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Crítica | Em Ritmo de Fuga

Escrito por Thiago Pinto

Em Ritmo de Fuga (Baby Driver) apresenta uma trama mafiosa nada convencional. Frenética e vibrante, cada manobra do motorista Baby (Ansel Elgort) e cada batida da  música nos faz ficar sem fôlego e impressionados com a habilidade do diretor e roteirista Edgar Wright, uma das grandes promessas do cinema atual.

Kevin Spacey (Doc), Jamie Foxx (Bats), Eiza González (Darling), Jon Hamm (Buddy) e Jon Bernthal (Griff) são os personagens correspondentes aos mafiosos e bandidos. Cada um com sua particularidade, toda a experiência desse incrível elenco foi usada em benefício da trama, colocando-os em conversas marcadas por diálogos sarcásticos e pontuais. Mérito total do roteiro escrito por Edgar Wright.

Edgar Wright está cada vez surpreendendo mais em seu trabalho, depois de filmes como:  Todo Mundo Quase Morto (2004), Chumbo Grosso (2007) e Scott Pilgrim Contra o Mundo (2010), o diretor demonstra uma maturidade tanto na direção como na escrita. Sua direção é precisa e bastante técnica, a câmera é ágil e consegue captar os planos certos para cada cena. A pós-produção não fica de fora, toda edição e montagem do filme é impecável. Os efeitos sonoros somados a movimentação de Baby junto de suas manias com a música provam isso.

O roteiro não é muito complexo, mas contém uma história simples que exige bastante dos atores e atrizes. Edgar Wright parece ter sugado bastante da fonte chamada Martin Scorsese, apesar de várias referências ao cinema, os filmes do Scorsese são os mais mencionados e usados. Além da pizzaria “Bons Companheiros”, é nítido o psicológico parecido entre Baby e Travis Bickel (Taxi Driver), interpretado por Robert Niro. Ambos estão em uma jornada de redescoberta e procuram outras trajetórias para suas vidas.

Aliás, o ator Ansel Elgort se esforçou bastante no papel principal. Provou que não está preso nessas franquias juvenis e consegue fazer papéis que exigem mais de si próprio. Baby protagoniza todos os momentos do filme, e o desenrolar da trama é marcado por cada escolha ou mudança do protagonista, seja emocional ou racional. Essa relação entre roteiro e protagonista é um detalhe importante e que não pode passar despercebido pelos espectadores.

Há algumas reviravoltas no terceiro ato e a ação chega a ser bastante requisitada, mas diferente dessas grandes produções hollywoodianas, Baby Driver é contido e direto no desfecho de todos os personagens. Algumas decisões podem ser questionáveis, mas condizem com o gênero em que a obra está situada.

Ao som de músicas como Nowhere To Run, Unsquare Dance, Tequila, B-A-B-Y, Blue Song e outras, Edgar Wright apresenta uma trama original e digna de vários prêmios no ano que vem. Muito difícil sair do cinema e não querer pegar um carro, colocar um fone de ouvido e sair pilotando como Baby.

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Sobre o Autor

Thiago Pinto

‘’E quando acabar de ler a matéria, terá minha permissão para sair’’

-Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012)