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Final de Better Call Saul é inevitável e incomparável

Foram seis anos. Com estreia em 2015, pairava sobre Better Call Saul uma única e sonora expectativa: o retorno ao universo Breaking Bad. Embora os criadores do spin-off prometessem uma história focada na origem do advogado ardiloso Saul Goodman, a audiência estava realmente interessada em assistir qualquer referência, easter egg ou participação da série original. O que receberam, afinal, foi uma série despreocupada com a sua fonte original, caminhando com pernas próprias ao estabelecer a sua razão de existir em si própria. Better Call Saul existe porque existe, porque Gilligan e Gould encontraram uma oportunidade de, para além da expansão dos horizontes interpretativos da história de Walter White (Bryan Cranston), apresentarem histórias e personagens complexos numa narrativa visual provocativa e densa.

Obsessão

A palavra “obsessão” define bem o tema central da sexta e última temporada de Better Call Saul. Por conta do assassinato da sua família, Lalo Salamanca (Tony Dalton) começa uma busca implacável atrás daqueles que foram responsáveis pelo ato; Nacho Vargas (Michael Mando) se encontra perturbado ao perceber que tudo ao seu redor o sufoca, sem chance de escapar da vida que escolhera; Kim e Jimmy estão obcecados com a destruição da reputação da carreira de Howard, este, que também entra numa paranoia ao acreditar (acertadamente) que a dupla está tramando contra ele. Já Gus Fring (Giancarlo Esposito), sempre frio e um passo à frente dos demais, se mostra uma pessoa insegura com a suposta ameaça iminente, na crença (também correta) que Lalo está vivo e à sua procura. Dessa forma, os primeiros episódios do final tratam de aprofundar as fragilidades e inquietudes de seus personagens; estas que acarretam em consequências dramáticas e severas para trama, como o suicídio de Nacho, que choca ao ser o único caminho encontrado pelo personagem para escapar da situação.

O que vemos a partir dessas inquietudes é uma narrativa ágil ao intercalar as tensões em vários episódios, fazendo com que certos acontecimentos se colidam com outros. Como o fato de Howard aparecer no apartamento na mesma hora que Lalo (adiante falarei mais sobre), ou a operação de segurança de Gus Fring ser questionada pela própria Kim.

Desenvolve-se, então, uma história pautada na perseguição psicológica. Com Gilligan e Gould no comando da arquitetura geral, todos os episódios têm uma técnica primorosa, característica das temporadas anteriores, ao estabelecer um padrão visual rico em detalhes com um ritmo gradual particular, embora familiar aos fiéis espectadores da série. Há preocupação milimétrica sobre tudo o que está em cena, quais objetos serão focados, ou desfocados, uma mise-en-scène cuidadosa e minuciosa, enquadramentos que, ou transmitem a sensação da cena, ou buscam esteticamente atribuir significado concreto no desenvolvimento dos personagens. Enfim, um virtuosismo técnico impressionante que coloca a série numa estante altíssima quando falamos de fotografia, design de produção, montagem e edição em produções televisivas.

Assim, acompanhada de responsáveis que sabem o que estão fazendo, a história da perseguição psicológica acaba se desenrolando para um caminho surpreendente, porém inevitável: Saul Goodman. São diversas passagens na série que poderíamos pincelar gritando: É AÍ QUE ELE VIRA O SAUL. Incontáveis os exemplos onde Jimmy aparenta mostrar a face de Saul Goodman, mas é um exercício fútil e desnecessário escolher uma única cena que exemplifique a transformação, porque há tons de cinza no processo dessa constituição, Saul resulta de vários acontecimentos combinados. Por isso, McGill e Goodman, pelo menos até Breaking Bad, vivem como um só.

Mas só até esse ponto. Saul Goodman poderia ser considerado o alívio cômico em Breaking Bad. O advogado criminal malandro, que sempre encontra uma forma de estar em cima e ganhar, com os ternos coloridos um tanto quanto antiquados, o cabelo estranho, colocam ele numa posição que contrasta com a frieza dos outros personagens. Após Better Call Saul, contudo, nossa visão sobre o personagem se altera drasticamente, ao descobrimos que seus sorrisos, sua fala rápida e incansável, seus ternos e luxos, suas tiradas com os policiais, tudo aquilo que compõe sua personalidade, não passa de uma fantasia de palhaço para esconder a figura melancólica de Jimmy McGill, frágil e traumatizada.

Jimmy e Kim viram comparsas após o desfecho da quinta temporada. Jimmy percebe o quão ardilosa Kim pode ser, e ambos prometem manchar a carreira de Howard. A partir de planos inescrupulosos, os episódios acompanham ambos destruindo gradualmente sua reputação, até chegar num desfecho fatídico e mirabolante, levando Howard a encontrá-los no apartamento. Em paralelo, Lalo decide incluir seu advogado no plano de vingança contra Gus Fring, coincidindo estar no local junto ao “desconhecido” Howard. O assassinato a sangue frio do advogado é um impacto visceral, o que rende reações imperdíveis tanto de Bob Odenkirk (que por mais de uma década acata com maestria as necessidades do seu personagem) quanto de Rhea Seehorn, na melhor atuação da temporada ao refletir uma nova faceta até então desconhecida, mas também por explorar as angústias profundas da protagonista.

No nono episódio, quando Lalo decide ir até o laboratório construído por Gus, o Salamanca se depara com Fring dentro da instalação. Numa dinâmica excelente entre Giancarlo Esposito (excepcional ao mostrar uma vulnerabilidade jamais vista) e Tony Dalton (criando uma presença hostil e imprevisível), encerra o arco do melhor antagonista da série, que subestimou a inteligência do gerente do Los Pollos Hermanos. O nono episódio coloca um ponto final em vários arcos e subtramas, deixando o caminho livre (4 episódios) para as cenas em preto e branco – para não dizer pinturas filmadas -, e o futuro de Gene, formando um epílogo eficiente e memorável.

“Você está dentro, ou está fora?”

Esta frase é dita por Gene para Jeff (Pat Healy) no décimo episódio, Nippy, que começa a nos aprofundar no pós-Breaking Bad com as cenas em preto e branco, até então restritas nas temporadas passadas no começo dos episódios iniciais. Para Gene, estar dentro e estar fora são caminhos inevitáveis na vida, e Jeff está num conflito entre querer saborear as vantagens de estar no jogo ou manter-se na legalidade. Por ser envolver com alguém como Gene (e o nome soar como Jimmy não é coincidência), é fácil saber qual lado Jeff escolheu.

Afinal, esse é o lema moral do universo Breaking Bad. Estar dentro do jogo, ou estar fora dele. Aguentar as consequências, positivas e negativas, dessa escolha. Walter White se encontrou dentro do jogo como Heisenberg, seu ego e sua ganância foram agraciados e ele se tornara aquilo que vemos no fim, mesmo que, para isso,  tenha dizimado sua família e destruído tantas outras. Gus Fring é um jogador nato, consciente que essa escolha não o permitirá ter um fôlego de paz e tranquilidade, como estar num balcão do bar flertando com o garçom; sua vida não lhe permite tal privilégio. Kim também decide entrar nessa, e lhe restou apenas um sentimento de culpa preso na garganta escondendo um segredo cruel e criminoso. Já Mike sofre por ter que manter distância da neta ao levar uma vida perigosa e obscura. Nem preciso comentar de Saul, que parece ter nascido dentro do jogo, tendo Gene como a representação personificada de uma vida marcada por más escolhas.

Gene e a máquina do tempo

Breaking Bad, El Camino e Better Call Saul são, em última instância, sobre tragédia. Como as escolhas de seus personagens, mesmo que bem intencionadas, têm consequências que podem gerar cicatrizes profundas e irreparáveis. Saul é Saul porque perdeu o irmão Chuck (Michael McKean), decorrente de um falso processo movido por Jimmy; foi responsável por levar um Howard inconformado ao seu assassinato; além de se afastar do amor da sua vida.

No fim, resta a persona Gene, identidade falsa conseguida por Saul no final da série original. Se entendemos que Gene se sente frustrado por não poder ser mais Saul Goodman, ao decorrer da série, sabemos que sua postura se deve ao fato dele viver na pele de Jimmy novamente, frustrado e derrotado pela vida. Mas como Chuck alertava, Jimmy sempre seria um trambiqueiro, e é através de esquemas de roubos que Gene encontra um subterfúgio para escapar daquela mediocridade. Contudo, as bebidas, as prostitutas, os pequenos privilégios reconquistados por Gene soam antiquados na situação em que ele se encontra; perseguido, inseguro em cada virada de esquina, com um passado traumatizante, vivendo uma vida monótona e insuportável, bebendo como se estivesse num conforto. Está tentando se deslocar da realidade ao preencher seu vazio com futilidades.

Por outro lado, Kim parece não se contentar com a nova vida que leva. Há um sentimento de culpa que se mantém constante no ar, e a única maneira de expor é assumindo à mulher de Howard o que acontecera. Prosseguida de um choro no ônibus como forma de expulsar aquele desespero entalado, filmado brilhantemente por Gilligan ao apenas deixar a câmera centrada na atriz, que oferece uma atuação marcante.


No último episódio, vemos Gene finalmente ser pego pelas autoridades, após, movido pela mesma ganância que o levara para o colégio de Walter, ter sido denunciado pela senhora interpretada sutilmente pela famosa Carol Burnett. Já na delegacia, a cena que enquadra Gene e o telefone no qual é permitido fazer a ligação é ironicamente engraçada, enquanto Better Call Saul é o slogan do advogado, Gene nem tem alguém que o ajude para ligar; familiar, amigo, colega, as relações humanas foram reduzidas a zero.

Resta a Saul Goodman um último ato, resistir à prisão e se safar de todos os crimes cometidos. Porém, como dito, esse universo é sobre escolhas e tragédia, nenhum personagem passa ileso de um desenvolvimento comandado por Gilligan e Gould. Dessa forma, a série subverte as nossas expectativas quando, ao pensarmos que Saul vai mais uma vez dar um show de malandragem, assume seus erros e crimes em frente à juíza, quase como numa catarse onde tudo que o estava acumulando é despejado por meio de palavras e sentenças. De 7 anos conquistados por um acordo, sua pena vai para 86 anos, mas com a conquista de livrar Kim de qualquer suspeita e envolvimento. Saul manipulou pela última vez, não para sair por cima, mas para deixar sua amada presenciar suas confissões e livrá-la da lei, praticamente sua última cliente. E, desde já, Saul assumindo a culpa pela morte do irmão, através de uma atuação irretocável de Odenkirk, é uma das cenas mais dolorosas feitas para a televisão.

Assumir a culpa e o nome verdadeiro – “O nome é McGill”  – é destruir por completo e em definitivo a fantasia de Saul Goodman, que serviu como uma cortina de um homem atormentado, mesmo que seja lembrado para sempre como o advogado (a cena dos presidiários cantando a música tema deixa isso claro.). Mas também significa oferecer um pouco de justiça numa série onde os vilões são tratados como mocinhos e saem, de um jeito ou de outro, impunes. Como Chuck McGill dizia, depois copiado pelo irmão: Que se faça justiça, ainda que o céu caia. 

E é interessante notar como Peter Gould (que dirigiu e escreveu o último episódio) tratou de salientar como a prisão continua semelhante à vida que Gene levava. Os paralelos visuais; o foco na máquina de massa, o preparo da massa do pão e do cinnamon roll, o cozimento, pontuando como a diferença entre estar na prisão e estar foragido é mínima, porque sua vida já estava condenada pelas suas escolhas. Exemplo de como os criadores articularam a linguagem visual da série para também contar a história, não tratando a composição visual como uma mera plataforma do roteiro.

Nos instantes finais, sobram Jimmy e Kim como no começo da série. Encostados na parede, num canto iluminado por um feixe solar, compartilhando o cigarro. Contudo, a parede do estacionamento dá espaço para a gélida parede penitenciária, o Jimmy advogado dá lugar para o presidiário, e a Kim, de advogada honesta para advogada dúbia e ardilosa. Constatando como Gilligan e Gould criaram uma obra-prima complexa, onde acontecimentos, sejam pequenos ou grandes, moldam seus personagens por completo. Não há retorno, e máquinas do tempo só existem na ficção. A humanidade está condenada aos seus próprios atos.

Na minha crítica da quinta temporada, escrevi no título: “Better Call Saul atinge o nível de Breaking Bad”, ainda estabelecendo erroneamente um grau de comparação entre as duas, como se houvesse a obrigação de uma ser melhor que a outra. Assim, essa última temporada prova que a série não precisa de comparação alguma, sendo uma obra original autêntica com rumos próprios, abrigando uma história independente que “apenas” acrescenta camadas à trama iniciada em 2008. E isso fica ainda mais concreto quando as participações (excelentes, aliás) mais esperadas desde 2015, de Bryan Cranston e Aaron Paul, passam como “mero detalhe” no meio de uma temporada incomparável – e de seis anos formidáveis.

Como Walter White diz na sua confissão tardia – e verdadeira – à Skyler:
“Eu fiz por mim.”

Caberia perfeitamente na lápide de Jimmy, Saul e Gene.

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E Westworld movimenta sua última peça do jogo: De volta ao início!

Westworld possui algumas características notáveis no que envolve seu público: é o tipo de série no qual as pessoas amam totalmente ou odeiam completamente. Assim como não é aquela que ganha uma atenção da massa como aconteceu, por exemplo, com Game of Thrones (outra produção original da HBO). Por conta disso, encaixa-se num tipo de produção que somente alguns grupos param seu tempo para acompanhar a eterna rivalidade entre anfitriões e humanos. Além de refletir sobre conceitos que nos conferem como seres humanos e entender estes mesmos conceitos na mentalidade de organismos robóticos bem definidos. Para quem gosta de debates filosóficos, eis que Westworld tornou-se um prato muito bem servido.

Após oito episódios, nos despedimos da atual temporada de Westworld neste fim de noite (14). Agora que o Season Finale está fervilhando em nossas mentes e já pensando nas possibilidades futuras, podemos finalmente nos questionar: Tivemos uma temporada boa? A qualidade permaneceu ao longo de oito horas totais de duração? Jonathan Nolan e Lisa Joy ainda possuem fôlego para suas narrativas?

Para mim, os questionamentos acima podem ser respondidos com um sonoro SIM. Após uma terceira temporada inconsistente e até um pouco confusa (não do jeito legal), muitos perderam a fé na história que Westworld estava tentando mostrar para seu público. Como pedir desculpas e recuperar a confiança? Fácil! Juntando os seguintes ingredientes: coesão, coerência, retorno do parque temático, mais linhas temporais e construção de uma belíssima narrativa de suspense.

A primeira metade focou no desenvolvimento de quatro plots num salto de sete anos. Os personagens estavam tentando seguir em frente após os eventos do finale da terceira temporada e cada um tinha um propósito definido para continuar vivendo. Seja nas sombras como Maeve ou com a família como o Caleb ou a nova jornada de Bernard ou até Holores com seu admirável novo mundo. Acompanhamos a introdução de Christina e com ela, todo o mistério sobre sua verdadeira natureza. Pelo fato de ter sido interpretada pela maravilhosa Evan Rachel Wood, aquela pulga atrás da orelha coçou mais que o normal para saber mais de sua trama e o que isso significaria para esse mundo controlado pela Torre.

Tivemos uma importante virada de jogo na trama nessa primeira leva que definiu bastante o tom dos episódios seguintes. Reviravoltas esperadas e outras nem tanto, mas o importante foi perceber que os personagens estavam alinhados de alguma forma. Lutavam pela mesma causa e viviam neste mundo novo. Cada um no seu tempo definido.

Conforme os episódios passavam, mais peças desse quebra-cabeça foram sendo acrescentados e iniciando um entendimento mais claro sobre o que estava acontecendo com os personagens principais. Mesmo com mais perguntas aparecendo a cada resposta dada, ainda sim a direção era completamente favorável e instigante. Foi gostoso assistir o caminho que a série estava nos levando e isso me deixava com mais interesse de saber e entender tudo.

O Season Finale foi responsável por encerrar os arcos dessa temporada e abrir um promissor gancho para uma possível temporada final. Nada mais justo o último jogo acontecer onde tudo iniciou, não é mesmo? E melhor: justamente com a personagem que desencadeou essa sequência de eventos que vimos desde seu despertar até a introdução desse jogo perigoso. Sobrevivência ou Extinção, esse é o lema.

Com narrativas coesas e interessantes, a quarta temporada de Westworld provou que ainda possui fôlego para entreter o seu público. Tudo indica que o último jogo de Dolores encerrará a série com chave de ouro.

Nota: Ouro.

Narrativa 1: Elenco como sempre impecável na atuação.

Narrativa 2: Westworld continua com uma fotografia linda.

Narrativa 3: E que venha o Velho Oeste.

Narrativa 4: Clementine não tem um dia de paz.

Narrativa 5: É a Supremacia Dolores, meus amigos!

Todas as temporadas de Westworld estão disponíveis na HBO Max.

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Você não está sonhando! Sandman é tudo isso e muito mais

Quando a Netflix anuncia sua próxima adaptação, seja de mangá, anime ou gibi, a resposta do público é unânime: Não vai dar certo! O hype não alcança nem 1% e resolvemos esquecer que tal ideia será concebida. Mais fácil manter a felicidade com a obra original, pois assim não sofreríamos com a falta de tato em trazer para as telinhas.

Imaginem então a reação coletiva em 2019 quando a plataforma de streaming revelou que Sandman seria mais uma produção que ganharia sua versão televisiva. Como colocar os elementos que tornaram a obra num fenômeno no formato de série? Como adaptar o impossível? Como atrair o público que não leu? Questionamentos até válidos, uma vez que não estamos falando de uma história em quadrinhos qualquer. Neil Gaiman conseguiu o diferencial em colocar com cuidado e carinho diversos assuntos metafísicos, além de abordar toda a violência do ser humano. Tudo isso com a riquíssima mitologia dos Perpétuos.

Na última sexta-feira (5), quatro anos depois, o resultado dessa preparação finalmente foi lançado. A hora da verdade chegou: a série fez jus ao gibi?

Fez e como fez. Respondo com um baita sorriso no rosto ao reconhecer que a Netflix fez um excelente trabalho de casa. Enquanto escrevo esse texto, os 10 episódios passam como flashback em minha mente e só resgata a tamanha alegria que tive ao perceber que está tudo ali: fidelidade e essência dos personagens.

Os diálogos foram retirados diretamente das páginas do gibi e quem optasse por acompanhar os episódios com o primeiro volume do lado, poderia fazer tranquilamente. Isso acaba trazendo certo conforto entre os leitores, uma vez que não viram a necessidade de mudar as falas. O que precisava ser dito e explicado estava ali na obra original. Claro que algumas mudanças foram realizadas para melhor encaixe das histórias, porém não afetou a narrativa. Por exemplo, a aparição de Coríntio já no episódio Piloto. Decisão feita para criar o antagonismo com Morpheus antes do confronto entre os personagens posteriormente.

Tom Sturridge (Irma Vep e On the Road) foi um dos destaques. Sendo a escolha perfeita para o Sandman, o ator teve a maestria de apresentar as nuances de ser um Perpétuo. Mostrou o lado impiedoso e ao mesmo tempo benevolente do Sonho. Os trejeitos como o olhar e a voz grave colocaram ainda mais identidade. Boyd Holbrook (Logan e Predador) não fica pra trás em sua interpretação convincente como Coríntio e por ser um ator carismático, acredito que caiu no gosto do público mesmo sendo o vilão.

Gwendoline Christie (Game of Thrones e Star Wars: O Despertar da Força) soube passar toda a imponência de Lúcifer, então sua primeira aparição em Uma Esperança no Inferno só tornou o episódio muito mais gostoso de assistir. Sendo o quarto episódio o início de uma sequência de mais dois excelentes.

David Thewlis (Harry Potter e Mulher-Maravilha) foi outro que deu o show de interpretação como John Dee. Mesmo sem o visual mais medonho dos quadrinhos, Thewlis demonstrou com êxito o personagem perturbado. Com diálogos mansos que carregavam toda a tensão e perigo de que o vilão poderia cometer o ato mais vil a qualquer momento. Seu auge foi em 24/7, o quinto episódio. O experimento na lanchonete e fora dela trouxe uma questão interessante sobre a sociedade: O que seria do mundo sem as mentiras que contamos? Pensamentos violentos, verdades não ditas e muito mais fazem parte do nosso imaginário secreto. Conversamos no nosso íntimo sobre sentimentos que não queríamos que os demais soubessem. Só revelamos o que queremos que seja contado. Imagina viver sem essas barreiras sociais, onde o caos e violência andariam de mãos dadas.

Mason Alexander Park trouxe uma interpretação notável de Desejo e sua carisma o fez entrar na minha lista de personagens favoritos da série. Impossível odiar totalmente depois dessa belíssima entrega de atuação. O bom que teremos muito mais de Desejo pela frente.

E temos a Morte. Ah, a Morte! Interpretada pela fantástica Kirby Howell-Baptiste, sua primeira aparição em O Som das Asas Dela (sexto episódio) veio carregada de muita sensibilidade ao tratar sobre o processo que as pessoas mais temem: a morte. Exatamente como no quadrinho, acompanhamos Morpheus vendo de perto sua irmã levando novos habitantes para o seu Reino. Essa atividade consegue ser mórbida e linda numa balança equilibrada. Os diálogos da Morte são tocantes, explorando bem esse conceito de vida e morte. Mostrando também esse fardo de retirar a vida de qualquer ser vivo, não importa a idade. Foi esse episódio que Gaiman revelou ter se emocionado. E com razão!

Menções honrosas para Johanna Constantine, Rose, Gilbert, Merv e cia. por suas respectivas atuações no desenvolvimento de suas histórias. Destaco aqui a sequência do Verde do Violonista retomando o seu cargo no Sonhar. Foi lindo visualmente o verde tomando conta de todo o ambiente, dando mais vida com suas matas e florestas.

Sandman também não pecou no que diz respeito aos seus plots, uma vez que foram tratados sem aquela enrolação. Os arcos foram desenvolvidos da maneira correta e mesmo parecendo desconexos à primeira vista, logo provou-se que estavam interligados. Isso também aconteceu nas histórias da obra original e com certeza veremos mais nas próximas temporadas (amém!).

Em sua temporada de estreia, Netflix mostrou em sua adaptação o impacto que Sandman causou em que leu os quadrinhos e ainda abriu portas para a próxima geração de fãs dos Perpétuos.

Nota: 5/5

Sonhar: A primeira temporada adaptou os arcos Prelúdios e Noturnos e A Casa de Bonecas do primeiro volume de Sandman.

Sonhar 2: Convenção de Cereais, apenas.

Sonhar 3: Já quero ver a paz de reunião dessa família dos Perpétuos.

Sonhar 4: Estou pronto para Sonho de uma Noite de Verão.

Sonhar 5: E a Nada, hein?!

Sonhar 6: E que venha a Estação das Brumas!

https://www.youtube.com/watch?v=fUg4xE-7LyM

Sandman está disponível na Netflix.

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Gameplay Games

Stray | O gatinho na cidade dos robôs

Stray foi anunciado em 11 de junho de 2020 no evento da PlayStation Future of Gaming e inicialmente marcado para ser lançado em 2021. Desenvolvido pela BlueTwelve Studio e publicado pela Annapurna Interactive. o jogo nós coloca na pele de um gatinho, em meio a um mundo cyberpunk, repleto de máquinas e robôs autônomos, e para nossa aventura somos acompanhado pelo dronezinho, B-12 que nos auxilia traduzindo o idioma dos robôs e armazenando itens encontrados durante nossa aventura.

Quando imaginamos um mundo com robôs, automaticamente (pelo menos para mim), vem imagens de cidades altamente tecnológicas, com desenvolvimento de eletrônicos super avançados, com tecnologias que atualmente não temos acesso, mas o mundo de Stray em que nosso gatinho sem nome está vagando é um pouco mais “negativo”. Uma cidade que cresce em cima de história, e lembranças, com robôs vivendo em casas improvisadas de lixo (lembrou em certos aspectos a favela dos extraterrestres em Distrito 9), mas que trás consigo uma atmosfera de interesse e curiosidade.

É através dessa curiosidade que nós, no comando do nosso gatinho, podemos ver os raios de luzes neon refletindo nas águas acumuladas da chuva em becos estranhamente não convidativos, andar sobre os telhados precários das residências, enquanto atravessamos nuvens de poluição que pairam sobre o ar. Ao mesmo tempo em que podemos entrar em bares e atrapalhar uma partida de sinuca, ou procurar um lugar onde tenham muitos robôs, e torcer para que algum tenha dó do gatinho, e de um pouco de atenção. Afinal o que um gato precisa se não um belo dia repleto de aventuras, e depois encontrar um lugarzinho aconchegante para tirar uma soneca?

 

Todas essas possibilidades em Stray, dentro da jogabilidade na cidade, se faz valer nos movimentos que o gatinho malhado laranja se move. Quando você descobre a maneira certa de encaixar os pulos e o caminhar do gato, tudo se torna muito fluido e natural, ao saltar, ao passar por grades, ao se esconder ou correr para debaixo dos carros. Quanto mais confortável você estiver em relação aos comandos, mais a cidade vai parecer um verdadeiro parque de diversões para o gatinho que estamos controlando. O gato a cada minuto jogado parece mais um gato da vida real.

Não sei como foi produzido, mas o nosso gatinho foi muito bem trabalhado. Não me admiraria saber, que os desenvolvedores ficaram meses estudando a anatomia felina. Todo o movimento de câmera, não atrapalha na desenvoltura do gatinho, nem mesmo nós traz uma sensação de estranheza por estar controlando um animal tão pequeno, dentro de um universo tão grande em relação a ele.

Junto com nosso companheiro drone B-12, podemos explorar a cidade por vários ângulos e pontos específicos. Gastando algo em torno de 7 a 12 horas de gameplay. É com B-12 que podemos entender a comunicação dessa sociedade robô, ele é nossa conexão principal com tudo que está acontecendo ao nosso redor. A história é sentimental, todo o desenrolar é muito bem elaborado, e é engraçado chegar ao final e notar que estamos tratando com inteligências artificiais e um animal dito irracional por muitos.

Em Stray, jogamos com um gatinho, como já venho falando ao longo do texto, mas isso em nenhum momento é um obstáculo para a mecânica de jogabilidade. Dificilmente tive momentos de marasmo enquanto corria pelas ruas e subia nos telhados, onde podemos encontrar puzzles, muita exploração, e seções de furtividade. E isso sem falar dos carrapatos monstros que temos que fugir constantemente se quisermos continuar nossa jornada de exploração.

A única coisa que incomodou durante minha jogatina, foi a falta de sinalização dentro do jogo. Por muitas vezes me vi perdido sem saber exatamente o que eu deveria fazer, ou para onde ir. Há momentos em que entramos por acidente em um novo distrito, e somos impedidos de realizar missões das áreas anteriores.

Independente disto, Stray nos entrega um novo olhar, uma nova maneira de viver a cidade, mesmo que ela não seja a que conhecemos atualmente. Claro que ser um amante dos felinos te deixará muito mais imerso neste jogo, mas é claro que ele encantara a qualquer um que possa experimentar a experiência. Stray é uma vivência única dentro de uma fantástica cidade, distante de muito do que já vimos.

Infelizmente compacto, tudo em Stray é muito bem abordado e alinhado para uma experiência agradável.

Stray foi jogado e analisado sem código fornecido. E está disponível para PlayStation 4, PlayStation 5, Microsoft Windows

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Games

God of War Ragnarök será lançado em 9 de novembro, e ganha novo trailer

God of War Ragnarök ganhou um trailer intitulado Father and Son, Kratos e Atreus enfrentam juntos uma enorme criatura enquanto tentam descobrir sobre a chegada do Ragnarök.

God of War Ragnarök chegará oficialmente ao PlayStation 5 e PlayStation 4 no dia 9 de novembro de 2022.

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Anime Cultura Japonesa

“Kaguya-sama” e seus mistérios ultra-românticos

Algumas coisas são difíceis de se definir. São conceitos complexos que, se perguntado para cem pessoas, teremos cem respostas diferentes. O caso fica ainda pior quando tratamos de entretenimento, pois além de “diversão” ser subjetivo, nerd costuma ser muito chato com isso.

Pra hoje, a discussão é sobre o termo “clássico“. O que transforma uma obra em um clássico? O que é necessário para tal? A definição de dicionário diz apenas que é algo “exemplar” em seu gênero e que venceu o teste do tempo. E eu acredito que nisso, todos podemos concordar. Já os detalhes, fica para cada um preencher do seu jeito, e ajustar conforme sua própria necessidade.

Mudando totalmente de assunto, “Kaguya-sama: Love is War” é um mangá de autoria de Aka Akasaka, ainda em publicação com 26 volumes no Japão. No Brasil, ele é publicado pela Editora Panini desde fevereiro de 2021. A obra foi adaptada em animê no estúdio A-1 Pictures, e conta com três temporadas, sendo a última, “Kaguya-sama: Love is War – Ultra Romantic“, recém-terminada no final de junho.
E é sobre a animação que nós vamos falar. Especialmente da sua interação mais recente, mas não exclusivamente dela.

Comédias-românticas são um conceito que muitos conhecem, então basta dizer que “Kaguya-sama” é um animê desse gênero que a figura já irá começar a tomar forma.
O que a sinopse e a primeira temporada da série nos apresentam é uma genial representação de gênios: O fato de que todo mundo tem um ponto fraco, por mais que se tente escondê-lo. E que para os dois gênios que protagonizam essa obra, Kaguya Shinomiya e Miyuki Shirogane, os seus pontos fracos são exatamente o mesmo: Serem genialmente idiotas.

Toda a história de “jogos mentais” entre os dois, num incansável e genuinamente hilário Xadrez 5-D foi o que me prendeu e me fisgou. Era uma proposta diferente dentro do escopo de comédias-românticas, e que foi executada à perfeição, por dar destaque justamente ao que lhe tornava tão única: As tentativas fúteis e estúpidas de tentar prever a previsão do adversário, sempre com um “vencedor” ou “perdedor” sendo declarado ao final do combate.

Captura de tela do episódio 1 da primeira temporada de "Kaguya-sama: Love is War", mostrando Kaguya e Shirogane
Tudo contado pela icônica voz do “Narrador”, que sempre acaba sendo o personagem predileto de todos (Reprodução: Crunchyroll)

Com a segunda temporada, vieram novas personagens, novas dinâmicas e um novo tipo de roteiro. As batalhas foram ficando cada vez mais de lado, abrindo espaço para histórias focadas no desenvolvimento e crescimento das personagens já conhecidas, e expandindo o mundo da Academia Shuchiin muito além da sala do conselho estudantil.

E num clássico movimento feito para agradar gregos e troianos, a terceira temporada juntou os dois lados da moeda em um único pacote. Graças aos esforços do roteiro, da direção e do elenco como um todo, a junção acabou funcionando, e trazendo o melhor aspecto de cada uma das temporadas anteriores para essa última.
E vocês se surpreenderiam com quantas outras obras tentam fazer isso e fracassam miseravelmente.

Claro, a mudança um pouco súbita da primeira pra segunda temporada é um ponto complicado (não necessariamente ruim) da obra, mas que fãs de comédias-românticas sabem que sempre chega. O temido (ou amado) momento onde a história se torna dramática é um assunto que eu já comentei em detalhes antes, mas que em resumo, só é um problema se você não souber que ele existirá, e uma simples mudança de expectativas já resolve.

Particularmente, eu sou um cara que curte mais a comédia, e que sofre quando o drama começa a aparecer. Por conta disso, vejo a segunda temporada de “Kaguya-sama” como o ponto mais fraco da série. Mas isso diz muito sobre a qualidade geral da obra, pois mesmo em sua pior fase, ela ainda se mostrou sendo um dos melhores animês do ano em que saiu.

Captura de tela do episódio 9 da segunda temporada de "Kaguya-sama: Love is War", mostrando Ishigami
Como dizia meu professor de teatro, “A verdadeira comédia é a desgraça alheia”. Então sei lá né, até um draminha pode ser engraçado de vez em quando (Reprodução: Crunchyroll)

E já que estou aproveitando esse pedaço da postagem para fazer auto-promoção descarada (todas com motivos nobres, juro!), aqui vai outra: O problema de se prolongar demais.
Com o último episódio de “Ultra Romantic“, a minha principal pergunta foi: “Espera aí… O mangá de ‘Kaguya-sama’ ainda está em publicação, não está? Eles acabaram de anunciar uma continuação animada, não foi? Mas por QUÊ?

[spoiler]

Para uma história que começa por conta da rivalidade e da teimosia de dois gênios que se recusam a ceder, o único final que poderia acontecer é o que recebemos: Ambos cederam, mas nenhum deles cedeu. O resultado da batalha só podia ser o maior “empate” possível nessa “Guerra do Amor“.

Ultra Romantic” encerra a história principal de “Kaguya-sama” com uma das cenas de declaração mais cinematicamente incríveis que eu já vi na minha vida, onde o beijo serve como o mais poderoso dos pontos finais. O casal resolveu suas pendências, admitiram seus crescimentos, e planejaram o futuro. Não há mais nada a se dizer ou fazer aqui.[/spoiler]

Você pode se perguntar sobre todo o resto, e essa é uma pergunta extremamente válida. Afinal, passamos um bom tempo desenvolvendo as personagens secundárias, dando destaque para suas histórias e relações, e… O final da terceira temporada não fecha nenhuma dessas pontas soltas.

Captura de tela do episódio 6 da segunda temporada de "Kaguya-sama: Love is War", mostrando Miko
Reação da Miko ao ver as pontas soltas é exatamente a mesma que eu tive ao ver que anunciaram uma continuação depois de um final perfeito (Reprodução: Crunchyroll)

Mas é aqui que eu trago de volta o que eu apresentei lá na introdução do texto: Às vezes, só é preciso de uma definição básica, que o resto vai ser preenchido por cada um, do jeito que a pessoa preferir. A arte de “Kaguya-sama” e seu elenco de apoio está em te dar apenas informações o suficiente para você conseguir ter plena noção de como as coisas vão prosseguir. É claro, nenhuma delas está, de fato, concluída, mas Aka Akasaka já fez o tracejado para você. Justamente por ficarem “em aberto”, a conclusão dessas histórias ganha um charme extra. O seu charme extra, da sua interpretação.

Sabe aqueles memes onde temos um jogo de “ligue os pontos” que claramente mostra uma coisa, e alguém consegue transformar aquilo em outra, completamente diferente, mas sem fugir das regras e das linhas propostas? É a mesma coisa.

Captura de tela do episódio 13 da terceira temporada de "Kaguya-sama: Love is War", mostrando um chaveiro de coração
Se você já assistiu, sabe exatamente que cena é essa. E esse é o melhor exemplo que posso dar. O pontilhado lhe foi dado, mas como VOCÊ vai preenchê-lo? (Reprodução: Crunchyroll)

Dessa forma, eu consideraria “Kaguya-sama” como uma história encerrada. Eu não acompanho o mangá, então não faço ideia de o que acontecerá a seguir, mas seja o que for, irei encarar como algo isolado e separado do que tivemos até aqui. A minha única certeza é de que certamente, Kaguya-sama se tornará um dos “clássicos”, um exemplo de anime que muito provavelmente vencerá o teste do tempo e ficará por muitos anos num pedestal, e com todo o mérito para estar lá.

Tenho meus problemas com a obra, mas não deixo de vê-la como é. E seria não apenas injusto, como criminoso de minha parte não dar nota máxima para ela: Kaguya-sama é 5,0/5,0 para mim, e acho que você deveria ao menos dar uma chance para a obra.

O animê está disponível na plataforma de streaming Crunchyroll, com três temporadas que totalizam 37 episódios. Há tanto opção de áudio original em japonês (e legendas em português), como opção dublada em português.

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Tela Quente

Arremessando Alto: Uma carta de amor ao basquete em atuação notável de Adam Sandler

Podemos comparar os filmes de Adam Sandler como uma ida numa montanha-russa: Gostamos ou não da viagem dependendo da imersão na qual iremos desfrutar. Vamos gostar de forma parcial ou total? Vai de cada um. Muitos não gostam do tom pastelão que as produções de Adam assumem com frequência, porém podemos curtir tramas puxando para o drama como Click e Como se Fosse a Primeira Vez.

Esse ponto fora da curva vem acompanhado de certo charme e consegue trazer lições importantes para quem assiste. Então, o que Arremessando Alto (Hustle no original) tem a informar para os espectadores? Para os fãs de basquete, muita coisa. E para o público em geral?

Um olheiro de basquete azarado encontra um jogador com um grande potencial e se esforça para mostrar ao mundo que os dois merecem chegar à NBA.

Lendo a sinopse fica notável como não apresenta uma história complexa. Muito pelo contrário, é bastante simples. Não tenta te enganar só para chamar a sua atenção. O filme não tenta reinventar a roda sobre o mundo do basquete e a dura superação para algum jogador ter o seu merecido lugar ao sol. Inúmeras produções já abordaram esse tema. Entretanto, não quer dizer que este em questão passaria despercebido. Ele também te cativa, emociona, envolve com uma excelente história de motivação.

Sabemos que quando um filme aborda qualquer tema específico, isso quer dizer que poderá atrair um público restrito. Quem não estiver acostumado tende a ficar um pouco perdido no uso de gírias e termos técnicos. Aposto que o Google estava ao lado quando assistiram O Lobo de Wall Street, A Grande Aposta e A Grande Escolha.

A vantagem de Arremessando Alto tem relação em dar um abraço nos fãs de basquete, mas ao mesmo tempo puxa para mais perto também quem não está familiarizado com o esporte. Dando para entender a maioria dos diálogos e jogadas dos personagens. Claro que o maior deleite para o bom entendedor desse mundo foi prestar atenção nas aparições dos principais jogadores profissionais do ramo. Quem perdeu, confira aqui .

Adam Sandler e Juancho Hernangómez (Bo) conseguiram estabelecer uma excelente química e por causa disso, o filme ficou ainda mais agradável para assistir. Os personagens mal tinham se conhecido, porém pouco tempo depois a parceria parecia de anos. O elenco secundário também se esforçou, como Queen Latifah e principalmente Ben Foster fazendo o papel de antagonista de Stanley Sugerman (Adam).

Arremessando Alto é um excelente filme para conhecer mais da veia dramática de Adam Sandler e também para conhecer mais do basquete sem enrolar a mente com diálogos incompreensíveis para quem não está acostumado em acompanhar as notícias da NBA. Quem já viu, ótimo. Quem não, faça o favor de assistir e curtir bastante. Vale muito a pena dar uma conferida.

Nota: Ouro.

 

Arremessando Alto está disponível na Netflix.

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Games

Final Fantasy 17 com novo sistema de batalha, e diferentes desenvolvedores?

Naoki Yoshida já está disposto a discutir para onde Final Fantasy 17, sem nem ao menos Final Fantasy 16 ter sido lançado.

Yoshida já revelou em entrevista para o Games Radar que Final Fantasy 16 caminha de forma que o sistema de combate não confronte diretamente as batalhas por turnos e os gráficos altamente detalhados.

Eu entendo perfeitamente o apelo e o potencial que existe para jogos baseados em turnos ou comandos. Ainda acho que a Square Enix terá a oportunidade de criar algo assim… criar algo assim, talvez fazer com que os gráficos se ajustem melhor a esse sistema, talvez indo em direção a um tipo de direção mais gráfico de pixel.

No início deste ano, circulou a notícia que o chefe da Square Enix, Yosuke Matsuda, quer mais jogos no estilo HD-2D como Star Ocean: Second Story, Xenogears e Super Mario RPG além do próximo remake Live A Live. No entanto, encaixar esse estilo em uma franquia numerada e considerando os últimos jogos da série Final Fantasy pode ser considerada uma difículdade principalmente para as vendas, mas que claramente se encaixaria em uma proposta de spin off.

Entretanto, Yoshida observa que “cada um dos jogos Final Fantasy é algo diferente. Você vai nessa direção, mas da próxima vez que você tiver um time diferente, você terá uma direção diferente, você terá um mundo diferente, você terá um sistema de batalha diferente.”. Yoshida, ainda completa “você está recebendo coisas diferentes para muitos jogadores diferentes. Porque, como eu disse antes, são muitos jogadores diferentes, e nem todos concordam sobre o que deveria estar em um Final Fantasy. Então você não pode juntar tudo, você só precisa continuar criando coisas diferentes até cobrir tudo.”

Embora você provavelmente não ouvirá muito mais sobre Final Fantasy 17 por um tempo – a Square Enix provavelmente nem sabe como será o jogo ainda.

A entrevista completa sobre Final Fantasy 16 com Naoki Yoshida cedida ao Games Radar pode ser acessada aqui.

Final Fantasy 16  está programado para ser lançado em 2023 para PlayStation 5.

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Séries

Você não sabe nada, Jon Snow! Continuação de Game of Thrones terá retorno do personagem

Não é pegadinha, meus amigos!

Segundo informações do The Hollywood Reporter, a HBO está desenvolvendo a sequência de Game of Thrones centrada no Jon Snow e contando com o retorno de Kit Harington no papel.

Essa será a primeira produção após os eventos de Game of Thrones (2011-2019). Para quem não se lembra, Snow descobriu a sua linhagem Targaryen (que não serviu de nada) e tornou-se um exilado após o assassinato de Daenerys Targaryen (pelo menos algo bom). Assim, viajou para o Norte da Muralha com os Selvagens.

Seria o indício que veremos outros personagens principais em mais produções futuras?

Atualmente, existem 7 projetos dentro do universo de GoT: House of Dragon, 10.000 Ships, 9 Voyages e Dunk e Egg. Além de três projetos animados.

Os representantes da HBO e Kit não fizeram comentários.

A próxima série dentro desse universo será House of Dragon e mostrará os eventos que precederam a sangrenta Dança dos Dragões.

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Tela Quente

A dupla provocação (muito bem-vinda) em South Park: Guerras do Streaming

Com 25 temporadas e dois telefilmes nas costas, South Park conseguiu transbordar sua icônica acidez sobre inúmeros temas que foram pautados tanto na cultura geek quanto nos principais noticiários do mundo. Trey Parker e Matt Stone pisaram os pés no acelerador ao apresentarem um linguajar sujo e atitudes bizarras com os habitantes dessa cidade peculiar. Foi dessa forma que conseguiram conquistar seu público. E continuam conquistando!

Depois de Pós-Covid e Pós-Covid: A Volta da Covid, era possível que a próxima aventura pudesse trazer também algo atual para as telinhas e assim foi lançado Guerras do Streaming. Com esse título, o telespectador possa ter imaginado que a trama traria apenas referências ao constante embate das plataformas de streaming que acompanhamos todo santo dia. Só que o roteiro pregou uma bela pegadinha e trouxe mais uma boa discussão por trás disso tudo.

Atualmente, existe a séria preocupação sobre a crise hídrica ao redor do mundo e as terríveis consequências. O roteiro aproveitou este tema para conversar com seu público sobre o assunto. Com o plot de fornecimento de água sendo afetado em Colorado, o telefilme também apresentou o caos iminente quando determinadas regiões não possuem mais o ciclo hídrico da forma que era antes. Então, era preciso pensar numa solução para o retorno da qualidade desse serviço essencial.

Um inspetor foi designado para contornar a situação e acabou esbarrando nas fazendas de cultivo de maconha de Randy Marsh e Steve Black (100% Black, vale ressaltar). A partir disso, pudemos acompanhar a segunda provocação que a trama propôs em apresentar: a criação de serviços de streaming para os usuários comprarem o serviço de água deles. A metalinguagem tornando-se presente deixou toda essa construção genial e bastante afiada. Além do mais, este telefilme foi liberado onde? Exato, num streaming…

Do outro lado desse auê todo tivemos Eric Cartman querendo mudar o seu status de garotinho pobre para bastante rico após a chegada de seu novo vizinho. Querendo sair da sardinha que chama de lar, trouxe uma proposta indecente para sua querida mãe e após receber um sonoro não, resolveu ir atrás de seu sonho.

A trama do mesmo seguiu de forma paralela até determinado ponto com as Guerras de Streaming e quando se cruzaram, a situação ficou ainda mais engraçada quando mostrou até que ponto Cartman iria para alcançar seus objetivos. Nem que isso significasse andar todo turbinado.

Guerras do Streaming I conseguiu entreter com boas risadas ao longo de 48 minutos. A diversão foi absoluta com conspiração, diálogos insanos, seios bem turbinados e a sempre bem-vinda presença do Homem-Urso-Porco. As indiretas de âmbito ambiental foram pontuais e mostraram que mesmo numa série satírica ainda era possível abrir a roda para conversar sobre o meio ambiente.

O debate irônico sobre a suruba de streaming também veio com um timing excelente e mostrou como os usuários tornaram-se meros fantoches nas mãos dessas plataformas, ficando então completamente dependentes e exigindo cada vez mais pelo prazer da qualidade. Sempre querendo mais. Nunca satisfeitos. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência, viu?

Nota: Ouro. 

As duas partes de South Park: Guerras de Streaming estão disponíveis no Paramount+.