A editora Comix Zone está lançando a graphic novel O Retorno do Messias – Versículo 1, do roteirista Mark Russell e com desenhos de Richard Pace. O primeiro volume inclui as histórias originalmente publicadas em Second Coming #1 a #6.
Na trama, Deus pede para o super-herói mais poderoso da Terra, Solar, aceitar Jesus como colega de apê e quer que o herói o ensine a usar o poder com mais firmeza. Chocado ao descobrir como os humanos distorceram sua mensagem nos dois milênios desde a última glória, Jesus decide botar todo mundo na linha.
O título seria publicado pelo selo Vertigo, da DC Comics. Mas com o cancelamento do projeto por parte da editora, a série foi publicada pela Ahoy Comics, em 2019. O Retorno do Messias foi alvo de protestos e até uma petição online pedindo para que a DC Comics não publicasse foi realizada. As pessoas alegaram “conteúdo impróprio e blasfemo” da série.
O Retorno do Messias – Versículo 1 176 páginas, capa dura, tradução do Érico Assis e está com um desconto de 30% na pré-venda. O lançamento oficial será em 15 de maio.
Já começou a pré-venda do mais novo quadrinho da editora Comix Zone, agora é a vez de Crônicas Ameríndias, quadrinho argentino que tem roteiro de Gustavo Schimpp e desenhos de Enrique Alcatena.
Ao longo de dez histórias, Crônicas Ameríndias mergulha nas lendas e tradições dos povos indígenas da região dos Grandes Lagos. Schimpp e Alcatena apresentam as sociedades ritualísticas, as quais coragem e covardia não necessariamente se opõem, crueldade e violência fazem parte da vida cotidiana, e em que a relação com a natureza está muito além da nossa compreensão.
Crônicas Ameríndias tem formato 21,5 x 29 cm, 144 páginas, capa dura, tradução de Jana Bianchi e o valor de R$ 89,90. Comprando na pré-venda na Amazon você garante 30% de desconto.
A editora Comix Zone iniciou a pré-venda de Deus em pessoa, graphic novel do francês Marc Antoine-Mathieu. Esse é o debute do autor no Brasil, com a obra que recebeu o Grande Prêmio da Crítica da ACBD – Associação dos Críticos e Jornalistas de Quadrinhos, em 2010. Uma das premiações mais importantes na França.
Em uma fila do censo, um homenzinho aguarda pacientemente sua vez. No momento de se identificar, ele se apresenta sob o nome de Deus. Não tem casa, nem documentos, nem inscrição no instituto de previdência. A irrupção desse enigma metafísico “em pessoa” desencadeia um enorme fenômeno midiático. Um grande processo judicial é organizado contra esse “Culpado Universal”.
Deus em pessoa é um sarcástico relato sobre os processos midiáticos e as campanhas de publicidade. O autor, Marc-Antoine Mathieu, nos mostra que as dúvidas sobre a existência de Deus continuam atuais e que tanto aqueles que creem como os que não, têm sempre algo a dizer sobre o assunto. De como a humanidade tem Deus como um fenômeno social que está presente em qualquer lugar, em diversas culturas e mídias. Deus é comercial, mais mesmo assim as pessoas consideram que ele deve prestar contas à justiça humana, quando as coisas dão erradas. E são as mesmas pessoas que agradecem por tudo quando as coisas dão certas.
Mas Deus é responsável pelos seus atos?
Deus em pessoa tem formato 21,5 x 29 cm, 128 páginas, capa dura, tradução da dupla Érico Assis e Fernando Paz e o preço de R$ 79,90. No link abaixo você consegue adquirir o seu exemplar com 30% de desconto e frete grátis para os assinantes prime.
Muito se idealiza sobre o passado. Existe sempre uma aura de sagrado em tempos anteriores pois o distante parece irretocável. Na literatura, Luis de Camões já demonstrava essa questão em Os Lusíadas, onde os portugueses em vias de desembarcar e explorar as Américas no século XVI enfrentavam criaturas que iam além da compreensão humana em mares nunca antes navegados. Na Idade Contemporânea não é necessário ir muito longe para alcançar um período onde o real e fantástico se entrelaçam: a segunda metade da década de 60 do século XX isso era visto tanto na música quanto nas histórias em quadrinhos, pois nem a lama de Woodstock foi capaz de sujar essa época.
Nos quadrinhos, a editora Éric Losfeld trazia ao público europeu cores berrantes e viagens psicodélicas que muito se questiona a respeito da sobriedade de seus autores. Barbarella, Kris Kool, Saga de Xam, Les Aventures de Jodelle e outras histórias estavam na vanguarda da narrativa gráfica em uma onda que até hoje não se desfez. O datado aqui não existe e o tempo nem sequer pode ser considerado relativo: na verdade, ele nem é cogitado. Por isso, todas essas obras continuam futuristas até hoje.
Kris Kool e Saga de Xam marcam o experimentalismo e psicodelia na narrativa gráfica até os os tempos atuais (IMAGENS: 50watts.com e formidablemag.com)
Investigando esse mesmo fenômeno no ramo da música, chegamos logo aos Beatles. Os rapazes, que eram o sonho de qualquer qualquer filha para se casar, deixavam para trás sua marca de bem-comportados. Tal atitude se tornou mais evidente em 28 de agosto de 1964 quando em um quarto de hotel Bob Dylan os apresentou a maconha. O quarteto até tentou disfarçar: lançou logo depois os álbuns Beatles For Sale e Help! que ainda trazia sua marca já conhecida, mas o logotipo do subsequente Rubber Soul, lançado menos de quatro meses depois do álbum anterior, já denotava que algo diferente já pairava não só no ar, mas também nos pulmões e na cabeça da banda mais célebre de Liverpool. Para nossa sorte, o “estrago” feito por essa e outras drogas já estava feito e os melhores álbuns dos Beatles foram lançados a partir daí.
IMAGEM: Comix Zone
Paul Está Morto se passa justamente nesse período: no ano seguinte ao lançamento de Rubber Soul e entre o lançamento dos aclamados álbuns Revolver e o Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band. As cores das roupas, os experimentos nas gravações em estúdio, as discussões estressantes de uma vida que era dedicada quase que em sua totalidade ao trabalho dos músicos atacaram o hemisfério direito dos autores estreantes no mercado editorial brasileiro Paolo Baron (roteiro) e Ernesto Carbonetti (desenhos) em busca de uma narrativa livre sobre o que pode ter acontecido nos bastidores do que viria ser o ápice dos Beatles, mas que resultou na dissolução da banda cinco anos depois. O hemisfério direito do cérebro, responsável pela criatividade humana responsável por parir Paul Está Morto, é coincidentemente a mesma região mais influenciada pelos efeitos da marijuana, musa do grupo musical a partir de então.
Por isso mesmo, não dá para fugir da psicodelia gráfica em Paul Está Morto: as cores são extremamente vivas e ditam o ritmo da narrativa. As cores marcam a tensão, velocidade e linha temporal a cada quadro em que a história se desenvolve. As cores pulam, esparramam e fogem dos quadros quase espirrando no rosto do leitor, trazendo-o para dentro da história e o colocando como testemunha ocular da turbulenta vida particular que era abafada pelos sorrisos talvez forçados fotos para revistas e jornais, gravações de discos, aparições na TV e qualquer representação de mídia onde era praticamente uma obrigação passar a imagem de que os Beatles era uma banda formada por pessoas perfeitas, mas a verdade era muito diferente.
IMAGEM: Comix Zone
Como já bem denota no título, a HQ mostra a tentativa de abafar a notícia da suposta morte de Paul McCartney e suas irreversíveis consequências. A influência dos Beatles era tão grande a ponto de temer uma onda de suicídios em massa por fãs da banda. Era mais do que necessário que a situação nunca viesse à tona, inclusive buscando um hipotético sósia. O mais interessante dessa visão nas entranhas na história da música é o destaque dado a Geoff Emerick (engenheiro de som), George Martin (produtor) e principalmente Brian Epstein, empresário dos Beatles. Tais personagens costumam cair no esquecimento e seus nomes são apagados como marcas na area da praia, mas não aqui.
IMAGEM: Comix Zone
A edição da Comix Zone faz jus à questão gráfica da HQ. A impressão da Ipsis Gráfica mantém o nível das cores que, caso não fosse bem executado, estragaria a leitura. O papel couchê aqui se torna imprescindível para trazer as cores mais vivas e reluzentes possíveis da arte de Carbonetti, justamente como se via nos projetos gráficos oficiais que envolviam os Beatles de 1966 em diante. Como extras, temos depoimentos e comentários dos autores a respeito de seu roteiro e arte, e como trouxeram sua marca pessoal em uma história já tão conhecida e com personagens mais famosos ainda, ainda mais usando como referência imagens reais dos personagens. É difícil trazer algo novo para uma história que praticamente se tornou um conto do folclore mundial, ainda mais mantendo um ritmo quase musical à leitura.
Até hoje especula-se se Paul de fato é o mesmo ou foi substituído. Diversas teorias da conspiração são discutidas através de supostas mensagens subliminares nas capas de álbuns dos Beatles do Sgt. Peppers até Let it Be, último álbum da banda. No fim das contas, podemos somente imaginar. Nada é comprovado, e não sabemos se isso é o mundo real ou mais uma viagem psicodélica como tantas outras. Para nós, basta apenas se divertir com tudo isso, e a versão apresentada em Paul Está Morto cumpre esse papel.
Paul Está Morto
Paolo Baron (roteiro)
Ernesto Carbonetti (arte)
Thiago Ferreira (tradução)
Audaci Júnior(revisão)
120 páginas
24 x 17 cm
R$59,90
Capa Dura
Comix Zone
Data de publicação: 09/2020
A Editora Comix Zone, não é de hoje, vem realizando um importante resgate histórico nos quadrinhos. Está sendo assim com as obras Capa Preta e Mundo Pet, ambos do Lourenço Mutarelli e com obras como Paracuellos de Carlos Giménez. E agora a editora traz um importante, e sangrento, evento da história sul americana que é muito… digamos… deixada de lado ou esquecida de propósito, por muitos brasileiros: Batalha de Acosta Ñu, imortalizada na HQ Guarani -A Terra Sem Mal dos argentinos Diego Agrimbau (roteiro) e Gabriel Ippóliti (arte).
Batalha de Acosta Ñu, que em 2019 completou 150 anos, aconteceu quase no apagar das luzes da Guerra do Paraguai, quando o Paraguai enfrentou os Exércitos do Brasil, da Argentina e do Uruguai. Que você aprende na escola como Tríplice Aliança. Durante os cinco anos de conflito estima-se que foram mortos entre 200 mil e 300 mil paraguaios, 80% eram homens.
Foi quando o governo Paraguaio recrutou crianças na idade de 6 até 14 anos e os enviaram para o front de batalha. Existem relatos de crianças desesperadas no campo de batalha, agarrando nas pernas dos soldados brasileiros, chorando pedindo que não os matassem e eram degoladas no ato. Em O Guarani – A Terra Sem Mal, A Batalha de Acosta Ñu foi testemunhada pelo fotografo francês Pierre Duprat, que veio para o continente com o pretexto da etnografia, suas fotos se destinam ao público parisiense ávido pelas belezas nativas… mas o exotismo e a aventura darão rapidamente lugar ao horror. E é em cima desse olhar que a trama de se desenrola.
Guarani – A Terra Sem Mal em acabamento de luxo, com formato grande, capa dura com verniz localizado, 128 páginas em cores, impressas em papel couché de alta gramatura, além de um marcador de páginas exclusivo. A tradução é do Thiago Ferreira.
A edição já se encontra em pré-venda na Amazon com um desconto de 30%.
Um clássico dos quadrinhos argentinos chega ao Brasil pela Editora Comix Zone. Evaristo tem roteiro de Carlos Sampayo (autor de Alack Sinner) e com desenhos de Francisco Solano López (da primeira versão de O Eternauta), e foi publicado originalmente nas revistas Superhumor e Fierro entre 1983 e 1987.
Mas quem é esse Evaristo? Bem, Evaristo Meneses nasceu em 26 de outubro de 1907 e tornou-se uma lenda na Argentina sendo conhecido como o melhor policial de sua época. Os próprios bandidos que ele prendeu alegaram que Evaristo era incorruptível, mas tendo seus métodos policiais contestados, principalmente pela sua famosa “mão pesada” e a tendência de acertar as contas pelo meio da bala. Mas Evaristo era muito bem visto pela população, principalmente em Bajo Flores, bairro onde morou.
Evaristo é inspirado nessa célebre figura do comissário da Polícia Federal argentina, onde Carlos Sampayo e Francisco Solano López, constroem uma epopeia policial ambientada na Buenos Aires dos anos 1960, magistral na representação de seus personagens e no relato de seus crimes.
No vídeo de apresentação de Evaristo, o editor Thiago Ferreira (o popular Arromboss), revelou um pouco da programação da Comix Zone para 2021. Ele disse que no primeiro trimestre a editora vai dar um foco especial para autores que ela ainda não publicou. Você pode conferir o vídeo AQUI.
Foram divulgados os vencedores do Troféu HQMIX desse ano. A 32ª edição teve a consolidação da editora Pipoca & Nanquim levando o prêmio na categoria Editora do Ano e também estreantes, como a Editora Comix Zone que levou por O Eternauta 1969, na categoria Edição Especial Estrangeira. A Butantã GibiCon foi eleita o melhor Evento de Quadrinhos.
O homenageado desse ano como Grande Mestre é Miguel Paiva, criador da personagem Radical Chic, que foi a estatueta do troféu deste ano. Confira abaixo os vencedores:
Adaptação para os quadrinhos:Travesti (Veneta)
Arte-finalista nacional:Shiko (Três Buracos)
Colorista nacional: Wagner William (Silvestre)
Desenhista nacional: Jefferson Costa (Roseira, Medalha e Engenho)
Edição especial estrangeira: O Eternauta 1969 (Comix Zone)
Edição especial nacional: Roseira, Medalha e Engenho (Pipoca & Nanquim)
Editora do ano: Pipoca & Nanquim
Evento: Butantã Gibicon
Exposição: Angola Janga de Marcelo D´Salete em Angola/Moçambique
Livro teórico: Mulheres & Quadrinhos por Dani Marino e Laluña Machado
Novo talento – desenhista (será revelado na hora da premiação)
Estão concorrendo:
Andre Luis da Silva Pereira (Tuhu e o Andarilho do Tempo) Brendda Maria (Cais do Porto) Deborah Salles (Viagem em volta de uma ervilha) Fabio Quill (Amálgama) Gio Guimarães (Hologramas) Gleisson Cipriano (Caçada Azul) Greg (O obscuro fichário dos artistas mundanos) Gustavo Novaes (A Cabana) Juliana Fiorese (Lenora) Natália Vulpes (A Casa da Lua Cheia) Renato Dalmaso (O Elísio: Uma Jornada ao Inferno) Victor Harmatiuk (Shimra)
Novo talento – roteirista (Será revelado na hora da premiação)
Estão concorrendo:
Al Stefano (Salseirada) Amanda Miranda (Tabu) Caru Moutsopoulos e Caroline Favret (A Cabana) Gabriela Antonia Rosa (Shimra) Guilherme Match (Kophee) Jefferson Costa (Roseira, Medalha e Engenho) Marília Marz (Indivisível) Mille Silva (Doce Jazz) Rafael Marçal (Filhote de Mandrião) Renato Dalmaso (O Elísio) Silva João (HQ de Briga) Eliane Bonadio (Hologramas)
Produção para outras linguagens: Turma da Mônica: Laços – O Filme (Cinema)
Publicação de aventura/terror/fantasia: Gibi de Menininha 2 (Zarabatana)
Publicação de clássico: AKIRA 6 (JBC)
Publicação de humor: Hell, No! Bem-vindo ao inferno (Balão)
Publicação de tiras: Batatinha Fantasma (Independente)
Publicação em minissérie: AKIRA 6 (JBC)
Publicação independente de autor: São Francisco
Publicação independente de grupo: VHS – Vídeo Horror Show
Publicação independente edição única: Último Assalto
Publicação infantil: Como fazer amigos e enfrentar fantasmas (Independente)
Publicação juvenil: Tina – Respeito (Panini)
Publicação mix: Mulheres & Quadrinhos (Skript)
Roteirista nacional: Daniel Esteves (Último assalto e Sobre o tempo em que estive morta) e Fefê Torquato (Tina: Respeito)
Web quadrinhos: Bendita Cura
Web tira: Tirinhas do Silva João
Projeto editorial: Coleção Batman Noir (Panini)
Projeto gráfico: Cartas para Ninguém (Padê)
Relevância internacional: Sirlene Barbosa e João Pinheiro
Mestre: Miguel Paiva
Grande contribuição do ano: Exposição: O Pasquim 50anos
Grande contribuição do ano: Site “O Pasquim” Da Biblioteca Nacional
Homenagem: Cada Passo Importa
Homenagem: Ivan Freitas da Costa
Homenagem: 20 anos do Universo HQ
TCC: Leandro Carlos Blum. “Quadrinhos e matemática: algumas possíveis construções usando a imaginação”.
Mestrado: Cátia Ana Baldoíno da Silva – “O tempo multidimensional nos quadrinhos: um estudo das estratégias narrativas em Here, de Richard McGuire”
Doutorado: Vinícius da Silva Rodrigues “Quadrinhos no Rio Grande do Sul: um momento decisivo – o humor gráfico em debate & as produções de Sampaulo, Santiago e Edgar Vasques na formação de um polissistema.”
A novidade desta edição é que as categorias de “Novo Talento Desenhista” e “Novo Talento Roteirista” só serão reveladas durante a transmissão, em 12 de dezembro.
A cerimônia do HQMIX será virtual com apresentação do Serginho Groisman, padrinho do evento, e da dupla Gual e Jal, criadores do troféu.
A editora Comix Zone já está antecipando o seu presente de Natal! E o bom velhinho será espanhol Carlos Giménez! A editora começou a pré-venda de Um Conto de Natal: Uma História de Fantasmas do icônico quadrinista. É a segundo trabalho de Giménez na Comix Zone, após publicarem Paracuellos, leia nossa resenha AQUI.
Publicada originalmente em 2018 e inédita no Brasil, Um Conto de Natal é a história mais longa produzida por Carlos Giménez em sua carreira e, para a maioria da crítica e dos leitores, representa um dos seus pilares mais sólidos. Como protagonista, temos o senhor Pablo que, às vésperas do Natal, não quer saber de celebrações sentimentais e nem dos cuidados da família. Ele não sabe, mas os três espíritos do Natal irão visitá-lo e obrigá-lo a reexaminar seu passado, seu presente e seu futuro.
E assim, juntamente com o solitário Pablo, os leitores vão sendo surpreendidos página a página com este resumo tão aprazível quanto impiedoso da vida e da obra do próprio Giménez. Livremente inspirado no clássico de Charles Dickens, Um Conto de Natal avança por uma nova galeria, recém-escavada e insolitamente ampla, na grande montanha que é o ciclo autobiográfico do autor.
Um Conto de Natal: Uma História de Fantasmas terá 112 páginas em preto e branco, capa dura com verniz localizado e tradução da Jana Bianchi.
O lançamento oficial será no início de dezembro, você pode garantir o seu exemplar de Um Conto de Natal com 30% de desconto no link abaixo:
A editora Comix Zone , após publicar Capa Preta (2019), continua resgatando o importante trabalho do quadrinhsta brasileiro Lourenço Mutarelli. Agora chegou a vez de Mundo Pet. Uma Coletânea de histórias experimentais originalmente produzidas para o site Cybercomix.
Entre os anos de 1998 e 2000, chegava ao público recheado de sarcasmo e traços autobiográficos inconfundíveis de Mutarelli. São doze contos que compõem o Mundo Pet onde se registram raros momentos de humor dentro da produção do quadrinhista, que é uma das referências da produção nacional com sua originalidade.
Em 2004, a Devir Brasil chegou a publicar Mundo Pet. E agora a Comix Zone relança a edição com acabamento de luxo. A primeira tiragem traz como brinde uma edição fac-símile de Over-12, o primeiro fanzine publicado por Lourenço Mutarelli em 1998.
Mundo Pet tem formato 19,05 xx 26,16 cm, 120 páginas e capa dura.
“Adeus Pablito… cê é meu melhor amigo… valeu… se não fosse por você…”
Em muitas resenhas usamos o famoso jargão: “esse quadrinho provoca uma mistura de sentimentos enquanto lemos”, e Paracuellos de Carlos Giménez não foge disso. Mas o diferencial da obra é que incrivelmente você se sente como um dos meninos nos abrigos, chamados de Auxílio Social. Você sente a angustia de estar lá, o medo das governantas, a expectativa perto da visita dos pais, a alegria de alguma brincadeira entre eles, os sonhos de cada um, a violência que sofriam… até quando sentem fome, você sente também.
Particularmente, em alguns momentos foi uma leitura muito difícil. As seis primeiras histórias me deixaram com o coração muito apertado. Paracuellos já começa com os dois pés na porta, onde Carlos Giménez já deixa claro a proposta de contar aquela história. Como eu disse, em alguns momentos a leitura foi muito difícil para mim. Os meninos dos abrigos, em sua maioria tem entre três, quatro, cinco, seis anos… e muitas vezes pensava em minha filha que tem quatro. Como a crueldade de um regime fascista pode chegar e atingir não somente os adultos e locais, mas também as crianças. De como uma uma ideologia religiosa forçada e doentia é perigosa e violenta. Mas, também como eu disse antes, Paracuellos também tem seus momentos mágicos. De esperança. Em que sorrimos das brincadeiras dos meninos. Sonhamos os seus sonhos.
E acho que seguir os sonhos dos meninos é uma das coisas mais gostosas em Paracuellos. Carlos Gímenez, que foi um desses meninos, e também sofreu, sentiu fome, saudades da família, sentiu o abandono… mas também sonhou. Giménez conduz em histórias que passam do limite de ser “somente quadrinhos”. Paracuellos tem sentimentos e desperta sentimentos. E engana-se que somente é no sofrer que nos vemos na pele de Pablito, Modesto, Adolfo, Peribañez e outros. O humor faz esse papel muito bem! O humor que Giménez emprega cria empatia juntamente com um traço um tanto cartunesco.
Além de demonstrar os sentimentos, medos, sonhos desses meninos, Paracuellos tem um papel importante em quebrar um longo período de silêncio, apesar de inúmeros esforços para deixar as atrocidades no limbo, e desnuda um capítulo da história espanhola que não era mais falado. De como os acólitos de Francisco Franco usavam de todas as ferramentas para subjugação (disciplina, regulamentação do tempo, classificação corporal e segregação forçada) para reeducar as mentes jovens. A denúncia de Giménez ao próprio regime que criou os lares para moldar a ferro e fogo meninos obedientes, transformada em uma linha narrativa perfeita. Muitas vezes o leitor esquece que os volumes são tiras costuradas e a transição entre uma história e outra fascina e envolve o leitor de tal forma que, sendo repetitivo aqui, faz o leitor criar laços e se sentir como um dos meninos.
Paracuellos é um registro histórico importante e fundamental para os dias de hoje. Vale lembrar que muita dessas histórias do Regime Franquista ficou escondida, acobertada, sendo deturpada como qualquer ditadura covarde faz. E sabemos disso, porque a história brasileira recente ainda é muito nebulosa. Giménez começou a fazer Paracuellos um ano após a morte de Franco, o maior simbolo desse tempo terrível. A farsa dentro das casas sociais eram embasadas com as cartas dos meninos que só iam para os seus pais ou parentes, se estivessem de acordo com os administradores dos abrigos, é somente um dos exemplos do desvio de verdades que acontecia.
A edição da Comix Zone está com todo luxo que uma obra que tem um peso histórico importante e em seu currículo praticamente todos os prêmios de quadrinhos europeus, inclusive o Melhor Álbum no Festival de Angoulême (1981). O volume de 208 páginas e capa dura, apresenta metade da obra de Paracuellos. O prefácio de Pedro Bouça introduz o leitor no clímax da época e de Carlos Giménez e a edição está muito competente. A tradução é de Jana Bianchi. Mais um belo trabalho da editora que vem se firmando no mercado nacional com grandes obras.