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Social Fiction, da francesa Chantal Montellier, chega ao Brasil pela Comix Zone

Começou a pré-venda de Social Fiction, o mais novo lançamento da editora Comix Zone. Produzido pela autora francesa Chantal Montellier, para a histórica revista Métal Hurlant, a antologia reúne tramas de ficção científica.

Social Fiction é composto por três contos, são eles: Wonder City, Shelter e 1996 (realizados entre os anos de 1976 e 1983) e apontados pela crítica como os trabalhos mais marcantes da carreira da autora, Montellier combina a cultura pop com uma narrativa incisiva e uma surpreendente capacidade de antecipar o futuro.

A obra de Chantal Montellier é considerada uma das mais relevantes artistas dos quadrinhos franceses nos últimos 50 anos , e é marcada pelo seu engajamento político e por uma denúncia radical de todas as formas de violência e opressão.

Social Fiction tem formato 19 x 25,4 cm, 184 páginas, capa dura, acabamento de luxo e tradução de Fernando Paz.

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Rakshassas – O Livro dos Demônios está em pré-venda pela Editora Comix Zone

A editora Comix Zone está com a pré-venda de Rakshassas – O Livro dos Demônios da dupla de argentinos Eduardo Mazzitelli e Enrique Alcatena. A graphic novel apresenta magia e terror em lindas artes que beiram o psicodélico. Confira a sinopse oficial:

Lorde Urquart, um ambicioso nobre inglês nascido na Índia britânica, viola o monastério secreto de Tsongpa, nas montanhas do Himalaia. Seu objetivo é simples: apoderar-se do livro dos demônios, os rakshassas, para dominar as forças do universo.

No entanto, o ritual de libertação dos rakshassas escapa ao seu controle, e os quatro demônios primordiais – escuridão, dor, ódio e loucura – se libertam e desencadeiam a destruição da Terra e da humanidade. Apenas a seita dos anciões possui o conhecimento necessário para impedir o fim do mundo. O pandit Uday Gopal, membro da seita, é encarregado de reunir as três criaturas capazes de realizar essa missão. O sucesso do grupo é bastante improvável. Assim como o seu acordo.

Rakshassas – O Livro dos Demônios tem formato 21 x 28,5 cm, 104 páginas e tradução de Érico Assis. Na compra na pré-venda na Amazon com 30% de desconto e frete grátis para assinantes Prime.

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Cidade, importante graphic novel de Juan Giménez e Ricardo Barreiro, chega ao Brasil

Cidade, HQ que tem roteiro de Ricardo Barreiro e artes de Juan Giménez, chega ao Brasil pela editora Comix Zone. Publicada originalmente na década de 80, a edição da Comix Zone reúne todos os capítulos publicados, como no volume incrível da Astiberri Ediciones, onde o argentino Juan Giménez endossa o roteiro do seu companheiro de HQ Ricardo Barreiro (que nessa época já tinha falecido), com diversas homenagens ao cinema, à literatura e aos quadrinhos.

Confira a sinopse abaixo:

“Certa noite, voltando para casa depois de mais uma discussão com sua namorada, Jean se encontra em uma área desconhecida do seu bairro. As ruas estão desertas e a paisagem, totalmente devastada. Não tardará a perceber que se encontra em um lugar que nada tem a ver com a sua cidade. Ele acabou em uma monstruosa metrópole habitada por ‘náufragos’, homens e mulheres que se perderam em algum lugar do mundo e reapareceram nesse labirinto urbano sem nome, sem lógica e sem regras. Um delírio povoado por homens impossíveis, personagens literários e monstros lendários.”

 

A edição da Astiberri Ediciones foi publicada foi publicada em 2015 e reúne todas as histórias, assim como a edição da Comix Zone. O escritor Ricardo Barreiro faleceu em 1999. Já Juan Giménez veio falecer, uma década depois, em 2020.

Cidade tem formato 21 x 28.5 cm, 192 páginas e tradução da Jana Bianchi. A edição se encontra em pré-venda com desconto de 30% no site da Amazon Brasil.

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A Mão Verde e outras histórias chega ao Brasil pela Editora Comix Zone

A editora Comix Zone iniciou a pré-venda de A Mão Verde e outras histórias, obra totalmente inédita no Brasil. Recheadas de histórias ilustradas pela icônica artista francesa Nicole Claveloux e roteiros de Édith Zha, que foram publicadas na clássica Métal Hurlant (a popular Heavy Metal).

Na trama original, uma nova planta doméstica se torna o primeiro passo de uma jornada épica de autodescoberta e uma espirituosa fábula de romance moderno – completa com arbustos falantes, um gênio sábio e um corvo melancólico. Como em uma sequência de sonhos, a história é dividida em vários episódios que se entrelaçam sutilmente.

Encontramos em Claveloux a influência de ilustradores como o francês Gustave Doré, o russo Rojankovsky e o dinamarquês Kay Nielsen. Reverenciado com o Prêmio do Patrimônio no Festival de Angoulême em 2020, A Mão Verde e Outras Histórias apresenta a realização plena de uma artista inesquecível e injustamente negligenciada dos quadrinhos europeus.

A Mão Verde e Outras Histórias tem formato 21 x 28.5 x 1.5 cm, 96 páginas e tradução de Fernando Paz.

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Editora Comix Zone inicia a pré-venda de Era Outra Vez – O Lado Sombrio dos Contos de Fadas

A Editora Comix Zone começou a pré-venda de Era Outra Vez – O Lado Sombrio dos Contos de Fadas, HQ argentina que reúne as lendas Carlos Trillo e Alberto Breccia. Entre os anos de 1979 e 1981, a dupla decidem reinterpretar contos de fadas clássicos, como Branca de Neve, Cinderela, João e Maria, Chapeuzinho Vermelho, a Bela Adormecida, que eram populares pelos Irmãos Grimm e depois adaptados pela Disney.

As adaptações mantém o tom original, mas distorce alguns dos conceitos para que tenha uma validade mais atual, mesmo em alguns casos propondo o presente como cenário. Eles conseguem fazer do conto antigo um conto moderno, mas que levanta uma advertência como em sua concepção. Em alguns momentos, tanto Carlos Trillo. quanto Alberto Breccia aparecem na história em quadrinhos na forma de personagens.

Mas como sabemos, as versões açucaradas infantis, não são totalmente fiéis aos contos originais. Em Era Outra Vez – O Lado Sombrio dos Contos de Fadas, aborda bem essa parte. Vale lembrar que era a época da Ditadura Argentina, e sufocados pelos anos de chumbo, os dois autores vão rechear suas histórias com mensagens subjacentes que hoje, 40 anos depois, se revelam muito mais nítidas. Esta edição compila os cinco contos reinventados por Trillo e Breccia. Originalmente publicadas em el Péndulo, Hurra, Alter Alter e Superhumor, estas histórias seguiam inéditas no Brasil até hoje.

Era Outra Vez – O Lado Sombrio dos Contos de Fadas tem formato 21 x 28.5 cm, 64 páginas e tradução de Jana Bianchi.

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A Leitura Que Me Fez Bem! As Indicações de 2021!

Em todo mês de dezembro, surgem as famosas “listas dos melhores do ano”. Ano passado, resolvemos criar algo diferente e juntamos um time de pessoas que fazem parte da mídia de quadrinhos, ou então que fazem quadrinhos ou que são leitores, e criamos A Leitura que Te Fez Bem. Aquele gibi ou livro que te fez bem no ano que passou, que tenha mexido com você de alguma forma.

Esse ano juntamos uma galera de primeira linha e pedimos para realizar a mesma coisa. E o resultado foi muito bom.

Principalmente, por que esse ano reuniu algumas resenhas de quadrinhos nacionais e de uma galera que… digamos… é mais “underground”. O que é bom, por que se tem uma coisa que eu adoro é divulgar a galera dos quadrinhos nacionais. Principalmente a galera lá da labuta.

Mas também temos arrasa quarteirões como X-Men do Jonathan Hickman, Incal, temos mangá, livros e a maravilhosa Berlim. Ou seja, tem para todos os gostos. Se te fez bem, se colocou sua massa para pensar, se te deu um alivio e te divertiu. Então o gibi cumpriu a sua missão.

Um time lindo, cheiroso e talentoso, colocou aqui suas leituras que, de alguma forma, marcaram ou que ficou na mente esse ano e indica para você, queridaço leitor! E aqui está a leitura que fez bem para todos nós:

Quadrinhos Azedos Vol. 0 (Felipe Limão) – Por Ricardo Ramos

O quadrinista e professor Felipe Limão não fez uma coletânea com suas histórias. Ele agiu como a música da banda Engenheiros do Hawaii chamada Armas Químicas e Poemas: “Eu abri meu coração, como se fosse um motor. E na hora de voltar, sobravam peças pelo chão. Mesmo assim eu fui à luta…” sim, Felipe foi a luta e apresenta um dos quadrinhos mais sinceros que transbordam sentimentos que li esse ano. Ele junta tudo que vivenciou na pandemia do COVID-19 desde o ano passado, em relação a seu relacionamento, vida financeira, raiva do negacionismo, medo de perder pessoas queridas, conviver com perdas cada vez mais próximas… e também a alegria de reencontrar parentes, amigos e uma retornada a “vida normal”.

Quadrinhos Azedos V.0 reúne essas passagens e também trabalhos do Felipe Limão publicados em 2019 como a excelente Tempo Acúmulo. Em uma viagem existencial, onde tudo depressão e desanimo batem de frente com esperança e a alegria de uma vida simples, Quadrinhos Azedos é um espelho para muita gente que se vê nas situações do Felipe.

Para poder ter o seu exemplar, você pode entrar em contato direto com o autor pelo Twitter ou assinando a sua campanha no Padrim.


Manual do Minotauro (Larete) – Por (Laura Athayde – designer, ilustradora e quadrinista)

Eu adoro quadrinhos, mas eu AMO tirinhas! Não é à toa que esse é o formato que mais exploro no meu trabalho. Acho que tirinhas têm um potencial imenso de provocar reflexões e sentimentos com poucos e bem pensados quadros. Por isso, a minha leitura preferida do ano (que, na verdade, ainda não terminei) é o Manual do Minotauro, da Laerte. Bem conhecida pelas tirinhas com personagens engraçados e charges de cunho político, em 2004 Laerte começou a testar formas diferentes de fazer quadrinhos.

Ela foi pra um caminho mais filosófico e experimental, e são esses trabalhos que estão compilados no Manual do Minotauro. O livro tem mais de 1.500 tirinhas, a maioria delas composta de 4 quadros. E é incrível ver tantas formas diferentes que a autora encontrou de preencher esse espaço!

Manual do Minotauro é uma publicação da Quadrinhos na Cia.


X-Men (Jonathan Hickman) – Por Konema (Podcaster do HQ Corp e comentarista de NBA no Twitter)

Meu prêmio de melhor quadrinho do ano vai para os X-men de Jonathan Hickman!

Não é de hoje que a gibisfera rasga elogios ao Hickman e nessa fase dos mutantes não poderia ser diferente! Depois de anos de história de sofrimento com lapsos de sucesso, Jhonathan vem para escrever um épico mutante onde a raça Homo-Superior finalmente irá PROSPERAR no universo Marvel!

Tem como isso ser ruim?

Esse foi o melhor título que li esse ano, disparado, chegava a da crise de ansiedade esperando a próxima edição, coisas como a formação da nação mutante Krakoa a planos “sem falhas” do futuro da raça mutante arquitetado por Magneto e Xavier em cima de uma pilha de segredos.

Um dos pontos mais altos para mim é como o Hickman escreve o Ciclope, Scott Summer tomou no meu coração o primeiro lugar antes conquistado pelo Logan, neste título ele contempla que FINALMENTE a raça mutante chegou a um patamar onde não está mais se matando, onde não a mais necessidade de revolução ou guerras e que finalmente eles têm uma terra para chamar de sua, ele nunca teve isso e vai lutar com tudo o que tem para manter, é apaixonante ver a evolução do personagem de aluno, líder, revolucionário para agora protetor!

Eu poderia perder horas falando desse título, até já fiz isso em outras mídias, mas fica aqui para vocês a melhor leitura do meu ano de 2021.

X-Men é publicado no Brasil pela Panini Comics.


Dez Dias num Hospício (Nelly Bly) – Por Raphael Fernandes (Editor-Chefe da Editora Draco e sangue bom demais)

Dez Dias num Hospício, de Nelly Bly, foi uma grata surpresa e acredito que foi o livro mais interessante que li este ano. Trata-se de uma reportagem de 1887 sobre o sistema manicomial norte-americano, que foi escrita por uma das pioneiras do jornalismo investigativo.

A jovem Bly conseguiu forjar facilmente a própria condição mental e testemunhou como funcionava o encarceramento de mulheres em instituições para “tratamento” de pessoas com algum tipo de distúrbio mental. Uma reportagem brutal, muito bem escrita e que revela que o inferno somos nós.

Dez Dias num Hospício é uma publicação da Editora Fósforo.


Tecnodreams (Isaque Sagara) – Por Monique Mazzoli ( Podcaster Yellow Paper, HQ Corp e redatora da Torre de Vigilância)

Meu quadrinho escolhido do ano de 2021, entre muitos que eu também gostaria de falar, é o Tecnodreams do Isaque Sagara. Tecnodreams aborda um cenário futurista, mas que infelizmente ainda está preso em questões do passado, uma realidade ainda muito atual para todos nós, como a desigualdade social e a ideia errônea da meritocracia.

A HQ narra como a possibilidade de obter um pouco mais de poder sobre o próprio destino, ainda que em um mundo de realidade virtual, faz com que o ser humano passe rapidamente de oprimido a opressor. Com o Slogan: “Seja o que você quiser” a tecnologia Orion, da empresa Tecnodreams, faz com que seus maiores sonhos e desejos estejam a um passo de distância, basta desejar.

O trabalho do professor e quadrinista Isaque Sagara, sempre aborda questões sociais, mostrando como ainda vivem boa parte dos brasileiros, com temas pertinentes a serem debatidos, independente do cenário apresentado. Recomendo demais, não apenas esta HQ, como também seus outros trabalhos.

Tecnodreams é uma publicação do selo Negrogeek.


Dampyr (Mauro Boselli e Maurizio Colombo)  – Por  Caio Oliveira (Cantinho do Caio e o mais amado pelo fãs do Snydercut)

Quando me pediram pra resenhar o melhor gibi que li em 2021, eu tive que parar e pensar bastante pra lembrar qual foi. Não que não tenha lido coisas incríveis esse ano, mas: 1- queria evitar cair em Demolidor do Zdarsky ou Hulk do Ewing; 2- o grosso do que tenho lido nos últimos anos são compilações gringas de gibis velhos que li nos anos 80 e 90, e não sabia se isso funcionaria na proposta que me pediram. Foi então que me decidi por Dampyr, da Editora 85, que tá fazendo um excelente trabalho editorial em suas publicações. Dampyr nem sequer é meu fumetti favorito em bancas atualmente (esse seria Mágico Vento), mas eu tenho um carinho especial por Harlan Draka e seus companheiros por ter sido o primeiro fumetti que comprei em bancas, em 2004, quando ainda era publicado pela Mythos. Eu já lia Ken Parker, Dylan Dog e Mágico Vento que comprava em sebos, mas comprar a edição na banca me pareceu na época um ato de traição contra os gibis americanos, meu xodó na época! Me senti ousado e aventureiro!

Mas do que trata Dampyr? É a velha história de um caçador de vampiros filho de um vampiro mais poderoso. O diferencial de Dampyr é a ambientação, quase sempre as histórias se passam em cidades do leste europeu (em especial Praga) onde eclodem guerras civis, um prato cheio pros vampiros, que se banqueteiam. Na edição 7 da Editora 85, nós temos 4 histórias, 3 delas escritas por Mauro Boselli e uma escrita por Maurizio Colombo, os criadores do personagem. Eu prefiro a escrita do Boselli, acho mais fluida, em especial na história que abre a edição, “Pesadelo Flamengo”, sobre dois amigos idosos envoltos no mistério  do assassinato de seus velhos conhecidos de infância, numa trama de terror que deixaria Dylan Dog orgulhoso! Isso com a arte magistral de Luca Rossi (aliás, todos os artistas dessa edição 7 são fantásticos!).

Enfim, Dampyr é um bom gibi pra quem procura ação, terror e até um pouco de tramas históricas. Recomendo demais!

Dampyr é publicado no Brasil pela Editora 85.


Laura Dean Vive Terminando Comigo (Mariko Tamaki e Rosemary Valero-O’Connell) – Por Fabi Marques (Colorista e podcaster do 1001 Crimes e DFP)

Laura Dean Vive Terminando Comigo é uma daquelas hqs que a gente lê de uma vez só e depois fica olhando pra parede se sentindo órfão.
Os personagens são tão bem escritos que a gente vive todo o ciclo de estar preso em um relacionamento tóxico e sente o frio do coração de gelo de uma pessoa que não está emocionalmente disponível, no caso, a Laura Dean.

O enredo é muito bem construído, no meio existe uma certa confusão que é exatamente o sentimento de um relacionamento abusivo não linear, com seus altos e baixos muito baixos mesmo.

Um quadrinho que mostra que todes nós estamos sujeitos a cair em armadilhas tóxicas e não é nossa culpa. Um quadrinho que pode ajudar a curar um coração partido mas também ensinar outras pessoas a terem mais empatia, enquanto mostra o verdadeiro valor das amizades e que você não está só.

Laura Dean Vive Terminando Comigo é uma publicação da editora Intrínseca.


Detrito – do caos a lama (João Carpalhau, Alex Genaro e Cristiano Ludgerio) – Por Paloma Diniz (Desenhista e quadrinista)

Sinopse: a história se passa na Baixada Fluminense, no Estado do Rio de Janeiro, e narra o dia a dia de Renato Barros, um professor que está num momento muito ruim e delicado em sua vida pessoal e profissional. Como se não pudesse piorar mais, acontece um acidente químico após um assalto a um carro com carga radioativa na cidade. O que mudará completamente a vida do Renato e das pessoas na história. Baseada em fatos trágicos e reais que ocorreram em 2012 na cidade de Duque de Caxias-RJ, apesar de ficcional, traz muito da realidade brasileira.

Pessoalmente, é uma HQ na qual me identifico e que gostei muito em todos aspectos: uma HQ brasileira, feita por brasileiros, ficcional e bem embasada na nossa vida; uma história completa (com começo, meio e fim), num formato fácil de manusear, confortável de ler, e o melhor: preço acessível. Pra mim, o melhor de uma produção brasileira em todos os quesitos. Precisamos de mais HQs como estas.

Detrito – do caos a lama é uma publicação da Capa Comics.


Ao No Flag (Kaito) – Por Bruno Fonseca (Editor-Chefe do site Proibido Ler)

Sabe aquelas leituras que não exige nada do leitor? Você não tem que ter conhecimento prévio de nada, nem precisa se esforçar muito pra entender a trama. É sentar, ler e se divertir de um jeito simples e prazeroso. Assim é Ao No Flag, mangá escrito e ilustrado por Kaito.

Na história, três jovens estão naquele período de se formar no Ensino Médio e entrar na faculdade. Um período cheio de dúvidas e incertezas, mas que ficarão menos pesado por conta dos protagonistas. Aqui, todo mundo gosta de todo mundo, mas ninguém tem coragem de assumir e eles vão de um jeito único se entendendo e te cativando. Leitura boa para desestressar e relaxar.

Ao No Flag é publicado no Brasil pela Panini Comics.


Incal (Alejandro Jodorowsky  e Moebius) – Por Carlos Pedroso (Yellow Paper poscast)

Um dos quadrinhos que me marcou em 2021 foi Incal, escrita por Jodorowsky e desenhada por Moebius, da editora pipoca e nanquim. Incal apresenta um futuro distópico cheio de bizarrices, ação e aventura capazes de me fazer imaginar no mundo real como tudo isso seria. Com uma visão particular para um futuro a autor nos apresenta a uma intriga intergaláctica ala Star Wars, cheio de inimigos perigosos que querem dominar o universo e aliados inesperados. Incal conseguiu me prender da primeira à última página com maestria, e conforme fui entrando e conhecendo seus personagens fiquei de boca aberta com o roteiro e artes casam de uma forma única, construindo todo universo e com seus personagens cheio de camadas e história bizarras.

Particularmente o querido Jonh Difoo que mais parece um velho rabugento que só sabe reclamar, foi sem dúvida o melhor personagem. Sempre reclamando de algo, o duvidando o tempo todo e sendo o herói improvável. Outro que me cativou foi o Metabarão, personagem frio e calculista, cheio de manias mais parecido com o “Hitman do jogo”, o Metabarão deu um ar de filmes dos anos 80 para a trama. O mais interessante é que todos os outros personagens são importantes para o desenvolvimento da trama e tem seu momento. E meu, que história concisa, densa e cheia de reviravoltas e surpresas que te prende e te faz querer chegar ao final para descobrir o que vai acontecer com nossos heróis.

Com uma arte impecável e roteiro sensacional, Incal sem dúvidas é uma das melhores leituras que fiz nesse ano fácil. Um adendo, cara que cores tem esse quadrinho, com uma coloração viva que realça todos os ambientes, além de destacar em detalhes os ambientes, planetas e pessoas. Esse é o tipo de quadrinho, com uma combinação perfeita na minha opinião como fã de ficção científica e tem tudo para quem gosta do gênero, viagem espacial, tramas bem elaboradas, uma visão distópica do futuro e muita ação.

Incal é uma publicação da editora Pipoca & Nanquim.


Berlim (Jason Lutes) – Por Léo Palmieri (Podcaster Gibi Nosso de Cada Dia e fundador do site Crossover Nerd)

Imagine acompanhar algumas vidas durante o conturbado período de 1928 a 1938 em Berlim. Neste incrível quadrinho, Jason Lutes conseguiu sintetizar de forma magistral, acontecimentos incríveis na vida de pessoas comuns na cosmopolita Berlim dos anos 30. Aqui, vemos como foi a ascensão do Nazismo frente a todas as situações ideológicas possíveis, bem como este regime totalitário se utilizou de toda a cultura e informação para, aos poucos, estabelecer o seu poder.

Jason Lutes demonstra neste trabalho, que além de uma narrativa sem igual (beirando a cinematográfica em algumas situações), domina muito da história da Alemanha. Os Embates dos Nazistas contra os comunistas, a troca de situações quase novelescas, o auge e queda de pessoas, comércio, cultura e liberdade. Berlim não é uma obra fácil de se digerir, se você não for uma pessoa empática. Esse quadrinho me tocou muito nesse ano.

Berlim foi publicada pela Editora Veneta.


Juquinha: O Solitário Acidente da Matéria (Max Andrade) – Por Gabriel Ávila (Jornalista do site Jovem Nerd)

Juquinha: O Solitário Acidente da Matéria é a típica HQ que engana o leitor. Se você confiar na sinopse, vai achar que está comprando um “mangá sobre aceitação e amadurecimento em uma realidade” – o que não é mentira, mas não é toda a verdade. Partindo desta ideia, que parece simples, Max Andrade (Tools Challenge) constrói uma história que é ao mesmo tempo grandiosa e metalinguística, como também é intimista e sincera.

É nesse equilíbrio de coisas que parecem antagônicas que esse quadrinho sustenta em uma história cativante as infinitas referências que habitam a mente de um dos maiores talentos dos quadrinhos. E faz tudo isso com uma sinceridade vibrante que torna a experiência memorável e o Juquinha um dos mais queridos personagens das HQs.

Vida longa ao Juqs!

Juquinha: O Solitário Acidente da Matéria é uma publicação da Editora Draco.

 

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Saiba detalhes do 1º Prêmio Sul-Americano de Quadrinhos, das editoras Comix Zone, Loco Rabia, Historieteca e iLatina

E nasceu o 1º Prêmio Sul-Americano de Quadrinhos! Concebido da parceria entre as editoras Comix Zone, Loco Rabia, Historieteca e iLatina, onde visa premiar, em duas categorias, quadrinhistas sul-americanos com um adiantamento dos direitos autorais no valor de US$ 4.000,00 e terão seus trabalhos publicados simultaneamente no Brasil, na França e na Argentina.

Confira as categorias do prêmio:

Graphic Novel

Histórias complexas, desafiadoras e adultas, que se apropriem de temas sociais, ambientais, políticos, pessoais ou coletivos. “Que usem a ficção ou não ficção como riqueza em suas tramas e que nos façam crescer como leitores e como pessoas”, diz a descrição dos editores.

Uma atenção especial será dada às propostas de jornalismo em quadrinhos que contem com uma sólida investigação a partir da colaboração entre jornalistas e quadrinhistas.

Quadrinho de Gênero

Ficção científica, terror, aventura, policial, fantasia, fantasia heroica, histórico ou faroeste. “Esperamos histórias que brinquem com os gêneros, que explorem suas possibilidades e seus limites. Esperamos que os renovem ou que recuperem sua essência clássica. O importante é o percurso que nos propõem como leitores e a fruição de uma história bem contada”, descrevem os editores.

Uma atenção especial será dada à arte e à narrativa gráfica, como também à originalidade da história.

Para saber de todos os detalhes, regulamento e como enviar os trabalhos, acesse o site oficial do 1º Prêmio Sul-Americano de Quadrinhos, clicando AQUI.

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Editora Comix Zone inicia a pré-venda do esperado Paracuellos Vol. 2

A editora Comix Zone iniciou a pré-venda do esperado Paracuellos Vol. 2, obra do espanhol Carlos Giménez. O conceituado autor usou de experiências próprias para contar as histórias de dificuldades, torturas e raros momentos de alegrias em que viveu em uma casa de assistência social com outras crianças. O primeiro volume foi considerado por muitos uma das melhores publicações no Brasil no ano passado (inclusive por este que escreve).

Na Espanha franquista do pós-guerra, inúmeras crianças órfãs ou abandonadas cresceram em abrigos do Auxílio Social. Desamparadas e longe de suas famílias, os tempos são duros para elas e os momentos de alegria, raros. Pablito, Adolfo, Peribáñez e muitos outros aprenderão nessas difíceis condições o que é medo, crueldade e vingança, mas também amizade e fraternidade. Eles criarão laços indissolúveis que lhes permitirão tornar-se os homens do amanhã.

Carlos Giménez busca dramatizar o elo entre o corpo humano e o corpo político em Paracuellos. Sendo um espelho que muitos na própria Espanha consideravam um capítulo da história que não era mais discutido. De como os acólitos de Francisco Franco usavam de todas as ferramentas para subjugação (disciplina, regulamentação do tempo, classificação corporal e segregação forçada) para reeducar as mentes jovens. Giménez começou a produzir Paracuellos um ano após a morte do Ditador Franco.

Você pode conferir a resenha do Torre de Vigilância para Paracuellos Vol.1 clicando AQUI.

Paracuellos Vol.2 tem formato 21 x 28.5 cm, 256 páginas, capa dura e tradução da Jana Bianchi. Adquirindo na pré-venda, no link abaixo, você consegue um desconto de 30% e um bookplate não autografado.

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A ficção científica Preferência do Sistema é o novo lançamento da Comix Zone

Mantendo a sua tradição de lançar autores inéditos no Brasil, depois de Diego Agrimbau (Guarani – A Terra sem mal), Gato Fernández (O Golpe da Barata), Michel Rabagliati (A canção de Roland) entre outros, a editora Comix Zone iniciou a pré-venda de Preferência do Sistema, graphic novel escrita e desenhada pelo francês Ugo Bienvenu.

A trama se desenrola em 2120, onde o principal recurso é a memória virtual. Com milhões de giga consumidos pelas redes sociais, não há espaço para mais dados. Quem decide o que apagar são os “profetas”, uma espécie de polícia que define o destino de milhares de obras culturais. Yves, um arquivista, tem a tarefa de tentar defender certos dados, cuja perda considera dramática para o patrimônio da humanidade.

Mas está ficando cada vez mais difícil frear a destruição das informações e ele não suporta a ideia de ver obras-primas como 2001 – Uma Odisseia no Espaço desaparecerem para sempre. Para salvá-los do esquecimento, Yves decide armazenar ilegalmente esses dados em seu robô doméstico, Mikki, que também carrega sua filha ainda não nascida. Porém, as coisas não são tão simples: as autoridades percebem suas atividades clandestinas e vão atrás dele.

Ugo Bienvenu é reconhecido como um dos maiores nomes da ficção científica contemporânea e um dos responsáveis pela nova encarnação da revista Métal Hurlant. No ano passado, Preferência do Sistema recebeu o Grande Prêmio da Crítica da ACBD – Associação dos Críticos e Jornalistas de Quadrinhos, uma das premiações mais importantes do segmento na França.

Preferência do Sistema tem formato 21 x 25,5 cm, 168 páginas, capa dura e a tradução de Fernando Paz. Comprando na pré-venda, você adquire 30% de desconto no site da Amazon Prime.

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Resenha: Guarani – A Terra sem mal

                   “Prepare-se Duprat… o front não está muito longe.”

A Guerra do Paraguai foi o maior conflito armado internacional que já aconteceu na América Latina. A batalha travada entre o Paraguai, liderado pelo Marechal Solano López, contra a Tríplice Aliança, composta pelo Império do Brasil, Argentina e Uruguai, iniciou por diversos motivos diferentes (mas que todos ou a maioria, envolve influência do governo Britânico) e durou cinco anos.

A Guerra teve seu final com a captura e assassinato do Marechal López em Primeiro de Março de 1870, mas o grande último embate foi a Batalha de Campo Grande, também conhecida como “Batalha de Los Niños” ou “Acosta Ñu” pelos paraguaios, em 16 de agosto de 1869, a partir dessa data, ela tornou-se o Dia da Criança naquele país. Essa batalha foi a última tentativa desesperada de defesa do Paraguai, onde ele recrutou de forma forçada, crianças de no máximo 15 anos contra as forças de 20 000 homens da Tríplice Aliança, entre as crianças, vários jovens índios da tribo Guarani.

É esse é o grande ponto de Guarani – Terra sem mal dos argentinos Diego Agrimbau (roteiro) e Gabriel Ippóliti (arte), publicada aqui no Brasil pela editora Comix Zone em mais um belo trabalho editorial que se tornou característica de suas publicações.

Na graphic novel o leitor segue o fotografo francês Pierre Duprat, que vem para a América Latina para realizar um ensaio fotográfico com as índias da tribo Guarani, e, inevitavelmente, ele está testemunhando e convivendo com a guerra, suas mazelas e ideologias. Pois Guarani não trata somente do horror e miséria que uma guerra traz em sua bagagem. Durante a sua saga pela batalha, Duprat convive com pessoas que defende cada lado, e como os dias atuais, discutem em exaustão para justificar cada tiro e morte. Convive com as vitórias mortais da selva em cima de soldados de ambos exércitos, o que acontece com desertores, com pessoas recrutadas forçadamente para a guerra e como a guerra atingiu os mais antigos dessas terras: os indígenas.

E os únicos momentos belos e de respiro que existem, são exatamente quando Duprat finalmente encontra os Guaranis e convive com ele, mesmo por pouco tempo. Ali testemunhamos costumes, algumas tradições, o outro lado da selva com beleza e ternura. Algo que nos dimensiona um pouco de como eram os tempos antes do homem branco chegar com sua maquina de morte e guerra. E assim segue até o recrutamento forçado de homens e crianças da tribo para a guerra.

O roteiro de Diego Agrimbau conduz como telespectadores desde a chegada de Duprat, fazendo-nos escorregar por dentro de um conflito que, apesar da proximidade geográfica, não parece ser nosso. Mas a arte de Gabriel Ippóliti, com cores… digamos… que “não vibram”… mas que impressiona como deveria ser uma guerra, dão um tom importante demais para a ambientar o leitor dentro da história. O quadro dos corpos boiando mescla um horror que está aproximando e sentimos uma melancolia arrependida do personagem principal como fosse algo do tipo “onde eu fui me meter?”. E esse sentimento que a arte proporciona é um dos grandes diferenciais da obra.

Uma grande importância de Guarani – A terra sem mal é ser um registro histórico de uma parte da história do Brasil que muitas vezes é renegada em prol da glória do “nosso” exército. Massacrar crianças com armas e cavalos, não é nada digno de nota e grandes feitos. Mas muitos usam essa guerra para falar de libertação do povo paraguaio das mãos de López, que foi o estopim para a abolição da escravidão e que o primeiro vento do surgimento da Republica contra o Império. Mas o massacre de crianças, muitas delas indígenas seguem negligenciado por grande parte de historiadores. Como acontece até hoje em dia.

O Brasil por exemplo, segundo dados divulgados pelo Atlas da Violência no dia 31 de agosto desse ano, as taxas de mortes violentas de indígenas aumentou 21,6%, nos municípios que têm terras indígenas apresentaram um crescimento mais acentuado na última década. Muito fruto de invasões, garimpo ilegal e uma série de ilícitos que vêm ocorrendo.

O mais irônico (se é que existe alguma coisa irônica em uma guerra) é que as duas cabeças pensantes mais poderosas, Solano López pelo Paraguai, e o D. Pedro II pelo Brasil, assumiram suas posições quando muito jovens. Solano López foi nomeado general-de-brigada aos 18 anos de idade. Já D. Pedro II tornou-se Imperador quando tinha 5 anos, depois de seu pai abdicar o trono, e assumiu para valer ao completar 15 anos. Ambos iniciaram jovens e se tornaram expoentes, Solano é visto até hoje como herói nacional no Paraguai, enquanto seu rival é visto como a pessoa que não descansou até capturar, o para ele, sanguinolento ditador paraguaio.

Mas como é apresentado em Guarani – Terra sem mal, o grande vencedor dessa guerra não teve honra e a herança deixada foi um país devastado. Apresentar esses fatos, muitas vezes tomando um ou outro lado, mas sabendo que o horror da guerra é o único vitorioso aqui.