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Os diabos mais esdrúxulos e divertidos estão em Helldang: Pandemônio

Escrito por Ricardo Ramos

“Leitura indispensável aos recém-desencarnados e para diabos que já foram exorcizados, a vagantes e atormentadores, o guia para demônios e espíritos obsessores. Tudo o que acontece depois das velas e das flores.” (Matanza Inc.)

Expansão divertida! Esse seria termo correto para classificar Helldang: Pandemônio. A HQ independente escrita por Airton Marinho e com desenhos de Samuel Sajo aumenta mais o leque de possibilidades que foi apresentado na primeira edição. Para quem não lembra, na primeira edição de Helldang, uma banda de rock super fracassada resolve dar a sua cartada final para chegar ao estrelato. Tentam fazer um ritual satânico com a ajuda do caminhoneiro Tião. Obviamente rola uma cagada danada e tudo dá errado. Esse segundo volume apresenta um pouco das consequências desse ritual errado, revelando qual foi o demônio invocado pela desgraçada banda.

Em Helldang: Pandemônio, Tião precisará se livrar de um adolescente com o espírito de um demônio preso no corpo. Após tentar tirar o encosto do moleque usando todas as formas conhecidas pelas ciências ocultas e demonologia, a única alternativa que lhe resta é ir até a Arena Pandemônio, uma realidade onde capetas e monstros de toda qualidade se enfrentam numa espécie de rinha de demônios. Porém, algo mal resolvido no passado nebuloso de Tião irá atrapalhar todos os seus planos.

Assim como na primeira edição, o maior ponto de Helldang é a diversão. E como é divertido ler esse gibi. Airton Marinho coloca todo tipo de sandice dentro da curta história, misturando coisas como Hellblazer, doutrinas católicas, trash podreira, críticas políticas, misticismo brasileiro, Garth Ennis, Trad Moore e rinha de galo! A leitura é tão divertida que quando o leitor percebe já acabou o gibi e já está começando a ler novamente. Ouso dizer que Helldang tem o naipe de ser uma coisa que o mestre José Mojica Marins, o Zé do Caixão, escreveria para os seus filmes.

“Se entra numa briga apanha até de anão, rabo de arraia, voadora e soco no coração, pelo menos no amor tudo era verso e prosa, até sua mina confessar trabalhar na vila mimosa. Encosto! Encosto!” (Grangena Gasosa)

A HQ tem uma correria desenfreada, mas organizada. São várias coisas acontecendo ao mesmo tempo e tem muitas vezes na primeira leitura, você não absorve tudo que acontece e aos detalhes nos quadros. É um típico roteiro trash total que funciona magnificamente!

A arte do Samuel Sajo anda de mãos dadas com o roteiro do Airton. Imagino as conversas e gargalhadas dos dois no tipo: “Ei! Vamos fazer isso aqui!”. Na primeira edição, Sajo estava limitado a desenhar poucos personagens, mas com gigantescos demônios e quadros espalhados que engolem o leitor. Em Helldang: Pandemônio, a coisa cresceu. São muito mais personagens e os ambientes estão populosos. O estádio, apesar das pessoas estarem com capuz, percebe-se que cada uma tem um tipo de expressão quando são acionadas.

Como disse antes, o maior mérito de Helldang: Pandemônio é ser expansivo e divertido. Se na primeira edição o cenário estava limitado a somente um lugar, agora, Airton e Samuel puderam brincar e se jogaram sem pudor nenhum na história. Uma trama tirada da cartola que abriu um leque de possibilidades gigantescos. E sopram os ventos do inferno que o terceiro volume vem aí…

Helldang: Pandemônio foi lançada durante a última Comic Con Experience, e para conseguir o seu exemplar, entre em contato com a page deles no Facebook clicando AQUI.

 

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Sobre o Autor

Ricardo Ramos

Gibizeiro, escritor, jogador de games, cervejeiro, rockêro e pai da Melissa.

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