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Sobrevoando a Carniça | Batemos um papo com Marcel Bartholo e Rodrigo Ramos

Lá pelos idos de 2017, surgia no quadrinho nacional Carniça. A HQ nasceu na parceria do roteirista Rodrigo Ramos e o desenhista Marcel Bartholo, tornando-se um sucesso e criando o embrião do selo independente Carniça Quadrinhos. Onde, em 2018, foi publicado Lama, confira nossa resenha AQUI. A terceira publicação desse “casamento” será agora no final do ano  com Canil. Na nova HQ vai levar o leitor ao presídio de Guarás. Um verdadeiro lugar de terror e morte onde a sociedade descarta aqueles que ela já esqueceu.

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Rodrigo Ramos é autor, roteirista, jornalista especializado em quadrinhos de terror, crítico e autor de Medo de Palhaço. Enquanto Marcel Bartholo é ilustrador, quadrinista, artista plástico, sócio fundador do Estúdio Ideaboa e vocalista da banda Efeito Imoral. Batemos um papo com a dupla e falamos sobre Canil, o selo Carniça Quadrinhos, Antologia VHS, projetos futuros, política nos quadrinhos e de uma possível “Cachaça Carniça”.

1 – Canil está chegando em dezembro, o que podemos esperar dessa  história e qual foi a maior inspiração para ela?

Rodrigo: Com a boa recepção que tivemos de Carniça e Lama, a ideia de lançar um título por ano foi devidamente sedimentada com a criação do selo Carniça Quadrinhos. Canil traz uma mistura de origens e referências. Primeiro, é a ideia de contar uma história sobre um dos meus monstros preferidos – que vai ficar em segredo pra não dar spoiler –  e dar o fechamento pra uma trilogia meio conceitual que acabou tomando forma conforme trabalhávamos em cada HQ. Cada um destes nossos três primeiros trabalhos traz um aspecto diferente do homem e lida com a desumanização a partir destes aspectos. Isso ficará bem claro quando virem as três capas em conjunto. Carniça falava da alma, Lama da mente e Canil tratará do corpo. Portanto espere algo bem gráfico e violento.

Marcel: O embrião de Canil surgiu juntamente com os primeiros esboços conceituais de Lama. Na época preferimos deixar o projeto para 2019 mesmo, uma ideia mais simples, raiva e confinamento.

2 – Podemos esperar o já tradicional terror com aquela ponta de crítica social, presente em Carniça e Lama, em Canil também?

Rodrigo: Sempre! Mas enquanto em Lama isso era muito mais presente, pois falava do Brasil assustador que surgiu no período das Eleições passadas, Canil será uma história mais direta. Tem uma mensagem ali, mas ela não conduz a história, ela só contextualiza e dá camadas de interpretações caso o leitor queira mergulhar no nosso universo. Caso contrário, será só uma boa e violenta história de terror como deve ser.

Marcel: O que mais me atrai em nossa empreitada carniceira é contar boas histórias de terror brasileiras. Histórias que possam de alguma maneira dialogar universalmente, mas mostrando nossa cultura. Não tem como falar de Brasil, sem uma visão crítica, e o gênero do terror é sempre crítico, seja por metáforas alegóricas, ou sátiras divertidas. Temos uma gama enorme de possibilidades para o futuro.

3 – Os quadrinhos sempre serviram para passar mensagens. Seja o estilo que ele for. Nas publicações da Carniça Quadrinhos, temos visto isso acontecer. É algo pensado, do tipo: “precisamos nos expressar” ou é algo que com o desenvolver da história acaba acontecendo naturalmente?

Rodrigo: Como fã e pesquisador do horror no cinema e nos quadrinhos, esse tipo de história sempre me atraiu mais que as outras. George Romero, John Carpenter e Wes Craven sempre fizeram um terror que tinha algo mais a dizer além de contar uma história assustadora. Os zumbis de Romero e Eles Vivem! do Carpenter são talvez as obras mais emblemáticas neste sentido. Eu não acredito em uma obra apolítica. Toda forma de expressão é politizada e isso não quer dizer que você está apoiando este ou aquele partido, mas sim que toda obra traz um pouco do seu contexto e um traço do seu tempo. É impossível se expressar sem colocar um pouco do que você pensa para fora. É deste tipo de política que estou falando. Em Carniça o contexto social estava ali apenas para desencadear a história que eu queria contar, mas em Lama, aí sim eu realmente queria falar algo além da história. Canil está mais próximo de Carniça neste sentido.

Marcel: Eu acho que a mensagem, o discurso por trás de uma história não pode ser desequilibrado com o ato de contar a história em si. Todo artista se expressa com a sua carga cultural e sua visão crítica do mundo. Acho que estamos com uma boa sintonia, na arte das Hqs eu busco trazer soluções diferentes a cada história, novas influências ,inspirações e técnicas que na minha visão combinem com o roteiro.

4 – Todas as publicações da Carniça Quadrinhos foram de vocês dois.  Existe algum planejamento de lançar algo de outros artistas (claro desde que fique no âmbito do selo)?

Rodrigo: Inicialmente estamos trabalhando como uma dupla, mas nada impede que isso possa se expandir no futuro, talvez com obras individuais ou outras mídias, mas ainda é cedo para falarmos nisso.

Marcel: Pois é, sinceramente ainda não falamos sobre isso. Estamos no começo, acho que o trabalho como dupla ainda pode ganhar uma consistência cada vez maior. Virtualmente nada impede que possamos agregar novas ideias no futuro. Um passo de cada vez.

5 – Como funciona o processo de criação da dupla? Vocês se encontram, um chega a dar pitaco no trabalho do outro e tal?

Rodrigo: Nosso processo de criação é mais simples do que eu gostaria. Eu tenho uma ideia, discutimos em conjunto, o Marcel dá suas sugestões e, se ambos concordarmos, passamos para o roteiro. Quando a arte começa, ele vai me mandando os esboços e vamos reconfigurando e ajustando o que for necessário. Às vezes nos falamos online, mas o processo todo demanda cada vez menos ajustes. São as vantagens de uma parceria de três anos.

Marcel: O processo é simples, chegamos no conceito e ideia juntos… Rodrigo escreve o resumo do roteiro e eu vou pesquisando as minhas referências e técnicas que acredito ilustrar melhor a ideia. Com o roteiro escrito, durante a fase de esboços vamos diagramando melhor página a página. Temos uma dinâmica tranquila.

6 – Com o Brasil do jeito que está, com lideranças duvidosas, casos e ameaças de censura, é um prato cheio para uma HQ de terror. Mas também acredito que devemos alertar e tentar falar abertamente sobre isso.  Caberia isso em alguma publicação da Carniça Quadrinhos?

Rodrigo: Este é um problema com o debate político atual no Brasil. Ser oposição ao governo não é ser a favor deste ou daquele governante. O povo tem sempre que fazer oposição ao governo. De maneira coerente e racional. Questionar e fazer valer o seu voto não é “torcer contra”, mas garantir que as coisas caminhem como o país precisa. As pessoas hoje estão muito passionais quando se trata deste tema e isso acaba podando alguns artistas que ficam com receio de se posicionar. Mas desde que a história não seja panfletária e não deixe o discurso falar mais alto, não vejo problema. O discurso pode te fazer perder este ou aquele leitor, mas uma boa história vai manter todo mundo atento ao seu trabalho. Este é o segredo. A partir daí, qualquer tema cabe em nossos quadrinhos.

Marcel: O Brasil é uma fonte inesgotável de decepções, um abismo que nunca chega, como diria o querido Fausto Fawcett. Eu particularmente sempre me posicionei criticamente a TODOS os governos que tivemos, e sigo assim. Política não é torcida de futebol. Com o mar de ignorância e cegueira ideológica avançando, o diálogo vai se embrutecendo. Eu sou um otimista relutante…vivo no meu mundinho, fazendo o que posso e está ao meu alcance.
Tudo pode e deve ser refletido na produção artística…sigamos em frente.

7 – Indo para outros trampos agora… Recentemente foi lançada a  campanha no Catarse da antologia VHS. O Rodrigo é um dos cabeças, junto com o Fernando Barone, e ainda escreve a  história “A Nova Ordem”.  Fale um pouco sobre o projeto e sobre a história Rodrigo.

Rodrigo:  A ideia surgiu há algum tempo atrás quando falávamos sobre criar um coletivo de horror em quadrinhos pra publicar histórias inéditas anualmente. Durante a CCXP no ano passado muitos dos autores de horror acabaram ficando bem próximos no que acabamos chamando entre nós de “beco do horror” e a ideia foi tomando forma aí. O Barone tem experiência como editor e topou embarcar nessa pra tirar esse projeto do papel. Abrimos uma espécie de “processo seletivo” e recebemos muitas histórias boas de muita gente com quem sempre quis trabalhar o que acabou resultando em uma coletânea de mais de 280 páginas! O resultado está muito bom e espero realmente que a campanha dê certo, pois a VHS merece ser lida!

A Nova Ordem, minha HQ que faz parte da coletânea é ilustrada pelo incrível Leopoldo Anjo, que trouxe exatamente a pegada oitentista que eu queria pra história. Aqui vemos um casal de heróis, Marreta e Ceifador, em direção a uma base alienígena de onde uma série de ordens mentais são enviadas para dominar a humanidade. É uma mistura de Eles Vivem!, Fuga de Nova Iorque e Thundercats. Coloquei de tudo um pouco das minhas referências adquiridas durante milhares de horas em frente à TV nos anos 80, além de, é claro, trazer a aventura pro nosso contexto atual. Se eu falar mais, vai estragar as surpresas, afinal é uma história curta.

8 – O Marcel também está em VHS, você fez a arte de “Controle de  Pragas Abençoado” que tem roteiro do estreante Hedjan Costa. Poderia falar um pouco sobre a história?

Marcel: Conheci o trabalho do Hedjan na antologia de contos de Terror “Narrativas do Medo vol 2”, onde fiz todas as ilustrações . Achei muito bacana ele se aventurar a também escrever quadrinhos. “Controle de Pragas Abençoado” é uma história que me divertiu muito trabalhar. Ela aborda o tema do machismo com toda uma estética “TRASH”. Acompanharemos  a dedetizadora Ângela em mais um dia normal de trabalho…rarararara. Não posso contar muita coisa, mas posso dizer quais foram algumas das minhas influências nessa Hq… Evil Dead, Ratos de Porão,Caça-Fantasmas,Tartarugas Ninja…rararara . VHS está MUITO bacana mesmo!

Arte de Canil

9 – Em termos de influências para escrever e desenhar, quais foram as maiores para vocês?

Rodrigo: Talvez minha principal influência seja meu já falecido tio-avô que me apresentou ao mundo das lendas e mitos do nosso folclore. Passei muitas horas em claro depois de ouvir suas histórias da época em que minha família morava na zona rural no interior. Também tenho muita influencia do j-horror e de Junji Ito, do body horror do David Cronenberg e do cinema crítico do John Carpenter. Os quadrinhos da EC Comics, os contos Edgar Allan Poe e Nelson Rodrigues e as músicas de Trent Reznor (Nine Inch Nails) e Maynard James Keenan (Tool) também acabam no meu balaio de referências e inspirações.

Marcel: É importante o artista beber em diversas fontes para ir sedimentando sua identidade. Apesar de trabalhar com Hqs há pouco tempo, tenho uma carga de experiência com pintura, ilustração, caricaturas e tudo acaba refletindo no meu trabalho de alguma forma. Vou tentar citar algumas das influências para meu trabalho. Na pintura, Cândido Portinari, Van Gogh, Goya e Bosch. Nas Hqs, Richard Corben, Flávio Colin, Júlio Shimamoto, Mutarelli, Walter Simonson. Na literatura, H.G Wells, Ray Bradbury, Monteiro Lobato, Dostoievski. 

10 – A Carniça Quadrinhos é bem querida por todos. Pela qualidade nas publicações e em suas histórias. Teremos alguns produtos relacionados às publicações? Como camisas, adesivos ou quem sabe até mesmo uma bebida alcoólica? Uma pimenta ia combinar legal…

Rodrigo: Já chegamos a conversar sobre isso. Estamos pensando em criar produtos que possam reforçar a marca e também recompensar nossos leitores que sempre nos acompanham. A ideia da camiseta e do boné já passou pela nossa cabeça, com o perdão do trocadilho, mas a ideia da bebida seria uma boa. Quem sabe um “Marafo Carniça” como a clássica cachaça que trazia o querido Zé do Caixão no rótulo? Alô fabricantes de pinga!

Marcel: Pois é, estamos ainda devendo nessa questão…mas são ideias que já conversamos e precisamos botar em prática. Em breve…quem sabe…

11 – Além de VHS e Canil, quais os próximos projetos de vocês?

Rodrigo: Para este ano, além destas duas HQs, também terei uma história minha publicada em Astrum Argentum de Aleister Crowley, da Draco, ao lado do grande artista e amigo Samuel Sajo. Para o ano que vem, além de mais um título do Carniça Quadrinhos, tenho planos de expandir o universo de Marreta e Ceifador com um álbum solo da dupla, novamente ao lado do Leopoldo Anjo, mas o projeto ainda está em fase de discussão sem data para lançamento.  E, se tudo der certo, quem sabe um segundo volume de VHS não pinta no Catarse ano que vem?

Marcel: Em 2019 já lancei a Hq “A Necromante” no primeiro semestre, agora em dezembro será lançada “Orixás” do roteirista Alex Mir, onde sou um dos desenhistas participantes, além das já citadas VHS e Canil. Para 2020 embarcarei na produção do álbum “João Verdura e o Diabo” do roteirista Lillo Parra (La Dansarina) , e faremos mais uma publicação pelo Carniça Quadrinhos que já está sendo definida conceitualmente. Tentarei participar de mais um volume da VHS, ou outras publicações de histórias curtas. Para 2021 quem sabe consigo lançar minha primeira HQ ,fazendo roteiro e arte. Muito café e trabalho por aqui….

 

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Os diabos mais esdrúxulos e divertidos estão em Helldang: Pandemônio

“Leitura indispensável aos recém-desencarnados e para diabos que já foram exorcizados, a vagantes e atormentadores, o guia para demônios e espíritos obsessores. Tudo o que acontece depois das velas e das flores.” (Matanza Inc.)

Expansão divertida! Esse seria termo correto para classificar Helldang: Pandemônio. A HQ independente escrita por Airton Marinho e com desenhos de Samuel Sajo aumenta mais o leque de possibilidades que foi apresentado na primeira edição. Para quem não lembra, na primeira edição de Helldang, uma banda de rock super fracassada resolve dar a sua cartada final para chegar ao estrelato. Tentam fazer um ritual satânico com a ajuda do caminhoneiro Tião. Obviamente rola uma cagada danada e tudo dá errado. Esse segundo volume apresenta um pouco das consequências desse ritual errado, revelando qual foi o demônio invocado pela desgraçada banda.

Em Helldang: Pandemônio, Tião precisará se livrar de um adolescente com o espírito de um demônio preso no corpo. Após tentar tirar o encosto do moleque usando todas as formas conhecidas pelas ciências ocultas e demonologia, a única alternativa que lhe resta é ir até a Arena Pandemônio, uma realidade onde capetas e monstros de toda qualidade se enfrentam numa espécie de rinha de demônios. Porém, algo mal resolvido no passado nebuloso de Tião irá atrapalhar todos os seus planos.

Assim como na primeira edição, o maior ponto de Helldang é a diversão. E como é divertido ler esse gibi. Airton Marinho coloca todo tipo de sandice dentro da curta história, misturando coisas como Hellblazer, doutrinas católicas, trash podreira, críticas políticas, misticismo brasileiro, Garth Ennis, Trad Moore e rinha de galo! A leitura é tão divertida que quando o leitor percebe já acabou o gibi e já está começando a ler novamente. Ouso dizer que Helldang tem o naipe de ser uma coisa que o mestre José Mojica Marins, o Zé do Caixão, escreveria para os seus filmes.

“Se entra numa briga apanha até de anão, rabo de arraia, voadora e soco no coração, pelo menos no amor tudo era verso e prosa, até sua mina confessar trabalhar na vila mimosa. Encosto! Encosto!” (Grangena Gasosa)

A HQ tem uma correria desenfreada, mas organizada. São várias coisas acontecendo ao mesmo tempo e tem muitas vezes na primeira leitura, você não absorve tudo que acontece e aos detalhes nos quadros. É um típico roteiro trash total que funciona magnificamente!

A arte do Samuel Sajo anda de mãos dadas com o roteiro do Airton. Imagino as conversas e gargalhadas dos dois no tipo: “Ei! Vamos fazer isso aqui!”. Na primeira edição, Sajo estava limitado a desenhar poucos personagens, mas com gigantescos demônios e quadros espalhados que engolem o leitor. Em Helldang: Pandemônio, a coisa cresceu. São muito mais personagens e os ambientes estão populosos. O estádio, apesar das pessoas estarem com capuz, percebe-se que cada uma tem um tipo de expressão quando são acionadas.

Como disse antes, o maior mérito de Helldang: Pandemônio é ser expansivo e divertido. Se na primeira edição o cenário estava limitado a somente um lugar, agora, Airton e Samuel puderam brincar e se jogaram sem pudor nenhum na história. Uma trama tirada da cartola que abriu um leque de possibilidades gigantescos. E sopram os ventos do inferno que o terceiro volume vem aí…

Helldang: Pandemônio foi lançada durante a última Comic Con Experience, e para conseguir o seu exemplar, entre em contato com a page deles no Facebook clicando AQUI.

 

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Último Assalto | Salve Kevin, santo guerreiro do boxe!

Diz a história que Jorge foi um grande guerreiro do exército romano e que ascendeu muito rapidamente na carreira militar, se tornando, aos 30 anos, guarda pessoal do imperador Diocleciano (r. 284 – 305), em Nicomédia. No ano de 303, o imperador publicou um édito que mandava prender todo soldado romano cristão e todos deveriam oferecer sacrifícios aos deuses romanos. Jorge foi ao encontro de Diocleciano para protestar e perante a corte declarou-se cristão. Depois de tentar fazê-lo desistir da fé oferecendo riquezas, o imperador mandou torturá-lo durante dias, e a cada vez que era levado perante a autoridade máxima, era perguntado para Jorge se renegava sua fé em Jesus e iria adorar os deuses romanos. A cada negativa de Jorge, ele era levado de volta à tortura. Seu martírio ficou famoso entre os romanos, até que Diocleciano, mandou degolar o jovem soldado.

Diz a história de Último Assalto, que Kevin, um jovem afrodescendente que tinha um promissor futuro como lutador de boxe, depois de passar dois anos detido por um crime, tenta voltar a sua vida normal. Precisando cuidar do seu tio doente, trabalhando em um emprego, onde vive sendo humilhado, mas que foi o único que aceitou, e precisando voltar a lutar, mas tendo que correr atrás do tempo perdido nos treinos. E enfrentando a desconfiança, o preconceito e as tentações que a “vida fácil” lhe propõe a todo momento.

Salve Jorge! Salve Kevin!

Escrito por Daniel Esteves e com artes de Alex Rodrigues, Último Assalto fala sobre começar de novo. De ser guerreiro. De resistir a cada soco. De tirar força não se sabe de onde para superar os rounds. De resistir as torturas impostas pela sociedade e suas visões preconceituosas.

O texto de Daniel é preciso e apresenta uma ópera bíblica na vida de Kevin que tende a ser trágica, pelas escolhas ruins que ele sempre tende a fazer. Mesmo sabendo que será o maior prejudicado em todas elas. Mesmo sabendo que será, assim como Jorge, torturado até a morte, Kevin mantém suas convicções para proteger quem ama. E faz assim uma escolha difícil, abrindo mão de diversas pessoas e se rendendo ao “imperador” na HQ, que vem em forma de um empresário obscuro. Mesmo se sentindo combalido, com sua tortura particular e mental, Kevin é um guerreiro, de coração bom e forte. E se mantém firme no que acredita e abraça o seu sonho de forma única. Assim como Jorge a cada dia torturado se abraçava a sua fé. Kevin é cascudo e com várias idas às lonas da vida, ele se levanta e encara a vida. Por mais machucado que possa estar. Por mais sofrimento que esteja passando. A ambientação da trama no boxe não seria mais certeira.

Os desenhos de Alex Rodrigues é um primor que se casa perfeitamente com a trama. É possível vivenciar a academia humilde, que fica debaixo do viaduto em algum lugar no Centro de São Paulo. As artes das lutas no ringue, com seus movimentos, posicionamento dos lutadores, e atmosfera de um lugar underground são transmitidas com louvor para os leitores. Sem contar nas riquezas de detalhes, como um carinha treinando ao fundo, prédios, postes com seus fios, as tatuagens dos personagens, materiais da academia já bem gastos. Tudo é um deleite para se ver e rever.

Obviamente, sendo uma história com o boxe como cenário, as referências estão lá. É possível ver menções a boxeadores brasileiros como Maguila e Éder Jofre. E claro para filmes de boxe. Como uma referência sensacional ao clássico Rocky.

A única coisa que me incomodou, mas foi algo bem mínimo, foram os cortes. Às vezes me passavam a sensação que ficou incompleta a cena. Mas nada que atrapalhasse o prazer de ler Último Assalto, apesar desse ponto, narrativa em si não fica comprometida.

Último Assalto é sobre redenção. De acreditar até o fim. Lutar até às últimas consequências. De ser guerreiro, mesmo que seja sofrido e torturante para atingir os objetivos e no que acredita. Um drama bem atual, que lida com preconceitos, violência, do modo em que as pessoas e o Estado tratam os menos favorecidos e como o outro caminho “fácil” é sedutor. Kevin é um protagonista que você se apega e torce por ele até o fim. Que assim como Jorge, acredita até o fim no que faz, que apesar de sofrer com a escolha, não esmorece e vai até o final. No geral é um dos grandes lançamentos nacionais do ano.

Último Assalto terá formato 20 x 28 cm, 160 páginas P&B, capa colorida e o preço de R$ 35,00. A publicação será da Zapata Edições e ela foi uma das selecionadas pelo ProAC – Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo.

Você pode adquirir Último Assalto clicando AQUI.

 

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O Martírio de Joana Dark Side | Conheça a nova HQ de Wagner Willian

Em 1928, foi lançado o filme A Paixão de Joana d’Arc, dirigido pelo dinamarquês Carl Th. Dreyer e protagonizado pela atriz francesa Renée Jeanne Falconetti, também conhecida como Maria Falconetti. A película se destaca, por ser baseada nos documentos históricos do julgamento de Joana e pela interpretação magistral da atriz principal, que lhe rendeu diversos prêmios e notoriedade mundial na época. A forma em que o filme mostrava o sofrimento de Joana d’Arc lembrou a muitos críticos algo como a tortura de Cristo pelos romanos.

O que muitas pessoas não sabiam, e que só foi revelado em 1942, ao jornal carioca A Manhã, pela própria Falconetti, é que todo processo do filme foi sofrível para ela. A forma em que o diretor queria um realismo nas cenas, ela teve que gravar com uma perna quebrada, seus cabelos foram cortados com violência durante as filmagens e o diretor, durante cinco meses, a proibiu de falar com outras pessoas. A mantendo enclausurada o que quase a levou à loucura.

Tendo ideia de como tudo aconteceu, o quadrinista Wagner Willian, está lançando O Martírio de Joana Dark Side. A HQ mistura elementos da produção do filme juntamente com partes da famosa entrevista de Falconetti. Abrangendo maiores detalhes sobre o processo de julgamento que ficaram omissos na obra de Dreyer, a criação de novos diálogos e introduz as visões de Joana d’Arc para dentro do tribunal, sem deixar claro onde separa o limite da realidade e delírio vivido pela a atriz.

Como Wagner mesmo fala, O Martírio de Joana Dark Side é o triunfo sobre a autoridade, sobre o falso valor de hierarquia, sobre aquilo que é dito como certeza política ou verdade religiosa. O autor é conhecido pelo o uso da metalinguagem em suas obras como Bulldogma (Troféu HQMix, Grampo de Ouro) e Lobisomem Sem Barba (Prêmio Jabuti).

O Martírio de Joana Dark Side tem formato 14,8 X 21 cm, 76 páginas e é uma publicação da Texugo Editora. O prefácio é de Gabriela Franco. A obra será lançada na CCXP 2018, e você pode ir bater um papo com o autor na mesa F32, no Artist’s Alley.

 

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HellDang: Pandemônio vai reabrir as portas do inferno na CCXP 2018

A CCXP 2018 está quase chegando, e juntamente dela, será lançada uma saraivada de quadrinhos nacionais. E um deles será HellDang: Pandemônio. Dando sequência a primeira edição, intitulada apenas de HellDang, o universo de terror trash, sarcasmo, capetagens e muita ação, que será expandido contando sobre o passado do caminhoneiro Tião, apresentando novos personagens e elementos à história.

Nesta edição, Tião precisará se livrar de um adolescente com o espírito de um demônio preso no corpo. Após tentar tirar o encosto do moleque usando todas as formas conhecidas pelas ciências ocultas e demonologia, a única alternativa que lhe resta é ir até a Arena Pandemônio, uma realidade onde capetas e monstros de toda qualidade se enfrentam numa espécie de rinha de demônios. Porém, algo mal resolvido no passado nebuloso de Tião irá atrapalhar todos os seus planos.

Confira uma prévia e a capa de HellDang: Pandemônio:

 

HellDang: Pandemônio bebe na fonte macabra de autores como Garth Ennis e Trad Moore, mesclando os  estilos desses artistas, consagrados mundialmente, com o misticismo brasileiro. A HQ tem roteiro de Airton Marinho (Cabra D’água, Demônios da Goetia) e arte de Samuel Sajo (MAD, InSano, Despacho), e a dupla promete que a onda violenta e de gore da primeira edição estará presente, mas as cenas estarão mais impactantes, os diálogos mais ácidos e os personagens muito bem caracterizados.

A Torre de Vigilância já fez uma resenha para o primeiro HellDang que você pode conferir clicando AQUI. Para poder adquirir essa primeira edição acesse a Page no Facebook.

HellDang: Pandemônio será lançado, oficialmente, no Artists Alley, na mesa G36. A CCXP 2018 ocorre entre os dias 06 e 09 de dezembro em São Paulo.

 

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O Crime do Restaurante Chinês | História real de assassinato vira graphic novel

Entrou em pré-venda a graphic novel O Crime do Restaurante Chinês da Hiperquímica Produções. A trama, que tem roteiro Guilherme Fonseca, foi baseada em uma história real, sobre os assassinatos de quatro pessoas ocorrido na São Paulo da década de 30, e por causa da brutalidade do crime acabou chocando a opinião pública na época.

A HQ foi um dos projetos selecionados no ProAC – Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo, no ano passado.

 

Confira a sinopse de O Crime do Restaurante Chinês:

Fevereiro de 1938. São Paulo amanhece com chuva intensa. Corací, um jovem mineiro que acaba de chegar na cidade, está distraído demais para perceber que é perigoso navegar em águas turbulentas. Maria Xiu e Kim Shenzen administram o restaurante típico chinês da família. O lucro é compartilhado com os primos e tios. Mesmo assim, faturando alto, a família de Maria Xiu quer que o restaurante retorne às origens. O fiscal da prefeitura está no pé do casal. Os donos dos restaurantes no entorno promovem reuniões secretas. Ameaças anônimas chegam a todo instante. Mesmo quem sempre foi amigo agora os trata como invasores. A cidade grita enquanto os três fazem de conta que está tudo bem. Uma névoa adensa a cidade.

O Crime do Restaurante Chinês tem formato 17 x 26 cm, 100 páginas, capa dura e o preço de R$ 49,90. Além de assinar o roteiro, Guilherme Fonseca, também está de frente da arte da graphic novel. As cores são de Mauro Salgado e a pintura digital é da Laís Dias. A publicação já se encontra disponível na Amazon Brasil ou no site da Hiperquímica Produções. 

 

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Corruption | Graphic novel sobre vigilante brasileiro está no Catarse

E se um vigilante mascarado resolvesse matar a elite da política corrupta do Brasil e descobrisse que por trás de toda a sujeira existem seguidores de um demônio babilônico,  e que essa seita é a responsável por controlar o destino de milhares de pessoas no mundo inteiro? Bem, essa é a premissa de Corruption – O Senhor do Abismo Cósmico. A história se ambienta em um futuro não tão distante em um Brasil Cyberpunk dominado pelo mal. E está em campanha de financiamento coletivo no Catarse.

Dezenas de políticos corruptos sofrem mortes misteriosas em Brasília e Cley Santos um detetive do setor de inteligência completamente infeliz em todos os sentidos é o investigador incumbido de investigar essa série de assassinatos enigmáticos aparentemente relacionados com o surgimento de um vigilante mascarado extremamente inteligente.

O mascarado magistralmente realiza seu plano de matar a elite política e econômica brasileira e decide vingar o povo brasileiro da forma mais imprevista: aniquilando corruptos e corruptores, e fazer do mundo um lugar melhor, iniciando seu processo de “purificação” dando fim a vida de políticos corruptos que estão no poder. O mascarado começa a jogar luz no que à primeira vista parece algo simples, mas vai revelar algo muito mais perturbador do que um Governo que apenas silencia opositores. Mas sim seguidores de um demônio babilônico antigo, e que a seita é responsável por controlar o destino de milhares de pessoas no Brasil e no mundo.

 

Corruption – O Senhor do Abismo Cósmico tem roteiro de Tom Gomes e artes do trio Ronilson Freire, Jack Jadson e Jeff Batista. A colorização é a cargo de Marcos Martins. A graphic novel ainda conta com artes promocionais realizadas por um time de artistas brasileiros com trabalhos em editoras como Marvel, DC, Dynamite entre outras.

A campanha de Corruption – O Senhor do Abismo Cósmico ficará no ar até o dia 12 de novembro, a HQ tem o formato 27,8 x 19,2 cm, 45 páginas coloridas e lombada quadrada. Para saber mais sobre valores, recompensas e como apoiar clique AQUI.

 

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Cebolinha – Recuperação, nova Graphic MSP, entra em pré-venda

Foram divulgadas as primeiras imagens de Cebolinha – Recuperação, o próximo lançamento da linha Graphic MSP. A releitura do personagem, um do mais famoso e clássico da Turma da Mônica, ficou a cargo de Gustavo Borges, que cuidou do roteiro e arte.

Confira as imagens juntamente com a capa da edição e o texto de quarta capa assinado por Marcelo Forlani, do site Omelete, na galeria abaixo:

 

Depois de passar o semestre todo numa disputa (por absolutamente qualquer coisa) com um novo aluno, o troca-letras fica de recuperação no final do ano! E agora? Todo mundo saindo de férias e ele ainda tentando passar de ano. Mas, mesmo distantes, seus os melhores amigos estarão ao lado dele. Mas o que Cebolinha nem sonha é que seus problemas irão muito além da escola. E gerarão outro tipo de aprendizado.

Cebolinha – Recuperação tem formato 27,5 x 19 cm, 96 páginas, versões em capa dura (R$ 41,90) e cartonada (R$ 31,90) e seu lançamento está previsto para 19 de outubro. A edição já se encontra em pré-venda na Amazon Brasil.

 

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Dandara | A HQ sobre companheirismo e nossas origens está em campanha no Catarse

Tudo começou como um projeto para videogame em 2013, mas com o alto custo e alguns percalços, acabou indo para a gaveta. Mas agora, Dandara, está tomando vida e forma, por meio de quadrinhos e do financiamento coletivo no Catarse.

Produzido por Jean Carlos, Dandara é um épico fictício da história brasileira. Cercada por mistérios e desventuras, a trama passa a mensagem de companheirismo e fraternidade dos irmãos Dandara e Manoel. De maneira lúcida e suave, a aventura recorda momentos da história do Brasil de forma caricata e sarcástica com pitadas de drama e ação.

 

Em meados do século XIX, dois irmãos sofrem por serem escravos e pela não aceitação do próprio grupo. No estopim da violência na fazenda, Dandara e Manoel decidem enfrentar o perigo de uma fuga arriscada para ter um respiro de liberdade. Agora, os irmãos se deparam com o passado e devem desvendar esses mistérios ancestrais.

No meio disso, uma figura poderosa e misteriosa questiona se os antigos deuses abandonaram seu próprio povo.

Dandara tem formato 26 X 18 cm e 64 páginas coloridas incluindo extras no final. Com recompensas que vão desde a HQ impressa, passando por botons, marca-páginas, camisetas e até estátuas, o projeto é recheado de bons motivos, sendo o principal a história. Para saber mais sobre a campanha no Catarse e seus valores, clique AQUI.

 

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Bar do Pântano | HQ começa a sua campanha no catarse

Foi dada a partida da campanha de financiamento coletivo para a HQ Bar do Pântano. Com roteiro de Felipe Tazzo e arte de Daniel Sousa (autor de Entrespaço), o quadrinho vai apresentar um bar que fica no inferno e recebe as pobres almas que lá chegam.

Com a ideia de mostrar um inferno bem diferente do que aparece em textos religiosos e na maioria do imaginário popular, Bar do Pântano, na verdade faz parte de um projeto maior. Será apenas uma das histórias que se desenrolam nesta leitura particular do “mundo inferior”, ou seja, um universo infernal está surgindo e esse é apenas a primeira dose de muitas.

Confira algumas artes de Bar do Pântano abaixo:

 

Bar do Pântano terá duas histórias no total, a primeira, será do “bendito” bar. Que conta exatamente o que acontece com uma alma desencarnada que chega ao estabelecimento e descobre que morreu. A segunda história acontece ali em volta, perto do bar, mas em outro local. A HQ terá 48 páginas.

O lançamento oficial de Bar do Pântano será no final do ano, durante a CCXP 2018. Para saber mais sobre a campanha de financiamento, recompensas, valores e (claro) apoiar, clique AQUI.