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Ford vs. Ferrari: Adrenalina na base de suor e lágrimas

Ford vs. Ferrari foi uma das grandes surpresas na lista de indicados a Melhor Filme no Oscar 2020. Isso devido ao fato de que grande parte da audiência desconhecia a obra dirigida por James Mangold, que passou despercebida durante o período nos cinemas. Sendo um dos espectadores na época do lançamento, pensei no momento que deixei a sala de cinema que esse filme seria mais reconhecido após suas semanas de exibição. E não esperava que aconteceria tão rápido. Empolgante na medida certa para nos tirar o fôlego e vibrarmos com os personagens, o filme não só surpreende por sua indicação, mas também pela apresentação sofisticada e estilosa de James Mangold.

Pouco conhecedor de corridas, principalmente nos Estado Unidos e na França, comecei perdido ao tentar entender qual era a grande questão envolvida na trama. Isto é, o embate comercial entre Ferrari e Ford. Em poucos minutos, porém, a obra estabelece as explicações necessárias – sem ser pedante – para entendermos os momentos das duas empresas, seus objetivos e como funciona as competições automobilísticas. A partir desse ponto, fica fácil nos conectarmos com os personagens principais, estes interpretados por Christian Bale e Matt Damon, os acompanhando na trajetória real que beirava o impossível: construir um carro de corrida que competisse com a invencível Ferrari.

Entender que tudo apresentado na obra foi de fato verdadeiro, torna a experiência ainda mais empolgante. Acompanhar os problemas e desafios de Ken Miles (Bale) e Carroll Shelby (Damon) deixa-nos completamente vidrados na tela para com a construção do carro. Aqui já fica clara a ótima montagem de Ford V Ferrari, pois alterna entre as melhorias empregadas pelos funcionários, e os testes na pista; essa dinâmica estabelece grande parte do ritmo do primeiro terço do filme, além de desenvolver os conflitos entre Shelby e a empresa Ford, comandada por Henry Ford II (Tracy Letts). Embora nos coloque em posição de enaltecimento da Ford, o dono e seu conselho administrativo transmitem uma falta de empatia tremenda, seja por não entenderem as limitações físicas e emocionais de seus trabalhadores, ou pelas inúmeras tentativas de sabotar os próprios projetos. Esta abordagem cria figuras antagônicas eficientes, fortalecendo ainda mais o engajamento da audiência para com o possível sucesso dos protagonistas.

O carisma de Bale e Damon, aliás, é fundamental para simpatizarmos com seus problemas. Bale, além de ter semelhanças significativas com a figura real de Miles, mistura a simplicidade do personagem com a extrema capacidade de observação e inteligência acerca de automóveis, que muitas vezes beira ao insuportável. Já Damon, apresenta alguém que tem o coração no lugar certo, mas se resguarda por ser um homem focado nos negócios. Essa disparidade entre ambos cria conflitos inevitáveis, enquanto, quando se juntam, cria uma união formidável.

Se o processo de idealização e criação do carro já apresenta diversos elementos atrativos, as corridas transmitem um sentimento único de empolgação pelas mãos do diretor James Mangold. É como presenciar uma corrida estando a dois passos da pista, você realmente se comove e interage com os pilotos, porque o filme enaltece o contato com o fator humano nos carros – repare o uso intenso de primeiros e primeiríssimos planos nos atores que estão correndo na pista. Embora o foco esteja mais em Bale, Mangold não esquece de todos os componentes que estruturam a corrida, desde as paradas técnicas até as bandeiras finais. Apesar da emoção estar guardada na apreensão sobre os resultados de Miles, as dificuldades enfrentadas pela equipe liderada por Damon, de preocupação com o estado do carro até os problemas enfrentados com os líderes da Ford, também adicionam certa preocupação.

As 24 Horas de Le Mans era uma corrida longa e requisitava dos profissionais automobilísticos uma postura incansável, proporcionado exaustão e uma alternância constante de seus participantes. Por conta desse motivo, Ford vs. Ferrari poderia ter seu ritmo atrapalhado por tentar impor as condições reais das corridas. Contudo, Mangold acerta em focar nas passagens úteis, além de guardar a maior parte do tempo para a corrida final, tratando a duração de maneira organizada, sem atropelar o desenvolvimento narrativo.

Além das escolhas eficientes de Mangold, a edição e mixagem de som têm uma função definitiva para a criação perfeita do ambiente. A edição ressalta as pisadas nos pedais, as trocas de marchas, os freios etc. A partir dessas sonoridades minuciosas, a mixagem encaixa de maneira fluída todos estes sons, fazendo com que a cada virada, a cada respiro e a cada volta, sinta-se a emoção de estar sentado na arquibancada. Esse conjunto de trabalhos torna cada corrida uma emoção única, resultando em uma jornada frenética e vibrante, empolgando até mesmo aqueles que não se interessam pelos fatos históricos narrados.

Tratando das corridas por quase todo o seu tempo, Ford vs. Ferrari não deixa escapar, mesmo que por alguns instantes, os fôlegos emocionais através de surpreendentes momentos que evocam a história por trás dos personagens. A dificuldade financeira de Miles pesa em sua relação com a esposa e filho, a necessidade de Shelby se provar entre os melhores do automobilismo também tem seu lado emocional, porque ele precisa provar seus pontos mesmo que todas as variáveis estejam contra suas ideias. Nesse sentido, o que mais me marcou profundamente – e devo deixar destacada – foi a cena entre Ford II e Shelby dentro de um carro de corrida. Após um pequeno teste demonstrando a velocidade do carro, o dono – figura extremamente antipática – chora por se lembrar do pai e sua paixão por carros. E precisa notar o quão bem está Letts nesse papel, já que alterna entre simpatia e rigidez. Mesmo a figura mais antagônica transmite uma passagem sincera carregada de lágrimas, evocando a lembrança de uma história paterna.

Ford vs. Ferrari tem sequências de tirar o fôlego, que empolgam e tornam o cinema uma verdadeira arquibancada de vibrações e torcida. Todavia, seu ritmo frenético não atrapalha o desenvolvimento dos arcos dramáticos de seus personagens, retratando os acontecimentos reais de forma reverente, mas evidentemente sensível. Mangold, Bale e Damon tiveram a capacidade de trazer essa história às telas, conseguindo impactar até aqueles que nunca pensaram que poderiam se emocionar com uma corrida.

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Jumanji: Próxima Fase supera seu antecessor e conquista com inovação um novo patamar

Sendo um marco entre gerações, Jumanji foi um dos maiores clássicos da aventura no cinema. Seu primeiro filme com Robin Willians marcou muitas infâncias, e trazia um contexto que se encaixava mais na época, um jogo de tabuleiro. E então, 2017 somos apresentados ao ‘Jumanji: Bem Vindo à Selva‘, que agradou a crítica e ao público por se encaixar em uma nova geração. E podemos dizer que continua sendo marcante.  O maior medo dessa continuação, era que talvez se tornasse desnecessária para a história. Mas felizmente, novos elementos e novas oportunidades salvam a continuação de cair na mesmice e ganham a atenção e amor do telespectador, se tornando até melhor que seu antecessor.

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O filme  inicia mostrando o protagonista já apresentado no longa anterior, e vemos que o personagem de Alex Wolff (Hereditário), Spencer, está distanciado da turma. E então, ele acaba entrando novamente no jogo, e seus amigos tem se esforçar em uma nova fase do jogo, para encontrar seu amigo e salvar Jumanji mais uma vez.

Talvez, a parte mais negativa do filme seja a motivação dos personagens de entrarem novamente no jogo, que é bem fraca. Enquanto a história e o roteiro pecam nessa parte, no resto eles acertam em cheio. O humor do longa tem um timing excelente, e diferente demais do seu antecessor; explorar coisas novas e colocar novos personagens na trama foi uma ótima escolha, o que elevou muito o nível do longa. E o filme também não entrega só humor, já que suas cenas de ação também são muito bem feitas, e também se encaixa com um drama que funciona e emociona. Esse longa também tem elementos de filmes como ‘coming-of-age‘, que mostra o amadurecimento das personagens e da vida adulta chegando na trama de cada um. Mais uma vez, algo que o filme não decepciona e que deixa a história maior ainda.

E a grande parte por conta desse acerto é o elenco, que consegue ter uma química tão boa e reciproca entre todos. Momentos onde os atores precisam trocar de personagem, ou fazer graça com outro, funcionam de forma esplêndida. Quando os personagens precisam imitar os personagens de Danny DeVito e Danny Glover, eles triunfam e roubam a cena, em todo momento. Um grande acerto do elenco, onde cada um tem seu tempo em tela e seus próprios brilhos. Com toda certeza, é o elemento que mais conquista no longa.

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Em aspectos técnicos, também não decepciona de forma alguma. A direção de Jake Kasdan foi o papel principal no longa, que trouxe vários dos aspectos positivos, principalmente na dosagem de cenas de ação, luta, drama e etc. A fotografia e a edição do filme é algo que funciona de forma tão única, em momentos cômicos é perceptível a mudança nesses quesitos, e em momentos dramáticos, há outro estilo. A produção do longa realmente não deixa a desejar.

Os efeitos especiais do filme são ligeiramente fracos em certos casos, em algumas cenas até perceptível o que é fundo verde e criaturas irrealistas demais, e isso causa certo estranhamento. Mas, em outras cenas, funcionam bem. Esse quesito vai de espectador à espectador, mas pela imersão do longa, é quase imperceptível tais erros.

Outro ponto que agrada muito é a trilha-sonora composta de Henry Jackman, que encaixa certo com o que a cena necessita, e de forma que fica na sua cabeça. O trabalho de edição de som é ótimo.

 

Jumanji: Próxima Fase leva a franquia de forma sútil e inovadora, que não deixa a desejar. Com toda certeza, é uma comédia ótima para todas as idades. O filme tem seu lançamento para quinta-feira, dia 16, em todos os tipos de sala de cinema em todo o Brasil.

Nota: 3,5/5

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Os dez melhores filmes de 2019

2019 foi um ano extremamente único e de tirar o fôlego para os amantes do cinema, com mega-produções incríveis e filmes independentes de arrancar lágrimas, é uma tarefa extremamente dificil ter que listar 10 melhores. Talvez, este ano foi um dos melhores da história moderna do cinema, se não, o melhor. Nossa redação também fez a lista de 10 piores filmes do ano, confira clicando aqui.

Confira nossa lista de melhores longas a seguir:

        10° – Alita: Anjo de Combate 

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Alita é um filme que talvez tenha passado despercebido pelo público. Dirigido por Robert Rodriguez e com produção de James Cameron, o filme é uma adaptação de mangá com o mesmo nome, e conta a história da guerreira Alita, em uma cidade futurista e que tem seus problemas, principalmente de desigualdade. Com toda certeza, o longa é recheado de muita ação, efeitos especiais incríveis e com um visual muito bem adaptado. Mesmo não tendo uma bilheteria tão alta, os fãs da saga amaram e pedem hoje por uma continuação, que depende da Disney.

9° – Shazam!
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Extremamente cômico, divertido e fora da caixa, Shazam! conquista o público com seu humor muito bem feito e por ser uma história tão peculiar. A direção de David F. Sandberg foi de grande ajuda ao filme, ele sabe como trabalhar com cada personagem de forma que não exclua os outros, e também consegue criar um filme bem fiel aos quadrinhos. Se você gosta ou não de filmes de heróis, esse aqui é quase improvável de não gostar.

8° – John Wick 3: Parabellum

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De tirar o folego, a franquia John Wick conquista o público em cada filme que lança. Com cenas de ação tão espetaculares, bem coreografadas e com uma história que cativa muito o público, o terceiro filme não erra, e se consagra nesse ano como um dos melhores blockbusters. Com um estilo extremamente diferente dos filmes de ação hollywoodianos, esse filme puxa sua direção para algo como cenas de ação de longas asiáticos; onde a câmera é limpa para você conseguir ver a ação, diferente da maioria dos filmes, onde é utilizada a técnica da câmera tremida.

  7° – The Lighthouse

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Dirigido pelo mestre do terror, Robert Eggers, The Lighthouse se caracteriza por um terror maritimo bem parecido com os contos do grande escritor H.P. Lovecraft. O filme tem uma direção impecável, atuações extremamente bem feitas pelos atores William Dafoe e Robert Pattinson. Com toda certeza é um clássico do terror atual, assim como seu filme anterior, A Bruxa.

6° –  Ford v Ferrari

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Para os fãs de corrida, e até quem não entende nada de carro, Ford v Ferrari é um filme que simplesmente cativa o público de uma forma única e eletrizante. Baseado em fatos reais, a história segue Carroll Shelby e o piloto Ken Miles, em busca da grande corrida de 24 horas de Le Mans. O filme não é só corridas o tempo todo, e sim consegue intercalar entre o drama familiar de Ken Miles, a busca de Carroll pelo carro perfeito e também da história por trás da criação. É provavelmente o filme mais imersivo do ano.

5° – Bacurau

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É do Brasil! Bacurau chega com os pés na porta com uma grande crítica social que é extremamente necessária aos dias atuais. Se passando em 2020 o longa conta a história de uma cidade fictícia que está sendo atacada por algo inexplicável, logo após simplesmente ter sumido do mapa. Com a direção de Kléber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, o filme se tornou um dos maiores em Cannes e que mais chamou a atenção pelo mundo, o cinema brasileiro está em boas mãos. O filme fica melhor ainda quando você vê ele pela décima segunda vez, segundo espectadores.

4° – História de Um Casamento

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Simples e tocante , História de Um Casamento é um dos filmes que mais surpreenderam nesse ano. Com a direção de Noah Baumbach, o longa é inspirado no seu divórico com a atriz Jennifer Jason Leigh (Atypical, Good Time). O filme conta a história de Charlie e Nicole, que estão passando por um divórico, e nisso, mostra toda a história de separação, guarda do filho e também acaba se tornando uma competição entre os dois. Scarlet Johansson e Adam Driver arrasam em suas atuações, com certeza uma das melhores do ano.

3° – Entre Facas e Segredos

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Fãs de Agatha Christie com toda certeza amaram esse filme. O mais recente filme de Rian Johnson é uma obra prima do suspense, e também da comédia. O filme conta a história do famoso escritor de histórias policiais Harlan Thrombey (Christopher Plummer), que é encontrado morto dentro de sua propriedade. Logo, o detetive Benoit Blanc (Daniel Craig) é contratado para investigar o caso e descobre que, entre os funcionários misteriosos e a família conflituosa de Harlan, todos podem ser considerados suspeitos do crime. O filme, além de ser tão divertido, cria uma crítica social entorno dos imigrantes. Uma salva de palmas à atuação da Ana de Armas, que rouba a cena, conseguindo perfeitamente intercalar entre cenas cômicas e cenas dramáticas.

2° – Coringa

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Um divisor de águas, Coringa é simplesmente único em sua essência e traz para um momento onde filmes de quadrinhos estão perdendo seu rumo, para algo maior. Com uma história avassaladora, e com atuações primorosas, Coringa se encaixa sendo um dos mais primordiais filmes do ano. A construção do personagem e a direção de Todd Phillips é extremamente bem feita, e a atuação de Joaquin Phoenix é surreal. Sua crítica social também é bem feita e não é simplesmente jogada na tela.

1° – Parasite

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Mais um grande filme de Bong Joon-ho, que marcou a história do cinema. Parasite conta sobre a família de Ki-taek, que está desempregada, vivendo num porão sujo e apertado. Uma obra do acaso faz com que o filho adolescente da família comece a dar aulas de inglês à garota de uma família rica. Fascinados com a vida luxuosa destas pessoas, pai, mãe, filho e filha bolam um plano para se infiltrarem também na família burguesa, um a um. No entanto, os segredos e mentiras necessários à ascensão social custarão caro a todos. O filme consegue transitar entre drama, suspense, comédia, crítica sociais e elementos assustadores sem tropeçar e perder a atenção do espectador. As atuações de todos são tão boas, e a direção de Joon-Ho só melhora a experiência. Com toda certeza, é um filme necessário.

Menção Honrosa: Dois Papas

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Dois Papas pode parecer um filme simples, mas é uma crítica politica, é uma reflexão religiosa, é uma obra necessária aos dias atuais. A direção de Fernando Meirelles alterna entre planos bem cinematográficos, como de um filme comum, e cenas onde remete um documentário; e isso é feito com maestria. Pryce e Hopkins são dois monstros na atuação, e com toda certeza, serão lembrados nessa temporada de premiações.

Com toda certeza o ano foi esplêndido para o cinema. A tarefa de só listar 10 filmes foi de certa forma dolorosa, já que temos pelo menos 30 filmes que deveriam estar nessa lista. Agora, é esperar para que em 2020 nós possamos ter um ano para o cinema tão bom quanto esse.

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Os dez piores filmes de 2019

É inegável que o ano de 2019 foi grandioso para o cinema, apresentando não só produções excelentes como também péssimos longas-metragens.  Pensando nisso, a equipe de redação da Torre decidiu preparar duas listas, uma expondo os melhores filmes do ano que passou e esta, mostrando os piores longas de 2019. Vale lembrar que esta lista apresenta a minha própria opnião a respeito e envolve apenas os blockbusters do ano.

10) Vidro – M. Night Shyamalan

Vidro é um suspense lançado em 17 de Janeiro de 2019, sendo o terceiro filme da trilogia iniciada em 2000 com Corpo Fechado e como continuação de Fragmentado. A trama gira em torno de David Dunn, personagem vivido por Bruce Willis, caçando a Fera, interpretada por James McAvoy. No desenrolar da trama, os dois acabam se encontrando em uma instituição psiquiátrica junto com Sr. Vidro, personagem de Samuel L. Jackson. Na instituição, os três são estudados por uma psiquiatra que acredita que eles apresentem um delírio de grandeza.

Por mais que o filme seja bem dirigido e que a premissa do filme seja interessante ao juntar os três personagens para explorar seu perfil psicológico, o longa se perde em seu terceiro ato querendo deixar o suspense de lado para se tornar mais um filme de super-herói, com um plot raso e um final que deixa a desejar. Entretanto, por mais que tenha esse defeito, o elenco trabalha bem e Anya Taylor-Joy se apresenta como um dos destaques do longa.

9) Hellboy – Neil Marshall

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Hellboy ganhou um reboot em 2019 – antes dirigido de forma excepcional por Guillermo del Toro, agora foi a vez de Neil Marshall comandar o personagem. O longa adapta quatro histórias em quadrinhos do personagem e sua trama gira em torno do retorno da vilã de Nimue, interpretada por Milla Jovovich. Com seu possível retorno e sua ameaça de destruir a vida na Terra, Hellboy é convocado para evitar que isso ocorra.

Por se tratar de um reboot foi bem pretensioso tentar adaptar um arco tão grandioso, criando um problema no ritmo do longa. Além disso, a direção torna um roteiro que aparentemente é simples ser complexo nas telas com sequências de eventos confusas e fora da ordem cronológica. Outro grande problema é o excesso de piadas fora de hora, quebrando o clima (já mal estabelecido) do longa. Por mais que David Harbour se apresente como um bom Hellboy e que o longa apresente bons efeitos visuais, o filme se perde muito ao querer cumprir mais do que um reboot deveria, comprometendo sua qualidade e se tornando facilmente um dos piores filmes do ano.

8) O Rei Leão – Jon Favreau

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A versão live-action de O Rei Leão, por mais que apresente a mesma trama que o desenho e as excelentes músicas interpretadas por Donald Glover e por Beyoncé, acaba quebrando a parte emocional da trama original ao mostrar na tela personagens em CGI sem nenhuma expressão. Foi uma adaptação desnecessária onde seria mais fácil relançar o desenho nos cinemas do que criar uma versão que não traga nenhum sentimento ou emoção ao telespectador. Eu, como fã apaixonado do desenho, não senti absolutamente nada assistindo ao filme.

Aladdin, também lançado esse ano, poderia ser um exemplo de que existem filmes certos para serem adaptados em live-action enquanto outros não deveriam nem ser cogitados para isso. Entretanto, com alguns acréscimos em relação a trama original, também prova ser um erro ser adaptado de tal forma.

7) X-Men: Fênix Negra – Simon Kinberg

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Dirigido e escrito por Simon Kinberg, a trama gira em torno de Jean Grey (Sophie Turner). Após um acidente durante uma missão no espaço, a mutante se apresenta fora de controle e com seus poderes ampliados. Com isso, cabe a Charles Xavier e o resto dos X-Men ajudar Jean a se recompor, enquanto Magneto quer matar a mutante. O roteiro é repleto de falhas: além do erro de cronologia (pelo qual a franquia é extremamente famosa), ele erra em não saber desenvolver nenhum personagem. O foco da trama é a Grey, e nem ela o roteiro consegue desenvolver – o que resulta em um filme sem emoção, mesmo nos momentos que deveria criar algum sentimento no telespectador.

Com essa falta de desenvolvimento, toda a história perde o sentido e todos se tornam coadjuvantes, até mesmo a personagem que carrega o filme. Outro grande problema é a insistência na fórmula do Magneto, onde o mesmo se apresenta como herói, se torna vilão e depois muda de lado novamente. Essa fórmula já enjoou em Apocalipse, e parece que novamente eles não aprenderam. O único destaque do filme é a Sophie Turner, que atua de forma excelente e passa o sentimento e o emponderamento da personagem de forma única – entretanto, o desenvolvimento porco da trama consegue também estragar isso. X-Men: Dark Phoenix é uma decepção e consegue ser pior do que X-Men 3: O Confronto Final. Personagens mal desenvolvidos, uma trama enrolada e apresentada de forma apressada que ficou parecendo um trabalho escolar feito durante a véspera da apresentação.

6) Malévola 2: A Dona do Mal – Joachim Rønning

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Em resumo, Malévola 2 é uma continuação desnecessária de um bom filme. A trama gira em torno do casamento de Aurora com Philip, onde a mãe do príncipe não aceita tão bem Malévola e é a vilã da história.

O filme apresenta um roteiro extremamente fraco e raso que não aproveita o talento das atrizes de peso (Angelina Jolie e Michelle Pfeiffer) presentes no longa. O primeiro filme, lançado em 2013, apresentou uma trama boa e um final adequado – o que deixa claro que sua sequência foi feita visando apenas ao lucro.

5) Annabelle 3: De Volta para Casa – Gary Dauberman

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Bom, Invocação do Mal é a melhor franquia de terror atual – créditos a James Wan, que dirige o filme com uma qualidade absurda e de seus enredos. Como toda franquia que gera lucro, há spin-offs desnecessários e assim como os dois filmes anteriores da boneca possuída e A Freira, Annabelle 3 não poderia ser outro caso.

O longa se passa após os Warren deixarem a boneca no porão de sua casa. Após isso, as amigas curiosas vão mexer nas coisas e liberam o espírito – não só da boneca, como de diversos itens de lá. Mas o filme é tão ruim que você chega a dar risada das situações que eram pra dar medo. Não tem história e também não tem momentos que causem medo ou sustos, apenas risadas do quão patético é esse filme. Nem a presença de Patrick Wilson e de Vera Farmiga como os Warren salva o filme do fracasso.

4) The Silence – John R. Leonetti

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A produção original da Netflix não passa de uma cópia barata do bem sucedido A Quiet Place. A trama é bem semelhante, a família precisa sobreviver em um mundo dominado por monstros que são atraídos por sons. O roteiro apresenta situações preguiçosas para dar tensão ao filme e a direção é péssima, não sabendo lidar com a construção da trama, com o desenvolvimento dos personagens e nem trabalhar com a criação da tensão ao telespectador.

3) Rambo: Last Blood – Adrian Grunberg

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Stallone precisa entender que já está velho para reviver seus personagens antigos de filmes de ação, e até mesmo para fazer um filme de ação com a mesma fórmula que fazia antigamente. Os tempos são outros, e ninguém mais se sente atraído por um filme nesse nível, ainda mais quando alguém que interpreta já deveria estar aposentado. Rambo: Last Blood é uma tentativa de reviver um dos seus personagens mais famosos e conhecidos, forçando uma história com um roteiro preguiçoso para dar justificativa a cenas de ação sem pé nem cabeça e a momentos de extrema xenofobia contra o povo mexicano.

É uma desculpa para a violência gratuita, mas mais do que isso, uma tentativa fracassada de reviver um personagem que já morreu, e que se alguém sentir saudades, basta rever os filmes antigos – que apresentam uma boa qualidade cinematográfica e justificativa para existir, visto que a trama é boa e baseada no livro de mesmo nome.

2) Esquadrão 6 – Michael Bay

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Mais uma produção original da Netflix na lista, sendo o fruto das fantasias mais delirantes de Michael Bay. A trama gira em torno do personagem de Ryan Reynolds, um bilionário que decide reunir um grupo de pessoas para derrubar forças ditatoriais ao redor do globo. Para isso, cada membro simula sua própria morte para fazer parte dessa missão. A proposta é até interessante porém se perde em um roteiro preguiçoso, uma direção porca e uma edição horrível repleta de cortes desnecessários onde até a trilha sonora sofre nisso.

O roteiro é tão raso que parece que não existe, a edição é extremamente preguiçosa e o diretor usa e abusa das explosões e dos efeitos especiais. Em suma, parece que o filme foi feito apenas para agradar o diretor e realizar o seu maior feitiche.

Clique aqui para ler a crítica completa.

1) Cats – Tom Hooper

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Em primeiro lugar, está o filme mais bizarro do ano: Cats. Primeiramente o musical da broadway é bom mas não merecia uma adaptação para os cinemas. Infelizmente, a adaptação veio e com ela as coisas mais estranhas desse mundo vieram juntas como se abrissem um portal diretamente do inferno onde gatos se fundiram com os humanos para dominar a Terra.

Criticado desde o lançamento do seu primeiro trailer assutador, Cats vem recebendo críticas negativas da internet – e com razão, o trailer só preparava pro desastre que estava por vir. As coregrafias de qualidade e a trilha sonora bem feita não conseguem fazer com que o longa avance ou fuja da sua bizarrice, tendo em vista que os visuais em CGI estão extremamente assustadores e mal feitos e que os atores aparentam atuar de forma desconfortável a todo o momento. O filme não cativa o telespectador e nem apresenta um roteiro para se sustentar. É, sem sombra de dúvidas, o pior filme de 2019.

Vamos torcer para que 2020 traga excelentes filmes, da mesma forma que o ano anterior trouxe, e que os filmes ruins venham em pouco número.

 

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The Witcher apresenta potencial para se tornar uma grandiosa produção original da Netflix

Toss a coin to your Witcher o’ Valley of Plenty.

Por volta da década de 80, Andrzej Sapkowski escreveu um conto sobre o bruxo Geralt de Rívia para participar de um concurso da revista polonesa FantastykaO conto ganhou o terceiro lugar no concurso e Sapokowski continuou escrevendo mais histórias a respeito do personagem e de seu imenso universo – sendo todas elas, inicialmente, publicadas na revista. A partir de 1990 o escritor reuniu todos os seus contos em dois livros intitulados O Último Desejo e A Espada do Destino. Após o segundo livro, o autor decidiu escrever os volumes seguintes em formato de romance, sendo ao todo oito livros publicados até os dias atuais.

Baseado nos contos, a CD Projekt desenvolveu três jogos sobre o bruxo, sendo o último o tão premiado The Witcher 3: Wild Hunt, considerado por muitos o melhor jogo da década. Agora, é a vez do bruxo ganhar uma nova versão live action de seus contos, dessa vez adaptada pela Netflix e estrelando Henry Cavill no papel do Lobo Branco.

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A trama da primeira temporada é uma adaptação de todos os contos presentes nos dois primeiros livros da saga, onde acompanhamos como Geralt de Rívia ganhou sua fama como Carniceiro de Blaviken, se tornando um bruxo conhecido e como Yennefer de Vangerberg se tornou uma poderosa feiticeira. Acompanhamos também o começo da história de Ciri e como o destino uniu os três personagens. A adaptação dos contos está excelente, mantendo a qualidade (e alguns erros) da obra original.

Entretanto, a adaptação sofre um único problema: a ordem cronológica dos episódios. Os três personagens principais – Geralt, Yennefer e Ciri – se encontram em linhas temporais diferentes para que, no fim, as linhas se encontrem e a história prossiga. Para quem não leu os dois primeiros livros é algo confuso de se notar inicialmente, tornando a experiência um tanto como confusa e massante. Dá para entender o que os diretores dos episódios quiseram fazer com isso, algo semelhante ao que foi visto em Dunkirk de Christopher Nolan, porém aqui não funciona direito e pode fazer com que algumas pessoas desistam da série pela metade.

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O elenco está sensacional. Henry Cavill como Geralt apresenta a mesma personalidade mostrada nos livros e nos jogos, com poucas palavras e poucas expressões. Como contraparte da falta de carisma do Bruxo, temos Jaskier (interpretado por Julian Alfred Pankratz)  que funciona como um alívio cômico bem aplicado, nos momentos certeiros e de forma bem carismática – sendo impossível não gostar do personagem ou das músicas que o mesmo canta (sério, é impossível tirar Toss a coin to your witcher da cabeça). Anya Chalotra consegue passar o poder de Yennefer através de sua atuação, se destacando dos demais. Freya Allan nos entrega uma ótima Ciri também. O elenco funciona bem em conjunto e se encaixam nas características dos personagens originais.

A fotografia da série está muito bem feita e as cenas de luta apresentam coreografias excelentes. Destaque para o plano sequência do primeiro episódio onde vemos Geralt lutando em Blaviken. O CGI da série está mediano em relação a alguns monstros, porém é justificável e não chega a ser nenhum incômodo durante o decorrer da série. A ambientação dos episódios e os figurinos utilizados estão de acordo com o que é apresentado nos livros e nos jogos, sendo excelentes.

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The Witcher foi uma enorme surpresa da Netflix para 2019, que apresentou uma série bem produzida e bem feita. A série tem potencial para se tornar a melhor produção original da companhia nos dias atuais, basta apenas que o problema cronológico não se repita nas futuras temporadas e que as mesmas apresentem a qualidade vista nesta – e, assim, chegará aos pés do que foi Game of Thrones para a HBO (esperamos que sem o final ruim). Vale a pena conferir The Witcher, mesmo que você não tenha tido contato com as outras mídias da franquia.

Nota: 4.5/5

Baseado no best-seller de fantasia, The Witcher é um conto épico sobre destino e família. Geralt de Rivia é um caçador de monstros solitário que luta para encontrar seu lugar em um mundo onde as pessoas são mais perversas do que as criaturas que ele caça. Quando o destino leva Geralt a uma poderosa feiticeira, e a uma jovem princesa com um segredo perigoso, os três devem aprender a navegar juntos pelo crescente e volátil Continente.

A primeira temporada de The Witcher já está disponível na Netflix.

 

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Star Wars: A Ascensão Skywalker: Que a força esteja conosco

A conclusão é a parte mais importante de um texto. O porquê disso está ligado pelo fato de que é nesse parágrafo que as ideias do texto tomarão maior credibilidade e sustentação. Se um texto de 30 linhas necessita de atenções redobradas para conclui-lo, imagine uma franquia criada em 1977. São mais de 40 anos de história, que influencia diversas gerações pelos cinemas que passa, além de se manter como a maior saga de todos os tempos em termos de popularidade. Tendo isso em vista, Star Wars: A Ascensão Skywalker se autopromove ao desafio de encerrá-la, na presunção de relacionar oito filmes em um. Nesse sentido, o resultado é contraditório e bastante discutível.

Star Wars: O Despertar da Força (2015) iniciou o primeiro projeto da Lucasfilm sendo uma propriedade da Disney. Sua trama centrava-se na inserção de novos personagens e contextos, mas sempre lidando com a reintrodução de velhos conhecidos. A nostalgia aliada ao bom fôlego da aventura foi o que consagrou o filme entre fãs e crítica, e o responsável por isso foi o diretor/roteirista J.J. Abrams. Após desavenças criativas com Colin Trevorrow e uma recepção bastante instável de Star Wars: Os Últimos Jedi (2017), Abrams parecia a melhor opção. E, pelo seu histórico, sua volta ao universo foi aceita entre o público.

Contudo, a confiança no trabalho do diretor consegue ir se esvaindo ao longo do primeiro ato de A Ascensão Skywalker. Embora o filme, logo nos minutos iniciais, nos presenteie com cenas visualmente impressionantes e um até “retorno icônico” de Kylo Ren (Adam Driver), as explicações superficiais surgem rapidamente e transmitem a falta de criatividade que rodeia o roteiro da obra. Sendo assim, o roteiro escrito por Abrams e Chris Terrio demonstra o grande problema dessa trilogia: a falta de planejamento. Isto é, a quantidade excessiva de coincidências e acontecimentos convenientes, na tentativa de avançar uma narrativa que nunca teve o seu encerramento pensado anteriormente. Sem noção nenhuma de como a história irá prosseguir, o diretor se rende ao passado e tem a capacidade de retomar dúvidas já respondidas, além de estragar personagens que estavam resolvidos.

A trama gira em torno da busca por um artefato – até aqui sem novidades – que revelaria o local de uma possível nova Primeira Ordem, com uma artilharia capaz de destruir toda a República. Com isso, Rey, Finn e Poe se juntam na busca do objeto em uma aventura que guarda os melhores elementos que fizeram Star Wars ser o que é hoje. A relação entre os protagonistas, aliás, é o grande trunfo do filme, porque a química dos atores funciona, e estes entendem as aflições de seus respectivos papéis.

Rey, interpretada por Daisy Ridley, está mais madura como nunca. O seu arco está bem definido e é o mais explorado e revisitado, devido a sua importância para com a trama principal. A relação entre ela e Poe é inédita, já que nunca vimos os dois tanto tempo juntos em tela, e rende pela mistura entre a abordagem conflitante e amigável. Com os outros personagens, principalmente Finn e BB-8, sua dinâmica resume-se ao que já víamos antes. Em relação a própria Rey, a personagem continua agradando e demonstrando uma força notável, muito devido a ótima atuação de Ridley, que domina as emoções e conflitos na palma da mão. Olhar o início da jornada de Rey com o seu final – apesar de apresentar um erro tremendo – se assemelha a jornada de Luke Skywalker (Mark Hammil) em aceitar o seu passado e sua posição no universo, temas recorrentes nas trilogias.

Já Poe e Finn não têm nem um por cento da relevância de Rey na história. Oscar Isaac se esforça para entregar um bom papel e responde à altura. O episódio nove expande a história por trás do personagem, sendo uma das passagens que revela um pouco do seu passado, mas, ao final de tudo, as coisas apresentadas são subaproveitadas e completamente irrelevantes. Ainda, Finn (John Boyega) também é subaproveitado ao máximo, desde sua chegada em Jakku, e continua tendo a participação ofuscada por personagens mais interessantes. Provando a dificuldade de desenvolver os arcos, o roteiro não teve a mínima ideia de como encaixá-lo, deixando-o como um mero espectador das passagens relevantes. Não pode deixar de citar a participação de C-3PO, que brilha entre os outros andróides por, além de seu valor narrativo, ser o ponto cômico perfeito e irretocável.

Do lado negro da força, temos Kylo Ren em outro episódio do Casos de Família. Seu visual melhora com o uso do capacete – repare nas linhas que evidenciam sua reconstrução – que deixam o ator mais imponente e sua voz em um tom ameaçador. Mesmo que ele tire e põe a cada minuto, sua estética é o que conversa com o seu conflito de identidade. Mas… de novo? O Despertar da Força parecia ter sacramentado o destino e a escolha de Ren, entretanto, a narrativa retoma essa problemática e a resolve de maneira fútil e apelativa. Outro fator que marca a dificuldade de desenvolver emocionalmente as tramas propostas neste novo episódio.

Apesar do pouco aproveitamento dos protagonistas, a presença da Princesa Leia é inegável e fortíssima. A morte da atriz Carrie Fischer parece ter sido determinante para o desfecho, isso porque Abrams afirmou que Leia seria fundamental, respeitando a sequência Han Solo (Harrison Ford), Luke e Leia. O uso das cenas gravadas antes do falecimento fica óbvio, mas guarda um respeito e reverência admiráveis. A princesa tem um papel importante, só que sua presença é mais sentida no espírito dos personagens do que fisicamente. Dito isso, as cenas que a envolvem são, facilmente, as que tocam o coração do público.

E coração é o que A Ascensão Skywalker acerta em cheio. Os erros estão ali, e não são poucos ou esquecíveis, contudo, o filme tem as melhores das intenções. Está na busca constante pelo apreço dos fãs novos e velhos, resgatando referências e pequenos detalhes que enriquecem nostalgicamente. Apesar de escolhas duvidáveis, há construções visuais e sensoriais impressionantes, desde a constituição das vibrações do uso da força, até as trilhas – desta vez tímidas – de John Williams. A formação da dualidade entre o bem e o mal está empregada através das cores e sombras, que ressaltam as interações de Kylo Ren e Rey. Existem algumas participações especiais como a de Lando Calrissian, que não se compara a de Han Solo no episódio sete, mas empolga com a atuação carismática de Billy Dee Williams. Além disso, ocorrem momentos que buscam rimar com as trilogias antigas – tentando trazer conexões entre toda a saga e estabelecer pequenas semelhanças cinematográficas.

Afinal, depois dos famosos créditos fica a pergunta do porquê Star Wars: A Ascensão Skywalker, um filme tão respeitoso e apaixonado, ser contraditório, desde as escolhas temáticas até o fechamento dos arcos. Dito anteriormente, está evidente a falta de planejamento que permeou a idealização desta trilogia. Enquanto J.J. abre espaço para uma aventura de três filmes baseando-se – excessivamente – nas estruturas clássicas, Rian Johnson se permitiu construir uma obra original e um tanto quanto pessoal, saindo do padrão narrativo que a audiência de Star Wars está acostumada. O embate entre duas visões, uma mais conservadora artisticamente, e outra buscando algo único e particular, resultou em um terceiro filme que tem dificuldades de concluir perspectivas tão distintas. Sendo assim, o resultado talvez tenha sido influenciado por esses contrastes autorais.

Com erros e acertos, Star Wars: A Ascensão Skywalker apresenta verdadeiramente a dualidade entre os lados da força. Fora e dentro das telas. Apesar do final não ser o ideal, e faltou uma margem considerável para alcançá-lo, suas intenções em finalizar a série de maneira reverente devem ser reconhecidas, e acabam levando a ótimas sequências de ação e homenagem.  Aprender a ver cinema passa por esse processo de frustração às vezes, e Star Wars, mesmo com seus erros e tropeços, nos deixa uma lição: a força está conosco… sempre.

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O Auge da Fórmula Bay em Esquadrão 6

Desde sempre Michael Bay faz seus filmes com os mesmos elementos, que envolvem explosões, uma fotografia colorida e super saturada, reflexos aleatórios na câmera, explosões sem sentido, câmera lenta, mais explosões e cenas de ação com a técnica que destruiu a beleza dos filme do gênero: a câmera trêmula. Em alguns casos, como na trilogia Transformers (digo trilogia pois os dois últimos não merecem existir) até chegam a funcionar, mas em outros… nem tanto. O grande problema é que a Fórmula Bay se tornou enjoativa por estar presente em todos os seus filmes e na real nunca foi algo bom, mas dava pra entreter – em Esquadrão 6, nem pro entretenimento serve.

Durante todo o longa, o diretor abusou da fórmula de uma forma que pode ser considerada escrachada e até mesmo cômica, como se tivesse satirizando o seu próprio jeito de dirigir um filme. Logo nos primeiros 10 minutos do longa, somos apresentados a uma perseguição de carro com todos os fatores citados acima de uma forma extremamente exagerada – como ocorre em todo o resto do filme, mas esses minutos iniciais nos preparam para o que está por vir (isso é, se você conseguir assistir até o final).

Pois bem, o que vemos aqui é o auge da Fórmula Bay.

A trama gira em torno do personagem de Ryan Reynolds, um bilionário que decide reunir um grupo de pessoas para derrubar forças ditatoriais ao redor do globo. Para isso, cada membro simula sua própria morte para fazer parte dessa missão. A proposta é até interessante porém se perde em um roteiro preguiçoso, uma direção porca e uma edição horrível repleta de cortes desnecessários onde até a trilha sonora sofre nisso. Sim, exatamente. Vamos por partes:

O roteiro é bem raso, ignora diversos aspectos importantes para a trama e se perde em meio a tanta cena de ação mal dirigida com os elementos no qual Bay é apaixonado desde sempre e em meio a frases clichês e sem nexo ditas pelos personagens a todo o momento (isso quando tem um dialógo, pois a maior parte do tempo são apenas explosões). As cenas de ação seriam melhores se não fizessem o uso da câmera tremida a todo o momento e a direção está uma preguiça, parece que Bay fez o filme apenas para ele ter prazer assistindo.

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A edição do filme é péssima, o longa é dividido entre flashbacks e momentos atuais onde o corte não colabora para você distinguir qual é qual. Além disso, o roteiro e a direção falham em desenvolver os personagens durante esse tempo. Em conjunto com a edição, apenas mostram cenas jogadas no ar para você saber a história e a motivação de cada um – como a edição é horrível, você continua sem saber. A trilha sonora sofre com a edição pelo fato de que a música começa e acaba em questão de segundos, junto com a cena. Inclusive, a trilha é marcada por rocks jogados aleatoriamente para fazer com que a ação pareça mais radical (como se a quantidade de sangue e explosões não fossem o suficiente para provar isso).

A fotografia é super colorida e saturada, característico de Bay. Realmente não tem muito o que falar sobre, chega a machucar os olhos de tanto reflexo branco forçado na câmera. Uma curiosidade é que o diretor reaproveitou algumas imagens de Transformers: A Era da Extinção durante o filme para mostrar takes das cidades, talvez ele tenha reaproveitado de outros filmes também, mas é, comprovando que esse é um filme preguiçoso feito para agradar somente o diretor. O elenco é mal aproveitado e nem Ryan Reynolds consegue se safar dessa, aqui ele interpreta ele mesmo mas seu carisma não salva o filme do fundo do poço. A atuação do resto é medíocre.

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Para ser sincero, não tem muito o que falar do filme. Ele é fruto das fantasias mais delirantes de Michael Bay e a culpa dele ser a bomba que é, é exclusivamente do diretor. Como eu disse acima, Esquadrão 6 é bombástico e nem Ryan Reynolds com todo o seu carisma consegue salvar esse filme do total fracasso. Opinião pessoal, eu só consegui terminar o filme pois precisava escrever essa crítica, se dependesse de mim eu largava na primeira meia hora. Mas se você é fã do diretor (o que eu acho difícil), boa sorte e bom filme!

Nota: 0/5

Liderados por um homem enigmático (Ryan Reynolds), seis bilionários forjam as suas próprias mortes e criam um grupo de elite para combater o crime e mudar o mundo, mesmo sem terem chances de ser identificados.

Esquadrão 6 já está disponível na Netflix.

 

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Clássicos de terror para assistir em homenagem a Sexta-Feira 13

A Sexta-Feira 13 sempre gerou para a humanidade um grande sentimento de superstição e seu significado possui várias origens. Uma das práticas nesta sexta-feira é justamente realizar uma maratona de filmes de terror, não importando a época ou a temática. Essa cultura permanece até hoje e aqui estou para fazer uma singela lista com os principais clássicos do gênero sem seguir uma ordem de preferência. Vamos lá?

Sexta-Feira 13 (1980)

Sinopse: Em 1958, um casal de adolescentes foge de um acampamento para passar uma noite romântica juntos, mas os dois são perseguidos por um assassino e mortos a facadas. Em 1979, os dirigentes do acampamento Crystal Lake decidem reabrir o local, apesar do trauma que ainda marca a cidade. Quando novos monitores são contratados, eles começam a desaparecer mais uma vez, assassinados brutalmente, um por um.

Jason Voorhees é um dos serial-killers mais conhecidos na história cinematográfica e foi protagonista de uma franquia antiga composta por 9 filmes. Além disso, ganhou três filmes neste século.

Chucky, o Brinquedo Assassino (1988)

Sinopse: Um serial killer é morto em um tiroteio com a polícia, mas antes de morrer utiliza seus conhecimentos de vodu e transfere sua alma para um boneco. Um menino ganha exatamente este brinquedo como presente da sua mãe. O menino tenta alertar que o boneco está vivo, mas sua mãe e um detetive da polícia só acreditam nele após o brinquedo ter feito várias vítimas. Mas o boneco está realmente interessado é no garoto, pois só no corpo dele poderá continuar vivo, e isto coloca a criança em grande perigo.

Este boneco demoníaco foi responsável por traumatizar algumas crianças (eu, inclusive) durante sua fase nos anos 90 e receber qualquer brinquedo similar a Chucky já causava arrepios ininterruptos.
Halloween – A Noite do Terror (1978)

Sinopse: Michael Myers (Tony Moran) é um psicopata que vive em uma instituição há 15 anos, desde quando matou sua própria irmã. Porém, ele consegue fugir de seu cativeiro e retorna à sua cidade natal para continuar seus crimes na localidade que, aterrorizada, ainda se lembra dele.

Com sua inesquecível música-tema, Myers também carimbou uma franquia longa em seu passado e mais recentemente, ganhou uma trilogia com o retorno da maravilhosa Jamie Lee Curtis reprisando o papel de Laurie Strode.
A Hora do Pesadelo (1984)

Sinopse: Um grupo de adolescentes tem pesadelos horríveis, onde são atacados por um homem deformado com garras de aço. Ele apenas aparece durante o sono e, para escapar, é preciso acordar. Os crimes vão ocorrendo seguidamente, até que se descobre que o ser misterioso é na verdade Freddy Krueger (Robert Englund), um homem que molestou crianças na rua Elm e que foi queimado vivo pela vizinhança. Agora Krueger pode retornar para se vingar daqueles que o mataram, através do sono.

Com a direção do icônico Wes Craven, um novo conceito de serial-killer foi criado a partir de sonhos transformados em pesadelos e o grande jogo era saber diferenciar ambos antes que seja tarde demais. A Hora do Pesadelo, assim como os demais, teve vida longa e em 2010 ganhou uma refilmagem que realizou uma homenagem à franquia.
O Massacre da Serra Elétrica (1974)
Sinopse: Em 1973, a polícia texana deu como encerrado o caso de um terrível massacre de 33 pessoas provocado por um homem que usava uma máscara feita de pele humana. Nos anos que se seguiram os policiais foram acusados de fazer uma péssima investigação e de terem matado o cara errado. Só que dessa vez, o único sobrevivente do massacre vai contar em detalhes o que realmente aconteceu na deserta estrada do Texas, quando ele e mais 4 amigos estavam indo visitar o seu avô.
Temos aqui mais um clássico cult e um dos filmes mais influentes do século XX. O Massacre contou com poucos longas antigamente e uma refilmagem em 2003. O mais recente lançado fez conexão com o de 1974. Já o de 2017 foi um prequel para este filme citado.
Pânico (1996)

Sinopse: Sidney Prescott (Neve Campbell) começa a desconfiar que a morte de dois estudantes está relacionada com o falecimento da sua mãe, há cerca de um ano. Enquanto isso, os jovens da pacata cidadezinha começam a receber ligações de um maníaco que faz perguntas sobre filmes de horror. Quem erra, morre. As perguntas seguem uma lógica que será desvendada numa grande festa escolar.

Wes Craven também foi responsável por criar um dos assassinos mais conhecidos na reta final dos anos 90 e este era conhecido como Ghostface. A trilogia foi capaz de criar as próprias regras para escapar deste sanguinário serial-killer e ainda permitia-se brincar com suas vítimas usando a clássica pergunta: Qual o seu filme de terror favorito? O quarto filme foi lançado em 2011 e tentou criar um clima completamente moderno para os assassinatos. Além disso, ganhou uma série pela MTV e um reboot pela VH1.
É claro que não poderia de fazer menções honrosas como Cemitério Maldito, O Exorcista, Poltergeist e A Morte do Demônio. A lista é pequena, pois se fosse considerar todos os clássicos do gênero, precisaria de mais uma matéria para compor o restante. Sendo assim, me despeço e aproveitem a recomendação.
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As Golpistas é charmoso, sensual e irresistível

Filmes inspirados em fatos são um desafio. Porque há uma enorme linha tênue entre contar os acontecimentos e encontrar uma história neles. Quando digo história, me refiro a encontrar personagens e arcos dramáticos. Claro, alguns cineastas como Christopher Nolan em Dunkirk, preferem priorizar uma visão geral. Entretanto, o que torna esse tipo de filme bom, é transgredir a realidade e apresentar um propósito de maneira crível. Esse é o caso de As Golpistas.

Inspirado por um artigo por Jessica Pressler, o filme retrata um golpe aplicado por strippers em seus clientes, após a crise de 2008.  A fim de criar um vínculo com o público, a história utiliza duas protagonistas: Destiny (Constance Wu) e Ramona (Jennifer Lopez). A primeira, ajuda a sua avó com a questão financeira. Enquanto a segunda, é uma veterana no pole dance, mãe solteira, também procurando por lucro. Ao longo da trama, uma amizade com altos e baixos é desenvolvida.

É interessante como As Golpistas parece mais do mesmo durante a primeira cena, quando é apresentada a rotina de uma das protagonistas e o cabaré Sin City. Mas após isso, segue em uma crescente, extremamente enérgico e feminista.  A escolha da diretora Lorena Scafaria em não demonizar o ambiente adulto, mas trazer uma certa magia e encanto, é certamente algo ousado. Não é simplesmente uma fantasia barata, é um novo olhar sobre aquela realidade, em que as mulheres nos bastidores praticam a sororidade.

Scafaria também sabe como potencializar o seu elenco, como construir um certo humor, mas sem eliminar a gravidade das situações. O filme apresenta uma leveza muito bem coordenada e quando há a alteração tonal realizada próxima ao final da narrativa, é executada com perfeição. As performances no pole dance são muito bem dirigidas e o visual é simplesmente esplêndido, vai além dos neons dentro dos clubes.

O Sin City, inclusive, funciona como um personagem. Primeiramente, introduzido como um ambiente alegre, apesar da sujeira por debaixo dos panos. Em um segundo momento, após a crise, as luzes continuam, mas a essência é perdida. Os trabalhadores alcançam a depressão, perdem o lucro e o mercado se torna mais vulgar. É uma involução muito bem construída.

Assim como as protagonistas. Wu entrega uma das interpretações mais sinceras e cativantes do ano enquanto Lopez entrega um excelente contraste, com uma personagem pautada pela ganância. Todavia, a ganância em si, não figura como a principal temática da obra, diferente de outros filmes de golpe. Os laços, a amizade em lugares improváveis e o caminho pavimentado por ela, é o que realmente interessa à Scafaria.

A principal força de As Golpistas, talvez seja a edição por Kaila Emter. A montagem seleciona perfeitamente as músicas, transmite um senso de continuidade e o mais importante, dá corpo à obra. Muitas vezes é utilizada para brincar com os objetos do cenário, ou com as situações mais cômicas. A estilização é utilizada ao seu favor para construir um filme extremamente enérgico, charmoso, sensual e acima de tudo, irresistível.

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Afinal, Coringa ganhará uma sequência?

Hoje (20/11/2019), foi um dia conturbado para os fãs da DC Comics e do Coringa. O dia amanheceu com uma notícia surpreendente dada pelo The Hollywood Reporter: Coringa ganhará uma sequência e Todd Phillips desenvolverá outros dois longas-metragens de dois vilões da DC.

Infelizmente (ou felizmente), pouco tempo depois, o site Deadline afirmou que a notícia é falsa e que a obra cinematográfica do palhaço do crime não terá uma continuação, dando um alívio para muitos, mas decepcionando uma outra parcela de fãs do personagem; afinal, um filme não precisa ser necessariamente puramente comercial para ter uma segunda parte (vide Poderoso Chefão).

Todavia, o que causou um rebuliço na cabeça das pessoas, foram as fontes de ambas as notícias. De um lado, temos o The Hollywood Reporter, considerado pela mídia americana, um dos veículos de comunicação mais relevantes dos EUA e mundo. Já, do outro, contamos com a presença do Deadline, que coincidentemente, também considerado pela mídia americana, um dos sites mais relevantes dos Estados Unidos e do planeta. Vale mencionar, que ambos os veículos já erraram outras vezes; pois mesmo sendo renomados, é comum ter um erro de informação uma vez ou outra.

Como se não bastasse, outros sites de cinema e entretenimento renomados da indústria, entraram na briga, são eles: The Wrap, Collider, Forbes e Variety, onde o primeiro ficou do lado do Deadline e os três últimos, do The Hollywood Reporter. Então afinal, em quem acreditar? Bom, no momento, em ninguém. 

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Coringa foi um sucesso absoluto entre o público em geral e a crítica especializada, faturando US$ 1 bilhão ao redor do mundo sem ao menos ter estreado na China. Dito isso, é um pouco óbvio que a Warner Bros. Pictures pensaria no dinheiro e começaria a produzir cada vez mais filmes de vilões e anti-heróis situados em seu próprio universo e eventualmente, anunciasse um segundo filme do Arthur Fleck. Porém, há uma incógnita no meio dessa história: as famosas premiações.

A Warner já começou a campanha para Coringa no Oscar 2020, uma vez que, segundo especialistas, seria um pouco ”perigoso” a produtora anunciar uma sequência da película antes da chegada do Oscar, afinal, diminuiria a chance do filme ganhar algumas estatuetas.

Especula-se que na verdade, o estúdio estava esperando a temporada do Oscar acabar para aí sim, anunciar publicamente, Coringa 2 e outras produções, mas que a informação acabou vazando.

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Coringa tem uma história coesa e sob o olhar de muitos, é um filme único. No entanto, como citado anteriormente, a fábula cinematográfica não precisa ser puramente comercial para ter uma continuidade. O maior exemplo disso, é a trilogia O Poderoso Chefão e a duologia Blade Runner, visto que as duas franquias são consideradas cult, mas tinham mais histórias para contar que não caberia em um único filme.

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Drama. Coringa gira em torno do icônico arqui-inimigo e é uma história original, independente, não vista antes nas telonas. A exploração de Arthur Fleck (Joaquin Phoenix), um homem desconsiderado pela sociedade, não é apenas um estudo de caráter corajoso, mas também um conto preventivo mais amplo.

Caso uma eventual sequência de Coringa seja anunciada junto de outros longas de vilões, nós, da Torre de Vigilância, noticiaremos em nosso site e redes sociais.