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Review | The Legend of Heroes: Trails of Cold Steel II

Escrito por Pedro Ladino

Após o lançamento da edição definitiva de Trails of Cold Steel para PS4 em março desse ano, a XSeed e Marvelous, trazem agora em junho para o ocidente, a sua continuação, Trails of Cold Steel II, também para o sistema da Sony.

The Legend of Heroes: Trails of Cold Steel II é o segundo jogo do Arco de Erebonia e também, o sétimo jogo da franquia Trails (ou Kiseki, no Japão). Se passando um mês após os eventos do primeiro jogo, o game traz mais uma vez Rean Schwarzer como protagonista, que agora precisa encontrar seus colegas da Classe VII, que estão espalhados pelo país, e acabar com a Guerra Civil de Erebonia.

Vale dizer que os eventos de Cold Steel I e II se passam paralelamente aos de Zero no Kiseki e Ao no Kiseki, que infelizmente nunca foram localizados oficialmente. Os jogos citam o Estado de Crossbell diversas vezes durante a história, e é de suma importância para o pós-final de Cold Steel II e para o futuro da franquia, mas o jeito é jogar as versões traduzidas por fãs ou aguardar eternamente o anúncio de ambos os jogos no Ocidente.

  • Um meio defeituoso, mas um final espetacular.

Diferentemente dos outros seis jogos da franquia, Trails of Cold Steel II não é divido em capítulos, mas sim em dois atos, além de Prologue, Intermission, Finale, Divertissement e Epilogue. Isso faz com que o jogo passe uma sensação de ser mais longo, porém acaba tendo a mesma duração que os demais jogos.

O Ato 1 tem como objetivo encontrar os colegas da Classe VII, além de apresentar o plot principal do jogo, a Guerra Civil de Erebonia, e introduzir os novos membros da Ouroboros, a grande organização secreta do mal, já fazendo ligação com a franquia em si. Algo que foi criticado no primeiro jogo, pois 90% do jogo era “separado” do restante da série Trails, somente tínhamos citações, até chegar o final.

É um bom começo de jogo. Os bonding points, que servem para upar os Links com os personagens, e assim liberar habilidades (bem Persona), estão de volta. Não há grandes novidades no sistema de Links, tirando a possibilidade de usar os personagens nas batalhas de mechas. Falando nela, as batalhas de mechas, uma das grandes surpresas do final do primeiro jogo, estão de volta, e muito mais frequentes. Ainda que elas não estejam tão balanceadas assim, é bem fácil ganhá-las.

Um dos pontos que não gostei no primeiro jogo, foi o ambiente escolar. Além remeter novamente a Persona (o que não é algo ruim, se acalmem), era bem sem graça e não conseguiu funcionar. Esse ambiente não retorna no segundo jogo, e em vez disso, temos uma narrativa bem parecida com aos dos jogos anteriores, contudo, houveram alguns problemas.

Então chega o Ato 2 e ele tem um grande problema: é desnecessariamente longo. Enquanto vamos liberando as cidades dominadas pelo exército, temos diversas quests obrigatórias e sidequests, o que é normal na franquia Trails e em qualquer JRPG. No entanto, as sidequests são bem sem graças e poucas inspiradas, além de repetitivas.

Além disso, temos que resgatar os estudantes da Academia Thors, que encontramos durante o ato 1, e alguns deles dão mais quests, para poderem ser recrutados para a Courageous, a aeronave que serve de base. Ao serem recrutados eles dão suprimentos (que temos que comprar de qualquer maneira), e fazem treinos de combates, além de desafios.

Eu entendo a sensação que o jogo quis passar de que “somos estudantes da academia militar da cidade de Trista e temos que nos juntar para libertamos ela”. Mas acaba que eu não me importo com esses personagens, tudo que eles vendem, eu consigo comprar nas lojas padrões, e pelo mesmo preço. Os desafios, que liberam Master Quartz, só servem para aqueles que querem montar novas builds e pegar a platina.

Agora, tenho que tirar o chapéu para o Finale de Trails of Cold Steel II. Arrisco a dizer que foi o melhor final de jogo da franquia até esse momento (visto que Trails of Cold Steel III e IV ainda não foram lançados no Ocidente), eu não vi nenhum dos plot-twists chegando.

Após isso temos dois capítulos extras: Divertissement, que se passa logo após o final de Ao no Kiseki, e Epilogue, que em encerra em si a história de Trails of Cold Steel II, trazendo uma final dungeon bem diferente do costume da franquia. São bem curtos e rápidos.

Ainda que o roteiro seja sobre guerra e sobrevivência, Cold Steel II traz momentos leves e de descontração entre seus personagens. Coisa que já é costume da franquia. Isso serve pra aprofundar as relações entre os personagens principais. E que impacta no final do jogo.

  • Gameplay sem grandes novidades, porém continua ótimo.

O combate continua na mesma vibe dos jogos anteriores, em turnos, com opções de Craft, S-Craft e Arts. A grande adição foi o Overdrive, que já havia sido incluído em Ao no Kiseki, mas tinha ficado de fora do primeiro Cold Steel. A diferença é que somente dois personagens, conectados através de link, podem ativar, em vez de toda a party.

O jogo incluiu os Trial Chests, que ao serem abertos, trazem uma batalha contra minibosses, que quando derrotados, habilitam o Overdrive entre os personagens descritos nos baús.

Também temos as inclusões das Shines Dungeons, que substituíram as dungeons da Old Schoolhouse. Elas são obrigatórias para a progressão da narrativa do jogo. Além de liberarem flashbacks da War of the Lions, um dos grandes eventos no mundo de Trails. Elas são dungeons curtas e boas para grind.

Falando em grind, ele não deveria ser tão necessário nesse jogo, lutar uma vez contra cada monstro nos cenários seria o suficiente. Contudo, o jogo não é bem balanceado, tanto para o bem, quanto para o mal. Há alguns monstros padrões que não deveriam ser tão fortes, e simplesmente acabam matando com dois golpes. Já com chefes da história, alguns são muito fáceis. Em especial os da última (última mesmo) dungeon. Que dependendo da party você acaba a luta em menos de 5 minutos.

  • A edição definitiva de PS4

Sobre a versão de PlayStation 4 em si, o maior destaque é sem dúvida o Modo Turbo, que acelera o jogo tanto nas batalhas quanto nas viagens de campo. O jogo roda a 60 fps na maior parte do tempo, caindo apenas quando alguns S-Crafts são utilizados. E ele teve alguns crashes durante o final do ato 2. Até o momento em que estou escrevendo, não vi ninguém relatando esse problema, então vai ver era o meu PS4 sofrendo por conta do segundo ato também. Para quem possui um PlayStation 4 PRO, o jogo tem suporte à 4K, o que não é o meu caso. A única diferença nos gráficos é que eles estão mais nítidos.

Ela traz também algumas DLCs de cosméticos e itens mais raros do jogo, que foram lançados separadamente para PS3 e PS Vita. Também foi incluída a opção de dual-audio, em inglês e japonês.

Apesar de um ato 2 problemático, Trails of Cold Steel II encerra a primeira metade do Arco de Erebonia de maneira espetacular.

NOTA: 8.5

Agradecimentos à Marvelous pelo envio do código para análise.

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Sobre o Autor

Pedro Ladino

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