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Eu não sei o que dizer sobre “The Vampire Dies in no Time”

Escrito por Vini Leonardi

No mundo das crônicas – os textos mundanos de uma página que vemos publicados em jornais e revistas – existe uma máxima (que não sei se existe de fato, mas que acredito que escritores concordariam): Todo cronista, inevitavelmente, acabará escrevendo uma crônica sobre não saber sobre o que escrever, e uma crônica sobre o ato de escrever uma crônica. Às vezes, essas duas acabam sendo a mesma crônica.

Talvez isso valha também para blogueiros, pois o que estou fazendo hoje é justamente isso: Eu literalmente não sei o quê escrever sobre o animê que quero divulgar. Mas o algoritmo ruge, então tentarei mesmo assim.

Baseado num mangá de mesmo nome, com roteiro de arte de Itaru Bonnoki, “The Vampire Dies In No Time” (Kyuuketsuki Sugu Shinu) foi adaptado em 2021 para animação, e sua segunda temporada terminou agorinha, no final de março de 2023.

A comédia acompanha as aventuras de Draluc, o vampiro mais fraco do mundo (e que morre com qualquer arranhão, mas logo se recupera), e do caçador de vampiros Ronaldo, que juntam forças enquanto combatem as mais diversas ameaças à população da cidade de Shin-Yokohama.

Existem diversos tipos de humor, e eu já falei extensivamente sobre eles em diversas postagens diferentes. Afinal, quando venho recomendar um animê de comédia para vocês, eu preciso explicar o tipo de comédia que ele possui, já que pessoas diferentes gostam de tipos diferentes de comédia. Depois da explicação, eu comento sobre o show em si, seus pontos fortes e fracos, e suas excentricidades.

Pois bem: A comédia de “The Vampire Dies In No Time” é do tipo “Dedo no c* e gritaria”. É uma junção de choque pelo absurdo; com um manzai mais clássico de uma pessoa fazendo uma piada e outra reagindo a ela de forma exagerada; e do humor pela repetição da mesma piada várias e várias vezes. É uma mistura que pode ficar densa, mas que é tão bem executada, que não passa dos limites. Bem, dos limites técnicos, pois de roteiro… Eles vivem passando dos limites. E é isso que faz a coisa ser engraçada.

Captura de tela do episódio 4 da primeira temporada de "The Vampire Dies In No Time"

Considerando onde ele enfia esse dedo, é bom manter a unha cortada mesmo (Reprodução: Crunchyroll)

E agora é o momento que eu começo a me enrolar. Para falar sobre as excentricidades de “The Vampire Dies In No Time”, eu precisaria… Bem, pra início de conversa, eu precisaria ter prestado atenção o suficiente para notar qualquer coisa. O animê me fazia rir tanto, que eu quase não conseguia notar nada além das piadas. Mas, se eu me esforçar para tentar trazer algum ponto, eu teria uma certa dificuldade em explicá-los. Sabe aquela sensação de “você precisava estar lá”? Quando você conta uma história hilária para um amigo, e recebe como resposta apenas um silêncio constrangedor? É assim que eu me sinto ao tentar descrever qualquer coisa sobre o show.

Nesse mundo, cada vampiro tem uma habilidade “especial”, que deveria ser a sua assinatura e principal forma de atacar humanos e conseguir sangue. Mas a história nunca se leva a sério, e isso faz com que as habilidades dos vampiros sejam apenas coisas absurdas, badulaques extremamente específicos e que servem apenas de mote para piadas, onde ninguém está, de fato, correndo perigo.

Inclusive, as situações de maior “risco” para qualquer pessoa na história acontecem quando não há nenhum vampiro envolvido. Você poderia até tentar dizer que é uma alegoria ao fato de que “nós somos os verdadeiros monstros”, mas… Não, o animê certamente não tenta passar nenhuma mensagem dessas, ele apenas usa o choque pelo absurdo.

A repetição da piada que dá nome ao show, o fato de Draluc sempre morrer com qualquer coisa que aconteça com ele, é o foco do humor apenas no início da história. Sabendo que repetição demais pode tornar uma coisa repetitiva, o animê utiliza o gás da piada para introduzir um elenco de apoio, e, assim que estabelecemos um bom e diverso grupo, as “mortes” de Draluc se tornam algo secundário.

Com episódios divididos em dois ou três “esquetes”, cada uma focada em uma personagem, grupo ou evento diferente, o gigantesco elenco entra em jogo para diversificar o humor e sempre te dar algo que parece “fresco”. De certo modo, temos a própria cidade de Shin-Yokohama como o palco e protagonista de “The Vampire Dies In No Time”.

Captura de tela do episódio 11 da primeira temporada de "The Vampire Dies In No Time"

[CONTEXTO NÃO ENCONTRADO] (Reprodução: Crunchyroll)

Ok, ok, sei que disse que não tinha o que falar, e já mandei 700 palavras sobre o assunto, mas veja bem… Eu só consigo falar de forma genérica. “O humor é bom”; “tem ótimas personagens”; etc. Se eu tentasse ser mais específico, eu não apenas iria parecer maluco, como acabaria dando spoiler e fazendo muitas piadas perderem a graça.

Uns tempos atrás, eu simplesmente não escreveria esse texto. “Se não tenho o que dizer, o que eu diria? Que conteúdo eu teria para colocar no papel?”, pensaria. Mas, depois de me divertir tanto, e dar tantas risadas com “The Vampire Dies In No Time”, e de ver – ao menos na minha bolha – o animê sendo completamente ignorado por todo mundo… Eu me senti na obrigação de ao menos tentar. Nem que seja um mero grito ecoando num vale completamente vazio (a maioria das minhas postagens são, né? Mas isso não é relevante no momento), eu precisava botar para fora.

The Vampire Dies In No Time” tem um humor tão diverso quanto seu elenco, e funciona na base do grito e do berro. É uma história sem pé nem cabeça, mas surpreendentemente funcional, com uma única função: Ser absurda para te fazer rir. Um animê que sempre me deixava empolgado para assistir, o redator facilmente dá a nota de 5/5.

E, novamente, peço desculpas por não conseguir explicar o que é tão divertido sobre o animê. Você precisava estar lá pra entender.

“The Vampire Dies In No Time” está disponível na plataforma de streaming Crunchyroll, com duas temporadas que totalizam 24 episódios. Também há dublagem com áudio em português.

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Sobre o Autor

Vini Leonardi

Cavaquinho na roda de pagode da Torre. Químico de formação, blogueirinho por diversão e piadista de vocação. "Acredito que animês são a mídia perfeita para a comédia, e qualquer tentativa de fazer um show sério é um sacrilégio", respondeu ao ser questionado sobre o motivo de nunca ter visto Evangelion.

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