Categorias
Cultura Japonesa Pagode Japonês

Sword Art Online: Aincrad – Livro 1

Surpreendendo a todos que estavam presentes em sua palestra no Anime Friends 2018, a Editora Panini resolveu – finalmente! – se abrir para o mercado de Light Novels, e, sob o selo “Romance Panini Books“, anunciou diversos títulos. Dentre eles, “Sword Art Online: Aincrad“.

Completo em dois volumes, esse é o “material original” que deu origem ao animê que, com o perdão do clichê… ABALOU AS ESTRUTURAS da indústria com seu COLOSSAL SUCESSO. Mesmo achando que não preciso introduzir SAO para ninguém, não custa nada, não é?

Inicialmente publicado como uma webnovel, o arco inicial de SAO fez sua estreia em 2002. O autor, Reki Kawahara, escreveu uma cacetada de capítulos na internet, até conseguir que sua obra fosse publicada em 2009. Daí pra frente é história.

Mas a história que queremos contar hoje não é essa, mas sim sobre a edição nacional e como ela está, onde vive e do que se alimenta. Vou começar pelo conteúdo do livro, e depois falo sobre detalhes técnicos – como capa, tradução e revisão, qualidade do papel, e essas coisas de sommelier.

Comparação de tamanho, moeda de cinquenta centavos para padrão, vocês sabem como funciona.

Existem dois tipos de consumidor para esse produto, e para cada um deles, haverá uma experiência bem diferente. Existe o consumidor de primeira viagem – o cara que nunca assistiu ao animê de SAO e que estará conhecendo a obra e as personagens pela leitura – e o consumidor manjado – que já assistiu o animê e já sabe do que se trata. Eu me encaixo no segundo grupo, e vou dar início por ele.

Se você já conhece SAO e já assistiu o animê (que está disponível na Crunchyroll e na Netflix, aliás), a novel é incrivelmente melhor do que você poderia esperar. Claro, ninguém nunca espera muita coisa de Sword Art Online (inclusive isso vem fazendo a sua recente temporada, Alicization, ser até que decente), e essa expectativa baixa acaba servindo de impulso pra qualidade do livro.

Toda a história de Aincrad, do beta-test ao final do jogo, acontece dentro do livro um. O autor deixa todas as histórias paralelas (famosas “side quests” dos RPGs) para serem contadas no segundo tomo, fazendo com que o primeiro seja um condensado de apenas dois personagens: Kirito e Asuna.

Temos, então, praticamente duzentas páginas inteiramente dedicadas a explicação de como o relacionamento dos dois protagonistas veio a ser. Já que você já sabe de tudo que aconteceu, ter esse “flashback” sobre os acontecimentos do passado e entender de forma mais profunda de onde eles se conheceram e essas coisas românticas aí, acaba sendo uma expansão do universo.

Créditos da edição brasileira.

Só que a porca torce o rabo se você for um novo leitor. Os acontecimentos são jogados pra lá e pra cá, as personagens têm interações tortas, dramas nunca explicados e personalidades que não se encaixam com o pouco que vemos delas. A decisão de dividir o arco em “parte principal” e “todo o resto da história” foi, na minha opinião, um tiro no pé. Tanto que durante a adaptação em animê, resolveram colocar tudo em ordem cronológica.

Uma das partes mais importantes de uma Light Novel, muito mais do que sua história ou seu desenvolvimento, são as suas personagens. Light Novels são obras focadas em suas personagens. Quando você não gosta do protagonista, nem a história mais interessante do mundo pode salvar sua leitura.

A falta do “miolo” da trama faz com que as personagens pareçam rasas, sem motivações e incoerentes. Você conhece um Kirito egoísta no primeiro dia de jogo, e algumas páginas depois, encontra-o socializando tranquilamente com seus BFFs, e mais algumas páginas além, você o vê choramingando por “não ter o direito de ter amigos” ou algo emo desse jeito. Simplesmente não dá para entender o que se passa na cabeça do espadachim. E a culpa nem é sua. A culpa é do autor, que fez diversos desenvolvimentos para mudar a personagem, e simplesmente NÃO TE CONTOU.

O que pode ser concluído disso tudo é que, por mais contraditório que isso pareça, ser spoilado do livro, ao assistir ao animê, é a melhor forma de aproveitar a leitura.

Ednaldo Pereira – Ednaldo Pereira (E.P.)

Tenho alguns pontos a levantar sobre a tradução e revisão da obra, também. No geral, o primeiro volume foi bem consistente e apresentou pouquíssimos erros (contei apenas dois). Mas algumas decisões tomadas me deixaram com a pulga atrás da orelha.

A começar pelos honoríficos. A tradução optou por manter os honoríficos nos nomes das personagens (por exemplo, Kirito-kun, Asuna-sama, etc). Falando apenas por mim, sou contra deixá-los em qualquer tipo de obra e que são facilmente substituíveis por equivalentes no idioma que você está traduzindo, mas entendo quem gosta deles, e só peço uma consistência ao utilizá-los. A grande questão é que ao deixá-los, você está, essencialmente, não traduzindo uma parte do texto. Se você opta por deixá-los, é sua obrigação explicar ao leitor o que é isso, e o que diabos significa.

Em uma passagem, Kirito se sente incomodado ao ouvir uma personagem chamar Asuna de “Asuna-sama”. -sama é um honorífico que denota o maior grau de respeito, normalmente utilizado para com líderes religiosos e políticos. A reação do Kirito é normal, afinal, estranhar que uma garota comum seja chamada por -sama é o que qualquer um teria sentido. Mas em momento nenhum isso é explicado. Se você não sabe o que o honorífico significa, a passagem se torna inútil.

Outro ponto é sobre a utilização de termos em inglês. Imagino que no original em japonês, todos os termos que estou citando estavam, também, em inglês, por isso a escolha de mantê-los num idioma estrangeiro. Mas, de novo… Estamos falando de uma edição brasileira, que deveria estar em português. Nem todo mundo sabe inglês, e manter nomes e frases num idioma diferente do nosso acaba impedindo que certas pessoas leiam a obra completa.

Entendo que é preciso manter em inglês para trazer a “autenticidade” que o autor queria, visto que os termos estavam em inglês no original, mas ainda é fácil de mantê-los lá, mas sem prejudicar a leitura. A NewPOP tem um caso semelhante com Log Horizon, e eles souberam resolver o problema: lá, o termo em inglês é imediatamente seguido por sua tradução para o português. Não é tão difícil assim.

Em cima, SAO. Embaixo, Log Horizon. É uma solução simples…

Esses são pontos importantes de se levantar, não só por querer ser bom samaritano e defensor patriótico, mas também pelo próprio marketing que a editora está fazendo. Ao chamar as suas Light Novels como “Romances“, ela está tentando desvincular a imagem de “mangá” de suas novels, tentando fazer o livro ter um mercado mais amplo. E um mercado mais amplo (fora do ‘nicho Otaku‘) não faz a menor ideia de o que é um honorífico, e nem é obrigado a saber inglês. Se quiser manter esses elementos, o mínimo que deveria ser feito é adicionar uma nota de rodapé.

Mas tirando esses pontos, que são mais implicâncias pessoais do que qualquer coisa, a leitura foi bem fluida e teve poucos “truncamentos” e os diálogos pareciam naturais. A parte física do negócio também está de parabéns, pois o papel e a capa, ambos tem um bom toque e fazem a leitura passar rápido, e as ilustrações ficaram excelentes.

Fazendo as malas e empacotando tudo, dá pra dizer que pra quem já é fã da série, pegar esse livro é um excelente negócio. Só o que dói é o bolso, pois o preço está um pouco salgado. É um preço pagável, caso você esteja disposto a fazê-lo, mas com certeza é um preço muito acima do que Sword Art Online vale.

Categorias
Anime Cultura Japonesa Pagode Japonês

Primeiras Impressões | The Promised Neverland

Desde que começou a ser publicado em 2016 na Shounen Jump, The Promised Neverland vem batendo recordes e mais recordes de vendas. Então, a chegada do anime era mais do que óbvia. Assim, em Janeiro de 2019, o anime enfim estreou.

Antes de começarmos, eu estou em dia com o mangá, então sei o que estar por vir em The Promised Neverland. O primeiro arco, que o anime adaptará ao longo de seus 12 episódios, é de longe o melhor do mangá, e onde, na minha opinião, a história deveria ter finalizado. Os arcos posteriores tiveram uma queda na qualidade, e o atual, é meio difícil prever o que pode acontecer, mas posso afirmar, que não chegará aos pés do primeiro. Não chegam a ser ruins, mas, né?

Enfim, que primeiro episódio excelente, não é mesmo?

Admito que quando escolheram o CloverWorks como estúdio, eu fiquei um tanto preocupado. Era um estúdio recém formado, que tinha acabado de ficar independente da A-1 Pictures, e com bastante projetos já anunciados.

Darling in the Franxx, que foi feito em parceria com a A-1 e Trigger, foi um pouco decepcionante em seu roteiro e o mais recente, Bunny Girl, não é lá essas coisas, nem de direção, nem de animação. E os outros animes que o estúdio apoia, como a terceira temporada de Fairy Tail, bem… é triste. Porém, fui surpreendido.

A direção e o storyboard conseguiram transmitir tudo aquilo que o mangá conseguiu quando foi publicado. A tensão, o sentimento de que “vai dar ruim”, percorre por todo o episódio. A sequência da Emma e Norman após saírem do orfanato é sensacional. A trilha sonora, assim como a abertura e encerramento, são de arrepiar.

A edição também está muito boa, destaque para a cena na cerca após o pique-esconde, quando um personagem decidia falar, havia um close na cara por 1 segundo e depois abria para o plano geral.

Protect

Sobre os personagens, ainda é muito cedo para falar sobre eles. Aos poucos eles serão desenvolvidos, mais especialmente o trio principal, Emma, Norman e Ray.

Emma é a nossa protagonista de shounen padrão, sempre bem animada, tentando levantar a moral; Norman é o cérebro da equipe, é de onde partirão as estratégias; e o Ray é  frio e calculista, um mini-Sasuke. Terão várias revelações sobre o mundo em si, e ver como esses personagens vão reagir a isso, será bem interessante. A Isabella, já adianto, é uma boa personagem, que será bem explorada nesse arco. Se preparem para a enxurrada de teorias que surgirão pela Internet.

Os próximos episódios se focarão em batalhas mentais, enquanto as crianças tentam fugir. Não é impecável, tem bastante bullshit, mas é até que bem feito.

A direção de The Promised Neverland está nas mãos de Mamoru Kanbe, conhecido por Elfen Lied, que eu não assisti; Oono Toshiya é o responsável pela Composição de Série; Shimada Kazuaki pelo Design de Personagens; e Obata Takahiro na Trilha Sonora.

Se manter essa qualidade pelos próximos 12 episódios, podem ter certeza, The Promised Neverland será um dos melhores animes do ano.

The Promised Neverland está disponível pela Crunchyroll. Já o mangá, é publicado pela Editora Panini.

Categorias
Anime Cultura Japonesa Pagode Japonês

Torre Recomenda | Animes de 2018

Não sei se temos tempo de vida o suficiente para chamar algo de “Tradição”, mas todos os anos, durante a ceia de ano novo da Torre, juntamos as maiores mentes do website para que haja uma digladiação gratuita entre seus membros. O objetivo? Tentar discutir sobre o ano que passou, e ver o que ele trouxe de bom e tentar esquecer o que ele trouxe de ruim.

Nós, os primos pobres que viemos visitar o Tio rico que mora no Centro, preparamos os nossos rankings pessoais dos Melhores Animes de 2018. Os três redatores trabalharam duro tentando não esganar uns aos outros, e você pode conferir o que cada um achou abaixo.

Também foram feitas indicações de Quadrinhos Nacionais e Internacionais, por nossos colegas mais prestigiados. Além dos Melhores Filmes de 2018.

Redator: Vini Leonardi

10 – Cells at Work! (Assista em: Crunchyroll) 
9 – JoJo’s Bizarre Adventure: Vento Aureo (Assista em: Crunchyroll)
8 – After the Rain: Primeiras Impressões (Assista em: Amazon Prime Video)
7 – Record of Grancrest War: Primeiras Impressões (Assista em: Crunchyroll) 
6 – Cardcaptor Sakura: Clear Card (Assista em: Crunchyroll)
5 – IRODUKU: The World in Colors: Primeiras Impressões (Assista em: Amazon Prime Video)
4 – Chio’s School Road: Primeiras Impressões (Assista em: Crunchyroll)
3 – Asobi Asobase – workshop of fun – (Assista em: Crunchyroll)
2 – Magical Girl Ore: Primeiras Impressões (Assista em: Crunchyroll)
1 – Rascal Does Not Dream of Bunny Girl Senpai: Primeiras Impressões (Assista em: Crunchyroll) 

Comentário do Redator:

Caramba, outro ano se passou e cá estamos mais uma vez, pestanejando e esperneando pra ver quem consegue se mostrar como o cara de pior gosto do site todo. Dois mil e dezoito foi um ano muito mais modesto, recatado e do lar, quando comparado com seu antecessor… Ao menos quando falamos de animês. Eu, particularmente, consegui curtir bem melhor as jóias que encontrei, e consegui relevar as pérolas que apareceram. Podemos dizer que foi um ano de superação, em todos os sentidos.

Mais uma vez, a maior parte do meu Top 10 foi coberto pelas postagens de “Primeiras Impressões“. Como sempre ressalto, os primeiros episódios são os mais importantes, pois são eles que fazem com que os últimos sejam assistidos. Se quiser conferir algumas das palavras precoces que eu balbuciei esse ano, basta clicar no hyperlink no nome da cada show (que tiver um, é claro). Pode te ajudar a entender quão mais fundo é o buraco que estamos. E eu já adianto: O buraco é beeeem fundo. E bem engraçado, também. Esse foi o ano das comédias e eu AMO COMÉDIAS.

Vamos comentar, começando de baixo pra cima: Em décimo lugar, Cells at Work! foi bem divertido e contou com um elenco de alto peso molecular (ai desculpa gente eu sou Químico eu preciso fazer essas piadas quando surge a oportunidade). Apesar de ser engraçado com suas piadas nerds bazonga xd, ele acaba tendo um conteúdo muito mais denso do que se espera de uma comédia, e as suas punchlines foram praticamente as mesmas por toda a duração. Ainda é um baita de um show e merece a posição no ranking.

A nona posição dispensa apresentações. A quinta parte de JoJo chegou e sinceramente? Eu quero ser um gangstar. Ainda estamos no começo da história, mas pelo menos ela está tomando algum rumo, diferente da parte quatro, né…

Para a oitava posição, a postagem do começo do ano já ajuda um bocado. Gostaria apenas de acrescentar que adorei o rumo da história, por mais surpreendente que isso possa parecer. O tema principal – graças a Deus – foi para o segundo plano, e um tema muito melhor (ou menos polêmico, caso prefira…) assumiu seu lugar. E mesmo com o gosto amargo na boca, o final conseguiu ser positivamente emocionante. After the Rain foi mais do que uma referência a Falamansa.

Já que estamos citando os melhores do ano, fiquem com o que eu julgo ser a minha melhor piada de 2018. De Holmes of Kyoto.

Grancrest War fica em sétimo, e preciso confessar que o show cresceu em mim muito mais do que eu jamais poderia imaginar, quando escrevi suas Primeiras Impressões… Não só por suas personagens, mas por chegar um momento onde as coisas se acalmaram e finalmente começamos a entender o que diabos estava acontecendo. As vezes… Nós Gotta go fast um pouco mais devagar.

Liderando a segunda metade da tabela, Clear Card não só foi a sequência que queríamos como foi a que merecíamos. Qualquer fã da garota mágica de Tomoeda deveria voltar a sua infância de TV Globinho e assistir essa continuação. Acabou em aberto? Acabou. Deixou todo mundo com raiva e com gostinho de quero mais? Deixou. Mas a jornada vale, e não é só pela nostalgia.

IRODUKU e Chio’s School Road, quinto e quarto lugares… Mantiveram sua excelente qualidade do início ao fim, e creio que os seus respectivos Primeiras Impressões possam responder por mim.

Inaugurando o pódio, Asobi Asobase foi a coisa mais idiota que eu vi no ano, e justamente por isso merece tantos elogios. Como vocês podem ver, boa parte do meu ranking foi preenchido por comédias… Eu adoro comédias, de todos os tipos e formas. Se você gosta de comédia, sinceramente, qualquer uma das que foram citadas aqui irá te apetecer, basta escolher seu tempero. E o tempero de Asobi Asobase é o pior de todos. E isso o torna um dos melhores. É o macarrão com feijão do ano. E embora eu deteste a combinação… Ah, vocês entenderam.

O mesmo vale para Magical Girl Ore. A postagem explica bem do que se trata, mas não faz jus à qualidade. Acredito cegamente que a obra concluída é no mínimo dez vezes pior (ou melhor, você que sabe) do que eu passei.

Mas, apesar de tudo… Quem realmente levou o caneco foi o dito cujo: O maldito animê com um dos piores nomes localizados que eu já vi, Bunny Girl. Achei simplesmente sensacional como o autor conseguiu fazer um drama adolescente ser tão interessante. Como comentei no Primeiras Impressões… Ele usa de um bode expiatório que hoje eu percebo ser duplo: É tanto pra trazer o sobrenatural pro mundano, como pra fazer o mundano se tornar mais interessante, graças ao sobrenatural.
O desgraçado é um gênio.

Redator: Pedro Ladino

Bom, como já citado pelo Vini, 2018 se mostrou um ano excelente para animes, é claro que tivemos algumas bombas, mas no geral, foi um ótimo ano. Minha lista terá ao todo 11 animes, pois eu realmente não conseguir tirar, ainda que o primeiro das menções honrosas realmente valia a pena estar lá.

11 – Cells at Work! (Assista em: Crunchyroll)

Começando a lista com um dos animes mais educativos que eu já tive o prazer de assistir. Cells at Work! é simplesmente uma das surpresas do ano. É bem produzido, e possui um ótimo timing cômico, e consegue ser pesado quando precisa. O episódio 12, sendo mais específico, trouxe um tom totalmente inesperado para o anime, trazendo medo, agonia e incômodo.

10 – WotaKoi: Love is Hard for Otaku (Assista em: Amazon Prime Video)

Apesar de possuir uma produção feita com troco de pão, WotaKoi é uma ótima comédia romântica sobre otakus. O show de referências e as piadas são um show a parte. O timing cômico é excelente. Além de ter uma das melhores aberturas do ano.

09 – Zombie Land Saga (Assista em: Crunchyroll)

Idols, e tudo relacionados a elas, nunca me chamaram a atenção, tanto pelo estilo, quanto pelas controvérsias relacionadas a esse mundo. Para um anime que não possuía nem sinopse quando estreou, Zombie Land Saga foi a maior surpresa do ano para a minha pessoa. Desde o primeiro ao último episódio, o anime conseguiu me tirar risadas o tempo todo. Mas não é só na comédia que o anime se sustenta, ele possui críticas à esse mundo, qualquer um que saiba um pouco sobre o quanto nojento é o cotidiano das Idols. As músicas são ótimas também e o Koutarou é o melhor personagem masculino do ano.

08 – Asobi Asobase – workshop of fun – (Assista em: Crunchyroll)

Ainda que algumas piadas não funcionem, as personagens e as situações de Asobi Asobase são o ponto alto do anime, as dubladoras mandaram muito bem, em especial Hina Kino, que interpretou a Hanako. A mudança na voz é bastante natural e as reações são ótimas.

07 – Hinamatsuri (Assistam em: Crunchyroll)

E o melhor anime de drama do ano vai para… uma comédia?  Ainda que seja um anime de comédia, a parte que mais me conquistou em Hinamatsuri foi a parte dramática estrelada pela personagem Anzu. Eu chorei assistindo, que personagem! As partes de comédia com a Hina são bem legais também, ainda que algumas piadas sejam previsíveis, mas o anime vale pela Anzu.

06 – Megalo Box (Asssista em: Crunchyroll)

Homenagem a Ashita no Joe (que eu não assisti e nem li, ME DESCULPEM), e é fantástico. Mesmo com uma produção limitada, o anime conseguiu passar a sua mensagem de forma sensacional. Ainda que o Boxe mova a trama, Megalo Box não é necessariamente um anime de luta. A estética noventista de Megalo Box faz ele passar um tom de clássico, além de uma trilha sonora fenomenal, e que foi parar até no Spotify.

05 – After the Rain (Assista em: Amazon Prime Video)

A primeira vista, conhecendo o Japão como ele é, After the Rain possui uma sinopse que faz qualquer um pensar: isso vai dar merda. Mas, graças a Deus, esse anime é MARAVILHOSO. Que personagens, que produção, até perdoo o WitStudio por ter “estragado” The Ancient Magus Bride, e por favor, que lancem o mangá por aqui.

04 – Shoujo Kageki Revue Starlight (Assista em: Hidive)

E aqui está o motivo para que essa lista tenha 11 obras e não 10, como de costume. Minha lista já estava praticamente fechada quando, por motivos paralelos a Torre, eu comecei a assistir. Starlight já estava na minha lista fazia um tempo, mas por causa dos atrasos do Hidive em colocar legendas em PT-BR, eu acabei deixando de lado para assistir quando acabasse, no entanto, esqueci. E meu Deus, que anime ein? A mensagem que ele trás é ótima, como crítica ao show business. Além de possuir as melhores cenas de lutas do ano. BANANICE BEST GIRL.

03 – Lupin III – Part 5 (Assista em: Crunchyroll)

Aqui um anime que eu nunca pensei que assistiria, até descobrir que poderia assistir individualmente cada série de Lupin III. Para um primeiro contato com a franquia, não poderia ter sido melhor. Essa nova parte trás mini-arcos de 4 episódios que se juntam no final, e é incrível. Lupin é um excelente personagem, que funciona mesmo você só sabendo o básico sobre ele: é um ladrão, o maior de todos. Assistam Lupin III!

02 – Devilman Crybaby (Assista em: Netflix)

Quando você começa o ano com uma obra de arte chamada Devilman Crybaby, pode apostar que o resto dele será sensacional. Produção, trilha sonora e porrada no coração, só assistam. Devilman Crybaby se tornou um clássico instantaneamente, Masaaki Yuasa, eu te amo. O final mais sincero possível.

01 – SSSS.Gridman (Assista em: Crunchyroll dos Estados Unidos)

E chegamos ao anime que eu considero o melhor de 2018. Até Outubro eu considerava Devilman Crybaby imbatível. Mas sempre podemos contar com a Trigger, não é mesmo? (shiu, fica quieto ai Darling in the Franxx)

A direção de Gridman é espetacular, a ausência de trilha sonora em diversas partes acaba trazendo uma imersão e agonia. E só Deus sabe o quanto eu gritei com as cenas de luta, enlouqueci criando teorias e perdi o folego com Gridman. E o final… incrível, somente isso.

00 – Sangatsu no Lion S2 (Assista em: Crunchyroll)

VOU ROUBAR MESMO. Sangatsu no Lion para mim é o anime da década, e que todos deveriam assistir. O anime começou em 2017, mas temporada se encerrou esse ano. O arco do bulliyng tratado nessa segunda temporada é pesadíssimo e  me deixou passando mal, ao ponto de ter que pausar os episódios a cada cena filha da puta. O segundo arco é espetacular, e explora mais personagens do anime. Assistam Sangatsu no Lion, é sério.

Menções Honrosas:

A Place Further than the UniverseCaptain TsubasaSaiki Kusuo no Psi-nan S2Yuru Camp, Grand BluePlanet WithRun with the WindJoJo’s Bizarre Adventure PT. 5: Vento Aureo.

Redator: Luiz Alex Butkeivicz

10 – Darling in the Franxx (Assista em: Crunchyroll)

Apesar do final apressado e decepcionante, Darling in the Franxx fez jus ao seu sucesso inicial e apesar dos pesares ainda é uma obra interessante e aproveitável até o episódio 18.

9 – Violet Evergarden (Assista em: Netflix)

A aguardada adaptação da novel de mesmo nome escrita por Akatsuki Kana foi um misto de decepções com expectativas elevadas com base nos livros, e deleite com com as maravilhas visuais e sonoras de encher os olhos. Violet Evergarden ganha um lugar nessa lista pela sua excelência técnica e fidelidade à essência da história original, apesar das mudanças.

8 – Cells at Work! (Assista em: Crunchyroll)

Uma das grandes surpresas de 2018 e do estúdio David Production, foi o anime original Cells at Work que se excedeu pela excelente temática e execução na animação em CG. Cells at Work com seu leque de personas das células do corpo humano entregou uma temática genuína e refrescante, se tornando um clássico; aquele anime do corpo humano.

7 – After the Rain (Assista em: Amazon Prime Video)

A intensidade do brilho não dita a duração ou a beleza da chama. Koi wa Ameagiri foi anunciado com uma sinopse controversa e de interesse dúbio, mas demonstrou sua beleza sem chamar muita atenção. Uma beleza memorável que marcou um grande romance de 2018.

6 – That Time I Got Reincarnated as a Slime (Assista em: Crunchyroll)

Desde Sword Art Online e Daimachi, o gênero isekai ficou saturado com dezenas de animes genéricos toda temporada. That Time I Got Reincarnated as a Slime seguindo a mesma nota de KonoSuba, torna o gênero interessante novamente ao colocar o protagonista na pele de uma singela amoeba, transformando o que antes seria um clichê inexpressivo em uma comédia de expectativas além da fantasias shounen.

5 – Pop Team Epic (Assista em: Crunchyroll)

Você tem que ter um QI muito baixo para entender Pop Team Epic. Com uma proposta de adaptar tiras de 4 painéis, a realização desse anime foi uma afronta à Deus. Pop Team Epic se destacou pela qualidade humorística absurda que personificou tudo que simboliza o humor memético da internet.

4 – Lupin III – Part 5 (Assista em: Crunchyroll)

Sempre que uma nova série é anunciada há a certeza de qualidade está por vir. A parte 5 da adaptação de Lupin continua com o ascendentes nível de qualidade já estabelecidos nos filmes clássicos e especialmente no anime de 2015. Lupin III: Part 5 não é apenas um doce para os fãs de longa data como também uma porta de entrada para novos espectadores.

3 – Zombie Land Saga (Assista em: Crunchyroll)

Juntando zumbis e idols, Zombieland Saga reformula o padrão imposto por Idolmasters e Love Live! e trás uma nova vida ao gênero. Zombieland Saga deu a luz a Kotarou Tatsumi (info do dublador aqui), o melhor personagem do ano que definiu o sucesso desse grupo de idols e desse anime.

2 – Devilman Crybaby (Assista em: Netflix)

Após 45 anos a obra prima de Go Nagai finalmente teve a adaptação que merecia através da Netflix, apresentando a obra para toda uma nova geração. Devilman Crybaby permanece fiel ao original da melhor forma possível além de apresentar diversas referências ao original e aos OVAs. Fiz um texto dedicado ao anime, onde me expresso melhor sobre ele.

1 – Megalo Box (Asssista em: Crunchyroll)

A comemoração do aniversário de 50 anos de Ashita no Joe, fez jus ao nome de uma dos clássicos dos animes de boxe e se consagrou como um dos melhores do ano. Fazendo uma releitura de personagens e trazendo  a história para um cenário mais moderno, Megalobox reviveu o espírito dos grandes personagens que Ashita no Joe nos apresentou pela primeira vez há 50 anos. Sem uma animação impecável, mas com uma proposta direta e impactante, um estilo mais simples e sujo e uma trilha sonora memorável, Megalobox marcou este ano se tornou apenas uma marca à ser seguida por animes do gênero, como também um eterno clássico.

E esses foram os animes que consideramos os melhores de 2018, e que 2019 seja tão promissor quanto.

Categorias
Anime Cultura Japonesa Pagode Japonês Tela Quente

Dragon Ball Super: Broly é porradaria sincera, sem medo de arriscar

Broly sempre foi um dos personagens mais queridos pelos fãs de Dragon Ball, mesmo não estando inserido no cânone oficial da série. Agora, 25 anos depois, o mais forte dos Saiyajin chega à franquia em um excelente filme, rodeado de porradaria.

A história é simples. Broly e seu pai, Paragas, são despejados para um planeta inabitável após uma crise de ciúmes do Rei Vegeta, ao descobrir que Broly possuía um poder do mesmo nível de seu filho, Vegeta. Durante esse tempo, a raça Saiyajin é eliminada por Freeza e vemos a ida de Goku ao Planeta Terra. E então, somos jogados aos tempos atuais, onde Goku e Vegeta estão treinando, após o término do Torneio do Poder.

Para aqueles, que como eu, não acompanharam Dragon Ball Super, não se preocupem. O filme apenas puxa algumas referências, e mostra alguns personagens, porém não é necessário ter conhecimento do anime. Isso porque, o filme joga alguns flashes e contextualiza os acontecimentos finais do anime. Posso até dizer, que ele necessita mais dos conhecimentos da Saga Z, do que de Super em si.

O filme utiliza os 30 minutos iniciais para montar o background, para os fãs, é um prato cheio. Somos apresentados, canonicamente, ao nome da mãe de Kakaroto, Gine, que já havia sido revelado no mangá Jaco; temos a ascensão de Freeza ao poder e a extinção dos Saiyajin alá Superman. Mas, talvez poderia ter tido uns 5 minutos a menos e dar mais foco a relação abusiva entre Broly e seu pai, Paragas.

As piadas do filme são ótimas, foi basicamente Akira Toriyama voltando as raízes. A dublagem do filme também está fenomenal, como já era de se esperar.

A animação é onde Dragon Ball Super: Broly se consagra. Já esperávamos que o filme teria uma animação mais fluida, por conta da mudança nos designs feitas por Naohiro Shintani, mas o que tivemos, foi algo além disso.

O diretor Tatsuya Nagamine, se aproveitou a liberdade que conquistou e se arriscou. As batalhas são excelentes, você sente cada soco. Há cenas em primeira pessoa e em câmera lenta. Movimentos de câmera que nunca veríamos no anime. O uso de CG, ainda que exagerado em algumas partes, se mostrou necessário. Afinal, o nível de poder se elevou tanto, ao ponto do cenário se tornar computação gráfica e se quebrar. E o uso de cores na reta final, é um show à parte.

O final da luta, no entanto, é um pouco broxante. Muito por conta de uma provável nova série animada de Dragon Ball. É nítido que eles tiveram que se segurar. E para finalizar, há dois momentos de fanservice desnecessários, ambos envolvendo a personagem Cheelai, que simplesmente não faz sentido estarem ali.

Sem medo de se arriscar, Dragon Ball Super: Broly é o maior festival de pancadaria da franquia desde Dragon Ball Z. Expande o lore da série e dá novos ares ao fenômeno mundial que é Dragon Ball.

Categorias
Anime Cultura Japonesa Pagode Japonês

Primeiras Impressões | IRODUKU: The World in Colors

Shows originais – isto é, que não são adaptações de algo, e sim escritos originalmente para o animê – são uma faca de dois gumes para o redator que vos digita. Por um lado, me economiza um parágrafo inteiro sobre o que diacho é o negócio original. Por outro, faz com que meu trabalho de criar um texto onde eu consiga dizer que “Japonês é um povo estranho” seja muito maior. Dessa vez, o que temos é um desses: Um Show Original, e que me dá muita dificuldade em reclamar sobre os japoneses… De qualquer maneira, vamos à introdução de fato:

O termo “magia” vem sendo usado pela humanidade há muito tempo. Ele mudou de significado com o passar das eras, mas sempre desperta a curiosidade de qualquer que seja o indivíduo envolvido. O nosso ser clama pelo sobrenatural, ele busca qualquer coisa que seja diferente o bastante para abalar nossas rotinas, para mexer com os alicerces de nossa existência. Afinal, o mundo como o conhecemos é… chato, sem cor… Buscamos na fantasia algo que possa nos trazer divertimento numa vida pacata.

Só que, o que acontece quando essa mágica se torna parte do dia-a-dia? Quando ela perde aquilo que a tornava tão especial? Assim que ela se mescla com o que consideramos “normal”, qualquer coisa passa a ser vista com os mesmos olhos entediados de sempre. E é justamente nesse mundo onde esse show quer se aventurar.

E quando falamos de magia, visões espetaculares sempre surgem em nossas mentes. Pode escolher sua ficção predileta, que você vai lembrar de grandes planícies repletas de árvores balançando ao vento; Fortalezas de pedra cercadas por monumentais muros que se estendem por até onde os olhos conseguem ver; Caldeirões fumegantes que exalam uma leve bruma de cor suspeita, com bolhas estourando e gerando pequenos fogos de artifício a cada instante… Bem, vocês me entenderam, né?

O ponto é que uma história desse tipo precisa de um visual deslumbrante para acompanhar. E nesse quesito, estamos muito bem servidos. O estúdio responsável pelo show, a PA Works, é famosa por sua belíssima animação e cenários de tirar o fôlego. Vou falar mais na parte técnica, mas a beleza é um dos fatores que faz com que o show funcione como deveria. Muito mais do que é mostrado no mundo, o próprio mundo te mostra que a mágica é real.

Acontece que, para as personagens que estão lá dentro, esse mundo fantástico e fantasioso não passa de algo comum. Então quando paramos para ver como elas vivem… Não há nada inimaginável. Elas vivem normalmente, têm suas atividades corriqueiras e continuam tocando a vida como nós fazemos. Assim, mesmo com o fator sobrenatural que está arraigado ao cerne da trama, estamos lidando com um Slice of Life comum.

Nisso, acabamos caindo numa contradição: queremos algo que nos cative por ser diferente, mas recebemos algo que é o mais pão com ovo das refeições. Pra fazer o comum ser cativante, é preciso algo que chame a atenção, mesmo sendo normal. E o que IroDuku entrega nesse quesito são suas personagens.

Se até eu que sou a pessoa mais apática do mundo, consigo perceber as emoções por trás das personagens, você também consegue.

De novo, as personagens são pessoas normais fazendo coisas normais. O charme delas está em suas peculiaridades. Não só a sua aparência (que também é bem trabalhada), mas suas personalidades são postas a prova logo de cara. Elas não são portas falantes, ou pedaços de papelão em tamanho real, muito menos estereótipos ambulantes. Você percebe que elas foram muito bem pensadas, e nota a grande humanidade por trás de cada ação que elas tomam. Humanidade que faz com que você possa se identificar instantaneamente com cada uma delas, positiva ou negativamente.

Outro detalhe que preciso dedicar um parágrafo pra falar é sobre as cores. O uso delas no show é muito mais do que como uma ferramenta artística para dar vida ao mundo mágico, como comentei até demais anteriormente. Ela é uma ferramenta de roteiro.

A protagonista, Hitomi, tem claros problemas psicológicos. A garota é introvertida, tem dificuldades em socializar, sofre por conta de preconceitos e pra melhorar a situação, tem sérios problemas de TER QUE LIDAR COM A TECNOLOGIA DE CINQUENTA ANOS ATRÁS. E apesar de não termos tido uma confirmação da série, fica claro que sua Acromatopsia (joguei no Google mesmo. É o nome da doença que faz com que você não enxergue cores e veja tudo em tons de cinza) é uma metáfora para sua visão de mundo.

Lembra quando eu comentei, no primeiro parágrafo, que um mundo chato é um mundo sem cor? É exatamente isso que a protagonista passa, e que o diretor quer passar. Em diversas cenas – cenas onde a garota está claramente de saco cheio da vida, com aquela famosa vontadezinha de morrer – o show faz questão de eliminar todas as suas belas cores para nos mostrar a visão dela. Fica clara a mensagem que quer ser passada.

Você, largando a fase emo e começando a ouvir Restart.

Com tantas personagens boas e que são feitas para nós nos apegarmos rapidamente, e uma direção honestamente excelente que consegue trazer todos os efeitos desejados, nós nem paramos pra notar o quão arroz com feijão o show em si é. Sério, se você parar por trinta segundos e juntar todos os pontos, vai ver que não tem nada de especial no animê. Como já dito, é um Slice of Life pão com ovo. Mesmo com suas peculiaridades, tudo é muito simples e acaba trazendo um enorme senso de tranquilidade para o clima da obra. Mas essa simplicidade acaba sendo um charme a mais que se soma a todas as qualidades já mencionadas.

Como prometi, um pouco sobre a parte técnica: vou dar destaque para os astros, e nomear Toshiya Shinohara pelo seu trabalho na direção, que já cansei de elogiar ao longo do texto; e Naomi Nakano, por fazer o “Design de Cores” do show (que, certamente, é um dos papéis mais importantes para ESSE SHOW EM ESPECÍFICO). Ambos trabalham com uma equipe ligada ao estúdio P.A. Works, que tem seu repertório cheio de shows de qualidade (e alguns nem tanto). Ainda, a música (por Yoshiaki Dewa) e a dublagem (com diversos nomes conhecidos) são de alto nível e só agregam à produção.

Um show que surpreende por ser bonito de se olhar e gostoso de se assistir, IroDuku fica como uma estréia 8/10 e me deixa muito ansioso por mais. Você pode assistir pelo serviço de streaming da Amazon, o Prime Video, com novos episódios todas as segundas-feiras.

Categorias
Anime Cultura Japonesa Pagode Japonês

Sword Art Online | Da saturação até o renascimento

Assim que foi lançado, o anime Sword Art Online, baseado em uma Light Novel, nos trouxe um segmento “novo” dentro do mundo dos animes, que atraiu incontáveis fãs e um público que se formou muito rápido logo em seu episódio de estréia no ano de 2012.

Apresentar um anime onde por meio da tecnologia pudéssemos imergir em um mundo de realidade virtual dentro de um MMO RPG foi uma sacada bem legal. E pra segurar ainda mais a trama do anime, o desenvolvedor do jogo prendeu todos os jogadores, os impedindo de deslogar até concluí-lo, com o detalhe que se você morresse no jogo, também morreria na vida real, e assim apresentando o plot principal.

[Para quem ainda não assistiu o anime pode parar de ler, a matéria contém Spoilers]

SWORD ART ONLINE

Kirito e Asuna no arco Aincrad

Apesar de termos aí um plot que poderia render até um conteúdo para longas temporadas, esse arco do anime se encerrou em 14 episódios, onde o protagonista Kirito zera o jogo de forma prematura quando descobre que um de seus companheiros era a consciência do desenvolvedor que os prendeu e o derrota em uma batalha. Após o episódio, o anime sofreu um hiato que gerou uma enorme expectativa em seu público, e consequentemente quando há muita expectativa, há uma enorme chance de decepção.

Daí inicia-se o arco Fairy Dance dentro do jogo Alfheim Online. os 14 episódios passados, chamados também de arco Aincrad (nome da terra onde todos moravam no primeiro jogo) desenvolveram a história do protagonista e seu par romântico Asuna, que inclusive foi uma das responsáveis por zerar o jogo juntamente com Kirito. Acontece que quando todos são libertados, Asuna não volta à consciência e Kirito descobre que ela acabou ficando presa em outro jogo.

Arco Fairy Dance do jogo Alfheim Online

Quando esse plot foi apresentado aos fãs, muitos acharam uma espécie forçação de barra pra continuarem tendo história pra algo que já chegou ao fim e acabaram abandonando o anime. Mas ao fim dessa saga em que aparecem diversos personagens e histórias legais (lembrando que não estamos aqui para falar muito sobre personagem X ou Y, ou até mesmo da história do anime, somente da sua evolução), quando o “herói” salva a “mocinha”, o anime acaba se dando por encerrado.


SWORD ART ONLINE II

Devido à grande legião de fãs e ao rápido sucesso que foi SAO, a indústria não queria “largar o osso” e trouxe para os fãs o anime SAO II.

Kirito e Sinon no jogo Gun Gale Online

Sword Art Online II trouxe mais uma vez uma segmentação “diferente”, que seria usar o sistema de imersão em um jogo de tiro, o Gun Gale Online, e a temporada se chamou Phantom Bullet. O plot dessa temporada utilizou recursos parecidos de Aincrad, misturando a vida do jogo à vida real dos jogadores, só que dessa vez, jogadores específicos estavam matando uma lista de alvos produzida por meio do jogo. E como de costume, nosso protagonista derrota o “vilão” da vez e acaba com a onda de homicídios virtuais.

Quando esse último plot é encerrado, e todos acham “Ah então encerrou os plots, não deve ter mais como explorar isso aí”, Inicia-se o arco Caliber (bem pequeno que apenas mostra como Kirito ganha a espada que usa no próximo arco) e o Mother’s Rosário, um arco bastante interessante que deixa Kirito como coadjuvante, explora o relacionamento de Asuna com sua mãe, e ao mesmo tempo a morte e drama de amigos recentes que ela faz no Alfheim online.

Asuna e Yuuki no arco Mother’s Rosário

Em determinado momento do anime, também é bom falar aqui, que todos os jogadores de SAO (Sword Art Online), ALO (Alfheim Online), e GGO (Gun Gale Online) com quem Kirito fez amizade se juntam em um novo jogo criado pelos jogadores para zerarem todos os andares de Aincrad, já que o jogo tinha sido finalizado prematuramente.  Na minha opinião seriam as partes mais saturadas do anime, já que eram completamente sustentadas por fanservice. Por causa da saturação muitos nem terminaram de assistir e foi onde a maioria do público se dispersou.


SWORD ART ONLINE ALICIZATION

Chegamos ao ponto principal que me levou a fazer esse texto. Recentemente no Crunchyroll, saiu o novo anime de Sword Art Online, e com o primeiro arco chamado Alicization, que atualmente (no momento em que foi escrito o texto) se encontra no episódio 4.

Kirito e Eugeo em Sword Art Online: Alicization

No primeiro episódio vemos que Kirito está fazendo testes em um novo dispositivo de imersão, mas como acordado previamente com ele, toda memória do que acontece dentro do dispositivo é apagada quando ele sai da imersão. Trechos da imersão são mostradas dentro do episódio e retratam a vida do personagem em forma de criança (sem memórias do mundo real) com novos personagens e aparentemente uma nova vida, dentro desse mundo virtual ocorre alguns incidentes e uma amiga de Kirito chamada Alice acaba sendo levada por um guarda (mais detalhes a gente vê assistindo o episódio).

Após voltar desse dispositivo novo de imersão, quando está em um passeio com Asuna, Kirito acaba sofrendo uma tentativa de assassinato e o anime volta para o mundo virtual da fase de testes, só que ao  invés dele ser criança novamente ele já está na idade atual e com suas memórias do mundo real e como não lembra do mundo virtual em que está (já que suas memórias eram apagadas assim que saía do dispositivo), acaba se passando por alguém que perdeu a memória. Além dele não se lembrar de nenhum habitante do mundo virtual, ninguém também se lembra dele embora aparentemente ele tenha participado da vida de todos enquanto criança nas primeiras simulações.

Deixando de lado todas essas características confusas de memórias e dispositivos de imersão, é interessante falar o porque SAO conseguiu ressurgir após um período saturado com os arcos anteriores. O elemento curiosidade voltou ao anime, com teores novos e mistérios a mais para serem resolvidos, ficamos bem entretidos nos plots mostrados e bastante curiosos para saber o porque aquilo aconteceu e o que pode acontecer dali em diante.

As cenas de ação, como toda cena de ação em SAO são um forte tremendo, muito bem trabalhadas e agora com um diferencial: características novas como sangue e dor causados por ferimentos são agora mostrados até nos seres de realidade virtual.

O anime tomou um caminho diferente e ao mesmo tempo conseguiu repassar aquele hype inicial que todos tiveram no seu primeiro episódio do arco Aincrad. Agora resta saber se nos surpreenderemos ou mais uma vez nos decepcionaremos com o futuro da franquia. Mas agora não custa continuar assistindo né.

Sword Art Online: Alicization estreou dia 06/10/2018 e possui lançamento semanal aos sábados, o anime pode ser encontrado na plataforma de Streaming Crunchyroll.

 

Categorias
Anime Cultura Japonesa Pagode Japonês

Primeiras Impressões | Rascal Does Not Dream of Bunny Girl Senpai

Sei que vai ser difícil de acreditar, mas é verdade, então leia tudo até o fim. Faça isso, por favor! Apesar de estarmos falando de um animê, com um nome pouco chamativo e que provavelmente já te passou uma péssima primeira impressão, fazendo você achar que Japonês é um povo estranho… Dessa vez, tem algo a mais nisso. Algo que você precisa ver com seus próprios olhos. Dessa vez, até que animê não foi uma ideia tão ruim assim.

Fica bem fácil de saber que esse animê é baseado numa Light Novel, não fica? Digo, os sinais são óbvios: um nome longo e que descreve (ao menos) metade da sinopse; Nome, aliás, que soa ridículo para qualquer pessoa que já não esteja acostumada com esse tipo de coisa; Uma garota bonita na capa em alguma situação inusitada; Estrutura em arcos que fica óbvio onde cada volume acaba e onde o próximo começa… Poderia ficar aqui por horas, mas meu papel nessa postagem é outro, né?

Sabe o que é importante sobre uma Light Novel? Seu Autor. E o da Novel que deu origem a este animê é um já bem conhecido pelos fãs de melodrama adolescente: Hajime Kamoshida. Esse japonesinho com cara de simpático já passou pelas Primeiras Impressões quando o Luís comentou sobre Just Because!, quase um ano atrás. Se você assistiu a última obra adaptada do homem, sabe exatamente o que esperar disso aqui.

O estilo de escrita dele continua o mesmo, só mudando o enfoque: enquanto Just Because! se destacou por ser extremamente realista e pé no chão, Bunny Girl (que, desculpem, vou abreviar) parece ser uma primeira tentativa de trazer o sobrenatural para seu repertório.

E rapaz… Não é que ele está acertando em cheio?

Para explicar como que o nosso autor predileto consegue manter sua escrita “humanizada” enquanto parte para histórias além da compreensão humana, precisamos analisar justamente os humanos que estão inseridos nessa história: suas personagens.

Basta olhar para trás, que você verá o histórico do cara com seus protagonistas: tanto o Sorata de Sakurasou no Pet na Kanojo, como o Eita de Just Because! são farinha do mesmo saco. Apesar de terem suas próprias peculiaridades que conseguem distingui-los bem, eles têm um ‘esqueleto’ em comum: sua boa vontade e bom coração, sempre buscando ajudar os outros, mas cercado por diversas camadas de ironia e sarcasmo, que vão sendo derrubadas (e, às vezes, reconstruídas) com o passar da trama.

Em Bunny Girl, ele repete a fórmula, e consegue fazê-la bem, mais uma vez. E o motivo é simples: esse é o perfil mais genérico para um adolescente dos dias de hoje. É difícil errar quando você sabe exatamente onde quer acertar.

Esse garoto está saindo com coelhinhas bonitas graças a esse truque estranho. >>CLICA AQUI<<

Já a garota, tem suas peculiaridades (até por conta de suas circunstâncias), mas também é convincente. Também é uma pessoa que você consegue imaginar sendo real, existindo e tendo problemas semelhantes aos que você vê na tela. E o jeito como ela reage, tanto ao mundo ao seu redor (já falo disso) como aos esforços do garoto, duas coisas que beiram o sobrenatural… É deveras realista. Você se surpreende com a racionalidade dela.

A ambientação do mundo é a grande novidade da obra. Pela primeira vez, ele tenta fazer algo além de sua zona de conforto, e traz o místico pro palco principal. Fica claro que ele não tem muita experiência com o assunto, mas que está se esforçando para dar o seu melhor.

Ele explica a visão geral das coisas e deixa com que você preencha as lacunas com seus próprios pensamentos e ideais sobre o oculto… Mas cinco minutos depois, traz a personagem que é o bode expiatório da sua própria culpa, e tenta desmentir tudo.

Você reclamando de política na sua timeline depois de já ter excluído todo mundo.

Exatamente, essa analogia é perfeita: o autor queria escrever uma obra sobrenatural, mas sua racionalidade é muito arraigada ao seu jeito de redigir… Daí, para desencargo de consciência própria, ele fez questão de tentar racionalizar, equacionar e desmistificar qualquer aspecto que não seja cientificamente comprovável.

Talvez esse defeito acabe sendo uma de suas maiores façanhas, no final das contas. O clima que temos acerca desta tal “Síndrome da Adolescência” é justamente de mistério. É uma “doença” que não faz sentido algum para a “ciência tradicional”, mas que, quando analisada psicologicamente por moleques de quinze anos, faz todo o sentido.

É a tal da “puberdade” sendo explicada em formato mais entretível. Ambas as personagens estão mergulhadas no oculto, em coisas sem explicação… Mas você consegue trazer todos os problemas que elas possuem para o âmbito de carne e osso. O real “inimigo” da série não é o fenômeno sobrenatural que é chamado de “Síndrome da Adolescência”, mas sim o fenômeno real de se viver numa sociedade e de ver e experienciar as consequências disso.

Agora, vem cá… O QUE ESSES JAPONESES TEM COM O SCHRÖDINGER E SEU MALDITO GATO? Desculpem a exaltação, mas francamente… Toda hora, o tempo todo, esse maldito experimento sendo citado e redesenhado e remodelado por animês e afins. E o pior de tudo? METADE DAS VEZES, ELES TÃO ERRADOS! O Gato de Schrödinger é um experimento criado pelo cientista de mesmo nome para mostrar justamente… o quão ABSURDO é o conceito por trás da Mecânica Quântica. Mas parece que gostam de citá-lo como uma fonte de razão e de racionalidade sempre que possível… E não é isso… Não assim… Não desse jeito…

Desculpem o desabafo.

Eu nem vou me dar ao trabalho de mostrar os erros científicos do show, então fiquem com esse meme de baixa qualidade ao invés disso…

Voltando a programação normal, podemos falar da parte técnica, que vejam só, não está decepcionando nem um pouco! A animação é do estúdio CloverWorks (que fez relativo sucesso recentemente com Darling in the FranXX); tem direção de Souichi Masui (que já tem um bom tempo na indústria); Um destaque também vai para Satomi Tamura, que fez os excelentes Designs de Personagens, e participou da animação dos primeiros episódios.

O visual é lindo, as personagens são muito bem desenhadas e se envolvem perfeitamente com o mundo (também belamente desenhado) em que estão. Até os figurantes e personagens de fundo, que muitas vezes são ignorados (ou renderizados em 3D) acabaram ficando bons. E a trilha sonora não deixa a desejar, sendo perfeita para todas as ocasiões, quase todas as vezes.

No mais, fica claro que Bunny Girl é muito mais do que aparenta ser, e que traz muito mais do que seu título poderia te fazer imaginar. É, literalmente, um livro que não se pode julgar pela capa, e parte disso se reflete até na própria trama do show. Sinceramente, não gostaria de me exaltar aqui, mas creio que, no mínimo, 8/10 para essa estreia é o que ela merece.

A série está sendo transmitida pela Crunchyroll, com novos episódios todas as quartas-feiras.

Categorias
Anime Cultura Japonesa Pagode Japonês

Primeiras Impressões | Holmes of Kyoto

Quem não gosta de um conto de detetive? Faz sucesso há anos, tem que ser bom! E claro que, como tudo que faz sucesso (e as vezes até coisas que não fazem), tem que vir algum japonês transformar o negócio em alguma coisa estranha. É o caso de Holmes of Kyoto.

Pois bem… Elementar, meu Caro Watson… Só que dessa vez o Watson é uma garota de 16 anos ressentida com a vida e que não ajuda em nada nos casos. E o próprio Holmes também é um jovem adulto ressentido com a vida. Sério, tá todo mundo depressivo nesse show, bicho?

O animê vem baseado em uma obra já antiga: o material original é uma Novel com início de publicação em 2015 por Mai Mochizuki. Se considerarmos que Sherlock Holmes é de 1887, dá pra chamar de velho né? De qualquer maneira, a novel de Mochizuki também foi adaptada em versão mangá em 2016, com um design muito mais próximo do que vemos na animação. Não que isso importe muito para o caso em questão.

Assim como uma obra de investigação faz, Holmes of Kyoto mostra algo para te enganar no começo, te dar pistas falsas e te convencer de que sabe o que está acontecendo. Quando na verdade, você está sambando na mão do assassino o tempo inteiro.

Mas o que exatamente é pura lábia no animê? Elementar, pois: o primeiro episódio te faz acreditar que teremos uma temporada inteira de Trato Feito Quioto, dentro da loja de antiguidades que nos é apresentada. E sinceramente? Acho que isso seria muito bom. Quem não gosta de Trato Feito? É um dos melhores programas da TV fechada atual.

Infelizmente não é isso que acontece. A partir do segundo episódio, temos uma série de “casos” que precisam ser resolvidos pelo protagonista (que aliás nem se chama Holmes de verdade, mas achei uma boa sacada o motivo do apelido), e todos surgem tão repentinamente quanto acabam. Em momento algum nós somos apresentados aos motivos que fazem esses casos serem levados especificamente para o Yashigara (que é o nome real do Holmes, aliás). E nunca nos é explicado como que essas pessoas conseguem se sustentar, tendo em vista que todos os casos até então foram resolvidos na base da “troca de favores” e eles aparentemente ignoram a existência da loja por longos períodos de tempo.

Quem fez melhor?

Mesmo com uma trama aparentemente episódica que serve mais para mostrar a vasta gama de trívias de rodapé de livro que o protagonista leu, as personagens conseguem ser interessantes. Digo, as duas personagens que apareceram por mais de cinco minutos na tela. Temos o mocinho, que abertamente admite ser uma pessoa ruim; e temos a mocinha, que é totalmente uma adolescente gótica da cidade grande que se mudou pro interior. São pequenos traços de personalidade, sim, mas que são bem explorados e conseguem te definir como são as pessoas que estamos lidando.

Acontece que mesmo com um elenco legal, as investigações não são tão divertidas como deveriam ser. Passamos quinze minutos gastando tempo com alguma coisa que parece ser relevante, para no final o caso ser resolvido com alguma coisa nunca antes mencionada, literalmente tirada da cartola do protagonista. Não existe nenhuma forma de você chegar na mesma conclusão que o caso toma. O mistério deixa de ser divertido e se torna frustrante. Você passa a pensar: “Que coisa minúscula e idiota vai ser a chave para resolver esse caso?“. Você precisa ignorar todas as pistas reais que são dadas (e que ocupam 80% do episódio sendo mostradas) e apontar para a coisa mais não-relacionada que aconteceu.

Na parte técnica, temos uma animação razoável. Não é ruim, e tem até algumas cenas bonitas, mas peca em algumas outras. Cortesia do estúdio Seven com direção de animação de Yosuke Ito. Sobre músicas… Eu sinceramente nem percebi se tinha algo tocando no fundo ou não. Acredito que é um sinal negativo para a OST. Mas ao menos a dublagem é bem bacaninha, com Kaito Ishikawa no papel do mocinho e Miyu Tomita no papel da assistente-peso-de-papel.

Eu assistindo aos casos sendo desvendados magicamente.

No final das contas, não é mistério nenhum que eu não fui muito com a cara do show. Mas é claro que você pode acabar gostando. Afinal, nem todo mundo gosta das mesmas coisas, e não precisa ser um xeroque rolmes pra saber disso. Pra mim, ao menos, a nota inicial para o animê é de 4/10. Pode melhorar, com certeza, se decidir ser mais racional, mas por enquanto…

Você pode conferir por si mesmo assistindo ao show, que está disponível na Crunchyroll com novos episódios lançados todas as segundas-feiras.

Categorias
Anime Cultura Japonesa Pagode Japonês

Primeiras Impressões | Chio’s School Road

A gente tenta postar no horário, mas no caminho do painel de controle acontecem coisas bizarras, e nós acabamos quase sempre nos atrasando. Parece que sempre que vou escrever sobre japonês, surgem umas coisas estranhas… O que era de se esperar. E hoje, temos o animê mais idiota e mais vergonhoso que eu vi nos últimos tempos. E justamente por isso, ele é sensacional.

Se fosse para definir Chio’s School Road em uma só frase, seria “eu mesmo”. Apesar de todos os absurdos e da enorme falta de seriedade em qualquer coisa (que já falo sobre), a maior qualidade da série é ser extremamente relatável e te conquistar por proximidade e intimidade.

Mas calma, vamos primeiro conhecer o que estamos lidando. A obra vem de um mangá, com autoria de um cara que é conhecido por… Desenhar Hentais: Tadataka Kawasaki (eu sei que vocês iam perguntar). A única obra que não precisa de faixas de censura dele é justamente essa, e isso já diz muito mais do que precisávamos saber sobre o assunto…

Voltando ao que importa, que é o animê em questão… O show promete ser algo extremamente simples: uma garota indo pra escola. O que poderia dar errado? Simplesmente por conhecermos a mídia em que estamos, a única resposta possível é “tudo”.
As coisas sempre dão errado, o tempo todo. Mas a melhor parte é que são pequenas coisas, acontecimentos do dia-a-dia que você, eu e todos nós passamos também. A diferença é que a Chio faz tudo que nós sempre sonhamos e nunca pudemos (ou melhor, nunca tivemos a coragem de) fazer. Isso torna esses pequenos imprevistos em cenas de repercussão astronômica, que por beirar a insanidade, acabam cruzando a linha do cômico.

Não só os acontecimentos como as personagens têm o seu humor próprio. Começamos de garotas terríveis cientes de sua própria maldade, passamos por lésbicas psicopatas, e chegamos até ex-membros de gangue em recuperação. O elenco é tão diverso que é impossível não gerar uma situação cômica pelo simples encontro dessas figuras.

Claro, não é um show para qualquer um. É preciso gostar de absurdo e ser aquele tipo de pessoa que morre de rir com uma foto de um atum. Também existem algumas barreiras culturais, com piadas que fazem mais sentido em japonês e/ou para a cultura oriental (você sabe como é o corte ideal de um Atum inteiro? Pois eu também não sabia). Mesmo assim, ainda há algum aproveitamento para todos, basta desligar seu cérebro e se divertir por alguns minutos. Ou só assistir, se você for como eu que já está com o cérebro desligado há alguns anos.

De verdade, a obra me conquistou desde o primeiro episódio, mas pode demorar um pouco mais para cair no gosto de pessoas menos imbecis que eu. Se o começo não te prender, dê uma chance para o segundo.

Pessoas que batem bem da cabeça tentando entender o que diabos está acontecendo.

Na parte técnica, o estúdio Diomedea está cuidando da animação, que está ótima e propositalmente simples, para realçar todos os efeitos necessários; a música é essencial, com uma OST adequada para a obra (simples, mas absurda), abertura e encerramento de excelente nível, e efeitos sonoros dignos de vídeo-cassetadas do Faustão (e isso é um elogio!); uma dublagem perfeita, com a protagonista Chio (CV: Naomi Oozora) tendo a voz ideal para as ações que ela toma…
Resumindo, é uma baita duma produção, dentro de seus méritos.

O comedômetro quebrou e foi substituído por outro, mas as notas continuam: 8/10 é mais do que merecido e Chio’s School Road tem um futuro brilhante pela frente. Completamente nonsense, mas brilhante.

O anime está disponível na Crunchyroll, com legendas em Português (ou inglês, se preferir) e novos episódios são lançados todas as sextas-feiras.

Categorias
Cultura Japonesa Pagode Japonês

Re:Zero: Começando uma Vida em Outro Mundo – Livro 4

Se você achou que eu tinha desistido de Re:Zero, achou quase certo! Infelizmente por motivos contratuais sou obrigado a dizer apenas a verdade e contar pra vocês que eu vou continuar lendo independente do rumo que o livrinho tomar. Além dos japoneses, eu também sou um pouco estranho.

Para você que está totalmente perdido e caiu aqui de paraquedas, essa é a Re:Zenha (ai meu deus) do quarto volume de “Re:Zero: Começando uma Vida em Outro Mundo“, Light Novel publicada no Brasil pela editora NewPOP e que atualmente conta com cinco (5) volumes publicados. Estamos um pouco atrasados mas vamos chegar lá. Os volumes anteriores foram cobertos (todos sem spoilers de seu respectivo conteúdo) aqui: 1 | 2 | 3

Viemos do terceiro tomo com uma promessa: que agora, finalmente ganharíamos a nossa merecida recompensa por ter aturado Subaru por quase mil páginas; que iríamos receber mais desenvolvimento de mundo, informações faltantes para entendermos onde estamos e para onde vamos.

Podemos dizer que, de certa forma, a promessa foi cumprida. Mas assim como um serelepe gênio da lâmpada, o autor usa da pior interpretação possível das palavras que usamos para nossos desejos: o mundo foi desenvolvido e descobrimos que ele é terrível; e que o único caminho para qual rumamos tem destino o caos, logo ao lado do desespero sem fim, esquina com a agonia eterna.

Queria começar pelo world-building, mas pra isso preciso passar pelas novas personagens, então… Uma enxurrada de pessoas novas, com todos os tipos de aparência, posição social e ganha-pão, mas com uma coisa em comum: terem personas terríveis. Menos o Al, o Al é gente boa.

Se o Al, por baixo da máscara, não for ESTE HOMEM, eu ficarei bravo.

Tá bom, tá bom, posso estar forçando um pouco a barra. Algumas delas não são TÃO ruins assim. Aliás, deixar claro que quando eu digo “ruim”, não estou querendo dizer “mal escrita” ou “pessimamente desenvolvida“, mas sim “coração ruim“, pessoas que têm a alma maldosa mesmo. Porém, isso já era uma característica esperada: quando o maior ponto de exaltação de sua heroína é, justamente, a sua gentileza e seu coração bom, é normal imaginar que seus arredores serão cobertos por tudo quanto existe de ruindade no mundo, para fazê-la se destacar. E Re:Zero faz justamente isso.

Cada um tem sua peculiaridade, e claro, algumas coisas boas para poderem ter salvação, pelo menos. Ao menos, é o que eu gostaria de pensar. É muito triste imaginar que existem tantas pessoas inteiramente ruins em um lugar só, então espero que esses pequenos detalhes que foram trabalhados pelo autor sejam sinais de que no fundo, cada uma dessas personagens sejam boas. Embora admita que algumas não tem salvação…

A grande questão é que, mesmo com o esforço colossal de fazer todo mundo parecer ruim para elevar a bondade da Emilia para níveis Hollywoodianos, uma única pessoa é o suficiente para isso, e não é nenhuma das novas personagens… Meu Deus do céu Subaru, como você consegue?

Eu venho falando mal do nosso amigo protagonista desde os primórdios da criação, e fico feliz de saber que minha expectativa nunca é falha. Ele realmente sempre faz tudo errado, o tempo todo. Ele se esforça de uma forma colossal para conseguir obter o pior resultado possível em suas ações. O cara precisa morrer de duas a quatro vezes ao dia pra entender o que diabos ele tá fazendo de errado. E isso, como você lerá, se torna um problema (gritante) neste volume.

Só que chega desse blá-blá-blá e vamos ao que interessa: World-building. Levou só quatro volumes, mas finalmente começamos a entender o motivo da história inteira acontecer. Não, não tô falando sobre como o Subaru foi isekai-zado, mas logo depois disso. Afinal, tudo começou com o roubo da insígnia, não é?

A sucessão real foi o assunto principal do volume (se excluirmos a teimosia do Subaru, que sempre é o número um), e rapaz, não é que dessa vez o autor acertou em cheio? Conseguiu nos dar um panorama geral da situação, mostrar muito bem quem está envolvido e por quais motivos, e ainda teve a audácia de meter uma meta-piada de quebra de quarta parede no meio da sala do trono do castelo. Eu faço críticas a rodo sem dó nem piedade, mas quando elogios são merecidos, eu não faço descaso. Nesse quesito (e convenhamos, só nesse), tá de parabéns.

Não apenas a sucessão real, mas também aprendemos muito sobre a capital, seus habitantes, suas ordens e grupos, e até mesmo sobre o mundo de Subaru. Confesso que fiquei realmente chocado (ainda é cedo pra dizer se positiva ou negativamente) com as surpresas que envolvem o “mundo real“. Além disso, temos a oportunidade de conhecer mais sobre política, magia e história do mundo alternativo. Foi extremamente produtivo nesse aspecto.

Aos poucos, vão sendo reveladas as peças necessárias para montar o grande quebra-cabeça do mundo de Re:Zero. Afinal, convenhamos: não estamos lendo essa novel por causa de seu protagonista cativante, né? O grande atrativo é o seu mundo rico e cheio de mistérios. O charme está em justamente não ter muitos mistérios de verdade, mas ser um grande mistério por nós não o conhecermos, e irmos descobrindo-o uma parte de cada vez.

Eu sobre a história de Re:Zero, mesmo depois de quatro volumes lidos…

De novo mais uma vez novamente tivemos a edição impecável da NewPOP que já conhecemos. Papel, capa, ilustrações, acabamento, etc etc etc. Eu já cansei de falar sobre a qualidade não só das Novels como de todos os produtos da editora.

Inclusive, dessa vez gostaria de deixar um elogio a mais: a adaptação que a equipe escolheu para os “sotaques” dos personagens. No volume, fomos apresentados a diversos personagens, como citado, mas dois em especial são bem marcantes (por diversos motivos): Priscilla e Al. A garota se encaixa no esteriótipo de “dama chique”, e fala como tal no original; enquanto o homem é a própria definição de “tiozão de anime“, e usaria uma camiseta havaiana se não estivéssemos em outro mundo. Como isso foi localizado para o papel? A garota fala em segunda pessoa como em novelas de época; o homem fala com gírias dos anos 80 e parece ter saído da TV Manchete.

Sério, ficou muito bom, e adorei a escolha. Não sei se foi ideia do Thiago Nojiri (o tradutor) ou foi sugerido a ele por outrem, mas dou os parabéns a equipe pela excelente localização. Não só nisso, como nas “frases antiquadas” da Emília e nas piadas do Subaru.

Agora voltamos a programação normal e damos o nosso já costumeiro puxão de orelha sobre a revisão. Confesso que deu uma melhorada nesse volume, nada muito gritante como no anterior, mas ainda assim, diversos erros bobos, principalmente nos capítulos finais. Depois de notar esse padrão pela quarta vez, fica impossível de negar que o prazo é o culpado. O começo é revisado com calma, e quando a água bate na bunda e a data de entrega aperta, a revisão afrouxa. Tem que ver isso aí, Júnior.

No geral, foi tanto o melhor como o pior volume da série até aqui, dependendo de que parte do livro você pegar pra ver. O que isso significa? De verdade, nem eu sei mais. Acho que dá pra recomendar mais do que o último.