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Do Gelo ao Fogo, quem realmente merece o Trono de Ferro?

Bastardo. Refugiada. Intendente. Khaleesi. Senhor Comandante da Patrulha da Noite. Quebradora de Correntes. Rei do Norte. Conquistadora.

É bastante comum que a trajetória de um herói seja marcada por alegrias e tragédias. Elementos basais para amadurecer o personagem e se tornar aquilo que está destinado, como se fosse uma espécie de profecia há tantos anos contada. Nada de Azor Ahai e Nissa Nissa. Aqui temos, Jon Snow e Daenerys Targaryen. E só.

A rejeição e o medo que ambos sofreram bem no início foram a prova necessária para o início de suas jornadas como herói e heroína. Sem olhar para trás, Jon foi para a Muralha. Daenerys como refugiada e distante de seu lar, permitiu ser moeda de troca para que seu insano irmão, Viserys, conseguisse um exército digno para conquistar os Sete Reinos. Decisões que mudariam suas vidas para sempre. Até porque, caos é uma escada.

Momentos icônicos de Dany.

Daenerys da Casa Targaryen, a Primeira do Seu Nome, Rainha dos Ândalos, dos Roinares e dos Primeiros Homens, Nascida na Tormenta, Khaleesi do Grande Mar Dothraki, A Não-Queimada, Mãe dos Dragões, Quebradora de Correntes e Mhysa.

Quando você possui Targaryen no sobrenome, os olhos se voltam para você e esperam muito de você. A dinastia dos senhores dos dragões que teve início quando Aegon I desembarcou com suas irmãs-esposas Visenya e Rhaenys, e chegou ao fim com a morte de Aerys II durante o Saque de Porto Real. A magia e soberania tinham morrido, mas o destino resolveu agir novamente. A Nascida na Tormenta foi capaz de trazer o renascimento dos dragões e com isso, o retorno da magia. Só faltou a soberania.

É sabido que os títulos dizem muito sobre o seu portador e assim, Dany o fez. Sua fama foi feita por seus grandes feitos do Outro Lado do Mar Estreito em Essos. Enquanto em Westeros acontecia a Guerra dos Cinco Reis e tudo que veio em seguida como consequência, nossa personagem foi aos poucos conquistando seu devido espaço e ganhando respeito mesmo sendo uma mulher. Até porque o valor feminino era desprezado e muitas vezes, ignorado pelos homens.

Existe recompensa no esforço, certo? Daenerys fez e fez muito mais para si, e principalmente por seu povo. Até porque além de Mãe dos Dragões (ao menos na época), ainda era uma Mhysa. Todas as suas realizações foram por mérito próprio. Suas conquistas na Baía dos Escravos (Astapor, Yunkai e Meereen) serviram para catapultar o seu nome pelo Mundo Conhecido, onde ajudou a libertar seus filhos da escravidão e dando uma nova vida para todos. Meereen serviu como um grande preparatório para a mesma no que diz respeito ao ato de governar, tendo assim acertos e erros. Nada anormal para uma governante. A prova de fogo veio em Westeros e apesar das vitórias, vieram a partir de sacrifícios. Que deixaram uma marca em sua alma e resultou numa atitude sombria, porém esperada há muito tempo.

Principais momentos de Jon na série.

Snow não possui um apelo popular quanto Daenerys possui, mas é impossível não reconhecer seus feitos durante sua trajetória como herói. O que ele fez pela Patrulha durante a Batalha na Muralha e a consequente aliança com os selvagens merecem nota, apesar de ter sido a sua queda como Senhor Comandante. A traição doeu nele e doeu na gente. Foi sujo e cruel, mas permitiu o seu amadurecimento. Sem as amarras do importante juramento, agora precisava colocar ordem em casa. Sua Casa.

O título denominado Rei do Norte é uma herança que remonta por milhares de anos quando aquele que tinha a coroa era chamado de Rei do Inverno. O último foi Torrhen Stark, também conhecido como o Rei Que Ajoelhou, durante a Conquista de Aegon. Este título retornou com a proclamação de Robb Stark durante o conflito dos Cinco Reis. Jon veio receber um pouco depois após a vitória na Batalha dos Bastardos. Sua proclamação foi tão bonita quanto de seu primo. Além de merecido, foi também a recompensa por vingar o sangrento Casamento Vermelho. Os Stark estavam de volta em seu lar ancestral.

Jon durante toda a sua vida foi reconhecido como um bastardo, porém vem descobrir que na verdade tem sangue de dragão. Como lidar com esta importante revelação? Algo que o retira de uma posição de tremendo conforto e o joga para uma posição de suma relevância perante todos. Ah, se Janos Slynt e Alliser Thorne estivem vivos agora. O Rei Corvo agora é um Rei Targaryen, primogênito de Rhaegar e Lyanna Stark. Não é qualquer coisa. O verdadeiro herdeiro para o Trono muda tudo aquilo que a Rainha Prateada estava almejando por anos.

Gelo e Fogo. A união de elementos que ferem, mas que também possuem sua estética e significado. Podemos considerar que as Crônicas de Gelo e Fogo faz referência aos dois personagens? Saberemos em algum século. Só que aqui nesta adaptação televisiva, a referência se fez mais presente. Seus feitos foram responsáveis por juntá-los. A aliança se transformou em amor. Essa ironia do destino permitiu que familiares se juntassem sem saberem do real parentesco por um instante e assim, honrando o preceito Targaryen de manter o sangue puro entre os próprios parentes.

A legitimidade ao Trono de Ferro sempre foi uma linha tênue durante a história westerosi e esta questão se complica quando nos deparamos com dois familiares da mesma Casa como pretendentes a governar, tal como foi durante a guerra civil conhecida como a Dança dos Dragões, que levou a grande conflitos desses dois lados.

Com apenas um episódio para encerrar a série, pode ser que exista uma certa pressa para lidar com o assunto e por assim dizer, ser aquém do esperado. Esse plot demandaria mais episódios para ser explorado, mas entendo que as Batalhas em Winterfell e Porto Real demandaram um esforço maior para uma temporada mais reduzida.

O lance é que Daenerys seria a mais digna para governar devido ao seu longo histórico até aqui. Só que se descobrissem a verdade, Jon seria o preferido pelo povo. Ele é mais amado em seu lar que a própria Rainha. É uma problemática para considerar. Quem estará disposto a abrir mão de sua pretensão por amor? Quais serão as consequências depois da Destruição de Porto Real? Saberemos logo mais com o Series Finale.

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5 motivos do porquê Robert Pattinson pode ser um excelente Batman nos cinemas

A internet ficou em polvorosa nessa última quinta-feira (14/05/2019) após o ator Robert Pattinson ser confirmado como o novo Batman dos cinemas. Pattinson dará vida ao homem-morcego em The Batman, próximo filme do renomado cineasta Matt Reeves que está reescrevendo algumas partes do roteiro da produção. O longa-metragem começará a ser rodado no primeiro semestre de 2020 e será lançado em 25 de junho de 2021.

Os fãs do herói (até mesmo aqueles que nunca deram a menor importância para o personagem) ficaram bem divididos à respeito da escolha do astro. De um lado, tivemos aqueles que logo de cara detestaram a escolha sem ao menos dar uma chance para Robert. Já do outro, testemunhamos diversos adoradores do cavaleiro de Gotham que se empolgaram com a apuração.

Mesmo com mais adoradores do que odiadores, muitos decidiram esperar pelo menos uma imagem oficial para expressar suas opiniões. Confesso que estou no time dos adoradores, e estou bem otimista com o cast. Então prapare-se meu caro leitor, se acomode no cômodo mais aconchegante de sua casa e confira os cinco motivos do porquê Robert Pattinson pode ser um excelente Batman nos cinemas.


Robert Pattinson não é só Crepúsculo

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Pattinson ganhou notoriedade após interpretar o vampiro Edward Cullen na saga Crepúsculo, um romance pré-adolescente baseado na obra literária de mesmo nome. No total, foram cinco filmes massacrados pela crítica, mas de certa forma, foram um sucesso entre o público mais jovem.

Infelizmente, Crepúsculo e suas continuações estigmatizaram a imagem de Robert perante a cultura pop, criando um looping de sentenças falhas e sem sentido a respeito do astro. Entretanto, Hollywood viu que Pattinson tinha muito talento e decidiu ignorar de vez, o seu passado “lumininoso”. 

De 2012 pra cá, Robert Pattinson vem entregando uma atuação mais do que excelente, participando de filmes elogiadíssimos pela crítica, como por exemplo, Life, The Rover; A Caçada, Cosmópolis, Bom Comportamento e High Life, além das vindouras produções The Lighthouse e The Devil All the Time. O artista também será um dos protagonistas do projeto secreto de Christopher Nolan.

The Lighthouse, seu último trabalho que está sendo exibido no festival de Cannes, está sendo elogiado pelos críticos especializados dos Estados Unidos devido as admiráveis atuações de Pattinson e Willem Dafoe.

 


Heath Ledger te remete à algo?

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É como diz o ditado: ”nunca julgue um livro pela capa”. Em 2007, o mundo recebe a notícia de que Heath Ledger, famoso por atuar em dezenas de comédias românticas, interpretaria o Coringa em Batman: O Cavaleiro das Trevas de Christopher Nolan.

Na época, houve todo um alarde por parte da comunidade nerd, uma vez que ninguém queria o famoso protagonista de 10 Coisas que Eu Odeio em Você no papel de um psicopata vestido de palhaço. Resultado? É considerado por muitos como o melhor Coringa da história, lhe garantindo um Oscar póstumo em 2009 pela categoria de melhor ator coadjuvante.

Robert Downey Jr. e Ben Affleck também são belos exemplos de artistas que sofreram hate devido aos seus papéis, e que hoje, são idolatrados por uma grande maioria.


Um Batman Jovem

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Como já revelado anteriormente, The Batman não será um filme de origem, mas  mostrará o início da carreira de Bruce Wayne como o Homem-Morcego. Então, é totalmente compressível ver uma personalidade hollywoodiana mais nova interpretando o cavaleiro de Gotham nos cinemas.

Em 2012, a DC Comics reformulou todo o seu universo nos quadrinhos. A proposta da editora, era apresentar novas e diferentes versões de seus personagens para um público mais jovem, mas respeitando suas origens. Um dos personagens que mais sofreu alterações, foi o próprio Batman, que nesse universo, tem nada mais nada menos que 26 anos de idade. Particularmente, é a minha versão favorita do Bruce Wayne, uma vez que sua idade serve apenas como ”fachada” para suas verdadeiras virtudes. 


O foco será o lado detetive do herói

Convenhamos, nós nunca vimos o lado detetive do Batman nos cinemas. Todas as vezes que o Bat-Querido foi adaptado para as telonas, os cineastas optaram por dar ênfase nos combates, deixando de lado seu verdadeiro trunfo.

 O lado investigativo do Batman sempre foi o seu ponto forte, mas foram poucas que vimos esse atributo como o ”protagonista” de suas histórias.

Com uma pequena reformulação sendo feita no universo DC nos cinemas, esse é o momento perfeito para nós testemunharmos uma versão diferenciada do cruzado encapuzado nos cinemas.


Apenas duas palavras: Matt. Reeves.

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Matthew George “Matt” Reeves é um diretor, roteirista e produtor de cinema americano. Reeves começou sua carreira como roteirista dos filmes Under Siege 2: Dark Territory e The Pallbearer, o último do qual estreou sua carreira como diretor de cinema. 

Reeves se mostrou um profissional competente após dirigir o horror em found footage, Cloverfield. Na época, a película deu o que falar devido a sua proposta de esconder quase o filme inteiro o monstro que estava atacando em Nova York. Convenhamos, homiziar uma criatura com mais de 100 metros perante as câmeras, é uma tarefa para poucos. Anos mais tarde, Reeves assume a direção de Planeta dos Macacos: O Confronto e Planeta dos Macacos: A Guerra. Ambas as obras caíram no gosto popular, que por sorte, só aumentou ainda mais a fama do cineasta devido ao seu excelente trabalho feito com a franquia. 

Reeves demonstrou ser a pessoa ideal para assumir a direção, roteiro e produção de The Batman. Motivo? Simples, Matt já provou através de suas redes sociais, que é um grande fã da mitologia do Homem-Morcego, e que está disposto à entregar uma história totalmente inédita para os admiradores do Bruce Wayne, partindo de um ponto de vista mais modernizado e sombrio.


Muito provavelmente, durante o painel da Warner Bros. Pictures 2019, será revelada a primeira imagem do ator trajado com o uniforme do Batman. Então, até lá, te dou apenas um conselho: acalme seu coração e aguarde sempre pelo melhor.

Espero que tenham gostado e até a próxima.

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Com um elenco feminino poderoso, Big Little Lies é uma lição de amor, amizade e superação.

É notório que a HBO se destaca em suas produções originais e garante atenção merecida de seus telespectadores devido a qualidade de roteiro, elenco cativante e temporadas curtas, permitindo que não haja enrolações em demasia. Big Little Lies se encaixa nesses quesitos e oferece mais. Muito mais.

A história se passa na península de Monterey (Califórnia) e acompanhamos a adaptação de Jane (Shailene Woodley) junto com seu filho Ziggy neste lugar. Num simples ato de gentileza, a relação entre ela e Madeline (Reese Witherspoon) teve início.

Amizade é definida como: ”Afeição, estima, dedicação recíproca entre pessoas: laços de amizade.” Esse sentimento veio de uma forma tão orgânica e bem construída, que parecia algo de muitos anos. Celeste (Nicole Kidman) também aceita Jane de braços abertos e assim, temos o Trio de Monterey. Cada uma esconde algo e as respectivas revelações vão sendo feitas sem pressa, e no momento certo.

Você aprende a se importar com essas personagens quando as atrizes conseguem entregar a atuação correta para nos convencer sobre o que acontece com ambas e como isso as afetam, além de seus filhos.

Mãe solteira e tendo na bagagem um grande trauma em seu passado, a personagem de Shailene retrata a realidade de boa parte da população feminina atualmente. Não entrarei em detalhes, pois não quero estragar a experiência de você que possa iniciar essa deliciosa maratona após finalizar o texto.

Só queria deixar claro a atuação fantástica da atriz em retratar todo o desespero e receio por conta deste trauma, que não pede licença para entrar e acaba causando pesadelos por fazê-la reviver tudo aquilo mentalmente. Isso é desgastante e Jane demonstra isso no seu dia-a-dia, juntamente com o fato de temer pelo futuro de seu filho por algo que possa estar enraizado em seu interior.

Renata (Laura Dern) aparece como ”antagonista” e entra em guerra com o Trio devido ao bullying recorrente que sua filha Amabella sofre na escola. A revelação sobre o verdadeiro culpado expõe o que citei ali em cima. Como as atitudes dos pais influenciam o comportamento de seus filhos em outros ambientes. Isso nos leva diretamente para Celeste.

O ser humano foi dotado da capacidade de não deixar transparecer nada que o deixe vulnerável perante outras pessoas. Isso vale desde um sorriso para disfarçar tristeza profunda ou um casamento de aparências. Achávamos que Celeste vivia perfeitamente com seu marido Perry (Alexander Skarsgård) até uma leve puxada de braço entregar aquilo que estava na penumbra.

A partir do momento em que utilizam do ódio como moeda de troca para o sexo selvagem e violento, configura num relacionamento abusivo e doentio. E o pior que ninguém percebe como esse círculo é bastante perigoso. Ninguém acredita no nível tóxico que isso se tornou. Não há espaço para refletir em como isso é errado, já que na concepção dada está tudo perfeito. Isso é normal entre eles e acabou.

Um empurrão hoje se transforma no soco amanhã. ”Desculpa! Vou mudar” < o mesmo lamento que já estamos cansados de ler e ouvir em tantas mídias. As agressões trazem repulsa para o telespectador e a atuação de Nicole é monstruosa. Alexander também merece elogios por sua interpretação que convence muito, pois você caminha por duas vias: pela simpatia ao personagem e depois inicia um ódio sem precedentes para com o mesmo.

O elenco mirim cativa e deixa qualquer um apaixonado. Chloe é o grande destaque com suas famosas playlist e sua boca afiada graças a sua mãe, Madeline. Os gêmeos de Celeste, Amabella de Renata, Skye da Bonnie (Zoë Kravitz) e Ziggy de Jane são tão fofos quanto. É um complemento para o que já estava bom com o elenco feminino.

Com um assassinato montado aos moldes de Revenge e How to Get Away with Murder, ele instiga e ao decorrer dos episódios, é possível imaginar quem é a vítima. Apesar do desfecho previsível, ainda é muito proveitoso todo o seu desenvolvimento até aquela fatídica noite.

São poucas as séries que me conquistam na abertura e me fazem assistir ou ouvir a trilha sonora até o final. Aqui é o exemplo perfeito.

https://www.youtube.com/watch?v=meJ2yK4boJE

A música é Cold Little Heart de Michael Kiwanuka. Os créditos iniciais de Big Little Lies mostram as personagens com seus filhos em direção à escola mesclando com a perfeita paisagem da Califórnia. Aliás, toda a trilha merece ser ouvida. Boas escolhas que intensificam as cenas.

E cadê a segunda temporada? Calma! Calma! Faltam um pouco mais de três semanas para o retorno e temos o trailer oficial.

https://www.youtube.com/watch?v=eCWevZV945M

Considero Big Little Lies como uma das séries mais importantes atualmente pela sua temática apresentada e todo cuidado em desenvolvê-la de forma competente em apenas sete episódios em sua primeira temporada. Pare um dia e veja o que esta belíssima produção tem para lhe mostrar.

Segunda temporada de Big Little Lies começa em 9 de junho.

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Frenético e violento, John Wick 3: Parabellum entrega o que há de melhor na franquia

Dando continuidade aos eventos do segundo filme, “John Wick 3: Parabellum” chega aos cinemas com a difícil tarefa de apresentar um encerramento para o arco construído até então, ao mesmo tempo em que deve expandir a mitologia deste universo sem deixar de abraçar seu gênero em todas as situações. Com muito mérito, já é possível afirmar que a trilogia do assassino Baba Yaga está consolidada como uma das melhores da história do cinema.

Na terceira película da saga, John Wick (Keanu Reeves) está sendo caçado pela associação após ter assassinado Santino D’Antonio (Riccardo Scamarcio) dentro do Hotel Continental. Banido e com uma gorda recompensa de US$ 14 milhões pela sua cabeça, cabe ao herói encontrar formas de sobreviver para manter seu objetivo: preservar as boas memórias que possui de sua amada e falecida esposa.

“John Wick 3: Parabellum” se destaca em boa parte, pela terceira vez em três filmes, graças ao visual. O diretor e ex-dublê Chad Stahelski utiliza todo seu conhecimento para entregar ao espectador as melhores coreografias de ação possíveis, em sequências de luta imparáveis e totalmente compreensíveis cercadas por uma paleta de cores chamativa, aplicando movimentos inventivos e tomadas únicas para um filme deste tipo, com realismo através da utilização de golpes de artes marciais e belas batalhas com armas de fogo. O longa inicia de forma frenética, dada a situação em que John se encontra após o final do segundo filme, e segue com poucas interrupções para construir momentos vindouros.

Em uma entrevista dada ao The Graham Norton Show, Keanu Reeves comentou sobre as capacidades de sobrevivência de John Wick, bem como aceitar determinadas situações.

Entretanto, assim como seus predecessores, Parabellum não se limita à ação – apesar desta ser boa parte do longa. O universo dos assassinos ganha novas camadas através da atuação da Alta Cúpula, representada aqui pela juíza vivida por Asia Kate Dillon, e parte do passado de John também é pincelado de forma pontual e sem subestimar a capacidade do espectador em compreender as entrelinhas. Novas personagens, como Sofia (Halle Berry) e A Diretora (Anjelica Huston) acrescentam mais enigmas que podem vir a ser desenvolvidos em outras mídias, e o vilão Zero (Mark Dacascos) rouba a cena com sua canastrice de vilões caricatos, porém extremamente funcionais. Vale lembrar que os já conhecidos membros da sociedade, como o Rei do Bowery (Laurence Fishburne), Winston (Ian McShane) e Charon (Lance Reddick) retornam triunfantes às suas funções, com mais destaque e reviravoltas inesperadas.

Parte da diversão também se encontra no humor negro da fita, que não ameniza em brincar com seus absurdos típicos de bons filmes de ação. Ao conhecer as principais características deste universo como a palma de sua mão, o roteirista Derek Kolstad, agora contando com a colaboração do diretor Chad Stahelski, sabe dosar muito bem os momentos em que uma boa e inusitada piada será encaixada, ainda que de forma séria. A constante presença dos animais, marca registrada do filme, funciona de forma tão orgânica quanto todo o restante e rende alguns dos melhores momentos de alívio cômico.

Cena de John Wick 3: Parabellum presente no segundo trailer do filme.

A construção das hierarquias da associação e a reutilização de propostas dos longas anteriores também é muito orgânica, estabelecendo mais do mundo em que esta franquia se passa. John Wick é um homem de poucas palavras e isso colabora para agravar a forma mitológica como ele é encarado por todos que o cercam, apesar da crescente dificuldade em superar os desafios conforme o desenrolar da história. No terceiro ato, John já está em seu limite, cansado e quase incapaz, transformando com naturalidade algumas coreografias em um desenrolar mais lento, que peca um pouco pela excessiva quantidade de acontecimentos sem pausa.

Finalizando com um ótimo – e corajoso – gancho para continuação, sem um final feliz, “John Wick 3: Parabellum” é tudo que os fãs esperam da série. O herói de Keanu Reeves, em toda sua perfeição quase imperfeita, é um livro com algumas páginas em branco que podem ser preenchidas, e toda a associação regida pela Alta Cúpula possui enorme potencial para ser mais explorada em um futuro retorno às origens. A fidelidade e os votos prestados, com muita honra e sobriedade, podem e devem ser honrados, e determinadas ações exigem reações, por mais perigoso que isso possa ser.

As decisões tomadas pelo protagonista, neste que encerra a primeira trilogia da série, podem e devem reverberar de maneira retumbante no resto do mundo. É uma questão de tempo até que o preço seja pago, e o prognóstico não é muito bom. A não ser, é claro, que John possua uma nova carta na manga. E pelo histórico, essa é uma possibilidade bem forte.

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Vingadores: Ultimato | O Trio Trágico

Desconstruir super-heróis é algo fascinante para mim. Pois ao contrário dos pensamentos majoritários, não se trata de torná-los depressivos ou sombrios. Mas sim, desmembrar as suas características para encontrar a essência daquilo que torna o que eles são. Quadrinhos como: O Cavaleiro das Trevas e Reino do Amanhã e filmes como: Logan e Batman vs Superman são ótimos exemplos de como quebrar personagens e reconstruí-los. É surpreendentemente exatamente o que acontece em Vingadores: Ultimato, dirigido por Anthony e Joe Russo.

Ainda que apresente viagens no tempo, fan services, um grande confronto final e as costumeiras piadas fora de hora, Vingadores: Ultimato é a Marvel Studios como eu nunca a vi: Quebrada. Realmente quebrada. Esse é um filme sobre personagens e como eles tentam seguir em frente, lidando com seus erros e fracassos. Não é tão profundo ou complexo, mas ainda sim, é interessante comentar, em específico, sobre o trio trágico: Homem de Ferro, Capitão América e Thor.

SPOILERS A SEGUIR!

 

THOR: O DEUS DOS FRACASSOS


Você caiu no conto do Thor Vingativo. Eu também.

Independentemente da qualidade de seus filmes, Thor, é sem dúvidas, o personagem mais trágico da franquia. Conforme o decorrer dos filmes, o personagem acumula inúmeras perdas: Sua mãe, seu pai, seu martelo, seu irmão adotivo, sua irmã e seu lar. Mas não apenas isso, como herói, finalmente fracassa em escala universal. Não sendo o bastante, pensa ter reparado o seu erro durante os primeiros 20 minutos de filme, cortando a cabeça de Thanos. Quando na verdade, ele falhou, de novo.

Isso leva os roteiristas Christopher Markus e Stephen Mcfeely a quebrarem o personagem por completo. O filme realiza um salto temporal de 5 anos e apresenta Thor como um alcoólatra, sem sua escultura física divina. Ele desistiu. Ele simplesmente desistiu. Talvez a postura do Deus do Trovão (Agora, o Deus dos Fracassos) tenha incomodado a muitos fãs, eu incluso. A forma como o filme trata o seu estado melancólico algumas vezes, beira ao ridículo e provoca algumas risadas desnecessárias.

“THOR TRISTE.” – leia com a voz do Hulk em Ragnarok (2017)

Por outro lado, existem cenas as quais aproveitam o potencial do conceito. Quando a narrativa retorna para O Mundo Sombrio (2013), horas antes do assassinato de Frigga, Thor abre o seu coração magoado para sua mãe, a qual afirma: Fracassos o tornam como qualquer um. Ela é responsável por humanizá-lo e fazê-lo enxergar isso. Como ela diz: “Você está aqui para mudar o seu futuro, não meu.” Após o diálogo, há uma cena extremamente simbólica: Thor consegue segurar o Mjolnir. Mesmo com seus fracassos e falhas, ele ainda é digno.

Ao final do filme, cansado de profecias e predestinações, Thor abdica do trono de Asgard e como ele mesmo explica: Passou tempo demais tentando corresponder às expectativas de outras pessoas. Isso é muito bonito e pode ser interpretado como um meta comentário para a situação de seus filmes em que sempre esperava-se um épico, devido ao seu material-base, mas como a abordagem inicial não havia funcionado, Marvel precisou reformular o personagem a partir de Ragnarok, ignorando tudo o que os fãs esperam sobre ele e agora esse arco de revitalização se conclui em Ultimato. Decepcionante para alguns (E eu compreendo), mas uma mensagem bonita e coerente para o personagem estabelecido nos últimos três filmes.

Como um viking.

Thor deixa de ser Deus e se torna homem.

 

CAPITÃO AMÉRICA: O SENTINELA DA PERSISTÊNCIA


Deus, que homem!

Enquanto isso, Capitão América, segue um caminho mais comum. Ele é o meu personagem favorito do filme e da franquia. Sua trajetória ao decorrer desses filmes, tentando se adequar uma época a qual ele não pertence, é tão fascinante e trágica para mim. Desde O Soldado Invernal, os Russo provam o quão bem eles entendem Steve Rogers e sua dinâmica complicada com o mundo contemporâneo. Ele não é um homem procurando por uma vida normal, pois o momento em que poderia ter experimentado algo assim, passou. Rogers tem medo que a guerra tenha um fim e perca o seu propósito.

5 anos após Guerra Infinita, Ultimato traz o personagem como um coordenador de um grupo de auto-ajuda para pessoas incapazes de seguir em frente após o genocídio imparcial do Titã Louco. Mas a ironia cruel é: Ele não apenas se sente incapaz, mas não quer superar. É interessante notar como os outros Vingadores parecem diferentes enquanto Steve, continua o mesmo.

Pare! se você chorar, eu choro.

Em um dos melhores diálogos de Vingadores: Ultimato, o personagem diz à Natasha: “Eu vivo dizendo para que as pessoas superem. Alguns conseguem. Mas nós não.” Rogers não suporta o estado de normalidade, ele precisa de um confronto. Um confronto em que eles vençam. Pois como ele mesmo afirma antes da execução do salto temporal: “Esta é a luta de nossas vidas.” Ele só irá parar quando eles puserem um fim a isso. De uma vez por todas.

Mas no decorrer da missão, infiltrado em uma base na S.H.I.E.L.D, ele encontra o amor de sua vida, Peggy Carter, do outro lado da janela, há uma distância entre os dois, a mesma entre o tempo o qual foi congelado e perdeu o encontro prometido. É o passado batendo à porta e lembrando a ele: Talvez seja melhor não superar. Talvez você deva persistir.

[Insira sua legenda triste aqui]

É uma característica a qual casa perfeitamente com o otimismo transmitido pelo Capitão América. Em uma das minhas cenas favoritas da história dos filmes baseados em HQs, as tropas de Thanos estão vindo e o Sentinela da Liberdade está no chão, com seu escudo quebrado. Com muita dificuldade, ele consegue se levantar. Ele está disposto a enfrentá-los sozinho. Provando que ele pode fazer o dia todo. Ele só terá seu fim quando a guerra também tiver.

Ao final de Vingadores: Ultimato, Steve precisa voltar no tempo e devolver as Joias do Infinito. Ele demora a reaparecer, mas logo após, lá está ele, admirando a paisagem. A câmera o revela envelhecido, pronto para passar o escudo adiante. A sua guerra acabou. Ele finalmente experimentou o que tanto almejava: Uma vida simples. Durante cena final do filme (A mais bonita) em que It’s been a Long, Long Time começa a tocar, ele finalmente tem sua dança com Peggy Carter.

“Oh, Capitão. Meu Capitão.”

Steve não é mais um vingador, ele é alguém que não precisa mais superar.

 

O ALTRUÍSTA PATERNO HOMEM DE FERRO


[Insira seu comentário sobre amá-lo mil milhões ou três mil aqui]

Já o Homem de Ferro, é o personagem com a maior responsabilidade moral em Vingadores: Ultimato. Ele é o profeta o qual não impediu a concretização da profecia. No decorrer dos filmes, Stark cometeu inúmeros erros em decorrência das suas paranoias e seu medos, com o intuito de proteger o mundo de uma ameaça maior a qual ele acreditava estar por vir. Em Guerra Infinita (2018), ele finalmente confronta o demônio o qual atormentava: Thanos. Porém é derrotado e credita 100% da responsabilidade para si, como sempre. O responsável pelos eventos precedentes da aguardada derrotada, foi ele mesmo.

É tudo sobre Tony Stark. Se ele morre, se ele vive. Se é essencial para a missão, para o macguffin e para o clímax, ou não. Se ele deve salvar o mundo, ou já fez bastante por ele. Até mesmo quando não é sobre um ato altruísta, é sobre Stark. Em Ultimato, 60 meses após o estalo, o filme apresenta uma vida perfeita para o personagem. Ele conseguiu tudo o que sonhou: Uma casa no campo e uma família. O arco do Homem de Ferro se fecha nesse exato momento, ou pelo menos é o que aparenta.

Ninguém:
Irmãos Russo: Hora de fazer Stark sofrer.

No momento em que os Vingadores pedem por sua ajuda, Tony imediatamente nega. Ele não está disposto a perder o que ainda lhe resta, sua vida estável. O que leva o espectador, mais uma vez, acompanhar uma jornada do personagem, indo do egoísmo para o altruísmo. Sendo sincero, quando assisti ao filme pela primeira vez, eu pensei: Ele passou por isso em todos os filmes. Por que fazer de novo?

Mas após assistir novamente, eu percebi, há um fator a mais nesse jogo: A paternidade. Para mim, esse aspecto, ao lado da ansiedade por conclusão, carregam o arco do Vingador Dourado na obra. Veja: O que o motiva a aceitar a missão é lembrar do fato de que ele perdeu Peter Parker no espaço. Claro, não é só isso, mas você entendeu. A paternidade é um tema central para o personagem nessa narrativa.

É como Batman perdendo pela primeira vez um Robin.

Ao tentar recuperar o Tesseract nas instalações da S.H.I.E.L.D, ele encontra Howard Stark, seu pai. O roteiro traça uma dinâmica interessante entre os dois, discutindo os temas propostos através de algo simples: O medo de Howard em se tornar um pai. Isso conversa indiretamente com a principal preocupação do Homem de Ferro nesse filme: Sua família. Não apenas isso, mas quando seu pai diz: “Digamos que eu nunca deixei que o bem maior agisse sobre mim.” ele percebe que o mesmo erro não pode ser cometido duas vezes.

Isso se relaciona diretamente com a jornada do egoísmo para o altruísmo. Durante o ato final, o Thanos do passado vem ao presente (Loucura) para impedir que os Vingadores frustrem o seu plano. As pessoas já foram trazidas de voltas pelo estalo de dedos realizado por Hulk, resta apenas um confronto para que a vitória não se transforme em derrota novamente.

Melhor armadura. Tente mudar minha opinião.

Em determinado momento de Guerra Infinita, Doutor Estranho afirma que dentre os 14,000,605 futuros, apenas nesse existe uma possibilidade de vitória. Vingadores: Ultimato apresenta o único jeito. Quando Thanos consegue a manopla, ele realiza o estalo dizendo: “Eu sou inevitável.” Porém logo após, a câmera corta para Stark com as seis joias em mãos, usando a mesma frase dita ao final de seu primeiro filme: “E…eu sou…o Homem de Ferro.” O vilão é finalmente derrotado, a profecia, desfeita, mas com um custo: A morte de seu profeta, o maior protetor da Terra.

Quando Pepper diz: “Você pode descansar agora”, é o momento em o porquê desse sacrifício ser diferente dos outros é compreendido. Sim, esse é o único em que resulta em sua morte, mas essa não é a questão. O ato altruísta de Tony Stark em Ultimato pode ser considerado egoísta, no bom sentido, pois não era apenas sobre vingar o planeta, era antes de tudo, pessoal.

Descanse agora, Homem de Lata.

Com Thanos retornando ao pó, ele finalmente pode acordar de um longo pesadelo e descansar em paz.

“Parte da jornada é o fim.”

Vingadores: Ultimato está em exibição nos cinemas. Confira a crítica aqui.

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O lado mais sujo do ser humano é exposto em Chernobyl, nova série da HBO.

Choque. Medo. Ceticismo. Negligência. Omissão. Esperança. Tensão.

É completamente natural o ser humano entrar num misto desses sentimentos e atitudes quando se depara com uma grande catástrofe. É como um mar o afogando e não conseguir ver a superfície. Suas próprias emoções podem atrapalhar o seu julgamento. O pior é quando essa confusão emocional permite decisões falhas em prol do Estado e sem saber das consequências desses atos. Pensando que está fazendo um bem para o seu povo, pois este mesmo governo tem tudo sobre o controle. Esse é o clima que o Piloto de Chernobyl passou para o seu telespectador.

Pripyat, abril de 1986. A rotina de todos seguia de forma natural até o início de tudo. O início do fim. O incêndio pode ser visto por quilômetros e os habitantes locais começaram a se preocupar. Ninguém sabia o que estava acontecendo. Já no interior da usina, a equipe de engenheiros cientes do problema começam a traçar planos para conter o incidente. Nisso entra o Camarada Dyatlov. Apesar dos relatos cada vez mais desesperadores sobre a explosão do núcleo, ele permaneceu cético e seguiu o episódio inteiro com uma opinião contrária sobre o ocorrido. Até porque era impossível fisicamente um núcleo explodir, certo?

Dyatlov expôs uma reação já conhecida de alguém que acredita ter a resposta para tudo nessas situações e jamais concluiria algo que fosse o contrário de sua ideia. Essa arrogância misturada com ceticismo são como veneno servido. Tapa os olhos para a verdade. E isso leva para uma outra camada que o episódio apresentou muito bem: A forma como o Estado soube lidar com a situação.

Sempre que acontece um evento desta magnitude é criado um Conselho de Crise com os principais representantes para lidar com o ocorrido e planejar de forma imediata planos de ação. O conselho deste episódio conseguiu deixar o telespectador indignado com a resolução dada, uma vez que souberam ser egoístas o suficiente para concluir de forma rápida que estava tudo tranquilo, apesar do protesto de apenas um membro. Foi como se fosse uma voz no meio da multidão. Foi em vão e essa negligência custou caro.

De um lado, bombeiros apagando o incêndio, segurando partes dos destroços contendo radiação e sofrendo queimaduras. De outro, crianças brincando e adultos olhando para cima enquanto são revestidos por fuligem contaminada. Além dos trabalhadores se tornando vítimas fatais. São cenas fortes que dão agonia por mostrar a falta de preparo de profissionais e a inocência destes moradores, mesmo sabendo que o caos foi iniciado no interior de uma usina nuclear.

Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade.

Essa célebre frase foi dita pelo ministro nazista Joseph Goebbels e se encaixa como luva quando encontramos Valery Legasov, que após esconder gravações contendo todo o seu relato sobre Chernobyl decide cometer suicídio. Ao longo dessa cronologia de dois anos conheceremos inúmeras mentiras sendo ditas assumindo o poder da verdade e Valery será testemunha de tudo como o engenheiro que fez parte do comitê de investigação.

A minissérie convenceu em dar um grau de realismo ao capturar para as telinhas o maior desastre nuclear da história e seus efeitos são sentidos até hoje pela Ucrânia. HBO conseguiu deixar o telespectador compartilhar dos mesmos sentimentos dos personagens em toda a sua duração e o melhor é que os personagens são reais, dando mais veracidade para a trama. Tem tudo para manter a qualidade ao longo dos próximos episódios.

Sendo assim, finalizo mostrando atualmente como está a região afetada pela radiação.

Chernobyl terá apenas 5 episódios.

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Bem-vindos ao Fim! Supernatural surpreende em revelar o Criador da história como último vilão

Deus escreve com uma pena que nunca borra. Fala com uma língua que nunca erra. Age com uma mão que nunca falha.

Inicio este singelo texto com uma frase retirada da internet sobre uma das principais características que os religiosos utilizam para defini-Lo: como um escritor. Um Ser com o poder de escrever a nossa história, ou seja, o autor do maior best-seller conhecido pelo homem, a própria vida. Sendo assim, podemos afirmar que Ele é o dono do nosso destino? Esse questionamento pode deixar muitos sem uma resposta formada, porém Supernatural já respondeu na quarta temporada e nove anos depois, reafirmou de um jeito poderoso. E também perigoso.

Quando Chuck apareceu no episódio 4.18 (The Monster in the End of This Book), ele simplesmente era um escritor que escrevia sua única e importante obra: Supernatural. Situação esta que não passou despercebida pelos Winchesters que ficaram assustados com a fidelidade sobre os eventos de suas vidas sendo narradas nos livros. Numa temporada que estava lidando com a aparição cada vez mais frequente de anjos e demônios, a revelação de que o personagem era, na verdade, um profeta do Senhor acrescentou bastante para a mitologia bíblica para aquele ano que encerraria o maravilhoso ciclo da Era Kripke (criador da série).

Já em Swan Song (5.22) após o fim do embate entre Miguel e Lúcifer (usando Sam Winchester como receptáculo), Chuck é visto escrevendo seu último livro e trajado todo de branco acaba desaparecendo no ar. Tendo retornado apenas na décima temporada, ele deixou a importante pergunta no ar: Ele era Deus? Essa teoria foi a mais aceita pelos fãs, enquanto a própria série não tratava de confirmá-la ou desmenti-la. A resposta veio em 11.20 (Don’t Call Me Shurley) da forma mais simples e sem muitos alardes. Deus por muitas vezes deixou que os caçadores resolvessem os principais problemas e por causa disso, apenas interviu em assuntos de cunho apocalíptico. Sendo o último na forma do nefilim Jack. Desde o desfecho da Escuridão em 11.23 (Alpha and Omega), Deus se fez ausente mais uma vez e retornou apenas no Season Finale da atual temporada para lidar com o filho de Lúcifer.

Assim diz o Senhor dos Exércitos: Administrem a verdadeira justiça, mostrem misericórdia e compaixão uns para com os outros.

–  Zacarias 7:9

Quando Deus assume que a história deve seguir do jeito que escreveu, só mostra o quão egoísta demonstra ser com a sua série favorita. Ele preferiu não interveio durante grandes perdas de nossos personagens ao longo de toda a série. Apenas ficou observando nas sombras. Isso é compaixão?! Não existe misericórdia ao negar ajuda necessária para deter algum mal. Esta ajuda só se torna conveniente para os seus próprios meios, pois ameaça sua escrita. Algo que um escritor odeia é algo atrapalhando a sua narrativa. Por isso, mente. É um choque para Sam e Dean descobrirem que são marionetes do Criador e como sofreram por conta dessa falta de sensibilidade. Tudo por uma boa história, não é mesmo?

Nosso instinto em ler algo que não gostamos é simplesmente fechar o livro e deixá-lo guardado para uma próxima oportunidade. Chuck não dá uma segunda chance. A decisão de Dean em não assassinar Jack acaba com todo o seu planejamento e isso gera uma certa surpresa, pois não era para acontecer. Sua escrita deveria ser imutável, ou seja, sua função acaba perdendo todo o significado.

Ao dar boas-vindas ao Fim de Tudo, temos aqui o anúncio oficial do término de Supernatural. Seu livro acabará por definitivo na 15° temporada. O prazo foi dado com uma enorme bomba relógio trazendo todas as criaturas que os caçadores enfrentaram nessa longa estrada até aqui. Foi uma das táticas mais geniais da equipe criativa da série tornar uma criatura Onipresente, Onipotente e Onisciente como o principal vilão para o seu último ano. Nada mais poético que enfrentar o principal monstro que já assolou o universo desde que O mesmo o criou.

O futuro parece muito promissor e se for feito em mãos capazes, teremos um final digno para uma série que iniciou na busca pelo pai desaparecido sedento por vingança ao demônio que assassinou sua esposa e finalizará com a caçada definitiva a Deus. Chegada a hora de administrar a verdadeira justiça. Sem compaixão. Sem misericórdia.

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Loucura ou Grandeza: Os Deuses abençoaram ou amaldiçoaram Daenerys Targaryen?

“O Rei Jaehaerys disse-me um dia que a loucura e a grandeza eram dois lados da mesma moeda. “Sempre que um novo Targaryen nasce”, disse ele, “os deuses atiram uma moeda ao ar e o mundo segura a respiração para ver de que lado cairá.”

–  Sor Barristan Selmy (Arstan Barba-Branca) em Tormenta de Espadas.

Essa tradição foi tema do diálogo entre Tyrion e Cersei ainda na segunda temporada da adaptação televisiva.

https://www.youtube.com/watch?v=9kejw3PgapM

Um dos privilégios de George R.R. Martin em sua longa escrita é permitir que sua narrativa não seja algo simples. Seus personagens possuem camadas para serem descobertas pelos leitores e como consegue chamar atenção pela riqueza de detalhes sobre o passado do Mundo Conhecido e as principais Casas. O grande exemplo é a Casa Targaryen.

Desembarque de Aegon I aconteceu junto com suas irmãs-esposas, Visenya e Rhaenys.

Tendo uma duração de 300 anos, a dinastia Targaryen foi muito bem balanceada por reis e rainhas notáveis, sendo estes margeando entre a bondade, crueldade e piedade. Características estas que levaram os Sete Reinos numa tormenta (Maegor I, o Cruel) ou na paz absoluta (Jaehaerys I, o Conciliador) ou num período de fanatismo religioso (Baelor I, o Abençoado).

Essa balança permitiu alimentar a tradição do lançamento da moeda para definir o caráter do próximo que viria a sentar no Trono de Ferro. As linhas da fala de Selmy deixam bem claro como todos os habitantes ficavam apreensivos a cada nascimento. Dado ao histórico familiar, a inclinação para a loucura foi aumentando de forma gradativa a cada nova geração e podemos afirmar que esta mácula foi apresentava de formas distintas por seus portadores. Baelor I era o piedoso, porém fanático. Maegor I, Aerion, Aerys II e Viserys eram arrogantes insanos. Então, qual lado da moeda caiu para Daenerys Targaryen?

Tudo parece bastante fácil quando você possui dragões, que lhe garanta vitórias sucessivas. A confiança se transforma em arrogância e esta se torna em algo mais maligno o suficiente para apontar o dedo e confirmar que a maldição continua sendo palco de deuses cruéis. Daenerys já provou um pouco desses sentimentos ao longo da série e com o Series Finale chegando mais rápido que o Gendry bolt correndo sem parar do Além-Norte até a Muralha, a equipe criativa parece-me apressada em torná-la como seu pai, o Rei Louco.

Dany precisou somente de seis temporadas completas para amadurecer, criar um exército, passar por provações e tentar não cometer muitos erros. Até porque como conseguiria governar Westeros se não aprendesse as principais lições como uma Quebradora de Correntes por toda extensão da Baía de Escravos, certo? Ela não foi perfeita, porém deu muito de si para criar novas regras e por fim, esperar o momento certo para quebrar a tão famosa roda westerosi. Este momento chegou e vai custar quanto?

O episódio recente provou que ainda existia algo para ser tirado de nossa personagem principal e assim foi de forma brutal com Rhaegal num ataque surpresa feito por Euron Greyjoy, e no final com a decapitação de Missandei perante a um desesperado Verme Cinzento. Dany vira as costas e sai com um ódio que a chega a gelar a alma. Agora todo cuidado é pouco, pois ela se encontra num campo minado muito bem preparado por Cersei Lannister. Paz nunca foi uma opção. Agora é guerra. As duas rainhas não possuem mais nada a perder e estão dispostas a vencer. Custe o que custar.

É deste sentimento que a mácula se alimenta como um câncer e se alastra sem chance de cura. A Mãe dos Dragões está bem perto de abraçar essa insanidade que sempre esteve flertando com ela nas sombras. O Burn Them All! foi dito por Rei Louco como seu último ato extremo antes de Jaime Lannister assassiná-lo. Sua última ordem foi simplesmente trazer o fogo como o beijo da morte. Ela poderia estar repetindo a atitude do pai? Anteriormente, defenderia que jamais faria isso. Só que após a morte dos Tarly e os eventos deste episódio mais recente, não espero mais nada. Dany pode recuperar a razão e ser mais branda, enquanto acontece o cerco ou impor total medo como seus antepassados fizeram há séculos quando o céu era o palco para a Dança dos Dragões.

A disputa para o Trono ficará acirrada nestes dois últimos episódios.

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Gideon Falls | A Trinca de Terror, Mistério e Loucura do Celeiro Negro

Quando eu comecei a ler Gideon Falls – Vol. 1 – O Celeiro Negro, eu meio que já esperava o que estava por vir. O material em minhas mãos pulsava em induzir-me para uma trama de mistérios, terror e suspense. Bem, devo dizer que Gideon Falls tem um bocado dessas coisas, e tem outras coisas emboladas. Coisas boas e coisas ruins. O clima que esperamos na publicação é real. Um mistério meio que sufocante criado pelo roteirista Jeff Lemire, vai ditando uma narrativa que assemelha à filmes de suspense ou então a mais nova onda de séries de TV sombrias com o clássico Além da Imaginação. Existem momentos em que você pensa se vale a pena dá uma pausa, ir para uma outra leitura mais leve, ou então continuar. Principalmente se você ler como eu fiz as duas da madrugada. O suspense de Gideon Falls nem é tão aterrorizante assim, mas toda a sua construção, principalmente nos traços do (genial) Andrea Sorrentino, colaboram com o desenvolver de toda a trama.

A trama de Gideon Falls – Vol. 1 – O Celeiro Negro é contada a partir de duas narrativas. A do jovem Norton, ambientada em uma grande cidade, que tem em sua paranoia o Celeiro Negro, ele vive a revirar lixo atrás de artefatos ou pedaços que possam comprovar que não é louco. Ao mesmo tempo ele tem um acompanhamento psiquiátrico da jovem Dr. Xu, que com o passar da trama se vê envolvida na loucura ou possível realidade de Norton. A outra narrativa é do Padre Wilfred. Que chega na pequena cidade de Gideon Falls para substituir o antigo pároco. Wilfred é um sacerdote que tem em sua bagagem um passado nebuloso e desviado da Igreja Católica, e ficar de frente à comunidade cristã da pequena cidade, esquecida pelo mundo, lhe parece mais um castigo do que uma dádiva.

As duas tramas vão se misturando na medida em que o misterioso imóvel fantasmagórico vai fazendo suas aparições e a influência da lenda vai minando cada vez mais a história. A grande sacada de Lemire é criar a dúvida entre as duas tramas, enquanto uma vai apresentando momentos de insanidade, de conto da carochinha, a outra vai nos convencendo que o Celeiro Negro realmente existe.

Norton

O ponto negativo fica para o excesso de clichês que vão conduzindo a história. A própria dupla de protagonistas são clichês clássicos. Um padre que perdeu a fé. Um homem que não se sabe se é louco ou se está falando a verdade. Ainda temos uma psiquiatra que se envolve com o paciente, um velho que investiga o Celeiro Negro e todos o consideram maluco, uma policial emocionalmente envolvida com o mistério do imóvel fantasmagórico e que ao mesmo tempo não acredita nele e uma trama da igreja por trás disso tudo. Até mesmo um grande plot mais perto do final é meio que óbvio, mas pode parecer brincadeira, ele parece ser óbvio de propósito até. Jeff Lemire abusou de tipos que são comuns em diversas outras histórias para serem os condutores de sua trama, mas confesso que “ponto negativo” é algo meio que forte até pode soar como um baita defeito, mas o roteirista escreve muito bem os personagens, e tenta ao máximo tirar todos eles do lugar comum que geralmente são introduzidos. Essa construção do clichê para algo diferenciado se deve muito ao Sorrentino.

Padre Wilfred

Como dito aqui antes, os traços de Andrea Sorrentino são únicos. Eles ditam até as características emocionais e psíquicas dos personagens, como por exemplo Norton. Que sempre está com uma máscara cirúrgica e nunca aparece o seu rosto. O roteiro de Jeff Lemire é bem contado e desenvolvido graças as técnicas que o desenhista usa. A diagramação e os quadros ajudam nos momentos sufocantes da trama, fazendo elevar a expectativa pela próxima página. E ao mesmo tempo, nos momentos de calmaria fazem nossos olhos relaxarem. Vale ressaltar também o fabuloso trabalho de colorização de Dave Stewart. Conhecido pelas cores em Hellboy, Stewart fez das cores personagens à parte. Existem momentos em que estamos acompanhando um devaneio de Norton vendo a sua insanidade cinzenta bem ameno, ou um momento em que o Padre Wilfred está simplesmente conversando em tons pasteis atrativos para os olhos, e ao virar a página no momento de tensão em que o roteiro demanda, um tom vermelho sangue salta para cima do leitor. A colorização é uma das engrenagens que fazem o roteiro funcionar.

Eu não saberia dizer se a história que Jeff Lemire quis contar em Gideon Falls seria possível sem Andrea Sorrentino e o Dave Stewart, acho que o bolo final sem esses ingredientes ficaria sem sabor. Mas a soma dos três, vão conduzindo o leitor pela a história o segurando até o fim, valendo totalmente o investimento. Alguns leitores podem começar a leitura esperando com algo mais hardcore sendo entregue logo de início. Mas não é assim em Gideon Falls. A trama é toda uma construção, com suspense, ora com viés de terror, ora com viés psicológico.

Gideon Falls – Vol.1 – O Celeiro Negro tem formato 26,6 X 17,2 cm, 160 páginas e capa dura. No Brasil, a publicação está sendo pela editora Mino, que recentemente lançou o Volume dois.

 

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Gerard Way: da música aos quadrinhos

Nascido em abril de 1977, Gerard Arthur Way, mais conhecido apenas como Gerard Way, é hoje um dos nomes mais curiosos da indústria norte-americana de quadrinhos mainstream. Ex-vocalista da banda My Chemical Romance, Way possui um longo histórico de contato com HQs, tendo crescido no meio e sendo inspirado pelas histórias que impactaram sua vida para a escrita de suas músicas.

Alérgico a gatos e com pavor de agulhas, quem conhece Gerard Way pelo seu sucesso com a banda de rock My Chemical Romance, em atividade de 2001 a 2013, pode não imaginar a jornada do cantor até o estrelato. Antes da carreira profissional Way esteve em contato com a música desde muito cedo, na época da escola. Em paralelo com a experiência musical, durante a adolescência trabalhou em uma comic shop e até mesmo participou do Sally Jessy Raphael Show, um talk show onde o assunto abordado na ocasião foi a perspectiva de publicidade dada pelos quadrinhos aos crimes do serial killer Jeffrey Dahmer.

Aos 16 anos, Gerard Way esteve na plateia de um debate sobre quadrinhos de Jeffrey Dahmer, no Sally Jessy Raphael Show.

Seu contato com quadrinhos não-tão-mainstream se deu com a ajuda de um amigo chamado Scott. Nessa época seu encontro com tais obras foi especialmente marcado por séries diferentes do habitual como Flaming Carrot (da Renegade Press e Dark Horse Comics) e Patrulha do Destino (da DC Comics, na época escrita por Grant Morrison), entre algumas outras, sendo que esta segunda teve destaque especial em sua vida.

Sua primeira tentativa de entrar para o mundo das HQs foi com a série On Raven’s Wings, publicada pela Bonyard Press e cancelada após duas edições por conta da saída do artista do título. Way tinha apenas 16 anos neste momento.

Durante o período em que trabalhou na comic shop um evento terrível se desenrolou, quando houve um assalto e uma arma esteve apontada para sua cabeça enquanto o assaltante o pressionava contra o chão. Esta experiência trágica (e possivelmente traumática) foi marcante no futuro para a criação de parte de suas músicas e sua banda, além de colaborar com sua obsessão por assuntos relacionados a morte, algo existente desde muito cedo e que sempre ditou o tom de My Chemical Romance.

Com foco em seguir carreira no mundo dos quadrinhos, Gerard entrou para a School of Visual Arts de Nova York e graduou-se em 1999.

Crazy Jane diz ao Homem-Robô que “a vida não significa” nada. Trecho da Patrulha do Destino de Grant Morrison e Richard Case.

Influenciado por bandas como Iron Maiden, Queen, The Smiths e The Misfits, Gerard queria ser guitarrista. Sua avó, homenageada na música Helena, foi a primeira a incentivar sua carreira musical dando-lhe uma guitarra quando tinha oito anos. Ao desistir da ideia (depois de experiências ruins), manteve por um tempo o foco na carreira artística até, após os acontecimentos do atentado do 11 de setembro, escrever uma música que viria a se tornar o primeiro single de MCR, Skylines and Turnstiles.

O atentado mudou sua linha de pensamento e a vontade de fazer a diferença cresceu aos poucos. My Chemical Romance teve início em 2001 e no ano o seguinte o grupo lançou seu primeiro álbum. A composição da banda ficou marcada como: Gerard Way no vocal, Ray Toro e Frank Iero como guitarristas, Mikey Way (irmão de Gerard) no baixo, e o baterista Bob Bryar, com participação do tecladista James Dewees.

Three Cheers for Sweet Revenge, lançado em 2004, foi o primeiro sucesso comercial da banda (apesar de ser o segundo álbum da mesma), que desde então deslanchou completamente atingindo o ápice com The Black Parade (2006), seu álbum mais famoso e aclamado. Suas composições tornaram-se famosas por, além da temática e clipes que conversavam com muitos dos que viriam a se tornar fãs, contarem histórias completas através de letra e vídeo.

My Chemical Romance

Durante seus mais de doze anos de vida, My Chemical Romance teve certa influência nos quadrinhos e também herdou algumas características das preferências dos irmãos Way. O single Desolation Row, cover de uma música de Bob Dylan, foi lançado em 2009 e criado para estar presente nos créditos finais da adaptação cinematográfica de Watchmen, lançada no mesmo ano, dirigida por Zack Snyder e levando às telas a obra máxima de Alan Moore e Dave Gibbons.

A banda e os trabalhos artísticos ajudaram Gerard a lidar com depressão, alcoolismo e uso de drogas. As músicas que compuseram o álbum The Black Parade chegaram a impactar o famoso autor norte-americano Grant Morrison (ele mesmo, da Patrulha do Destino), ícone da juventude de Way que posteriormente viria a se tornar seu grande amigo.

Morrison esteve em alguns clipes de My Chemical Romance, sendo um deles SING, onde viveu um ciborgue que protege os interesses de sua empresa. Em Na Na Na (Na Na Na Na Na Na Na Na Na), Morrison deu vida a um líder de uma banda inimiga de mascarados. Em seu livro Superdeuses, Grant tece diversos elogios às músicas do MCR e as classifica como essenciais de um determinado período artístico moderno/punk/emo.

My Chemical Romance foi oficialmente encerrada em 2013, mas durante sua carreira musical em grupo Gerard começou a produzir o que veio a se tornar sua série de maior sucesso: The Umbrella Academy, uma família disfuncional de super-heróis.

Em 2007 o autor começou a escrever Umbrella Academy e desenhou a versão original, que posteriormente foi redesenhada pelo artista brasileiro Gabriel Bá; o primeiro arco ganhou uma compilação pela Dark Horse Comics no encadernado Suíte do Apocalipse, trazido ao Brasil pela editora Devir.

Ganhadora do prêmio Eisner de 2008, UA herdou muito de quadrinhos como Hellboy e da já mencionada Patrulha do Destino, inserindo uma perspectiva musical que pareceu ser uma associação óbvia vindo de quem escreve esta série. Dallas, o segundo arco, foi lançado ainda em 2008 e somente após dez anos o terceiro, Hotel Oblivion, chegou às comic shops norte-americanas.

O segundo encadernado também foi lançado no Brasil, e Gerard até mesmo veio à CCXP em 2015 para painéis e sessões de autógrafos. Em 2019 a série live-action produzida pela Netflix estreou e tornou-se um grande sucesso do serviço de streaming, criando novos fãs em todo o mundo.

The Umbrella Academy na arte de Gabriel Bá.

Way, entretanto, não se limitou a produzir Umbrella Academy. The True Lives of the Fabulous Killjoys, lançada em 2013, foi uma série co-escrita por Gerard e seu parceiro e ídolo Shaun Simon, com arte de Becky Cloonan. A minissérie, publicada nos EUA pela editora Dark Horse, serve como sequência ao álbum Danger Days do MCR e possui muita influência de Os Invisíveis, outra série original de Grant Morrison. Nesta época também fez alguns trabalhos para a TV, como a direção de episódios para The Aquabats! Super Show! do canal The Hub.

Em 2014 sua estreia na Marvel Comics se deu com a série Edge of Spider-Verse, que trouxe alguns universos alternativos do Homem-Aranha aos quadrinhos. Sua história criou a personagem Peni Parker, uma garota nipo-americana que pilota uma armadura bio-mecânica chamada SP//dr.

Peni Parker foi destaque no filme animado vencedor do Oscar, Homem-Aranha no Aranhaverso, lançado em 2018 e dirigido por Phil Lord e Christopher Miller, mentes criativas por trás de Uma Aventura Lego.

Peni Parker, criação de Gerard Way, foi um dos destaques do filme Homem-Aranha no Aranhaverso.

Apesar das criações constantes para o universo dos quadrinhos, após o fim do My Chemical Romance Gerard iniciou sua carreira solo em 2014 assinando um contrato com a Warner Bros. Records. Algumas de suas músicas deste período estiveram na série de TV de Umbrella Academy, tanto nos trailers quanto nos episódios propriamente ditos.

Uma de suas ideias para o nome de um novo álbum solo foi Young Animal. Apesar de sonoro, este nome não chegou a estar presente em sua vida musical e tornou-se um selo de quadrinhos da DC Comics chefiado por Gerard como consultor criativo e marcando o que viria a ser sua publicação “mais esperada” nas palavras do próprio: sua versão da Patrulha do Destino.

O selo Young Animal concretizou um dos maiores sonhos de Gerard: criar sua própria versão da Patrulha do Destino.

DC’s Young Animal teve início em 2016 com foco em relançar alguns personagens esquecidos da DC Comics visando atingir novos públicos. Com proposta similar ao que foi feito com a Vertigo, as séries apresentadas neste selo focam no experimental e na liberdade criativa dada aos roteiristas e artistas, que publicam de acordo com seus ritmos. A diferença é que além dos editores, Gerard é o curador das obras lançadas por aqui.

A primeira encarnação de Young Animal chegou às comic shops com Patrulha do Destino (de Gerard Way e Nick Derington), Shade the Changing Girl (de Cecil Castellucci e Marley Zarcone), Cave Carson has a Cybernetic Eye (de Jon Rivera, Gerard Way e Michael Avon Oeming) e Madre Pânico (de Jody Houser e Tommy Lee Edwards). Esta última série é baseada em uma ideia inicial de Way, ambientada na cidade de Gotham. A seleção das equipes criativas foi feita de acordo com as características de cada série, com mulheres chefiando revistas como Shade the Changing Girl, por exemplo.

Atualmente Young Animal já possui outros títulos e os mencionados acima seguem sendo publicados sem periodicidade definida. Sua própria versão da Patrulha do Destino, como contado em entrevistas, sofreu algumas alterações ao longo dos anos e passou de uma obra mais séria e densa a algo mais descompromissado, porém com ideias verdadeiramente criativas que falam sobre assuntos muito humanos.

A Patrulha do Destino de Gerard Way introduz novos personagens e resgata os clássicos.

Em entrevista dada ao Fatman on Batman, de Kevin Smith, Gerard mencionou que no ponto atual de sua carreira não existem itens em sua “Lista de Desejos” e basicamente todos seus maiores sonhos de infância e juventude já se concretizaram, especialmente com o sucesso de sua Patrulha. Em uma das edições da revista, a comic shop em que trabalhou quando adolescente aparece na história, e esta foi sua homenagem prestada ao passado.

Nas redes sociais, com destaque para o Instagram, o autor divulga as obras do Young Animal e as comenta, uma por vez. Sua jornada de fã até se tornar um profissional da área é verdadeiramente inspiradora. Hoje, muitos ícones do passado já trabalharam em suas obras ou estiveram em contato próximo. Alguns nomes são Brian Bolland, que desenhou uma das capas variantes de Patrulha do Destino, e Frank Miller, com quem teve a oportunidade de jantar em reuniões da DC Comics.

O terceiro arco de histórias de sua Patrulha começará em julho nos Estados Unidos. No Brasil, as obras do selo Young Animal estão sendo publicadas pela editora Panini em encadernados com acabamento luxuoso em capa dura, e são encontrados atualmente em algumas bancas, lojas especializadas e livrarias.