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Frenético e violento, John Wick 3: Parabellum entrega o que há de melhor na franquia

Dando continuidade aos eventos do segundo filme, “John Wick 3: Parabellum” chega aos cinemas com a difícil tarefa de apresentar um encerramento para o arco construído até então, ao mesmo tempo em que deve expandir a mitologia deste universo sem deixar de abraçar seu gênero em todas as situações. Com muito mérito, já é possível afirmar que a trilogia do assassino Baba Yaga está consolidada como uma das melhores da história do cinema.

Na terceira película da saga, John Wick (Keanu Reeves) está sendo caçado pela associação após ter assassinado Santino D’Antonio (Riccardo Scamarcio) dentro do Hotel Continental. Banido e com uma gorda recompensa de US$ 14 milhões pela sua cabeça, cabe ao herói encontrar formas de sobreviver para manter seu objetivo: preservar as boas memórias que possui de sua amada e falecida esposa.

“John Wick 3: Parabellum” se destaca em boa parte, pela terceira vez em três filmes, graças ao visual. O diretor e ex-dublê Chad Stahelski utiliza todo seu conhecimento para entregar ao espectador as melhores coreografias de ação possíveis, em sequências de luta imparáveis e totalmente compreensíveis cercadas por uma paleta de cores chamativa, aplicando movimentos inventivos e tomadas únicas para um filme deste tipo, com realismo através da utilização de golpes de artes marciais e belas batalhas com armas de fogo. O longa inicia de forma frenética, dada a situação em que John se encontra após o final do segundo filme, e segue com poucas interrupções para construir momentos vindouros.

Em uma entrevista dada ao The Graham Norton Show, Keanu Reeves comentou sobre as capacidades de sobrevivência de John Wick, bem como aceitar determinadas situações.

Entretanto, assim como seus predecessores, Parabellum não se limita à ação – apesar desta ser boa parte do longa. O universo dos assassinos ganha novas camadas através da atuação da Alta Cúpula, representada aqui pela juíza vivida por Asia Kate Dillon, e parte do passado de John também é pincelado de forma pontual e sem subestimar a capacidade do espectador em compreender as entrelinhas. Novas personagens, como Sofia (Halle Berry) e A Diretora (Anjelica Huston) acrescentam mais enigmas que podem vir a ser desenvolvidos em outras mídias, e o vilão Zero (Mark Dacascos) rouba a cena com sua canastrice de vilões caricatos, porém extremamente funcionais. Vale lembrar que os já conhecidos membros da sociedade, como o Rei do Bowery (Laurence Fishburne), Winston (Ian McShane) e Charon (Lance Reddick) retornam triunfantes às suas funções, com mais destaque e reviravoltas inesperadas.

Parte da diversão também se encontra no humor negro da fita, que não ameniza em brincar com seus absurdos típicos de bons filmes de ação. Ao conhecer as principais características deste universo como a palma de sua mão, o roteirista Derek Kolstad, agora contando com a colaboração do diretor Chad Stahelski, sabe dosar muito bem os momentos em que uma boa e inusitada piada será encaixada, ainda que de forma séria. A constante presença dos animais, marca registrada do filme, funciona de forma tão orgânica quanto todo o restante e rende alguns dos melhores momentos de alívio cômico.

Cena de John Wick 3: Parabellum presente no segundo trailer do filme.

A construção das hierarquias da associação e a reutilização de propostas dos longas anteriores também é muito orgânica, estabelecendo mais do mundo em que esta franquia se passa. John Wick é um homem de poucas palavras e isso colabora para agravar a forma mitológica como ele é encarado por todos que o cercam, apesar da crescente dificuldade em superar os desafios conforme o desenrolar da história. No terceiro ato, John já está em seu limite, cansado e quase incapaz, transformando com naturalidade algumas coreografias em um desenrolar mais lento, que peca um pouco pela excessiva quantidade de acontecimentos sem pausa.

Finalizando com um ótimo – e corajoso – gancho para continuação, sem um final feliz, “John Wick 3: Parabellum” é tudo que os fãs esperam da série. O herói de Keanu Reeves, em toda sua perfeição quase imperfeita, é um livro com algumas páginas em branco que podem ser preenchidas, e toda a associação regida pela Alta Cúpula possui enorme potencial para ser mais explorada em um futuro retorno às origens. A fidelidade e os votos prestados, com muita honra e sobriedade, podem e devem ser honrados, e determinadas ações exigem reações, por mais perigoso que isso possa ser.

As decisões tomadas pelo protagonista, neste que encerra a primeira trilogia da série, podem e devem reverberar de maneira retumbante no resto do mundo. É uma questão de tempo até que o preço seja pago, e o prognóstico não é muito bom. A não ser, é claro, que John possua uma nova carta na manga. E pelo histórico, essa é uma possibilidade bem forte.

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Análise | Final Fantasy XII – The Zodiac Age

Final Fantasy XII original foi um ótimo jogo que surgiu na hora errada. Lançado para PlayStation 2 muito próximo ao lançamento do PlayStation 3 e Wii significava que o jogo poderia sofrer com o negligenciamento. Aqueles que decidiram apostar no jogo, no entanto, foram recompensados com uma excelente aventura RPG, cheia de belos visuais, um mundo fascinante e uma abordagem única de roaming livre para exploração e combate.

Agora estamos aqui, 11 anos depois, com uma atualização de alta definição para PlayStation 4, The Zodiac Age. Por sorte, o tempo foi gentil com o Final Fantasy XII e, graças a uma série de aprimoramentos, esse potencial original não realizado da JRPG pode finalmente ser desbloqueado.

A história refrescante do terremoto de Final Fantasy XII enfoca as lutas de personagens apanhados em uma teia de política e guerra, em vez de um estereotipado e cataclísmico de “salvar o universo”. O foco dos personagens em seus pequenos e importantes papéis em uma luta maior faz com que as várias reviravoltas, traições e triunfos da história se sintam mais impactantes. Ele é ajudado por uma das melhores localizações de sempre. Este é um dos jogos onde conversar com cada NPC não é nada maçante, o que é especialmente impressionante quando você considera que um playthrough pode variar de 60 horas a mais de 100, dependendo do seu ritmo.

Para aqueles que não estão familiarizados, Final Fantasy XIIThe Zodiac Age derruba o combate baseado em turnos de séries por algo muito mais parecido com uma tomada de decisões de um jogador em jogos MMOs. Atrás são as batalhas aleatórias que mudam para uma tela de combate separada a cada poucos passos. Aqui, criaturas vagam pelo campo, passando para frente e para trás, às vezes entrando em lutas com animais rivais. Você e seu grupo de amigos se aproximam deles e começam a lutar em tempo real, mas em vez de ter que parar de combater constantemente para inserir comandos, você pode programar cada um de seus personagens com gambitsque são ações inteligentes dentro do jogo que auxiliam na tomada de decições. Você pode configurar seus personagens para curar automaticamente os membros do partido quando sua HP cai abaixo de um determinado limite, dispara feitiços elementares contra fraquezas inimigas ou responder com feitiços debuff contra o inimigo. Os haters dizem que isso pode levar o jogo a “jogar por si só”, mas, na verdade, tudo o que faz é recompensar os jogadores que compreendem completamente a carga atual do seu gameplay e o comportamento inimigo com uma exploração mais rápida e eficiente.

Foi um sistema de combate surpreendentemente profundo em 2006, e é ainda melhor agora, graças à maior mudança de Final Fantasy XIIThe Zodiac Age: a inclusão do Zodiac Job System. Uma das maiores críticas (e mais legítimas) do jogo original é que cada um dos personagens de Final Fantasy XII compartilha a mesma grade de License grid – ou seja, um quadro gigante cheio de habilidades e habilidades para desbloquear com os Licence Points obtidos pela matança de monstros. Isso levou a construções de partes homogêneas, onde os personagens se tornaram máquinas de matança mais ou menos idênticas pelo final do jogo.

 

 

Em Final Fantasy XIIThe Zodiac Age, esta placa única e maciça é substituída por uma série de grades específicas originalmente disponibilizadas na edição internacional exclusiva do Japão. No início, os personagens podem escolher entre 12 placas diferentes, cada uma contendo um punhado de habilidades únicas. Embora algumas dessas habilidades sejam compartilhadas entre placas, elas são amplamente distintas e formadas em torno de papéis muito específicos: o Mago Branco é seu curador, o Monk é o seu tanque que se concentra no combate desarmado, o Time Battlemage pode manipular o fluxo de combate E vem equipado com arcos e assim por diante. Isso obriga você a tratar sua party como algo mais do que apenas swaps, e você terá ainda mais personalização com a escolha de um segunda classe, uma vez que você obtenha cerca de um terço do caminho completo.

Descobrir os gambits e otimizar as construções antes de enfrentar monstros selvagens e matadores é incrivelmente acolhedor, como se curvar com uma novela de fantasia densa e permitir-se o prazer de passar o tempo absorvendo tudo. A história quase parece ser construída para acomodar isso, em vez de colocá-lo sob constante ameaça de clímax narrativo, as apostas se desenvolvem lentamente à medida que sua equipe de rebeldes e piratas do céu procuram pedaços mágicos poderosos conhecidos como “nethicite” para contra-atacar o Império invasor. É um pouco distante e subjugada, como se fosse escrita por alguém que realmente gosta de documentários históricos. Como resultado, sua narrativa se sente muito mais madura do que outras entradas na série; Menos adolescente e mais máquinas políticas e dramas radicais do que você esperaria. As críticas feitas contra a história de Final Fantasy XIIThe Zodiac Age ainda são válidas, os jovens protagonistas Vaan e Penelo, embora não tão desagradáveis como poderiam ter sido, sentem que não têm impacto na história, mas a falta de urgência permite que você mergulhe realmente nos ambientes, e explore além dos limites da história principal, e a satisfaçam da sua vontade que deseja melhores habilidades é mais forte.

 

A atmosfera de Final Fantasy XIIThe Zodiac Age torna mais fácil se envolver em seu mundo. Não se engane: este é certamente um jogo de PlayStation 2 trazido para 2017, e seu conjunto de zonas interconectadas menores sugere os grandes espaços abertos que as futuras sequências de FF. Mesmo assim, o Final Fantasy XIIThe Zodiac Age é bem-sucedido em grande parte graças a uma impressionante direção artística e sensação de locação, cheia de ambientes distintos, designs de moda e criaturas que parecem reais o suficiente para se sentir como um mundo vivido. Locais como o reino do deserto de Rabanastre ou o Feywood de Mist-thick ficam melhores do que nunca, os modelos de personagens aprimorados dão a nossos heróis um tom de destaque, e uma trilha sonora regravada e reorganizada impele uma maior aura de admiração e aventura nas sequências de ação.

Infelizmente, há problemas em Final Fantasy XII. Por um lado, o mundo está cheio de missões secundárias, mas você não saberia isso, apenas olhando, as únicas missões adicionais de Final Fantasy XIIThe Zodiac Age são suas caças opcionais contra monstros mais poderosos. Para tudo o resto, você simplesmente tem que lembrar que a pessoa com quem falou sobre uma chave perdida é realmente o início de uma cadeia de missões de um tamanho considerável. Também há momentos entre as sequências narrativas, onde você está obrigado a reduzir alguns níveis adicionais para continuar, especialmente perto do confronto final. Uma função útil permite que você dobre (ou até quadruplicar) a velocidade do jogo para ajudar a suavizar esses momentos, mas não há como se locomover as vezes onde você terá que correr de ida e volta para fortalecer seus personagens ou ganhar matéria prima suficiente para atualizar sua Kit.

VEREDITO:

Final Fantasy XIIThe Zodiac Age é muito mais do que um jogo com novo visual.

Sem dúvida o título envelheceu notavelmente bem, e aqui melhor de forma significativa. Graças aos aprimoramentos gráficos e aos ajustes de jogabilidade bem-vindos oferecidos, a ovelha negra da franquia Final Fantasy finalmente obtém a segunda chance que merece. Além da narrativa, que se sente tão bem e interessante como já se sentiu há mais de uma década, e os vários novos aprimoramentos e ajustes darão aos novos jogadores a chance de experimentar a magia pela primeira vez e os fãs do original vão se sentir em casa.

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Crítica | Alien: Covenant

Alien: Covenant é a ponte de Prometheus (2012) para Alien: O Oitavo Passageiro (1979). De um filme questionável para um clássico da ficção científica, Covenant mistura ambos os estilos e faz uma combinação própria. Não tende a cair para o questionável, mas também passa longe de ser considerado um clássico.

O marketing vendeu o filme como uma obra de terror e sobrevivência do lendário diretor Ridley Scott. Retomar a experiência que vivenciamos na obra de 79 traria uma nostalgia e uma satisfação muito grande ao sair do cinema, além de Covenant ficar no patamar de grandes ficções da década. Porém, o longa cai em promessas e se perde nas expectativas, mas ainda cumpre o seu papel.

Ridley Scott foi um marco para o cinema e a ficção. Independente de seus trabalhos atuais, é inegável sua importância. Prometheus é o primeiro filme que tenta expandir a mitologia do Alien ao longo de seu desenvolvimento. Sendo Alien: Covenant a continuação exata dessa história. Scott continua insistindo na expansão de sua mitologia filosófica com os Engenheiros e sua importância no universo.

Contudo, este não é um Prometheus como dito. Alien: Covenant tem muitos traços característicos de um survival horror e dá a devida importância à ameaça e ao grupo da nave Covenant. A conspiração da corporação Weyland-Yutani é bem mais evidente aqui, tornando-se mais condizente com o rumo que a franquia está tomando.

Em Alien: O Oitavo Passageiro, o grupo da Nostromo transparece ao espectador um sentimento de união e de conhecer um ao outro, rapidamente você se relaciona com os personagens. Mas com Daniels (Katherine Waterston), Tennesse (Danny McBride), Oram (Billy Crudup), Walter (Michael Fassbender), Lope (Demian Bichir), Karine (Carmen Ejogo) e outros, não há essa ligação. Não há um momento que a trama faça você se conectar com estes personagens. Cada morte é como um descarte no baralho sem a mínima importância.

Enquanto o grupo é um tanto quanto irrelevante, Michael Fassbender dá um show individual. Sua postura em tela é algo que só um profissional como ele consegue fazer. Interpretando um modelo sintético (robô) com várias descobertas e conflitos em sua mente, este consegue se tornar um personagem memorável na franquia Alien, sendo tão ameaçador quanto Ash.

O primeiro ato é nítido o retorno de Scott às suas raízes. Sua habilidade em conduzir o suspense na cena até resultar na morte de um personagem parece continuar funcionando, mas que deveria ser mais aproveitada e requisitada. Nos atos seguintes é mais uma continuação da narrativa de Prometheus, preenchida por flashbacks e uma fotografia espetacular.

Alien: Covenant irá desagradar algumas pessoas, principalmente aquelas que não estão gostando do rumo que a mitologia está tomando. Aos outros, será mais um longa decente. Porém, Ridley ainda não parece conseguir trazer a essência de Alien de volta, continuando com suas promessas de futuros filmes dignos.

Que pare de ficar só na promessa.

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Crítica | Power Rangers

Um dos blockbusters mais aguardados do ano, o novo filme dos Power Rangers, franquia da Saban Entertainment, chega aos cinemas trazendo uma visão mais profunda e até então pouco explorada em todo o legado da série, tratando os jovens de uma forma que pode não agradar quem gostaria de ver somente faíscas e robôs gigantes.

Ao tomar consciência da destruição iminente da Alameda dos Anjos, os cinco adolescentes escolhidos para serem os novos Rangers iniciam seu treinamento. O que pode soar como uma trama genérica típica de toda a franquia, no longa dirigido por Dean Israelite (Projeto Almanaque) acaba tomando o aspecto de um filme de drama adolescente, onde os personagens e suas características são os principais charmes.

A história soa como um filme de origem típico de super-heróis. O roteiro de John Gatins apresenta aos poucos todos os pontos essenciais e protagonistas das duas horas de duração com o único objetivo de reintroduzir este universo aos espectadores. Mais da metade da fita é dedicada exclusivamente aos cinco Rangers e ao background de cada um. Jason (Dacre Montgomery), Kimberly (Naomi Scott), Billy (RJ Cyler), Zack (Ludi Lin) e Trini (Becky G.) formam um grupo bem diversificado e com bastante química, contendo seus próprios problemas pessoais da vida de um adolescente, que vão desde o bullying até suas orientações sexuais e transtornos nervosos. A única coisa que todos têm em comum é a sociedade os julgando como “crianças problemáticas”, além da clara necessidade de se tornarem algo mais.

Funcionando bem dentro da mitologia apresentada, o encontro e a união de pessoas tão diferentes lidando com a descoberta de seus poderes e aprendendo juntos sobre as mazelas que os cercam, superando todos seus traumas e dificuldades, acabam por deixar os personagens sem uma forma inteiramente superficial, tornando possível se identificar com algum (ou mais de um) deles, do líder ao alívio cômico. O Billy de RJ Cyler, especialmente, rouba a cena.

Além dos cinco e de seus desenvolvimentos como heróis e seres humanos, parte da aventura obviamente é feita de fanservice e cenas bregas (a famosa galhofa) típicas da série. Zordon (Bryan Cranston) e a afetadíssima Rita Repulsa (Elizabeth Banks) compartilham um passado sombrio, apresentado no filme. A já citada vilã possui os planos clichês de qualquer inimigo dos Power Rangers: destruir o mundo, pura e simplesmente. Tamanha galhofa é tão clara (como deveria ser, dada a temática do filme) não somente em cenas específicas, mas no desenrolar da trama como um todo. Por mais que a profundidade moral de cada um dos Rangers seja algo diferente, tudo é tratado de forma que irá remeter ao que está na tela: heróis coloridos lutando contra monstros alienígenas.

Alpha 5 (Bill Hader) foi modernizado para este universo. Apesar dos trejeitos típicos do Alpha original, que tornam a comparação inevitável, este Alpha é muito mais ativo e age como um professor, física e psicologicamente. Ainda assim, você reconhece o personagem, um ponto positivo de todas as caracterizações do longa. No saldo geral, todo o elenco entrega boas atuações. Ai ai ai ai ai, Zordon.

Obviamente, existem problemas. A maneira despretensiosa como algumas situações são tratadas algumas vezes incomodam, gerando até um desconforto. Porém, não dá para dizer que algo assim não é proposital. As cenas de ação (contidas no terceiro ato, mais acelerado que os dois anteriores) são bem feitas, com coreografias ninjas que remetem ao estilo de luta dos Rangers no decorrer dos anos, porém duram pouco e demoram demais para acontecer. Os grandes destaques acabam sendo os Zords, que partem para a batalha prestando uma homenagem, e possuem visuais e efeitos bem convincentes, algo não tão positivo e deslumbrante quando falamos do grande inimigo físico criado por Rita, também prestando uma homenagem. O clímax da batalha também é fraco, e o peso da destruição não é sentido.

A trilha sonora é outro ponto com pouco destaque. Apesar das músicas se encaixarem na proposta adolescente e dramática do filme, quando os heróis partem para a ação falta algo que empolgue mais que uma música do Kanye West. E a parte instrumental da trilha também chama pouca atenção.

Ao optar pelo desenvolvimento de seus personagens e não pela ação pirotécnica do começo ao fim, Power Rangers entregou o que propôs desde seus primeiros trailers: uma aventura adolescente, destinada aos adolescentes, que mostra como você pode ser um super-herói mesmo com todas as suas falhas. Tomando este rumo, quem espera algo extremamente despretensioso e com ação desenfreada pode se decepcionar, mesmo com o feeling típico de estar assistindo algo da franquia.

Acima de tudo, o filme é honesto no que se propôs, e a cena pós-créditos é promissora, feita para agradar os fãs, dando o gancho ideal – e inevitável – para uma sequência. E os Power Rangers estarão lá para salvar o mundo novamente.

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Crítica | Festa da Salsicha

A aventura apresentada por Seth Rogen e seus companheiros é repleta de palavrões, sexo, exageros, preconceito e tudo que há de mal no mundo. Só que o discurso que Rogen sempre quer colocar em pauta está novamente estampado na tela, usando o sarcasmo para discutir questões polêmicas envolvendo etnias, religiões e drogas na forma de comida, a coisa mais boa no mundo.

Um supermercado qualquer é o cenário ideal para construir a história. Todos os dias uma mesma música é cantada pelos alimentos, que acreditam em uma crença onde os humanos são deuses, e levarão todos os alimentos escolhidos para o paraíso. Só que ninguém sabe o que acontece da porta do mercado para fora, que é um verdadeiro inferno na visão dos produtos. Desde descascar batatas, até comer uma simples batata frita, é retratado como um perigo e um jogo mortal para os pequenos alimentos. O mais interessante dessa ideia é mostrar um momento tão simples e cotidiano de nossos dias, se tornando um momento inesquecível e marcante no contexto.

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Se uma pessoa que não está muito ligada a um mundo culinário, adorou o longa, chefes de cozinha vão amar. Referências a animações e filmes em geral não faltam, mas por se tratar de comidas em diversas culturas, há muitas piadas que só os mais ligados irão pegar. Também há  um apelo sexual na forma dos alimentos. Dá para perceber pela protagonista, que é um pão de cachorro quente, mas aparenta ser outra coisa…

Porém, antes de tudo, há um ponto negativo que pode incomodar e destruir a nossa experiência com o filme. Durante o 2° ato, quase inteiro, vemos um roteiro vazio e sem relevância ou significado, repleto de palavrões que começam a perder o sentido por causa do excesso.

Apesar do exagero e da apelação, a  ideia de desconstruir a crença que envolveu aquela sociedade alimentícia desde o princípio, se coloca em primeiro plano na metade do filme para frente. Um longa que parecia apenas mais um besteirol de Rogen se torna uma aventura que todos torcem para o sucesso do protagonista, uma salsicha. O roteiro é bem estruturado e consegue criar o clímax certo, que vale boas referências, inclusive envolvendo Exterminador do Futuro.

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No Brasil, a adaptação do roteiro e a dublagem ficaram nas mãos do grupo da internet Porta dos Fundos, que cumpriram o desafio colocando o filme em um contexto mais brasileiro, já que a versão original estava repleta de piadas envolvendo o cenário americano, onde o público não está muito habituado.

Festa da Salsinha não é para qualquer público. Este tem que estar consciente e de cabeça aberta para receber algumas piadas que podem não condizer com seus ideais. Essa foi a melhor forma de somar um elemento mais infantil, como a animação, com um elemento que apela  para os adultos, envolvendo sarcasmo e humor negro. Nunca veremos nossa cozinha da mesma forma daqui pra frente.

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CRÍTICA | X-Men Apocalipse

X-Men Apocalipse é um filme diretamente ligado aos eventos de X-Men: Dias de Um Futuro EsquecidoX-Men Primeira Classe. A vitória de Mística contra Magneto na Casa Branca anos atrás causou mudanças em todo o planeta. Os humanos passaram a respeitar mais os mutantes. Os jovens com poderes recém-descobertos (Tempestade, Noturno, Jean Grey, Mercúrio e Ciclope) admiram Mística como uma heroína. E Magneto escondeu-se do mundo. Casou e tem uma filha. Moira MacTaggert trabalha para a CIAXavier reabriu sua escola de mutantes e a Terra parece viver um momento de paz. É nesse contexto que X-Men Apocalipse vai se desenvolver.

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O filme começa muito bem mostrando a origem de Apocalipse e de seus 04 Cavaleiros no Egito Antigo, três mil anos atrás. É uma sequência longa e magistral com muitos figurantes e efeitos especiais, apresentando ao público o status de divindade do poderoso mutante. Depois temos a abertura com momentos da humanidade, como o Renascimento e as grandes guerras, até chegarmos no ano de 1983, período que se passa a história.

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Jean Grey e Ciclope tem um grande espaço em cena, desenvolvendo bem seus personagens, através da aparição dos seus poderes, o relacionamento profundo deles e a tentativa de dominar seus medos e ter controle sobre suas habilidades mutantes. Existe uma conexão de Jean Grey com Charles Xavier e com a Fênix. Mercúrio é outro destaque, principalmente nas sequências de ação. Noturno também se sobressai pelo seu humor e pela sua importante participação em momentos chaves da trama.

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Magneto é remexido profundamente em X-Men Apocalipse na sua relação com Xavier, no seu sofrimento nos campos de concentração nazistas, na sua tragédia familiar e na redescoberta do seu lado mutante. Apocalipse sente-se um Deus. A interpretação que Oscar Isaac dar a ele é de um mutante superior à todos. Ele é o típico vilão de pura maldade e grandes poderes.

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Dos 04 Cavaleiros do Apocalipse, Tempestade e Magneto são os mais bem trabalhados. Anjo e Psylocke tem pequenas e pontuais participações durante o filme, principalmente em cenas de ação, sem muito destaque na trama. A cena com Wolverine é excelente e remete à fase Arma X dos quadrinhos. Mística aparece bem menos do que aparentava pelos trailers.

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O final é bem clássico do bem contra o mal. Enfim, para quem curte Fan-Service, os quadrinhos de X-Men e um filme com muita ação, humor e diversão, é uma boa pedida. E não saia da sala antes de tudo acabar. Tem uma cena pós-credito que fora de contexto podem deixar muitos leigos sem entender. Ela tem ligações com a Corporação Essex, de Nathaniel Essex, alter-ego do Dr. Sinistro.

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X-Men Apocalipse estreia nos cinemas brasileiros nessa quinta-feira, 19 de maio.

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Crítica | Orange Is The New Black

A famosa série do Netflix tem inúmeras críticas, mas poucas se dispõem a mostrar a fundo que Orange is the new black não se trata apenas da vida na prisão. Mais que isso, a série mostra a vida em seus aspectos mais sombrios e desesperadores.

[Colocar nome das personagens]
Red, Crazy Eyes, Chapman e Alex Vause

O início da primeira temporada é realmente “normal”. Não é ruim, mas não tem muito o que se analisar: Piper, uma loira bonita e rica é presa anos após ter um romance com outra mulher que trabalhava em um cartel de drogas. Foi envolvida em viagens que resultaram na sua prisão. Primeiramente o foco é na despedida dela e seu namorado, seguido de sua entrada na prisão. O choque de realidade é grande, principalmente ao ver que a ex-namorada também estava presa ali na mesma prisão. Após as cenas de confusão de Piper e a mesma finalmente decidir terminar com o namorado, a série começa a deslanchar.

Assistir às indecisões de uma patricinha encarando outro mundo não é tão interessante assim. E provavelmente também foi isso que a Netflix pensou. Sem fugir do material original (a biografia de Piper Kerman, com o mesmo nome da série), as histórias das outras detentas também começam a ser vividas de perto.

A série mostra o dia-a-dia na prisão e ao mesmo tempo, apresenta partes da vida de uma detenta por episódio. Pode ser que sejam muito estereotipadas, mas é interessante poder viver essa condenação com cada uma delas, sentindo o que elas sentem e entendendo que seus crimes cometidos ou suas personalidades na cadeia são simplesmente o resultado do que carregaram desde a infância. Algumas se agarram à religião, outras fazem inúmeros planos do que vão fazer quando sair. Tem gente que sai e vê que a realidade nas ruas é bem pior que na prisão e simplesmente volta. Em meio aos personagens se encontram transsexuais, mulheres com distúrbios mentais e há até casos de overdose na prisão.

À esquerda: . À direita: .
“À esquerda: Taryn Manning, Samira Willey, Dascha Polanco, Danielle Brooks, Uzo Aduba e Taylor Schilling. À direita: Laura Prepon, Laverne cox, Kate Mulgrew, Yael Stone, Natasha Lyonne e Lorraine Toussaint.”

Orange is the new black não dá gosto de assistir se você quer ver algo superficial, conferir se as prisões americanas são tão duras quanto as do Brasil ou se você simplesmente só quer ver sexo lésbico. Se você está interessado em conhecer todo tipo de amor, ver como vidas inteiras se resumem a nada e tudo ao mesmo tempo, e se você está disposto a se arrepiar e sentir a mais pura felicidade de dezenas de criminosas (no fim da última temporada): ASSISTA!

https://www.youtube.com/watch?v=MoTDPf9qbTM

A Netflix com certeza tem feito incríveis obras de arte e essa pode ser considerada uma das melhores. A série, vencedora de um Emmy em 2014, é dirigida por Jodie Foster e conta com roteiro de Jenji Kohan e Liz Friedman. A  4ª temporada já está disponível no site no dia 17/06/2016.