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Primeiras Impressões | Nanbaka

A temporada de outubro já começou, mas estamos em novembro e eu ainda não postei nenhum “Primeiras Impressões“. O que seria desse Pagode sem o nosso querido Gabriel? Mas, antes tarde do que nunca, trago, outra vez, um negócio que podemos passar alguns minutos dando gostosas risadas por conta de trocadilhos com as cores laranja e preto. Só que dessa vez, a conexão com o seriado é a própria temática. Que apesar de parecer comum, não é, e por um simples motivo: Japonês ser um povo estranho.

Sabe Prison Break? Se você colocar uma peruca super extravagante em todas as pessoas carecas de lá, Nanbaka é mais ou menos o que você vai conseguir.
Eu acho, nunca vi Prison Break.
Baseado num mangá, esse show é tão excêntrico quanto a autora da obra. Ao conhecer Shou Futamata, você terá certeza que nada menos poderia sair de sua cabeça. A moça é tipo uma Lady Gaga japonesa.

Quando você compara com a autora, até que os personagens são bem realistas...
Quando você compara com a autora, até que os personagens são bem realistas…

Inclusive, “extravagante” é uma excelente palavra pra descrever esse anime como um todo. Eu poderia facilmente dar uma de Porchat e fazer uma postagem inteira falando “Extravagante! Extravagante! Extravagante! Extravagante! Extravagante!“, que as ‘primeiras impressões’ teriam sido passadas muito bem.

Apesar de não ser o fã mais assíduo do mundo quando o assunto são filmes hollywoodianos, um dos gêneros que eu gosto bastante são as “comédias policiais“: filmes que trazem toda aquela carga de ação estadunidense extremamente exagerada, com carros sendo arremessados em helicópteros, além de piadas sendo contadas no meio de tiroteios, e coisas do tipo. Poderia citar “Os Badboys” como exemplo, mas acredito que “Loucademia de Polícia” se encaixa melhor no que eu quero dizer.
Há claras diferenças no tipo de humor utilizado, mas Nanbaka é basicamente Loucademia de Polícia em japonês. E não sei vocês, mas pra mim, isso é sensacional!

A história se passa na Prisão de Nanba, que acaba sendo um personagem por si só. Digo isso pois em obras desse tipo, o que causa o efeito humorístico são as características peculiares dos personagens. Em qualquer show você percebe que seu elenco possui individualidades específicas, mas que nem sempre (quase nunca) são abordadas abertamente. A ambientação da Prisão, o sistema carcerário, os funcionários e suas formas de agir, acabam por dar ao próprio local uma personalidade que funciona como mote para piadas. Em um momento do episódio dois, o Supervisor (já falo dele) precisa ir à sala de sua chefe. Algo que parece uma situação comum, se torna cômica por conta da caracterização da Prisão de Nanba: ele pega um trem pra se locomover entre os blocos!

Já os personagens que são, de fato, pessoas, não ficam para trás de maneira alguma. Os quatro “Números” trazem para a atmosfera do anime um ar descontraído, e fazem isso muito bem. Diversas comédias falham em te fazer rir por simplesmente não conseguirem fazer o meio parecer propenso para tal. Há várias formas de contornar esse problema, e o próprio jeito de ser de seus protagonistas é a resposta de Nanbaka. E para balancear todo esse bem-estar, e para te lembrar que o anime ainda se passa dentro de uma prisão de segurança máxima, temos o Supervisor: único personagem careca da história, ele sim parece ter sido retirado na íntegra de Prison Break. Mas sua seriedade acaba no mesmo lugar onde a palhaçada dos prisioneiros começa, fazendo com que seu papel de Tsukkomi seja sempre bem colocado, e que é ainda mais acentuado pelo excelente trabalho do veterano Tomokazu Seki. Ah, e também temos a carcereira tsundere. Adorei ela.

Falemos um pouco da parte artística da obra: o estúdio Satelight não nos deixa na mão, e apresenta uma animação super fluida, com cores vibrantes (que é extremamente necessário para o clima da obra, como citado no parágrafo anterior) e filtros em tudo que é lugar, de fazer inveja a qualquer filme do Zack Snyder.

No campo sonoro, temos uma OST muito bem colocada, com um sincronismo que eu não (ou)via há muito tempo. Todas as músicas tem uma pegada meio eletrônica-retrô, que combinam perfeitamente com a proposta do show. Tanto a arte como a sonoplastia nos fazem pensar em um joguinho de fliperama. Essa vibe é completa quando chegamos ao encerramento: “Nanbaka Datsugoku Riron♪!“, cantada pelos dubladores da obra.

[Imagem: WnD8bHU.gif]
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Enquanto a história pode não parecer importante ou relevante (e se eu fosse opinar, diria que não é mesmo), ela está guardada num potinho, como algo que tem potencial de ser uma agradável surpresa. Não criem esperanças porém, já que a comédia, que é o prometido pela obra, não precisa desse desenvolvimento para ocorrer. Eles apenas sugerem que existe uma trama por trás disso tudo… Mas que ninguém ali se importa com ela.

Foi uma estreia muito divertida, contrariamente aos péssimos boatos que tinha ouvido, e meu comedômetro marcou um 7/10 para esse início de Nanbaka. Vale a pena dar uma conferida, com toda certeza.

A série pode ser assistida na Crunchyroll, com novos episódios todas as Terças-feiras.

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Light Novels: O que são e por que você devia se importar

Hoje o papo é sério, então não podemos começar com piadinhas. Se quiser rir por causa de japonês, essa nova novela das seis está cobrindo minha cota muito bem. Sério, vocês viram a Giovanna Antonelli falando (ou tentando falar) em glorioso NIHONGO? Nem preciso mais perder algumas linhas pra dizer que japonês é um povo estranho.

Você, caro leitor das partes menos obscuras (e mais ativas) da Torre, pode não dar a mínima para os meus outros posts. Eu escrevo sobre aqueles desenhos japoneses cheios de garotinhas, afinal de contas. E você gosta mesmo é do Bátima. Eu sei, eu sei. Acontece que esse post em específico, assim como aquela série (que eu ainda vou terminar, prometo) sobre como entrar no mundo dos animes, foi feito justamente pra você.

Dessa vez, vou tentar te vender outra roubada, mas um pouco diferente da anterior. Essa está bem mais próxima da sua zona de conforto do que você imagina, e tem uma influência midiática tão colossal, que a probabilidade de você já ter cruzado com algo diretamente amaldiçoado por ela é enorme. Começaremos pelo começo:

O recado está sendo dado na própria capa da Novel! Não diga que não avisei!
O recado está sendo dado na própria capa da Novel! Não diga que não avisei!

O que são Light Novels?

Segundo a Wikipédia: “são romances ilustrados geralmente no estilo anime/mangá, compilados de folhetins de revistas ou sites na internet“. Mas é claro que isso não explica nada. Vamos expandir um pouco a definição café-com-leite que nos foi dada.

A começar por “São romances“. Apesar de grande parte dos títulos terem algum tipo de relação de fato, romântica, entre seus personagens, o termo ‘romance‘ provém de seu significado mais amplo: uma prosa, um gênero narrativo. No ápice dos meus doze anos de idade, achei engraçado o fato de, na capa nacional de “O Diário de um Banana“, estar escrito que se tratava de “um romance em quadrinhos“. De forma semelhante, light novels são, portanto, prosas. Prosas que, por sua vez, são escritas, como é de se imaginar, em forma de textos. Em bom português, se trata, basicamente, de um livro.

Mas não apenas um livro. Continuando, temos que são “ilustrados“. Interessante, estamos começando a pegar o espírito da coisa. Então, além de ser um livro, uma light novel também possui ilustrações. Isso não é tão incomum assim, claro. Existem diversos livros ilustrados por aí. Se expandirmos o conceito o suficiente, podemos até incluir suas amadas HQs nesse conjunto.

A questão muda de figura (entendeu? Estamos falando de ilustrações! Há!) quando prosseguimos na leitura: “geralmente no estilo anime/mangá“. É agora que a porca torce o rabo. Sei que você fez cara feia quando chegou nessa parte. Tudo bem, eu te entendo. Como já comentei outras vezes, eu também mudaria de calçada se cruzasse comigo mesmo na rua. Nem todo mundo gosta desse estilo de arte, e isso faz com que a resistência dessas pessoas aos ‘animes‘ seja enorme. Muitos acabam perdendo ótimas tramas, com excelentes roteiros e histórias envolventes, apenas por desdém ao modo de exibição.

Você ainda vai ter que lidar com isso, só que em doses homeopáticas.
Você ainda vai ter que lidar com isso, só que em doses homeopáticas.

Mas é por isso que as light novels são tão importantes: elas trazem, no geral, o tipo de trama, narrativa e roteiro que você encontraria em animes e mangás… Mas com 347% (segundo fontes confiáveis) menos arte que você odeia! Hooray! Enquanto ambos os casos citados são repletos desse tipo de desenho, as light novels possuem poucas ilustrações em seu miolo, tendo o seu bruto preenchido por letras. É uma oportunidade que você tem de conhecer esse tipo de escrita sem precisar sofrer com imagens que fazem seus olhos sangrarem.

Fechamos, então, com “compilados de folhetins de revistas ou sites na internet“. Se você está no famigerado grupo dos “Millenials”, que tem causado muitas discussões extremamente irrelevantes na mídia ultimamente, muito provavelmente nunca ouviu falar desse bagulho. E é claro que nunca ouviu mesmo. O único título nacional que eu conheço, que saiu nesse formato, é “Memórias de um Sargento de Milícias“, cuja publicação é datada em mil oitocentos e vovó menina (1852). Imagine algo próximo de… Harry Potter. A autora poderia ter escrito um grande livro contando toda a história do rapaz, mas decidiu fazer sete livros diferentes, com lançamentos mais ou menos igualmente espaçados entre si. Light Novels são publicadas nesse estilo: a cada seis ou doze meses, um ‘volume‘ novo é lançado, continuando a história de onde ela parou da última vez. Pensando enquanto digito, é quase que a mesma coisa que mangás e HQs, não é? Viu só como esse universo não é tão diferente do que você já conhece?

Por que elas são importantes?

Agora que você sabe (mais ou menos) do que estamos tratando, podemos dar um passo à frente. No começo do post eu disse que, além de apresentarem boas narrativas, Light Novels possuem uma influência midiática extraordinária. Você, com certeza, não acreditou em mim; e por isso eu irei provar meu ponto. Me acompanhe:

Se até JoJo tem conteúdo em Light Novels, como você pode ignorar algo tão FABULOSO?
Se até JoJo tem conteúdo em Light Novels, como você pode ignorar algo tão FABULOSO?

Começarei com a mídia que, obviamente, é a mais afetada pelo surto de Light Novels, iniciado em meados dos anos 2000: os animes. E eu sei o que você está pensando, você não se importa com animes, certo? Meu grande objetivo de vida (e a única coisa que me mantém vivo atualmente) é fazer você se importar um dia. Por isso, é importante você saber dessas coisas.

Contando as últimas três temporadas de animes que já não estão mais entre nós (julho, abril e janeiro), aproximadamente um dezesseis avos (1/16) dos títulos são adaptações de Light Novels. Isso pode não parecer muito (e não é mesmo, se comparado ao número de adaptações de mangás, por exemplo), mas se levarmos em conta que cada temporada nos trás, em média, entre quarenta e cinquenta novos shows (com algumas abominações, como Julho/2016, que teve exorbitantes sessenta e quatro novas animações), e que essa proporção está mais ou menos constante nos últimos DEZ ANOS, podemos estimar aproximadamente 125 adaptações de Light Novels, na última década.

Não há como discordar...
Não há como discordar…

E não apenas em quantidade, mas em volume de informações, esse dado é importante: uma obra originalmente escrita para animação é fácil de se trabalhar; um mangá requer um mínimo esforço de leitura, mas grande parte da adaptação pode se basear nas massivas ilustrações. Agora, Light Novels? O diretor do show precisa ler e reler diversas vezes cada volume da obra original, e tirar totalmente de sua cabeça todo o cenário e distribuição de todas as cenas que não são ilustradas. O trabalho nas costas do diretor é diversas ordens de grandeza maior, quando a obra a ser adaptada é uma Light Novel. E mesmo assim, elas continuam sendo adaptadas. Se isso não é um sinal de que elas são importantes, então eu não sei o que é.

Se isso não te convenceu, posso usar mais números para te assustar. Sem problemas. O mercado de Light Novels é surpreendentemente gigante, e movimenta muito dinheiro por ano. Em 2009, esse setor movimentou 30,1 bilhões de Ienes (392 milhões de dólares, na época), representando quase um quarto de todo o lucro da indústria de livros japonesa. Os títulos mais famosos vendem, anualmente, na faixa de um milhão de cópias, apenas no mercado nipônico. E os números são ainda maiores, quando expandimos para o mercado ocidental. Recentemente, a Editora Kadokawa publicou dados sobre as vendas mundiais da Novel de Sword Art Online, e os números ultrapassam os dezenove milhões de exemplares.

Acredite, essa imagem é Real™
Acredite, essa imagem é Real™

Mas você não se importa com nada disso, não é? Parece que tudo que eu falei não está assim “tão influenciado” por Light Novels como eu fiz parecer no início. E se eu disser que, na realidade, até mesmo TOM CRUISE já encarnou um personagem vindo desse meio? Que foi, não acredita? “No Limite do Amanhã“, filme de Doug Liman (diretor de “Senhor e Senhora Smith”, a série de filmes de Jason Bourne, entre outros títulos que eu nunca ouvi falar… Exceto “Jumper”. Adoro esse filme, puta merda.) estrelado pelo galã citado é uma adaptação cinematográfica de nada mais, nada menos… Que uma light novel! Escrita por Hiroshi Sakurazaka em 2004, “All You Need is Kill” foi o primeiro (e único) grande sucesso do autor, que recebeu além do filme, adaptações para graphic novel e para mangá (esse último, publicado no Brasil pela JBC).

Ok, “Isso é um caso a parte“, você deve estar pensando. “Esse negócio de Light Novels continua sendo coisa de Japonês safado“. Ah amigo, eu bem que queria concordar contigo. Bem que queria dizer que você está certo dessa vez… DAGA KOTOWARU Mas eu estaria mentindo. O maior exemplo que posso dar para refutar essa sua hipotética afirmação é uma pessoa que, coincidentemente, surge das terras em que nós pisamos agora: Thiago Lucas Furukawa, nascido no Brasil. Este jovem rapaz futuramente seria conhecido pelo nome artístico de “Yuu Kamiya” (afinal, tenho certeza que ele sofreria bullying no Japão, se tentasse publicar qualquer coisa com o nome de “Thiago Lucas”), é a prova viva que para fazer algo dar certo, só é preciso dar um jeitinho brasileiro.

Piadas a parte, “No Game No Life“, maior obra do jovem tupiniquim, é um sucesso absurdo em todo o mundo: no primeiro semestre de 2013 foram vendidas mais de 255 mil cópias da novel, e um dos volume mais recentes vendeu, só na primeira metade deste ano, 168 mil cópias; Foi adaptado em uma série animada pelo estúdio Madhouse, que teve uma média de 8,5 mil blurays vendidos (que é um bom número, caso você não esteja familiarizado), e que causou uma comoção colossal com o público na internet. Enfim, é uma Light Novel importante nos dias de hoje, e de fazer inveja em muito japonês safado.

Tudo bem, você me convenceu! Que Light Novels eu encontro no Brasil?

Ok, ok, formem uma fila organizada para comprar as suas Light Novels! Tem pra todo mundo! (Isso não são light novels, mas use sua imaginação)
Ok, ok, formem uma fila organizada para comprar as suas Light Novels! Tem pra todo mundo! (Isso não são Novels, mas use sua imaginação)

Ora pois, que bom que perguntou! Embora existam milhões de títulos super interessantes e que não apenas eu, mas muitas pessoas adorariam ver sendo publicados por aqui (inclusive… Junior, se estiver lendo esse post… Dá uma olhada no cantinho de sugestões com carinho, vai? Nunca te pedi nada, só queria um Encontro ao Vivo… *wink*), o mercado nacional de Light Novels ainda está começando a engatinhar. É um nicho relativamente recente, e com poucos títulos a disposição. O seu apoio é essencial nessa fase importante da vida dessa criança, pois é neste momento que começamos a moldar o seu futuro, começamos a ver se ele crescerá forte e saudável e conquistará muitas realizações memoráveis em sua vida, ou se vai acabar como um blogueiro depressivo que escreve sobre desenhos chineses. E eu tenho certeza que, por mais que você não se importe com isso, você não ia querer um destino tão ruim para ninguém, não é?

A melhor forma de mostrar para as editoras que você gosta (ou gostaria de começar a gostar) da mídia, e que adoraria um catálogo maior de títulos, é apoiando os títulos atuais, e orientando-os a que rumo seguir. Se os títulos atuais não te agradam, peça novos! Comente, procure, recomende às editoras! Elas, apesar de parecerem, não são monstros de sete cabeças que vivem em outra dimensão. Se você conversar civilizadamente com elas, elas te responderão com todo o prazer.

No Brasil isso não está tão grave... Ainda...
No Brasil isso não está tão grave… Ainda…

De qualquer maneira, vamos deixar essa parte chata de lado e ir logo ao ponto. Embora existam publicações mais antigas de outras editoras, atualmente, apenas JBC e NewPOP publicam Light Novels no mercado brasileiro, normalmente apenas em lojas especializadas (ou seja, você pode não encontrá-las em sua banca de esquina predileta). Mas é claro que compras online são sempre viáveis. Segue lista:

NewPOP

JBC

E… Ufa! Acabamos por aqui, hoje. Se você realmente chegou até aqui, espero que eu tenha te convencido sobre a importância das Light Novels na mídia atual. E mesmo se você não goste, entenda a sua influência, que aos poucos, se alastra pelas vastidões, e logo logo alcançará você. Isso se já não alcançou. Eu não olharia para trás se fosse você…

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Primeiras Impressões | Udon no Kuni no Kiniro Kemari

Imagine que você é um cara normal na casa dos 30 anos de idade que herda o antigo restaurante de seu falecido pai. Sem grandes promessas para seu próprio futuro, você visita o local com o objetivo de limpá-lo para vender e acaba encontrando um garotinho de rua, aparentando ter no máximo cinco anos de idade. Parece o sonho de um pedófilo, mas é só Udon no Kuni no Kiniro Kemari, anime recém-estreado (e ouso dizer, mais fofo) da atual temporada!

Produzido pelo estúdio LIDENFILMS (Terra Formars, Aiura), Udon no Kuni é a adaptação de um mangá criado por Nodoka Shinomaru. Dirigido por Ibata Yoshihide (Haikyuu!!), o anime contará com 12 episódios e narra a história de Souta Tawara, um designer que morava em Tóquio e herdou o restaurante de udon (tipo de macarrão japonês grosso feito de farinha, servido comumente como sopa) de sua família em Kagawa. Lá ele encontra um garotinho de rua escondido e com fome, e sem sinal de seus pais, acaba o adotando. Contudo, o garoto não é somente um perdido, mas sim um cão-guaxinim folclórico que se disfarça de criança!

O primeiro episódio de Udon no Kuni foi uma grata surpresa sendo bastante introdutório e singelo. Seja por conta de sua belíssima animação bem detalhada e limpa ou por sua trilha sonora calma e tocante dirigida por Tsuruoka Yota (insira aqui uma infinidade de animes famosos), a obra entregue é de fazer qualquer um sorrir bastante. A premissa é simples e a simplicidade é bela. E fofa. Kawaii. Já falei que isso é muito fofo?

Em poucas cenas o anime situa bem o espectador sem parecer um panfleto de introdução, característica típica de obras seinen/josei slice of life. Utilizando flashbacks e detalhes simples nos cenários, aos poucos a história vai sendo contada e alguns personagens (que aparentemente serão parte do elenco fixo) são apresentados. E se não bastasse a ótima e relaxante construção de episódio (de verdade, assistir isso é muito desestressante), o elenco de dublagem também fez um ótimo trabalho, especialmente o responsável pela voz de Souta, Nakamura Yuuichi (Haikyuu!!91 Days da temporada passada, Drifters da atual temporada, Fairy Tail, Durarara!!, Fullmetal Alchemist: Brotherhood e outros).

Infelizmente, algumas cenas deste anime darão fome. Assista por sua conta e risco.

Para os mais conhecedores de animes a premissa deve lembrar bastante Barakamon, com um quê de Usagi Drop e Amaama to Inazuma. A diferença, além do restaurante da família de Souta ser de udon, é o lado místico/folclórico, já que o garotinho chamado Poko é um tanuki (cão-guaxinim) mágico descrito pelo monge do templo como “uma criatura que se disfarça de humano e vive assim durante anos e anos“. E Souta acaba descobrindo isso no final do episódio de forma hilária.

Parece doença mas é só um guaxinim mágico e fofo.

Souta, o protagonista, é o típico esteriótipo de personagem que não se importa com o legado da família. Ao demonstrar zero interesse em reabrir o restaurante, fica óbvia a construção de plot onde Souta reabrirá o negócio e tentará tocá-lo à sua maneira com a ajuda dos amigos e familiares (como sua irmã), motivado por sua convivência com Poko e aprendendo com as recém descobertas receitas de seu pai. A relação perturbada de pai e filho entre Souta e seu progenitor também deve servir como inspiração, especialmente para o seu convívio com Poko. É tudo muito bonito nessa belezinha. Até a música de abertura é uma belezinha.

Souta decide seguir os passos do pai.
Souta decide começar a seguir os passos do pai ao herdar seu restaurante.

Udon no Kuni no Kiniro Kemari tem potencial. Julgando somente pelo primeiro episódio e comparando com outros “primeiros episódios” da temporada assistidos até o momento, este foi de longe meu favorito, recebendo todo o apoio possível e a torcida para que o bom nível se mantenha.

A série é exibida aos sábados no Japão e pode ser assistida simultaneamente através do serviço de streaming Crunchyroll.

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Primeiras Impressões | Drifters

Samurais. Decapitações. Sangue jorrando em doses cavalares. Elfos. Esferas mágicas. Um homem usando óculos. Portas que levam a outros mundos. História japonesa e patos depenados. Adicione a tudo isso uma trilha sonora bem louca com um humor doente e temos Drifters, um dos animes mais promissores da atual temporada. É até meio louco parar pra pensar que tudo isso saiu da cabeça de um japonês estranho.

Drifters é um mangá escrito e ilustrado por Kouta Hirano. Caso o nome não signifique nada pra você, saiba que esse gordinho simpático é o criador de Hellsing, mangá violento com vampiros nazistas em dirigíveis matando pessoas por nada. Drifters vem sendo publicado no Japão numa velocidade tão lenta quanto a editora Nova Sampa lança mangás no Brasil, já que em sete anos a série teve somente cinco volumes compilados. Mas quem se importa? Nada impede que um anime bacana seja feito.

No vídeo acima é possível ter uma leve noção da porraloquice desse anime. Produzido pelo estúdio Hoods Entertainment (que só fez porcarias que não merecem ser mencionadas), Drifters possui uma história peculiar. Figuras históricas japonesas são teletransportadas para um mundo desconhecido onde deverão, basicamente, salvar esse mundo da destruição total. Mas é impossível chegar a essa conclusão assistindo somente o primeiro episódio, já que ele não diz absolutamente nada sobre a história. No próximo eles podem formar uma banda e começar a dar shows, destruindo essa parte do texto. Quem sabe?

Após sofrer ferimentos mortais durante a Batalha de Sekigahara (que ocorreu no ano de 1600), Shimazu Toyohisa se vê transportado para um corredor com diversas portas ao seu redor e um homem usando óculos sentado numa mesa. Subitamente, após ação do homem misterioso, Toyohisa é sugado para uma das portas e acaba sendo salvo e conhecendo outros dois guerreiros, Oda Nobunaga (daimyo do Período Sengoku da história japonesa que viveu entre 1534 e 1582) e a garota Nasu Yoichi Suketaka (samurai que viveu no final do Período Heian, entre 1169 e 1232). E o primeiro episódio acaba aí mas ouso prever que, juntos, essa turminha do barulho (que mal foi apresentada) entrará em várias confusões neste mundo com elfos e anões.

Remember Monstros S.A.? This is him now! Feel old yet?
Remember Monstros S.A.? This is him now! Feel old yet?

É difícil julgar Drifters somente pelo primeiro episódio, mas ao mesmo tempo o currículo do autor nos permite fazer isso. Hirano é um cara muito louco, que adora fazer loucuras loucas em situações malucas. E Drifters, numa primeira impressão, é o tipo de coisa que só um cara como ele conseguiria pensar. Ao mesmo tempo que a série parece não exigir muito do espectador, um leve conhecimento da história do Japão é importante para que algumas piadas façam sentido, visto que a obra usa tais personagens históricos como protagonistas. Porém, tirando isso, você pode simplesmente gostar de ver algumas cenas violentas, típicas das obras de Hirano, uma vez por semana.

E essa violência fica linda de se ver na ótima animação utilizada no anime. Ágeis, poluídas, meio granuladas e respeitando muito o traço do autor no mangá, as cenas são todas muito bem animadas. Além disso, o character design de Nakamori Ryouji (que trabalhou na animação Hellsing Ultimate) é perfeito e, sendo fiel à obra original, diferencia muito bem todos os personagens. Pausa rápida para admiração de violência gratuita:

VASH! SPLASH!

Outro ponto positivo do anime é sua trilha sonora, que simplesmente não dá a mínima para o contexto da época da Batalha de Sekigahara e enfia logo um rock’n roll nas cenas de luta, para alguns momentos depois utilizar uma típica música relaxante de dez horas do YouTube com o objetivo de criar um aspecto mais sério. Música essa que é quebrada rapidamente com um rap louco. No final das contas, assim como a trama, os personagens e a animação, a trilha sonora também é uma bagunça. É tudo uma bagunça. E funciona muito bem. Como ponto negativo só consigo pensar no ritmo acelerado até demais, dificultando a leitura e associação dos nomes de personagens. Alguns morrem com cinco segundos de cena, então tudo bem. Pausa rápida para admiração de violência gratuita:

VASH! VASH! PÉIM! BLOSH!

Drifters entregou um primeiro episódio muito bom. Não se levando muito a sério e prometendo situar o espectador aos poucos especialmente com relação aos mistérios (tipo quem diabos é aquele cara do corredor), a trama tem um potencial absurdo e praticamente infinito, já que existem diversas portas diferentes que, deduzo, levam para outros mundos. A ideia gera situações cômicas com um humor típico do autor, e mesmo que entregue um desenvolvimento de personagens raso como um pires, tem um potencial gigantesco para gerar uma boa diversão despretensiosa.

Resta saber se, com tão pouco material do mangá disponível até o momento, o estúdio optará pela fidelidade ou apelará para os tão odiosos fillers, que porém, podem ser bem aplicados numa ideia como a desta série. É tudo uma incógnita e uma bagunça, assim como esse anime. Mas que ele é legal, é.

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Primeiras Impressões | Qualidea Code

Psst. Ei. É, você mesmo. Vem cá, deixa eu te contar um segredo: Sabia que Japonês é um povo estranho? Hein? Como assim todo mundo sabe disso? De qualquer maneira, aconchegue-se e venha ler o mais novo Primeiras Impressões. Depois de paradoxos quânticos do Jailson Mendes e garotas sexistas e superficiais, podemos ir para frases de bandeira, que tal? Uma vez um amigo meu me disse que frase de bandeira é sempre algo que nós fingimos que temos, mas na realidade é o que mais precisamos (vide: Ordem e Progresso). Quer uma frase de bandeira maior do que algo próximo de “Qualidade” no nome desse anime?

A reação mais normal que qualquer pessoa poderia ter, ao assistir isso (além de falar mal da péssima animação, mas que já comento sobre), é ficar mais perdida que garota inocente na hora de levar madeirada. Eu não me perdi muito, já que fiz minhas pesquisas antes de começar, mas um ser humano médio ficaria atordoado com o que viu.

Vou passar rapidamente sobre os resultados de minhas pesquisas. Se quiser ir mais a fundo, você pode ler o mesmo post que eu li, no blog do Frog-kun (em inglês, infelizmente). Basicamente, a série “Qualidea” é uma cooperação de três autores de Light Novels relativamente famosas: Tachibana Koushi, autor de Date a Live, uma série que eu gosto bastante; Sou Sagara, autor de Hentai Ouji to Warawanai Neko, ou Henneko para abreviar; e Watari Wataru, autor de Oregairu (essa eu nem ouso escrever o nome completo). Juntos, eles tiveram essa ideia depois de beber até falar mole (é sério), e decidiram botar em prática.

Cada escritor toma conta de uma das escolas da trama: Koushi da escola de Kanagawa (a escola das espadas), Sagara da escola de Tóquio (a escola dos magos), e Wataru, da escola de Chiba (a das arminhas). Tendo em vista que o projeto ainda é novo, há pouco material disponível, mas o plano é de que cada escola possua suas histórias independentes, contadas em Light Novels separadas. A história do anime é um “roteiro original”, escrito em conjunto pelos três.

Os três autores da obra em seu habitat natural (é sério, são eles mesmo).
Os três autores da obra em seu habitat natural (é sério, são eles mesmo).

Isso significa que você precisa ter lido as outras trocentas obras para entender o que está dançando na sua tela? Não exatamente. Basta você entender que o show não é um universo fechado, mas sim uma peça de um quebra-cabeça maior. Ainda não tenho uma bola de cristal, mas acredito fortemente que a obra será auto-suficiente o bastante para poder ser aproveitada sozinha. Para questões não resolvidas e desentendimentos de história, só podemos dar tempo ao tempo.

Falando na história… Caras, não dá. Quando eu criei o gênero “Harém Escolar Mágico Genérico” alguns anos atrás, eu não imaginava que o último adjetivo viria a ser o mais importante e o mais relevante. Tá certo que o que faz sucesso tende a ser copiado, e que algo só se torna ‘clichê’ porque foi tão bem recebido que começou a ser utilizado em demasia… Mas nossa, é demais, caras… Não tem nada que eu não tenha visto em Qualidea Code. Tudo que está presente e todos os aspectos envolvidos são genéricos e você encontra, quase que na íntegra, em outros 49 shows semelhantes.

Cutucando a ferida, falemos da tal animação. O estúdio responsável, a A-1 Pictures (também conhecido na comunidade tóxica de animes como “McDonalds”. Longa história…) está claramente com as mãos cheias demais. Com uma pesquisa rápida, pude ver que Qualidea Code é o TERCEIRO show que eles estão fazendo ao mesmo tempo. Digo terceiro pois os outros dois (B-Project: Kodou Ambitious e a adaptação de Phoenix Wright) são lançados antes dele.

Antes que me joguem pedras ou peguem os tridentes e as tochas, já adianto que não sou especialista em animação ou expert no trabalho de estúdios, mas consigo muito bem imaginar que a culpa da arte HORRENDA de Qualidea se dá, além do baixo investimento, pela sobrecarga dos responsáveis.

Uma dessas prints é de Qualidea Code, a outra é de uma obra de 2001. Consegue descobrir qual é qual?

A A-1 Pictures normalmente não é associada a boas animações, embora possa tirar alguns bons resultados vez ou outra. Mas quando o assunto são animes atuais, nós sempre esperamos um nível MÍNIMO de qualidade. Se você mostrar o primeiro episódio de Qualidea para alguém que conhece o meio, mas está por fora dos lançamentos atuais, uma reação muito plausível seria a pessoa achar que o show foi produzido em meados dos anos 2000. E que me perdoem Haruhi, Cowboy Bebop e Sakura Card Captors, que tem uma animação muito superior, mesmo sendo dos anos 2000.

Você percebe que não é simples falta de capacidade, ao assistir a abertura: a animação lá é boa. Não chega a ser maravilhosa, mas é um nível aceitável. A primeira coisa que passou pela minha cabeça, ao vê-la, foi: “Essa qualidade deveria ser o padrão DO EPISÓDIO, e não da abertura”. É uma pena, já que o show poderia ser muito mais aproveitável (menos insuportável).

Já que toquei no assunto musical, a direção sonora é, com certeza, um dos pontos positivos do show. Talvez o único indivíduo que tenha feito um trabalho decente em todo o elenco seja o senhor Taku Iwasaki. Suas grandes participações incluem Ben-to, Tengen Toppa Gurren Lagann, Soul Eater e a Parte 2 de JoJo. Com um currículo desses, é de se imaginar que a BGM seja, no mínimo, satisfatória de se ouvir. Além das músicas de fundo, as músicas-tema da abertura e encerramento foram muito bem produzidas, sendo cantadas por dois grandes nomes da cultura recente, LiSA e ClariS, respectivamente. Poderia até ser maldoso e dizer que gastaram o orçamento inteiro do anime só na contratação das cantoras, e depois tiveram que animá-lo com os vales-refeição.

https://www.youtube.com/watch?v=cMRqSKCZ0wQ

Outro ponto que podemos dizer ser algo positivo, são os personagens. Desde seus designs (nem tão) marcantes, até suas habilidades (nem tão) especiais e suas personalidades (nem tão) bem definidas.

Na aparência, temos quatro garotas com características que, embora facilmente encaixáveis em “esteriótipos”, não são tão óbvias quanto as que vimos em New Game! (tirando a loirinha, ela é estereotipada demais, meu deus do céu. Mas ainda é linda melhor garota 10/10). Temos também dois garotos que… Bem… São garotos, então quem liga pra aparência deles? Apesar que devo dizer que a armadura mágica (ou seja lá o que for aquilo) no braço do Líder de Tóquio é até que bem estilosa.

Já as habilidades… Como comentei algumas vezes, já vi iguais em outros shows. Não são muito criativas, nem fogem do básico. Talvez a única inovação, seja a enorme possibilidade de piadas com JoJo, por conta de tais poderes serem chamados de “Worlds“.

Por fim, as personalidades são, sim, bem definidas. Tendo em vista que isso não é algo que se pode ter um espectro enorme, até que foram escolhidas sabiamente. Chega a ser engraçado, pois com um pouco de conhecimento sobre os três autores, fica muito fácil de descobrir quem criou cada personagem, só por suas personalidades.

Resumindo tudo, então: três caras beberam demais e criaram mais um harém escolar mágico genérico de baixo orçamento, mas com uma música bacana, e que poderia ser viável, se não parecesse ter sido criado nos anos 2000. Difícil dar mais que 4/10 para essa estréia, e resta torcer para que façam um make-over total nos Blurays, como aconteceu com Mekakucity Actors (todos podemos sonhar, não é?).

A série pode ser assistida legalmente na Crunchyroll, com episódios novos todos os sábados.

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Primeiras Impressões | New Game!

Ok, calma lá. Vamos começar devagar. Que tal começar um novo jogo? Prometo que nesse save eu não falo que japonês é um povo estranho. Ah, droga!

Por mais relacionado a jogos que esse post possa passar a impressão de ser, estamos ainda no ramo de análises prematuras de animes. E no Primeiras Impressões de hoje, vamos dar uma olhada nesse grupo de garotinhas que com certeza estão vivendo no Easy Mode. E como sabemos, easy-mode é para criancinhas.

Com o início da serialização em 2013, o mangá é de Tokunou Shoutarou (Não muito famoso, mas que em seu pequeno nicho de fãs é conhecido por suas “ilustrações divinas”), que apesar de não ser um estouro de vendas, tem alguns números bons para o gênero, além de ter desbancado outros títulos de peso, como ReLife, Gundam e GATE. Ainda não é publicado no Brasil, mas seria uma ótima adição ao catálogo nacional. Não que eu esteja insinuando algo, mas o cantinho de sugestões da NewPOP é ali do lado…

<Alerta de Garotas bonitinhas fazendo coisas bonitinhas>

Você sabe que está assistindo uma obra de ficção, quando a pessoa diz que conseguiu o emprego dos sonhos logo após se formar no ensino médio. E quando uma pessoa se dispõe a trabalhar numa empresa sexista de jogos sem nem saber modelar em 3D. E quando uma empresa sexista de jogos aceita contratar uma garota recém-formada que nem tem as qualificações para o emprego.

De qualquer maneira, se você for assistir já sabendo que é uma ficção, você vai se deparar com um típico humor de quatro painéis. Pela obra original ser um 4-koma, as piadas são quase que cronometradas. O que pode não ser um agrado muito grande pra quem prefere algo mais elaborado, mas pode ser ótimo pra pessoas que se cansam rápido de coisas que se prolongam demais, e querem algo mais dinâmico, mais veloz ou pra quem tem problema de atenção tipo eu.
É um tipo de humor bem característico do gênero. Não tem uma piada sendo contada, ou uma situação (muito) absurda acontecendo. É só… A existência das personagens. Elas existem, e isso é cômico. O dia-a-dia delas que deveria te fazer rir. Não é algo pra todo mundo.

Bagulho é tão doce que chega a dar dor de dente...
Bagulho é tão doce que chega a dar dor de dente…

Já a belíssima animação fica por conta do Estúdio Dogakobo, que além de já ter uma boa experiência com o gênero (Outras adaptações de 4-komas muito aclamadas incluem Gekkan Shoujo Nozaki-kun e Mikakunin de Shinkoukei), trazem todos os lucros gerados pelo inferno demônio capiroto tinhoso sucesso de Himouto! Umaru-chan. A primeira sequência do show é de deixar qualquer um pasmo, de tão detalhada e bonita. Não há um corte que não seja bem executado nos dois primeiros episódios… Embora 90% do tempo essa qualidade toda seja usada em garotinhas tomando chá. Também existem alguns frames onde você percebe a clara influência da origem em mangás da obra: Cenas que quebram totalmente o fluxo de animação, sendo imagens estáticas de poses características, mas que ainda assim conseguem passar a ideia de movimento, quando sobrepostas umas as outras.

Falando nas garotinhas, vamos a elas: Na realidade, são todas maiores de idade, apesar do design de personagens dizer o contrário (e isso é, infelizmente, uma prática bem comum em animes…). Excelente trabalho por parte do veterano Kikuchi Ai, que conseguiu fazer com que sempre haja uma nova expressão no rosto da Aoba (nossa querida protagonista), qualquer que seja a situação.
As personagens tem suas características e personalidades muito claras desde o princípio, sendo fácil de identificar quem deveria ser o quê ali. Mais uma vez, uma herança de seu gênese como 4-koma, que não possui muitos quadros para estabelecer caráter. Mas elas são todas bonitinhas, então não tem problema elas serem superficiais, né?

Minha cara quando falam que aquela loli 'tem 900 anos então não tem problema'...
Minha cara quando falam que aquela loli ‘tem 900 anos então não tem problema’…

Um ponto interessante a se ressaltar, é o elenco de dubladores (ou dubladorAs, no caso, já que não tem nenhum personagem masculino no elenco que não seja um porco-espinho): Não há meios-termos, todas as garotas são dubladas ou por profissionais super experientes (Como  Hikasa Yoko, famosa por seus papeis em diversos haréns escolares mágicos genéricos), ou por meninas que acabaram de entrar no ramo (por exemplo, Takeo Ayumi, que está, literalmente, estreando nesse anime, e vem fazendo um excelente trabalho). Acho que de forma semelhante ao que acontece na história do show com a protagonista, essas novas dubladoras aprenderão muito com as veteranas.

E… Isso é tudo? A série, apesar de ser um ótimo show de se assistir, por ter uma pegada divertida e que faz o tempo passar rápido, não deixa muito de uma impressão. Já assisti os episódios há três dias, mas só consegui terminar de escrever um texto razoável o bastante pra ser postado, hoje. É difícil ter “Primeiras impressões” quando não há muitas “impressões”.
Tenho certeza que será um anime que eu adorarei assistir enquanto durar, mas que não ocupará espaço na minha memória poucas semanas depois de ser finalizado. Vai virar aquele “Nossa, isso existe né? Era engraçado! Eu acho… Não lembro.” em pouco tempo.

Depois do sucesso de Pokémon GO, conheça agora Counter-Strike GO.

Mas o passado já era, e o futuro está longe, a vida a gente faz agora, e no agora, eu estou acompanhando e adorando New Game! Esse começo ficará no meu comedômetro com um 7/10, e recomendo a qualquer um que esteja precisando relaxar, ou que goste de utopias empresariais.

A série pode ser assistida na Crunchyroll, com episódios todas as terças-feiras mas boatos por ai dizem que certos becos escuros arranjam os episódios na segunda.

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Primeiras Impressões | 91 Days

Eu poderia começar dizendo que japonês é um povo estranho, mas isso é coisa do Vinicius, então deixa pra lá. Além do mais, hoje o assunto é sério pois envolve vingança e máfia em um anime que conseguiu fisgar a todos logo no seu primeiro episódio com a promessa de ser um dos mais interessantes da temporada.

Produzido pelo mesmo estúdio responsável pela segunda temporada de Durarara!!, 91 Days (naindi uan kawaii desus, em japonês) é uma história original sobre assassinatos que se passa na cidade de Lawless, onde o comércio ilegal de bebidas é o centro dos negócios no mercado negro graças a implementação da Lei Seca. Após ter sua família assassinada por uma disputa da máfia, o protagonista busca vingança contra todos os responsáveis, após receber uma carta de um remetente misterioso que dizia para ele retornar a esta cidade e saciar sua sede de vingança.

O enredo é o ponto forte de 91 Days e se assemelha bastante a uma “história clássica de mafiosos” (estou sinceramente esperando uma cena onde algum personagem acordará com uma cabeça de cavalo na sua cama). O ódio do protagonista pela família Vanetti torna a tensão de algumas cenas algo que é possível sentir na pele, especialmente após as reviravoltas de roteiro. O final do segundo episódio, que foi ao ar recentemente, é de fazer qualquer um bater a cabeça na parede.

O primeiro episódio do anime abre com uma sequência (o assassinato da família de Angelo, o protagonista) de tirar o fôlego, violenta e realmente perturbadora. Algo interessante a ressaltar é que a obra é totalmente pé no chão, então não espere encontrar poderzinhos ou monstros gigantes. O maior monstro da história talvez seja a birita. Essa é marvada.

O verdadeiro inimigo dos homens.
O verdadeiro inimigo dos homens.

O enredo interessante é somado a uma animação muito bonita do estúdio Shuka (que nome), que entrega designs de personagens muito competentes. Cada um possui características únicas, os cenários são bonitos e as cenas de ação são de tirar o fôlego. As cores combinam com o tipo de história contada , e talvez os únicos pontos fracos sejam os momentos de animação em CG, especialmente dos veículos, onde tudo fica meio bizarrinho. Ainda assim não é nada alarmante.

A trilha sonora de Shogo Kaida é outro ponto altíssimo de 91 Days (que eu acabei não explicando, mas recebe este nome pois mostrará o decorrer da história em noventa e um dias. Isso significa que teremos 91 episódios? Deus…). Com músicas belíssimas, e todas combinando perfeitamente com o tom da história, toda a trilha merece destaque e muitos elogios. Existem momentos que são bem parecidos com O Poderoso Chefão, com violinos e outros instrumentos que eu não possuo inteligência suficiente para diferenciar. Talvez nem sejam violinos. Enfim.

Corte rápido. Tramontina.

Apesar de você como espectador comprar a vingança do protagonista, ele não possui uma personalidade muito marcante. Angelo (que mudou seu nome para Avilo) é o típico personagem-calado-frio-e-inteligente de animes, fazendo com que a única empatia que você sinta seja pela vingança. Pode sentir-se mal, pois você vai desejar a morte de pessoas. Seu monstro.

Para equilibrar a balança da chatice, todos os outros personagens possuem personalidades bem marcantes. O que é triste, visto que (obviamente) o enredo entregará diversos assassinatos, e no final deve ser uma amargura só… Sério, nem precisa assistir, o final vai ser trágico com certeza. Você pode evitar essa tragédia na sua vida.

Brincadeiras à parte, 91 Days entregou até o momento dois episódios com uma qualidade bem acima da média, se destacando entre os animes da temporada. Com uma tensão adulta e um enredo convincente, se bem trabalhado até o fim, pode subir ainda mais rumo ao posto de Melhor da Temporada (por mais que seja até um pouco prepotente já ir afirmando isso, mas esse texto é única e exclusivamente minha opinião, então beleza). Este início de temporada entregou algo equivalente a uma nota 8/10, que pode subir ainda mais. Ou cair, vai saber né. Vale destacar, por fim, o tema de abertura cantado por TK do trio Ling Tosite Sigure, que é muito bom.

A série pode ser assistida pelo site da Crunchyroll, com novos episódios exibidos todas as sextas.

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Primeiras Impressões | Orange

ou, “como fazer uma história de viagens no tempo dar errado“.

Japonês é um povo estranho? Já sabemos. Sejam bem-vindos a mais um “Primeiras Impressões“, aquela coluna que parece não ter padrão de postagem, mas que se você analisar direitinho, notará que sempre sai um monte delas de três em três meses. Iniciaremos as análises iniciais da Temporada de Verão com uma cor mais leve, já que no calorzão (lá do Japão, pelo menos) ser gótico não rola, então a moda diz que Laranja é o novo Preto (Perdão).

Com um mangá de extremo sucesso, e com publicação nacional pela editora JBC, Orange é um dos raros casos onde o nome não diz bulhufas sobre a obra (Parei pra pensar por uns vinte segundos aqui, e não me veio nenhum outro exemplo a cabeça… Esse negócio é raro mesmo). Pelo menos não inicialmente. Muitos estavam esperançosos para essa adaptação, e ela finalmente chega em nossas mãos, para podermos fazer piadinhas com aquela série sobre presidiárias.

Não me levem a mal pela primeira frase. Sei que muitos de vocês nem ligam tanto pra esse aspecto tirado de filme da Sessão da Tarde (Não, sério, esse anime não é quase a mesma coisa que aquele “A casa do lago”, filme de 2006 com o Keanu Reeves e a Sandra Bullock?). Mas eu tenho um problema pessoal com viagens no tempo, e vou matalas explicar os pontos que não gostei, mas daqui a pouco.

Vamos começar com a arte do show, que pode ser dividida em dois pontos: Uma animação fluida e bem adornada em todos os aspectos, com cenários de deixar qualquer um boquiaberto, cortesia da Telecom Animation. Por outro lado… Um design de personagens horrendo. Não sei o que houve com o responsável, Nobuteru Yuuki (que fez alguns designs bons no passado, como de Sakamichi no Apollon e Mushishi), mas o que ele entregou para Orange foi simplesmente medonho. Não é nem questão de os personagens serem ruins… Inclusive não são! Todos são bem característicos, com pontos que deixam seu design marcante, e fácil de fazer associações. Mas… Os personagens são mal desenhados, mal adaptados. Qual o problema com a cara dessa menina?

Além da cara estranha, ela tem um problema de coluna seríssimo.

Um outro tópico que posso levantar é o musical. Existe esse senhor de idade chamado Yukio Nagasaki, que por algum motivo desconhecido, está no mercado de direção de áudio para animes. O maluco deve ser um palhaço, aquele tiozão que faz a piada do pavê na festa de fim de ano da empresa. Não vejo outro motivo pras escolhas de músicas de fundo pra Orange. Por mais que elas não sejam totalmente fora de lugar, e funcionem bem para as cenas que são colocadas… Elas são esculachadas demais. É tipo um “Mano, ele tá zoando com a nossa cara, MAS ELE TÁ CERTO, então não podemos fazer nada a respeito“.
São músicas com pegada circense, de chacota, até um Country tem espaço na discografia do moço.

Sobre os personagens, todos tem seus pontos fortes. Não é um forte geral do anime, como foi com Netoge na temporada passada, mas é consistente. Sempre tenho aquela pulga atrás da orelha, de “eu duvido que pessoas de personalidade e estilos tão diferentes, seriam tão amigos assim”, mas na ficção nós relevamos esse aspecto, para dar maior diversidade ao elenco.
Apesar dessa diversidade e tudo mais, não vejo algo ‘novo’ em nenhum personagem. Todos os protagonistas são facilmente enquadrados em esteriótipos típicos, e não se esforçam nem um pouco em fugir deles. Autora foi bem feijão com arroz nesse quesito.

Agora o que eu queria ter falado desde o começo, e o que vocês não estavam afim de ler, por isso joguei pro final: A bendita viagem no tempo. Não gosto de dar sinopses ou contar o que acontece no decorrer do episódio, quando estou escrevendo um “Primeiras Impressões” (isso eu faço nos shitposts do Twitter, se alguém se interessar), mas vou abrir uma exceção pra esse caso.

Não vou nem entrar no mérito de COMO DIABOS ENVIARAM UMA CARTA PRO PASSADO sem usar um microondas, e pular pros problemas reais: A carta foi feita num ponto da linha do tempo, onde todos os acontecimentos que querem ser evitados, já ocorreram. Ela só deveria apontar o futuro com precisão, até o momento em que a protagonista do passado faz uma escolha diferente pela primeira vez. Efeito borboleta, conhecem? É improvável (para não dizer impossível) que os acontecimentos futuros continuem seguindo um padrão, depois de uma mudança drástica em um dos pontos. A autora tenta mostrar isso, passando sutilmente a ideia de que “o esqueleto se mantém, mas algumas coisas vão mudando, conforme ela muda suas escolhas“, mas o exemplo que tivemos até agora, poderia muito bem ser respondido com simples soluções, e mantém o problema da Teoria do Caos.

Imagens exclusivas da autora da obra, quando questionada sobre seus conhecimentos de mecânica quântica.

Porém, o maior problema de todos, é a apatia da garota principal, Naho. Eu fiquei simplesmente indignado com o desenvolvimento inicial do anime. A guria recebe uma carta, supostamente do futuro, que prevê com perfeição o futuro próximo dela… E não tem a mínima curiosidade de ler o resto? Absurdo. Pior: Depois de ler a primeira página (de muitas, visto que a história começa em abril e deve ir até… janeiro?), ela simplesmente ESQUECE DA EXISTÊNCIA dela por DUAS SEMANAS? Abobrinha. Garotas colegiais são loucas por coisas sobrenaturais e pitorescas, ainda mais quando envolvem algo que soe romântico. Em nenhuma situação isso soa plausível.

Mas se você não levar a mecânica quântica em consideração, até que dá pra engolir. Isso, claro, se você tiver afim de acompanhar uma história tearjerker com paradoxos temporais. Coisa que eu não sou muito chegado. Por isso, esse começo fecha com 6/10 pra mim. Se não fosse a Hanazawa Kana dublando a garota principal, pioraria um pouco.

A série pode ser assistida pelo site da Crunchyroll, com novos episódios todos os domingos.

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O Anime Friends 2016 está chegando. Confira!

Os fãs de quadrinhos, cinema, séries, mangás, música, anime, cosplay e jogos de videogame já podem se preparar para invadir o Campo de Marte, na capital paulista, durante as férias de julho. Cerca de 120 mil deles irão participar do Anime Friends, o mais tradicional festival multitemático de cultura pop da América Latina, que completa 13 anos e acontece em dois fins de semana, nos dias 08, 09 e 10, 15, 16 e 17 de julho. E você também deve passar por lá!

O megafestival terá dezenas de atrações como convidados nacionais e internacionais, grandes shows musicais com bandas japonesas renomadas, concursos mundiais de cosplay, feira de colecionáveis e de quadrinhos, exposição e campeonatos de videogames, encontro com youtubers, comidas típicas, palestras e autógrafos com convidados nacionais e internacionais.

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Colecionáveis no Anime Friends 2015.

Quando: 08, 09, 10, 15, 16 e 17 de julho
Horários: Sextas-feiras das 12h às 21h, sábados e domingos das 10h às 21h.
Local: Campo de Marte, em São Paulo – Av. Santos Dumont, 2241 (perto do Metrô Santana)
Valores: Ingressos individuais de R$ 50 a R$ 120 ou o combo para 3 dias de R$ 120 a R$ 240. Ingressos no dia do evento de R$ 60 a R$ 140.

Compre online: http://ticketpop.com.br/anime-friends/

Algumas das atrações:

Em um palco imenso e cheio de luzes e efeitos especiais, irão se apresentar artistas nacionais e internacionais, como a aclamada banda japonesa Sambomaster, conhecida por representar temas do anime como Naruto e do drama japonês Densha Otoko, no dia 9, sábado, às 20h. O brasileiro Detonator e as Musas do Metal farão um show especial de aniversário de quatro anos da banda, no dia 15, sexta, às 19h. Também se apresentarão a dupla japonesa LM.C (17, às 19h30) e a cantora e pianista Mai Hoshimura (17, às 18h30).

Neste ano, o evento terá três shows especiais para séries de animes consagrados. No dia 09, os cantores japoneses Hiroki Takahashi, Yuuya AsaokaTakayoshi Tanimoto juntarão forças com o brasileiro Ricardo Cruz no Super Friends Spirits Especial Dragon Ball. Já no dia 10, o especial será para a série Digimon, com Ayumi Miyazaki e Takayoshi Tanimoto. Já o especial que comemora os 30 anos de Cavaleiros do Zodíaco, no dia 16, contará com Yumi Matsuzawa, Nobuo Yamada e Ricardo Cruz.

O WEB POP Festival é um evento que tem como foco aproximar os internautas de seus youtubers preferidos com uma interação mais direta. Neste ano, irá dobrar de tamanho. Durante todos os dias de evento serão realizados bate-papos e brincadeiras com a participação do público, como jogos de perguntas e respostas, gincanas e sessões de autógrafos e fotos. Neste ano, o norte-americano Joe Inoue, que ficou conhecido por sua carreira como cantor tendo uma canção como tema do anime Naruto, será um dos convidados. Entre os demais youtubers estão Cauê Moura, Irmãos Piologo, Muca Muriçoca, Cellbits e mais.

O evento também conta com a Brasil Comic Con, edição nacional baseada no mais famoso evento de quadrinhos e cultura nerd do mundo, a San Diego Comic Con, além das competições de cosplay como o Yamato Cosplay Cup Brazil (YCC) com participantes de diversas regiões do Brasil, o Yamato Cosplay Cup International (YCCI) que premia o melhor cosplayer mundial, o Desfile Cosplay Kids, e o Concurso Cultural de Cosplay que possui inscrições gratuitas nos dias do evento, onde os participantes concorrem a prêmios.

A área de games contará com campeonatos de jogos como Naruto Shipuuden: Ultimate Ninja Storm 4, Mortal Kombat X e Fifa 16 e o Espaço Free Play, onde é possível treinar para os campeonatos ou simplesmente jogar com os amigos em diferentes plataformas sem pagar nada. Editoras de mangás, quadrinhos, livros e jogos como a Panini, JBC, NewPOPNova Sampa, Draco e Europa também estarão presentes, com estandes recheados de produtos, além é claro das lojas como a Liga HQ! e outras.

São muitas atrações, então não deixe de passar no Anime Friends 2016! Comprando os ingressos antecipadamente, você paga mais barato e já pode ir se preparando 😉

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Primeiras Impressões | Netoge no Yome wa Onnanoko ja Nai to Omotta?

Japonês é um povo estranho. Até quando falamos sobre coisas que já são estranhas normalmente, eles conseguem se superar e torná-las piores do que você podia imaginar. E o tema “Joguinhos online” é algo que claramente se encaixa nessa descrição. Sério, vocês já viram KanColle? Aquilo é bizarro demais.

Só que hoje, o Primeiras Impressões vai falar sobre um fato que só poderia ter sido desmentido numa obra de ficção vinda da Terra do Sol Nascente. Como tudo vindo de lá, o extenso e quase cansativo nome, Netoge no Yome wa Onnanoko ja Nai to Omotta? serve como uma sinopse para o show: “E você pensou que não existiam garotas na internet?“.

Primeiramente eu queria comentar sobre a ambientação do jogo. Ou melhor, a representação da representação do jogo no anime. Ficou meio confuso? Enfim:
Eles estão jogando um bagulho bem simples. Joguinho 2D, com habilidades clicáveis e tal, no melhor estilo Tibia ou Ragnarok Online (Inclusive, a cidade principal do jogo é extremamente parecida com Prontera, a capital do reino de Ragnarok…). Mas quando as cenas se passam dentro do jogo, somos levados pra um ambiente imersivo completo: O traço sofre uma leve alteração para um padrão mais pincelado; as imagens de fundo se tornam menos detalhadas, dando maior destaque para os personagens; o movimento parece mais fluido, devido as cenas de ação… Para, logo em seguida, voltarmos para o quarto do protagonista, e lembrarmos que o jogo é 2D baseado em Sprites, quando olhamos pro monitor do garoto. Isso torna os momentos online muito mais interessantes e visualmente agradáveis do que seria se ficássemos na câmera real o tempo inteiro.

Esse aspecto de MMORPG, que tem sido, nos últimos anos, uma mídia muito utilizada na cultura japonesa no geral (Não consigo lembrar da última temporada que NÃO teve algum anime com ambientação completa ou alguma relação com jogos), não permite meios termos. É algo que, obrigatoriamente, acaba sendo extremamente positivo ou demasiadamente negativo. Exemplos negativos, temos aos montes por ai (olá, Sword Art Online!), mas é difícil encontrar um positivo (que não seja Log Horizon)… Mas Netoge parece estar caminhando para o lado certo.
Assim, não me levem a mal, mas eu sou um cara que joga muito no PC. Devido a isso, eu tenho um conhecimento, no mínimo, ‘satisfatório’ sobre como MMORPGs funcionam. E alguns animes conseguem me ofender com a forma que eles retratam os aspectos do jogo (Até hoje alguém já entendeu como funcionam as lutinhas em SAO? Aquilo não faz sentido nenhum). Não é o caso de Netoge. O autor realmente sabe o que é e como funciona o sub-mundo dos malditos joguinhos de computador que sugam as suas almas.

Isso é um ponto positivo, por retratar de forma mais fiel (na medida do possível) a real ambientação de um jogo online. Eles utilizam um sistema e formação de combate que faz sentido; botam a culpa no healer quando alguém morre; reclamam quando o tanque puxa mais mobs do que o grupo pode aguentar; usam uma linguagem típica de jogos, com termos que você vê com frequência no Reddit
Por outro lado, pode acabar não sendo tão apelativo ou engraçado para alguém que não seja chegado ou não conheça muito sobre joguinhos, como eu já comentei num outro post.

Lembra do Alemão maluco jogando CS? É quase isso.

Mas chega de falar do jogo, e vamos falar sobre a vida real. Digo… Você consegue diferenciar os dois… Né?
O tema primário (ou a premissa) do anime beira a genialidade por misturar uma verdade absoluta com uma situação extremamente improvável. Esse contraste de real e inimaginável é um excelente mote pra comédia. E comédia é o objetivo do show. É óbvio que não existem mulheres na internet, mas quem iria imaginar que aquela garota que dá em cima de você online não é um velho barbudo brincando de shemale pra ganhar itens?
Acontece que isso é uma piada descartável. Você usa uma vez e ela não pode ser reutilizada. É ai que precisa entrar o tema secundário (ou o desenvolvimento) nem-tão-genial-assim. ‘Garota que vive no mundo da lua e não se toca das besteiras que faz‘ é um tópico bem batido e que eu consigo citar uns três que o usam só de cabeça. Não desmerecendo o uso do tema, que inclusive achei muito bem utilizado, mas é bom lembrar que já fizeram isso outras duas mil vezes antes.

O mundo real e o virtual são coisas separadas! Não me importo com a identidade do jogador, desde que sua personagem seja bonitinha!
“O mundo real e o virtual são coisas separadas! Não me importo com a identidade do jogador, desde que sua personagem seja bonitinha!”

O elenco de personagens foi muito bem construído em apenas dois episódios. Todos os protagonistas tem um design marcante (menos o rapaz, pois como já apontei diversas vezes, eles sempre são genéricos. Mas mesmo ele, em sua forma online, consegue ter seu charme), e uma personalidade bem definida. Desde o início, já é possível entender como eles funcionam e para onde eles estão indo, coisa que muitos animes demoram séculos para conseguir. Isso quando conseguem.
Inclusive, a garota principal, Ako, é simplesmente fofa demais. Meu deus do céu, como o Japão consegue fazer personagens tão bonitinhos e que dão vontade de apertar ai que cuticuti meu deus…
Er, digo…

Então, uma conclusão seria que é um anime extremamente engraçado se você gosta de MMORPGs no geral, mas tem uma comédia apenas mediana caso não goste. É um anime que tem bons traços e boa animação, com personagens bacanas e de personalidade forte logo de cara. E também é um anime que sabe como um jogo funciona e entende o que mecânicas como “Aggro” são.
Tipo, sério. Cêis tão ligados que um jogo que não tem Aggro não funciona né? Na moral, não façam jogos sem Aggro.

O que acontece quando eu digo pra alguém que assisto animes.
O que acontece quando eu digo pra alguém que assisto animes.

Eu costumo dizer que tenho um sistema de notas especial apenas para comédias, e Netoge ficará com um belo 9/10 no meu Comedômetro até o momento que eu tiver saco de ir atualizar o meu My Anime List outra vez.

A série pode ser assistida na Funimation, caso a barreira idiomática não seja um problema. Caso seja, algum beco escuro da internet pode servir.