Categorias
Quadrinhos

Resenha | Pateta 0

O melhor amigo do Mickey ganhou um status importante nos últimos anos. Além de uma mensal, vários especiais foram publicados e um novo alter ego chegou: O Pateta Reporter.

Assim como em Mickey, a Culturama decidiu por duas histórias mais longas para começar com o Pateta. Marco Mazzarello, mesmo ilustrador de Três Num Trenó (Mais Um Cão), a principal HQ de Pato Donald nº2481, desenha ambas. Uma história é boa; A outra, nem tanto.

A capa é bonita. Colorida e bem desenhada, Giorgio Cavazzano cria boas expectativas para A Profecia dos Saurotecas. As coisas melhoram já ao saber que Eurásia, a arqueóloga amiga de Mickey, está no elenco. Eurásia é uma personagem relativamente recente: foi criada por Casty em 2004 e protagonizou apenas 8 histórias até hoje. Entre elas, a ótima O Raio da Atlântida publicada em Mickey nº 894 em fevereiro de 2017.

Atendendo ao pedido dos cientistas Zapotec e Marlin, Mickey e Pateta vão ao Museu Arqueológico examinar a tal profecia Sauroteca, onde uma ilustração designa dois parceiros correndo de um lagarto gigante. No desenho, esses dois se parecem muito com Pateta e Mickey. Ao avisar Eurásia do ocorrido, esta sugere uma viagem ao México, onde os Xamãs da região guardavam um cetro capaz de acalmar a fúria dessas criaturas, adorada pelo povo da região.

O problema aqui é a inconsistência do roteiro. Há muitas informações que são pouco exploradas ou criam uma ideia de clímax que não é atingida. O início da aventura sugere uma viagem no tempo que não ocorre; Um antagonista surge no meio da história e tem pouca influência na trama; O tempo é muito relativo entre um dia de outro quando acontece a viagem ao México e retorno… com menos elementos, creio que funcionaria melhor. Uma pena, pois tinha tudo para ser melhor, assim como o roteirista Vito Stabile já nos entregou enredos superiores, como O DesmanchaPrazeres, publicado em Pateta nº86, de junho de 2018.

Mas A Água Fóssil estabiliza o nível desta primeira leva de HQs Disney. Pateta e Horácio têm dificuldades em cuidar do jardim: A água parece ser controlada por uma força desconhecida. Esta força pertence à Hidris, um alienígena ancião que agora vive em uma cidade subterrânea na terra. Com a extração na reserva hídrica de sua cidade, seu território e amigos são sequestrados por uma empresa que agora explora a região. Assim, cabe a Pateta e Horácio ajudarem à resgatar a população e reequilibrar o ecossistema.

Aqui temos um roteiro redondo. Inclusive uma curiosa reflexão sobre o hábito de colecionar, que diz respeito a muitos de nós e nossos quadrinhos. Nada espetacular, mas satisfatório. Fazendo o simples pode se dar bem. Menos é mais.

O início da edição acaba compensando com o fim. Há várias histórias com Pateta ainda a serem publicadas, e a tendência é que melhore nas próximas edições.

Categorias
Quadrinhos

Resenha | Tio Patinhas 0

Tio Patinhas surpreende muito pelo conteúdo de suas histórias principais. Explicando: Aqui, Patinhas Mac Patinhas é posto onde não costuma estar, ou até onde nunca imaginou.

Logo de cara temos O Amor do Tio Patinhas, nesta narrativa que ocupa mais da metade da edição acontece a primeira aparição de Miriam Mac Gold, uma pata de Gansópolis destinada a ser rica que, dentre outras conquistas, marca um lugar especial no coração de Patinhas, mas se recusa ser ajudada por ele em sua missão de ser quaquilionária. Para isso, até vence uma licitação derrotando Patinhas e Patacôncio. Miriam inclusive já era concorrente de Patinhas no passado, e sua paixão por ela o fazia inclusive gastar umas patacas a mais. Tamanha diferença de comportamento chama a atenção de Donald, que busca mais informações sobre esse caso de seu tio. Apesar de inédita, a HQ é datada de 1989, roteirizada pelo já falecido Bruno Concina e com desenhos do prolífico mestre Giorgio Cavazzano.

Miriam tem somente mais uma aparição em HQ do Tio Patinhas: Zio Paperone e le Grandi Conquiste (Tio Patinhas e as Grandes Conquistas, em tradução Livre) de Gianfranco Cordara e Andrea Ferraris publicada na Itália em 1997. Nesta história, uma repórter prepara um artigo sobre vários e várias personagens ligados à Patinhas. Também inédita no Brasil, sua publicação seria bem-vinda, mas como é uma história que revisita acontecimentos anteriores, pode ser que ainda precisemos que outras sejam lançadas por aqui antes dessa. No passado já tivemos títulos Disney cujo tema principal era relacionamentos amorosos, porém seria muito interessante uma edição com os relacionamentos amorosos de Patinhas.

Em contrapartida à primeira, logo em seguida já temos uma história muito moderna. Em O Papel do Dinheiro, Patinhas enfrenta enormes dificuldades em conservar o conteúdo de sua caixa-forte, recorrente alvo de ratos, umidade e tentativas de roubo. Por isso, acaba aceitando a ideia do mais novo milionário da cidade: Bittencourt Crista, jovem magnata das criptomoedas. Patinhas se desfaz de quase toda sua fortuna física e investe no dinheiro digital. É de uma surpresa absoluta ler uma história assim e ver a caixa-forte mais famosa dos quadrinhos totalmente vazia. Terje Nordberg ousou nessa e dificilmente teremos outra situação parecida.

Mais certo um destaque vale para Ouro Esquecido, onde Patinhas e Donald vão até o norte da California atras de uma terra que Patinhas nem se lembrava em ter comprado. A única pista é um recibo encontrado por acaso em uma velha mochila. Garimpeiro experiente que é, vai até lá descobrir por quê.

Como já citei em Pato Donald 0, é sempre bom revisitar esse passado aventureiro de Patinhas. Porém o desfecho dessa aventura é bem parecido com o de A Febre do Ouro em Marte, ainda mais levando em conta que uma foi lançada exatamente um mês depois da outra na Noruega, Suécia e Dinamarca. A dupla criativa é totalmente diferente, porém a semelhança chama atenção.

Todas essas diversas facetas de Patinhas fizeram desta edição uma mistura bem eclética. Diferente até da arte da capa, já que ele não usa em nenhuma das histórias a mesma roupa característica que está estampada nela. Interessante para ver as diferentes formas como Patinhas foi e está sendo representado nos países onde prosseguem com a criação de suas histórias.