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Venom não é o parasita que queríamos, mas é aquele que merecemos

Escrito por Daniel Estorari

Desde a estreia de Homem-Aranha 3 em 2007, a Sony Pictures lutou constantemente em desenvolver um filme do Venom, que segundo olhares mais minuciosos e gananciosos dos produtores, o monstrengo sempre foi um personagem que pudesse segurar uma trama sozinho sem a presença direta do amigão da vizinhança. Contudo, após diversos problemas envolvendo a franquia dirigida pelo cineasta Sam Raimi, a película do simbionte assassino ficou cerca  de sete anos engavetada. Até agora.

Então, o estúdio decidiu dar mais uma chance ao anti-herói, lançando Venom neste ano com força total. A película será a primeira de um universo cinematográfico composto por diversos heróis e vilões da Marvel em que a Sony tem propriedade, sendo Morbius de Jared Leto, a próxima obra a entrar em produção.

Eddie Brock (Tom Hardy) é um jornalista investigativo, que tem um quadro próprio em uma emissora local. Um dia, ele é escalado para entrevistar Carlton Drake (Riz Ahmed), o criador da Fundação Vida, que tem investido bastante em missões espaciais de forma a encontrar possíveis usos medicinais para a humanidade. Após acessar um documento sigiloso enviado à sua namorada, a advogada Anne Weying (Michelle Williams), Brock descobre que Drake tem feito experimentos científicos em humanos. Ele resolve denunciar esta situação durante a entrevista, o que faz com que seja demitido. Seis meses depois, o ainda desempregado Brock é procurado pela doutora Dora Skirth (Jenny Slate) com uma denúncia: Drake estaria usando simbiontes alienígenas em testes com humanos, muitos deles mortos como cobaias.

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Aclamados por muitos, Tom Hardy não entrega a sua melhor atuação para o público, pelo ao contrário, ele concede algo mais bem humorado e que no fundo, sabe que não será levado a sério por aqueles que estão o assistindo. No entanto, é perceptível o nível de esforço do ator em entregar um comportamento mais hostil vindo de um olhar desesperador de Brock por conter um parasita vivendo dentro do seu corpo e mente. 

A interação entre os protagonistas é o ponto alto da história. O modo de que os seres interagem entre si chega a dar brilho nos olhos, fazendo em determinados momentos com que o telespectador se simpatize com a relação problemática dos personagens. Mas, nem tudo é um mar de rosas. Piadas fora do tempo chegam a ser um problema, mas ainda sim, uma pequena pedra no sapato na narrativa como um todo.

Ao mesmo tempo que é uma criatura sedenta por sangue, o Venom se prova como um verdadeiro herói diante de um mundo sujo e irracional no qual ele veio. Já Brock, é a representação perfeita do fracasso, perda e depressão, mas tudo feito a partir de uma maneira divertida e menos desastrosa.

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Sem sombras de dúvidas, o enredo é o mais simples e corrido possível. A sensação que o filme passa para quem está assistindo, é de que o conto visto durante duas horas, foi feito as pressas e sem nenhum cuidado aparente, ainda que contenha elementos 100% fiéis a mitologia do personagem, existe uma sensação de insatisfação após o seu término, que é amenizada por sua primeira cena pós-créditos. É um gancho perfeito para uma eventual continuação.

Riz Ahmed interpreta dois antagonistas, o doutor Carlton Drake e o monstro RiotDrake é egoísta e perfeccionista ao extremo, indo até o fim para que os seus desejos mais profundos sejam realizados. Já Riot, é uma versão menos simpática do protagonista alienígena, mas é clara a preguiça por parte dos produtores e diretor Ruben Fleischer em desenvolver uma nova personalidade ao antagonista. Ele é basicamente o Venom, só que mais malvado e com poderes acima de qualquer outra criatura de sua terra natal. 

Além de Tom Hardy, Michelle Williams que dá vida a Anne Weying, é a cereja do bolo. Sua interação com Brock é desafiadora e empolgante, e no fim das contas, ter amizade com o ex-marido e ainda ajudá-lo nos momentos mais difíceis da vida, é pedir para ser elogiada.

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Desta maneira, Venom consegue ser competente sem a presença do Homem-Aranha em sua composição cinematográfica, que por sinal, era a preocupação de muitos em relação ao longa. Se a Sony Pictures investir mais em suas produções e pensar menos com um olhar empresarial e mais com uma visão de fã, seu universo cinematográfico pode ir longe, e quem sabe, incluir o escalador de paredes do Tom Holland em sua mitologia.

Espero que tenha gostado, até a próxima e nunca na sua vida, deixe que um parasita te dê conselhos amorosos.

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Daniel Estorari

With great powers...