de 15 anos atrás… Eles são usados em salas abertas, as vezes até mesmo entrando em salas de outras pessoas, e também no PVP. Como se a experiência de jogar com 500ms de ping já não fosse ruim o bastante, você ainda tem que lidar com isso…

Ah, sim, obrigado pelo cA44882Aviso, Elena

Localização, tradução e otimização

Vocês já devem ter percebido por todas as prints ao longo da postagem, mas o jogo está disponível em português do Brasil. Toda a interface, os sistemas, os textos e a dublagem podem ficar em português, inglês ou coreano, alterável nas configurações. Tudo que eles puderam aproveitar do antigo servidor brasileiro, foi aproveitado, e isso é ótimo, pois a localização feita antes era boa. Não era perfeita, mas era aceitável para os padrões da época (que não subiram muito, infelizmente). Acontece que muita coisa precisou ser arrumada, ajustada ou refeita, por conta das mudanças da versão Classic. E essas mudanças não foram muito bem trabalhadas…

Os textos antigos são bem escritos, mas muitos deles não se encaixam em seus devidos lugares, possuem quebras de linha erradas, ou unicodes que não funcionam. Já os textos novos estão um caos, com traduções literais e que parecem ter sido feita por computador, botões que dizem uma coisa mas fazem outra e aparecem com muita frequência (como os diversos botões que parecem ser um tutorial de algum sistema quando, na verdade, são o botão de “gastar todos os seus recursos“… Cuidado com o refinamento…), além de todos os mesmos problemas que os textos antigos.

Esses são detalhes que não afetam a jogabilidade do jogo, e não fazem nenhum estrago (exceto aos meus recursos… maldito botão de refinamento mal traduzido!), mas que no fim do dia, te mostram uma falta de profissionalismo por parte dos desenvolvedores, e passa a impressão de um trabalho mal-feito e apressado.

Não importa os defeitos, os desenvolvedores sabem que você vai ficar aqui por muito tempo. “Então que seja, caçar mil monstros, não importa, coloca aí, eles vão fazer” – KOG dev, provavelmente

Filosofia do jogo e considerações finais

Com todos os defeitos listados, e mais alguns que eu decidi que não valem a pena trazer, a impressão que o jogo passa é que ele não se importa em tentar ser um bom jogo. Ele não se esforça em tentar dar uma experiência agradável e divertida para seus jogadores. Todas as mudanças feitas no jogo parecem direcionadas ao puro e simples lucro. Não vamos ser hipócritas e pensar que empresas não precisam lucrar, não é isso. O que eu quero dizer é que Grand Chase Classic parece um projeto requentado, feito nas coxas por um pequeno time que não se dedica ao desenvolvimento, com o objetivo de arrancar dinheiro fácil e de forma rápida, e então descartar quando ele deixar de imprimir notas de 100.

Consigo dar vários exemplos para você: A remoção de diversas habilidades de esquiva de personagens, com a desculpa de “balanceamento”, junto com a redução de vidas em missão, de três para uma? Soa como uma desculpa para aumentar o uso de poções e itens de recuperação, que estão na loja de VP (alguns exclusivamente lá), ou absurdamente caros na loja de GP; A remoção dos equipamentos de GP na loja, fazendo o jogador depender de drops para se equipar? Pois veja só, os equipamentos de VP ainda estão disponíveis na loja, em diversas faixas de nível; Quer jogar com vários personagens, como era no passado? Ah, não comentei que agora você tem apenas quatro slots de personagem? Mas não se preocupe, pois vendemos mais slots por VP. E assim vai…

Grand Chase foi um grande fenômeno no Brasil, e a sua volta também parece estar sendo, como os números da Steam mostram: o jogo teve um pico de 78 mil jogadores simultâneos no dia do lançamento, e mantém uma média de 20 mil pessoas online desde então. Porém, grande parte desse sucesso vem da nostalgia e da saudade de um tempo bom que não vai voltar. Grand Chase Classic é um jogo de 2009, relançado em 2021 com alterações que não o ajudam a se adaptar aos tempos modernos, mas sim, ativamente prejudicam seu sucesso. Atrair novos jogadores será uma tarefa fácil, por toda a publicidade que os próprios fãs nostálgicos fazem (eu incluso, confeso!), mas retê-los é uma tarefa hercúlea. Em poucos meses, acredito que grande parte das novas pessoas deve desistir, deixando apenas um grupo iludido de seguidores fanáticos. Mas até mesmo esses doidos parecem estar vendo que o jogo não está se levando a sério.

Como uma experiência single-player – que é, afinal, a única forma satisfatória de jogar – Grand Chase Classic pode te garantir por volta de 10, talvez 20 horas de diversão. É a partir desse ponto que jogar sozinho se torna demandante demais, difícil demais, e você acaba sendo obrigado a fazer atividades em grupo, e precisando experienciar toxicidade, hackers, e um lag inaceitável para um jogo lançado nessa década. Serão quinze horas legais, de verdade. O jogo possui um esqueleto que pode ser usado como fórmula de sucesso, afinal, ele fez sucesso no passado! Mas definitivamente não é um jogo que vale a pena investir a fundo, ou tornar o seu “jogo principal”. Pelo menos, não no estado atual.

Com alguma sorte (e um pouco de fé), a KOG pode decidir se dedicar de verdade ao jogo, e aplicar atualizações que resolvam as falhas críticas que Grand Chase possui. Até lá? Eu vou me manter afastado. Jogarei de vez em quando, pois não sou imune à nostalgia, mas não é nem de perto a experiência que eu achei que teria, e me sinto decepcionado e enganado com o hype. O que vejo é uma mera sombra, pequena e tremulante, tímida nos pés do que um dia foi um colosso, imponente, surreal e indestrutível.

Já que normalmente damos uma classificação para os jogos que fazemos resenha, a classificação que eu dou para Grand Chase Classic é prata. O jogo garante diversão por um período, então não pode ser “bronze”, mas os problemas são pesados e prevalentes demais para deixar que ele seja “ouro”.

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Resenha Semanal | The Detective is Already Dead #05

Hoje é domingo, o que significa que é dia de mais uma Resenha Semanal de “The Detective is Already Dead”! Se chegou aqui agora, as resenhas anteriores estão aqui: #01 | #02 | #03 | #04.

O começo de um novo arco é sempre um ponto interessante, pois podemos virar a página e tentar arrumar os erros antigos ou melhorar as qualidades já estabelecidas. Ou, você pode não fazer nenhuma das duas coisas e se manter exatamente do mesmo jeito. Foi o que aconteceu nesse episódio. Vamos comentar!

Episódio 5: “Aquilo foi direcionado a um ano no futuro”

O episódio inteiro foi de flashback. Assistimos 24 minutos de coisas que já estão no passado, quando Siesta ainda estava viva. Embora isso não seja um problema por si só, pois acaba fazendo parte da própria premissa do animê, todo o peso emocional e a tensão desaparecem, quando se conta algo dessa forma. É um preço a se pagar por estruturar uma história que começa da metade, mas ainda querer contar a primeira parte dela. Se ao menos alguma franquia espacial multimilionária não tivesse feito isso antes pra te explicar, não é mesmo…

Captura de tela do episódio 5 de "The Detective is Already Dead", mostrando "Siesta".
Relembrar do passado pode ser bom, pois isso dá mais tempo para a Siesta aparecer. Olha que garota fofa! (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)

Pense no episódio num vácuo: Imagine que você não sabe que isso é uma mera lembrança, e que aquilo poderia estar ocorrendo no presente. O episódio funciona. Existe uma construção ideal de estresse nas cenas. Começamos com uma calmaria, com os dois brincando na praia, se divertindo, e levantando todas as death flags possíveis. Daí, somos levados a uma situação onde a vida do Kimihiko está em risco. Ele poderia muito bem morrer ali, naquela noite, pelas mãos (ou garras?) do lobisomem. Ainda pensando nisso, ele ser sequestrado pela “nova” vilã e levado para conhecer o “novo” totó da organização maligna também era uma situação tensa. Tudo indicava que existia um risco real ali, e o resgate da Siesta viria a ser uma cena emocionante.

Mas nada disso acontece! Sabe o motivo? Pois isso é um flashback! Isso já aconteceu! Todos nós sabemos que tanto o Kimihiko quanto a Siesta sobreviverão. Claro que a Siesta morre depois, mas nós sabemos que ela morre em outra situação. Logo, ela sai viva dessa. Isso faz com que esse episódio inteiro não passe de uma grande preparação de terreno, apenas nos dando informações que vamos precisar pro arco. E passar um episódio inteiro sem algo que vale alguma coisa é chato! Puxa, pelo menos me mostra um pouco do presente! Me diz que alguma coisa que foi dita aqui tem algum significado, pra eu ficar ansioso pelo próximo episódio. O que foi mostrado é até interessante, mas não tem valor nenhum. Eles tentaram fazer isso com a introdução de um “livro de profecias“, mas isso me fez mais ficar temeroso pelo futuro já estar marcado do que qualquer coisa…

Captura de tela do episódio 5 de "The Detective is Already Dead", mostrando Kimihiko.
“Oh céus! O protagonista está correndo sério perigo! Estou com tanta apreensão por ele!” disse ninguém. (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)

Considerações Finais (Bem, “parciais”, mas vocês entenderam)

Três pontos sobre o episódio que eu quero destacar: Mais um comentário sobre as interações da Siesta e do Kimihiko; O lobisomem; E a problema das introduções que ocorreram.

Para começar, voltamos a falar sobre como os dois protagonistas interagem. Hoje, vimos uma dupla diferente, já com quase três anos de experiências lado a lado. Embora o jeitão central das interações deles tenha continuado o mesmo, fica claro que eles ficaram mais próximos. Ao longo das conversas eu já cheguei a pensar em como “A Siesta se apegou ao Kimihiko“, e isso foi explicitamente mostrado com a cena final. De um lado, isso mostra uma progressão na história, e nos dá um ponto para comparação. Por outro lado… Eu achava mais engraçado quando a Siesta ligava menos pra ele. Ainda é engraçado e ainda gosto bastante, mas um pouco menos.

O segundo ponto é o que me deixou mais triste. Não estou decepcionado, ou revoltado. Apenas… Triste. Como pode você apresentar um personagem que é um lobisomem metamorfo mercenário, dublado por ninguém menos que Jouji Nakata, e simplesmente jogar esse personagem fora em cinco minutos? Isso é um desperdício! Que absurdo! Ele é o personagem mais legal que vocês me mostraram até agora, e daí decidem matá-lo desse jeito? Já tivemos um vilão reciclado no arco anterior, qual seria o problema de fazer isso com outro (que, convenhamos, é muito melhor do que um terrorista com uma orelha mutante)?

Captura de tela do episódio 5 de "The Detective is Already Dead", mostrando "Hel".
O que será que estão tentando dizer ao fazer a grande vilã ser exatamente igual a Siesta, só que com uma paleta de cores invertida? Deve ser apenas coincidência, né? (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)

Para encerrar, outro velho conhecido: Introduções esquisitas. Hoje, conhecemos a suposta grande vilã da história, “Hel”, a líder da organização maligna que a detetive enfrenta. Embora a introdução dela tenha sido a melhor até então, isso não quer dizer muita coisa, quando olhamos para as anteriores. Eu tenho duas reclamações principais com o que foi feito com ela. De início, a própria aparição dela foi uma história mal contada. O que motivaria a líder suprema de uma organização secreta a ir pessoalmente resolver assuntos de um subalterno? Mesmo com a desculpa de que ela “queria conhecer pessoalmente o futuro parceiro dela“, a sua entrada foi um pouco envolta de mistérios.

A outra coisa é sobre como a entrada que de fato ocorreu foi muito… sem sal? Acho que posso dizer que foi um “problema de direção“, de não conseguir transmitir a mensagem que eles queriam. Toda a cena deu a impressão de que eles estavam tentando mostrar o quão cruel, malvada e sem escrúpulos a garota era, mas acabou faltando impacto. Não houve foco o bastante, ou atenção o bastante, ou detalhamento o bastante para passar essa ideia. As cenas deveriam ser viscerais, mas foram muito superficiais, não dando o resultado esperado.

Como saldo final, o episódio foi interessante, mas foi apenas uma fração do que poderia ter sido. E, até então, essa parece ser minha impressão geral de “The Detective is Already Dead”: Muito potencial que não está sendo usado. Você pode sentar e esperar que utilizem o que tem (que pode nunca acontecer), ou simplesmente ir embora. Eu vou esperar, pois ainda tem muitas resenhas semanais pela frente.

O animê está disponível na Funimation, com novos episódios aos domingos, e legendas em português. Além de “The Detective is Already Dead”, a Funimation também anunciou diversos outros títulos para a temporada de verão de 2021, incluindo algumas dublagens para o português.

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Resenha Semanal | The Detective is Already Dead #04

Quarto episódio de “The Detective is Already Dead“, o que significa que estamos aqui já tem um mês. Então vamos pular as introduções: As resenhas anteriores estão aqui (#01, #02, #03).

Com o final do arco da idol, conseguimos entender como o resto do animê vai funcionar, e respondemos a pergunta da semana passada: Esse show vai ser um ótimo mistério de detetives, ao mesmo tempo que vai ser o pior mistério de detetives possível. Vamos conversar sobre o episódio pra entender melhor!

Captura de tela do episódio 4 de "The Detective is Already Dead"
Aliás, eu comentei sobre como as músicas da Yui são legais? (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)

Episódio 4: “O que vejo nesse olho”

O episódio começa frenético, como era de se esperar. Entre o final da semana passada e o começo dessa semana, o protagonista, Kimihiko, descobriu “a verdade“, e está agindo em cima disso. Mas como nós, espectadores, ainda não sabemos sobre a tal “verdade“, tudo fica propositalmente confuso. É uma última chance que o animê está te dando para você desvendar o mistério, usando as frases soltas da conversa entre os dois para te dar uma pista do que está acontecendo. E eu consegui ligar os pontos graças a isso (e a uma rápida espiada no episódio anterior), então agradeço pela oportunidade!

Duas cenas que se complementam aconteceram em momentos diferentes, mas acho necessário trazê-las de uma vez para comentar ambas juntas: No meio do show da Yui, o Kimihiko não consegue localizar o atirador que precisava, por conta da música alta e de todas as luzes piscantes na escuridão. Mas quem precisa de audição ou visão quando se tem um sonar ambulante? Com a ajuda do amigo sequestrador de aviões, ele encontra quem precisava e consegue salvar o dia. E qual a relevância dessa cena? Ela só vem a tona após o encerramento, quando vemos um novo flashback com a Siesta. O último ensinamento que a detetive deixou para Kimihiko foi justamente esse: Eles trabalham em equipe para que eles possam cobrir os pontos fracos uns dos outros. Foi mais um exemplo de como o garoto absorveu as diversas lições e manias da parceira, e como isso fez dele um assistente melhor.

A conclusão do arco aconteceu de forma bastante satisfatória. E não falo sobre como o mistério foi resolvido (isso eu vou comentar no próximo tópico), mas sim, sobre como as coisas se encerraram. Apesar de tudo, a Yui ainda é apenas uma garota de 14 anos. Ela é jovem, e embora não seja ingênua, é certamente influenciável e manipulável emocionalmente. Sinto que o Kimihiko tentou racionalizar demais a situação, quando se tratava de uma coisa que precisava ser resolvida com emoção. Ou, se me perdoarem o trocadilho… com coração. E por isso que a Nagisa foi essencial, pois ela é o coração da dupla. Gostei de como o próprio animê tratou a cena com bastante naturalidade, mostrando que os dois protagonistas são mais maduros e conseguiram interpretar perfeitamente a situação pela qual a Yui estava passando.

Captura de tela do episódio 4 de "The Detective is Already Dead"
Outra semana, outro episódio onde a antiga protagonista ainda tem mais importância que a protagonista atual… (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)

Considerações Finais (Bem, “parciais”, mas vocês entenderam)

Agora, precisamos analisar a resolução do mistério, né? E pra isso, vamos ter que separar o mistério em duas partes.

Primeiro, vamos falar do mistério de verdade. O roubo da safira, junto com a mentira da Yui, foi um mistério de detetive perfeito. Como conversamos semana passada, o mistério de detetive precisa te dar todas as informações necessárias para se chegar na conclusão, ou ele perde a graça. E fiquei impressionado com como, de fato, todas as pistas foram dadas. Os pontos foram dados, você só precisava ligá-los, e a graça de coisas de detetive é justamente essa.

Com a ajuda do começo frenético, eu consegui fazer essa ligação: A carta de desafio não citava em nenhum momento que a safira roubada era o colar. Quando ligamos esse ponto com o nome da música (que, eu conferi, e é sim citado no episódio anterior!), a interpretação de que o que realmente quer ser roubado é o segredo da Yui, aquele que “é revelado durante a música“, fica claro. E saber que ela já sabia disso fica ainda mais claro quando você lembra que todos os seguranças dela estariam no show, protegendo-a, e não na mansão, protegendo a joia. Como o próprio Kimihiko comenta, numa irônica observação, “o mistério estaria perfeitamente resolvido“…

Captura de tela do episódio 4 de "The Detective is Already Dead"
Essa traição do próprio show foi o equivalente a levar um tiro das mãos do Kimihiko… (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)

O problema é a segunda parte do “mistério”. Aqui, o animê fez o oposto de tudo que eu elogiei na primeira metade. E a pior parte, acredito eu, é o quão ciente do problema o próprio show se faz. Usando a Nagisa como um ponto de reconhecimento com a audiência, a garota fica completamente perdida, e até solta a frase “Você não me contou isso!“, como se o autor estivesse rindo da nossa cara. Inventar que a Yui estava, na verdade, sendo chantageada pela organização maligna e que ela foi enganada a tentar matar os dois protagonistas, por conta de um olho-ciborgue? Pelo amor de Deus…

Assim, ok, vamos dar crédito onde se é devido, e dizer que pelo menos eles nos deram informação o suficiente para descobrirmos que a idol tinha plena visão com o olho esquerdo. Mas fazer toda a associação com os ciborgues e a associação maligna? Isso não foi dito em momento algum! E pra piorar, toda a história de estarem tentando matar o Kimihiko? De onde isso saiu? Claro que, depois que “a verdade” foi exposta, você consegue ligar os pontos e entender a situação… Mas o problema é justamente esse! Os pontos precisam ser dados para você durante o mistério, e não só na resolução dele! Vocês fizeram isso tão bem nesse mesmo arco, tá dois parágrafos acima! Pra quê ferrar as coisas desse jeito?

Ou seja, estou feliz e puto, e, como já estou aqui, pretendo continuar assistindo “The Detective is Already Dead“. Porém, a questão que levarei para os próximos “mistérios” será: existem duas camadas de mistério, e eles provavelmente só vão me deixar brincar com uma delas.

O animê está disponível na Funimation, com novos episódios aos domingos, e legendas em português. Além de “The Detective is Already Dead”, a Funimation também anunciou diversos outros títulos para a temporada de verão de 2021, incluindo algumas dublagens para o português.

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Resenha Semanal | The Detective is Already Dead #03

Para a minha própria surpresa, consegui chegar intacto na terceira semana de resenhas. “The Detective is Already Dead” continua com força total, e temos mais um episódio para comentar. Caso tenha perdido as resenhas anteriores, você pode ler aqui: Episódio 1 | Episódio 2.

Depois de introduzir a história e apresentar as regras do jogo, finalmente, com o terceiro episódio, começamos a ter um conto, de fato, de detetive. E a fundação toda está bem estruturada, precisamos apenas ver a execução (que virá nos próximos episódios) para descobrir se Tanmoshi será uma boa história de detetive, ou uma história de detetive medíocre. Vamos falar do que essa semana nos mostrou!

Captura de tela do episódio 3 de "The Detective is Already Dead"
Como o nome do episódio nos diz, a animação continua de qualidade. (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)

Episódio 3: “É de Qualidade Yui-nya!”

Mais uma vez, eu preciso gastar metade da postagem pra falar sobre a primeira cena do episódio. Foi uma cena incrivelmente bem dirigida, que contou uma história apenas com o visual, através de posicionamentos muito bem pensados. Claro que não é nada de extraordinário ou fora do comum, mas é sempre satisfatório ver quando a direção favorece tanto a narrativa. Quando a Nagisa escuta o Kimihiko dizendo que “Não é um detetive“, a reação dela é de imediatamente intervir. No final do episódio anterior, vimos o garoto dar a ela uma escolha (a escolha que ele não teve): Ela podia escolher viver uma vida comum, sem nenhum envolvimento naquele caos… Mas ela escolheu dar um passo a frente, e se apresentar como detetive para a nova personagem, a Yui (já falo dela).

E é essa cena que foi visualmente perfeita como uma metáfora dessa escolha. Nagisa estava na sombra, escondida pelo ponto de ônibus. Ao caminhar para o sol, com uma sincronia perfeita entre a sua fala, a música, e a transição entre luz e sombra, vimos sua decisão ser tomada. Um ponto interessante é que normalmente, se pensaria que a metáfora seria oposta: Ao entrar no “submundo” dos detetives, ela deveria estar caminhando para a sombra. Mas o que foi colocado em jogo não é a ambientação, mas sim, a caracterização das personagens. Pare pra pensar no design da Nagisa, em contraste com a da Siesta: As duas tem paletas de cores opostas. A Nagisa tem uma temática mais escura, com seus longos cabelos negros; enquanto a Siesta tem uma temática mais clara, com um curto cabelo branco, quase prateado. Ao sair para o sol, todo o tom da personagem se torna mais claro, como se ela estivesse admitindo a paleta de cores da Siesta nela mesma. Afinal, ela está tomando o lugar dela como a “lendária detetive”. Honestamente, uma cena que eu revi umas três vezes, de tão interessante que foi.

Captura de tela do episódio 3 de "The Detective is Already Dead"
Quando você deveria ser a protagonista, mas a protagonista antiga continua roubando a cena… (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)

Novamente trazendo um tópico que eu falei semana passada, tivemos a introdução de uma nova personagem, e, novamente, foi uma introdução… conturbada. Estou tendo a impressão de que “The Detective is Already Dead” não é muito bom em introduzir personagens. Nessa semana, conhecemos a cantora mais famosa do momento, Yui Saikawa. Vou começar com um elogio, pra depois reclamar: Pelo menos o show foi extremamente realista ao fazer os dois adolescentes que estão atolados de problemas não fazerem ideia de quem é a celebridade da semana. Pelo menos eu consegui me relacionar bastante com o caso…

Então vamos aos problemas da introdução da idol. Parece que eu bato na mesma tecla, falando da mesma coisa outra vez, mas é um problema que se repetiu hoje: A introdução pareceu deslocada. Dessa vez, ao menos, isso aconteceu por um motivo diferente. Semana passada, a Nagisa que apareceu pela primeira vez se mostrou completamente diferente da Nagisa de verdade, fazendo com que tivéssemos duas garotas diferentes; Essa semana, a impressão inicial da garota foi até que bem feita. A Yui se manteve daquele jeito ao longo de todo o episódio.

O que me causou certo incômodo é a forçação de barra do humor escrachado, que não se encaixa dentro do clima do animê, e que é totalmente dispensável. Entendo que a ideia foi mostrar que a Yui é, de fato, uma personagem menos séria, e que podemos esperar certo humor vindo dela, mas isso pode ser feito de formas tão mais naturais. A própria introdução faz isso! O humor, bem mais natural, da garota achar um absurdo os outros dois não a conhecerem (afinal, ela é a idol mais famosa do momento! Como eles não a conhecem?!), já servia a esse propósito, e emendaria muito bem com as piadas que aconteceriam no decorrer do episódio. O humor da garota vem do fato dela viver em um “mundo próprio“, onde ela não tem muita noção de o que é “normal” para os outros.

Captura de tela do episódio 3 de "The Detective is Already Dead"
A cena na sala de reuniões da Yui foi um ótimo exemplo de humor que faz sentido no contexto, e não é jogado fora instantaneamente. (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)

Toda a história de forçar o assunto a chegar em “Kimihiko é um tarado” é dispensável, e, na minha opinião, nem é engraçado no contexto. Já falei disso na semana passada, então não vou me prolongar aqui, mas essa semana tivemos uma situação que acabou mostrando ainda mais o quão inútil é essa cena: Ainda na introdução da Yui, passamos quase dois minutos nessa piada, e o clima é simplesmente interrompido imediatamente com uma batida de pé da Nagisa, como se fazendo todo mundo voltar pra Terra e lembrar que eles tem um animê de detetive para fazer. E o mais incrível é que todo mundo volta imediatamente ao normal, como se nada tivesse acontecido, e continuam a cena na maior cara de pau. É uma coisa inacreditável…

Continuando, tivemos duas cenas, uma seguida da outra, e que se complementaram bastante: Os dois protagonistas, Kimihiko e Nagisa, tendo seus pensamentos expostos. O uso do contraste entre claro e escuro foi bastante comum nesse episódio, com o Kimihiko pensando na situação durante o dia, em pleno céu aberto (céu, aliás, que sempre aparece quando ele pensa na Siesta); enquanto a Nagisa nos contou suas ambições e traumas durante a noite, em um quarto escuro e fechado. Ambas as introspecções serviram para mostrar melhor o que se passa na cabeça dos protagonistas, e tiveram visuais que representaram bem o estado de espírito de ambos. Mais uma vez, um acerto da direção.

Considerações Finais (Bem, “parciais”, mas vocês entenderam)

Hoje, tivemos a oportunidade de analisar melhor o jeito como os protagonistas interagem e se relacionam. E o que eu senti é que temos a mesma coisa, mas não exatamente igual com o que vimos no primeiro episódio, entre a Siesta e o Kimihiko. As interações são diferentes, mas a essência é basicamente a mesma. Acredito que o que se tenta passar com isso é o ponto principal de “The Detective is Already Dead“: A Nagisa não é a Siesta, ela é ela própria. Ela é uma sucessora da lendária detetive, e não uma substituta. Ao assumir o título que era da Siesta, a “paleta escura” da Nagisa se torna um tom de cinza, e não a mesma “paleta clara” que era a da antiga dona do coração dela.

Por fim, a questão que eu estava esperando: Finalmente começamos a tratar o animê de detetives como um mistério de detetives. Como comentei na introdução, as estruturas do mistério foram colocadas, e, por enquanto, parece que tá tudo em ordem. Até encerramos o episódio com o detetive (bem, nesse caso, o assistente) chegando em uma conclusão que parece absurda, e que funciona como um cliffhanger para a semana que vem. A graça de mistérios é justamente você passar a semana inteira pensando “Mas gente, como assim? Como é que ele chegou nisso só com essas migalhas de informação? Será que eu perdi algo? Não estou ligando algum ponto que é óbvio?“. O divertimento vem na hora da revelação, ao descobrir a real resolução daquilo, e acompanhar a linha de raciocínio do protagonista.

E é aí que eu fico preocupado. Pelo menos pra mim, o negócio só é legal se eu tiver exatamente as mesmas informações que o detetive. Eu quero tentar ser tão sagaz quanto ele, eu quero tentar resolver o mistério com as “migalhas” que me foram dadas. Se a resolução acontece, e tudo que era necessário para se resolver estava ali, na minha frente, eu fico impressionado. Agora… Se a escrita do show tira alguma informação da cartola, algo que não tinha sido mostrado antes e que só o detetive sabia… Eu fico simplesmente frustrado. Qual a graça de resolver o mistério assim? Esse é o elemento que vai resolver ou destruir o animê.

Captura de tela do episódio 3 de "The Detective is Already Dead"
Esquecer de te contar informações cruciais só funciona e só é engraçado quando NÃO É O AUTOR que faz isso… (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)

O animê está disponível na Funimation, com novos episódios aos domingos, e legendas em português. Além de “The Detective is Already Dead”, a Funimation também anunciou diversos outros títulos para a temporada de verão de 2021, incluindo algumas dublagens para o português.

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Funimation anuncia 5 simuldubs para Temporada de Verão de 2021

A Funimation, serviço de streaming de animê que estreou no Brasil em 2020, liberou mais informações sobre seu catálogo para a Temporada de Verão de 2021. Em especial, anunciou cinco títulos que receberão dublagem em português, no esquema de “simuldub”. Vale lembrar que a nomenclatura das temporadas de animê são baseadas nas estações do ano no hemisfério norte, assim, a “Temporada de Verão 2021” equivale ao nosso inverno, entre Julho e Setembro. Conheça os títulos:

“The Case Study of Vanitas”, um dos títulos que receberá simuldub (Reprodução: Funimation)

● The Case Study of Vanitas (simulcast já disponível, com legendas em português; episódios dublados devem ser disponibilizados em breve)
Um vampiro jovem e cauteloso une esforços com um médico enigmático. Sua missão? Descobrir a “cura” para todos os vampiros.

● How a Realist Hero Rebuilt the Kingdom (simulcast já disponível, com legendas em português; episódios dublados devem ser disponibilizados em breve)
Kazuya Souma é coroado rei num mundo de fantasia e planeja melhorar as condições de seu reinado com uma reforma administrativa. Sim, isso mesmo!

“Scarlet Nexus”, outro título que será dublado pela Funimation (Reprodução: Funimation)

● Scarlet Nexus Kingdom (simulcast já disponível, com legendas em português; episódios dublados devem ser disponibilizados em breve)
Salvo pela “Força de Supressão de Criaturas” quando criança e munido de habilidades especiais, Yuito se alista a um grupo de elite formado especialmente para combater os “inimigos da Terra”. A prodígio Kasane também é escolhida por suas habilidades. Os sonhos estranhos e recorrentes de Kasane acabam arrastando os dois protagonistas para um destino inevitável.

● Sonny Boy (simulcast, em breve)
O colégio onde Nagara estuda vai parar em outra dimensão e seus alunos desenvolvem poderes estranhos e novas formas de rivalidade. Será que eles conseguirão sobreviver a esse ambiente hostil e suportar uns aos outros?

“The Dungeon of Black Company” é um dos cinco títulos que serão dublados para português (Reprodução: Funimation)

● The Dungeon of Black Company (simulcast já disponível, com legendas em português; episódios dublados devem ser disponibilizados em breve)
Kinji não quer saber de trabalhar e faz o possível para ficar longe de qualquer ofício. Tudo vai bem até ele se ver endividado num mundo completamente novo. Vivendo sob as regras de uma mineradora demoníaca, ele será capaz de se livrar dessa roubada?

O sistema de simuldub da Funimation funciona da seguinte forma: Com um atraso de algumas semanas em relação ao lançamento original (com áudio em japonês), um episódio dublado é lançado por semana, para os usuários assinantes, até a obra estar concluída. Depois, todos os episódios continuam na plataforma e ficam disponíveis para todos os assinantes.

Além dos cinco shows já citados, a Funimation conta com outros animês para a Temporada de Verão 2021, totalizando 15 títulos em transmissão simultânea com o Japão, e legendas em português. Você pode ver a lista completa aqui. Vale reforçar que a empresa ainda não deu uma data para o início do lançamento dos episódios dublados.

Fonte: Release de Imprensa

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Resenha Semanal | The Detective is Already Dead #02

Mais uma semana, mais uma resenha semanal de “The Detective is Already Dead” (ou “Tanmoshi“, para abreviar o título japonês). Caso tenha perdido, a explicação da coluna e o comentário do primeiro episódio estão aqui.

O segundo episódio nos trouxe o começo da história de fato. Se o primeiro episódio foi uma grande introdução (e bota grande nisso, 47 minutos…), o de hoje foi quando finalmente colocamos as cartas na mesa e ensinamos como se jogar. Então vamos falar do que vimos!

Seja lá o que você esteja pensando sobre o animê, não pode negar que pelo menos bonito ele está… (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)

Episódio 2: “Ainda me lembro, depois de todo esse tempo”

A primeira cena nos trouxe uma última memória da Siesta e do antigo Kimihiko. Em questão de direção, foi uma escolha interessante, especialmente pelo jeito como ela começa: Nós vemos um avião no céu, nos lembrando de onde eles se conheceram, e os dois trocam uma conversa descontraída, exatamente como fizeram ao longo de todo o primeiro episódio. A função dessa cena foi para contrastar com o que vimos na semana passada. Se antes tivemos a duração inteira para os dois se conhecendo e interagindo no “passado”, para então termos uma pequena cena com o Kimihiko “do presente”, justamente para entendermos esse contraste entre as duas interações do garoto… no segundo episódio, tivemos a mesma coisa, mais invertida: tivemos uma pequena cena com a interação passada dele, para podermos contrastar com quem ele é hoje, que ocuparia todo o resto do episódio.

Descobrimos que o timeskip foi de quatro anos. Quatro anos! Fiquei impressionado com a passagem tão grande de tempo. Não por serem quatro anos em específico, mas gostei do fato de que agora, o Kimihiko é um aluno do terceiro ano do ensino médio. “Qual a importância disso, Vini?” você pode se perguntar. E é uma pergunta válida! A resposta é mais banal do que você deve estar imaginando, porém: Normalmente, animês que se passam no ensino médio nos mostram protagonistas como sendo alunos do primeiro ou do segundo ano. Quando tratam de alunos do terceiro ano, eles são vistos como “criaturas místicas, entidades superiores e misteriosas que irão MORRER ao final do ano letivo”, e sempre achei esse tratamento engraçado. Por isso, quando acompanhamos alunos que estão, de fato, no terceiro ano, o clima da obra parece mudar. Por exemplo, em “Just Because!“, acompanhamos alunos do terceiro ano em busca de entender o que o futuro deles reserva. Parece que os autores olham para a diferença de um ano e acham que é o suficiente para mudar completamente o gênero da narrativa. Quero ver como isso vai ser aplicado em “The Detective is Already Dead”.

Continuando, temos a apresentação da nossa “nova protagonista”… se é que dá pra dizer assim? Nagisa Natsunagi teve uma primeira impressão forte. Positiva? Acho que não, mas “forte”, com certeza. Conforme o episódio foi passando, eu consegui entender o tipo de personagem que ela é. Deu pra ver a personalidade e jeito de ser dela, e a cada cena que se passava, a introdução dela parecia mais e mais fora de personagem. Toda a primeira cena dela, com as ameaças, a mão na boca e os comentários sádicos foram extremamente esquisitos. A ideia que foi passada nessa cena foi completamente diferente de todo o resto que aconteceu no episódio. Mesmo com uma explicação futura, sobre como ela poderia estar “sendo influenciada” a fazer as coisas que fez… isso ainda não explica a mudança tão drástica.

Não importa o quão absurdo a coisa seja, sempre vai ser o fetiche de alguém… Talvez essa seja a explicação? (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)

Isso é pura especulação minha, mas o formato e a direção da cena me lembraram de Bakemonogatari. A cena clássica onde a garota, Senjougahara, enfia um grampeador na boca do garoto, Araragi, assim que se conhecem. A única coisa que consigo pensar, após ver várias referências no episódio anterior, é que o autor (ou diretor, não sei se essa cena é original do animê, embora pareça impactante demais para ser) quis homenagear essa outra obra, colocando uma cena parecida na sua própria. Acontece que em Bakemonogatari, a garota é daquele jeito mesmo. Ela é meio maluca, e por isso, enfiar um grampeado na boca de um desconhecido é algo que se enquadra na personagem dela. A impressão que todo o episódio passou sobre a Nagisa é de que ela é uma garota boa e honesta. Esquentadinha? Sim, mas com um bom coração (Ha! Trocadilhos!). A cena inicial parece deslocada e desnecessária.

Voltando ao protagonista, vimos como o “novo” Kimihiko é, depois de tudo que passou. Gostei bastante do jeito como ele foi escrito, pois eu consegui perceber que o “espírito” do garoto que conhecemos ainda está ali: Ele ainda é brincalhão, tranquilo e gentil, embora essas características tenham sido deixadas um pouco de lado por conta de seu amadurecimento. Amadurecimento esse que aconteceu tanto pela passagem do tempo, como pelo trauma que ele viveu. A conversa que ele teve com a Nagisa no café foi um bom exemplo disso, onde ele mostrou tanto alguns “tiques” que adquiriu com a Siesta, mas ainda se manteve autêntico com o que vimos anteriormente. Também achei interessante o quanto ele acabou se aproximando daquela policial, a Fuubi. É uma relação que parece bastante natural, dado o que ele passou os últimos quatro anos fazendo, e até o que ele fazia antes. Foi um toque legal.

Com a construção do episódio, estava claro que o coração que a Nagisa recebeu era, de fato, o da Siesta. Em nenhum momento eu tive dúvidas disso. Mas ter a confirmação de algo é completamente diferente do que apenas pensar sobre. Eles conseguiram explicar de uma forma que ficou tanto interessante como impactante ao mesmo tempo. As reações de ambas as personagens envolvidas foram dentro do que eu imaginava, mas, de novo, estar dentro da expectativa não faz com que o resultado seja medíocre: O Kimihiko mostrou seu amadurecimento ao ficar emocionado e até em negação, mas sem ter uma crise exagerada; e a Nagisa mostrou ainda mais a sua personalidade, de que é alguém que se baseia muito em sentimentos, mas que não é totalmente incapaz de usar a razão para puxar alguém de volta do mundo da lua.

Eu adoro tapões na cara, principalmente quando eles são merecidos. Esse foi merecido. (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)

Uma coisa que eu não gostei no episódio, porém, foi a cena onde os dois se encontraram na rua. Sim, você sabe do que eu estou falando: Quando passamos cerca de dois minutos falando sobre os peitos da Nagisa. É uma situação que está ali para ser engraçada, mas que acaba sendo simplesmente vergonhoso, principalmente por não se encaixar no contexto. Isso chega até a ser irônico, pois ontem mesmo eu estava falando sobre como a vergonha alheia é justamente o que faz “Girlfriend Girlfriend” ser engraçado. E, como eu comentei naquela postagem, é uma questão de atmosfera: Todo o resto do animê está se levando a sério, e mesmo possuindo ótimas cenas de humor, elas são de um outro tipo de humor, um que faz sentido de existir no contexto “sério” de “The Detective is Already Dead“. A cena acaba sendo apenas vergonhosa, e não uma “vergonha engraçada”.

Considerações Finais (Bem, “parciais”, mas vocês entenderam)

Esse episódio foi bem mais fraco do que o da semana passada, e isso já era de se esperar. É normal começarmos com um estouro, para prender a atenção de quem está assistindo, para então diminuir a tensão e explicar o que tá rolando de verdade, essa técnica é mais velha que andar pra frente. Isso só quer dizer que eles estão seguindo o ritmo comum de obras do gênero, e que daqui algum tempo, já estaremos investidos demais no animê para desistir. Se você quiser desistir, a hora é agora. Eu vou continuar.

A cena de exposição no café me fez espumar pela boca um pouquinho, pois “exposição num café” já virou um meme de tanto que acontece em animê. Parece que não tem outra forma de contar o que está acontecendo, e não duvidaria se isso estivesse sendo feito propositalmente, como uma forma de circlejerk entre os autores japoneses. Desavenças pessoais à parte, a cena até que se desenvolveu de forma satisfatória, com um bom uso da ambientação.

Por fim, achei incrível a inversão de papéis que aconteceu nesse episódio. Dessa vez, foi o Kimihiko que estava na posição de pessoa informada, daquele que sabe o que está acontecendo. Sendo que semana passada, esse papel era da Siesta, e o garoto estava no papel que, essa semana, foi da Nagisa. Essa inversão se encaixa tanto com o que eu comentei sobre a primeira cena do episódio, como serve para mostrar a gentileza do Kimihiko: Quando se viu em uma inversão de papéis, ele fez questão de dar uma escolha para Nagisa. Uma escolha que ele não teve. Quando se encontrou com Siesta, ele acabou “arrastado” para a situação, sem ter chances de recusar. Ele quis ter certeza de que a Nagisa poderia fazer essa escolha, de que ela não precisaria substituir a Siesta na vida dele, que ela poderia continuar sendo ela mesma. Mesmo com toda a influência e tutelagem da Siesta, o Kimihiko continuou sendo ele mesmo. Excelente toque para caracterizá-lo.

O animê está disponível na Funimation, com novos episódios aos domingos, e legendas em português. Além de “The Detective is Already Dead”, a Funimation também anunciou diversos outros títulos para a temporada de verão de 2021.

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Primeiras Impressões | Girlfriend Girlfriend

Nem só de resenha semanal vive um redator, e por isso, voltaremos às origens para falar uma vez só de algo que acabou de sair, para talvez revisitar com outra postagem no futuro: Mais um “Primeiras Impressões“!

O animê de hoje se chama “Girlfriend Girlfriend” (No original, “Kanojo mo Kanojo“, カノジョも彼女), baseado num mangá com arte e roteiro por “Hiroyuki“, ainda inédito no Brasil. Até o momento, o show possui dois episódios, animados pelo estúdio Tezuka Productions, e com direção de Satoshi Kuwahara.

No Brasil, os direitos de exibição simulcast são da Crunchyroll, que disponibiliza a seguinte sinopse e trailer:

Naoya, o protagonista, está no primeiro ano do colegial. Ele se declara para Saki, sua paixão de infância, que aceita se tornar sua namorada. Sua vida não podia estar melhor, quando uma bela garota chamada Nagisa o convida para sair. Indeciso e incapaz de magoar uma garota tão gentil quanto a Nagisa, Naoya chega a uma conclusão inusitada, dando início a um novo tipo de comédia romântica!

Vamos começar falando do elefante na sala. Simplesmente não vai ter como termos uma conversa franca sem alinharmos expectativas quanto a isso, então precisa ser falado o quanto antes:
Sim, este é um show sobre um “trisal” adolescente. É um caso de poliamor que se encaixa na definição de dicionário do termo. Não há “mas”, não é “poréns”, as três personagens estão num relacionamento aberto e estão todas cientes disso.

Com isso dito, a pergunta que eu faço para você, leitor, é a seguinte: Isso te incomoda? Isso é um problema? E faço essa pergunta com a cara mais lavada do mundo. Não quero pagar de diferentão, de desconstruído, nem nada do tipo. A minha opinião sobre o assunto (e, sinceramente, a sua também!) não poderia ser menos importante. Estou simplesmente alinhando expectativas pro resto do texto.

A ideia do show é justamente usar essa situação, que é bastante “inusitada” (principalmente no contexto em que acontece), como fonte de humor. E tudo nasce a partir disso. Se isso for algo que te incomoda, o animê simplesmente não é para você. E tudo bem! Faz parte, cada um tem seu gosto. A única coisa que eu peço é a seguinte: Ao menos tente assistir, pensando que se trata de uma comédia. Você não precisa levar o conceito a sério, e isso independe da sua opinião sobre o quão real o poliamor pode ser na vida real. Pois isso é uma ficção, e o próprio show deixa claro que não está se levanto a sério. Por que você deveria levar?

As duas reações mais comuns ao ler a sinopse (Reprodução: Crunchyroll)

Pronto, chega, sermão dado, oração feita, expectativas alinhadas. Vamos falar do animê em si, agora que sabemos que estamos olhando para uma comédia:

Um dos tipos mais clássicos de humor japonês é o “Manzai“, onde temos um “cara sério” (chamado de “Tsukkomi“) e um “cara bobo” (chamado de “Boke“). A ideia desse tipo de show é que o “cara sério” serve como a voz da razão, e reage aos comentários absurdos do “cara bobo”. E por qual motivo eu estou explicando isso ao invés de falar do animê, como prometi no parágrafo anterior? Pois isso é essencial para entender o show.

Embora tenhamos apenas três personagens principais, eu diria que podemos enquadrar quatro “coisas” nos títulos anteriores: Temos três Bokes e um Tsukkomi. O “cara sério” é, claramente, a garota que parece ser a mais sensata do grupo, SakiSaki (ou apenas “Saki”). Não haveria nada demais nisso, se ela fosse um Tsukkomi tradicional, que simplesmente reage aos absurdos dos Bokes e corta o barato deles. Acontece que a Saki é um Tsukkomi muito fraco, ela não tem a frieza e o bom senso necessários para aguentar tanto absurdo. Afinal, ela precisa lidar com seu namorado, Naoya, e a namorada dele, a Nagisa, como Bokes. E, pra piorar, a própria situação em que eles estão pode se enquadrar como um gigantesco, onipresente e francamente genial Boke.

O que me fez dar tanta risada com os dois primeiros episódios de “Girlfriend Girlfriend” foi justamente essa dinâmica pouco comum, onde a Saki, não conseguindo segurar as rédeas da situação, acaba se juntando ao absurdo e cada vez mais se vê afundadando na areia movediça dos outros dois. É um caso semelhante ao que existe em “A Destructive God Sits Next to me“, embora lá, o protagonista “sério” tinha um pouco mais de “força” para segurar os seus Bokes. Não o suficiente, mas já gerava um tipo diferente de humor.

E já que estamos falando de personagens, o ponto alto do show, pra mim, foi o fato de que não tem um único que se salva ali. Tá todo mundo completamente biruta. Se erguer o braço, Deus leva. Mesmo a Saki, que deveria ser a pessoa mais sã entre os três, já está muito mais pra lá do que pra cá, e é justamente essa instabilidade dela que se encaixa tão bem com a honestidade do Naoya, e com a inocência da Nagisa, para nos dar uma dinâmica maravilhosa. É uma dinâmica um pouco “cringe“, para usar o termo da moda? Sim, com certeza. Especialmente quando os adolescentes começam a discutir sobre sexo. Mas a ideia é justamente essa, é engraçado justamente por ser vergonhoso.

Eu fiquei o episódio inteiro pensando nessa imagem do The Joker™

Falando um pouco sobre a parte técnica, eu tenho dois comentários indispensáveis pra fazer: O primeiro é sobre a qualidade da atuação de Sakura Ayane, a dubladora da Saki. Com um alcance de voz absurdo, ela conseguiu dar vida a todo o caos e volatilidade necessários para interpretar a garota. Em um momento, ela está falando normalmente, e na próxima frase, já está gritando como se sua vida dependesse disso. É esse tipo de reação exagerada (que todas as personagens tem) que fazem o Manzai ser engraçado pra mim, e ter uma dubladora tão talentosa como a Sakura Ayane trabalhando nisso facilita muito o humor.
O segundo ponto é o uso cirúrgico da trilha sonora e de efeitos sonoros para incrementar cada piada. Cada música e cada som foi colocado com uma maestria, que somente uma pessoa extremamente qualificada conseguiria tal proeza. O responsável é o diretor de som Satoshi Motoyama, que trabalhou em mais comédias do que eu posso contar, e tem o know-how pra fazer mágica com os ouvidos.

Vi muitos comentarem que “Girlfriend Girlfriend” lembra muito de outro mangá-que-virou-animê, “Rent-a-girlfriend” (no Brasil, foi adaptado para “Namorada de Aluguel” pela Editora Panini). E, de certo modo, lembra mesmo. Porém, eu não poderia ter tido uma experiência mais desagradável com “Namorada de Aluguel“, e o motivo é simples: Ele tentava ser levado a sério. Ele tentava ser uma história coesa e sensata. No final, ao tentar tocar uma trama de novela, as desavenças se destacaram muito mais do que o humor, e ficamos com um show sobre relacionamentos abusivos, ao invés de uma comédia.

É até bom eu ter tocado nesse assunto, pois é uma preocupação que eu tive assistindo “Girlfriend Girlfriend“: Isso parece que poderia se tornar um relacionamento abusivo muito rapidamente. Embora estejamos tratando tudo na brincadeira e na suspenção de descrença, é um desenvolvimento que poderia acontecer facilmente, se assim o autor desejasse. Eu espero que não, e que continuemos pensando apenas no absurdo da situação para darmos gostosas risadas.

Minha cara quando a comédia-romântica inevitavelmente vira um drama na segunda metade (Reprodução: Crunchyroll)

Com um humor absurdo e absurdamente bem bolado, “Girlfriend Girlfriend” foi uma das estréias mais divertidas da temporada, e será o animê que ficarei mais ansioso por assistir. Se fosse para dar uma nota para esses dois primeiros episódios, seria um sólido 9/10, e, claro, acompanhado do recado de que o show é melhor apreciado ao não ser levado a sério.

O animê está disponível na plataforma de streaming Crunchyroll, com legendas em português, e novos episódios todas as sextas.

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Vinland Saga: A segunda temporada do animê está em produção

Um dos mangás mais populares da atualidade, Vinland Saga foi adaptado para animê em 2019, pelo Estúdio Wit. Desde então, os fãs tem pedido por mais, e esse pedido finalmente se tornará realidade.

Em um evento que ocorreu ontem (07), para a comemoração de dois anos da adaptação em animê, foi anunciado que a segunda temporada do animê já está em produção. Embora ainda não tenha sido dada uma data para o início de sua exibição, nem detalhes técnicos como o estúdio que produzirá a animação, alguns nomes do elenco foram divulgados:

  • Shuhei Yabuta retornará como diretor da série, após dirigir a primeira temporada;
  • Takahiko Abiru continuará o trabalho que fez na primeira temporada como designer de personagens.

Além dos nomes, também foi liberado um novo visual para a segunda temporada, que mostra o protagonista, Thorfinn; um vídeo com uma retrospectiva do que aconteceu até então (com legendas em inglês disponíveis); e três imagens promocionais, desenhadas pelo diretor e designer já mencionados, e uma desenhada por Makoto Yukimura, o criador do mangá. Confira abaixo:

Novo Visual (Reprodução: Twitter Oficial, @V_SAGA_ANIME)

Ilustração pelo criador, Makoto Yukimura (Reprodução: Twitter Oficial, @V_SAGA_ANIME)
Ilustração pelo Designer de Personagens, Takahiko Abiru (Reprodução: Twitter Oficial, @V_SAGA_ANIME)
Ilustração pelo diretor, Shuhei Yabuta (Reprodução: Twitter Oficial, @V_SAGA_ANIME)

O autor do mangá, Makoto Yukimura, tweetou, em japonês e em inglês, uma mensagem de agradecimento e disse estar esperando pela nova temporada junto com os fãs:

Tradução-livre: “A segunda temporada do anime Vinland Saga está em produção. Eu estou muito contente de poder dar a notícia que os fãs estavam esperando. Também estou ansioso pela segunda temporada. Vamos esperar juntos por novas notícias.

“Vinland Saga” é um mangá com roteiro e arte por Makoto Yukimura, e está em publicação no Japão desde 2006, ainda em andamento com 24 volumes. No Brasil, o mangá é publicado pela Editora Panini, que lança a obra em dois formatos: O formato regular (desde 2014), e o formato 2-em-1 (desde 2020), e você pode encontrá-los na Amazon.

O animê foi lançado em 2019, e atualmente está disponível apenas na Amazon Prime Video, com legendas em português. O site dá a seguinte sinopse para o show:

Em torno do fim do primeiro milênio, os Vikings, a tribo mais poderosa, porém também bárbara, estavam se espalhando por toda parte. Thorfinn, filho do maior dos guerreiros, passou a infância no campo de batalha e vivia em busca de Vinlândia, a terra de seus devaneios. Esta é a saga de um guerreiro real em uma era turbulenta.

Via: Comic Natalie, Twitter Oficial