Cavaquinho na roda de pagode da Torre. Químico de formação, blogueirinho por diversão e piadista de vocação. "Acredito que animês são a mídia perfeita para a comédia, e qualquer tentativa de fazer um show sério é um sacrilégio", respondeu ao ser questionado sobre o motivo de nunca ter visto Evangelion.
Se tem uma coisa na indústria de animês que está mais saturada que o Reclame Aqui depois da Black Friday, com certeza é o gênero “isekai“. Eu sou um cara que gosta de clichês e que curte sempre as mesmas coisas repetidas vezes, mas mesmo pra mim… Putz mano, isekai já tá forçando a barra, não é mesmo?
Acontece que japonês é um povo estranho e não pensa assim, e continuamos com nossa leva sem fim de animês isekai sendo adaptados das mais diversas fontes. E como você pode imaginar, o que vamos falar hoje é justamente um isekai vindo de uma Light Novel.
Escrita por Yusagi Aneko, “Tate no Yusha no Nariagari” (lit. “A ascensão do herói do escudo“), como você pode suspeitar, fez relativo sucesso lá pela terra do sushi. Vendendo aproximadamente 3,3 milhões de cópias, recebeu adaptação em mangá, spin-offs e tudo que você tem direito.
Só quando foi licenciado nos Estados Unidos, pela One Peace Books, que sua “fama” cresceu no oeste. E eu uso as aspas pois a fama que Shield Hero tem no ocidente não é nada boa.
Você raramente vai me ver falando sobre assuntos polêmicos “da atualidade” pois do meu histórico, a maioria das pessoas que falam, não sabem do que estão falando. Eu incluso! Por isso, prefiro apenas omitir minha opinião sem embasamento (e queria que mais pessoas fizessem o mesmo). Mas quando o dever chama, acabamos precisando comentar. E é o caso aqui. A tal “infâmia” de Shield Hero se dá por conta de alguns temas delicados no ocidente.
Basta ler a sinopse, que você já identifica o primeiro: o protagonista, Naofumi Iwatani, é – falsamente – acusado de assédio sexual, e perde praticamente tudo que tinha recebido ao chegar no mundo alternativo. É um assunto complicado, ainda mais nos dias atuais, onde mais e mais alegações de assédio surgem na mídia. Foi um lançamento na hora errada, e no lugar errado.
Já o segundo não está tão escancarado, mas nota-se logo de início: como o autor e sua personagem principal lidam com o já famoso tropo de “escravidão num mundo alternativo“. Acho que não preciso entrar em detalhes sobre qual a causa da discórdia aqui, né?
Aquele momento que a personagem secundária é self-aware.
Da mesma forma que recentemente tivemos um surto da utilização da violência sexual como ferramenta de roteiro (Goblin Slayer, Sword Art Online Alicization, entre outros), vemos as alegações contra Shield Hero dividindo opiniões. Há quem diga que é apenas uma ficção e que esse tipo de ação só serve como engrenagens para girar a obra; e há quem diga que essas coisas são inaceitáveis, independente de qual o meio ou por qual motivo elas são empregadas.
Qualquer que seja sua opinião sobre o assunto, acontece que o autor já escreveu o negócio, e tal negócio já foi adaptado em animação, e cá estamos nós. Eu estava legitimamente surpreso com a qualidade da escrita nos primeiros momentos da obra. A reação das personagens aos acontecimentos eram muito reais e convincentes, dentro do pouco que nós conhecemos delas. Nos quarenta e tantos minutos iniciais da obra (que teve um primeiro episódio duplo), eu realmente me vi simpatizando com o pobre herói do escudo.
Mas… O resto dos episódios aconteceu. A história e o protagonista deram uma virada tão grande, tão rápidos, que eu quase fiquei zonzo. Do nada, tudo se tornou sombrio e forçado demais, parece que o autor se esforçou pra fazer com que o roteiro se tornasse o mais edgy possível. Forçou tanto, que acabou fazendo até com que sua personagem principal se descaracterizasse completamente. O pior é que logo depois, ele começa a mesclar as “duas personalidades” do cara, e o herói do escudo se torna um herói inconsistente, tentando ser edgy e fofo ao mesmo tempo. Simplesmente não dá.
Outro ponto a se levantar é sobre a construção de mundo. Não é incomum uma ambientação acabar sendo muito mais legal do que uma história (como eu vivia dizendo sobre Re:Zero). E o mundo de Shield Hero é um desses casos interessantes… Ao menos no papel.
Um reino com profecias antigas proclamando o fim dos tempos; problemas sociais e preconceitos conduzindo o subconsciente popular e corrompendo pessoas; uma sociedade matriarcal, onde a mulher é a autoridade maior. Mas quando vemos a realidade, temos apenas uma trama genérica sobre heróis que salvarão o mundo; uma sociedade escravocrata e que não tem nenhum desconforto com o seus preconceitos; e um reino matriarcal que é governado… Por um homem. São boas ideias, mas que ficam só no campo das ideias mesmo e nunca são executadas.
Ao menos a gente consegue salvar qualquer coisa através de memes, não é mesmo?
Quando olhamos para a parte técnica, porém, não há nada sobre o que reclamar. A animação está linda (pelo estúdio Kinema Citrus), a dublagem me deixou boquiaberto (meus destaques vão pro Kaito Ishikawa, Yoshitsugu Matsuoka e pra Asami Seto, o Herói do Escudo, o Herói da Espada e Raphtalia, respectivamente), as músicas fazem jus ao momento (por Fumiyuki Gou), e por mais conturbado que seja o material original, a direção fez o que pôde para torná-lo assistível (palmas para Takao Abo). É uma equipe e tanto trabalhando para tentar tirar leite de pedra.
A conclusão que se pode tirar é que se não parecesse tanto ser uma ficção de auto-realização vingativa, o show poderia ser melhor. Ele tem algumas ideias boas e algumas personagens interessantes, o único problema é que tudo isso é deixado em segundo plano, para dar foco a uma vingança forçada e que se esforça para parecer “adulta e sombria”, quando na verdade acaba tendo um efeito contrário, fazendo-a parecer boba e sem sentido.
Com o que temos pra hoje, a obra fica muito abaixo do que poderia ser, e embora ainda seja assistível, beira o medíocre e não traz muito divertimento. As primeiras impressões sobre o herói do escudo o deixam com uma nota de 4/10, e só podemos torcer para que o desenvolvimento da trama faça com que as partes boas sobreponham as partes ruins, que tiveram o foco até então.
Você pode assistir a The Rising of the Shield Hero pela Crunchyroll, que faz a transmissão simultânea com o Japão, com novos episódios todas as quartas-feiras.
Surpreendendo a todos que estavam presentes em sua palestra no Anime Friends 2018, a Editora Panini resolveu – finalmente! – se abrir para o mercado de Light Novels, e, sob o selo “Romance Panini Books“, anunciou diversos títulos. Dentre eles, “Sword Art Online: Aincrad“.
Completo em dois volumes, esse é o “material original” que deu origem ao animê que, com o perdão do clichê… ABALOU AS ESTRUTURAS da indústria com seu COLOSSAL SUCESSO. Mesmo achando que não preciso introduzir SAO para ninguém, não custa nada, não é?
Inicialmente publicado como uma webnovel, o arco inicial de SAO fez sua estreia em 2002. O autor, Reki Kawahara, escreveu uma cacetada de capítulos na internet, até conseguir que sua obra fosse publicada em 2009. Daí pra frente é história.
Mas a história que queremos contar hoje não é essa, mas sim sobre a edição nacional e como ela está, onde vive e do que se alimenta. Vou começar pelo conteúdo do livro, e depois falo sobre detalhes técnicos – como capa, tradução e revisão, qualidade do papel, e essas coisas de sommelier.
Comparação de tamanho, moeda de cinquenta centavos para padrão, vocês sabem como funciona.
Existem dois tipos de consumidor para esse produto, e para cada um deles, haverá uma experiência bem diferente. Existe o consumidor de primeira viagem – o cara que nunca assistiu ao animê de SAO e que estará conhecendo a obra e as personagens pela leitura – e o consumidor manjado – que já assistiu o animê e já sabe do que se trata. Eu me encaixo no segundo grupo, e vou dar início por ele.
Se você já conhece SAO e já assistiu o animê (que está disponível na Crunchyroll e na Netflix, aliás), a novel é incrivelmente melhor do que você poderia esperar. Claro, ninguém nunca espera muita coisa de Sword Art Online (inclusive isso vem fazendo a sua recente temporada, Alicization, ser até que decente), e essa expectativa baixa acaba servindo de impulso pra qualidade do livro.
Toda a história de Aincrad, do beta-test ao final do jogo, acontece dentro do livro um. O autor deixa todas as histórias paralelas (famosas “side quests” dos RPGs) para serem contadas no segundo tomo, fazendo com que o primeiro seja um condensado de apenas dois personagens: Kirito e Asuna.
Temos, então, praticamente duzentas páginas inteiramente dedicadas a explicação de como o relacionamento dos dois protagonistas veio a ser. Já que você já sabe de tudo que aconteceu, ter esse “flashback” sobre os acontecimentos do passado e entender de forma mais profunda de onde eles se conheceram e essas coisas românticas aí, acaba sendo uma expansão do universo.
Créditos da edição brasileira.
Só que a porca torce o rabo se você for um novo leitor. Os acontecimentos são jogados pra lá e pra cá, as personagens têm interações tortas, dramas nunca explicados e personalidades que não se encaixam com o pouco que vemos delas. A decisão de dividir o arco em “parte principal” e “todo o resto da história” foi, na minha opinião, um tiro no pé. Tanto que durante a adaptação em animê, resolveram colocar tudo em ordem cronológica.
Uma das partes mais importantes de uma Light Novel, muito mais do que sua história ou seu desenvolvimento, são as suas personagens. Light Novels são obras focadas em suas personagens. Quando você não gosta do protagonista, nem a história mais interessante do mundo pode salvar sua leitura.
A falta do “miolo” da trama faz com que as personagens pareçam rasas, sem motivações e incoerentes. Você conhece um Kirito egoísta no primeiro dia de jogo, e algumas páginas depois, encontra-o socializando tranquilamente com seus BFFs, e mais algumas páginas além, você o vê choramingando por “não ter o direito de ter amigos” ou algo emo desse jeito. Simplesmente não dá para entender o que se passa na cabeça do espadachim. E a culpa nem é sua. A culpa é do autor, que fez diversos desenvolvimentos para mudar a personagem, e simplesmente NÃO TE CONTOU.
O que pode ser concluído disso tudo é que, por mais contraditório que isso pareça, ser spoilado do livro, ao assistir ao animê, é a melhor forma de aproveitar a leitura.
Ednaldo Pereira – Ednaldo Pereira (E.P.)
Tenho alguns pontos a levantar sobre a tradução e revisão da obra, também. No geral, o primeiro volume foi bem consistente e apresentou pouquíssimos erros (contei apenas dois). Mas algumas decisões tomadas me deixaram com a pulga atrás da orelha.
A começar pelos honoríficos. A tradução optou por manter os honoríficos nos nomes das personagens (por exemplo, Kirito-kun, Asuna-sama, etc). Falando apenas por mim, sou contra deixá-los em qualquer tipo de obra e que são facilmente substituíveis por equivalentes no idioma que você está traduzindo, mas entendo quem gosta deles, e só peço uma consistência ao utilizá-los. A grande questão é que ao deixá-los, você está, essencialmente, não traduzindo uma parte do texto. Se você opta por deixá-los, é sua obrigação explicar ao leitor o que é isso, e o que diabos significa.
Em uma passagem, Kirito se sente incomodado ao ouvir uma personagem chamar Asuna de “Asuna-sama”. -sama é um honorífico que denota o maior grau de respeito, normalmente utilizado para com líderes religiosos e políticos. A reação do Kirito é normal, afinal, estranhar que uma garota comum seja chamada por -sama é o que qualquer um teria sentido. Mas em momento nenhum isso é explicado. Se você não sabe o que o honorífico significa, a passagem se torna inútil.
Outro ponto é sobre a utilização de termos em inglês. Imagino que no original em japonês, todos os termos que estou citando estavam, também, em inglês, por isso a escolha de mantê-los num idioma estrangeiro. Mas, de novo… Estamos falando de uma edição brasileira, que deveria estar em português. Nem todo mundo sabe inglês, e manter nomes e frases num idioma diferente do nosso acaba impedindo que certas pessoas leiam a obra completa.
Entendo que é preciso manter em inglês para trazer a “autenticidade” que o autor queria, visto que os termos estavam em inglês no original, mas ainda é fácil de mantê-los lá, mas sem prejudicar a leitura. A NewPOP tem um caso semelhante com Log Horizon, e eles souberam resolver o problema: lá, o termo em inglês é imediatamente seguido por sua tradução para o português. Não é tão difícil assim.
Em cima, SAO. Embaixo, Log Horizon. É uma solução simples…
Esses são pontos importantes de se levantar, não só por querer ser bom samaritano e defensor patriótico, mas também pelo próprio marketing que a editora está fazendo. Ao chamar as suas Light Novels como “Romances“, ela está tentando desvincular a imagem de “mangá” de suas novels, tentando fazer o livro ter um mercado mais amplo. E um mercado mais amplo (fora do ‘nicho Otaku‘) não faz a menor ideia de o que é um honorífico, e nem é obrigado a saber inglês. Se quiser manter esses elementos, o mínimo que deveria ser feito é adicionar uma nota de rodapé.
Mas tirando esses pontos, que são mais implicâncias pessoais do que qualquer coisa, a leitura foi bem fluida e teve poucos “truncamentos” e os diálogos pareciam naturais. A parte física do negócio também está de parabéns, pois o papel e a capa, ambos tem um bom toque e fazem a leitura passar rápido, e as ilustrações ficaram excelentes.
Fazendo as malas e empacotando tudo, dá pra dizer que pra quem já é fã da série, pegar esse livro é um excelente negócio. Só o que dói é o bolso, pois o preço está um pouco salgado. É um preço pagável, caso você esteja disposto a fazê-lo, mas com certeza é um preço muito acima do que Sword Art Online vale.
Não sei se temos tempo de vida o suficiente para chamar algo de “Tradição”, mas todos os anos, durante a ceia de ano novo da Torre, juntamos as maiores mentes do website para que haja uma digladiação gratuita entre seus membros. O objetivo? Tentar discutir sobre o ano que passou, e ver o que ele trouxe de bom e tentar esquecer o que ele trouxe de ruim.
Nós, os primos pobres que viemos visitar o Tio rico que mora no Centro, preparamos os nossos rankings pessoais dos Melhores Animes de 2018. Os três redatores trabalharam duro tentando não esganar uns aos outros, e você pode conferir o que cada um achou abaixo.
Também foram feitas indicações de Quadrinhos Nacionais e Internacionais, por nossos colegas mais prestigiados. Além dos Melhores Filmes de 2018.
Caramba, outro ano se passou e cá estamos mais uma vez, pestanejando e esperneando pra ver quem consegue se mostrar como o cara de pior gosto do site todo. Dois mil e dezoito foi um ano muito mais modesto, recatado e do lar, quando comparado com seu antecessor… Ao menos quando falamos de animês. Eu, particularmente, consegui curtir bem melhor as jóias que encontrei, e consegui relevar as pérolas que apareceram. Podemos dizer que foi um ano de superação, em todos os sentidos.
Mais uma vez, a maior parte do meu Top 10 foi coberto pelas postagens de “Primeiras Impressões“. Como sempre ressalto, os primeiros episódios são os mais importantes, pois são eles que fazem com que os últimos sejam assistidos. Se quiser conferir algumas das palavras precoces que eu balbuciei esse ano, basta clicar no hyperlink no nome da cada show (que tiver um, é claro). Pode te ajudar a entender quão mais fundo é o buraco que estamos. E eu já adianto: O buraco é beeeem fundo. E bem engraçado, também. Esse foi o ano das comédias e eu AMO COMÉDIAS.
Vamos comentar, começando de baixo pra cima: Em décimo lugar, Cells at Work! foi bem divertido e contou com um elenco de alto peso molecular (ai desculpa gente eu sou Químico eu preciso fazer essas piadas quando surge a oportunidade). Apesar de ser engraçado com suas piadas nerds bazonga xd, ele acaba tendo um conteúdo muito mais denso do que se espera de uma comédia, e as suas punchlines foram praticamente as mesmas por toda a duração. Ainda é um baita de um show e merece a posição no ranking.
A nona posição dispensa apresentações. A quinta parte de JoJo chegou e sinceramente? Eu quero ser um gangstar. Ainda estamos no começo da história, mas pelo menos ela está tomando algum rumo, diferente da parte quatro, né…
Para a oitava posição, a postagem do começo do ano já ajuda um bocado. Gostaria apenas de acrescentar que adorei o rumo da história, por mais surpreendente que isso possa parecer. O tema principal – graças a Deus – foi para o segundo plano, e um tema muito melhor (ou menos polêmico, caso prefira…) assumiu seu lugar. E mesmo com o gosto amargo na boca, o final conseguiu ser positivamente emocionante. After the Rain foi mais do que uma referência a Falamansa.
Já que estamos citando os melhores do ano, fiquem com o que eu julgo ser a minha melhor piada de 2018. De Holmes of Kyoto.
Grancrest War fica em sétimo, e preciso confessar que o show cresceu em mim muito mais do que eu jamais poderia imaginar, quando escrevi suas Primeiras Impressões… Não só por suas personagens, mas por chegar um momento onde as coisas se acalmaram e finalmente começamos a entender o que diabos estava acontecendo. As vezes… Nós Gotta go fast um pouco mais devagar.
Liderando a segunda metade da tabela, Clear Card não só foi a sequência que queríamos como foi a que merecíamos. Qualquer fã da garota mágica de Tomoeda deveria voltar a sua infância de TV Globinho e assistir essa continuação. Acabou em aberto? Acabou. Deixou todo mundo com raiva e com gostinho de quero mais? Deixou. Mas a jornada vale, e não é só pela nostalgia.
IRODUKU e Chio’s School Road, quinto e quarto lugares… Mantiveram sua excelente qualidade do início ao fim, e creio que os seus respectivos Primeiras Impressões possam responder por mim.
Inaugurando o pódio, Asobi Asobase foi a coisa mais idiota que eu vi no ano, e justamente por isso merece tantos elogios. Como vocês podem ver, boa parte do meu ranking foi preenchido por comédias… Eu adoro comédias, de todos os tipos e formas. Se você gosta de comédia, sinceramente, qualquer uma das que foram citadas aqui irá te apetecer, basta escolher seu tempero. E o tempero de Asobi Asobase é o pior de todos. E isso o torna um dos melhores. É o macarrão com feijão do ano. E embora eu deteste a combinação… Ah, vocês entenderam.
O mesmo vale para Magical Girl Ore. A postagem explica bem do que se trata, mas não faz jus à qualidade. Acredito cegamente que a obra concluída é no mínimo dez vezes pior (ou melhor, você que sabe) do que eu passei.
Mas, apesar de tudo… Quem realmente levou o caneco foi o dito cujo: O maldito animê com um dos piores nomes localizados que eu já vi, Bunny Girl. Achei simplesmente sensacional como o autor conseguiu fazer um drama adolescente ser tão interessante. Como comentei no Primeiras Impressões… Ele usa de um bode expiatório que hoje eu percebo ser duplo: É tanto pra trazer o sobrenatural pro mundano, como pra fazer o mundano se tornar mais interessante, graças ao sobrenatural.
O desgraçado é um gênio.
Redator: Pedro Ladino
Bom, como já citado pelo Vini, 2018 se mostrou um ano excelente para animes, é claro que tivemos algumas bombas, mas no geral, foi um ótimo ano. Minha lista terá ao todo 11 animes, pois eu realmente não conseguir tirar, ainda que o primeiro das menções honrosas realmente valia a pena estar lá.
Começando a lista com um dos animes mais educativos que eu já tive o prazer de assistir. Cells at Work! é simplesmente uma das surpresas do ano. É bem produzido, e possui um ótimo timing cômico, e consegue ser pesado quando precisa. O episódio 12, sendo mais específico, trouxe um tom totalmente inesperado para o anime, trazendo medo, agonia e incômodo.
Apesar de possuir uma produção feita com troco de pão, WotaKoi é uma ótima comédia romântica sobre otakus. O show de referências e as piadas são um show a parte. O timing cômico é excelente. Além de ter uma das melhores aberturas do ano.
Idols, e tudo relacionados a elas, nunca me chamaram a atenção, tanto pelo estilo, quanto pelas controvérsias relacionadas a esse mundo. Para um anime que não possuía nem sinopse quando estreou, Zombie Land Saga foi a maior surpresa do ano para a minha pessoa. Desde o primeiro ao último episódio, o anime conseguiu me tirar risadas o tempo todo. Mas não é só na comédia que o anime se sustenta, ele possui críticas à esse mundo, qualquer um que saiba um pouco sobre o quanto nojento é o cotidiano das Idols. As músicas são ótimas também e o Koutarou é o melhor personagem masculino do ano.
08 – Asobi Asobase – workshop of fun – (Assista em: Crunchyroll)
Ainda que algumas piadas não funcionem, as personagens e as situações de Asobi Asobase são o ponto alto do anime, as dubladoras mandaram muito bem, em especial Hina Kino, que interpretou a Hanako. A mudança na voz é bastante natural e as reações são ótimas.
E o melhor anime de drama do ano vai para… uma comédia? Ainda que seja um anime de comédia, a parte que mais me conquistou em Hinamatsuri foi a parte dramática estrelada pela personagem Anzu. Eu chorei assistindo, que personagem! As partes de comédia com a Hina são bem legais também, ainda que algumas piadas sejam previsíveis, mas o anime vale pela Anzu.
Homenagem a Ashita no Joe (que eu não assisti e nem li, ME DESCULPEM), e é fantástico. Mesmo com uma produção limitada, o anime conseguiu passar a sua mensagem de forma sensacional. Ainda que o Boxe mova a trama, Megalo Box não é necessariamente um anime de luta. A estética noventista de Megalo Box faz ele passar um tom de clássico, além de uma trilha sonora fenomenal, e que foi parar até no Spotify.
A primeira vista, conhecendo o Japão como ele é, After the Rain possui uma sinopse que faz qualquer um pensar: isso vai dar merda. Mas, graças a Deus, esse anime é MARAVILHOSO. Que personagens, que produção, até perdoo o WitStudio por ter “estragado” The Ancient Magus Bride, e por favor, que lancem o mangá por aqui.
E aqui está o motivo para que essa lista tenha 11 obras e não 10, como de costume. Minha lista já estava praticamente fechada quando, por motivos paralelos a Torre, eu comecei a assistir. Starlight já estava na minha lista fazia um tempo, mas por causa dos atrasos do Hidive em colocar legendas em PT-BR, eu acabei deixando de lado para assistir quando acabasse, no entanto, esqueci. E meu Deus, que anime ein? A mensagem que ele trás é ótima, como crítica ao show business. Além de possuir as melhores cenas de lutas do ano. BANANICE BEST GIRL.
Aqui um anime que eu nunca pensei que assistiria, até descobrir que poderia assistir individualmente cada série de Lupin III. Para um primeiro contato com a franquia, não poderia ter sido melhor. Essa nova parte trás mini-arcos de 4 episódios que se juntam no final, e é incrível. Lupin é um excelente personagem, que funciona mesmo você só sabendo o básico sobre ele: é um ladrão, o maior de todos. Assistam Lupin III!
Quando você começa o ano com uma obra de arte chamada Devilman Crybaby, pode apostar que o resto dele será sensacional. Produção, trilha sonora e porrada no coração, só assistam. Devilman Crybaby se tornou um clássico instantaneamente, Masaaki Yuasa, eu te amo. O final mais sincero possível.
E chegamos ao anime que eu considero o melhor de 2018. Até Outubro eu considerava Devilman Crybaby imbatível. Mas sempre podemos contar com a Trigger, não é mesmo? (shiu, fica quieto ai Darling in the Franxx)
A direção de Gridman é espetacular, a ausência de trilha sonora em diversas partes acaba trazendo uma imersão e agonia. E só Deus sabe o quanto eu gritei com as cenas de luta, enlouqueci criando teorias e perdi o folego com Gridman. E o final… incrível, somente isso.
00 – Sangatsu no Lion S2 (Assista em: Crunchyroll)
VOU ROUBAR MESMO. Sangatsu no Lion para mim é o anime da década, e que todos deveriam assistir. O anime começou em 2017, mas temporada se encerrou esse ano. O arco do bulliyng tratado nessa segunda temporada é pesadíssimo e me deixou passando mal, ao ponto de ter que pausar os episódios a cada cena filha da puta. O segundo arco é espetacular, e explora mais personagens do anime. Assistam Sangatsu no Lion, é sério.
10 – Darling in the Franxx (Assista em: Crunchyroll)
Apesar do final apressado e decepcionante, Darling in the Franxx fez jus ao seu sucesso inicial e apesar dos pesares ainda é uma obra interessante e aproveitável até o episódio 18.
A aguardada adaptação da novel de mesmo nome escrita por Akatsuki Kana foi um misto de decepções com expectativas elevadas com base nos livros, e deleite com com as maravilhas visuais e sonoras de encher os olhos. Violet Evergarden ganha um lugar nessa lista pela sua excelência técnica e fidelidade à essência da história original, apesar das mudanças.
Uma das grandes surpresas de 2018 e do estúdio David Production, foi o anime original Cells at Work que se excedeu pela excelente temática e execução na animação em CG. Cells at Work com seu leque de personas das células do corpo humano entregou uma temática genuína e refrescante, se tornando um clássico; aquele anime do corpo humano.
A intensidade do brilho não dita a duração ou a beleza da chama. Koi wa Ameagiri foi anunciado com uma sinopse controversa e de interesse dúbio, mas demonstrou sua beleza sem chamar muita atenção. Uma beleza memorável que marcou um grande romance de 2018.
6 – That Time I Got Reincarnated as a Slime (Assista em: Crunchyroll)
Desde Sword Art Online e Daimachi, o gênero isekai ficou saturado com dezenas de animes genéricos toda temporada. That Time I Got Reincarnated as a Slime seguindo a mesma nota de KonoSuba, torna o gênero interessante novamente ao colocar o protagonista na pele de uma singela amoeba, transformando o que antes seria um clichê inexpressivo em uma comédia de expectativas além da fantasias shounen.
Você tem que ter um QI muito baixo para entender Pop Team Epic. Com uma proposta de adaptar tiras de 4 painéis, a realização desse anime foi uma afronta à Deus. Pop Team Epic se destacou pela qualidade humorística absurda que personificou tudo que simboliza o humor memético da internet.
Sempre que uma nova série é anunciada há a certeza de qualidade está por vir. A parte 5 da adaptação de Lupin continua com o ascendentes nível de qualidade já estabelecidos nos filmes clássicos e especialmente no anime de 2015. Lupin III: Part 5 não é apenas um doce para os fãs de longa data como também uma porta de entrada para novos espectadores.
Juntando zumbis e idols, Zombieland Saga reformula o padrão imposto por Idolmasters e Love Live! e trás uma nova vida ao gênero. Zombieland Saga deu a luz a Kotarou Tatsumi (info do dublador aqui), o melhor personagem do ano que definiu o sucesso desse grupo de idols e desse anime.
Após 45 anos a obra prima de Go Nagai finalmente teve a adaptação que merecia através da Netflix, apresentando a obra para toda uma nova geração. Devilman Crybaby permanece fiel ao original da melhor forma possível além de apresentar diversas referências ao original e aos OVAs. Fiz um texto dedicado ao anime, onde me expresso melhor sobre ele.
A comemoração do aniversário de 50 anos de Ashita no Joe, fez jus ao nome de uma dos clássicos dos animes de boxe e se consagrou como um dos melhores do ano. Fazendo uma releitura de personagens e trazendo a história para um cenário mais moderno, Megalobox reviveu o espírito dos grandes personagens que Ashita no Joe nos apresentou pela primeira vez há 50 anos. Sem uma animação impecável, mas com uma proposta direta e impactante, um estilo mais simples e sujo e uma trilha sonora memorável, Megalobox marcou este ano se tornou apenas uma marca à ser seguida por animes do gênero, como também um eterno clássico.
E esses foram os animes que consideramos os melhores de 2018, e que 2019 seja tão promissor quanto.
Nos dias 15 e 16 de Dezembro, acontece em São Paulo o Ressaca Friends 2018, evento de Cultura Nerd e Otaku. Dentre diversas atrações, as palestras das editoras sempre são as mais esperadas por aqueles que querem aumentar sua coleção, por normalmente trazerem anúncios.
Em sua palestra, a Editora NewPOP anunciou cinco novos títulos. Confira:
FIREWORKS
Mangá e Novel, baseados na obra de Shunji Iwai.
Em um dia de suas férias de verão, um grupo de garotos vai até o farol da praia para ver um show de fogos de artifício, e tentar descobrir como eles se parecem quando vistos por outro ângulo. Porém, um dos garotos, Norimichi, recebe um convite da garota que ele gosta, Nazuma: Ela queria fugir dali, junto com ele.
ZERO NO TSUKAIMA
Mangá e Novel, baseados na obra de Noboru Yamaguchi.
O continente de Halkeginia é agitado – um lugar onde vários Reinos, Principados, Ducados e Feudos lutam entre si buscando expandir seus domínios. A nobreza trama internamente para ganhar influência com seus soberanos, ou até mesmo soberanos rivais. No centro de Halkeginia existe o pequeno (mas importante) Reino de Tristein. Seu maior destaque é por conta da Academia da Magia de Tristein, que recebe nobres de todo o mundo para que possam estudar magia. Embora diversas amizades, independente de nacionalidade, podem ser forjadas dentro da Academia, elas sobreviverão as tramóias políticas do mundo, depois que os estudos terminarem?
Louise é uma estudante da Academia de Magia de Tristein, e tem fama de ser uma péssima maga. Um dia, os alunos participam de uma cerimônia onde cada um deles deve evocar uma entidade para servir como seu familiar. De alguma forma, Louise acaba por evocar um garoto chamado Hiraga Saito. Logo após ser transportado de seu mundo natal para esse novo mundo mágico, ele acaba se tornando o familiar da garota.
MY LESBIAN EXPERIENCE WITH LONELINESS
Mangá, baseado na obra de Kabi Nagata.
O mangá é uma autobiografia da autora, Kabi Nagata, e conta a fundo sobre temas como sua saúde mental, a exploração de sua própria sexualidade, e as experiências que vivenciou enquanto crescia.
A própria editora tweetou sobre seus cinco anúncios algum tempo depois da palestra:
Shows originais – isto é, que não são adaptações de algo, e sim escritos originalmente para o animê – são uma faca de dois gumes para o redator que vos digita. Por um lado, me economiza um parágrafo inteiro sobre o que diacho é o negócio original. Por outro, faz com que meu trabalho de criar um texto onde eu consiga dizer que “Japonês é um povo estranho” seja muito maior. Dessa vez, o que temos é um desses: Um Show Original, e que me dá muita dificuldade em reclamar sobre os japoneses… De qualquer maneira, vamos à introdução de fato:
O termo “magia” vem sendo usado pela humanidade há muito tempo. Ele mudou de significado com o passar das eras, mas sempre desperta a curiosidade de qualquer que seja o indivíduo envolvido. O nosso ser clama pelo sobrenatural, ele busca qualquer coisa que seja diferente o bastante para abalar nossas rotinas, para mexer com os alicerces de nossa existência. Afinal, o mundo como o conhecemos é… chato, sem cor… Buscamos na fantasia algo que possa nos trazer divertimento numa vida pacata.
Só que, o que acontece quando essa mágica se torna parte do dia-a-dia? Quando ela perde aquilo que a tornava tão especial? Assim que ela se mescla com o que consideramos “normal”, qualquer coisa passa a ser vista com os mesmos olhos entediados de sempre. E é justamente nesse mundo onde esse show quer se aventurar.
E quando falamos de magia, visões espetaculares sempre surgem em nossas mentes. Pode escolher sua ficção predileta, que você vai lembrar de grandes planícies repletas de árvores balançando ao vento; Fortalezas de pedra cercadas por monumentais muros que se estendem por até onde os olhos conseguem ver; Caldeirões fumegantes que exalam uma leve bruma de cor suspeita, com bolhas estourando e gerando pequenos fogos de artifício a cada instante… Bem, vocês me entenderam, né?
O ponto é que uma história desse tipo precisa de um visual deslumbrante para acompanhar. E nesse quesito, estamos muito bem servidos. O estúdio responsável pelo show, a PA Works, é famosa por sua belíssima animação e cenários de tirar o fôlego. Vou falar mais na parte técnica, mas a beleza é um dos fatores que faz com que o show funcione como deveria. Muito mais do que é mostrado no mundo, o próprio mundo te mostra que a mágica é real.
Acontece que, para as personagens que estão lá dentro, esse mundo fantástico e fantasioso não passa de algo comum. Então quando paramos para ver como elas vivem… Não há nada inimaginável. Elas vivem normalmente, têm suas atividades corriqueiras e continuam tocando a vida como nós fazemos. Assim, mesmo com o fator sobrenatural que está arraigado ao cerne da trama, estamos lidando com um Slice of Life comum.
Nisso, acabamos caindo numa contradição: queremos algo que nos cative por ser diferente, mas recebemos algo que é o mais pão com ovo das refeições. Pra fazer o comum ser cativante, é preciso algo que chame a atenção, mesmo sendo normal. E o que IroDuku entrega nesse quesito são suas personagens.
Se até eu que sou a pessoa mais apática do mundo, consigo perceber as emoções por trás das personagens, você também consegue.
De novo, as personagens são pessoas normais fazendo coisas normais. O charme delas está em suas peculiaridades. Não só a sua aparência (que também é bem trabalhada), mas suas personalidades são postas a prova logo de cara. Elas não são portas falantes, ou pedaços de papelão em tamanho real, muito menos estereótipos ambulantes. Você percebe que elas foram muito bem pensadas, e nota a grande humanidade por trás de cada ação que elas tomam. Humanidade que faz com que você possa se identificar instantaneamente com cada uma delas, positiva ou negativamente.
Outro detalhe que preciso dedicar um parágrafo pra falar é sobre as cores. O uso delas no show é muito mais do que como uma ferramenta artística para dar vida ao mundo mágico, como comentei até demais anteriormente. Ela é uma ferramenta de roteiro.
A protagonista, Hitomi, tem claros problemas psicológicos. A garota é introvertida, tem dificuldades em socializar, sofre por conta de preconceitos e pra melhorar a situação, tem sérios problemas de TER QUE LIDAR COM A TECNOLOGIA DE CINQUENTA ANOS ATRÁS. E apesar de não termos tido uma confirmação da série, fica claro que sua Acromatopsia (joguei no Google mesmo. É o nome da doença que faz com que você não enxergue cores e veja tudo em tons de cinza) é uma metáfora para sua visão de mundo.
Lembra quando eu comentei, no primeiro parágrafo, que ummundo chato é um mundo sem cor? É exatamente isso que a protagonista passa, e que o diretor quer passar. Em diversas cenas – cenas onde a garota está claramente de saco cheio da vida, com aquela famosa vontadezinha de morrer – o show faz questão de eliminar todas as suas belas cores para nos mostrar a visão dela. Fica clara a mensagem que quer ser passada.
Você, largando a fase emo e começando a ouvir Restart.
Com tantas personagens boas e que são feitas para nós nos apegarmos rapidamente, e uma direção honestamente excelente que consegue trazer todos os efeitos desejados, nós nem paramos pra notar o quão arroz com feijão o show em si é. Sério, se você parar por trinta segundos e juntar todos os pontos, vai ver que não tem nada de especial no animê. Como já dito, é um Slice of Life pão com ovo. Mesmo com suas peculiaridades, tudo é muito simples e acaba trazendo um enorme senso de tranquilidade para o clima da obra. Mas essa simplicidade acaba sendo um charme a mais que se soma a todas as qualidades já mencionadas.
Como prometi, um pouco sobre a parte técnica: vou dar destaque para os astros, e nomear Toshiya Shinohara pelo seu trabalho na direção, que já cansei de elogiar ao longo do texto; e Naomi Nakano, por fazer o “Design de Cores” do show (que, certamente, é um dos papéis mais importantes para ESSE SHOW EM ESPECÍFICO). Ambos trabalham com uma equipe ligada ao estúdio P.A. Works, que tem seu repertório cheio de shows de qualidade (e alguns nem tanto). Ainda, a música (por Yoshiaki Dewa) e a dublagem (com diversos nomes conhecidos) são de alto nível e só agregam à produção.
Um show que surpreende por ser bonito de se olhar e gostoso de se assistir, IroDuku fica como uma estréia 8/10 e me deixa muito ansioso por mais. Você pode assistir pelo serviço de streaming da Amazon, o Prime Video, com novos episódios todas as segundas-feiras.
Sei que vai ser difícil de acreditar, mas é verdade, então leia tudo até o fim. Faça isso, por favor! Apesar de estarmos falando de um animê, com um nome pouco chamativo e que provavelmente já te passou uma péssima primeira impressão, fazendo você achar que Japonês é um povo estranho… Dessa vez, tem algo a mais nisso. Algo que você precisa ver com seus próprios olhos. Dessa vez, até que animê não foi uma ideia tão ruim assim.
Fica bem fácil de saber que esse animê é baseado numa Light Novel, não fica? Digo, os sinais são óbvios: um nome longo e que descreve (ao menos) metade da sinopse; Nome, aliás, que soa ridículo para qualquer pessoa que já não esteja acostumada com esse tipo de coisa; Uma garota bonita na capa em alguma situação inusitada; Estrutura em arcos que fica óbvio onde cada volume acaba e onde o próximo começa… Poderia ficar aqui por horas, mas meu papel nessa postagem é outro, né?
Sabe o que é importante sobre uma Light Novel? Seu Autor. E o da Novel que deu origem a este animê é um já bem conhecido pelos fãs de melodrama adolescente: Hajime Kamoshida. Esse japonesinho com cara de simpático já passou pelas Primeiras Impressões quando o Luís comentou sobre Just Because!, quase um ano atrás. Se você assistiu a última obra adaptada do homem, sabe exatamente o que esperar disso aqui.
O estilo de escrita dele continua o mesmo, só mudando o enfoque: enquanto Just Because! se destacou por ser extremamente realista e pé no chão, Bunny Girl (que, desculpem, vou abreviar) parece ser uma primeira tentativa de trazer o sobrenatural para seu repertório.
E rapaz… Não é que ele está acertando em cheio?
Para explicar como que o nosso autor predileto consegue manter sua escrita “humanizada” enquanto parte para histórias além da compreensão humana, precisamos analisar justamente os humanos que estão inseridos nessa história: suas personagens.
Basta olhar para trás, que você verá o histórico do cara com seus protagonistas: tanto o Sorata de Sakurasou no Pet na Kanojo, como o Eita de Just Because! são farinha do mesmo saco. Apesar de terem suas próprias peculiaridades que conseguem distingui-los bem, eles têm um ‘esqueleto’ em comum: sua boa vontade e bom coração, sempre buscando ajudar os outros, mas cercado por diversas camadas de ironia e sarcasmo, que vão sendo derrubadas (e, às vezes, reconstruídas) com o passar da trama.
Em Bunny Girl, ele repete a fórmula, e consegue fazê-la bem, mais uma vez. E o motivo é simples: esse é o perfil mais genérico para um adolescente dos dias de hoje. É difícil errar quando você sabe exatamente onde quer acertar.
Esse garoto está saindo com coelhinhas bonitas graças a esse truque estranho. >>CLICA AQUI<<
Já a garota, tem suas peculiaridades (até por conta de suas circunstâncias), mas também é convincente. Também é uma pessoa que você consegue imaginar sendo real, existindo e tendo problemas semelhantes aos que você vê na tela. E o jeito como ela reage, tanto ao mundo ao seu redor (já falo disso) como aos esforços do garoto, duas coisas que beiram o sobrenatural… É deveras realista. Você se surpreende com a racionalidade dela.
A ambientação do mundo é a grande novidade da obra. Pela primeira vez, ele tenta fazer algo além de sua zona de conforto, e traz o místico pro palco principal. Fica claro que ele não tem muita experiência com o assunto, mas que está se esforçando para dar o seu melhor.
Ele explica a visão geral das coisas e deixa com que você preencha as lacunas com seus próprios pensamentos e ideais sobre o oculto… Mas cinco minutos depois, traz a personagem que é o bode expiatório da sua própria culpa, e tenta desmentir tudo.
Você reclamando de política na sua timeline depois de já ter excluído todo mundo.
Exatamente, essa analogia é perfeita: o autor queria escrever uma obra sobrenatural, mas sua racionalidade é muito arraigada ao seu jeito de redigir… Daí, para desencargo de consciência própria, ele fez questão de tentar racionalizar, equacionar e desmistificar qualquer aspecto que não seja cientificamente comprovável.
Talvez esse defeito acabe sendo uma de suas maiores façanhas, no final das contas. O clima que temos acerca desta tal “Síndrome da Adolescência” é justamente de mistério. É uma “doença” que não faz sentido algum para a “ciência tradicional”, mas que, quando analisada psicologicamente por moleques de quinze anos, faz todo o sentido.
É a tal da “puberdade” sendo explicada em formato mais entretível. Ambas as personagens estão mergulhadas no oculto, em coisas sem explicação… Mas você consegue trazer todos os problemas que elas possuem para o âmbito de carne e osso. O real “inimigo” da série não é o fenômeno sobrenatural que é chamado de “Síndrome da Adolescência”, mas sim o fenômeno real de se viver numa sociedade e de ver e experienciar as consequências disso.
Agora, vem cá… O QUE ESSES JAPONESES TEM COM O SCHRÖDINGER E SEU MALDITO GATO? Desculpem a exaltação, mas francamente… Toda hora, o tempo todo, esse maldito experimento sendo citado e redesenhado e remodelado por animês e afins. E o pior de tudo? METADE DAS VEZES, ELES TÃO ERRADOS! O Gato de Schrödinger é um experimento criado pelo cientista de mesmo nome para mostrar justamente… o quão ABSURDO é o conceito por trás da Mecânica Quântica. Mas parece que gostam de citá-lo como uma fonte de razão e de racionalidade sempre que possível… E não é isso… Não assim… Não desse jeito…
Desculpem o desabafo.
Eu nem vou me dar ao trabalho de mostrar os erros científicos do show, então fiquem com esse meme de baixa qualidade ao invés disso…
Voltando a programação normal, podemos falar da parte técnica, que vejam só, não está decepcionando nem um pouco! A animação é do estúdio CloverWorks (que fez relativo sucesso recentemente com Darling in the FranXX); tem direção de Souichi Masui (que já tem um bom tempo na indústria); Um destaque também vai para Satomi Tamura, que fez os excelentes Designs de Personagens, e participou da animação dos primeiros episódios.
O visual é lindo, as personagens são muito bem desenhadas e se envolvem perfeitamente com o mundo (também belamente desenhado) em que estão. Até os figurantes e personagens de fundo, que muitas vezes são ignorados (ou renderizados em 3D) acabaram ficando bons. E a trilha sonora não deixa a desejar, sendo perfeita para todas as ocasiões, quase todas as vezes.
No mais, fica claro que Bunny Girl é muito mais do que aparenta ser, e que traz muito mais do que seu título poderia te fazer imaginar. É, literalmente, um livro que não se pode julgar pela capa, e parte disso se reflete até na própria trama do show. Sinceramente, não gostaria de me exaltar aqui, mas creio que, no mínimo, 8/10 para essa estreia é o que ela merece.
A série está sendo transmitida pela Crunchyroll, com novos episódios todas as quartas-feiras.
Quem não gosta de um conto de detetive? Faz sucesso há anos, tem que ser bom! E claro que, como tudo que faz sucesso (e as vezes até coisas que não fazem), tem que vir algum japonês transformar o negócio em alguma coisa estranha. É o caso de Holmes of Kyoto.
Pois bem… Elementar, meu Caro Watson… Só que dessa vez o Watson é uma garota de 16 anos ressentida com a vida e que não ajuda em nada nos casos. E o próprio Holmes também é um jovem adulto ressentido com a vida. Sério, tá todo mundo depressivo nesse show, bicho?
O animê vem baseado em uma obra já antiga: o material original é uma Novel com início de publicação em 2015 por Mai Mochizuki. Se considerarmos que Sherlock Holmes é de 1887, dá pra chamar de velho né? De qualquer maneira, a novel de Mochizuki também foi adaptada em versão mangá em 2016, com um design muito mais próximo do que vemos na animação. Não que isso importe muito para o caso em questão.
Assim como uma obra de investigação faz, Holmes of Kyoto mostra algo para te enganarno começo, te dar pistas falsas e te convencer de que sabe o que está acontecendo. Quando na verdade, você está sambando na mão do assassino o tempo inteiro.
Mas o que exatamente é pura lábia no animê? Elementar, pois: o primeiro episódio te faz acreditar que teremos uma temporada inteira de Trato Feito Quioto, dentro da loja de antiguidades que nos é apresentada. E sinceramente? Acho que isso seria muito bom. Quem não gosta de Trato Feito? É um dos melhores programas da TV fechada atual.
Infelizmente não é isso que acontece. A partir do segundo episódio, temos uma série de “casos” que precisam ser resolvidos pelo protagonista (que aliás nem se chama Holmes de verdade, mas achei uma boa sacada o motivo do apelido), e todos surgem tão repentinamente quanto acabam. Em momento algum nós somos apresentados aos motivos que fazem esses casos serem levados especificamente para o Yashigara (que é o nome real do Holmes, aliás). E nunca nos é explicado como que essas pessoas conseguem se sustentar, tendo em vista que todos os casos até então foram resolvidos na base da “troca de favores” e eles aparentemente ignoram a existência da loja por longos períodos de tempo.
Quem fez melhor?
Mesmo com uma trama aparentemente episódica que serve mais para mostrar a vasta gama de trívias de rodapé de livro que o protagonista leu, as personagens conseguem ser interessantes. Digo, as duas personagens que apareceram por mais de cinco minutos na tela. Temos o mocinho, que abertamente admite ser uma pessoa ruim; e temos a mocinha, que é totalmente uma adolescente gótica da cidade grande que se mudou pro interior. São pequenos traços de personalidade, sim, mas que são bem explorados e conseguem te definir como são as pessoas que estamos lidando.
Acontece que mesmo com um elenco legal, as investigações não são tão divertidas como deveriam ser. Passamos quinze minutos gastando tempo com alguma coisa que parece ser relevante, para no final o caso ser resolvido com alguma coisa nunca antes mencionada, literalmente tirada da cartola do protagonista. Não existe nenhuma forma de você chegar na mesma conclusão que o caso toma. O mistério deixa de ser divertido e se torna frustrante. Você passa a pensar: “Que coisa minúscula e idiota vai ser a chave para resolver esse caso?“. Você precisa ignorar todas as pistas reais que são dadas (e que ocupam 80% do episódio sendo mostradas) e apontar para a coisa mais não-relacionada que aconteceu.
Na parte técnica, temos uma animação razoável. Não é ruim, e tem até algumas cenas bonitas, mas peca em algumas outras. Cortesia do estúdio Seven com direção de animação de Yosuke Ito. Sobre músicas… Eu sinceramente nem percebi se tinha algo tocando no fundo ou não. Acredito que é um sinal negativo para a OST. Mas ao menos a dublagem é bem bacaninha, com Kaito Ishikawa no papel do mocinho e Miyu Tomita no papel da assistente-peso-de-papel.
Eu assistindo aos casos sendo desvendados magicamente.
No final das contas, não é mistério nenhum que eu não fui muito com a cara do show. Mas é claro que você pode acabar gostando. Afinal, nem todo mundo gosta das mesmas coisas, e não precisa ser um xeroque rolmes pra saber disso. Pra mim, ao menos, a nota inicial para o animê é de 4/10. Pode melhorar, com certeza, se decidir ser mais racional, mas por enquanto…
Você pode conferir por si mesmo assistindo ao show, que está disponível na Crunchyroll com novos episódios lançados todas as segundas-feiras.
A gente tenta postar no horário, mas no caminho do painel de controle acontecem coisas bizarras, e nós acabamos quase sempre nos atrasando. Parece que sempre que vou escrever sobre japonês, surgem umas coisas estranhas… O que era de se esperar. E hoje, temos o animê mais idiota e mais vergonhoso que eu vi nos últimos tempos. E justamente por isso, ele é sensacional.
Se fosse para definir Chio’s School Road em uma só frase, seria “eu mesmo”. Apesar de todos os absurdos e da enorme falta de seriedade em qualquer coisa (que já falo sobre), a maior qualidade da série é ser extremamente relatável e te conquistar por proximidade e intimidade.
Mas calma, vamos primeiro conhecer o que estamos lidando. A obra vem de um mangá, com autoria de um cara que é conhecido por… Desenhar Hentais: Tadataka Kawasaki (eu sei que vocês iam perguntar). A única obra que não precisa de faixas de censura dele é justamente essa, e isso já diz muito mais do que precisávamos saber sobre o assunto…
Voltando ao que importa, que é o animê em questão… O show promete ser algo extremamente simples: uma garota indo pra escola. O que poderia dar errado? Simplesmente por conhecermos a mídia em que estamos, a única resposta possível é “tudo”.
As coisas sempre dão errado, o tempo todo. Mas a melhor parte é que são pequenas coisas, acontecimentos do dia-a-dia que você, eu e todos nós passamos também. A diferença é que a Chio faz tudo que nós sempre sonhamos e nunca pudemos (ou melhor, nunca tivemos a coragem de) fazer. Isso torna esses pequenos imprevistos em cenas de repercussão astronômica, que por beirar a insanidade, acabam cruzando a linha do cômico.
Não só os acontecimentos como as personagens têm o seu humor próprio. Começamos de garotas terríveis cientes de sua própria maldade, passamos por lésbicas psicopatas, e chegamos até ex-membros de gangue em recuperação. O elenco é tão diverso que é impossível não gerar uma situação cômica pelo simples encontro dessas figuras.
Claro, não é um show para qualquer um. É preciso gostar de absurdo e ser aquele tipo de pessoa que morre de rir com uma foto de um atum. Também existem algumas barreiras culturais, com piadas que fazem mais sentido em japonês e/ou para a cultura oriental (você sabe como é o corte ideal de um Atum inteiro? Pois eu também não sabia). Mesmo assim, ainda há algum aproveitamento para todos, basta desligar seu cérebro e se divertir por alguns minutos. Ou só assistir, se você for como eu que já está com o cérebro desligado há alguns anos.
De verdade, a obra me conquistou desde o primeiro episódio, mas pode demorar um pouco mais para cair no gosto de pessoas menos imbecis que eu. Se o começo não te prender, dê uma chance para o segundo.
Pessoas que batem bem da cabeça tentando entender o que diabos está acontecendo.
Na parte técnica, o estúdio Diomedea está cuidando da animação, que está ótima e propositalmente simples, para realçar todos os efeitos necessários; a música é essencial, com uma OST adequada para a obra (simples, mas absurda), abertura e encerramento de excelente nível, e efeitos sonoros dignos de vídeo-cassetadas do Faustão (e isso é um elogio!); uma dublagem perfeita, com a protagonista Chio (CV: Naomi Oozora) tendo a voz ideal para as ações que ela toma…
Resumindo, é uma baita duma produção, dentro de seus méritos.
O comedômetro quebrou e foi substituído por outro, mas as notas continuam: 8/10 é mais do que merecido e Chio’s School Road tem um futuro brilhante pela frente. Completamente nonsense, mas brilhante.
O anime está disponível na Crunchyroll, com legendas em Português (ou inglês, se preferir) e novos episódios são lançados todas as sextas-feiras.
Se você achou que eu tinha desistido de Re:Zero, achou quase certo! Infelizmente por motivos contratuais sou obrigado a dizer apenas a verdade e contar pra vocês que eu vou continuar lendo independente do rumo que o livrinho tomar. Além dos japoneses, eu também sou um pouco estranho.
Para você que está totalmente perdido e caiu aqui de paraquedas, essa é a Re:Zenha (ai meu deus) do quarto volume de “Re:Zero: Começando uma Vida em Outro Mundo“, Light Novel publicada no Brasil pela editora NewPOP e que atualmente conta com cinco (5) volumes publicados. Estamos um pouco atrasados mas vamos chegar lá. Os volumes anteriores foram cobertos (todos sem spoilers de seu respectivo conteúdo) aqui: 1 | 2 | 3
Viemos do terceiro tomo com uma promessa: que agora, finalmente ganharíamos a nossa merecida recompensa por ter aturado Subaru por quase mil páginas; que iríamos receber mais desenvolvimento de mundo, informações faltantes para entendermos onde estamos e para onde vamos.
Podemos dizer que, de certa forma, a promessa foi cumprida. Mas assim como um serelepe gênio da lâmpada, o autor usa da pior interpretação possível das palavras que usamos para nossos desejos: o mundo foi desenvolvido e descobrimos que ele é terrível; e que o único caminho para qual rumamos tem destino o caos, logo ao lado do desespero sem fim, esquina com a agonia eterna.
Queria começar pelo world-building, mas pra isso preciso passar pelas novas personagens, então… Uma enxurrada de pessoas novas, com todos os tipos de aparência, posição social e ganha-pão, mas com uma coisa em comum: terem personas terríveis. Menos o Al, o Al é gente boa.
Se o Al, por baixo da máscara, não for ESTE HOMEM, eu ficarei bravo.
Tá bom, tá bom, posso estar forçando um pouco a barra. Algumas delas não são TÃO ruins assim. Aliás, deixar claro que quando eu digo “ruim”, não estou querendo dizer “mal escrita” ou “pessimamente desenvolvida“, mas sim “coração ruim“, pessoas que têm a alma maldosa mesmo. Porém, isso já era uma característica esperada: quando o maior ponto de exaltação de sua heroína é, justamente, a sua gentileza e seu coração bom, é normal imaginar que seus arredores serão cobertos por tudo quanto existe de ruindade no mundo, para fazê-la se destacar. E Re:Zero faz justamente isso.
Cada um tem sua peculiaridade, e claro, algumas coisas boas para poderem ter salvação, pelo menos. Ao menos, é o que eu gostaria de pensar. É muito triste imaginar que existem tantas pessoas inteiramente ruins em um lugar só, então espero que esses pequenos detalhes que foram trabalhados pelo autor sejam sinais de que no fundo, cada uma dessas personagens sejam boas. Embora admita que algumas não tem salvação…
A grande questão é que, mesmo com o esforço colossal de fazer todo mundo parecer ruim para elevar a bondade da Emilia para níveis Hollywoodianos, uma única pessoa é o suficiente para isso, e não é nenhuma das novas personagens… Meu Deus do céu Subaru, como você consegue?
Eu venho falando mal do nosso amigo protagonista desde os primórdios da criação, e fico feliz de saber que minha expectativa nunca é falha. Ele realmente sempre faz tudo errado, o tempo todo. Ele se esforça de uma forma colossal para conseguir obter o pior resultado possível em suas ações. O cara precisa morrer de duas a quatro vezes ao dia pra entender o que diabos ele tá fazendo de errado. E isso, como você lerá, se torna um problema (gritante) neste volume.
Só que chega desse blá-blá-blá e vamos ao que interessa: World-building. Levou só quatro volumes, mas finalmente começamos a entender o motivo da história inteira acontecer. Não, não tô falando sobre como o Subaru foi isekai-zado, mas logo depois disso. Afinal, tudo começou com o roubo da insígnia, não é?
A sucessão real foi o assunto principal do volume (se excluirmos a teimosia do Subaru, que sempre é o número um), e rapaz, não é que dessa vez o autor acertou em cheio? Conseguiu nos dar um panorama geral da situação, mostrar muito bem quem está envolvido e por quais motivos, e ainda teve a audácia de meter uma meta-piada de quebra de quarta parede no meio da sala do trono do castelo. Eu faço críticas a rodo sem dó nem piedade, mas quando elogios são merecidos, eu não faço descaso. Nesse quesito (e convenhamos, só nesse), tá de parabéns.
Não apenas a sucessão real, mas também aprendemos muito sobre a capital, seus habitantes, suas ordens e grupos, e até mesmo sobre o mundo de Subaru. Confesso que fiquei realmente chocado (ainda é cedo pra dizer se positiva ou negativamente) com as surpresas que envolvem o “mundo real“. Além disso, temos a oportunidade de conhecer mais sobre política, magia e história do mundo alternativo. Foi extremamente produtivo nesse aspecto.
Aos poucos, vão sendo reveladas as peças necessárias para montar o grande quebra-cabeça do mundo de Re:Zero. Afinal, convenhamos: não estamos lendo essa novel por causa de seu protagonista cativante, né? O grande atrativo é o seu mundo rico e cheio de mistérios. O charme está em justamente não ter muitos mistérios de verdade, mas ser um grande mistério por nós não o conhecermos, e irmos descobrindo-o uma parte de cada vez.
Eu sobre a história de Re:Zero, mesmo depois de quatro volumes lidos…
De novo mais uma vez novamente tivemos a edição impecável da NewPOP que já conhecemos. Papel, capa, ilustrações, acabamento, etc etc etc. Eu já cansei de falar sobre a qualidade não só das Novels como de todos os produtos da editora.
Inclusive, dessa vez gostaria de deixar um elogio a mais: a adaptação que a equipe escolheu para os “sotaques” dos personagens. No volume, fomos apresentados a diversos personagens, como citado, mas dois em especial são bem marcantes (por diversos motivos): Priscilla e Al. A garota se encaixa no esteriótipo de “dama chique”, e fala como tal no original; enquanto o homem é a própria definição de “tiozão de anime“, e usaria uma camiseta havaiana se não estivéssemos em outro mundo. Como isso foi localizado para o papel? A garota fala em segunda pessoa como em novelas de época; o homem fala com gírias dos anos 80 e parece ter saído da TV Manchete.
Sério, ficou muito bom, e adorei a escolha. Não sei se foi ideia do Thiago Nojiri (o tradutor) ou foi sugerido a ele por outrem, mas dou os parabéns a equipe pela excelente localização. Não só nisso, como nas “frases antiquadas” da Emília e nas piadas do Subaru.
Agora voltamos a programação normal e damos o nosso já costumeiro puxão de orelha sobre a revisão. Confesso que deu uma melhorada nesse volume, nada muito gritante como no anterior, mas ainda assim, diversos erros bobos, principalmente nos capítulos finais. Depois de notar esse padrão pela quarta vez, fica impossível de negar que o prazo é o culpado. O começo é revisado com calma, e quando a água bate na bunda e a data de entrega aperta, a revisão afrouxa. Tem que ver isso aí, Júnior.
No geral, foi tanto o melhor como o pior volume da série até aqui, dependendo de que parte do livro você pegar pra ver. O que isso significa? De verdade, nem eu sei mais. Acho que dá pra recomendar mais do que o último.
Nos dias 06 a 09 de Julho no Pavilhão do Anhembi, em São Paulo, ocorre o Anime Friends, maior evento de cultura geek japonesa do país. A Editora Panini deu sua palestra às 17h, e fomos surpreendidos por novos anúncios. Seguem:
Dr. Stone – Mangá – Em andamento com 6 volumes, começando em agosto, em Papel Offset;
Bungo Stray Dogs – Mangá – Em andamento com 15 volumes, em Papel Offset;
Sword Art Online – Novel -Em andamento com 20 volumes, começará a ser publicada ainda esse ano;
The Last: Naruto The Movie – Novel – Completo em 1 volumes;
A Panini afirmou que uma linha de light novels já está sendo planejada.
Mais informações serão divulgadas no futuro próximo.