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Cyberpunk 2077: A Pressa é a Inimiga da perfeição

Marcado por diversas polêmicas tanto de desenvolvimento como por seus adiamentos, Cyberpunk 2077 finalmente estreou. Desde o final de 2012 quando a CD Projekt anunciou o título, enquanto ainda trabalhava em The Witcher 3: Wild Hunt, a empresa prometeu um jogo grandioso e com diversas funcionalidades – o que levantou o hype de diversos jogadores por anos. Adiado três vezes durante o ano, o dia definitivo de seu lançamento chegou e, junto com o título, diversos problemas vieram juntos.

Gostaria de começar a review comparando a atual situação com o lançamento de Watch_Dogs em 2014: nos eventos anteriores, foi prometido algo inovador com inúmeras possibilidades de gameplay e gráficos inovadores. Assim que o jogo saiu, apenas metade do que foi prometido se cumpriu – o mesmo se repete com os dois últimos jogos da franquia. Infelizmente, algo semelhante aconteceu com Cyberpunk 2077, mas não na mesma proporção que o título da Ubisoft.

Judy Alvarez, personagem de Cyberpunk 2077

Na trama de Cyberpunk 2077, acompanhamos o mercenário V e sua jornada através da megacidade Night City através de três caminhos diferentes. Depois de uma missão arriscada, você precisa lidar com suas consequências e com a consciência de Johnny Silverhand (interpretado por Keanu Reeves) enquanto explora a cidade. Sem muitos spoilers, a história é a melhor coisa do jogo. Para começar a análise, gostaria de ressaltar os defeitos do título – que são muitos.

De início foi prometido que teríamos três caminhos para começar nossa jornada: nômade, marginal e corporativo e de fato temos essas opções. Entretanto, a empresa disse que o background seria customizável e que o jogo teria missões diferentes em cada caminho e na gameplay não é bem assim que acontece. O que muda entre cada caminho é apenas a missão inicial (que dura cerca de 3o minutos até a introdução do jogo) e diálogos no decorrer da campanha – o que acaba sendo bem decepcionante, tendo em vista que o esperado eram missões diferentes para cada background durante a campanha.

Outro ponto não cumprido foi a customização dos personagens onde o prometido foram inúmeras opções de customização corporal e, na verdade, é bem limitado. Você pode customizar desde a face até as genitálias do seu personagem, mas não pode customizar características corporais como altura, massa e não tem diversas opções de cabelo, barba, nariz e outros componentes da face. E uma vez criado, você não pode editar o corte de cabelo nem a barba do seu personagem que nem em títulos como Grand Theft Auto V ou Red Dead Redemption 2. Conclusão: prometeram uma customização completa e venderam o jogo na polêmica das genitálias mas no final entregaram algo medíocre.

Problemas na renderização são marcantes na gameplay.

Os gráficos do título foram a parte mais afetada, o downgrade foi absurdo e há inúmeros problemas na renderização do ambiente, dos personagens e dos veículos. Mesmo com uma configuração considerada recomendável pela empresa, o jogo demora a renderizar e os detalhes ambientais ficam parecendo uma massa amorfa – se o jogo está assim depois dos adiamentos, imagina caso fosse lançado em Novembro ou na primeira data anunciada.  Junto com os gráficos, há diversos bugs que comprometem a gameplay e as quests do jogo. Estes vão desde um objeto flutuando no ambiente até um carro explodindo do nada, entrando no chão ou voando. Há casos também onde o NPC não corresponde a ação desejada.

A jogabilidade entregue no jogo foi a prometida pela empresa, você controla seu personagem em primeira pessoa e o combate é excelente – eu até diria que é uma experiência imersiva, mas todos esses defeitos prejudicam a experiência. Infelizmente a dirigibilidade não é boa e o jogo aparenta não ter nenhuma física, se assemelhando mais uma vez ao título da Ubisoft já citado no texto. De qualquer forma a história e a jogabilidade salvam o jogo de um fracasso total e o tornam, no mínimo, divertido de ser jogado.

Caso Cyberpunk 2077 fosse tudo o que a CD Projekt prometeu seria um jogo incrível e tenho certeza que poderia ser considerado um dos melhores da geração, mas infelizmente passou longe disso e cumpriu apenas 1/3 do que foi dito e vendido nos comerciais e nas gameplays publicadas pela empresa. De qualquer forma, aposto que futuras atualizações chegarão e, após as duras críticas que o mesmo recebeu no lançamento, o jogo poderá atingir o seu potencial prometido. Enquanto isso, teremos que lidar com todos os problemas e com a decepção que foi o título.

Ozob, personagem criado por Azaghal no Nerdcast RPG, presente em Cyberpunk 2077.

Então, é bom?

Marcado por diversos problemas em seu lançamento, Cyberpunk 2077 coloca em prática o ditado popular: ”a pressa é a inimiga da perfeição”. Diante de tantos adiamentos, seria necessário mais um ano no mínimo para dar um acabamento decente no jogo e corrigir todos os defeitos presentes. Infelizmente a CD Projekt prometeu muito, cumpriu pouco e decidiu se apressar para lançar um produto repleto de falhas que como consequência estragam a experiência do jogador. Durante a minha jogatina, eu tive sorte e pouco me ocorreram os bugs e os erros na renderização gráfica – entretanto, quando ocorriam, eram marcantes e as vezes era necessário reiniciar o jogo pois comprometia uma missão inteira.

De qualquer forma, isso não anula o potencial e a premissa do título. Cyberpunk 2077 apresenta uma história incrível e uma ambientação de tirar o fôlego (tanto por ser visualmente bonita como por deixar o jogador com raiva da otimização). Obviamente a empresa irá corrigir os problemas com futuras atualizações, mas infelizmente a primeira impressão é a que fica. Decido terminar minha análise avaliando o jogo com ‘Prata – Considerável’ pois, mesmo com inúmeros problemas, o título é um jogo promissor que tem tudo para dar certo em suas correções. Caso isso ocorra e a CD Projekt entregue tudo o que prometeu em seu marketing, com certeza a avaliação merece ser atualizada para ‘Platina – Obrigatório’ mas, enquanto o jogo continuar medíocre, sua nota continuará igual por todas as falhas técnicas citadas acima.

No fim, como consumidor e após inúmeros adiamentos, me sinto lesado assim como me senti com Watch_Dogs em 2014: esperei o que foi prometido, criei hype e recebi apenas um terço do que foi vendido. Como fã da empresa e do gênero estou desapontado, mas continuarei minha jornada em Night City na esperança de que as coisas melhorem com o tempo e que a CD Projekt aprenda com os seus inúmeros erros.

Veredito: Prata – Considerável

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Mulan: Roteiro e a Covid-19 Sabotaram o Live-Action da Disney

Seguindo os planos da Disney de transformar suas animações clássicas em live-action, Mulan foi mais um blockbuster afetado este ano pela pandemia de covid-19: semanas antes de seu lançamento nos cinemas, a quarentena se iniciou e sua estreia foi cancelada. Por conta disso, a Disney decidiu lançar o longa no seu serviço de streaming por 30 dólares – o que gerou algumas polêmicas. Como o aplicativo não estava disponível aqui no Brasil, o título só chegou agora dia 4 de Dezembro. Mas será que foi uma boa decisão lançar um filme desse porte na Disney Plus e não nos cinemas?

Lançamento de Mulan no streaming pode matar a sala de cinema - 05/09/2020 - UOL TILT

Mulan conta a mesma história vista na animação de 1998, entretanto com algumas diferenças: no longa, não há a presença de Mushu e nem canções durante sua exibição. Tais decisões foram tomadas para que o título se assemelhe com a lenda chinesa e agrade tanto o público ocidental como o oriental, que criticou duramente a forma caricata que a balada foi retratada no desenho. Mesmo com a tentativa de se aproximar do público chinês, Mulan ainda apresenta uma visão hollywoodiana em sua exibição e isso faz com que o filme tente agradar os dois lados e não consiga agradar nenhum. O principal ponto negativo do longa está em seu roteiro, que não consegue sustentar a trama e falha em desenvolver diversos aspectos do título.

Começando pela vilã, a bruxa Xianniang apresenta uma subtrama extremamente mal desenvolvida que faz com que o seu plot no terceiro ato não tenha nenhum valor para o telespectador. Sua motivação não se sustenta em nenhum momento, fazendo com que seu papel fique restrito apenas a ser uma antagonista para que a protagonista possa enfrentar eventualmente. Não só a vilã como também Bori-Khan, o vilão principal, se torna limitado a apenas isso. Além disso, todos os outros personagens secundários também são mal aproveitados no decorrer do filme apresentando pouco ou quase nenhum desenvolvimento em suas subtramas, fazendo com que não haja simpatia por eles.

Liu Yifei não consegue sustentar bem o peso da protagonista, fazendo com que a personagem não tenha o carisma necessário para que o telespectador sinta seu peso dramático – ela apenas está lá para fazer com que a história progrida. Entretanto, a atriz merece destaque por ter dispensado os dublês em todas as cenas de ação realizadas.

Disney packs new 'Mulan' with actionO roteiro falha também ao transformar Mulan em uma pessoa com poderes. No filme a personagem apresenta uma força interior denominada ”chi”, sendo assim, a protagonista já nasce com suas habilidades e não progride elas com treinamento assim como na animação. Em tese, é interessante pois durante a exibição observamos que a protagonista cresce ouvindo o discurso que ela não deve usar seus poderes até que finalmente toma coragem para quebrar esta corrente e se tornar independente para seguir seu destino – mas, por outro lado, isso ajuda na falta de desenvolvimento da personagem e não vemos tanta transformação no decorrer da trama.

Por fim os efeitos especiais são nitidamente ruins em alguns momentos e isso acaba sendo injustificável, tendo em vista o alto custo da produção – não é difícil de ver, em algumas cenas, o fundo em cgi. Além disso, a montagem do longa nas cenas de batalha (principalmente na luta final do terceiro ato) apresenta diversos cortes e acaba ridicularizando completamente a sequência.

Mas o longa não é completamente ruim: seus figurinos são bem feitos, suas cenas de ação são épicas e sua fotografia é espetacular, dignos de serem vistos na tela grande do cinema. Infelizmente, com a pandemia, o título foi lançado diretamente na plataforma de streaming da Disney. Por fim o longa deve ser parabenizado também por se diferenciar ao máximo das outras adaptações live-action da empresa, procurando uma identidade própria ao não ser uma cópia exata da animação original.

Honest Trailer For Disney's Live-Action MULAN, Which Stripped Everything We Loved About The Original Film — GeekTyrantEntão, é bom?

A adaptação live action de Mulan toma diversas decisões erradas no decorrer da sua execução. Graças ao nítido problema estrutural em seu roteiro, o longa apresenta vilões que não passam nenhuma ameaça, personagens que passam batidos, uma protagonista que não possui nenhum carisma fazendo com que o público não consiga se apegar com a mesma e uma péssima montagem, principalmente nas cenas de batalha e no terceiro arco do título. O objetivo do filme não é ser igual ao desenho, mas sim procurar um equilíbrio entre o original e a história da heroína, de forma que agrade tanto o mercado ocidental como o oriental – este que, por sua vez, problematizou a animação da Disney lançada em 1998. Entretanto, não agradou.

De qualquer forma, a experiência poderia ter sido um pouco melhor caso vista no cinema – afinal é inegável que as batalhas presentes no filme são épicas. Infelizmente o roteiro mal construído e a pandemia atual da Covid-19 ajudaram a sabotar o filme.

Nota: 2/5 

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The Signifier: Uma Viagem à Mente Humana

Lançado recentemente (15/10) para PC na Steam, The Signifier é uma das maiores surpresas de 2020 no cenário dos jogos. O jogo, desenvolvido pela Play Me Studio e publicado pela Raw Fury, deve ser definido como um excelente thriller psicológico que facilmente poderia se tornar um filme, tendo em vista sua forte narrativa cinematográfica.

The Signifier review – A heady mix of cutting-edge tech and psychoanalysisNo título acompanhamos Frederick Russel, um neurocientista que desenvolveu uma inteligência artificial com o poder de explorar as memórias armazenadas dos indivíduos. Russel é chamado para investigar a possível morte de Johanna Kast, a vice-presidente da Go-AT – a maior empresa de tecnologia dentro do jogo. Por meio da inteligência artificial, Russel explora as memórias de Kast para encontrar o responsável por sua morte enquanto problemas externos afetam a investigação.

Misturando thriller com sci-fi, a trama do jogo poderia facilmente ser a de um filme ao apresentar uma narrativa cinematográfica e envolvente. Em conjunto a essa narrativa, a jogabilidade em primeira pessoa, a ambientação e os efeitos sonoros do jogo fazem com que o jogador tenha uma experiência completamente imersiva ao jogar o título.

Durante a jogatina, o seu objetivo é resolver puzzles e explorar três dimensões distintas em busca da verdade: a realidade, onde visitamos o apartamento da vítima, o laboratório de Russel e sua casa; as memórias objetivas da vítima, onde visitamos suas lembranças e os sonhos subjetivos da vítima, que mostram um ambiente deturpado e repleto de sentimentos reprimidos que são usados como um sistema de defesa. Para completar o objetivo, é necessário andar por essas dimensões e investigar cada canto, resolvendo puzzles e juntando peças que completam as memórias/sonhos.

The Signifier review | Adventure GamersA ambientação do jogo é incrível, onde há memórias deturpadas nas quais você precisa se concentrar para encontrar um caminho e desvendar o que está acontecendo e onde também há cenários que parecem retirados de um filme de terror – entretanto, não há nada de aterrorizante nelas. Junto com a ambientação, a sonoridade auxilia na imersão ao jogo e faz com que o jogador tenha uma experiência única desvendando todos os mistérios da mente humana.

E, por fim, o atrativo do jogo acaba sendo essa abordagem complexa sobre a mente humana e todos os sentimentos dentro dela, fazendo com que você literalmente faça uma viagem à mente humana de forma simples e direta durante a jogatina. The Signifier é um jogo único, entretanto, a sua conclusão aberta não chegou a me agradar tanto como deveria; mesmo assim, foi uma experiência muito boa e gratificante.

O jogo rodou perfeitamente no computador, sem apresentar queda de FPS e nem travamentos. Levei em média 7 horas para concluir a história.

Review: The Signifier Has You Step Into Memories to Solve a Mystery | Third Coast Review

Então, é bom?

The Signifier se prova como uma grata surpresa em 2020 e um excelente thriller, sendo um jogo intrigante e que prende o jogador do começo ao fim. De fato não é um jogo para qualquer pessoa: por ser focado apenas na história e na resolução de puzzles, muitos podem rejeitar o título por acharem tedioso (mesmo que o jogo prove ser o contrário disso). Mas, aos que gostam do gênero, o título apresenta uma história excelente com uma narrativa envolvente que chega a ser, inclusive, cinematográfica em diversos aspectos. Por fim, é um excelente título aos jogadores que curtem uma boa história e uma narrativa imersiva repleta de puzzles, que deixam o jogo dinâmico e imersivo para ser jogado em um final de semana.

Veredito: Ouro – Recomendável

O título está disponível para PC através da Steam e será lançado no início de 2021 para Xbox One e Playstation 4. Agradecimentos especiais à Raw Fury pelo código do jogo.

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#Alive: Isolamento Social e o Apocalipse Zumbi

Alguns anos atrás, o cinema sofreu com uma saturação de filmes com a temática de apocalipse zumbi. Todo ano havia em média de três a quatro filmes do gênero, em conjunto com as adaptações da franquia de jogos Resident Evil, onde todos apresentavam a mesma fórmula e os mesmos clichês. Junto a isso, a série The Walking Dead contribuiu para o processo. Claro que mesmo com esse excesso, havia alguns bons filmes sendo lançados. Quando a temática deu uma esfriada, tivemos bons lançamentos como Guerra Mundial Z (2013) e o longa sul-coreano Invasão Zumbi (2016) – que, em breve, receberá uma continuação aqui no Brasil.

#Alive também é um longa sul-coreano que apresenta uma premissa bem interessante e diferente, mas que infelizmente cai no clichê durante a exibição.

Alive tem um problema que fãs da Netflix não conseguem ignorarEm #Alive um misterioso vírus começa a se espalhar por Seul e este é responsável por transformar as pessoas em zumbis. Enquanto isso um jovem que, de certa forma, vive recluso jogando videogames em seu quarto precisa sobreviver dentro de seu apartamento. De início, o jovem utiliza toda a tecnologia disponível em seu quarto para investigar a situação e se manter em isolamento na espera de que tudo passe – sendo esta, inclusive, uma situação parecida com a que o mundo vive desde março com o surto da covid-19.

A forma como o roteiro retrata o vírus é bem interessante pois o telespectador não tem conhecimento sobre ele de forma direta, e sim através de noticiários, fazendo com que haja uma certa identificação com o protagonista. Afinal, da mesma forma que ele, nós que estamos assistindo também não sabemos o que está acontecendo fora do apartamento. Além disso, o longa trabalha com o uso da tecnologia para mostrar como seria um apocalipse zumbi nos dias atuais e mostra as consequências do isolamento social provocadas no decorrer do longa.

Review: Korea's "#Alive" Is a Perfect Zombie Movie for the Coronavirus Era | Cinema Escapist

No segundo ato, ainda, há a introdução de uma segunda personagem que lida com o apocalipse zumbi utilizando instrumentos clássicos como binóculos e outras ferramentas para sobreviver. De certa forma, ver esse paralelo e a forma na qual ambos os personagens interagem e lidam com a situação de maneiras diferentes são bem interessantes e bem trabalhadas pelo diretor.

Infelizmente, a partir do terceiro ato, o longa cai no clichê e se torna, em uma sequência, um filme de ação com uma conclusão previsível. Entretanto isso não tira o mérito do filme e nem estraga a experiência, apenas reduz o seu potencial de ir além em seu final.

Alive' Review: From Great Graphics, to Graphic - The New York Times

Então, é bom?

#Alive é um filme do gênero que inicialmente quebra um pouco do clichê que todo longa apresenta ao retratar a sobrevivência em um apocalipse zumbi. Entretanto, durante o seu terceiro ato, muda totalmente de gênero e recebe uma conclusão previsível e já vista em diversos filmes anteriores. A premissa do longa é muito interessante e bem trabalhada nos seus dois primeiros atos, mas no fim cai no que já vimos sempre – que é bem triste, pois havia bastante potencial para progredir a história se baseando nessa ideia inicial. Por fim, é um excelente filme do gênero para assistir e se divertir na Netflix, observando inclusive que ultimamente os melhores longas sobre zumbis são sul-coreanos.

Nota: 3.5/5

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O Halloween de Hubie: Mais um Genérico de Adam Sandler

Depois de lançar o excelentíssimoUncut Gems (Jóias Brutas) ano passado, Adam Sandler voltou para suas raízes e fez mais um filme utilizando sua fórmula repetida de comédia e atuação. O Halloween de Hubie foi lançado neste mês de Outubro na Netflix e, mesmo que seja mais um filme genérico do ator, se prova como uma divertida homenagem ao Halloween e como uma paródia aos filmes de terror – apresentando inúmeras referências à franquias já conhecidas, como Halloween de John Carpenter e Pânico de Wes Craven.

O Halloween do Hubie: Adam Sandler pode ter usado Netflix para vingança; entendaNo longa acompanhamos Hubie (interpretado por Adam Sandler), um cidadão abobalhado da cidade de Salem que ama as tradições do feriado norte-americano de Halloween que sofre bullying por todos ao seu redor e é o ”garotinho” da mamãe, sendo um homem puro, inocente e que quer a segurança de todos durante o feriado. Durante as festividades, começam a ocorrer desaparecimentos pela cidade e Hubie irá precisar desvendar o que está acontecendo sozinho pois ninguém acredita nele. Por fim, a construção do roteiro é a mesma vista em toda comédia do ator.

A trama é bem fraca e bem bobinha, mas já é o esperado pelo público quando se vê o elenco e a sinopse do longa. Porém mesmo que seja simples, o roteiro utiliza diversos elementos presentes em filmes de terror slash e satiriza-os de forma cômica, indo desde a reação dos personagens – que sempre é criticada pelo telespectador ao assistir um longa do gênero, até o plot e a revelação da ameaça. É bobo, é simples mas é bastante divertido e cumpre o seu papel com o público.

Adam Sandler a 'Hubie, a halloween hőse' filmmel tér vissza a Netflix képernyőjére! in 2020 | Adam sandler, Halloween movies, NetflixO grande problema do filme são os alívios cômicos. Durante todo o longa, os momentos de graça giram em torno de três elementos: o bullying que o personagem de Adam Sandler sofre e seus sustos, coisas que são jogadas no personagem enquanto ele anda de bicicleta na rua e a quantidade de coisas que sua garrafa térmica pode fazer – quero dizer, além de guardar a sopa do personagem, o objeto é capaz de virar desde um canivete até um secador de cabelo. Todos esses alívios cômicos se repetem a cada 10 minuto durante a exibição do filme, tornando-se enjoativo e previsível no decorrer do longa.

Bom, o elenco do filme já é conhecido por estar em todas as comédias anteriores do ator – com exceção de Ray Liotta, Julie Bowen (conhecida por seu papel em Modern Family) e alguns outros nomes infanto-juvenis. Adam Sandler interpreta o mesmo personagem bobo e caricato de sempre, com as mesmas expressões faciais e a mesma atuação desajeitada de sempre. O mesmo ocorre com Kevin James e os demais integrantes da equipe de ouro que acompanha Sandler em seus longas.

Every single cameo in Adam Sandler's Hubie Halloween

Então, é bom?

Não se tem muito o que dizer sobre mais um filme do ator que segue sua fórmula pronta de comédia. O Halloween de Hubie se prova como mais um longa genérico de Adam Sandler. Entretanto, mesmo apresentando alívios cômicos repetidos inúmeras vezes e que giram em torno dos mesmos elementos durante todo o tempo de exibição do filme, o título consegue se mostrar como uma homenagem ao feriado norte-americano e como sendo também uma sátira aos filmes de terror do subgênero slasher ao construir seu roteiro em cima de referências a outros títulos. No geral acaba sendo um filme divertido de se assistir com o ator interpretando ele mesmo mais uma vez, cumprindo o seu papel mais importante: entreter o público.

Nota: 1.5/5

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The Boys: Mais Violência, Mais Sangue e Mais Insanidade em sua Segunda Temporada

We didn’t start the fire. It was always burning since the world’s been turning.

The Boys teve sua primeira temporada lançada ano passado e foi uma grande surpresa, tanto para quem conhecia os quadrinhos como para quem não conhecia – o lançamento, inclusive, fez com que as pessoas procurassem as HQ’s. Mês passado a Amazon Prime começou a exibir o segundo ano da série de forma semanal, ou seja, um episódio por semana após ter lançado três no mesmo dia. Acabou que a segunda temporada terminou recentemente e conseguiu ser melhor que sua antecessora, apresentando mais violência, mais sangue, mais insanidade e aumentando sua sátira a respeito das produções atuais do gênero.

The Boys”: segunda temporada ganha data de estreia e préviaO segundo ano da série começa do ponto de onde o primeiro terminou, Billy Bruto (Karl Urban) está desaparecido após encontrar sua esposa e o filho dela com Capitão Pátria (Antony Starr). Enquanto isso, Hughie está escondido com o restante do grupo e enquanto Bruto não retorna, eles procuram formas para acabar com a Vaught. No outro lado da moeda, Tempesta (Aya Cash) entra para o grupo dos Sete no lugar do falecido Translúcido e começa uma reviravolta na equipe.

Inicialmente a série apresenta uma sátira cirúrgica sobre os filmes atuais de super-heróis, mostrando uma produção da Vaught para os Sete intitulada ‘The Dawn of the Seven’ e em torno disso aborda diversos outros temas na mesma fórmula utilizando a medida certa para cada elemento. Porém, depois de alguns episódios, a série muda seu foco para a história e, enquanto o ano anterior focava mais na Luz-Estrela (Erin Moriarty), no Bruto e em Hughie, a segunda temporada decidiu explorar o desenvolvimento dos outros personagens:  Kimiko (Karen Fukuhara) , Francês (Tomer Kapon) e Leitinho (Laz Alonso) ganham mais espaço na trama e mais desenvolvimento para suas respectivas histórias e personalidades. Isso, sem deixar de lado os já citados anteriormente.

5º episódio da 2ª temporada de “The Boys” já está disponível no Amazon Prime Video – Categoria NerdDe qualquer forma, Antony Starr rouba a cena com sua excelente atuação como Capitão Pátria na maioria dos episódios e, em especial, no episódio final. Aya Cash se apresenta como uma excelente adição a série como Tempesta e sua trama carrega a temporada – por um lado, isso é ruim pois deixa algumas tramas secundárias de lado, por outro, dá espaço para desenvolvê-las de forma adequada nos anos seguintes. O interessante é ver como a sua trama é construída de forma gradual e objetiva, fazendo uma grande crítica a respeito do infeliz mundo atual que vivemos, cercado de intolerância e xenofobia mascarados em opiniões de pessoas influentes. O roteiro da segunda temporada está excepcional e prova que a série tem muito o que oferecer ainda.

Infelizmente nem tudo é perfeito: ao longo da temporada, a série apresentou alguns deslizes e falhou em alguns momentos, enquanto o último episódio da série acabou sendo corrido em diversos pontos e abriu mão do desenvolvimento para concluir logo o ano – de forma rápida e brusca. De qualquer forma, os defeitos são poucos se comparados com todas as qualidades que a segunda temporada de The Boys mostrou.

2ª temporada de The Boys bateu audiência da Netflix - Mix de SériesEntão, é bom?

A segunda temporada de The Boys superou a sua antecessora em diversos aspectos, tanto técnicos como de narrativa. Entretanto, apresentou algumas tramas secundárias que não prendem o telespectador enquanto outras são soltas no decorrer da temporada. Além disso essa temporada apresentou também uma conclusão rápida, como se tivesse sido feito às pressas. Por mais que tenha deixado um gancho interessante para o ano seguinte, senti falta de um maior desenvolvimento na narrativa de seu último episódio – poderia ter tido mais tempo de exibição ou apenas mais um episódio para concluir de forma adequada. Enfim, o segundo ano de The Boys foi muito bom e mal posso esperar para sua continuação.

Nota: 4.5/5

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Board games Entretenimento Games

Sobreviver: Livro-jogo transporta o jogador para um apocalipse zumbi em São Paulo

Já imaginou presenciar um apocalipse em plena São Paulo? Melhor ainda, já imaginou se isso acontecesse durante a maior convenção de cultura pop do país? Pois é, essa é a premissa de ‘Sobreviver’: um livro-jogo independente criado por Gabriel Garcia, entusiasta de jogos de RPG.

Em ‘Sobreviver’, você entra no papel de um turista em São Paulo para a maior convenção de cultura pop do país. Entretanto, um novo vírus se espalhou de um dia para o outro e as pessoas começaram a se tornar mortos-vivos. E agora, você precisa sobreviver em uma São Paulo lotada de zumbis. A versão original do livro foi lançada durante a CCXP 2017, no Artist’s Valley, e foi um sucesso de vendas. Essa segunda versão trará mais escolhas e diversas opções de finais.

Como se trata de uma história interativa o livro apresenta QR Codes em suas páginas que mostram a playlist do personagem principal, mensagens trocadas pelo protagonista e seu amigo e os vídeos sobre São Paulo com o cenário do jogo. Além disso, o jogador precisará fazer testes de sorte para ver como se sai em determinadas situações.

A Torre de Vigilância teve acesso a uma demonstração do projeto e o livro-jogo se trata de um RPG interativo onde você toma suas decisões e precisa da sorte para poder sobreviver, onde o jogador fica imerso na experiência e realmente apreensivo com o que aguarda posteriormente. Aparenta ser bastante promissor e ter um futuro bom pela frente – sinceramente, estou ansioso pela versão final.

‘Sobreviver’ está disponível no Catarse para financiamento coletivo. Caso você realize a compra pelo catarse, ganhará brindes como uma bolsa e uma garrafa personalizada. Os trinta primeiros compradores irão aparecer como zumbi no livro-jogo finalizado. Confira mais sobre o projeto clicando aqui.

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‘Tudo Bem’: Curta-metragem brasileiro aborda história de amor no ”novo normal”

Desde março, a pandemia do novo coronavírus chegou ao Brasil e a população entrou em quarentena. Eventualmente, se adaptando a realizar as atividades em casa e ao que chamamos de ”novo normal”. Diante desse cenário, nasceu o curta-metragem brasileiro ‘Tudo Bem’.

No curta acompanhamos Hugo (Daniel Rangel) conhecendo Dandara (Heslaine Vieira) uma semana antes da quarentena, com uma breve conversa e sem troca de contato. Quando o período de quarentena se inicia, Hugo começa a pensar se irá conseguir encontrá-la de novo enquanto precisa lidar com os problemas que grande parte das pessoas lidaram durante este período.

Daniel Rangel estrela curta sobre pandemia de Covid: “Emoções à flor da pele” - Quem | EntrevistaAs gravações foram realizadas em apenas dois dias seguindo de forma rígida todos os protocolos de segurança, com o apoio da Prefeitura Municipal de Nilópolis – que foi responsável por isolar a área da gravação para a segurança da equipe. O curta foi dirigido e roteirizado por Caio César.

‘Tudo Bem’ foi disponibilizado nesta terça-feira (22/09) no Youtube. Confira o curta abaixo:

Acompanhe o projeto no instagram: @curtatudobem

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O Diabo de Cada Dia: A Narrativa Através da Maldade Humana

Baseado no Livro ‘The Devil All The Time’ (traduzido aqui como ‘O Mal Nosso de Cada Dia’), escrito por Donald Ray Pollock, ‘O Diabo de Cada Dia’ estreou essa semana na Netflix. O longa, dirigido por Antonio Campos, se trata de uma adaptação bem fiel da obra original onde acompanhamos diversas tramas que se entrelaçam e que tem como principal motor a maldade humana e suas consequências, fazendo com que a história tome seu rumo e siga em frente até sua conclusão.

Entenda o real significado do final de O Diabo de Cada Dia na NetflixO filme já começa situando o telespectador ao ambiente e a época onde a história se passa, com a narração do autor da obra que deu origem ao título. Diante disso, acompanhamos um veterano de guerra e seu filho, um casal de serial killers e um pastor um tanto como alienador e suas histórias particulares marcadas por tragédias e dramas que, durante a exibição do longa, fazem com que as tramas pessoais se entrelacem.

Diante disso, já podemos elogiar o longa como adaptação e dizer que o principal condutor do longa não é o narrador e nem são os protagonistas que aparecem no decorrer do filme, mas sim a maldade humana, exibida na tela de forma nua e crua, e suas consequências que fazem com que a história se guie cruzando o caminho de todos os personagens envolvidos – da mesma forma que no livro. Há sim algumas alterações, momentos que passam de forma corrida e bastantes cortes na trama, como é típico ocorrer em adaptações – entretanto, a estrutura é a mesma. Afinal, Pollock utiliza a violência como chave e Campos adapta para as telas de forma igual.

A narração em segundo plano feito por Donald Ray Pollock, ao mesmo tempo que é inconveniente em alguns momentos pois serve apenas para tampar alguns buracos de roteiro e acelerar a trama, é válida pois ajuda a história a se situar em algumas ocasiões para quem não leu o livro. De certa forma, pode-se comparar a narrativa de ‘O Diabo de Cada Dia’ com uma típica realizada por Quentin Tarantino em seus longas, um pouco menos elaborada porém que funciona perfeitamente no filme.

O Diabo de Cada Dia", da Netflix, é um violento mergulho na fé | A GazetaO elenco está absurdamente bom. Tom Holland rouba a cena como Arvin, que acaba sendo o elemento principal da história – afinal, no primeiro ato acompanhamos sua infância conturbada e os problemas que seus pais (interpretados por Bill Skarsgård e Eliza Scanlen) enfrentavam, e logo após vemos as consequências provocadas posteriormente. Arvin é o pivô central da trama e Holland consegue manter uma atuação incrível e que cresce conforme o filme se desenvolve.

Robert Pattinson também é destaque ao interpretar um pastor alienador novo na cidade e Jason Clarke consegue passar bem todas as características de seu personagem. O restante do elenco também é marcado por grandes nomes como Sebastian Stan e Mia Wasikowska, porém estes acabam sendo subutilizados e deixados de lado por conta da trama correr em alguns pontos – o que é uma pena, pois é um desperdício de potencial.

O Diabo de Cada Dia: Quem é o narrador? Verdade surpreende fãs da NetflixEntão, é bom?

‘O Diabo de Cada Dia’ é, sem dúvida alguma, um dos melhores filmes do ano. O longa apresenta uma narrativa envolvente que se desenrola e une os personagens da trama através da maldade do homem e suas consequências, que se entrelaçam nas histórias individuais de cada personagem. O elenco está sensacional, com destaque ao Tom Holland e ao Robert Pattinson, que roubam a cena dos demais. Inclusive, esse sem dúvidas é um dos melhores papéis da carreira de Holland. Além disso tudo, a trama é envolvente e prende o telespectador do início ao fim. Resumindo, um ótimo filme que inclusive pode acabar atraindo a curiosidade para ler a obra que o título adaptou – que, inclusive, é uma excelente leitura a ser feita para quem gostou de sua adaptação.

A quem se interessar, o livro foi publicado no Brasil pela Darkside Books e está em promoção na Amazon. Confira clicando aqui.

Nota: 4.5/5

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Entretenimento Quadrinhos

Quarto volume de ‘Gideon Falls’ chega em Outubro pela editora Mino

O quarto volume da série de Jeff Lemire, Gideon Falls, iniciou sua pré-venda na Amazon com 30% de desconto e lançamento pela Editora Mino em 11 de Outubro – confira clicando aqui.

”O quarto volume da série de terror vencedora do prêmio Eisner 2019, fruto da fantástica equipe criativa formada por Jeff Lemire Andrea Sorrentino e Dave Stewart. Após a jornada de deslocamento no tempo e no espaço do último arco, Norton e Clara estão presos na “pequena cidade” de Gideon Falls com um psicopata assassino. Enquanto isso, Padre Fred e Angie confrontam o Bispo na “cidade grande” Gideon Falls e os segredos da “Máquina Pentoculus” são revelados em toda a sua (confusa) glória. E o que acontecerá quando os Lavradores finalmente atenderem ao chamado?”