Com o término de mais uma edição do BBB, a emissora procura manter a atenção de seus telespectadores de forma que a audiência continue sólida e por conta disso, sua grade enche de novas produções como minisséries ou maxisséries. Uma delas é Se Eu Fechar Os Olhos Agora, adaptação televisiva do livro de mesmo nome do jornalista e escritor Edney Silvestre. Com a apresentação exibida na segunda (15), pode-se dizer que a Globo acertou mais uma vez.
Com o elenco formado por rostos já carimbados nas habituais novelas como Antônio Fagundes, Murilo Benício, Mariana Ximenes e Débora Falabella, a pacata cidade de São Miguel (localizado no interior do Rio de Janeiro) muda drasticamente quando a jovem Anita é encontrada morta dois anos após ter sido feita cativa por um homem. Nesta descoberta, os jovens Paulo Roberto (João Gabriel D’Aleluia) e Eduardo Massarani (Xande Valois) resolvem relatar a polícia o ocorrido. Os atores mirins são bons e possuem boa química em cena, permitindo que o público se importe com os dois de forma instantânea.
Apesar da temática Quem Matou? ter se tornado batida atualmente, a minissérie impõe mais mistério ao redor do assassinato pelo motivo dos personagens estarem envolvidos de forma direta ou indireta. Os diálogos sempre tentam entregar algo relevante para o telespectador, mas logo voltamos para o escuro e ficamos sem entender o que acontece de fato na cidade. São desde segredos, traições e até queima de arquivo que permeiam o local de forma energética.
Lembrem-se: As aparências enganam. Esse estilo de brincar com a mente de quem assiste acaba se tornando um belo atrativo, pois o tabuleiro é praticamente um campo minado e não sabemos as verdadeiras intenções de seus jogadores até que os próprios resolvam revelar as suas jogadas.
Com uma estreia ótima, tudo indica que esse clima de mistério e conspiração continuará rondando ao longo da temporada ao mesmo tempo que mais peças desse jogo vão surgindo para completar esse complexo quebra-cabeça. E quem sou eu para reclamar? Pode mandar mais, Globo!
Se Eu Fechar Os Olhos Agora é dirigida por Carlos Manga Jr. e roteirizada por Ricardo Linhares. A minissérie terá 10 episódios com exibição diária após a novela O Sétima Guardião.
Quando a gente se depara com uma série com o pacote reduzido de episódios do que estamos acostumados a acompanhar em emissoras abertas como CW e ABC, é completamente natural que a trama dê aquela acelerada para movimentar seus diversos plots permeando por situações mais calmas para preparar o terreno para algo. Com todo o hype de quase dois anos sendo guardado pelos fãs, Game of Thrones opta por desacelerar o ritmo e como consequência, gerou um efeito frustrante.
Winterfell começa com uma singela homenagem ao Piloto da série (Winter is Coming), onde a comitiva de Daenerys Targaryen chega sob olhares curiosos e ranzinzas dos nortenhos. Lembrando bem da chegada de Robert Baratheon para rever seu amigo Ned Stark. Trazendo um pouco de nostalgia quando tudo ainda estava calmo demais. Como se estivéssemos diante daquele velho amigo que não conversamos há anos. E este episódio abusou bastante deste recurso.
Tendo que lidar com apenas seis episódios em sua temporada final e precisando iniciar os preparativos para a grande Batalha em Winterfell, presenciamos uma sequência de reencontros que foram jogados para os telespectadores sem cerimônia. Como se tivessem o intuito de se livrar desse lado mais emocional para focar naquilo que importa para a trama. Por conta disto, o mais bonito e esperado foi de Jon e Arya. Algo que esperávamos há anos finalmente aconteceu e não decepcionou. Já outros foram bem mais apáticos e abordados como se os personagens tivessem se visto antes desse momento.
A função de promover esses reencontros além do fator emocional, também serve para fechar as famosas pontas soltas. Jaime e Bran é o exemplo mais claro disso. Como o primeiro imaginaria que aquele garoto que caiu da torre conseguiria sobreviver? Jaime já recebeu sua redenção numa trajetória maravilhosa após perder a mão, mas faltou exatamente isso. E podemos fazer nossas apostas para Theon rever Bran desde os eventos do cerco em Winterfell?
Não queria, mas precisamos falar de Jonerys. A sétima temporada tratou de jogar esse fanservice de uma forma abrupta e infelizmente, esse caminho continuará sendo feito aqui. Enquanto o Rei da Noite segue com sua marcha em direção a Winterfell, nossos pombinhos possuem tempo para brincar de entra-no-meu-castelo em paisagens nortenhas e voar num pega-pega com Rhaegal e Drogon.
O que era para ser emocionante ao ver Jon Snow/Aegon Targaryen montando no dragão nomeado em homenagem a Rhaegar Targaryen, seu pai, acabou sendo ofuscado pelo romance açucarado do nosso casal principal. Mesmo que Rhaegal tenha reconhecido a linhagem de seu montador, não tira o fato que essa cena foi preguiçosa. Nem vou entrar no mérito de Daenerys não ter sequer colocado na cabeça o fato que Snow era um parente depois dessa empreitada.
A revelação sobre a sua linhagem só trará a verdadeira tensão nos próximos episódios, pois aqui não surtiu muito bem o efeito desejado. A pressa se torna um grande vilão de desenvolvimento quando não é trabalhado da forma certa. Ou seja, não esperaram uma cena grandiosa para a revelação na frente de todos para deixar aquela estática sinistra e o puro silêncio. Claro que podem seguir por este caminho, o que esperaria muito que acontecesse. Porém, com a limitação de episódios, capaz de encerrarem do mesmo jeito que iniciaram. Só nos resta esperar e torcer que não façam da pretensão deles uma brincadeira de criança. Já não bastou Stannis com o mantra de que o Trono era dele.
Contudo, mesmo diante de cenas questionáveis, fomos agraciados com a cena de puro horror com a criança da Casa Umber que tinha retornado para a Última Lareira para trazer o seu exército. Muito bem executado e mostrando que Rei da Noite não está de brincadeira. Vimos também que Cersei continua excelente amiga do vinho e segue aliada a Euron Greyjoy junto com a Companhia Dourada. Só com esse episódio não dá para traçar esse plot separado dela. Ainda está bem nebuloso. O mais interessante foi ver Qyburn entregando para Bronn o arco que Tyrion usou para assassinar seu pai, Tywin Lannister.
Tendo o retorno mediano e mais para situar o status quo de todos, pode-se garantir que a partir do segundo episódio o cenário começará a mudar para os preparativos a Grande Guerra.
Não, meu caro! Game of Thrones não retornou mais cedo na sua TV ou tela do notebook. Era só The Walking Dead apresentando seu Season Finale com um grande diferencial em sua paisagem e o resultado disso ficou muito bom e significativo.
Por incrível que pareça, era a primeira vez que a neve se fez presente na série e do jeito que foi mostrado, se comportou como um personagem. Sempre interagindo com os demais e afetando-os de todos os jeitos. A paisagem carregando melancolia caiu como luva para lidar com os sentimentos de todos após o trágico evento das estacas no episódio anterior. A atmosfera pesada estava ali como um forte lembrete das perdas sofridas e como seria difícil seguir em frente mesmo que um dos planos era justamente seguir em frente numa outra comunidade.
Apesar disso, eles ainda conseguem parar e se divertir. A cena da guerra de neve no final é bem singela, porém entrega o sentimento de esperança, amizade e amor para com todos que permanecem vivos. E todos são gratos por esse misto de sensações.
Pena que este lado mais emocional foi a única parte mais chamativa do episódio, uma vez que não foi o suficiente para torná-lo adequado para os padrões de um término de temporada. Ao se permitirem desacelerar a trama, perderam a chance de instigar os telespectadores para a décima temporada. Nem o retorno de alguém respondendo no rádio criou uma expectativa esperada digna de deixar as pessoas sedentas para outubro deste ano.
Quando uma série introduz um vilão icônico com uma interpretação fantástica é natural que mantenham-no nesse papel de antagonista durante uma ou mais temporadas. Isso ajuda a conhecer o personagem melhor e tentar ao menos entender suas motivações. Além disso, inicia-se o processo de sua humanização.
Conhecendo-o mais a fundo, permitimos simpatizar com esse ser que até então tínhamos criado ódio e rancor. Supernatural teve Lucifer e Crowley. The Originals teve Klaus. The Walking Dead tem Negan. O status quo dele deu uma guinada que nem parece ser a mesma pessoa que assassinou de forma brutal Abraham e Glenn com a ajuda de Lucille. Não posso reclamar, porque adoro Jeffrey Dean Morgan. Porém, ao longo do tempo, fica cansativo esse tratamento. Negan continua preso, mas até quando? O perdão virá algum dia? Em breve saberemos.
Num panorama geral, a nona temporada pode ser considerada de regular a boa com uma presença imponente dos Sussurradores que trouxeram sensação de perigo a todo instante. Apesar de descrente e assistindo por questão de honra, fico na esperança de uma temporada classificada como boa a ótima. Caso contrário, a tendência é chegar num nível de zumbificação completa.
”Emoção é uma reação a um estímulo ambiental que produz tanto experiências subjetivas, quanto alterações neurobiológicas significativas. Está associada ao temperamento, personalidade e motivação. A palavra deriva do termo latino emovere, onde ‘e’ significa ‘fora’ e ‘movere’ quer dizer ‘movimento”’.
Love, Death & Robots não é uma produção sobre amor, morte e robôs, mas sim uma obra sobre sentimentos, concebida de uma forma fora do convencional. Arrisco-me em dizer, que o seriado antológico produzido pelos cineastas Joshua Donen, David Fincher, Jennifer Miller e Tim Miller, é a melhor coisa que a Netflix já fez em anos, surpreendendo o telespectador a cada milésimo de segundo.
Quando as primeiras imagens da série foram liberadas, pouco se falava sobre a próxima elaboração cinematográfica do milênio, muito pelo contrário, indivíduos moderados se comunicavam entre si a respeito de Love, Death & Robots, aparentando ser um fracasso de público mas um sucesso de crítica. Felizmente, meu raciocínio – deveras chulo – estava equivocado, visto que a antologia é simplesmente um verdadeiro triunfo.
Dezoito histórias comandadas por uma comunidade global de animação, com talentos e perspectivas únicas de estúdios de animação inovadores, diretores e artistas de todo o mundo. Cada filme é meticulosamente trabalhado, carregado com uma mistura de energia, ação e humor negro sem remorso.
Cada curta-metragem aborda um tema diferente com constantes críticas sociais; como feminicídio, preconceito, racismo, suicídio, dentre outros. Contudo, mesmo seguindo um rumo próprio, todas as animações são obrigadas a inserirem a iminente extinção da vida em suas entrelinhas, que por sinal, são executadas de uma forma minuciosa.
Já o amor e os robôs, são distribuídos de forma análoga para alguns desenhos, trazendo, de fato, uma mensagem mais forte sobre a existência humana e sobre os reais significados das sensações altruístas.
Tim Miller e David Fincher, as mentes por trás de Deadpool e Clube da Luta, são os principais idealizadores de Love, Death & Robots. Suas criatividades são simplesmente invejáveis, traçando planos e rotas nunca fantasiadas antes, afinal, quem nesse quadrante intergaláctico já pensou que um iogurte inteligente, fruto de um experimento científico, poderia ser a solução para todos os problemas da humanidade?
A série usufrui de um fórmula em que nada é previsível. Cada desenho, possui um pequeno (ou não) plot twist, que faz o espectador demonstrar inúmeras perturbações emocionais. Ponto positivo, pois surpresas são o que movem a mente do ser humano para dezenas de caminhos curiosos.
Cada antologia brilha de forma divergente em relação aos seus outros companheiros de temporada, gerando um ambiente descontraído e praticamente sem defeitos. Falo ‘‘praticamente sem defeitos” pois os episódios Proteção Contra Alienígenas, Boa Caçada, O Lixão e Ponto Cego são os mais fracos desse primeiro ano, entretendo de forma temporária e praticamente insignificante. Todavia, apesar de serem inferiores aos demais, eles tem seus próprios méritos, sendo assim, feitos generosos.
Outro fator importante, é que cada história possui um traço artístico próprio, que atrai a atenção do público para a obra. Alguns episódios são totalmente feitos em CGI, enquanto outros parecem desenhados a mão, formando um conjunto de admirações extraordinárias.
Após esses nove parágrafos, você deve estar se questionando: ”mas, o que essas falas tem a ver com a primeira estrofe dessa coluna?” Pois bem meu caro leitor, parece um pouco sem sentido o redator que vos escreve colocar um significado de emoções logo de cara, porém, a primeira subdivisão desse texto fará sentido (ou não) a partir de agora.
Na minha humilde opinião, dentre as dezoito antologias, Zima Blue foi a que mais mexeu comigo, despertando algo dentro de mim que eu não consigo expressar em palavras, mas apenas em sentimentos.
Sintetizando de maneira breve, Zima é um famoso e misterioso artista com um passado obscuro. O artesão, é conhecido por suas incríveis e belas obras de artes que possuem um nível de acabamento inacreditável. Com o passar dos anos, o protagonista da trama começa a desenvolver obras de artes de tamanhos surreais, atraindo a atenção de dezenas de jornalistas.
Zima Blue me lembra vários acontecimentos que sucederam a minha vida de 2017 para 2019, principalmente o seu desfecho, que assim como aprendi com o passar dos anos, a simplicidade é a melhor coisa que um homem poderia desejar. É simplesmente lindo.
Do fundo do meu coração, espero que essa obra de arte chamada Love, Death & Robots seja renovada para todo o sempre. Pode parecer um desejo impossível, mas dado que a criatividade de Miller e Fincher são praticamente infinitas, a Netflix pode usar as mentes desses dois gênios para criar muitos conteúdos controversos e fora da caixa, que transitam desde histórias de vampiros, até uma civilização que mora dentro do freezer de um casal.
Espero que tenham gostado, até a próxima e lembrem-se, sempre verifiquem se vocês não estão presos em uma teia de aranha.
Em fevereiro de 1989, tinha início uma nova era para a Patrulha do Destino nas HQs. Pelas mãos do Grant Morrison, o grupo composto por estranhos desajustados se tornou ainda mais estranho. A ideia era simples: Se eles são esquisitos, eles enfrentam vilões esquisitos. Desde homens-tesoura, até pessoas com complexo de Deus. Não há limites para o que as histórias do grupo podem ser.
Exatamente por isso, ninguém jamais imaginaria que a Patrulha ganharia uma adaptação em live-action. Visto que eles confrontam o absurdo e o grotesco, produzir uma película poderia resultar em algo inovador, ou tosco. Se a Patrulha do Destino ganhasse uma série, ninguém esperaria que fugiria dos padrões estabelecidos pelas séries de super-heróis. Pois bem, aconteceu.
O piloto dirigido por Glen Winter é provavelmente o mais criativo e cinematográfico das produções da DC Comics até então. O que a direção é capaz de realizar com apenas alguns movimentos de câmera, beira ao surreal, para uma série com um orçamento limitado. Cenas em primeira-pessoa e até mesmo enquadramentos que parecem ter saído de um gibi. Inclusive, para os leitores, há uma cena idêntica à primeira edição de Morrison pela equipe.
Fiquei arrepiadinho :3
A atmosfera grotesca e bizarra, não apenas ganha contornos narrativos interessantes, tais como chocam e impressionam o espectador, logo em seus primeiros minutos de projeção. Aviso: Se você não gosta de elementos separados caminhando, assim como eu, feche os olhos, pois ficarão na sua memória. Por um lado, os efeitos especiais são decentes, por outro lado, é fácil sentir agonia ao decorrer dos 58 minutos com cada personagem em tela. O que parando para pensar, não é um ponto negativo. É só um problema do redator mesmo.
Falando em personagens, não há como apontar uma caracterização ruim: Alan Tudyk como Senhor Ninguém em sua primeira cena, já vende o personagem completamente para o espectador. Timothy Dalton está perfeito como Chefe, assim como Brendan Fraser está impecável e com uma boca bem suja como Homem-Robô. Facilmente, a melhor performance. April Bowlby e Matt Bomer como Rita Farr e o Homem-Negativo, também não apresentam problemas. Apesar de não tão impressionante por enquanto, Diane Guerrero entrega uma boa Crazy Jane. Não há também problemas de interação aqui, há uma sinergia irônica e dramática ao redor do grupo.
Entretanto, o verdadeiro trunfo do piloto está no roteiro de Arnold Drake, Bob Haney e Bruno Premiani. Não apenas unindo todos os elementos bizarros em uma trama crível, como também contando a origem de cada personagem, sem que a narrativa seja prejudicada. Além disso, vale a pena destacar a forma como a série utiliza da narração em terceira pessoa do Senhor Ninguém, para construir um humor interlinguístico. Algumas partes de seus monólogos, se conectam com o que os heróis conversam no presente, sendo contraditos por noticiários de TV, ou até mesmo flashbacks.
Patrulha do Destino poderia facilmente ser apenas uma série sobre desajustados, dentre outras séries. Ainda bem que o showrunner Jeremy Carver tinha noção do material-base. Aliando o bizarro, o grotesco, o agoniante, a metalinguagem e a sensação de ser uma pária para a sociedade, este é o início daquela que promete ser a melhor, senão a mais criativa produção televisiva da DC. A mente é apenas o limite.
Você também pode conferir a análise com SPOILERS de Titãsaqui
14 temporadas. 300 episódios. Quem imaginaria que Supernatural alcançaria tal feito? Acredito que nem a própria CW tinha ideia de que naquele 13 de setembro de 2005 estaria lançando um dos maiores hits de sua trajetória como emissora aberta.
Muitas coisas bizarras, loucas, insanas, felizes e tristes aconteceram desde que Dean Winchester apareceu na porta de Sam pedindo ajuda para encontrar seu pai. Passamos pelo 100° episódio e toda a problemática de Dean em aceitar que é a Espada de Miguel. Tivemos o 200° episódio que respeitou numa simbólica peça de teatro tudo que os irmãos viveram até então. O que levaremos do 300° episódio?
[SPOILERS DEMONÍACOS ABAIXO]
Que o conceito de família continua sendo uma base extremamente inabalável após inúmeras temporadas. Já presenciamos demonstrações de amor, afeto e fraternidade entre os irmãos de formas que encheram os olhos de nós fãs, como por exemplo, o pacto feito por Dean para salvar o caçula morto ainda no final da segunda temporada. Só um sacrifício de muitos.
Depois de 12 longos anos, tivemos o retorno do personagem que tanto pedimos para reaparecer: John Winchester. Muita coisa tinha ficado pendente com a sua morte no início da segunda temporada e em Lebanon, recebemos o maior e melhor presente que a produção da série poderia ter dado. E não foi puro fan-service para nos agradar. Foi muito além disso. Foi lindo. Emocionante. Marcante.
Para quem estava desesperado e fazendo altos textos reclamando sobre o seu retorno, acredito que a lamentação tenha cessado após descobrir o motivo de sua aparição e melhor, tudo temporariamente. Os Winchester descobriram uma pérola capaz de conceder um desejo e ansiosos para utilizá-lo para deter Miguel, acabam tendo uma grande surpresa.
Antes de mais nada, esse sentimento de ter os pais de volta e uma vida mais tranquila já se encontrava enraizada nos meninos conforme foram se deparando com as mortes constantes de grandes amigos. Dean provou disso em Apenas um Sonho (2.20), onde por efeito de um Djinn, ele se viu numa vida sem caça com sua mãe e irmão. Só que o célebre episódio tratou de ser bem real. Não era sonho e muito menos realidade alternativa.
Não tivemos tempo de ver há alguns anos uma conversa sincera entre John e seus filhos. Neste episódio, tudo que tinha ficado pendente foi jogado na mesa e rasgando aquelas antigas feridas. Porém, de forma definitiva, curando-as. Dean se tornou um soldado muito jovem e precisava ainda cuidar de Sammy. Enquanto um teve sua infância intacta, o outro precisou virar um adulto. Enquanto um queria se manter longe dessa vida, o outro permanecia obediente àquele que o criou em meio a tudo isto.
Jeffrey Dean Morgan, Jared Padalecki, Jensen Ackles e Samantha Smith brilharam do início ao fim. Suas expressões foram mistas em questão de plenos segundos e isso foi muito bonito de ver. Ainda mais que a trama pedia uma dose em dobro de emoção para esta família tão conturbada. Dean recebeu o reconhecimento que sempre quis. Sam pôde expôr a culpa por não ter dito adeus para o pai no leito de morte. Mary teve a chance de rever o seu marido. Cada um teve o seu momento. A conversa definitiva.
Rever o Castiel temente a Deus trouxe nostalgia para uma quarta temporada excelente e ouvir Eu sou o anjo do Senhor deu aquela leve arrepiada de sua revelação para Dean após retirá-lo do Inferno. Além disso, tivemos Zachariah. Nem tive tempo de reclamar deste, uma vez que o humor inserido para ele não deu brecha para tal.
Cuidem um do outro.
Apesar de reciclagens de plots e mesmo ciclo Deus ex Machina em tramas que parecem impossíveis de resolver, Supernatural ainda possui fôlego para produzir episódios bons a excelentes, como este que aqui escrevo sobre. Portanto, seus 14 anos de estrada dentro do Impala não foram em vão.
Titãsnão é uma série de super-heróis. Parece absurdo, mas é verdade. Este não é um seriado sobre pessoas as quais pretendem salvar o mundo. Este é um seriado sobre pessoas tentando sobreviver, atormentadas por sua próprias habilidades. Cabe ao espectador, dizer sim ou não à proposta da produção. Se você gosta (exclusivamente) dos Jovens Titãs combatendo o mal em sua mais plena leveza juvenil, essa série não é para você. Todavia, caso você adore desconstruções de personagens, uma sensação de suspense e um tom gritante, então você foi feito para essa série.
O CONTEXTO
Primeiro, é necessário dizer que criticar produções em decorrência de sua tonalidade, não é crítica. Arte é relativa. O contexto precisa ser entendido. Alguns enxergam como algo leve, vibrante, outros simplesmente, preferem a vertente melancólica. A questão nunca é o tom, mas sim, à forma como ele é aplicado dentro de sua narrativa. Afinal, narrativa é narrativa. “Mas por que justamente uma série sombria e violenta dos Titãs, João?” Bom, meu caro leitor, eu explico:
1 – Pois pertencem a um serviço de streaming, onde há mais liberdade para a produção de conteúdo.
2 – Greg Berlanti é um dos criadores da série.
Que homem esse tal de Berlanti!
Não conhece o Berlanti? Ele é o criador da maioria das séries da DC exibidas na CW. Ele criou Arrow, uma versão mais sombria e violenta do Arqueiro Verde. Entretanto, ele trabalhou com outras adaptações de quadrinhos, como por exemplo: Riverdale. A série é uma adaptação sombria dos quadrinhos da Archie Comics, misturando horror, suspense e adolescentes problemáticos e bonitos. Enfim, essa série é o exagero em pessoa. Mas por que comparar Titãs à Riverdale? Pois a ideia é a mesma. Pegue personagens de quadrinhos vibrantes e os transforme na versão mais sombria possível. A única diferença é que Titãs tem mais liberdade para cenas de violência, pois como já dito anteriormente: serviços streaming não tem restrições.
“Por que ninguém reclama de Riverdale?” Devem existir reclamações, mas os Jovens Titãs são muito mais conhecidos na cultura pop, existiu uma geração a qual cresceu com os quadrinhos por Marv Wolfman e George Pérez, outra, com o desenho animado de 2003 e uma nova está crescendo com Jovens Titãs em Ação. Então por que as pessoas estavam tão inconformadas com a série antes de sua estreia? Pois não parecia em nada com a imagem tida da equipe. “Mas isso justifica os comentários racistas com a Estelar?” Não, não justifica. Nada justifica racismo. Entretanto, aguardar pelas escolhas tomadas na produção se justificarem na narrativa era o sensato a ser feito.
Essa família é muito unida! Turututu E também muito ouriçada!
Felizmente, todas se justificaram. As mudanças não são o problema de Titãs. Cada membro do elenco regular traz algo único para a série: Dick Grayson (Brendon Thwaites) traz a fúria, Rachel Roth (Teagan Croft) traz o horror e em alguns momentos, inocência, ao lado de Garfield Logan (Ryan Potter) e Kory (Anna Diop), traz um maravilhoso senso de ironia. A familiaridade a qual permeia o grupo durante os 11 episódios, faz deles um verdadeiro – peço perdão por isso – Quarteto Fantástico revoltado. Todavia, os roteiristas não parecem entender o elo mais forte do show, o que fará o espectador vibrar e acompanhar com carinho cada detalhe da história. Não, ao invés da união ser priorizada, os roteiristas escolhem destacar a individualidade. Mas quem dera fosse a individualidade dos quatro personagens.
DICK GRAYSON
Titãs não é uma série dos Titãs. Parece absurdo? Parece e talvez seja. Titãs é uma série do Dick Grayson. Você, leitor, deve estar se perguntando: “Por que? O quê?” É a verdade nua e crua. Mas não, não pense que isso torna a série uma produção ruim, só a torna menos boa do que ela poderia ser. A temporada começa com os Grayson Voadores e termina com Dick aceitando o seu lado sombrio. É sobre ele. É tudo sobre ele.
Do primeiro ao quinto episódio, o espectador descobre que Robin se afastou do Batman, pois estava se tornando, em teoria, um psicopata. Proteger e cuidar do Rachel, é uma chance de desconstruir isso e ele apenas enxerga a oportunidade no quarto episódio, ao impedir a queda dela na escuridão. A interação entre os dois personagens não apenas se assemelha com a relação paterna entre Batman e Robin, como também é bem escrita e pontuada por momentos traçados por paralelos interessantes. No quinto episódio, o único onde os Titãs agem como uma equipe propriamente dita, é levantada uma questão: “O que Dick pode trazer para a equipe?”Ravena tem seus poderes demoníacos, Kory, rajadas flamejantes e Garfield, se transforma em um tigre. O roteiro resolve responder através da aceitação de Dick ao manto de Robin. É uma das cenas mais satisfatórias da série.
Aqui estou eu mais um dia, sob o olhar sanguinário do Robin.
Você deve estar pensando: “Essa é a maneira perfeita para finalizar o arco dramático dele e priorizar a trama, certo?” Sim, mas os roteiristas não pensaram que eles tinham mais seis episódios pela frente. Ou será que pensaram? Eu não sei. De qualquer forma, do sexto ao oitavo episódio, Dick recebe um novo arco dramático: Matar o Robin. É coerente, se parar para pensar que nas HQs, o personagem assume, após o Garoto-Prodígio, o manto de Asa Noturna. Entretanto, a temporada parece não finalizar o arco o qual foi iniciado, provocando um enorme vazio. Uma pena, pois a preparação é ótima:
No sexto episódio, o melhor da temporada, Dick conhece Jason Todd, o novo Robin. Todd serve como um espelho para mostrar a ele o que pode acontecer, caso a ideia de continuar sendo o Passarinho suba a sua cabeça. No final do episódio, ao ver como Jason se sente poderoso com a máscara, Dick resolve aposentar o seu codinome.
No sétimo episódio, os personagens param em um asilo, onde vivem seus piores medos, o maior medo de Grayson, é enlouquecer usando a máscara. Ao final do episódio, o personagem ordena que Kory incendeie o local, mais tarde, na última cena, Dick queima o traje de Robin, aposentando sua aparência.
No oitavo episódio, a série explora uma faceta diferente do personagem, trazendo um pouco de humor a ele, ao lado de sua amiga, Donna Troy. A ex-Moça-Maravilha argumenta sobre a diferença entre parar e se aposentar. Ela sugere que Dick não precisa ser o Robin para ajudar pessoas, ele precisa ser algo a mais.
Fica difícil entender o porquê existir essa demora em torná-lo o Asa Noturna. Não é apenas o caminho óbvio, mas o caminho narrativo certo a se seguir. Entretanto, a série resolve seguir o caminho “errado”. No final da temporada, intitulado “Dick Grayson“, o personagem precisa lutar contra seu lado sombrio e a forma como o roteiro encontra para executar essa ideia é através de uma realidade artificial onde Batman se tornou um assassino. Ele é o único capaz de pará-lo, mas isso significaria, sacrificar o seu compasso moral.
Você caiu na artimanha do Trigo kkk
Caro leitor, você já deve ter visto inúmeras capas de quadrinhos onde o herói grita furiosamente: “Preciso pará-lo de uma vez por todas.” Entretanto, você também deve saber que na maioria das vezes, a história por trás da capa, nunca apresenta o tal acerto de contas. Como um exemplo audiovisual, eu posso citar Batman vs Superman: A Origem da Justiça. Pois em determinado momento, Batman está lá para matar Superman, mas segundos antes de enfiar uma lança de kryptonita em seu peito, Superman, através de um nome, faz com que o Cavaleiro das Trevas perceba o monstro o qual ele se tornou.
Em Titãs, não há momento para essa percepção, o heroísmo é negado por completo, no exato momento em que ele diz: “Meu Deus, Bruce. Isso é o que você queria, que eu abraçasse a escuridão. Vai se foder, Bruce. Você ganhou.” Ele deixa Batman para morrer naquele mundo fictício e abraça tudo o que há de ruim nele. Para muitos, inclusive para mim, soou como um arco mal finalizado, mas após muitos dias de reflexão, eu percebi: Isto não foi um equívoco narrativo. O que me leva ao próximo ponto.
A ATMOSFERA
Como dito no primeiro parágrafo: “Titãs não é uma série de super-heróis.” Não há nada heroico (com exceção de uma ou duas cenas) sobre esta série. Literalmente nada. Esta série é como um filme de 13 horas idealizado por Josh Trank. Caso não conheça o diretor, ele é o responsável pelo ótimo Poder Sem Limites e o terrível Quarteto Fantástico (É culpa do estúdio, para falar a verdade). Estes filmes não são sobre super-heróis, mas sim, sobre pessoas atormentadas pelas suas habilidades extraordinárias. Há um senso de horror diferente em cada personagem e a proposta da série é explorada ao máximo no episódio “Asylum”. Por que?
1 – Personagens lidando com o que há de pior dentro deles.
2 – Eles precisam fugir. Fuga é um aspecto constante na série.
3 – O asilo é anônimo, as pessoas trabalhando lá também. Outra característica de Titãs é o fato de que existem vilões por toda parte e nós nunca saberemos os nomes deles.
Os roteiristas poderiam facilmente fazer dessa, mais uma série de conspiração criada pelos antagonistas, mas eles são o que menos importam e isso é ótimo. O que eles representam para os heróis é o que realmente importa e essa constante adrenalina se desenrola no decorrer desses 11 episódios, onde os personagens precisam lidar com seus problemas e fugir ao mesmo tempo. Não dá para confiar em ninguém, pois todo personagem fora do núcleo principal podem ser uma ameaça: Policiais, freiras, uma família geneticamente modificada, médicos de um asilo, idiotas em restaurantes, demônios, maníacos sexuais. Todos são motivo para pelo menos levar um soco na cara.
Exceto esse cara carbonizado. Ele só queria amor.
Esse fato contribuí para moldar o suspense da produção, justamente pela falta de ciência em relação a tudo o que não é fantástico neste mundo. Outro fator o qual colabora bastante é a excelente trilha sonora composta por Kevin Kiner & Clint Mansell trazendo o senso de adrenalina mesclado com o medo do desconhecido, a música cresce em momentos de tensão, em momentos violentos e imerge o espectador dentre deste universo doido. Entretanto, fica evidente a preocupação dos produtores em deixar a série com uma cara moderna. A quantidade de músicas tocadas no decorrer dos episódios (e bem selecionadas) confere à série um estilo pop.
Entretanto, a série não apenas transita entre esses dois fatores, ela serve como uma introdução ao Universo DC do serviço de streaming. Logo, conta com inúmeras participações especiais bem pontuadas em sua maioria. É impossível escolher o que parece mais atrativo. A Patrulha do Destino tem um tom próprio, misturando drama com humor (provavelmente o que se pode esperar da série). Rapina e Columba (Alan Ritchson e Minka Kelly) são carismáticos e trazem aventuras pé-no-chão, mas a série cometeu um equívoco em trazer um episódio piloto perfeito para a dupla no meio da temporada. Jason Todd (Curran Walters) entrega a raiva imatura e Donna Troy (Conor Leslie) entrega maturidade através da ironia, provavelmente, serão os mais recorrentes na série.
Família! Família! Almoça junto todo dia E nunca perde essa mania.
VEREDITO
Confesso, Titãs me deixou dividido. Não por ser sombrio e desconstruir os personagens, mas pela ausência de heroísmo. Entretanto, não posso simplesmente concluir que a primeira temporada é ruim. Pois é bem produzida, bem dirigida e cativa o espectador a continuar assistindo. O final, entretanto, pode ser considerado jogar o arco dramático de um personagem no lixo, ou o prelúdio para algo maior. Prelúdio. Era essa palavra que faltava. Titãs soa como um episódio piloto de 13 horas sobre Dick Grayson, com outros heróis como pano de fundo, na busca do confronto contra seus demônios internos. Em alguns momentos, usa o exagero ao seu favor, em outros momentos, parece querer reafirmar ao espectador a que veio, mas no fim, é uma ideia diferente, predominantemente bem executada, mas repleta de imperfeições.
O timing para o lançamento de She-Rae as Princesas do Podernão poderia ser mais perfeito. Em uma era onde filmes de heroínas são realidade e o público feminino interessado em quadrinhos só cresce, era uma questão de tempo até She-Ra receber uma repaginação e ser apresentada a uma nova geração. Felizmente, a nova série animada produzida pela Dreamworks, é uma aula não apenas de narrativa, mas de reimaginação. O show explora temas como liderança, amizade, mas para o redator o qual vos escreve, o que torna este reboot tão especial é simples: Mudança.
A mudança a qual eu me refiro, não é aquela feita pelos produtores, para uma nova versão. A mudança a qual eu me refiro, é aquela a qual possui um papel dentro da narrativa e do desenvolvimento dos personagens: A mudança narrativa. Isso se reflete na relação entre a protagonista, Adora e a antagonista, Felina, a qual são puramente, a alma da animação.
O momento mais gay da ficção. É isso.
“Eu acho que Adora e Felina são o centro, a heroína, a vilã, a luz, a escuridão, mesmo que você veja que elas não começaram tão diferente, que elas eram próximas. Eu acho que a série explora bastante a ideia de como as duas confiam nas pessoas ao seu redor, mas também percebem, quando se afastam, que limites devem ser traçados e você deve se proteger quando um relacionamento, mesmo com uma pessoa amada, está lhe causando dor e mágoa e impedindo que você está tentando se tornar.” – Palavras de Noelle Stevenson, a criadora da nova versão, sobre a protagonista e a antagonista. Antes de convergir no tema das mudanças, uma análise sobre as duas personagens deve ser feita.
Primeiro, Adora. Ela foi criada pela Horda, uma organização militar caçadora de princesas. Foi sempre reconhecida como a cadete mais competente, sempre pensou que estivesse agindo para o bem e possui laços de amizade forte com Felina, protegendo-a constantemente das ordens de sua superior: Sombria. Um dia, após encontrar uma espada mágica e entrar em contato com Cintilante e Arqueiro, dois soldados da Lua Clara (Rival da Horda), a sua concepção muda por completo e percebe que todas as atitudes da Horda possuíam fins malignos. Ela inicia sua jornada para desconstruir o seu passado, abraçar uma nova vida e se tornar a heroína She-Ra.
Você deveria assistir ao desenho para sofrer por elas.
Segundo, temos Felina. Também criada pela Horda. Foi sempre reconhecida como uma pária, tinha ciência dos atos maléficos da organização, mas aceitou sua condição. Possuía laços de amizade forte com Adora, a qual sempre a protegia. Um dia, Adora diz que não voltará para a Horda. Felina fica com raiva e é moldada por Lorde Hovak e Sombria para se tornar uma capitã. Sua jornada como vilã se inicia. Não para desconstruir seu passado, mas permanecer agarrado a ele.
Na obra, o Grande Gatsby, por F. Scott Fitzgerald, o protagonista Gatsby é apaixonado por uma mulher de seu passado chamada Daisy, a qual está casada com outro homem e constituí uma família. Ele formula um plano para reconquistá-la, o que acaba o levando, por triste ironia do destino, à morte. Assim como Gatsby, Felina acredita que o passado precisa ser vivido, que a vida nunca mudará, assim como ele, ela não aceita que Adora está a deixando, não acredita que a vida pode mudar, precisa mudar, o que a leva aceitar uma condição de vida extremamente sofrida. O destino de Felina é pior que o de Gatsby, pois ela ainda está viva e carrega a raiva de ser abandonada.
Meu coração está quebrado e é apenas uma imagem.
Adora, por outro lado, é também em partes, Daisy, entende ao seu modo, que a vida muda, que as pessoas as quais conhecemos nem sempre estarão ao nosso lado, devido às nossas atitudes, mas não podemos viver para elas, devemos viver para nós mesmos. Você pode ser como Felina, permanecer o lugar e fechar os seus olhos para a realidade, sofrendo silenciosamente, até este sofrimento se transformar a raiva. Ou você pode ser como Adora, mudar, expandir os horizontes, estar com medo, mas estar disposto a experimentar o que há de diferente na vida. A escolha é sua.
Esta é a verdadeira mensagem de She-Ra e as Princesas do Poder.
Lançada em 14 de Novembro na plataforma de streaming do Youtube, o Youtube Premium,Origin foi uma grata surpresa neste fim de ano. Indicada por um amigo no grupo da Torre, a série me chamou a atenção por sua temática horror/ sci-fi, 2 gêneros que adoro, e que juntos fazem um belo estrago nos feriados.
https://www.youtube.com/watch?v=HjRjcgByAhk
“Os passageiros acordam a bordo do Origin, abandonados no espaço, procurando outros sobreviventes, mas encontram outra coisa completamente diferente.” diz a sinopse da série.
Os 11 passageiros da nave Origin acordam de forma abrupta alguns dias antes do seu destino em Thea. Um novo planeta que suporta as condições da vida, e que está sendo usado como base para uma nova colônia terrestre, sob a chefia do Thea Program. Aos poucos, eles descobrem que a nave foi atingida por meteoritos e que algo estranho entrou na nave. A maioria da tripulação está morta e alguns passageiros conseguiram escapar. Os que foram deixados para trás, devem lidar com a constante desconfiança e aprenderem a confiar em estranhos.
A série bebe de várias fontes de sucesso, como Alien: O Oitavo Passageiro (1979), O Enigma de Outro Mundo (1982), Invasores de Corpos (1978), entre outros. Se você já é íntimo desses filmes, vai adorar.
Alien: O Oitavo Passageiro, de 1979
Tom Felton (Logan Maine), Natalia Tena (Lana Pierce) e Sen Mituji (Shun Kenzaki) são os destaques da trama, tanto por seu carisma em frente a tela quanto por suas interpretações e histórias de fundo. Mais conhecido como o Draco Malfoy da franquia Harry Potter, Felton no início se mostra um pé no saco como personagem, mas evolui ao longo dos episódios, nos conquistando a cada minuto.
O background de todos eles é outro ponto positivo. Ele é construído aos poucos, contado em formato de flashbacks de uma maneira orgânica e nada tediosa, dando uma carga dramática maior ao fator humano. Mérito dos diretores, que souberam dosar o rítmo de maneira dinâmica, sem nos fazer perder o interesse pela trama principal.
O alienígena precisa de hospedeiros humanos para sobreviver, e o tom de desconfiança entre os passageiros da nave é crescente. Ainda sobre o alienígena, é bom dar destaque a alguns detalhes sobre ele. Ao contrário do que estamos acostumados no entretenimento, há uma fina camada em sua composição dramática. O ser desconhecido, consegue demonstrar uma certa inocência e um desejo primitivo e desesperador em sobreviver, nos fazendo compadecer de sua ‘jornada’ em alguns momentos. É tudo subjetivo, mas muito bem explicado.
Alguns jump-scares são desnecessários e perdem o efeito depois de um tempo. Para quem já está acostumado com este artifício pode se sentir incomodado em algumas partes, mas nada que tire o brilho da experiência.
Origin é uma série dramática, com elementos de horror e sci-fi, mas não espere cenas de ação hollywoodianas, nem explosões destruidoras de Michael Bay. O mérito dela está em seu fator humano. Os 10 episódios passam voando e nos dá um gancho para uma segunda temporada ainda mais promissora.
Os 2 primeiros episódios estão disponíveis de graça no Youtube Premium.
https://www.youtube.com/watch?v=9fUU6y5-rTc
Conta com seu elenco super competente Natalia Tena, Tom Felton, Sen Mitsuji, Nora Arnezeder, Fraser James, Philipp Christopher, Madalyn Horcher e Siobhán Cullen.
Produções sobre fantasmas ou demônios que perturbam o cotidiano de uma determinada família, se tornaram comum ao decorrer que Hollywood tenta evoluir mentalmente e espiritualmente, mas que infelizmente, acaba fracassando. Entretanto, mesmo com diversas obras que estão presas na mesmice, muitas produtoras procuram entregar algo realmente diferente para os seus consumidores, caso da provedora global de filmes e séries de televisão Netflix, visto que em 12 de Outubro do ano 2018, lançou em seu catálogo o seriado de terror A Maldição da Residência Hill, que mesmo com seus diversos defeitos, se sustenta com sua genialidade de contar história através do luto e assombrações fantasmagóricas.
O responsável pela história, é o cineasta Mike Flanagan, que dirige e produz o seriado ao lado da sua esposa e atriz Kate Siegel, na qual interpreta a personagem Theo, filha do meio do casal Hugh (Henry Thomas/ Timothy Hutton) e Olivia Crain (Carla Gugino) . Flanagan, possui em seu currículo grandes películas, como Hush: A Morte Ouve; Ouija: A Origem do Mal e o vindouro Doctor Sleep. Isto é, ao observar o esforço do diretor em contar narrativas de terror, era de se esperar mais uma fábula de terror e drama que pudesse agradar todos aqueles que se simpatizam com os gêneros.
Sintetizando de maneira breve, Shirley, Theo, Nell, Luke e Steven são cinco irmãos que cresceram na mansão Hill, a casa mal-assombrada mais famosa dos Estados Unidos. Agora adultos, eles retornam ao antigo lar e são forçados a confrontar os fantasmas do passado, após o suicídio da irmã mais nova.
Desde o início até o seu final, o seriado é vendido como algo assustador que promete deixar os seus telespectadores sem dormir por noites… mas não é bem assim que as coisas funcionam. Óbvio que a fábula dará uma certa ênfase ao horror (que por sinal é excelente), mas o gênero é apenas uma linda cortina vermelha que esconde a verdadeira alma da produção: o drama. É ele o elemento predominante na maior parte dos episódios, criando uma atmosfera aterrorizante no meio de uma família transtornada por lembranças apavorizantes que assolam seus cotidianos mesmo depois de adultos. Ou seja, A Maldição da Residência Hill é um show televisivo sobre luto familiar, e não sobre assombrações.
Dissertando sobre parentela, os irmãos Shirley (Elizabeth Reaser/Lulu Wilson), Theo (Kate Siegel/Mckenna Grace), Nell (Victoria Pedretti/Violet McGraw), Luke (Oliver Jackson-Cohen/Julian Hilliard) e Steven (Michiel Huisman/Paxton Singleton) são os verdadeiros heróis um do outro, se ajudando em momentos ápices e nunca desistindo de aquilo que os intriga desde a infância. Mesmo seguindo rumos diferentes, cada irmão tem um destaque especial dentro da produção, evidenciando o potencial de cada um sem que ultrapassem o tempo de tela um do outro. Elemento importantíssimo que foi moldado com cuidado pelos seus indenizadores. Hugh (Henry Thomas/ Timothy Hutton) e Olivia Crain (Carla Gugino) quando o assunto se trata de bons personagens, já que suas atitudes depressivas ao lado de seus filhos, é que carregam o conto nas costas.
Já os fantasmas, servem mais como uma ponte entre o passado e presente. Seus objetivos não são apenas assustar ou possuir algum morador da residência, não; as verdadeiras motivações das assombrações vão além daquilo que qualquer outra produção do ramo já explorou. Ponto positivo.
Uma dica, preste muita atenção nos cenários, pois existem inúmeros espíritos como easter eggs que ficam observando o cotidiano dos Crain. Elemento não muito importante para a história, mas uma ideia assustadoramente genial.
O excesso de mistérios não chegam a ser um defeito, mas um, pequeno incomodo. Os enigmas em si que são jogados ao decorrer da fábula, são geniais e as suas resoluções, mais extraordinárias possíveis, mas se Mike pensasse em tratar as charadas com mais delicadeza e ponderasse suas análises numéricas a respeito dos quebra-cabeças, o fator seria mais impressionante do que já é.
Uma condição técnica que é de se chamar bastante atenção, é a sua fotografia escura, na qual afunda a mente de quem está assistindo nas trevas da noite que assombram o território Hill.
Seu final é lindo e emocionante, mas muito incoerente com que o seriado estava querendo trazer desde o seu anúncio pela Netflix. Ele é muito rápido e não poupa com que o espectador se esqueça facilmente do que foi visto, mesmo que um lindo discurso seja feito por um dos personagens. Entretanto, é se se confessar que o desfecho desse primeiro ano foge do convencional visto em outras séries e filmes,
Finalizando, A Maldição da Residência Hill é encantador, deslumbraste e tenebrosamente dramática. Sem sombras de dúvidas, merece atenção daqueles que amam histórias de terror ao mesmo tempo que procuram assistir algo que se distancie do gênero, mas sem que o mesmo perde a sua áurea.
Espero que tenham gostado, até a próxima e lembrem-se, os fantasmas são culpa, segredos arrependimentos e fracassos.