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A confortável viagem na sinestesia de Paul Está Morto

Muito se idealiza sobre o passado. Existe sempre uma aura de sagrado em tempos anteriores pois o distante parece irretocável. Na literatura, Luis de Camões já demonstrava essa questão em Os Lusíadas, onde os portugueses em vias de desembarcar e explorar as Américas no século XVI enfrentavam criaturas que iam além da compreensão humana em mares nunca antes navegados. Na Idade Contemporânea não é necessário ir muito longe para alcançar um período onde o real e fantástico se entrelaçam: a segunda metade da década de 60 do século XX isso era visto tanto na música quanto nas histórias em quadrinhos, pois nem a lama de Woodstock foi capaz de sujar essa época.

Nos quadrinhos, a editora Éric Losfeld trazia ao público europeu cores berrantes e viagens psicodélicas que muito se questiona a respeito da sobriedade de seus autores. Barbarella, Kris Kool, Saga de Xam, Les Aventures de Jodelle e outras histórias estavam na vanguarda da narrativa gráfica em uma onda que até hoje não se desfez. O datado aqui não existe e o tempo nem sequer pode ser considerado relativo: na verdade, ele nem é cogitado. Por isso, todas essas obras continuam futuristas até hoje.

Kris Kool e Saga de Xam marcam o experimentalismo e psicodelia na narrativa gráfica até os os tempos atuais (IMAGENS: 50watts.com e formidablemag.com)

Investigando esse mesmo fenômeno no ramo da música, chegamos logo aos Beatles. Os rapazes, que eram o sonho de qualquer qualquer filha para se casar, deixavam para trás sua marca de bem-comportados. Tal atitude se tornou mais evidente em 28 de agosto de 1964 quando em um quarto de hotel Bob Dylan os apresentou a maconha. O quarteto até tentou disfarçar: lançou logo depois os álbuns Beatles For Sale e Help! que ainda trazia sua marca já conhecida, mas o logotipo do subsequente Rubber Soul, lançado menos de quatro meses depois do álbum anterior, já denotava que algo diferente já pairava não só no ar, mas também nos pulmões e na cabeça da banda mais célebre de Liverpool. Para nossa sorte, o “estrago” feito por essa e outras drogas já estava feito e os melhores álbuns dos Beatles foram lançados a partir daí.

IMAGEM: Comix Zone

Paul Está Morto se passa justamente nesse período: no ano seguinte ao lançamento de Rubber Soul e entre o lançamento dos aclamados álbuns Revolver e o Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band. As cores das roupas, os experimentos nas gravações em estúdio, as discussões estressantes de uma vida que era dedicada quase que em sua totalidade ao trabalho dos músicos atacaram o hemisfério direito dos autores estreantes no mercado editorial brasileiro Paolo Baron (roteiro) e Ernesto Carbonetti (desenhos) em busca de uma narrativa livre sobre o que pode ter acontecido nos bastidores do que viria ser o ápice dos Beatles, mas que resultou na dissolução da banda cinco anos depois. O hemisfério direito do cérebro, responsável pela criatividade humana responsável por parir Paul Está Morto, é coincidentemente a mesma região mais influenciada pelos efeitos da marijuana, musa do grupo musical a partir de então.

Por isso mesmo, não dá para fugir da psicodelia gráfica em Paul Está Morto: as cores são extremamente vivas e ditam o ritmo da narrativa. As cores marcam a tensão, velocidade e linha temporal a cada quadro em que a história se desenvolve. As cores pulam, esparramam e fogem dos quadros quase espirrando no rosto do leitor, trazendo-o para dentro da história e o colocando como testemunha ocular da turbulenta vida particular que era abafada pelos sorrisos talvez forçados fotos para revistas e jornais, gravações de discos, aparições na TV e qualquer representação de mídia onde era praticamente uma obrigação passar a imagem de que os Beatles era uma banda formada por pessoas perfeitas, mas a verdade era muito diferente.

IMAGEM: Comix Zone

Como já bem denota no título, a HQ mostra a tentativa de abafar a notícia da suposta morte de Paul McCartney e suas irreversíveis consequências. A influência dos Beatles era tão grande a ponto de temer uma onda de suicídios em massa por fãs da banda. Era mais do que necessário que a situação nunca viesse à tona, inclusive buscando um hipotético sósia. O mais interessante dessa visão nas entranhas na história da música é o destaque dado a Geoff Emerick (engenheiro de som), George Martin (produtor) e principalmente Brian Epstein, empresário dos Beatles. Tais personagens costumam cair no esquecimento e seus nomes são apagados como marcas na area da praia, mas não aqui.

IMAGEM: Comix Zone

A edição da Comix Zone faz jus à questão gráfica da HQ. A impressão da Ipsis Gráfica mantém o nível das cores que, caso não fosse bem executado, estragaria a leitura. O papel couchê aqui se torna imprescindível para trazer as cores mais vivas e reluzentes possíveis da arte de Carbonetti, justamente como se via nos projetos gráficos oficiais que envolviam os Beatles de 1966 em diante. Como extras, temos depoimentos e comentários dos autores a respeito de seu roteiro e arte, e como trouxeram sua marca pessoal em uma história já tão conhecida e com personagens mais famosos ainda, ainda mais usando como referência imagens reais dos personagens. É difícil trazer algo novo para uma história que praticamente se tornou um conto do folclore mundial, ainda mais mantendo um ritmo quase musical à leitura.

Até hoje especula-se se Paul de fato é o mesmo ou foi substituído. Diversas teorias da conspiração são discutidas através de supostas mensagens subliminares nas capas de álbuns dos Beatles do Sgt. Peppers até Let it Be, último álbum da banda. No fim das contas, podemos somente imaginar. Nada é comprovado, e não sabemos se isso é o mundo real ou mais uma viagem psicodélica como tantas outras. Para nós, basta apenas se divertir com tudo isso, e a versão apresentada em Paul Está Morto cumpre esse papel.

Paul Está Morto
Paolo Baron (roteiro)
Ernesto Carbonetti (arte)
Thiago Ferreira (tradução)
Audaci Júnior(revisão)
120 páginas
24 x 17 cm
R$59,90
Capa Dura
Comix Zone
Data de publicação: 09/2020

 

 

 

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Reanimator: Uma nova tentativa de realizar um velho desejo

Passados 4 anos de seu último lançamento pela Veneta, Juscelino Neco volta com seu terceiro título que, mesmo apresentando diferenças em seu traço, mantém as raízes já fincadas na sujeira e podridão de seu submundo particular.

A forma mais fácil e eficaz de introduzir medo em um ambiente é apresentando-o ao desconhecido. Dentre os campeões na categoria, temos a morte. Não à toa, esta condição que marca o fim da vida levou o Imperador de Roma Constantino I a se converter ao cristianismo, convencido de que seu profeta na terra de fato ressuscitou após ser pregado em uma cruz e, três dias depois de ser dado como morto, escapou do mal irremediável para todos. Se hoje em dia temos a comemoração da Páscoa, Natal e outros feriados cristãos, a culpa em boa parte é pelo medo de morrer.

Tentando vencê-lo, o médico Herbert West cria uma substância parecida em forma e efeito com a heroína, mas a descrença na possibilidade do resultado final o faz ser humilhado e achincalhado por seus companheiros de profissão.

Foto: Reprodução/Veneta

Sem alternativas, West encontra no crime a única forma de progredir com seus estudos de trazer os mortos de volta à vida e, não por coincidência, a semelhança de sua criação com a popular droga ilícita acaba deixando as pessoas vivas que a experimentam “mais vivas ainda”, o que resulta em um consumo inesperado por seu parceiro de empreitada e outras pessoas, fugindo de sua ideia inicial e gerando um novo problema na saúde pública.

Todos os personagens de Reanimator são antropozoomórficos: Ratos, porcos, cavalos, vacas e todos os outros comumente usados como adjetivos que, convenhamos, já atribuímos a algum ser-humano em momentos de nossas vidas, estão lá. Dessa forma, somos tão animais quanto eles e, muitas vezes, mais ainda que os nossos companheiros de reino biológico.

O espaço expressivo de datas entre os lançamentos de Parafusos, Zumbis e Monstros do Espaço (2013), Matadouro de Unicórnios (2016) e Reanimator (2020) mostra também que o tempo contribuiu para a mudança no traço do autor: Juscelino Neco vai de uma arte praticamente em linha clara em Parafusos para um desenho mais hachurado, curvo e com muito uso de preenchimentos em preto aqui em Reanimator.

Foto: Reprodução/Veneta

O preto é tido pelas leis da física como uma “cor egoísta” que absorve todas as outras cores e concentra o calor só para si. A escolha artística para representar o obscuro e underground com o uso cada vez maior do preto por Juscelino mostra que, em todo esse período, o desenhista também foi influenciado por outros, absorvendo para si a influência de outras vertentes mas, diferente do que em teoria deveríamos ter aprendido nas aulas de óptica em Física IV, Juscelino compartilha o que aprendeu conosco e não guarda essa energia armazenada apenas para seu âmbito privado. Caso fosse seguida a rigorosidade científica o preto não é uma cor e sim a ausência de cores, mas o que temos na obra é a junção de elementos e não a subtração de artifícios.

Foto: Reprodução/Veneta

Apesar da inspiração em H P Lovecraft, o que se vê aqui é muito mais a presença do escritor norte-americano como “uma pitada de sal” e com isso a história passa bem longe de ser considerada uma adaptação literária. O prefácio pra lá de sincero escrito por Rafael Campos Rocha já denotava o que estava por vir e Juscelino, apesar de se equilibrar no lombo de Cthulhu tomando todo o cuidado para não cair, maneja as rédeas e tentáculos de seu “mascote” fazendo o que quer com ele.

Foto: Reprodução/Veneta

Dentre as diferenças de condução com o autor original, um instrumento muito evidente na narrativa de Reanimator é o humor, que também esteve presente na adaptação cinematográfica de 1985 baseada no mesmo conto. Diversas sacadas são vistas nessa área que por vezes se desvencilha da questão do horror tão famoso de Lovecraft e a história mais se aproxima dos quadrinhos de Gilbert Shelton, Robert Crumb e Simon Hanselmann, autores não publicados apenas pela Veneta, mas por outras editoras por onde passaram os editores que, assim como os que toparam cair no experimento de Mr. West, aceitaram dar vida às doideiras de Juscelino.

Juscelino é, mesmo que de forma subliminar, uma criação de Rogério de Campos. Rogério foi editor das maiores influências de Juscelino em editoras passadas e continua sendo agora na Veneta, editora que além de publicar Reanimator, trouxe vida aos outros já citados títulos do autor. Rogério é como se fosse Mr. West, os quadrinhos são a substância misteriosa e Juscelino é… bem, melhor ele escolher em qual personagem se encaixar.

Foto: Reprodução/Veneta

Mesmo contendo mais de 130 páginas (mantendo a média narrativa do autor que gira sempre entre 100 e 150 páginas) que abrigam não só a história mas também pin-ups de artistas convidados, Reanimator é uma leitura rápida e leve que facilmente pode ser devorada de uma vez só. Assim, não há o que temer aqui: Pode experimentar sem medo.

Reanimator
Juscelino Neco (roteiro e arte)
Howard Phillips Lovecraft (conceito)
152 páginas
22 x 15 cm
R$54,90
Capa cartonada
Veneta
Data de publicação: 10/2020

 

 

 

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Divulgadas as primeiras páginas de Amazing Spider-Man 850

Desde sua criação em 1963 pelas mãos de Stan Lee e Steve Ditko, Amazing Spider-Man, título principal das histórias do Homem-Aranha nos Estados Unidos, passou por diversas reformulações que, dentre outras ideias editoriais, teve sua numeração zerada três vezes desde 2014. 

Apesar da caótica contagem, todas as encarnações da publicação agora atingem somadas a marca histórica de 850 edições, que terá a seguinte capa regular assinada por Ryan Ottley: 

Mesmo com esse número total, a edição também será conhecida como Amazing Spider-Man Vol.5 nº49, graças a mais um processo que zerou sua numeração, esse mais recente datado de julho de 2018.

Divulgadas inicialmente pelo site Comic Book Resources, as primeiras páginas internas da edição podem ser conferidas a seguir:

IMAGEM: cbr.com
IMAGEM: cbr.com
IMAGEM: cbr.com
IMAGEM: cbr.com
IMAGEM: cbr.com
IMAGEM: cbr.com

A edição terá quatro histórias distintas produzidas por um grande time de colaboradores, com o roteiro de Nick Spencer, Tradd Moore, Kurt Busiek e Saladin Ahmed, e com arte nas mãos de Ryan Ottley, Humberto Ramos, Mark Bagley e Chris Bachalo. Tanto o time de roteiristas quanto de desenhistas foram responsáveis por várias das histórias do Amigão da Vizinhança nas duas últimas décadas. Dentre as tramas apresentadas, em uma delas teremos o retorno do Duende Verde, o mais tradicional vilão das histórias do personagem.

Para marcar a conquista de forma ainda mais expressiva, a HQ ainda contará com, segundo informações divulgadas até agora, quinze capas variantes, produzidas por Joe Quesada, Olivier Coipel, Bruce Timm, J. Scott Campbell, Patrick Gleason, entre outros.

Amazing Spider-Man nº 850 terá 96 páginas chegando às Comic Shops norte-americanas no próximo dia 7 de outubro com preço de capa de U$9,99. Ainda não há previsão da edição ser publicada no Brasil.

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Terry Moore, de Estranhos no Paraíso, divulga capa de sua nova série

Mais conhecido mundialmente pela série em quadrinhos Estranhos no Paraíso, Terry Moore retorna ao seu principal gênero com Serial, HQ que narra a história de Zoe, uma garota de 10 anos de idade que, ao ser possuída pelo demônio conhecido como Malus, torna-se uma assassina serial. Algum tempo após o anúncio da nova série, a capa da primeira edição finalmente foi divulgada pelo autor via Twitter:


A capa ainda conta com as cores de Steve Hamaker que, também via Twitter, afirmou que a coloração final foi fruto de muita frustração, mas o resultado obtido foi “um visual loucamente bacana” que o próprio colorista assume que não pensa ser capaz de repeti-lo.

Serial trata-se de um spin-off de Rachel Rising, série finalizada em 42 edições regulares entre 2011 e 2016. Introduzida como coadjuvante na série original, Zoe rapidamente se tornou popular entre os leitores, gerando inclusive uma enquete onde poderia ser escolhida sua próxima vítima dentro da história. Serial terá um total de 10 edições com previsão de lançamento da edição nº 1 para Janeiro de 2021 nos Estados Unidos pela Abstract Studio, editora independente criada pelo próprio autor.

Terry Moore possui uma considerável bibliografia, passando por Aves de Rapina, Fábulas, Fugitivos e Gen 13. Dentre seus trabalhos autorais, além de Rachel Rising, inclui-se na lista Echo, Five Years e Estranhos no Paraíso, sua única obra autoral publicada no Brasil até hoje, atualmente coletada em encadernados pela Devir Livraria.

IMAGENS: empresas.devir.com.br

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Spawn terá capa em homenagem a Chadwick Boseman

Todd Mcfarlane, desenhista e presidente da Image Comics, prestará tributo ao ator Chadwick Boseman com a ilustração da capa variante na edição 311 da série regular de Spawn, criação mais popular de Mcfarlane dentro de sua própria editora. Boseman faleceu no último 28 de agosto aos 43 anos de idade por complicações decorrentes de um câncer colorretal.

IMAGEM: previewsworld.com

A capa trará o ator nas vestimentas do Soldado do Inferno fazendo a icônico reverência Wakanda Forever, sendo Wakanda a nação fictícia comandada por T’Challa, também detentor da identidade de Pantera Negra, seu mais conhecido papel no cinema, principalmente no filme homônimo de 2018. O próprio Mcfarlane foi responsável também pelo roteiro da edição cuja história conta com arte interior de Carlo Barberi e capa regular de Francesco Mattita.

IMAGEM: previewsworld.com

Após a divulgação da capa, Mcfarlane enfatizou a importância do ator não só para o cinema, mas também como inspiração para milhões de pessoas. Assim como T’Challa, Al Simmons, o primeiro Spawn criado por Mcfarlane, também é afrodescendente.

Spawn nº 311 terá como trama o início da saga Cult of Omega, arco em três partes onde Spawn descobre uma sociedade secreta cujos membros são capazes de unir forças para tornarem-se mais poderosos que qualquer outro Spawn já visto.

Além das duas capas já apresentadas, Spawn 311 ainda terá uma terceira variante com arte de Carlo Barberi com arte ainda a ser divulgada. Spawn nº 311 chega às Comic Shops estadunidenses em 28 de outubro de 2020 ao valor de U$2,99. No Brasil, após publicação ininterrupta pela Editora Abril entre 1996 e 2005 com o total de 150 edições, Spawn teve uma caótica mudança de editoras no país sendo a Editora New Order a mais recente, iniciando sua publicação do personagem com o encadernado Spawn: Ressurreição em junho de 2019.

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Quino, cartunista argentino criador da Mafalda, morre aos 88 anos

Através das páginas oficiais do artista nas redes sociais, foi informado o falecimento de Joaquín Salvador Lavado Tejón, o Quino, aos 88 anos de idade vítima das sequelas de um AVC (Acidente Vascular Cerebral) sofrido nos últimos dias.

Nascido em 17 de julho de 1932 em Mendoza, Argentina, iniciou sua carreira em 1950 desenvolvendo ilustrações voltadas à campanhas publicitárias, que serviram de embrião para a criação de Mafalda, sua principal obra, em 1963. Mafalda tornaria-se tira de quadrinhos em 1964 e teve publicação ininterrupta até 1973. Após o encerramento das tiras e inicial relutância do autor, Mafalda foi adaptada em animações, ganhando entre os anos 80 e 90 mais de 200 desenhos curtos assim como suas tiras, cada capítulo contendo entre 45 e 90 segundos de duração.

https://youtu.be/7pHz9VBgHtI

No Brasil, Quino foi publicado por décadas em jornais em revistas, começando a ser reunido de forma expressiva em 1973 na revista em quadrinhos Patota, publicação da editora Artenova que reunia também outros personagens consagrados como Peanuts, Hagar, O Horrível, Zé do Boné e Pernalonga, na época conhecido como O Coelho Muito Louco. Em revistas, sua última publicação brasileira foi na editora Abril com a Superinteressante em meados dos anos 2000, contendo suas charges principalmente da sua fase pós-Mafalda.

IMAGENS: Mercadolivre.combr e uiadosquadrinhos.com
IMAGENS: Mercadolivre.com.br e Guiadosquadrinhos.com

Para livrarias e lojas especializadas, a partir dos anos 80 a Editora Martins Fontes inicia uma extensa linha de publicações do autor que dura até os dias atuais, publicando todo o material referente a Mafalda em volumes avulsos e na antologia Toda Mafalda, além de vários outros títulos do autor contendo charges e ilustrações, como Quinoterapia, Que Presente Inapresentável e Deixem-me InventarNo Brasil, seu trabalho mais recente é Isto Não é Tudo, publicado em setembro de 2018.

IMAGENS: Amazon.com

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Torre Entrevista | Charlie Adlard

Procurando diferenciar suas publicações, a editora norte-america Image Comics começou a publicar The Walking Dead ao fim do ano de 2003, dando início a uma transição editorial que só chegaria ao seu ápice em 2012, justamente no seu vigésimo aniversário. Desde então a Image vive o que é, para muitos, seu melhor momento: Lazarus, Saga, The Wicked & The Divine… todos títulos premiados são provenientes de uma fase que teve início exatamente com a epopeia de Rick Grimes, Carl, Michonne e cia.

A obra começou a ser publicado no Brasil bem antes de seu auge comercial: Em 2006, pela extinta Editora HQM. Duas versões foram lançadas: Sob o título de Os Mortos-Vivos, vieram encadernados com seis edições mensais cada em formato menor que as versões norte-americanas. Depois foi publicada a versão mensal, já com o título original, entre 2012 e 2017.

Em 2017, após o fim de contrato da HQM e ainda incompleta, a obra foi retomada desde o início em encadernados no formato original pela Panini Brasil e, após uma frequência intensa de publicação com encadernados quase mensais, chegamos ao fim da saga por aqui, agora em setembro de 2020.

Para falar não só a respeito The Walking Dead, mas sobre vários de seus projetos que vão além dos quadrinhos, conversamos com Charlie Adlard que, substituindo Tony Moore para ilustrar os roteiros de Robert Kirkman, tomou as rédeas do traço da publicação a partir da edição mensal nº 7 e só saiu na edição nº 193, justamente a última da série.

Depois de 16 anos, The Walking Dead chegou ao fim. Essa decisão é “como deixar a casa dos pais”: Difícil, mas necessária?

Com certeza! O que mais posso dizer? Eu acho que [eu e Robert Kirkman] regemos o caminho da história em quadrinhos para um fim natural. Passamos por vários percursos e arcos de história para completar a narrativa. Eu estava começando a ficar, digamos… exausto. Exausto no sentido de não saber onde iríamos parar. Então cheguei a dizer ao Robert que, quando quer que terminemos a HQ, teríamos que acabar por cima. Não queríamos chegar ao fim quando ninguém percebesse, pois ninguém mais se importava e não lia mais a história. Fizemos uma promessa mútua que seria assim que iria acontecer.

The Walking Dead Volume 32 – Descanse em Paz. Panini Comics Brasil (2020) Imagem: Panini.com.br

A todo tempo durante a história vocês falavam sobre a morte, que é a situação mais desconhecida pelo ser humano, porque ninguém sabe o que de fato acontece depois. Os zumbis são uma interpretação da morte. Como é para você ter que voltar frequentemente a este assunto tão nebuloso e não deixar o leitor saturado sobre isso?

Hmmmm… bem, quer dizer… Zumbis são obviamente uma dessas coisas que você disse. Uma das coisas mais assustadoras sobre eles é isso aí. Já disse muito. É quase como… a derradeira forma de sair desse plano. Porque se pensa “[depois de morrer] olha o que vai acontecer contigo!” É um panorama muito assustador. Especialmente do jeito que fizemos. Então é… ah! Perguntinha difícil essa que você fez pra mim!

Estou aqui pra isso!

É… eu espero que, esperançosamente, tenhamos demonstrado isso, porque essa é uma HQ de terror. Não é de terror por ser um pouquinho assustadora ou chocante: Nosso terror é aquele que arrepia a mente na ideia de que, quando você morre, é isso que vem depois. É algo muito horroroso.

Capa dupla de The Walking Dead nº 100, que apresentava vários personagens da trama que haviam falecido até então. Image Comics (2011). Imagem: Amazon.com

Falando da sua banda Cosmic Rays, onde você toca bateria, Dave Mckean declarou em um painel que não tem uma arte dominante. Ele também faz teatro, música, cinema… porque, caso contrário, fica entediado. Para você é o mesmo? Como administrar essas duas tarefas uma vez que você é quadrinista e vive com prazos bem rígidos?

Cosmic Rays – Trust the Process (2017). Imagem: Bandcamp.com

Diferente de Dave, eu tenho uma paixão dominante que são as HQs. Eu acho que sou melhor quadrinista que baterista e sou o primeiro a admitir isso. Por isso provavelmente escolhi essa carreira para viver a tentar a sorte como músico. Mas, por outro lado, é ótimo ter outra veia criativa além de quadrinhos. Entretanto, o que eu faço para, digamos, contribuir a mais para esse mundo, é fazer coisas diferentes nas HQs. Sempre estou interessado em… bem: The Walking Dead claro que foram mais de 15 anos fazendo um estilo similar de HQ, depositando meu esforço na mesa de desenho e fazendo o lápis e nanquim para um determinado estilo de arte. Porém, já explorei outros mundos em outras HQs que fiz, como anos atrás em White Death, com Crayon no papel cinza. Também existem as narrativas que fiz com Joe Casey, uma batizada de Codeflesh e outra chamada Rock Bottom, essa última que teve um traço mais puro sem cores ou sinais de textura porque eu queria sair da zona de conforto onde eu usava tons mais sombrios no traço, então foi bem diferente de anos atras, no momento que eu estava produzindo White Death com Robbie Morrison…

Comparativo entre técnicas de Rock Bottom (2006) e White Death (2004). Image Comics. Imagens: Comixology.com

Lá para 2004…

Isso! E agora fazendo um livro cuja produção é totalmente digital, mas uso ferramentas que emulam lápis ao invés de arte-final digital porque eu quero dar um tom mais rústico. Então, variedade é o tempero da vida. É um clichê, eu sei, mas é o que me deixa animado como meu livro Intitulado Life, esse meu trabalho é composto por desenhos sobre a vida como uma nova avenida de criatividade onde eu desenho modelos, já que você nunca aprende o suficiente durante toda a vida. Isso é muito útil.

Nesse livro você desenha modelos nus e sketches de diversas proporções. Como você o vê: Um livro de estudos, de anatomia… qual seu veredicto?

Para mim, todos nós devemos desenhar sobre a vida, não importa o quão bom você seja, pois você está sempre aprendendo…

Porque é muito diferente dos seus trabalhos anteriores!

Com certeza! Esse é um dos motivos porque eu fiz: Ser bem diferente. Me dá a oportunidade de experimentar outras técnicas, materiais… me dá outras oportunidades. O interessante também é que [nesse livro] tive um tempo limite, porque quase sempre tive que abandonar a ideia de ter uma peça mais trabalhada. É algo mais rápido e sem pensar muito. O que eu, na verdade, gosto. Quanto menos se pensa [a respeito do desenho], mais acidental fica a arte e pode terminar com algo feito em 5 minutos pensando que tal peça foi a melhor coisa que você já desenhou. O desenho de capa na versão branca foi feito literalmente em 5 minutos. Lembro de olhar e pensar “Opa, beleza! Tem uma verdadeira paixão e movimento aqui!”. Mas eu nunca replicaria algo assim nos quadrinhos, porque lá se pensa muito e se quer sempre se refinar. Então fazer esse exercício é muito bom para a alma, sabe?

Life. Independente (2020) Imagens: Infinitybeyond.co.uk

Muitos artistas depois de tantos anos no mesmo título, desistem em fazer projetos mais longos. Tem planos para fazer algo desse tipo novamente ou ficará só nas capas?

Eu nunca mais vou fazer algo longo como The Walking Dead. Estou com na casa dos 50 anos, se fazer isso de novo, eu terminaria outra obra desse tamanho com… cerca de 70. Posso dizer categoricamente que não! Nunca mais vou fazer uma série regular.

Mas ainda fará páginas internas?

Estou fazendo agora em Heretic, minha nova HQ com Robbie Morrison, quer seja uma coletânea de narrativas ou uma história só. Não sei bem ainda, vamos ver. Mas estou fazendo. Sou de coração um contador de histórias, então o que eu predominantemente farei sempre será páginas internas. Sou um quadrinista, é isso que eu e outros fazemos para viver.

Ilustração de Heretic. Sem lançamento ou editora definida. Imagem: Charlieadlard.com

 

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A Odisseia de Hakim poderia ser a de qualquer um de nós

Quando conhecemos alguém desde o início é quase impossível nossa relação não ser mais intrínseca. Seja esta uma publicação, evento, objeto de valor sentimental ou principalmente uma pessoa. Fabien Toulmé é um desses casos: Através da editora Nemo, podemos observar de seu nascimento até seu desenvolvimento no mundo da histórias em quadrinhos, como parentes próximos que acompanham um recém-chegado membro em sua família que, tal qual uma criança, dá um passo de cada vez nessa nova empreitada. O laço com  o autor aperta ainda mais graças à sua relação com o Brasil, acompanhada logo de cara em Não Era Você Quem Eu Esperava, primeira publicação dele em nosso país, e já ali em sua estreia com autor solo, Fabien nos convidava a conhecer sua vida e então, com nossa leitura, pudemos tornar a relação recíproca.

Seguindo mais uma vez essa linha, Fabien torna-se personagem de sua própria narrativa em A Odisseia de Hakim  1. Da Síria à Turquia dessa vez no intuito de contar a história de uma família que não é a sua, mas que a adota por sua necessidade de informar. A empatia nesse caso instala-se no momento em que viu a diferença de tratamento em dois casos que resultaram em tragédias, sendo um deles visto apenas como estatística: As mortes por afogamento no mar Mediterrâneo de migrantes que tentavam chegar à Europa. Estas, como a de todos os outros, são vidas humanas. Porém foram marginalizadas como se valessem menos, mas poderiam ser vidas de qualquer pessoa, e foram perdidas como um sopro.

A data de 11 de setembro de 2001, dia de um atentado terrorista em solo norte-americano que dispensa maiores comentários, ainda é rememorada pelo mundo inteiro como um acontecimento que, de fato, mudou a História do mundo. A comoção global é evidente ainda pelo fato de, até hoje muitos conseguem recordar com detalhes onde estavam quando souberam desta notícia, mesmo estando quilômetros de distância do ocorrido ou sequer habitar ou ter visitado o mesmo continente. Mas será que a mesma precisão pode ser vista no atentado terrorista em uma escola de Peshawar, Paquistão em 2014, Somália em 2017 e os já incontáveis casos desde o início da Guerra Civil Síria? Grande parte do mundo sequer sabe da existência desses acontecimentos e esta é a indiferença humana que Toulmé tenta amenizar em sua obra.

Assim, a História real de Hakim e sua família vem à público para mostrar algo que grande parte do mundo esqueceu ou sequer   faz esforço para lembrar. Muitas vezes nos sentimos como estranhos inclusive quando visitamos a residência de amigos ou até familiares, como então nos sentiríamos caso fôssemos obrigados a deixar nossa terra, que foi de nossas famílias por gerações, pois nossa vida depende disso? A vida de Hakim é esmiuçada desde sua infância e vai avançando com momentos alegres e conturbados e várias passagens mostram também semelhanças de sua vida com a dos ocidentais. Sem dúvida, quando pouco se sabe da rotina de alguém, a criação de esteriótipos torna-se simplesmente uma questão de tempo e Hakim faz questão de mostrar que sua vida no oriente médio tem ou teve sim momentos iguais aos dos europeus, uma vez que este era o mercado inicialmente destinado à publicação.

 

Impressiona como a rotina nos faz tratar como normal algo que deveria ser visto com espanto. É assim inclusive no Brasil, onde uma média de 60 mil homicídios ao ano resulta em municípios com média de assassinatos por número de habitantes maior que em países em guerra civil. Hakim acaba se adaptando à sua “normalidade”, contando cada acontecimento com uma frieza de quem vive corriqueiramente insucessos que ninguém mereceria. Corpos sem vida estirados nas ruas, gritos de socorro já sem esperança, incontáveis feridos atendidos de forma precária em mesquitas e prisões sucedidas de interrogatórios com tortura fizeram parte de sua vida assim como nossa rotina de sair de casa e trabalhar, estudar ou passar um tempo com familiares. As várias partes violentas e cruas da HQ contrastam com o traço claro, redondo e delicado do autor, mostrando que, apesar de trazer humanidade à frieza dos números com que essas pessoas são tratadas, Toulmé ainda mostra suas marcas características e cada página.

Cada fato, tanto real quanto particular, é mesclado com informações sobre a História e geopolítica do Magrebe e Oriente Médio. Toulmé está em meio a todo esse confronto não só por narrar os acontecimentos, mas por agora ter o poder de decisão e influência no que diz respeito a uma metonímia de todo esse imbróglio. Que se explique: Mesmo buscando conservar o cerne da questão, que é trazer humanidade à história de uma vida que possivelmente seria mais uma a cair no esquecimento, o quadrinista está presente para através da história de uma família emergir o, já há muito tempo, necessário entendimento do calvário passado por todos os que precisaram deixar sua vida para trás em busca de outra em território desconhecido.

A Odisseia de Hakim é uma série ainda em publicação que já conta com três volumes lançados pela francesa Delcourt, sua editora original. Portanto, aqui temos apenas o início de uma jornada ainda não sabemos bem onde vai parar, mas que já embarcamos mesmo assim.

A Odisseia de Hakim 1 – Da Síria à Turquia
Fabien Toulmé  (roteiro e arte)
Fernando Scheibe (tradução)
Carla Neves (revisão)
274 páginas
17 x 24 cm
R$64,90
Capa Cartonada
Nemo
Data de publicação: 04/2020

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Você perdoaria Caravaggio?

Após um espaço de quase cinco anos a contar do lançamento da primeira parte no Brasil, a Veneta traz o segundo e derradeiro tomo da saga contada pelo veterano quadrinista Milo Manara a respeito de seu compatriota Michelangelo Merisi de Caravaggio, pintor renascentista cuja obra garantiu sua imortalidade em museus e igrejas desde o século XVI. Neste segundo volume, Caravaggio se empenha em suas pinturas em busca de seu perdão espiritual. Em maioria focadas em temas religiosos, essas podem ser um deleite para os que apreciam, mas dificilmente entregam o calvário de seu autor para concluí-las.

Para surpresa de quem já teve contato com a bibliografia de Manara, aqui sua mais famosa característica quase não é vista. O autor é conhecido por transformar inclusive seus roteiros adaptados em contos eróticos (Gulliveriana) e pornográficos (A Metamorfose de Lucius), mas aqui sua marca está em segundo ou terceiro plano, sendo apenas a nudez presente e ainda assim de forma pontual. O foco está na mente perturbada de Michelangelo Merisi de Caravaggio e seu comportamento explosivo que lhe devolve como frutos mais e mais problemas em sua vida.

Inclusive este foco maior no âmbito psicólogo e menor no físico pode ser considerado raro quando trata-se de uma obra “solo” de Manara. Em sua extensa carreira, suas obras onde a mente dos personagens é melhor explorada quase sempre acontece quando outro artista faz o roteiro e ele cuida apenas da arte. Quando trabalha sozinho, o quadrinista já várias vezes caiu em sua própria armadilha de valorizar somente o prazer e fetiche do erotismo, resultando em roteiro de histórias medianas e até fracas como em Clic, Kama Sutra e Encontro Fatal, este último talvez seu trabalho mais chocante. Em Verão Índio, El Gaúcho, Viagem a Tulum e Borgia temos uma faceta totalmente diferente, mas muito por estas terem roteiros assinados por Hugo Pratt, Federico Fellini e Alejandro Jodorowski. Em Caravaggio, Manara consegue um êxito no roteiro que poucas vezes conseguiu sozinho, a vasta bibliografia sobre o pintor rebelde descrita ao fim da publicação claramente ajudou nesta construção.

Em um estilo de traço usado desde Borgia, sua série anterior, temos uma progressão na arte de Manara que pouco se vê ou até se espera de alguém já nesta fase de sua carreira. Note-se que, quando a publicação de Borgia teve início, posteriormente resultando em quatro partes, Manara já era um sexagenário e por uma expectativa um tanto pejorativa que naturalmente que o ser humano faz, espera-se que o desempenho de uma pessoa em diversas áreas, inclusive na ilustração, esteja em uma descendente com o avanço da idade.

Não é o caso aqui. Seu traço só evoluiu desde então e em Caravaggio visualmente podemos contemplar o, por enquanto, auge de sua carreira nesse aspecto, pois mesmo após uma breve observação nas páginas pode fazer pensar que este possa ser a conquista do topo de sua escalada como artista, não se pode duvidar que o autor ainda possa extrair mais de si mesmo. Aqui suas cores são densas e vivas, ganhando maior profundidade e expressão, assim como Caravaggio fazia em suas telas. Como o período histórico deste título é o mesmo de Borgia, é possível ver referências em comum nos dois trabalhos, como se Caravaggio fosse uma sequência de Borgia dentro de um “Manaraverso”.

Neste período, o interessante é ver como a transição da Idade Média para a Idade Moderna não é muito diferente do que se vê hoje no alto patamar da sociedade. A hipocrisia sempre esteve presente com líderes religiosos que sequer cumprem os Dez Mandamentos Bíblicos, que recriminam manteúdas e meretrizes mas de certa forma as aceitam como modelos para obras de arte com cenário angelical. Caravaggio está oscilando neste limiar, e isso é o que mais o perturba.

Chega a dar angústia acompanhar o sofrimento do pintor em seus últimos anos de vida. Seu talento na pintura era diretamente proporcional ao de conseguir desafetos, por isso viveu como nômade entre várias cidades-Estado da hoje República Italiana, necessariamente fugindo de seus problemas e não teve seu trabalho reconhecido em vida como pensou que deveria, deteriorando cada vez mais sua condição mental.
Caravaggio – O Perdão é o quarto título de Manara publicado pela Veneta. Da extensa obra do autor, uma grande parte já foi publicada no Brasil, algumas inclusive em mais de uma edição e/ou editora. Porém, justamente outra história sua que tem o meio artístico como tema principal teve apenas uma tímida publicação por aqui e parece ter caído no esquecimento. Trata-se de Rever as Estrelas, uma narrativa da série Giuseppe Bergman que foi publicada no Brasil somente uma vez na revista Heavy Metal nº22 em 1998. Nesta obra, Bergmann segue os passos de uma mulher obcecada por quadros retratados em um livro. Não satisfeita, esta recria a cada momento poses e cenários das vênus presentes em cada uma delas. Assim como todo o material da saga de Giuseppe Bergman, esta história merece ser republicada em uma nova edição por aqui. 

A obra de Caravaggio ganhou toda posteridade da História humana. Inclusive no Brasil seus quadros foram tema de uma disputada exposição no Museu de Arte de São Paulo em 2012 alavancando para o recorde de 556 mil o número de visitantes do museu naquele ano, marca só superada em 2019 com mais de 729 mil. Os números mostram que, mesmo que não precisasse pedir, Caravaggio já foi perdoado há muito tempo. Manara “apenas” fez sua parte para ajudar nesse propósito.

 

Caravaggio – O Perdão
Milo Manara (roteiro e arte)
Michele Vartuli (tradução)
Lilian Mistunaga (letras)
Andréa Bruno (revisão)
64 páginas
31 x 24 cm
R$94,90
Capa Dura
Veneta
Data de publicação: 03/2020

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Contato Remoto #1 – Pandemia em Quadrinhos

Como estão vocês, pessoal? Estão se cuidando? Bem, nesses tempos difíceis, novas ideias também tomaram conta de nós e, dentre elas, ressuscitar nosso podcast. Agora em novo formato e equipe lançamos a primeira edição do Contato Remoto, podcast da Torre que vai falar sobre quadrinhos, games, filmes, séries, eventos e tudo que vocês e nós gostamos!

Para estrear o assunto não poderia ser outro: Pandemia em Quadrinhos. Com a escalação de Marcus (este que vos fala), Keys (Guilherme Andrade) e Roka (Ricardo Ramos) indicamos alguns títulos que têm, inclusive, uma assustadora similaridade com os tempos atuais. Selecionamos seis HQs que gostamos muito e com certeza vocês também vão curtir. Apertem o play e divirtam-se!

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