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Resenha | Jonathan Strange & Mr. Norrell

Sinopse: ”Em 1806, a maioria da população britânica acreditava que a magia estava perdida há muito tempo – até que o sábio Mr. Norrell revela seus poderes, tornando-se célebre e influente. Ele abandona a reclusão e parte para Londres, onde colabora com o governo no combate a Napoleão Bonaparte. Tudo corre bem até que Jonathan Strange, um jovem nobre e impetuoso, descobre que também possui talentos mágicos.  […]

Misturando ficção e fatos históricos, Jonathan Strange & Mr. Norrell levou dez anos para ser escrito e foi baseado em uma extensa pesquisa da autora sobre a história da magia inglesa. Recebeu o Hugo Award, um dos prêmios mais importantes no gênero fantástico, além de ter sido indicado ao Man Booker Prize e eleito o melhor livro do ano pela revista Time. Agora adaptado para a TV pela BBC, o livro recebe nova edição, com introdução do escritor Neil Gaiman.

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Susanna Clarke, escritora inglesa, demorou 10 anos para concluir Jonathan Strange & Mr. Norrell. Publicada em 2004, a história foi premiada com o Hugo Award e diversos elogios. Nessa edição pelo selo Seguinte (Editora Schwarcz), temos o prefácio de Neil Gaiman, renomado escritor de fantasia, também inglês, que esbanja elogios ao livro: ‘’ […] escrevi para o editor de Susanna, pedindo-lhe para dizer a ela que, na minha cabeça, aquela era uma das melhores obras de fantasia em língua inglesa dos últimos setenta anos. […]’’.

Recentemente adaptado pela BBC, Jonathan Strange & Mr. Norrell merece mais do que elogios, é a continuidade de histórias um tanto quanto esquecidas em tempos de rapidez e livros com ”roteiros hollywoodianos”. Rico em linguagem, magia e um belo retrato da sociedade britânica em pleno conflito com Napoleão. A autora é original ao criar seu mundo, os magos da Inglaterra não usam varinhas ou chapéus pontudos, mas parecem ter vindos de um livro da Jane Austen com seu cavalheirismo.

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Jonathan Strange, Mr. Drawlight e Mrs. Bullworth.

Os acontecimentos se iniciam em 1806 no Condado de York na Inglaterra. Existia ali uma sociedade de magos, não magos que usam magias ou maldições, eles estudavam a história da magia. Tudo estava calmo quando John Segundus adentrou nesse pequeno grupo com o questionamento: por que não se fazia mais magia na Inglaterra? Após ser ridicularizado, John Segundus encontra Gilbert Norrell que afirma ser um mago praticante, e a partir daí a tentativa de reavivar a magia na Inglaterra vem à tona. Jonathan Strange aparece mais tarde junto com Arabella Woodhope, Stephen Black, Lady Pole e outros personagens.

-Pode um mago matar um homem com magia? – perguntou Lorde Wellington a Strange.

Strange franziu o cenho. Pareceu não gostar da pergunta. 

– Creio que um mago poderia – admitiu. – Um cavalheiro, jamais.

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Lady Pole e John Uskglass.

Com mais de 800 páginas, a história requer tempo do leitor que terá de ler diversas notas de rodapé que, na verdade, são histórias ou explicações muitas vezes necessárias para a continuidade do enredo, então nada de ignorá-los. As descrições são exuberantes e há um pouco do velho e bom humor inglês.

A magia no universo de Clarke se aproxima bastante da realidade, às vezes é difícil distinguir a realidade, o nosso mundo, com o ficcional. Referências memoráveis e participação de personagens históricas como Lord Byron, polêmico escritor inglês conhecido por sua melancolia. Personagens bem construídos, ambientado no inicio do séc. XIX com uma atmosfera obscura, como não se lembrar de Edgar Allan Poe? Personagens também são inesquecíveis, há uma brutalidade com sensibilidade em cada um.

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Jonathan Strange e Gilbert Norrell.

Resumi-se Jonathan Strange & Mr. Norrell um perfeito escrito nos temas de fantasia e ficção, há também um tanto de psicologia na obra. Talvez a obra não conquiste aqueles que não gostam de uma história longa e bem detalhada, o que pode ser bom para outros. Cativante e excepcional Susanna pode ser colocada a um patamar entre os mestres e mestras da literatura fantástica.

O que tange a adaptação, ela é fiel, porém perde-se um pouco do charme do livro, como em toda adaptação. Muitas coisas que aparecem nos últimos capítulos aparecem nos primeiros episódios que no total são sete, então é difícil conciliar a leitura e a série caso sejam simultaneamente acompanhadas.

Tenham uma ótima leitura!

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Sobre o Autor

Daniel Estorari

With great powers...