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Torre entrevista Salvat Editora sobre o encerramento de suas coleções

Em setembro de 2013, depois de um protocolar período de testes no início do mesmo ano envolvendo as quatro primeiras edições, a Editora Salvat Ltda. chegava de vez ao mercado brasileiro de HQs com A Coleção Oficial de Graphic Novels Marvel. Apesar da estreia nesse tipo de colecionismo, a editora fundada em Barcelona, Espanha no ano de 1869 já era atuante há tempos não só em território nacional, mas também em Portugal e diversos países da América do Sul, sendo no Brasil em atividade desde 2001.

Algo antes esporádico nas bancas brasileiras, a coleção popularmente chamada de Marvel Capa Preta mudou o perfil do colecionador brasileiro. Antes reservado quase que exclusivamente à livrarias e lojas especializadas, encadernados em capa dura começaram a abastecer os pontos de venda onde comumente se encontrava quase que apenas edições mensais e encadernados em capa cartonada. Estes últimos, voltados para linhas mais adultas ou coleções menores.

A primeira coleção de Graphic Novels lançada pela Salvat no Brasil

As mensais perderam força gradualmente e hoje uma parcela substanciosa dos leitores prefere encadernados aos mixes que costumávamos encontrar nas bancas desde os anos 40 com a Editora Brasil América Ltda. (Ebal). A troca de preferência também influenciou outras editoras e livrarias, que começaram a investir mais nessa forma de publicação e, coincidentemente ou não, fazendo a gigante Amazon ganhar força no país.

Nas bancas, outras editoras também aproveitaram. Eaglemoss e Planeta deAgostini, apostando na mesma forma de publicação e venda. Até a própria Panini, que começou a encadernar um maior número de seus títulos já lançados anteriormente nas revistas mensais e até publicando inéditos diretamente em encadernados de banca. Estes de capa dura e cartonada.

Eaglemoss também apostou no modelo. Diferente da Salvat, a DC Comics Coleção de Graphic Novels ainda está em atividade.

Essa mudança de preferência fez seus colecionadores inclusive ganharem dos leitores mais conservadores a pejorativa denominação “colecionador de lombada” por: Preferirem o acabamento de luxo ao mais popular; Comprarem todos os volumes de uma coleção independente de suas histórias contidas, para formar a ilustração proposta com a coleção completa e, em outros casos, comprarem as edições apenas para as ter enfeitando sua estante, não importando seu conteúdo.

As características não necessariamente se aplicam em conjunto aos seus leitores, tampouco significa que afeta grande parte dos mesmos, apesar de exemplos serem vistos com o desenvolvimento destas coleções por aqui. Mesmo com a grande popularidade, a editora não divulga a tiragem nem o número de vendas de suas coleções, seja em pontos físicos ou assinaturas, por considerar estes números sensíveis de serem revelados devido à forte concorrência do mercado.

Mas em 20 de março de 2019 um comunicado pegou de surpresa seus colecionadores. Após vários problemas com sua distribuição, a Salvat encerrava três de quatro das suas coleções de banca: A Coleção Oficial de Graphic Novels Marvel, Os Mais Poderosos Heróis da Marvel A Coleção Definitiva Homem-Aranha. Após várias tentativas de contato com a editora, cujo departamento de marketing tem base apenas na Espanha, conseguimos por e-mail a exclusiva entrevista à seguir, visando esclarecer os turbulentos últimos meses vividos pela Salvat e seus leitores no Brasil não só nas HQs, mas em várias de suas coleções:

 

O motivo do encerramento prematuro das coleções da Marvel tem a ver com o número de vendas?

O encerramento das coleções de Marvel tem vários motivos, e todos estão relacionados, tendo como consequência afetação nas vendas. A Editora Salvat distribui seus produtos a través da Total Publicações, empresa do Grupo Abril. Grupo o qual entrou em Recuperação Judicial no mês de agosto, motivo pelo qual estivemos mais de seis meses fora do mercado. Este motivo foi culminante.

Coincidentemente as três coleções encerradas são da Marvel. Tem a ver com o licenciamento da editora e sublicenciamento no Brasil pela Panini?

Na verdade, o encerramento não é só com as coleções da Marvel.

Esse encerramento também acontecerá com outras coleções que não envolve quadrinhos? One Piece, Turma da Mônica, Os Mitos da Ferrari…

Como dito anteriormente, afeta a coleções de banca, One Piece também. Turma da MÔNICA (sic) não porquê a coleção já estava encerrando. Mitos do Ferrari é produto da loja online, e este canal é considerado a parte.

Por que tantos títulos foram lançados simultaneamente? Levando em conta as quatro coleções de HQs, o gasto era de quase 400 reais mensais, próximo do valor de meio salário mínimo no Brasil.

O Modelo de negócio de venda de colecionável em todos os países é o mesmo, para Salvat e para a concorrência. Os wHQ’s estão num momento de crescimento, e a MARVEL foi uma oportunidade de mercado para a Salvat, que tratamos de aproveitar. Mas podem ver que em qualquer mercado o funcionamento é o mesmo (ver https://www.salvat.com/comics-y-libros).

Não foi possível trocar de distribuidora ou vender em lojas como Saraiva e Amazon, além da loja online da Salvat?

A única Distribuidora para o canal de bancas que existia no Brasil era a Total Publicações do Grupo Abril. Infelizmente, não tivemos oportunidade de trocar de Distribuidora.  Os produtos da Editora Salvat como falado anteriormente, muitos deles, são produtos licenciados, mas licenciados só para o nosso canal de venda que são as bancas e nossa loja online. Isso não nos permite distribuir em outros canais como livrarias, para não entrar em conflito com nossos licenciantes.

Os Heróis Mais Poderosos da Marvel: A única coleção encerrada de acordo com a expansão prevista no Brasil

Não é possível continuar com o serviço dessas coleções somente para assinantes?

A Editora Salvat avaliou todas as possibilidades para tentar minimizar os problemas ocasionados aos consumidores, mas não é viável a continuidade só para assinantes.

Existem coleções vendidas exclusivamente pelo site da Salvat. Não poderia ser feito o mesmo com as HQs?

Não é possível fazer o mesmo. Algumas das coleções exclusivas da loja são stocks (sic) de outros países, geralmente carros, motos, miniaturas.

A Coleção Tex Gold não foi encerrada, porém sofre o mesmo risco? Uma vez que também é distribuída em banca.  

O caso de cada coleção foi analisado individualmente e Tex Gold não foi afetada pela decisão de encerramento.

 

A Espada Selvagem de Conan teve seu lançamento anunciado e serviço de assinatura vendido, porém desativado. Essa coleção tem chances de ser lançada ou foi cancelada em definitivo? Os direitos de publicação do personagem voltarem para a Marvel influencia isso?

A coleção Espada Selvagem de Conan (sic) foi apresentada na CCXP de 2017 com pré-venda para assinaturas, foi cancelada e os assinantes recuperaram o valor da coleção. Atualmente o projeto está parado e se for possível reativa-lo, informaremos aos leitores no momento oportuno.

A lombada sempre foi um chamariz das coleções da Salvat. Esta só pode ser montada com a coleção completa. Como agora pensam em atuar com o leitor que se sente frustrado por ter sua coleção incompleta?  

Como falado, vamos esperar para que a situação da Recuperação judicial do Grupo Abril finalize da melhor forma possível para Editora Salvat que está investindo no Brasil desde 2001. Quando esta situação fora (sic) resolvida, analisaremos todos os cenários possíveis.

Esse encerramento ocorre só no Brasil? Ou outros países da América do Sul e Europa aconteceu o mesmo?

Só aconteceu no Brasil, principalmente pela situação do que (sic) o Grupo Abril entrou em Recuperação Judicial.

A Salvat ainda pensa em investir em HQs no Brasil mesmo depois desses encerramentos?

Desde a Editora estamos tentando solucionar todos os problemas atuais. O futuro em quanto a títulos lançados está um pouco incerto ainda, mas sabemos que os HQ’s são tendência em alça e nós gostamos trabalhar com este tipo de produto. Confiamos em poder lançar novos títulos e contar com todo o pessoal que gosta deles, no futuro!

Por meio de sua página no Facebook, tentamos contato com a Total Publicações. Apesar do inicial atendimento via troca de mensagens, a distribuidora repentinamente deixou de responder nossas solicitações à partir do momento em que foi informado o motivo de nosso contato. Mesmo com a falta de atendimento subsequente, a página em rede social da distribuidora continuou funcionando normalmente e nossas mensagens continuavam sendo visualizadas, apesar de não serem mais respondidas.

Após as respostas serem enviadas, questionamos mais uma vez a Salvat por sua resposta referente à coleção Tex Gold, pois difere da notícia publicada recentemente no Tex Willer Blog que afirma o cancelamento da coleção antes do esperado, se encerrando no número 40. Assim que recebermos um parecer, o artigo será atualizado.

ATUALIZAÇÃO: Via rede social, responsáveis pela atualização da página Coleção Tex – Salvat nos afirmaram que “Nós não temos nenhuma informação oficial sobre um cancelamento ou pausas na coleção. O que ocorreu na verdade foi o cancelamento de alguns pacotes de assinaturas (com o pagamento mês a mês), devido a algumas questões operacionais.” Apesar da resposta, a editora costuma avisar suas decisões em cima da hora. Por isso ainda é melhor ter cautela.

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Torre Entrevista | Francesco Guerrini

E mais uma vez marcamos presença no Festival Guia dos Quadrinhos. Este ano realizado no Hakka Plaza, pela primeira vez trouxe como convidado um quadrinista internacional. Alvo de muito assédio e filas imensas de autógrafos, Francesco Guerrini também mostrou ser uma simpatia de pessoa nesta entrevista concedida à Torre por convite da Culturama, editora responsável pela vinda do italiano ao festival. Confira:

Na escola italiana de quadrinhos Disney, vários acabam adotando um traço próprio, como Giorgio Cavazzano, Casty, Paolo Mottura, Marco Gervasio… e seu desenho é mais tradicional, como nos anos 50 e 60. Por que esta escolha?

Muitos desenhistas começaram vendo o Cavazzano. Casty começou há pouco tempo com seu traço fazendo referência ao Romano Scarpa, e poucos faziam o mesmo até então. Já eu tive a referência do Carl Barks. Mas não quis me limitar só ao lápis de Barks, como Dan Jippes, que também é ótimo, mas [para mim] fazer Barks é preciso entender o seu contexto, velocidade e narrativa, que é muito específico. Me inspiro em Giovan Batista Carpi, que foi meu mestre, como também em Al Hubbart. Com essas referências, comecei a praticar muito, mas nem o que se espera, se atinge. Mas sempre tento melhorar. Se alguém me diz que “na próxima vez você pode fazer melhor” eu digo que “sim!”.

Página de Carpi, o citado mestre de Guerrini. Fonte: Arabeschi.it

Também na Itália, você tem catalogadas, entre inéditas e republicações, cerca de 140 histórias. Destas, 96 o Pato Donald aparece e em 66 o Tio Patinhas. Curiosamente, a publicação principal se chama Topolino, ou seja: Carrega o nome do Mickey, em italiano. Por que você não trabalha com o Mickey nesse universo Disney?

No inicio me perguntaram “você quer o Donald ou Mickey?” e eu pratiquei mais com o Donald que, pra mim, era um personagem mais divertido. E assim foi indo porque o Mickey é um pouco menos livre. Antigamente eu teria mais liberdade com as piadas do Mickey, mas não agora. Antes seria mais fácil introduzir elementos do universo dos patos nas histórias dele. São recomendações que vêm da central da Disney, nos Estados Unidos. O Carpi conseguia fazer um Mickey engraçado mas que dificilmente as coisas com o camundongo davam errado, diferente do que acontece com o Donald. Outro que escrevia muito bem o Mickey era o Romano Scarpa, mas não tem como imitar-lo. Só recentemente o Casty começou a usar alguns de seus elementos. Não tanto o seu traço, mas seu estilo, com um Mickey mais heróico.

Várias de suas histórias não seguem aquele padrão de 3 tiras por página. Muitas delas a disponibilidade dos quadros muda de uma página para outra. Na questão de pôr no papel a história, como vem a sua ideia de direcionar o leitor exatamente a ordem que propõe?

Procuro fazer a HQ que tem a ver com a situação do momento, como aprendi com o Carpi. Às vezes os roteiristas escrevem algo que não dá para colocar em um quadrinho só, porque os roteiristas não sabem desenhar! Procuro encontrar a melhor cena além do que está descrito no quadrinho. Alguns roteiristas deixam o desenhistas serem mais livres, mas eu faço o Storyboard sempre, pois é o principal momento criativo. Eu coloco em cima os quadrinhos para fazer a cena. Porém com alternâncias para ficar mais legível. Nunca coloco dois quadrinhos duplos verticais na página. Se um é duplo, o outro é normal. Não ponho um quadrinho duplo vertical à direita, sempre à esquerda porque senão não se percebe de cara o sentido de leitura…

Isso é importante, porque quando fazem à direita acabam muitas vezes tendo que usar setas…

Às vezes é necessário quando se tem uma cena onde as setas entram na história. Senão busco outra solução, como “quadros redondos”. Já as tiras quádruplas são mais difíceis e a redação pediu para nunca passar disso. Mas às vezes é preciso e sou obrigado a modificar os quadros de acordo com o que está acontecendo. Cavazzano me falou que eu tinha “que aprender como se faz os quadrinhos Disney” dessa forma: No Primeiro quadrinho temos a apresentação, depois o desenvolvimento e por último o gancho para a página seguinte.

Em uma história sua batizada de A Agência de Mil Ideiaso final é parecido com uma história do Carl Barks, chamada 1 Milhão de Omeletes. Hoje costumam fazer releituras de histórias antigas, como você fez em A Pataca Fatal, que veio de Trenzinho da Alegria, também de Carl Barks. Como é esse processo de reconstrução de uma história já consagrada, porém como uma linguagem recente?

Foi uma oferta que eu não tinha como recusar. É como colocar a mão numa obra de arte. Conhecendo bem a historia, eu fiz de acordo com o seu espírito original. Mesmo quando algumas coisas eu não poderia colocar [na releitura] como a Vila Barraco, bairro dos meninos pobres que estavam na história original do Barks pois seria forte demais para os dias de hoje. Então mudei as características mais fortes e trocamos o nome do lugar para Tormenta.

Em suas histórias o Pato Donald tem como característica a criatividade, atributo geralmente visto no Professor Pardal. Tem algum limite criativo para determinados personagens? Na paródia de O Médico e O Monstro, a Disney não permitiu que fosse lançada fora da Itália pela forma que caracterizaram o próprio Donald.

Na semana passada comprei essa edição especial com a história d’O Médico e O Monstro porque em breve deve esgotar. O Donald já tinha seus momentos criativos até mesmo antes do Pardal. No Donald pode fazer isso, por isso é legal. Já no Mickey, não pode. O Donald não é um incapaz. Ele já foi à Marte, ao fundo do mar, foi piloto de avião, submarino… ele pode fazer tudo.

História proibida de ser lançada no exterior. Fonte: Mangame.it

Como a Itália é o maior mercado de produção de quadrinhos Disney, de que forma você vê hoje o futuro desse material por lá? Os artistas norte-americanos sempre foram os mais famosos, mas hoje os mais produtivos são os italianos.

Pergunta difícil! Os estadunidenses inventaram, fizeram os quadrinhos acontecer. Nós nos sentimos honrados de saber isso, mas eu, por exemplo, não tenho um personagem criado por mim mesmo. Temos que pensar de acordo com a central da Disney. Os desenhistas italianos que conheço são muito bons. Os quadrinhos precisam se adaptar aos leitores de hoje, que leem menos. Como dizia o Carpi, os personagens precisam se atualizar. Não dá pra fazer hoje uma história como era nos anos 40. Se muda os veículos, vestimentas… os sobrinhos do Donald não dormem nem no mesmo tipo de cama de antes. São hoje garotos modernos que usam celular, tablet, fazem esporte… e continuam sendo os Escoteiros Mirins. As crianças precisam se espelhar nos personagens para quererem ler o quadrinho. Por exemplo: A animação Lilo & Stitch.

E há alguma preocupação hoje em saber que o material que vocês produzem vai chegar em várias partes do planeta?

A preocupação existe. Por exemplo: Como adaptar o Peninha e o Urtigão ao público da América do Sul? Ou o Mickey, Mancha Negra, João Bafo-de-Onça… Eles agradam público até na China. É possível adaptar-se à cultura local. O como o próprio Urtigão, que citei agora pouco. Este é diferente da sua versão italiana ou estadunidense, não é errado adaptar-se a outros tempos. O Donald pode ser um atrapalhado, um criativo, um herói… é possível.

E em breve sortearemos um Grande Almanaque Disney autografado pelo próprio Guerrini. Fiquem de olho no site e em nossas redes sociais!

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Culturama: Presente e futuro

Como se saiu e o que esperar dos próximos meses dos quadrinhos Disney pela Culturama

Quase 9 meses se completaram desde o encerramento das publicações de quadrinhos Disney no Brasil até uma nova editora reassumir o legado. Desde dezembro passado já circulavam notícias que um novo acordo estava fechado e imagens do ex-editor da Abril Paulo Maffia na exposição Quadrinhos, do Museu de Imagem e Som (Mis) e na Comic Con Experience deram a dica que, mesmo não oficialmente anunciada até então, a Culturama seria a nova editora, uma vez que o cenário escolhido para as imagens era justamente de personagens Disney ao fundo. A Culturama, editora fundada em 2003, desbancou inclusive a Panini, que era forte candidata por parte dos leitores a retomar as publicações no Brasil.

Paulo Maffia e a equipe da Culturama no Mis. Foto: Reprodução/Facebook

O ponto de partida para o retorno começou dia 21/02 com um jantar para a imprensa, artistas Disney e convidados. No evento, as capas das edições nº0 foram reveladas. Curiosamente, quase todas já tinham sido deduzidas por leitores nas redes sociais à partir de uma imagem publicada pela editora contendo apenas o título com alguns traços das ilustrações. A capa de Aventuras Disney se tornou a única que foi de fato uma surpresa. Assim, esta se juntou oficialmente aos títulos Mickey, Pateta, Pato Donald e Tio Patinhas.

Para os leitores regulares, as HQs começaram a ser distribuídas nacionalmente por volta da terceira semana do mês de março, com o serviço de assinatura também entrando em prática. Neste último, por seu transporte ser de responsabilidade dos correios, foram informados pelos próprios assinantes relatos diferentes à respeito da data de entrega. O que chamou mais atenção foi a caixa usada para transporte do produto, se tornando até item de colecionador. O kit de assinante contém todas as histórias em quadrinhos do mês e um brinde, sendo este o inicial um copo decorado com os personagens Disney. O brinde não irá para as lojas.

Caixa especial para entrega dos assinantes. Foto: Janaina Silva/Culturama

Nesta modalidade, alguns colecionadores informaram que suas HQs vieram com danos devido ao transporte e dentro das caixas não havia proteção para as HQs e o brinde. Procurada pela Torre, a editora afirma que “as revistas enviadas por assinatura estarão melhor acondicionadas nas caixas já à partir do envio da edição nº1 [a segunda entrega do contrato], com uma proteção a mais que evitará contato com o brinde”.

Em estabelecimentos comerciais, a Culturama lançará todos os meses a caixa especial com todos os cinco títulos. Essa edição será destinada a alguns pontos de venda e lojas online. A primeira caixa já se esgotou em várias lojas, mas é prevista a reposição de estoque em abril.

Caixa especial para livrarias e lojas especializadas. Imagem: Amazon

Apesar da divisão da editora para publicar quadrinhos se chamar HQ Culturama, os planos são apenas para quadrinhos Disney. Outras linhas estão descartadas no momento. A Culturama também pretende publicar livros do Universo Disney. Além do já anunciado Il Manuale degli Espiratori Curiosi, a editora tem contrato com a Marvel e Star Wars e pretende trazer em um futuro próximo livros referentes à essas duas licenças. Não há conflito com outras editoras. Esta possibilidade parecia possível depois do anúncio da publicação do Album Mickey 90 anos pela Panini em Novembro de 2018. A Panini, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que “com o lançamento do álbum do Mickey 90 anos, a Panini celebrou um marco histórico para a editora, anunciando a aquisição das licenças da Disney, Marvel e Pixar no Brasil para a publicação de álbuns de figurinhas”. Álbuns de figurinhas não estão contemplados no contrato da Culturama.

Livro já anunciado pela Culturama. Imagem: Scuolastore

Vem aí também mais um título: O Grande Almanaque Disney. Em publicação diferenciada, este título busca publicar grandes sagas inéditas. Dessa forma, sagas já iniciadas como Mickey Mistery não estão nos planos.     

Em um mercado editorial deficiente como o Brasil, livros de várias editoras não passam de 5 mil exemplares por edição; a Culturama somente em 2018 alcançou a marca de 12 milhões de exemplares comercializados. Sua linha é focada no público infanto-juvenil e serve como a introdução à leitura para muitos. Para as HQs, Maffia conta que “Os adultos já são apaixonados pelos quadrinhos Disney, assim, acreditamos que será natural pais, avós  introduzirem as crianças nessa leitura. Muita gente aprendeu a ler com os gibis e a leitura das revistas é uma brincadeira divertida”A editora possui um serviço especial de assinaturas para escolas, com valores especiais para estimular o uso do material em salas de aula e uma distribuição diferenciada, colocando seus títulos em diferentes pontos de venda trazendo o material para uma maior quantidade de leitores em potencial, fazendo parte da rotina dos mesmos.

Dando continuidade ao projeto, a segunda leva de quadrinhos Disney tem previsão de chegar às bancas, assinantes e demais pontos de venda já em abril. Uma novidade que já poderá ser vista é a volta de matérias a respeito das histórias principais em Aventuras Disney e Tio Patinhas deste mês. Outra seção que voltará é a de correspondência. Respondendo cartas, mensagens e dúvidas dos leitores, esta tradicional parte das HQs também estará nos títulos da Culturama, porém não em todas as edições.

E ainda há muito ao que vir por aí. Futuramente a editora pretende retomar a produção dos quadrinhos Disney no Brasil, porém, no momento, não há previsão. Pois o trabalho em parceria com a Disney precisa de prévia aprovação da companhia. 

Portanto, este é só o começo. O que resta é aguardar.

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Salvat encerra várias de suas coleções em banca

Em comunicado divulgado no Facebook, a editora Salvat, responsável pela publicação de diversos títulos em capa dura em bancas no Brasil desde 2013, anunciou a descontinuação de várias de suas coleções, incluindo A Coleção Oficial de Graphic Novels Marvel e Os Herois Mais Poderosos da Marvel, conhecidas popularmente como Capa Preta e Capa Vermelha, em respectivo. Como justificativa, a editora alega problemas de logística e distribuição ocorridos desde 2018, quando paralisações na distribuição do material foram frequentes.

Confira a declaração:

https://www.facebook.com/SalvatGraphicNovels/photos/a.418423638279090/2113197092135061/?type=3&theater

Assim, as coleções de Capa Preta e do Homem-Aranha se encerrarão abaixo do previsto pela Salvat no Brasil. A primeira terá 135 exemplares, abaixo dos 150 propostos e a segunda terá 40, longe dos 60 planejados.

Como já se discutia em grupos de redes sociais, a coleção Os Herois Mais Poderosos da Marvel tinha forte indício de ser de fato encerrada no número previamente previsto como meta pela editora no Brasil, uma vez que recentemente alcançou o número 100 e não havia nele comunicado de prosseguimento da coleção. Apesar disso, no Reino Unido a coleção foi mais extensa, sendo oficialmente encerrada no número 130 em 12 de dezembro de 2018.

A Coleção Oficial de Graphic Novels Marvel tem um total de 200 exemplares programados em seu país de origem até agosto de 2019. A longevidade da coleção tem gerado má repercussão inclusive por lá, onde há tempos pedem pelo encerramento da mesma.

Sobre a coleção Tex, A Lenda do Faroeste, nada foi comentado sobre seu encerramento, porém sua periodicidade passa a ser semanal à partir da edição 33. A informação veio em outra postagem da editora em rede social:

A coleção de Tex é prevista para ter 60 exemplares ao todo.

Nada também foi dito sobre A Espada Selvagem de Conan, essa sequer sendo lançada oficialmente até o momento.

 

 

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Resenha | Aventuras Disney 0

Fechando a primeira fornada de HQs Disney da Culturama temos justamente o que que estava há mais tempo sem ser editado. Aventuras Disney surgiu em 2005 e durou 48 edições. Aqui tivemos sagas como Dragon Lords, Os Mágicos de Mickey, Donald Duplo, Ultra-Heróis e outros.

Para iniciar essa nova encarnação quase 10 anos depois do término da primeira, temos o mais famoso super-herói Disney: O Superpato. Assinado por Byron Erickson e o ótimo Andrea Freccero, Superpato e o Azarraio tem muito a cara do gênero dentro dos quadrinhos Disney. Na aventura, o herói de voz estridente simplesmente não consegue deter um vilão cujos raios estragam qualquer plano proposto, como num golpe de sorte. E falando de sorte, um determinado parente de Donald pode ser o fator principal para solucionar o caso…

Está ótimo. Esse é o nível esperado. Histórias nessa leva existem várias, então creio que a editora não encontrará dificuldades em escalar a história principal a cada mês.

Mas há também outro motivo pelo qual considero que essa pode ser a mensal mais importante da linha: Por conter nela personagens que não devem aparecer nos outros títulos.

Que se explique: Patinhas, Donald, Pardal, Peninha, Os Sobrinhos e etc. se revezarão em Pato Donald e Tio Patinhas; Mickey, Pluto, Pateta, Horácio, Minnie, Coronel Cintra e todos deste universo estarão entre os títulos de Mickey e Pateta. Assim, onde teremos a chance de encontrar os personagens Havita, Lobão, Lobinho, Banzé e possivelmente outros que raramente aparecem?

Aqui. Claro que a quantidade de histórias produzidas para esses personagens é bem menor, mas há material inédito no Brasil e já foi dada a pista que é em AD que devem sair. Neste mês tivemos Plano de Treino com Lobão e os Três Porquinhos. Literalmente cansado de correr atrás, Lobão decide fazer academia para melhorar seu desempenho na caça à Cícero, Heitor e Prático. Mas, na floresta, ninguém fica parado.

É uma história curta, mas essas 5 páginas representam muito na minha opinião. Vamos aguardar.

Fechando os destaques, Kari Korhonen nos traz A Deusa de Ouro, com Vovó Donalda em clássica história de mistério. Em um evento privado, o Sr. Gansolto tem uma valiosa estátua roubada durante o jantar em sua própria residência, a tal Deusa de Ouro. O legal dessa história é a possibilidade do leitor ser o detetive. Quem for atento pode resolver o furto antes mesmo de Donalda. Muito boa escolha, lembra inclusive aquelas histórias de detetive protagonizadas por Mickey que funcionavam como passatempo no meio das edições. Pardal e Superpateta completam o número.

De todos os títulos, Aventuras Disney é o mais nebuloso, pois é o mais rotativo em conteúdo. Com grandes possibilidades, temos boas expectativas criadas.

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Resenha | Pateta 0

O melhor amigo do Mickey ganhou um status importante nos últimos anos. Além de uma mensal, vários especiais foram publicados e um novo alter ego chegou: O Pateta Reporter.

Assim como em Mickey, a Culturama decidiu por duas histórias mais longas para começar com o Pateta. Marco Mazzarello, mesmo ilustrador de Três Num Trenó (Mais Um Cão), a principal HQ de Pato Donald nº2481, desenha ambas. Uma história é boa; A outra, nem tanto.

A capa é bonita. Colorida e bem desenhada, Giorgio Cavazzano cria boas expectativas para A Profecia dos Saurotecas. As coisas melhoram já ao saber que Eurásia, a arqueóloga amiga de Mickey, está no elenco. Eurásia é uma personagem relativamente recente: foi criada por Casty em 2004 e protagonizou apenas 8 histórias até hoje. Entre elas, a ótima O Raio da Atlântida publicada em Mickey nº 894 em fevereiro de 2017.

Atendendo ao pedido dos cientistas Zapotec e Marlin, Mickey e Pateta vão ao Museu Arqueológico examinar a tal profecia Sauroteca, onde uma ilustração designa dois parceiros correndo de um lagarto gigante. No desenho, esses dois se parecem muito com Pateta e Mickey. Ao avisar Eurásia do ocorrido, esta sugere uma viagem ao México, onde os Xamãs da região guardavam um cetro capaz de acalmar a fúria dessas criaturas, adorada pelo povo da região.

O problema aqui é a inconsistência do roteiro. Há muitas informações que são pouco exploradas ou criam uma ideia de clímax que não é atingida. O início da aventura sugere uma viagem no tempo que não ocorre; Um antagonista surge no meio da história e tem pouca influência na trama; O tempo é muito relativo entre um dia de outro quando acontece a viagem ao México e retorno… com menos elementos, creio que funcionaria melhor. Uma pena, pois tinha tudo para ser melhor, assim como o roteirista Vito Stabile já nos entregou enredos superiores, como O DesmanchaPrazeres, publicado em Pateta nº86, de junho de 2018.

Mas A Água Fóssil estabiliza o nível desta primeira leva de HQs Disney. Pateta e Horácio têm dificuldades em cuidar do jardim: A água parece ser controlada por uma força desconhecida. Esta força pertence à Hidris, um alienígena ancião que agora vive em uma cidade subterrânea na terra. Com a extração na reserva hídrica de sua cidade, seu território e amigos são sequestrados por uma empresa que agora explora a região. Assim, cabe a Pateta e Horácio ajudarem à resgatar a população e reequilibrar o ecossistema.

Aqui temos um roteiro redondo. Inclusive uma curiosa reflexão sobre o hábito de colecionar, que diz respeito a muitos de nós e nossos quadrinhos. Nada espetacular, mas satisfatório. Fazendo o simples pode se dar bem. Menos é mais.

O início da edição acaba compensando com o fim. Há várias histórias com Pateta ainda a serem publicadas, e a tendência é que melhore nas próximas edições.

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Resenha | Tio Patinhas 0

Tio Patinhas surpreende muito pelo conteúdo de suas histórias principais. Explicando: Aqui, Patinhas Mac Patinhas é posto onde não costuma estar, ou até onde nunca imaginou.

Logo de cara temos O Amor do Tio Patinhas, nesta narrativa que ocupa mais da metade da edição acontece a primeira aparição de Miriam Mac Gold, uma pata de Gansópolis destinada a ser rica que, dentre outras conquistas, marca um lugar especial no coração de Patinhas, mas se recusa ser ajudada por ele em sua missão de ser quaquilionária. Para isso, até vence uma licitação derrotando Patinhas e Patacôncio. Miriam inclusive já era concorrente de Patinhas no passado, e sua paixão por ela o fazia inclusive gastar umas patacas a mais. Tamanha diferença de comportamento chama a atenção de Donald, que busca mais informações sobre esse caso de seu tio. Apesar de inédita, a HQ é datada de 1989, roteirizada pelo já falecido Bruno Concina e com desenhos do prolífico mestre Giorgio Cavazzano.

Miriam tem somente mais uma aparição em HQ do Tio Patinhas: Zio Paperone e le Grandi Conquiste (Tio Patinhas e as Grandes Conquistas, em tradução Livre) de Gianfranco Cordara e Andrea Ferraris publicada na Itália em 1997. Nesta história, uma repórter prepara um artigo sobre vários e várias personagens ligados à Patinhas. Também inédita no Brasil, sua publicação seria bem-vinda, mas como é uma história que revisita acontecimentos anteriores, pode ser que ainda precisemos que outras sejam lançadas por aqui antes dessa. No passado já tivemos títulos Disney cujo tema principal era relacionamentos amorosos, porém seria muito interessante uma edição com os relacionamentos amorosos de Patinhas.

Em contrapartida à primeira, logo em seguida já temos uma história muito moderna. Em O Papel do Dinheiro, Patinhas enfrenta enormes dificuldades em conservar o conteúdo de sua caixa-forte, recorrente alvo de ratos, umidade e tentativas de roubo. Por isso, acaba aceitando a ideia do mais novo milionário da cidade: Bittencourt Crista, jovem magnata das criptomoedas. Patinhas se desfaz de quase toda sua fortuna física e investe no dinheiro digital. É de uma surpresa absoluta ler uma história assim e ver a caixa-forte mais famosa dos quadrinhos totalmente vazia. Terje Nordberg ousou nessa e dificilmente teremos outra situação parecida.

Mais certo um destaque vale para Ouro Esquecido, onde Patinhas e Donald vão até o norte da California atras de uma terra que Patinhas nem se lembrava em ter comprado. A única pista é um recibo encontrado por acaso em uma velha mochila. Garimpeiro experiente que é, vai até lá descobrir por quê.

Como já citei em Pato Donald 0, é sempre bom revisitar esse passado aventureiro de Patinhas. Porém o desfecho dessa aventura é bem parecido com o de A Febre do Ouro em Marte, ainda mais levando em conta que uma foi lançada exatamente um mês depois da outra na Noruega, Suécia e Dinamarca. A dupla criativa é totalmente diferente, porém a semelhança chama atenção.

Todas essas diversas facetas de Patinhas fizeram desta edição uma mistura bem eclética. Diferente até da arte da capa, já que ele não usa em nenhuma das histórias a mesma roupa característica que está estampada nela. Interessante para ver as diferentes formas como Patinhas foi e está sendo representado nos países onde prosseguem com a criação de suas histórias.

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Resenha | Pato Donald 0

Para Pato Donald 0, a Culturama optou por ser a edição com maior número de histórias: Considerando as duas de Enrico Faccini, temos um total de nove histórias na HQ mais longeva do Brasil. A maioria dinamarquesas.

Ao mesmo tempo que se trata da estreia da nova editora, esta é o nº 2482 somando todas as publicações de Pato Donald por aqui. Este registro vale também para todos os títulos da linha da Culturama, podendo ser consultada no expediente de cada número.

Temos já na primeira (e melhor) história da edição uma nova parceria: Além de ser a ilustração da capa, Um Golpe na Escandinávia é até o momento, única HQ de parceria entre Carol & Pat Mcgreal com o norueguês Arild Midthun. De férias em Oslo, Donald acompanha seus sobrinhos em um torneio de futebol e passeando pela cidade conhece uma mulher que decide ajudar. Atrapalhado que é, acaba caindo em um golpe.

Assim como todos os outros países escandinavos, as HQs Disney têm público muito expressivo na Noruega. Essa história, já como outras, mostra bem isso. Os cenários, objetos e animais são muito bem detalhados e coloridos. É um guia turístico ao mesmo tempo que é uma ótima história. Que essa parceria volte em breve, pois começou muito bem. 

Carol & Pat Mcgreal ainda voltam junto a Maximino Tortajada Aguilar em mais uma HQ da edição, em O Incrivel Pato Que Encolheu. Donald sem querer é vítima de um experimento do Professor Pardal e encolhe rapidamente como em Querida, Encolhi as Crianças, com Pardal mais uma vez fazendo seu papel de Rick Moranis. Boa história, mas padrão.

Destaque mesmo vale para outra ótima estreia: A Febre do Ouro em Marte. Essa é simplesmente a primeira história de Aleksander Kirkwood Brown publicada no Brasil. Nascido em 1984, Brown tem apenas 8 histórias Disney produzidas. Protagonizada por Tio Patinhas, a aventura foca numa viagem do pato mais rico do mundo à Marte, onde são descobertos veios de ouro. Sem perder tempo, Patinhas vai ao planeta vizinho reviver os tempos de Klondike.

Essa história é importante pois lembra os tempos que fizeram Patinhas ser quem é. Desde as histórias de Carl Barks às de Don Rosa, o Patinhas aventureiro e explorador é o mais querido pelos fãs e suas aventuras nessa área são sempre bem-vindas. Apesar de poucas histórias ainda publicadas, Brown tem uma já produzida com o ótimo Arild Midthun citado anteriormente. Voks med voks på (Cera em Cera, em tradução livre) apesar de ser de 2016 por enquanto só saiu na Dinamarca, Suécia, Noruega e Holanda, todas do mesmo ano. Como a Culturama visa publicar apenas material inédito, fica a torcida para este sair por aqui.

O cuidado com Pato Donald é evidente. Quem está aí desde 1950 de fato merece. Com tradição não se brinca, e as coisas continuam bem.

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Resenha | Mickey 0

Já na capa, é notável a celebração dos recém-completados 90 anos de Mickey. As duas gerações do mesmo personagem com um fundo representado com seu nome em vários países mostra bem o que está por vir.

A edição de estreia do Mickey pela Culturama segue uma tendência que se manteve nos últimos meses de editora Abril: Duas histórias por edição. Com a ressalva de que, diferente do apresentado na anterior, sua nova casa começa com duas histórias italianas, e não uma italiana e outra dinamarquesa.

Isso é um problema? De forma alguma. As duas aventuras apresentadas representam muito bem a fase do personagem, que se manteve com narrativas de, em média, 30 páginas e, em determinados momentos, paródias. Nos últimos anos, Mickey incorporou James Kirk, Dylan Dog, Corto Maltese, Asterix, entre outros.

A primeira história é roteirizada por Francesco Artibani. Há um certo tempo ausente, a última aparição de Artibani como roteirista em uma edição de Mickey foi na edição nº 860 da editora Abril, datada de abril de 2014. Em Mickey e a Aventura sob Medida, Pateta e Donald ajudam o Camundongo-Detetive a solucionar o misterioso desaparecimento de casas na região, comprometendo seu serviço e de seus amigos, agora atuando como limpadores de chaminé.

Interessante a escolha do desenhista Lorenzo Pastrovicchio em optar pelo visual retrô do trio protagonista, design que não se aplica aos demais personagens da trama. Curiosamente, a última história de Pastrovicchio publicada no Brasil em um título solo do personagem, na recente Mickey nº 905, o artista opta pelo caminho inverso ao produzir ao lado de Tito Faraci A Quadrilha de Técnicos, uma releitura de A Quadrilha de Encanadores, clássico de Merill de Maris e Floyd Gottfredson publicado em tiras de jornal em 1938 e reeditada no Brasil em Os Anos de Ouro de Mickey nº10, em outubro de 2017. Lá, Mickey tinha um visual totalmente repaginado e moderno, uma vez que esta era a ideia em adaptar este roteiro feito há mais de 80 anos aos tempos atuais.

A história é uma mistura de tudo que costumamos ver nas páginas de Mickey: Mistério, aventura, humor e, dessa vez, uma pitada de nostalgia.

Em Eu & Minnie, Mickey reflete o porquê de uma recente discussão com Minnie, cujo real motivo ele desconhece. Revisitando seu passado e fazendo auto-crítica em relação a amizades, trabalho e aventuras, Mickey analisa porque a parceria com Minnie deu tão certo. Listando também as qualidades de sua companheira, mostra que este elo pode permanecer forte por muito mais tempo, mas antes precisam juntos superar as desavenças. Inclusive a cena em que Minnie o presenteia com uma ferradura e voam juntos pela primeira vez está lá, exatamente como aconteceu na animação Plane Crazy, considerada a primeira aparição de ambos os personagens, em março de 1928.

A trama tem um encontro de gerações inclusive em sua equipe criativa: o jovem Giorgio Fontana se junta ao veterano Massimo de Vita para celebrar os anos de união do casal. Em atividade desde 2015, esta é somente a 4ª história de Fontana publicada no Brasil; para De Vita, é a 215ª.

A estreia é satisfatória, ainda mais se considerar que Mickey é o personagem Disney mais cultuado hoje em vários países. Essa tendência tem refletido não só na Itália, mas também na França. Mickey tem sido o personagem Disney mais utilizado na linha Glenat, protagonizando 7 de 8 álbuns lançados pela editora francesa.

Em comemoração aos 90 anos do personagem, tivemos no Brasil apenas o álbum de figurinhas publicado pela Panini. Mesmo que atrasado, o orelhudo poderia ainda ter homenagem de aniversário em uma edição dedicada exclusivamente a HQs por aqui pela Culturama. Seus fãs merecem.

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Sesi-SP Editora anuncia novidades para 2019

Mal começou 2019 e já tivemos novidades da Sesi-SP, maior editora de quadrinhos europeus do país. Mathieu Bablet, depois do lançamento de Shangri-La em 2018, retorna também pela Sesi-SP com A Bela Morte. E tem mais material vindo aí: Agraciada com o Troféu HQ Mix de 2017 para Editora do Ano, a Sesi-SP busca manter o nível das temporadas anteriores, e conversamos com eles para saber mais.

Blacksad teve seus 5 tomos lançados em cerca de um ano e meio, e assim alcançou seu país de origem. Uma nova série tomará seu lugar?

Não sabemos ainda se a editora original colocará alguma série no lugar de Blacksad, mas estamos aguardando que sim, e que nas próximas feiras tenhamos novidades para trazer ao Brasil.

Essa editora original que se referem é a Dargaud?

A editora original é a Dargaud, sim. Porém, também estamos estudando outros catálogos estrangeiros.

Os tomos 4 e 5 de Verões Felizes, intitulados Le Repos du Guerrier e La Fugue já foram lançados na França. Qual a previsão desses volumes saírem no Brasil?

Ambos os volumes estão em produção na editora neste momento e sairão em 2019, no primeiro e no segundo semestre, respectivamente. Só aguardar!

Quando começou a ser publicado em 2016, somando as duas coleções Spirou e Fantasio e O Spirou de… tivemos 9 volumes lançados em 2016, 3 em 2017 e somente 2 em 2018. Por que essa diminuição de ritmo e quais os planos para essas coleções em 2019 que contam ao todo com 55 e 14 volumes respectivamente?

É natural que o ritmo tenha diminuído um pouco. Para colocar uma série deste tamanho no mercado a editora se preparou para trazer 8 títulos no primeiro ano, mas acabou conseguindo emplacar 9; em 2017 e 2018 a estratégia foi de colocar 3 títulos por ano, mas diante dos pedidos dos aficionados pela série, estamos estudando a possibilidade de aumentar essa quantidade em 2019.

A coleção integral de Valerian tem ao todo 7 volumes. Por enquanto temos 3. Quantos devem sair em 2019?

Na verdade, os volumes 4 e 5 estão maravilhosos e chegaram ao mercado no final de 2018 [chegando às lojas em janeiro de 2019]. Em 2019 serão lançados os dois volumes remanescentes, um no primeiro e outro no segundo semestre.

Valentine teve 3 volumes publicados em 2017 e nenhum em 2018. Por enquanto temos 6 volumes em seu país de origem. A série continuará em 2019?

Sim, a série continuará em 2019, com previsão de lançamentos de Valentine 4 no primeiro semestre e Valentine 5 no segundo semestre.

Criada em 2011, a Sesi-SP Editora publica quadrinhos nacionais desde 2014 e a partir de 2016 adicionou ao seu catálogo quadrinhos europeus. Além do HQ Mix, a editora foi vitoriosa no Prêmio Jabuti, Selo Altamente Recomendável FNLIJ, entre outros.