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Relacionamentos e seus problemas com “Rent-a-Girlfriend” e “Oregairu”

Nessa altura do ano, acho que nem preciso mais comentar sobre o estado absurdo de insanidade que o planeta Terra está, não é? Para todos os lados que você olha, é um absurdo atrás do outro. E um dos principais problemas que muitos de nós estamos precisando lidar é a falta de contato humano. Seja em maior ou menor escala, todo mundo precisa se relacionar com outras pessoas.

Relacionamentos são coisas complexas, com tantas nuances quanto você desejar pensar, e isso que faz com que sejam algo tão fascinante, e o esqueleto de nossa sociedade. Não à toa, temos o relacionamento humano como sendo o mote de praticamente toda obra de ficção que existe. Algumas se debruçam mais no tema do que outras, mas é inegável que seja um fator onipresente em seja lá o que você esteja consumindo.

E é claro que os animês não são exceção. Não importa o quão frio e calculista Peaky Blinder você pense que é por ficar dentro de casa o dia inteiro só assistindo seus shows japoneses, você ainda está lidando com relacionamentos humanos. E na temporada atual, existem dois animês em especial, onde toda a história é centrada em relacionamentos, e seus impactos na vida daqueles que estão envolvidos neles: “Rent-a-Girlfriend” e “My Teen Romantic Comedy SNAFU” (Apenas “Oregairu”, para encurtar). São shows absurdamente diferentes, voltados para públicos diferentes e com origens diferentes, mas com um ponto em comum: ambos se baseiam em relacionamentos problemáticos e nos problemas que eles causam.

Baseado em um mangá de Reiji Miyajima, Rent-a-Girlfriend é mais um dos típicos haréns absurdos que já conhecemos e vivemos numa relação problemática de amor e ódio. Premissas e questionamentos à parte, o ponto que precisa ser levantado é o aspecto predatório e abusivo do protagonista, Kazuya.

Relacionamentos abusivos não são brincadeira, e podem causar sequelas permanentes nas pessoas envolvidas. Uma das práticas mais comuns nesse tipo de relacionamento é o abuso psicológico e a chantagem emocional, que são usadas como ferramenta de vitimização para buscar estender a duração de algo que já deveria ter acabado. Mesmo que acidentalmente ou sem perceber, Kazuya usa de ambas as táticas para manter sua namorada de aluguel, vizinha e colega de universidade em cheque.

Felizmente, eu nunca passei por um relacionamento abusivo, mas apenas de assistir as interações de Kazuya com a Chizuru, já fiquei meio deprê. Fui buscar, nos cantos mais remotos da Torre, por algum redator que tenha passado por esse problema no passado, e encontrei dois. Sem qualquer consideração por seus traumas, os forcei a assistir os primeiros episódios do show, e a resposta foi imediata: reconhecimento instantâneo de que aquilo é, de fato, um abuso absurdo, e que eles nunca mais vão assistir qualquer coisa sob recomendação minha.

Nem precisa esperar muito não. No PRIMEIRO EPISÓDIO ele já tá se vitimizando.

E a questão não para por aí. Queria eu que parasse! Não só o protagonista se vitimiza e força suas vontades na garota, como todos os relacionamentos do show são quebrados por dentro. Fica claro que a intenção do autor é justamente expor esse tipo de comportamento, e buscar dar visibilidade para um problema que muitas vezes não é levantado com tanta frequência quanto deveria. Ao menos, isso é o que eu gosto de imaginar.

O show em si é uma montanha-russa de emoções, te deixando irritado, ansioso, triste e alegre em questão de minutos. Além disso, é um raro caso de comédia romântica que não se passa num ambiente escolar. E com personagens adultos (bem, na faixa dos 20 anos), a história tem muito mais liberdade em abordar temas e acontecimentos que jamais seriam vistos num show colegial. Vale uma conferida, nem que seja para passar nervoso comigo.

Por outro lado, temos “Oregairu”, uma light novel de Watari Wataru, que está recebendo sua terceira e última temporada agora no meio do ano. A busca de um relacionamento “genuíno” é a força-motriz da terceira iteração de Hikigaya Hachiman, e olha rapaz, quantos problemas isso não vai causar.

O grande conceito que Oregairu aborda é a importância dos relacionamentos, e como a moderação é a chave para um relacionamento saudável. Começamos com nosso protagonista, Hikigaya, no extremo negativo da balança: ele é o clássico “isoladão”, que odeia as pessoas populares e não entende o motivo de precisar de outras pessoas em sua vida. Temos todo o show como uma grande jornada de aprendizado e autorrealização, mostrando para o nosso Batman do clube de voluntários a relevância que um relacionamento pode ter em sua vida.

Acontece que essa jornada é efetiva até demais. O clímax da história (que dá até nome para a temporada final) mostra o extremo positivo da balança: quando um relacionamento passa a ser tão vital para sua existência, que acaba se tornando prejudicial para ambas as partes. A chamada “codependência” é uma relação perigosa que é tratada pela psicologia como um risco que pode instigar novos comportamentos negativos e reforçar os já existentes.

Quando um relacionamento passa do plano da confiança e começa a se tornar perigoso, é aí que os problemas começam.

Sendo um dos mais populares animês dos últimos anos, “Oregairu” merece toda a glória que recebe, por ser engraçado, irônico, ríspido e absurdamente ciente de si mesmo, sem perder o seu senso de realidade. É um drama adolescente que chega a assustar de tão pé no chão que é, fazendo qualquer adulto olhar para a situação e simplesmente rir com um “aiai, como adolescente é bobo né”.

Em ambos os shows, temos pessoas sofrendo, causando e participando de uma gama de diferentes tipos de relacionamentos problemáticos, e se esforçando (ou não) para sair da (ou se afundar ainda mais na) situação em que estão. Enquanto não conseguimos vivenciar e superar nossos próprios relacionamentos na vida real, e enquanto as novelas forem reprises de coisas que já assistimos antes, Rent-a-Girlfriend e Oregairu suprem nossa cota de problemáticas, semanalmente.

Caso tenha se interessado por alguns desses shows, e queira conferir por conta própria, “Rent-a-Girlfriend” está disponível na Crunchyroll, com novos episódios toda sexta-feira. Já “Oregairu” possui suas três temporadas disponíveis no Hidive (Primeira temporada | Segunda temporada | Terceira temporada), e também está disponível na Crunchyroll. Novos episódios são disponibilizados nas duas plataformas toda quinta-feira.

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Primeiras Impressões | The Misfit of Demon King Academy

Sejamos sinceros: você, eu, e todos os envolvidos nisso aqui sabemos exatamente com o que estamos lidando, e decidimos lidar com isso de qualquer maneira. Nós olhamos para a mais patética combinação de nome, título e sinopse, e imediatamente pensamos o quão idiota e ridículo seria esse show inteiro.
E justamente por isso que nós decidimos assisti-lo.

Detesto todas as generalizações e já disse um milhão de vezes que odeio exageros. Deveria ser claro para todos que a minha pessoa é a maior defensora de nunca julgar um livro pela capa e que devemos dar uma chance para tudo, pois sempre existe a possibilidade dela te surpreender.

…Mas esse não é o caso. “The Misfit of Demon King Academy” é exatamente tudo que você poderia ter imaginado, sem tirar nem pôr. Porém, estou aqui para fazer um comício sobre como isso não é algo ruim, muito pelo contrário!

Em tempos de incerteza, há um conforto calmante em saber exatamente o que esperar de algo. O Rei Demônio foi renascido e vai utilizar seus poderes ordens de grandeza maiores do que do resto da população para torcer a realidade à sua vontade? Claro que vai. O que mais ele faria? Quando você liga a TV ou acessa sua rede social e tudo que existe é o caos… Ter a possibilidade de simplesmente desligar o cérebro e aproveitar uma porradinha sincera e singela é uma bênção.

Quem não tem avó sentada no sofá, malha com castelo.

Confesso que por mais batido que seja o tema, e mesmo sabendo exatamente o que ia acontecer em cada situação, o show ainda conseguiu me pegar desprevenido algumas vezes, com um humor sucinto e eficaz. É surpreendente ver que souberam diferenciar momentos sérios de momentos cômicos, fazendo cada um deles mais impactante.

Claro que nem tudo são rosas no jardim do Rei Demônio, e precisamos comentar sobre o elefante na sala: Pelo amor de Deus que animê corrido jesus amado do céu. Tudo acontece numa velocidade frenética, não te dando tempo nem para respirar ou digerir qualquer informação que lhe foi dada. Eu tenho a impressão de que passamos por dez volumes de Light Novel em apenas dois episódios. O que é impossível, pois a novel original só tem cinco volumes publicados.

Isso é uma pena, pois parece que a história tem um aprofundamento interessante e um mundo com detalhes bacanas que poderiam ser explorados… Mas que passam quase desapercebidos por terem tão pouco tempo e muita informação pra passar de uma vez só. Qual a lógica por trás dos nomes dos feitiços? Alguém explicou o conceito de realeza que foi trazido umas cinco vezes no episódio? O que aconteceu para a história do Rei Demônio ser tão distorcida? O que diabos aqueles olhos mágicos deveriam fazer? Etc, etc, etc.

Chorando pois passaram voando pela sua introdução e nem deram tempo de te deixar fazer um monólogo de 17 páginas.

Na parte técnica, a animação do estúdio Silver Link. nos entregou cenas de ação mais bonitas do que um show como esse tinha qualquer direito de ter, e um design de personagens que faz cada pessoa ser distintamente ela mesma, sem parecer muito “animêsco”. A dublagem surpreende, ao trazer um protagonista experiente (Suzuki Tatsuhisa) para atuar com duas novatas na área (Natsuyoshi Yuuko e Kusunoki Tomori), trazendo confiança e renovação num só pacote.

Na prática, percebemos que “The Misfit of the Demon King Academy” não passa de mais um harém escolar mágico genérico que amamos, e serve como um lembrete de que um show não precisa ser bom para ser divertido. Definitivamente vale a pena conferir os dois primeiros episódios, se você souber o que está fazendo e já tiver experiência em atravessar mares conturbados. Para a estreia, eu daria uma nota 6/10, mas que no meu coração vale muito mais.

O animê pode ser assistido legalmente, com legendas em português e vídeos em alta resolução, na plataforma de streaming Crunchyroll, com novos episódios todos os sábados.

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“A Besta”, de Hideki Mori, já está em pré-venda

Conforme anunciado em uma de suas lives semanais no YouTube, a Editora NewPOP irá publicar o mangá “A Besta“, de autoria de Hideki Mori – o famoso gekigaká responsável pela arte de ‘O Novo Lobo Solitário’.

Publicado originalmente em 2013, sob o nome japonês de “Shishi“, esse volume único conta uma versão pouco convencional da história do famoso samurai Musashi Miyamoto. O mangá já está disponível para pré-venda na Amazon, e faz parte da oferta de “menor preço garantido“. Veja mais informações sobre a obra abaixo, que tem previsão de lançamento para julho:

Nome: A Besta
Sinopse: A história do lendário espadachim Musashi Miyamoto é recontada sob a perspectiva do aclamado mangaká especializado em gekigá, Hideki Mori. Mori foi responsável pela nova adaptação do consagrado Lobo Solitário do Kazuo Koike e foi considerado pelo próprio Koike como o seu sucessor, tendo um estilo de desenho similar ao Gouseki Kojima, quem fez os desenhos originais do clássico. “Afinal, o que eu sou?” – essa resposta para esta pergunta, o jovem Mushashi Miyamoto se lança para dentro do turbilhão de lutas mortais. Para o Bennosuke – nome de infância de Musashi –, o único conforto era a sua irmã, já que ele não via mais outras razões para viver. Contudo, até isso é privado dele, quando a sua irmã é brutalmente assassinada por um desconhecido. Aqui está uma interpretação inédita do aclamado clássico, mostrando um Musashi nunca antes visto em traços estonteantes e envolventes.
Autor e Ilustrador: Hideki Mori
Volumes: Completo em 1 volume
Formato: 21 x 15 x 2 cm; 264 páginas; papel offset de alta alvura; capa cartonada e com orelhas
Preço de capa: R$ 29,90
Previsão de lançamento: 10/07/2020

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Sword Art Online – Fairy Dance: Light Novel já está em pré-venda

Dando continuidade a publicação das Light Novels da série, a Editora Panini anunciou que iria trazer o segundo e terceiro arcos de Sword Art Online, “Fairy Dance” e “Phantom Bullet”, respectivamente, para o Brasil. O primeiro volume de Fairy Dance já está disponível para Pré-venda na Amazon.

Lançado originalmente em 2009, o terceiro volume da obra de Reki Kawahara está com lançamento previsto para 26 de Junho, e na Amazon, você garante a pré-venda com preço mais baixo garantido.

Os dois primeiros volumes foram publicados em 2019, e nós fizemos uma resenha do primeiro volume, que você pode encontrar aqui.

Veja mais informações sobre a obra abaixo:

Capa brasileira de Sword Art Online vol. 3 – Fairy Dance

Nome: Sword Art Online  vol.3 – Fairy Dance
Sinopse: Kirito finalmente regressou ao mundo real após finalizar o MMORPG mortal Sword Art Online. Porém, sua companheira, Asuna, ainda não despertou. Quando Kirito vê uma misteriosa imagem dela no jogo Alfheim Online, ele embarca em uma nova e perigosa aventura virtual. Kirito mergulha no jogo em que os jogadores-fadas se emaranham: ALO! É o início do arco Fairy Dance, também de grande sucesso na internet!
Autor: Reki Kawahara
Ilustrações: abec
Volumes: Arco em dois volumes
Formato: 21 x 14,7 x 1,2 cm, 208 páginas
Preço de capa: R$ 39,90
Previsão de lançamento: 26/06/2020

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Lembrando que a Editora Panini também é a responsável pela publicação dos mangás da franquia SAO no Brasil, tendo publicado as adaptações do primeiro arco, Aincrad; do segundo arco, Fairy Dance; e do terceiro arco, Phantom Bullet.

A série possui uma adaptação em animê, que pode ser assistida na Crunchyroll (série completa) e na Netflix (Apenas as duas primeiras temporadas).

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10 mangás seinen que mereciam ser publicados no Brasil

A variedade de títulos e demografias de mangás disponíveis no mercado nacional – apesar da pandemia – está cada vez maior, mesmo que engatinhando em comparação com outros países como França e Estados Unidos. E entre os gêneros de maior destaque, junto dos shounen, estão os mangás seinen, destinados ao público masculino adulto no Japão.

Abaixo, listamos dez mangás desta demografia que poderiam ser lançados no Brasil com base em alguns critérios, tais como: gosto pessoal, histórico de publicação do(a) autor(a) no Brasil e adaptação para animê em andamento ou já concluída.

Designs (Daisuke Igarashi)

Com duas obras já publicadas em território nacional pela editora Panini (Witches, série completa em 2 volumes e Children of The Sea, completa em 5 volumes), Daisuke Igarashi não é exatamente uma novidade para os leitores do Brasil, porém, algumas de suas obras ainda poderiam ser boas apostas, e talvez a opção de maior destaque seja Designs.

Serializada entre 2015 e 2019 na revista Afternoon, Designs é uma série completa em 5 volumes centrada em “híbridos humano-animal”, criados com um propósito misterioso de importância para o futuro da humanidade, e enviados para missões de massacre. O autor, que sempre aborda a ligação da natureza com o homem em seus mangás, entrega o estilo narrativo similar ao utilizado na série que alavancou sua fama, Kaijuu no Kodomo (a já citada Children of The Sea), porém com foco também em ação.

Dorohedoro (Q Hayashida)

Série adaptada recentemente para animê pelo estúdio MAPPA – e disponível internacionalmente na Netflix -, a coleção de Dorohedoro possui 23 volumes (190 capítulos) e foi serializada nas revistas Ikki e posteriormente HiBaNa e Gessan. A obra é uma ficção pós-apocalíptica que se passa em duas dimensões, o Buraco (a paisagem sombria e urbana onde residem os humanos) e o mundo dos feiticeiros.

A garota Nikaido conhece Caiman, um homem com cabeça de réptil e amnésia grave, e enquanto um clã de feiticeiros vem utilizando pessoas como cobaias em experimentos das artes negras, a dupla começa a caçar e matar os mesmos buscando desfazer o feitiço. A serialização de Dorohedoro, no Japão, se deu de 2000 a 2018.

A série animada está disponível na Netflix.

Eizouken ni wa Te wo Dasuna! (Sumito Owara)

Um dos sucessos recentes dos animês no mundo todo, Keep Your Hands Off Eizouken! (nome internacional) ganhou o carinho de todos graças ao carisma das protagonistas e a fantástica direção do animê, por Masaaki Yuasa, com produção espetacular. O mangá, de autoria de Sumito Owaara, é serializado no Japão na revista Gekkan! Spirits desde 2016, ainda em andamento com 5 volumes.

Eizouken conta a história de, principalmente, três garotas que iniciam um clube de animê na escola e desejam fazer animação, enfrentando as dificuldades de produção, orçamento, som e etc. Asakusa, Mizusaki e Kanamori são três garotas bem diferentes em personalidade que, juntas, dão início ao clube e aos poucos ganham destaque. A obra chama atenção especialmente pelo carisma, mas também pela criatividade visual.

A série animada está disponível na Crunchyroll.

Billy Bat (Naoki Urasawa)

Naoki Urasawa não é novidade no Brasil. Já tivemos os lançamentos de algumas séries completas, como 20th e 21st Century Boys, Monster (que vem sendo republicado em novo formato, de luxo) e Pluto. Mas a produção de Urasawa no Japão é muito extensa e entre suas diversas séries que poderiam ser lançadas no Brasil (como Master Keaton ou Yawara!) destaca-se Billy Bat.

A história é centrada num autor nipo-americano chamado Kevin Yamagata, criador da popular série Billy Bat para a editora Marble Comics em 1949. Kevin se dá conta de que pode ter copiado inconscientemente a imagem de Billy Bat a partir de algo que viu durante o período em que o Japão estava ocupado no pós-guerra, e aos poucos o autor se vê envolvido numa série de mistérios, assassinatos e profecias quando tenta buscar a permissão do autor original para que utilize o personagem. Como outras séries de Urasawa, esta traz um crescente de dramas psicológicos envolventes.

Shinya Shokudou (Yarou Abe)

Um simples restaurante que só abre durante a madrugada onde os clientes interagem contando histórias diversas. Shinya Shokudou (conhecido internacionalmente como Midnight Diner) é um mangá de autoria de Yarou Abe serializado desde 2006 na revista Big Comic Original contando com 22 volumes encadernados lançados até o momento.

Com um desenho único e bem diferente do habitual, Midnight Diner cativa pelo retrato perfeito do que é um slice-of-life. O dono do restaurante serve um menu fixo e prepara pratos customizados caso seja possível e, enquanto isso, histórias de vida são narradas. O mangá foi adaptado para uma série live-action que possui 5 temporadas, duas delas disponíveis na Netflix com o subtítulo Tokyo Stories.

A série live-action está disponível na Netflix.

Atom: The Beginning (Masami Yuuki, Tetsuroh Kasahara, Makoto Tezuka)

Adaptado para animê em 2017, Atom: The Beginning é um mangá baseado na criação de Osamu Tezuka, o Astro Boy. Com roteiro de Masami Yuki e arte de Tetsuro Kasahara, ATB é serializado na revista Monthly Hero’s, onde também é publicada a série moderna do Ultraman, também adaptada há pouco tempo para animê.

Como o nome sugere, este mangá é centrado no que aconteceu antes da criação do Astro Boy propriamente dito, com personagens clássicos como o Dr. Ochanomizu e Umatarou Tenma em versões mais jovens interagindo com A106, o protótipo de robô criado por eles que pode vir a ser um deus ou simplesmente um amigo. No Japão, a coleção de encadernados contém até o momento 11 volumes, e a serialização teve início em 2014. No México a publicação da série se dá pela editora Panini.

Bokurano (Mohiro Kitoh)

A criação mais famosa de Mohiro Kitoh (autor publicado no Brasil uma única vez pela editora L&PM com o compilado Fim de Verão), Bokurano é uma série de mecha serializada entre 2003 e 2009 na revista Ikki que ganhou destaque por diversas razões ao longo da publicação de seus 66 capítulos, totalizando 11 volumes encadernados e sendo adaptada para animê em 2007.

Quinze estudantes se envolvem num misterioso evento ao adentrarem uma caverna na praia onde recebem o convite suspeito para jogar um jogo onde cada um terá a chance de pilotar um robô gigante para batalhar contra inimigos que estão invadindo a Terra. O preço que o controle do robô cobra após o fim de uma batalha é chocante. Desta forma, as quinze crianças estão com um contrato assinado onde, no final, todas podem perder tudo.

Mushishi (Yuki Urushibara)

Mushishi ganhou o mundo desde o início de sua serialização na revista Afternoon entre os anos de 1999 e 2008, totalizando 50 capítulos compilados em 10 volumes. Criação da mangaká Yuki Urushibara, o sucesso foi tanto que a obra já possui três séries animadas e dois OVAs. O mangá possui uma continuação de apenas um volume, e uma antologia também de volume único.

A história apresenta criaturas onipresentes chamadas Mushi que frequentemente apresentam poderes sobrenaturais. Os mushis são descritos como seres em contato com a essência da vida na sua forma mais básica e pura. Devido à sua natureza efêmera, a maioria dos seres humanos são incapazes de perceber os mushis e são alheios à sua existência, mas há alguns que possuem a capacidade de ver e interagir com tais seres. Uma dessas pessoas é Ginko, o personagem principal. Ele emprega-se como um “Mushishi” (termo dado a pessoas que possuem a habilidade de enxergar mushis) viajando de um lugar para outro a pesquisar mushis e ajudar pessoas que sofrem de problemas causados por eles.

A série animada está disponível na Crunchyroll.

Yokohama Kaidashi Kikou (Hitoshi Ashinano)

Mais uma série da espetacular revista Afternoon, Yokohama Kaidashi Kikou (nome internacional Quiet Country Cafe) possui a incrível capacidade de contar uma história que soma 142 capítulos e 14 volumes encadernados onde quase nada acontece, girando em torno de contemplação e ideias muito simples.

Sendo uma ficção científica muito singular, YKK (como é chamada pelos fãs) é a série pós-apocalíptica mais good vibes de todos os tempos. Num Japão futurista onde o nível do mar subiu e invadiu boa parte das áreas costeiras do planeta, onde a população diminuiu drasticamente e as instituições políticas e tecnológicas ruíram, impedindo a existência de formas de comunicação que não sejam presenciais ou através de cartas e também blindando a existência de eletrodomésticos como a televisão, a robô Alpha é dona de uma pequena e simples cafeteria onde recebe seus poucos clientes e vive sua vida de forma simples e extremamente calma. Ela observa a passagem do tempo e faz amizade com outros robôs e humanos, e suas experiências são passadas com imersão única com poucos diálogos e muita apreciação dos momentos através da narrativa e bela arte do mangaká Hitoshi Ashinano.

Saint☆Oniisan (Hikaru Nakamura)

Após a publicação de Arakawa Under The Bridge pela editora Panini, é natural que um dos mangás listados aqui e que mereciam ser lançados no Brasil seria Saint☆Oniisan (nome internacional Saint Young Men), da mesma autora de Arakawa, Hikaru Nakamura.

Saint☆Oniisan narra a história de Jesus e Buda morando no Japão moderno, dividindo um apartamento pequeno e tendo que lidar diariamente com as situações mais inusitadas que existem. As duas figuras religiosas enfrentam problemas variados com relação ao dinheiro, interações humanas, tecnologia e muitos mais. O humor é afiadíssimo, fazendo piadas inteligentes sem ofender quaisquer crenças, e a autora evolui gradativamente enquanto toma controle das rédeas da publicação, lançada no Japão na revista Morning Two e totalizando 18 volumes até o momento, tendo iniciado em 2006.

Menção Honrosa

Kaguya-sama wa Kokurasetai: Tensai-tachi no Renai Zunousen (Aka Akasaka)

Série de sucesso da revista Young Jump em publicação desde 2015, totalizando 18 volumes até agora, Kaguya-sama: Love is War (nome internacional) ganhou muito destaque no mundo por conta das duas recentes temporadas de animê adaptando o mangá.

Shinomiya Kaguya e Miyuki Shirogane são membros do Conselho Estudantil da Academia Shuchiin, sendo ambos gênios entre os gênios. O tempo que eles passam juntos acabou fazendo com que se apaixonassem, mas o orgulho deles não permite que se confessem, pois quem o fizer será considerado inferior. Começa uma batalha mental: quem conseguirá fazer o outro se confessar primeiro?

A primeira temporada da série animada está disponível na Crunchyroll.


Acha que algum outro título merecia chegar por aqui? Deixe nos comentários, e vamos trocando uma ideia!

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O futuro do isekai e “My Next Life as a Villainess”

Tá todo mundo de saco cheio de isekai. Ninguém aguenta mais um show que começa com um adolescente sendo atropelado por um caminhão ou acordando num campo gramado com os braços abertos. Mas mesmo assim, se você olhar os últimos lançamentos, verá que a taxa de isekai por metro quadrado está igual ao desmatamento da amazônia: crescendo descontroladamente. Como? E principalmente… por quê?

Pensando no histórico do “gênero”, vemos que desde o seu boom alguns anos atrás, a fórmula funcionou e foi divertida pelas primeiras quinhentas repetições. Depois disso, passou a ser mais do mesmo. Hoje em dia, temos um isekai tradicional que estoura por ano, e olhe lá. São casos de séries que já possuem uma base forte, seja de temporadas anteriores ou de leitores da obra original. Re:Zero e The Rising of The Shield Hero são alguns exemplos recentes.

Eu nunca vou esquecer da Emilia Snowboard… Obrigado, Re:Zero.

A partir disso, podemos ter dois caminhos: ou continuamos martelando o prego que já tá mais do que enfiado na parede, e fazemos uma dúzia de shows que são tão medíocres que acabam sendo esquecidos em questão de semanas (lembram de “Isekai Cheat Magician” ou de “The Master of Ragnarok & Blesser of Einherjar“? Nem eu). Ou… tiramos sarro do gênero, tentando fazer com que a sua premissa seja tão absurda que se torne difícil de esquecer.

Paródias sempre existem, mesmo quando algo ainda está em seu ápice (como KonoSuba, por exemplo), mas o nível começa a cair de uma forma absurda, assim que a saturação começa a ser atingida. Que tal um isekai, mas se você tivesse um celular? E se você fosse para um isekai, mas fosse reencarnado como um slime? Ou pior, ir parar em um isekai com a sua mãe?

Aiai… um isekai com a sua mãe… isso é tão besta… aiai…

Atingimos o ápice do isekai quando percebemos que ele se dá melhor quando não se leva a sério, e que deveríamos usar a sua saturação como mais uma forma de humor. Afinal, a repetição é o primeiro e o segundo princípio da comédia, não é?

Em “My Next Life as a Villainess: All Routes Leads to Doom!“, temos mais um caso – brilhante, aliás – de premissa absurda usada para o humor. Shows onde a personagem principal se vê num mundo de videogame são um dos isekais mais clássicos que temos (podendo citar o nosso queridinho Sword Art Online). Dar uma reviravolta no básico ao dar o papel de vilã para a protagonista não seria o bastante, afinal, shows como Overlord já fizeram isso antes. Precisávamos ir além, precisávamos enfiar ainda mais o pé na jaca.

Apesar do forte uso do tema para gerar humor – afinal, termos uma vilã desesperadamente tentando evitar a sua inevitável morte já parece tema o suficiente para muitas piadas – o show ainda tem qualidades que o seguram de pé por conta própria, como o carisma acidental da protagonista Catarina, ou seu charmoso intelecto negativo. Você se diverte e dá risadas por conta da premissa absurda de um isekai charlatão, e também por outros motivos. Se isso não é o ideal para uma comédia, eu não sei o que é.

E esse é justamente o ponto que eu queria tocar: o novo padrão de isekais deveria ser esse. Deveríamos fazer todo isekai ser mil vezes mais absurdo do que o anterior. Deveríamos forçar a barra de uma forma que ela já se transforme em uma mola. É a única forma de aguentar a repetição absurda que o gênero impôs sobre o universo de animês. Até uma hora que vão resolver parar, assim do nada. Lembra dos Haréns Escolares Mágicos Genéricos, que plagueavam todas as temporadas da primeira metade dos anos 2010? Pois é.

Mas, comentando um pouco mais sobre a patrona dessa postagem, acho que “My Next Life as a Villainess” merece alguns tapinhas nas costas pela sua execução. Não é fácil fazer uma comédia que não se leva a sério e conseguir ter uma história coesa e ter suas personagens plausíveis e realistas (dentro do limite permitido pelo absurdo, é claro).
Mesmo a protagonista, que carrega o fardo cômico inteiro nas costas, e que possui como um de seus principais atributos a sua falta de noção, consegue ser mostrada como tendo objetivos e aspirações claras e que refletem no desenvolvimento da história… Mesmo que isso seja feito através de um conselho de mini-Catarinas mentais.

Seja lá quem inventou a piada de miniaturas controlando a mente de uma pessoa, muito obrigado!

O absurdo se une ao bobo e conseguimos um show que me fez rir horrores nos oito episódios já disponíveis, e me deixou ansioso por mais. Nesse mini primeiras impressões, escondido no fundo de uma resenha de buteco, gostaria de dizer que “My Next Life as a Villainess” receberia um 4/5 se eu tivesse começado a assisti-lo um mês atrás. E recomendo que você não faça como eu, e assista esse show o quanto antes.

My Next Life as a Villainess: All Routes Leads to Doom!” está disponível na plataforma de streaming Crunchyroll, com oito episódios disponíveis até o momento, e um novo episódio todos os sábados.

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Editora NewPOP anuncia Joy Second, Devil Ecstasy e Aku no Hana

Em sua live semanal transmitida hoje no YouTube, a Editora NewPOP anunciou três títulos que serão lançados futuramente, sendo eles Joy Second, Devil Ecstasy e Aku no Hana! Confira detalhes abaixo.

Joy Second

Continuação da obra já publicada pela editora, esse volume único aumentará o seu catálogo de mangás do gênero “boys love. Sua pré-venda deverá começar “em breve“, segundo o Editor-chefe.

Devil Ecstasy

Mais uma obra do autor Shuzo Oshime, que já tem Happiness publicado no país pela editora, essa obra em 4 volumes será lançada, também, “em breve“.

Aku no Hana

Talvez Aku no Hana seja a obra mais famosa do autor na editora. O nome nacional ainda não está confirmado, apesar do editor comentar sobre a possível tradução (Flores do Mal, uma tradução literal do título). O título, completo em 11 volumes, será publicado… Isso mesmo: “em breve“.

Além das novas obras, o editor Junior Fonseca fez alguns comentários sobre os títulos da editora:

Ele comenta sobre a versão definitiva de “A Voz do Silêncio“, que será lançada em breve; explica que o mangá “Citrus será lançado com maior frequência (“de forma mensal“) no futuro; O mangá “Given” deverá chegar para a editora no final do mês, e as entregas das pré-vendas começarão logo depois. Porém, a sua pré-venda ainda está no ar; Os mangás anunciados anteriormente, “Mulheres e seus segredos” e “A Besta“, além de “Solo Leveling, deverão ter sua pré-venda iniciada em alguns dias; O volume 13 da Light Novel “Re:zero” deverá ser lançado antes da nova temporada do animê; O volume final de Happiness” sairá na checklist desse mês da editora; Haverão, no futuro, reimpressões dos volumes esgotados de “No. 6″.

A live completa está disponível no canal da Editora NewPOP, que pode ser acessado clicando aqui.

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KonoSuba: Lenda do Carmesim traz o retorno explosivo de Kazuma e seus companheiros

KonoSuba é um dos animês recentes que eu mais tenho apreço. A maneira como ele pega o gênero Isekai (yikes) e transforma todos os seus clichês em ótimas piadas é algo que me fascinou desde o seu começo lá em 2016.

Desde o final da segunda temporada em 2017, os fãs esperam por uma nova adaptação de KonoSuba, e ficaram ainda mais ansiosos quando o filme foi anunciado. Mas isso trazia uma dúvida: um filme original ou uma continuação do animê? Pois bem, em 2019, KonoSuba: Lenda do Carmesim foi lançado, chegando à Crunchyroll em 25 de março de 2020. O filme adapta o volume 5 da light novel, sendo uma continuação direta do animê, que terminou no volume 4.

Como é uma continuação direta, o filme não é recomendado como uma porta de entrada para a série. Muito do humor e relacionamento entre os personagens se perde caso você não tenha visto as duas temporadas do animê. Ainda mais se você não está acostumado com o tom do mesmo.

Não sou leitor da light novel, então não sei o que mudaram ou adicionaram no filme, não cabe a mim dizer se foi uma ótima adaptação ou não. Mas o filme é espetacular.

Nele, Kasuma e seus companheiros tem a missão de ir na Vila dos Demônios Carmesim, após Yunyun, amiga de Megumin, dizer que a vila está sendo atacada pelo Rei Demônio, o grande vilão de KonoSuba, e que o filho de Kasuma com ela será o responsável por derrotá-lo. Após alguns pingos nos is, o grupo de aventureiros decide ir para a Terra Natal de Megumin.

O roteiro é simples, mas funciona.

Todo humor de KonoSuba é elevado nesse filme, desde as personalidades dos nossos protagonistas, quanto ao absurdo que é aquele mundo. Megumin é a estrela do filme. A maga explosiva ganha bastante destaque e mais do seu background é apresentado, e em decorrência disso, Yunyun, que no anime era apenas uma piada de rival recorrente, também é mais explorada. A relação entre as duas era apenas superficial durante o animê, mas aqui é melhor explicada.

O filme não traz nada de novo ou extraordinário, que irá mudar a indústria da animação. É apenas uma nova aventura, que dá continuação ao animê. É algo simples.

Apesar de ser ótimo, o filme me deu a confirmação de que KonoSuba funciona melhor em formato de animê para TV. O longa tem 1h30 min. e tive a impressão dele ter ficado bastante corrido. Talvez seja por eu já ter me acostumado a assistir KonoSuba em animê, mas o filme simplesmente não para.

Aqua e Darkness acabaram ficando escondidas nesse filme, mas era algo que eu já esperava. A hora delas ainda deve chegar. Mais sobre os aliados do Rei Demônio foi apresentado, mas sem muito aprofundamento. E como foram apenas 5 novels adaptadas, eu não acho que isso será explorado tão cedo em animê. A light novel, no entanto, já está rumando para seu final.

Agora, assunto sério. Quando o filme saiu nos cinemas americanos, alguns críticos acusaram-no de ser transfóbico. E sim, tem piadas sobre isso no filme e a resolução dele vem por causa disso. É algo bem ofensivo e que deveria ser extinguido. Infelizmente é esperar demais do Japão. Não sou a pessoa certa para opinar sobre isso, mas foi ofensivo, sim.

Diferentemente das duas temporadas do animê, que foram produzidas pelo Studio Deen, o filme foi produzido pelo J.C. Staff, que ganhou uma má fama nos últimos anos pela má produção de seus animês, devido a quantidade de projetos que o estúdio pega. No entanto, mesmo com a mudança de casa, toda a equipe de produção do animê retornou para o filme, incluindo o diretor Kanasaki Takaomi. E tenho que falar, a animação do filme está impecável.

Um dos charmes de KonoSuba são as caretas e reações dos personagens e isso que foi mantido aqui, e ainda teve espaço para show de luzes e magias, além de cenas de lutas. Vários cenários possuem mais detalhes, claramente houve um grande investimento por parte da produção.

KonoSuba: Lenda do Carmesim é o retorno que os fãs esperavam. O filme traz novamente o humor absurdo do animê e o expande ainda mais com uma animação primorosa e ótimos efeitos, apesar de ser corrido.

Nota: 8.5/10

O filme e as duas temporadas do animê estão disponíveis na Crunchyroll. As duas temporadas possuem dublagem em português.

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5 animês “Slice of Life” para você lembrar como era a vida antes do Coronavírus

A frase “parece que foi ontem” nunca pareceu tão fora de lugar quanto no ano de 2020. Ela é uma carrasca que nos lembra que infelizmente, não passamos nem de um terço desse ano que parece não ter mais fim. Com todas as loucuras (para não dizer coisa pior) que vêm acontecendo, pode ser que você tenha se esquecido como a sua vida costumava ser.

Que horas você costumava acordar? Como se calça um sapato? O que é um “jeans“? Essas e outras perguntas devem ter passado por sua mente no último mês (sim, pois é, faz tipo um mês apenas). Por conta disso, nada melhor do que aproveitar o tempo que você “ganhou” com uma preparação para voltar ao normal: se lembrando do como era sua vida no passado distante.

A equipe da Torre selecionou alguns animês Slice of Life, que abrangem diversos tipos de atividades e rotinas, para que você assista e fique melancólico por aquilo que você perdeu.

  • Está no Ensino Fundamental? Tsukigakirei

Primeiramente, se você é tão jovem, eu não recomendaria nem você estar assistindo animê. Você não fez PROERD não? De qualquer maneira, Tsukigakirei é um show absurdamente doce e gentil, que mostra com realismo a vida de pré-adolescentes. Desde a forma de pensar até a reação exagerada dos pais, esse é um slice of life que te lembrará como era a vida na época do fundamental. Com apenas doze episódios, pode ser sua diversão dominical (se é que você lembra que dia da semana estamos).

A sinopse do show, cortesia da Crunchyroll, onde você pode assistir Tsukigakirei na íntegra e com legendas em português:

“Último ano do ensino fundamental. Kotaro, um rato de biblioteca que quer se tornar um novelista, e Akane, uma atleta que adora correr, se encontram na mesma sala pela primeira vez. Eles ficam encarregados de cuidar dos equipamentos do festival esportivo, e vão aos poucos se aproximando via LINE. Como Kotaro vai lidar com os sentimentos que está nutrindo por ela? Enquanto isso, Takumi está apaixonado pela Akane desde o primeiro ano. Chinatsu, amiga de Akane, também fica interessada por Kotaro. Uma história de amor encantadora que se passa em Kawagoe.”

  • Está no Ensino Médio? Sound! Euphonium

Se você está no ensino médio, provavelmente está aproveitando bastante esse caos, não está? Mas não se acostume que logo, logo, você terá que voltar a acordar cedo para ir pro colégio, pegar fila na cantina e se manter acordado naquela aula de biologia que resolveram colocar de segunda-feira 7h da manhã.

Esse período da vida é um pouco complicado, pois a experiência média japonesa é bem distante da que temos aqui no Brasil, então pode ser que você estranhe alguns pontos, com coisas do tipo “eu não lembro de fazer isso“. É normal, não é sua memória do passado se destruindo. Não ainda. Apesar da forte temática musical, Sound! Euphonium ainda possui o quintessencial de uma vida adolescente: obsessões com hobbies inusitados; discussões absurdas por temas bobos; engrandecimento de coisas que não merecem tanto valor; e etc.

Com duas temporadas, que totalizam 27 episódios, você passará tanto tempo com essas personagens que é capaz de esquecer os seus colegas de sala de verdade. O show está, também, na Crunchyrolle a sinopse que eles oferecem está logo abaixo:

“O clube de música da escola de ensino médio Kitauji já foi um clube de alto nível que vem caindo no ranking após a saída de seu conselheiro. No entanto, um novo conselheiro veio para colocar os alunos em rédeas curtas a fim de moldá-los. Em seu primeiro ano no ensino médio, Kumino Oumae e suas colegas Hazuki e Sapphire decidem dar uma olhada na banda de metais”

  • Já está na faculdade? Golden Time

O desespero começa a bater, pois você sente que nunca vai se formar? Seu curso presencial se tornou a Netflix mais cara que você já assinou? Já até esqueceu o gosto do corote azul? Pois é, amigo, Golden Time é para você. Se bem que, você realmente deveria parar de tomar corote, sério.

Você vai se sentir em casa muito, mas muito rápido, pois uma das primeiras coisas que nosso protagonista, Tada Banri, faz, é esquecer completamente tudo que sabia. E se tem alguma sensação mais representativa da vida de universitário, eu não conheço. Com 24 episódios que te tirarão ainda mais a vontade de ver aulas EAD, esse slice of life vai te lembrar do real objetivo de todo universitário: sobreviver.

Com legendas em português disponíveis na plataforma, a Crunchyroll nos diz o seguinte sobre o animê:

“Tada Banri é o mais novo aluno na escola de direito particular de Tóquio. Contudo, devido a um acidente, ele perde suas memórias. Durante sua integração, ele encontra outro calouro, Yanagisawa Mitsuo. Sem se lembrarem um do outro, suas vidas começam a se tornar cada vez mais interligadas, como se fosse obra do destino. Mas qual é o destino deles? Haverá felicidade ou somente outra memória a ser esquecida?”

  • Esqueceu como é a vida no escritório? Servant x Service

Tudo bem, eu sei que a maioria de vocês já são adultos, que trabalham e se sustentam. Afinal, para estar aqui, precisam ter algum hobby extremamente caro, que não dá pra ter sem uma renda fixa. Tá difícil pra todo mundo, seja você cinéfilo, nerd ou civil. Eu também sei que você tem feito todas as reuniões por vídeo com uma camisa social e bermuda de pijama. Mas o que importa é que você precisa lembrar de coisas fundamentais da vida no escritório: a pausa pro café; a habilidade de dar ALT+TAB pra planilha do Excel; amaciar seu colega o máximo possível para evitar que um assunto que podia ser resolvido por e-mail vire uma reunião de uma hora; entre outras habilidades essenciais para sobreviver na selva de pedra.

Em Servant x Service, vemos de forma bem-humorada o dia a dia de Lucy no escritório, e você vai, inevitavelmente, reconhecer os seus colegas em cada uma das personagens. É quase “The Office“, só que com um tema de abertura surpreendentemente mais dançante. Com apenas 13 episódios, você pode fazer esse exercício de teamwork até mesmo entre as meetings do seu squad, no lugar do coffeebreak que você sente tanta falta.

Também na Crunchyroll, a sinopse de Servant x Service é:

“Numa certa prefeitura de uma determinada cidade, em Hokkaido… A prefeitura onde Yamagami Lucy foi contratada emprega muitas pessoas únicas. Yamagami e seus colegas estão cheios de energia e segredos de como eles se esforçam (?!) nesta comédia de trabalho!”

  • Mas Torre, eu moro no interior! Esses animê de cidade grande não me ajuda em nada!“: Non Non Biyori

Concordo com ocês, meus querido cumpadre caipira. Esses animê de cidade grande num dá nem uma ajudadinha pá nóis. Como um conterrâneo que mora no serrrrtão e puxa os R em porrrta, porrrteira e em porrrtão, entendo que nenhum dos citados acima aprecia os pequenos detalhes que apenas quem mora no fim do mundo conhece.

Tantos episódios e em nenhum momento eles vão passear na praça? Nunca saem pra “ir na cidade” (que na verdade é só o centro)? Não encontram nenhum conhecido na rua, mesmo passando por aquele bocado de gente? Pois é, né, essas coisas que só quem é do interior conhece e deve também estar sentindo falta. Non Non Biyori explora o interior do Japão com uma certa dose de fofura. Acaba sendo chamado de “tedioso” por muitos, por não ter nada de extraordinário e mostrar apenas coisas mundanas. Mas quem é que está rindo agora, desesperado pelo mundano, hein?

Com duas temporadas, que dão um total de 24 episódios, Non Non Biyori (e sua segunda temporada, Non Non Biyori Repeat) pode ser visto, você já sabe, na Crunchyroll. A sinopse deles é a seguinte:

“A vida de ritmo reconfortantemente lento das quatro meninas na pequena Escola Asahioka Branch continua com Natsumi, Komari, Renge e Hotaru frequentando a escola de uma turma só e com o total de 5 estudantes. Embora o ambiente descontraído seja uma grande mudança para Hotaru, que veio da agitada Tóquio, ela ainda encontra algo de encantador e relaxante na vida no campo no interior do Japão.”


E é isso por hoje. Espero que todos vocês fiquem em casa e se lembrem de como era a vida lá fora com esses cinco shows que selecionamos com carinho.

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Os princípios da comédia em “A Destructive God Sits Next to Me”

A cada três meses – em situações normais, pelo menos – nós somos inundados com toneladas e toneladas de novos animês. E toda temporada temos que passar pela mesma história: tem aquele show absurdamente popular; os dezessete isekais que parecem ser sempre a mesma coisa; aquele um isekai que faz sucesso mesmo assim; diversos títulos que nos fazem questionar a racionalidade da humanidade; e, é claro, aqueles shows que ninguém assistiu, e você fica revoltado pois ele foi o melhor da temporada mas “puxa vida ninguém viu essa porcaria?!”.

No começo do ano, quando o mundo ainda era mundo, tivemos a temporada de janeiro seguindo o roteiro à risca. E eu, particularmente, fiquei revoltadíssimo com a baixa repercussão de um dos shows mais engraçados não só da temporada, como dos últimos anos. “A Destructive God Sits Next To Me” deu uma aula de comédia por doze semanas seguidas, ao não só respeitar como doutrinar sobre os três princípios da comédia.

Inclusive, vou quebrar minha regra de usar “os três princípios da comédia” como piada no final de postagens, e irei comentar sobre elas de verdade, dessa vez. Como vocês sabem, o primeiro princípio da comédia é a repetição. E é justamente ela que faz o humor do show. O protagonista, Koyuki Seri, está lidando sempre com o mesmo problema, e o próprio animê reconhece e abraça essa repetição, usando ela para manter a piada rolando, e fazer meta-piadas com o próprio senso de ridículo que toda essa situação representa.

As ‘mortes’ de Koyuki ao longo da série representam aquilo que meu professor de teatro sempre me disse: “a verdadeira comédia é a desgraça alheia”

Seguindo o nosso cronograma, o segundo princípio da comédia é a repetição. E normalmente é aqui que a maioria das comédias fracassa. Eles conseguem seguir o primeiro princípio, mas acabam repetindo a mesma coisa e isso acaba ficando chato. É o clássico “a piada ficou velha” e perdeu a graça. Eu já perdi a conta de quantos animês tiveram dois ou três episódios maravilhosos, só para cair no mais do mesmo pelo resto da temporada. A chave para o sucesso do nosso show nesse quesito está, na verdade, no próximo ponto.

Pois é, como você deve ter imaginado, o terceiro princípio da comédia é pegar o público desprevenido. Quando você já sabe o que esperar, a comédia perde o efeito. Em “A Destructive God Sits Next To Me”, esse princípio começa a tomar efeito antes mesmo de você assistir. Dê uma lida na sinopse do show, olhe com bastante atenção para a imagem de capa, e me diga com sinceridade: você daria algum trocado pra isso? A resposta mais honesta é que não. Eu também não dei. E justamente por não esperar nada dali que tudo se torna ainda melhor.

A sinopse, aliás, retirada da Crunchyroll: “Koyuki Seri é um estudante do colegial com propensão para mandar tiradas bem ácidas… E ao mesmo tempo, ele odeia quem merece receber essas tiradas! Para sua infelicidade, ele atraiu a atenção de Hanatori Kabuto, que sofre de delírios de grandeza. Seri promete a si mesmo que não vai comentar as extravagâncias de Kabuto, mas ele não consegue se conter. E pra piorar, outros sujeitos anormais estão se aproximando dos dois… Está começando uma comédia colegial que vai te fazer rir de montão (e te encantar um pouquinho, também!

Um ponto a mais que preciso acrescentar sobre o terceiro princípio é a maestria com que ele é utilizado. Com o passar dos episódios, você começa a entender como o show funciona, e começa a pensar que sabe o que está acontecendo. Mesmo quando você sabe que algo absurdo vai acontecer, mesmo estando preparado para o pior, o animê ainda consegue te pegar com as calças arriadas. Sério, é inacreditável, eu sinceramente não faço a menor ideia de como eles conseguiam se superar toda semana, mas conseguiam. Quando eu achava que não tinha como ficar mais absurdo, eles iam lá e me provavam errado.

E se isso tudo não fosse o suficiente, a parte técnica é de uma qualidade surpreendente. Não só contando com uns dubladores que parecem ser mais areia do que o caminhãozinho do show pode carregar (Takahiro Sakurai, Jun Fukuyama e Ai Kayano, só para citar alguns), ainda temos uma direção que criou alguns dos aspectos visuais mais geniais do século (agradecimentos a Atsuhi Nigorikawa!).

A arte e animação do estúdio EMT², que já foi comentado por mim antes, quando tratamos de Assassins Pride e Renai Boukun, quebrou minhas expectativas (hah!) ao ser muito mais consistente do que tem qualquer direito de ser… É um show que, poupando termos técnicos que agradam poucos, mostrou serviço e botou o pau na mesa e conseguiu seguir firme com seus próprios pés.

Desculpe, mas se você não vê que isso é praticamente A MONA LISA MODERNA, eu não tenho mais nada para falar com você

Claro que, agora que sua expectativa tá lá em cima, você vai chegar e acabar se decepcionando. Faz parte. Pra mim, só de você ter visto o que eu julgo como sendo um dos candidatos a melhor animê do ano, já estou de barriga cheia. Se depois disso tudo, você quiser dar uma chance para “A Destructive God Sits Next To Me”, o show está disponível na íntegra, com legendas em português, na Crunchyroll.