Recentemente, comemoramos o 35° aniversário de uma das obras mais cultuadas do cinema e do gênero sci-fi: Blade Runner, o Caçador de Androides. Em sua época de lançamento no ano de 1982, o filme foi um fracasso de bilheteria e teve uma baixa receptividade por meio das mídias e dos espectadores. Porém, este se tornou um marco e inspiração para alguns diretores e autores que tentam explorar esse mundo nos cinemas e na literatura.
Ridley Scott adaptou a ideia de Phillip K. Dick em Androides Sonham com Ovelhas Elétricas? para o cinema de uma forma visualmente incrível e filosófica. Até hoje, vemos na internet e nas redes sociais citações de passagens conhecidas, principalmente a dita pelo replicante Roy Batty nos minutos finais do longa: “Todos esses momentos se perderão no tempo, como lágrimas na chuva.”. Após esse fantástico diálogo em que o filme tenta resumir questões sobre a existência da humanidade, há um encerramento com algumas perguntas deixadas no ar. (Dependendo da versão que você assistiu.)
Se Rick Deckard é um replicante, talvez não seja algo que precisa ser retomado ou explicado. Nem mesmo a história de Rachael e como foi o seu desfecho. O roteiro é fechado e tem as conclusões de personagens e conflitos. Contudo, nessa onda de reboots e continuações que estamos passando, Blade Runner foi um dos novos alvos da indústria.
O público em geral ficou muito receoso pelo anúncio. Desde os mais jovens até os mais velhos que foram aos cinemas prestigiar a história. Fazer um reboot já seria uma bomba, e fazer uma continuação direta seria uma bomba atômica… a famosa brincadeira de “pisar em um território sagrado.’’
Talvez Blade Runner 2049 não seja bom e resulte em um fracasso, além de se tornar um dos piores do ano. Entretanto, há uma equipe e um elenco talentosos que estão orquestrando tudo e por isso, eu repito: a continuação da obra de 1982 merece uma chance e a nossa atenção.
O nome é Dennis Villeneuve.
Villeneuve é um dos grandes nomes atuais no cinema. O diretor canadense tem um currículo invejável com filmes como: Sicario: Terra de Ninguém (2015), Os Suspeitos (2013) e O Homem Duplicado (2013). Mas há um que merece ser destacado, chamado A Chegada, que concorreu ao Oscar de 2017.
Essa obra do canadense tem tudo o que um filme de ficção científica precisa, com bastante diálogo, metalinguagem, simbolismo e as mensagens que transcendem à nossa sociedade, nossa evolução, nossa linguagem e o nosso tempo. A Chegada aborda todos esses temas com delicadeza e precisão, chamando atenção pela qualidade do roteiro e da estética deslumbrante.
O diretor aceitou a participar da continuação de Blade Runner e um dos motivos foi o roteiro escrito por Hampton Fancher (Blade Runner) e Michael Green (Logan). Se o canadense se sentiu atraído pelo roteiro, algo o deve ter chamado atenção. A junção do trabalho dele em A Chegada com uma história escrita por Fancher e Green, ambos competentes, pode render algo positivo.
O elenco não fica de fora.
O elenco também merece ser citado aqui. Além do retorno de Harrison Ford, que parece estar tão bem como nunca, Ryan Gosling (Drive), Dave Bautista (Guardiões da Galáxia), Robin Wright (House of Cards) e Jared Leto (Clube da Luta) são alguns dos nomes que vão compor a equipe e ambos são destaques em seus respectivos trabalhos.
Um elenco poderoso como esse pode criar uma excelente química e expor importantes conceitos através de seus personagens.
A questão não é ser melhor, mas fazer um filme decente que respeite o antecessor.
O astro Ryan Gosling e o diretor Dennis Villeneuve conversaram sobre a probabilidade de fracasso, confira:
“Ryan Gosling e eu fizemos as pazes com a ideia de que as chances de sucesso eram muito estreitas. Eu entrei no filme porque o roteiro foi muito forte. Mas não importa o que você faça, não importa o quão bom seja o que você está fazendo, o filme sempre será comparado ao primeiro, que é uma obra-prima. Então fiz as pazes com isso. E quando você faz isso, você é livre.“.
Até o mestre Ridley Scott deu uma chance à Villeneuve, conta o diretor:
“Ele me disse: é o seu filme. Eu estarei lá se você precisar de mim, do contrário estarei fora. E tenho que dizer que ele não estava no set fisicamente, mas eu sentia sua presença o tempo todo, porque eu estava lidando com o seu universo. Então ele não estava e estava lá ao mesmo tempo”.
Esse pensamento de aceitar a receptividade do público, mas também de entender o trabalho que foi feito com tanto carinho e dedicação merece uma chance de nós. Não importa se já saíram reações falando da lentidão (não é um problema) ou da história meio arrastada, nem das expectativas frustradas de alguns pelos trailer exibidos.
Em outubro deste ano, espero que muitas pessoas assistam ao filme sem preconceito. Entender que a continuação, apesar de ser movida pela indústria, esteja sendo feita por uma excelente e competente equipe, que têm plena consciência do seu trabalho.
Só nos resta dar uma chance para Blade Runner 2049… tenham uma ótima sessão.
Depois de Tobey Maguire/Sam Raimi e Andrew Garfield/Marc Webb, a dupla formada pelo astro Tom Holland e o diretor Jon Watts trazem uma nova visão para o amigão da vizinhança. Agora pela Marvel Studios, Homem-Aranha: De Volta ao Lar acerta em cheio na adaptação para os cinemas, se tornando um dos melhores filmes do estúdio e do próprio personagem.
O que nos foi apresentado em Capitão América: Guerra Civil foi apenas um aperitivo. Nesse filme solo, Holland dá o seu máximo ao conseguir achar o equilíbrio perfeito em ser um excelente Peter Parker e um excepcional Homem-Aranha. Um dos maiores ícones dos quadrinhos, este foi adaptado fielmente de histórias de Stan Lee, Steve Ditko e John Romita.
Muito além de um excepcional protagonista, De Volta ao Lar dá uma aula de adaptação para a sétima arte. O jeito que o roteiro usa a inteligência artificial Karen para adaptar a estrutura narrativa dos quadrinhos em que o Homem-Aranha fala consigo mesmo é muito útil e eficaz. Além disso, temos personagens conhecidos como a Tia May (Marisa Tomei) e o Abutre (Michael Keaton) que têm um pouco de suas personalidades modificadas, mas que são usadas a favor da trama.
Um dos principais destaques em toda a produção foi a questão da Marvel Studios estar totalmente de cabeça no projeto. Sem ela, provavelmente essa aventura não seria o que foi. Todas as referências e os elementos do universo cinematográfico da Marvel dão substância a história do aracnídeo, participações de personagens como Happy (Jon Favreau) e Tony Stark (Robert Downey Jr.) não roubam os holofotes, mas têm uma importância fundamental na transformação de Peter Parker.
Ser uma história envolvendo a vida escolar de Parker, principalmente, foi interessante de ver. Seus conflitos amorosos e pessoais, como nos quadrinhos, são explorados ao máximo e ajudam na formação do “ciclo do herói”, aonde o personagem é posto em uma situação até se redescobrir como um verdadeiro super-herói. Nessa situação, um vingador.
O antagonismo, que ficou nas mãos de Michael Keaton, faz jus ao personagem Abutre. Há uma motivação genérica e alguns momentos interessantes. O antigo Batman volta ao gênero de super-heróis como um bom vilão que se encaixa perfeitamente na nova visão de Watts.
Enquanto temos um elenco experiente (Robert Downey Jr., Marisa Tomei e Michael Keaton), temos um elenco mais jovem e menos experiente: Laura Harrier (Liz Allen) , Zendaya (Michelle), Jacob Batalon (Ned Leeds) e Tony Revolori. Tirando Revolori, que não convence como Flash Thompson, os outros atores funcionam em seus respectivos papéis.
Depois de anos e anos com várias adaptações e filmes do Aranha, De Volta ao Lar com a ajuda da Marvel Studios faz um trabalho digno da palavra “definitivo”. Divertido, bem humorado, fantástico e épico, Homem-Aranha: De Volta ao Lar vai ficar nos corações dos fãs velhos e novos, que vão se emocionar ouvindo a trilha original remodelada, e aplaudir o que a equipe fez e continuará fazendo: tratar tão bem de um dos maiores heróis dos quadrinhos.
O princípio de ir ao cinema é querer a diversão, e os filmes de super-heróis na maioria dos casos proporcionam muita diversão, ou propõem algum tipo de reflexão ou inspiração. Entretanto, alguns consumidores exigem um padrão de qualidade absurdo desse tipo de filme. E será que deveria ser assim? Todos os filmes de super-heróis precisam ser obras-primas, ou algumas pessoas só estão ficando mais chatas conforme o tempo passa?
Existe uma frase máxima que diz: “Quando você vai consumir um produto com má vontade, você não irá gostar daquilo, mesmo que diga estar se esforçando.” Esta frase se encaixa em diversos contextos, desde o leitor de gibis até o consumidor de cinema, passando pelo fã de séries ou de música. É claro que todos devemos exigir um padrão de qualidade satisfatório para aquilo que gostamos, mas para algumas pessoas este padrão alcançou níveis inalcançáveis.
É comum, ao serem apresentadas para obras de uma qualidade acima da média, algumas pessoas passarem a desgostar de tudo que seja minimamente inferior (em quesitos técnicos ou não) àquela outra obra. E nisso, surgem pérolas como “este filme não é um Cavaleiro das Trevas, então não é tão bom“, girando uma roda de amargura infinita que aos poucos contamina a todos. Filmes de super-heróis não precisam ser obras-primas em 100% dos casos.
Digo isso baseando-me primeiramente no material de referência para tais filmes. Os quadrinhos, apesar de exceções que são verdadeiras perfeições, normalmente apresentam histórias consumidas como passatempo, feitas para entreter jovens e adultos que desejam sair um pouco da realidade e acompanhar aqueles personagens fictícios. E quase todos os filmes de super-heróis também são assim: você consome como um passatempo. Vai ao cinema, se diverte e fica tudo bem. Suspensão de descrença, como todos devem saber, refere-se à vontade de um leitor ou espectador de aceitar como verdadeiras as premissas de um trabalho de ficção, mesmo que elas sejam fantásticas, impossíveis ou contraditórias. E o mundo fictício dos super-heróis é todo baseado nisso.
Se você começa a exigir demais de certos entretenimentos, a qualidade não irá melhorar milagrosamente. Primeiramente, porque você é umninguém, já que está dando seu dinheiro para um produto que já sabe que não irá gostar. O que vai acontecer é você se tornar um verdadeiro chato, onde nada lhe entretém. E você passará sua vida remoendo as “insuperáveis obras clássicas da humanidade”, reclamando de efeitos especiais (em filmes onde personagens precisam voar e soltar raios), dos vilões (vindos de uma mídia onde eles fazem diálogos expositivos com seus planos) ou de seríssimas incongruências como a existência de um índio americano num filme de Primeira Guerra Mundial… onde existem amazonas e deuses do Olimpo. Que absurdo! Quero meu dinheiro de volta!
Se você chegou ao triste ponto de procurar pelo em ovo para manter sua postura de reclamão, acredite quando digo que você é um dos piores tipos de consumidor. Entra em incríveis debates com outras pessoas que, ilogicamente, gostaram daquilo que você odeia. Tenta criar argumentos e questões para convencer os outros de que aquilo que eles gostam é um lixo tóxico. E nada muda, é só você lamentavelmente tentando criar mais ódio baseado na sua “experiência” e não aceitando a opinião do fã que se entreteve. E isso também vale para o sentido oposto, apesar de ser uma atitude menos comum.
É claro que gosto é algo que não se discute. Você pode não gostar, eu posso gostar, e a vida segue. O problema é quando o gosto torna-se um problema, já que ninguém sabe conviver com pessoas que discordam da sua opinião super embasada. Mas não estamos falando de gosto pessoal aqui, e sim de uma postura que visa sempre não gostar das coisas.
Aparentemente todas as pessoas também estão virando críticos profissionais de cinema. Mas a verdade é que quase ninguém é. É difícil simplesmente gostar ou não de algo sem tentar justificar expondo falhas técnicas ou estruturais das quais você nem sabe do que está falando. Principalmente se a pessoa, supostamente, tiver alguma influência nas mídias sociais, como um site ou canal de YouTube. E argumentos como “o filme te trata como burro” são risíveis por um lado, e extremamente tristes por outro, deixando pré-definido que o inteligentão é muito superior ao pobre burrinho que adorou ir ao cinema. E as vezes, a pessoa que não entendeu é o tal inteligente, que deixou passar um simples diálogo que explica uma situação.
É importante lembrar: você pode ir ao cinema de forma descompromissada. Assim como você pode ler um quadrinho, assistir uma série ou ouvir uma música só pelo entretenimento da coisa. Ninguém precisa ser um crítico expert em todos os assuntos, nem precisa justificar nada de forma super embasada. Divirta-se, acima de tudo. E se você vai consumir algo com má vontade ou exigindo um padrão de qualidade elevado, faça um favor para si mesmo e nem perca seu tempo. É uma dica muito útil que estou dando, já que você poderá economizar dinheiro e também utilizar as horas perdidas fazendo algo mais inteligente e proveitoso. Quem sabe?
Garanto que uma pessoa que gostou de algo não quer saber sua opinião que tenta fazê-la desgostar daquilo. E nem está interessada em ouvir supostas falhas. Ela está satisfeita. Dificilmente você mudará isso, Sr. Entendido.
Mulher-Maravilha, dirigido por Patty Jenkins, é o filme solo que a heroína deveria e merecia ter. Bem conduzido com ótimas atuações, cenas de ação magníficas e um roteiro simples e eficiente em que se propõe. Se para alguns faltava otimismo e esperança para o universo cinematográfico da DC nos cinemas, esse é o caminho que deve ser seguido.
Gal Gadot foi uma escolha polêmica dentre várias outras no elenco de Batman v Superman: A Origem da Justiça (2016). Passado mais de um ano, percebe-se uma mudança drástica na opinião da crítica e do público. Além de ser um dos destaques do filme de 2016, ela consegue se superar em seu filme solo. A atriz tinha uma missão muito importante em mãos: demonstrar a força feminina nos cinemas como nunca visto antes. E ela conseguiu. Uma atuação impecável com momentos de brilharem os olhos fazem Gal Gadot ser a Mulher-Maravilha que a nossa geração necessitava.
O roteiro é eficiente em trazer uma mensagem sobre paz, fraternidade e conflitos. Uma história que se passa na Primeira Guerra Mundial, mas que parece ser muito contemporânea. A delicadeza em que a heroína é colocada vai sendo moldada no desenvolvimento do longa até o resultado final: amadurecimento da personagem. Tendo sua visão própria de si mesma e das questões humanitárias.
Mas não é só de guerra que Mulher-Maravilha se sustenta. O primeiro ato, focado totalmente em contar a origem da personagem, se passa em Temiscira. Um espetáculo estético, tanto na fotografia quanto nas coreografias. Robin Wright (Antiope) e Connie Nielsen (Hipólita) praticamente conduzem sozinhas o roteiro nessa primeira parte. Os holofotes são alternados com a chegada de Steve Trevor, interpretado por Chris Pine.
Pine é um ótimo ator. Sabe equilibrar as emoções do seu personagem, que é muito relevante nas histórias em quadrinhos. Steve Trevor é bastante requisitado como alívio cômico, mas tem os momentos mais emocionantes e decisivos na narrativa.
Em toda história de super-herói, precisamos de um vilão. E aqui nós temos três. Ludendorff, Dr. Maru e Ares. Os dois primeiros são bastante dispensáveis, mal desenvolvidos e que acabam mais servindo como ponte para Ares do que outra coisa. Ares só participa do ato final e visualmente ficou incrível, seus diálogos com a Mulher-Maravilha são interessantes e necessários para o seu estabelecimento como antagonista principal. Porém, a batalha final poderia ser um pouco mais contida e não sair explodindo qualquer coisa para preencher a telona. São detalhes que poderiam ser evitados, mas que não prejudicam em nada.
Finalmente tivemos um filme solo de uma heroína. Mulher-Maravilha demonstra a força feminina, o otimismo e o carisma que tem o universo DC no cinema. Uma obra que nunca será esquecida, não só pela sua qualidade cinematográfica, mas também por suas mensagens e lições deixadas para nós. Só nos basta aceitá-las.
Sim. Essa é uma pergunta que venho me fazendo desde a exibição de Logan. Um filme belo, conduzido magistralmente por James Mangold que conseguiu captar emoção e respeitar toda a história do Wolverine em um único filme. O resultado, muitos de vocês já presenciaram: uma obra prima, que destoa de quase todos do gênero.
Neste ano, filmes baseados em quadrinhos e heróis predominam em vários meses. A Marvel Studios fez sua primeira estreia do ano com Guardiões da Galáxia Vol. 2. A Warner Bros/DCComics chega em junho com o aguardado e dito como a “esperança do UCDC”, Mulher Maravilha, além de vários outros. 2017 promete ser uma grande fonte de entretenimento para todos os fãs. Só que Logan já passou, estreou em março e saiu de exibição em vários cinemas. (Aliás, o blu-ray com a versão em preto e branco chega em junho). Logan foi o produto de anos e anos de aventuras heroicas e filmes de variados estúdios, resultando nas múltiplas mensagens e pensamentos que ele nos deixou. Posso estar sendo imprudente, mas isso redefiniu o gênero e encerrou uma era.
Não estou querendo dizer que Mulher Maravilha, Liga da Justiça ou Homem-Aranha devem ser melhores do que Logan e nem ultrapassá-lo qualitativamente. A questão é: O que eu vou levar para casa?
Fui uma criança que sempre brinquei com os meus bonecos do Homem de Ferro ou do Superman. Ia ao cinema várias vezes ao ano, principalmente nos filmes do Homem-Aranha de Sam Raimi e do Batman de Christopher Nolan. Aquilo me despertava uma emoção que foi evoluindo e amadurecendo junto comigo. A geração (a minha) foi envelhecendo e querendo aventuras com mais seriedade e um leve toque dramático. É normal a necessidade disso, mas ao mesmo tempo, precisamos entender que os filmes de super- heróis não amadurecem como nós. Eles continuam tendo a famosa função de transmitir uma mensagem heroica através de uma batalha entre herói(s) e vilão. Depois de Logan, não é isso que eu quero mais; sair do cinema, assistir três vídeos: “Análise”, “Veredito”, “Crítica” e nunca pensar sobre novamente.
Essas linhas de produção precisam permanecer fazendo o que fazem. Filmes com aquela mensagem infantil e esperançosa. Porém, é realmente necessário parar no tempo? Vamos lá… não é uma discussão de querer se adaptar a um público mais velho (algo que não precisa acontecer), mas tentar fazer filmes que saiam do padrão e surpreendam de alguma forma, ainda mais com a concorrência e a exigência existentes no cinema atual.
A redefinição do gênero, que para alguns com a mesma opinião que a minha, ocorreu em março desse ano, é a prova mais que concreta que está na hora de haver mudanças, pois os longas de heróis vão cair no limbo e na repetição facilmente. Criar e inventar coisas novas. Novos personagens e conceitos que irão despertar a emoção novamente, tanto para mim quanto para os mais novos, e no final de cada filme, seja da Fox, da Marvel Studios, da Sony ou da DC, eu tenha a resposta para a minha pergunta: O que esse filme me deixou?
Alien: Covenant é a ponte de Prometheus (2012) para Alien: O Oitavo Passageiro (1979). De um filme questionável para um clássico da ficção científica, Covenant mistura ambos os estilos e faz uma combinação própria. Não tende a cair para o questionável, mas também passa longe de ser considerado um clássico.
O marketing vendeu o filme como uma obra de terror e sobrevivência do lendário diretor Ridley Scott. Retomar a experiência que vivenciamos na obra de 79 traria uma nostalgia e uma satisfação muito grande ao sair do cinema, além de Covenant ficar no patamar de grandes ficções da década. Porém, o longa cai em promessas e se perde nas expectativas, mas ainda cumpre o seu papel.
Ridley Scott foi um marco para o cinema e a ficção. Independente de seus trabalhos atuais, é inegável sua importância. Prometheus é o primeiro filme que tenta expandir a mitologia do Alien ao longo de seu desenvolvimento. Sendo Alien: Covenant a continuação exata dessa história. Scott continua insistindo na expansão de sua mitologia filosófica com os Engenheiros e sua importância no universo.
Contudo, este não é um Prometheus como dito. Alien: Covenant tem muitos traços característicos de um survival horror e dá a devida importância à ameaça e ao grupo da nave Covenant. A conspiração da corporação Weyland-Yutani é bem mais evidente aqui, tornando-se mais condizente com o rumo que a franquia está tomando.
Em Alien: O Oitavo Passageiro, o grupo da Nostromo transparece ao espectador um sentimento de união e de conhecer um ao outro, rapidamente você se relaciona com os personagens. Mas com Daniels (Katherine Waterston), Tennesse (Danny McBride), Oram (Billy Crudup), Walter (Michael Fassbender), Lope (Demian Bichir), Karine (Carmen Ejogo) e outros, não há essa ligação. Não há um momento que a trama faça você se conectar com estes personagens. Cada morte é como um descarte no baralho sem a mínima importância.
Enquanto o grupo é um tanto quanto irrelevante, Michael Fassbender dá um show individual. Sua postura em tela é algo que só um profissional como ele consegue fazer. Interpretando um modelo sintético (robô) com várias descobertas e conflitos em sua mente, este consegue se tornar um personagem memorável na franquia Alien, sendo tão ameaçador quanto Ash.
O primeiro ato é nítido o retorno de Scott às suas raízes. Sua habilidade em conduzir o suspense na cena até resultar na morte de um personagem parece continuar funcionando, mas que deveria ser mais aproveitada e requisitada. Nos atos seguintes é mais uma continuação da narrativa de Prometheus, preenchida por flashbacks e uma fotografia espetacular.
Alien: Covenant irá desagradar algumas pessoas, principalmente aquelas que não estão gostando do rumo que a mitologia está tomando. Aos outros, será mais um longa decente. Porém, Ridley ainda não parece conseguir trazer a essência de Alien de volta, continuando com suas promessas de futuros filmes dignos.
Como vão Vigilantes? Prontos para mais uma aventura dentro de uma galáxia muito, muito distante? Como hoje vamos adentrar no universo Jedi, sugiro que preparem seus Sabres de Luz, contenha suas emoções e concentrem-se na Força, para que ela esteja sempre com você!
O universo de Star Wars é bem vasto, e o mesmo possui em suas várias linhas temporais, uma incontável quantidade de Jedi. Como não é possível citar todos, separamos aqui nesse dossiê os principais praticantes da Força e algumas de suas características. Vamos conhecê-los?
Yoda
Mestre Yoda
Mestre Yoda com certeza é um dos personagens mais icônicos da franquia, com um modo de falar estranho e engraçado, o Jedi de 66 cm foi um dos maiores usuários da força e viveu em torno de 900 anos de idade. Sua raça até então é desconhecida para as outras espécies. Conhecido pela sua grande sabedoria e habilidade com sabre de luz, Yoda, durante 800 anos treinou muitas gerações de aprendizes e durante as guerras clônicas, manteve o título de Grande Mestre Jedi (Líder do conselho Jedi).
Após a execução da ordem 66 pelo Chanceller Palpatine, onde a maioria dos Jedi foram mortos, Yoda se isolou em Dagobah, mesmo planeta onde conheceu e treinou Luke Skywalker antes de falecer.
Conde Dookan (ou Dooku no inglês)
Dookan, como Sith
Antes de virar um poderoso Sith, Dookan também já foi um Jedi muito respeitado. Nascido no planeta Serenno, onde herdou o título de conde, ele foi levado ainda pequeno para a ordem iniciando sua relação com a força. Seu mestre era Thame Cerulian, um mestre Jedi respeitado e membro do conselho.
Ainda como Jedi, Dookan treinou seu primeiro Padawan, Qui Gon Jinn e o ensinou as técnicas e a sabedoria sobre a força. Após passar 70 anos como um Jedi, através da influência do senador Palpatine de Naboo, ele decide seguir pelo caminho sombrio, tornando-se Darth Tyranus. (A fase como Sith desse Personagem será mostrada em outro dossiê).
Qui-Gon Jinn
Qui-Gon Jinn
Qui-Gon foi um humano Jedi nascido em Coruscant extremamente ligado à Força, apesar de não pertencer ao conselho Jedi por não concordar totalmente com seu código, ele tinha um respeito enorme dentro do mesmo e suas palavras sempre eram ouvidas.
Quem o treinou foi Dookan, e em consequência disso, herdou diversos aspectos de seu mestre, inclusive a teimosia. Graças a essa teimosia, ele confrontava muitas vezes as decisões do conselho, inclusive refutou e desobedeceu a ordem de não iniciar o jovem Anakin Skywalker em um treinamento Jedi.
Apesar da sua desobediência, Qui-Gon teve um Padawan com uma personalidade totalmente diferente da dele, Obi Wan Kenobi, que era bastante disciplinado e crente no código Jedi. Mesmo com suas diferenças, Obi Wan admirava seu mestre, e sempre o escutava.
Em uma missão em Naboo, Qui-Gon foi morto pelo Sith Darth Maul, e Obi Wan, após conseguir escapar, foi nomeado Mestre Jedi. Respeitando a decisão de Qui-Gon em transformar Anakin em Jedi, Obi Wan aceita-o como seu Padawan.
Mace Windu
Mace Windu
Windu era um humano nascido em Haruun Kal, com uma enorme habilidade com sabre de luz era considerado um dos melhores lutadores Jedi da sua época, além do respeito como duelista também possuía um enorme peso dentro do conselho Jedi, perdendo apenas para Yoda, ele era uma espécie de vice líder.
Através do seu grande domínio no combate, Windu conseguiu inúmeras vitórias durante as guerras clônicas e foi um dos maiores aliados da república nessa época.
Certo dia quando Anakin descobre a verdadeira identidade do Chanceller Palpatine (Darth Sidious), Windu reúne 3 Mestres Jedi para derrotá-lo, entre eles, estava Kit Fisto. Contudo, os Mestres foram derrotados, o que resultou em um duelo feroz entre Windu e Palpatine.
Durante o duelo, Anakin Skywalker interveio. Enquanto Windu defendia-se com o seu sabre de luz dos relâmpagos que eram lançados por Palpatine, Skywalker acaba optando pelo lado negro da força decide apoiar o lorde Sith ao invés do Mestre Jedi, que mantinha a guarda com extrema dificuldade. Skywalker o golpeou com o sabre de luz, e Palpatine aplicou os relâmpagos da Força com uma voracidade ainda maior, lançando Windu pelo vidro do gabinete do Supremo Chanceler e o matando.
Obi wan Kenobi
Obi Wan Kenobi
Sem dúvida um dos mais conhecidos Jedi em toda a franquia, Obi Wan Kenobi faz jus à sua fama. Humano nascido no planeta Stewjon,Kenobi foi treinado por Qui-Gon Jinn e após sua morte, quando foi consagrado como mestre Jedi, ficou responsável pelo treinamento de Anakin Skywalker, seu protegido.
Obi Wan teve um importantíssimo papel na Guerras clônicas, onde lutou como general ao lado da república. Seu comandante principal era o Comandante Cody. Ele também foi o primeiro Jedi em cerca de 1.000 anos a derrotar um lorde Sith (Darth Maul) em combate, como é mostrado no primeiro filme da franquia.
Após sobreviver a ordem 66 realizada pelo Senador Palpatine, Kenobi foi atrás do seu antigo Padawan em Mustafar, que já era um cavaleiro Jedi. Ele tinha se rendido ao lado negro da força, e após travarem um épico confronto, Obi Wan encerra o combate deixando o atual lorde Sith desmembrado.
Depois muito tempo desde o fim das guerras clônicas ele ressurge como Ben Kenobi, graças a um pedido feito pela princesa Leia Organa. Vendo que estava na hora de se revelar, ele inicia o treinamento de Luke Skywalker, filho de Anakin, mas acaba morrendo em um novo confronto com seu ex-padawan, que agora atendia pelo nome de Darth Vader.
Anakin Skywalker
Anakin Skywalker
Protagonista dos episódios I, II e III, Anakin teve uma vida sofrida, passando os primeiros anos de sua vida como escravo no planeta Tatooine, até ser resgatado por Qui-Gon Jinn, Obi Wan Kenobi (seu futuro mestre) e Padmé (sua futura esposa).
Considerado por muitos da ordem Jedi, o escolhido, que traria o equilíbrio entre os Jedi e os Sith, Anakin foi treinado por Obi Wan, mas sempre se apresentou bastante indisciplinado e costumava questionar o código Jedi, devido a isso, nunca conseguiu se tornar um mestre e nem garantir uma cadeira no conselho, apesar do seu tamanho talento e poder.
Anakin, como a maioria dos Jedi, tiveram uma participação importantíssima como general nas guerras clônicas, ele lutava geralmente nas linhas de frente ao lado do comandante Rex. E foi responsável pelo treinamento de Ahsoka Tano.
Jedis não podiam se envolver em relacionamentos, casarem ou selarem algum tipo de compromisso mais restrito, que não fosse proteger a galáxia. Anakin não concordava com isso e casou-se secretamente com Padmé, com quem futuramente teve dois filhos: Luke e Leia.
Graças ao medo de perder os mais próximos que amava e às suas dúvidas sobre o código, o caminho para o lado sombrio estava bem próximo para Anakin, e o Chanceler Palpatine (Também conhecido como Darth Sidous) viu nele um enorme potencial para se tornar um lorde Sith.
Quando foi convencido por Palpatine a se voltar para o lado sombrio, Skywalker foi responsável por exterminar a maioria dos cavaleiros e padawansJedi que outrora lutavam ao seu lado. Momentos depois ele foi derrotado por seu antigo mestre Obi Wan, em Mustafar que o deixou para morrer após o combate, porém, seu atual mestre Sith, o resgatou (pelo menos o que sobrou dele) e uniu seu corpo à partes de tecnologia, transformando-o assim no temível Darth Vader.
Plo koon
Plo Koon
Plo Koon foi um dos mais exímios espadachins do conselho Jedi. Nascido no planeta Dorin, da espécie Kel Dor, ele foi treinado por um Wookie chamado Tyvokka e dentre suas habilidades também se encaixava a sua experiência como piloto de caça.
Conseguindo recuperar diversos territórios da república durante a guerra dos clones, mestre Plo se encaixa perfeitamente dentre os maiores Jedi da franquia. Sua morte ocorreu durante a ordem 66 quando seu caça foi atingido inesperadamente pelos clones que comandava, devido a sua extrema habilidade, ao morrer, Plo conseguiu levar 141 clones consigo, graças a explosão da sua nave.
Kit Fisto
Kit Fisto
Fisto era um Nautolano, do planeta Glee Anselm. Graças às características da sua espécie ele conseguia respirar embaixo dágua, o que ajudou muito na conquista de planetas aquáticos contra os separatistas. Seu sabre de luz possuía dois cristais e foi modificado para que operasse com mais precisão embaixo dágua, o que o ajudou muito em batalhas no planeta Mon Calamari.
Ele era mestre nas formas de luta Shi-Cho e Jar’kai o que o tornava um espadachim muito bom. Infelizmente, após a descoberta de que Palpatine era Darth Sidious, apesar de estarem em maior número e possuírem habilidades extremas com sabre de Luz, Kit Fisto acabou sendo morto por Sidious ao lado de Agen Kolar e Saesee Tiin.
Ahsoka Tano
Ahsoka Tano
Pertencente a espécie Togruta, do planeta Shili, Ahsoka foi Padawan de Anakin Skywalker durante as guerras clônicas, onde desempenhou seu maior papel.
Seu modo de luta era no entanto peculiar, Ahsoka possuía dois sabres de luz, e dominava a técnica de empunhadura invertida. Durante o seu treinamento com o cavaleiro Jedi AnakinSkywalker, Ahsoka conseguiu se tornar uma exímia estrategista bélica e de combate.
Próximo ao fim das guerras clônicas, ela foi incriminada por sua melhor amiga Bariss Offee (Padawan de Luminara Unduli) que se voltou ao lado sombrio. Quando consegue provar sua inocência, ela não tinha mais a mesma confiança no conselho Jedi, que não deram ao menos um voto de confiança para ela durante os acontecidos. Sendo assim ela resolve deixar a ordem, onde encerra suas atividades como Jedi.
Anos depois Ahsoka volta e dessa vez ao lado das forças rebeldes contra o império. Após descobrir em meio a uma dolorosa batalha que Darth Vader é na verdade seu antigo mestre, Ahsoka deixa seus amigos escaparem, e acaba ficando presa com o vilão, um suspense enorme fica no ar e até então, nada é revelado sobre o seu fim.
Aayla Secura
Aayla Secura
De espécie Twi’lek Rutiana, do planeta Ryloth, Aayla Secura foi eleita como cavaleira Jedi logo no início das Guerras clônicas, após diversas realizações em combate ainda no início do conflito, ela logo foi promovida para Mestre Jedi.
Como Mestre, Aayla Secura liderou as forças Republicanas no planeta Quell e foi fundamental na defesa de Maridun. No entanto, apesar da sua inegável valentia, Secura encontrou o seu fim durante a Ordem 66 em Felucia, com tiros de blaster acertados em suas costas.
Luminara Unduli
Luminara Undulli
Luminara era uma Mirialana, do planeta Mirial (É mesmo?). Seu lábio inferior era manchado permanentemente por um preto arroxeado. As suas tatuagens denotavam sua disciplina física e seus olhos eram de um azul intenso, em contraste à sua pele azeitona-colorida.
Era uma das mestres mais poderosas do conselho, e também uma das mais sábias. Ela usava a forma Soresu de combate com sabres de luz (A forma III), acreditando que um mestre verdadeiro dessa técnica era invencível. Não somente suas habilidades com sabre de luz eram reconhecidas, mas treinou também habilidades que fizeram seu corpo se tornar flexível, podendo facilmente torcê-lo para evadir de quase todo ataque que não obstruísse com seu sabre de luz verde. Dessa forma, os anos do treinamento intenso transformaram seu corpo em uma verdadeira arma.
Luminara foi mais uma das vítimas da Ordem 66, no fim da guerras clônicas, ela foi emboscada pelos clones em Kashyyyk, lar dos Wookies.
Luke Skywalker
Luke Skywalker
Luke Skywalker! Protagonista da trilogia original da franquia, considerado a última esperança dos rebeldes, foi criado em Tatooine, depois de ser levado por Obi Wan e separado de sua irmã gêmea Leia Organa.
Após encontrar com os droides R2D2 e C3PO, ele descobre que o velho Ben Kenobi era um famoso Jedi e foi um grande amigo de seu pai. Ben (nova identidade de Obi Wan) inicia seu treinamento após perceber que a força é grande no jovem garoto. Infelizmente após um grande confronto de Kenobi com o lorde Sith Darth Vader, Luke acaba perdendo seu mestre.
Luke herdou de seu pai a capacidade de pilotar naves com grande facilidade, e graças a essa habilidade, conseguiu destruir a Estrela da Morte, a maior arma que o império galáctico tinha contra os rebeldes. Após um tempo Luke consegue encontrar em um planeta bem distante seu novo mestre, Yoda. Infelizmente, antes de finalizar seu treinamento Luke acaba tendo que salvar seus amigos em outro planeta e acaba confrontando Vader cara a cara, no meio desse confronto ele descobre uma das maiores revelações da sua vida, Darth Vader não matou seu pai, ele era seu pai! Depois de uma batalha épica e uma mão perdida (Normal isso né?), ele consegue escapar do lorde Sith. E quando retorna ao Mestre Yoda, ele já estava a beira da morte, e diz que Luke deve terminar seu treinamento sozinho.
Após um tempo de treinamento, vários truques aprendidos e com as habilidades muito bem aprimoradas, ele consegue no fim convencer o pai a se voltar contra o imperador e juntos trazem a vitória dos rebeldes e o fim do império galáctico.
Luke, com o dever de restabelecer a ordem Jedi, e após longos anos de estudo, ele treina uma nova geração. Mas infelizmente, seu sobrinho é corrompido pelo lado negro e se une à primeira ordem (construída pelos destroços do império) e começa a atender pelo nome de Kylo Ren. Depois dos acontecimentos, Luke resolve se isolar, e percebe que a tentativa de estabelecer uma nova ordem, foi um grande engano.
Chegamos ao fim pessoal, gostaram de conhecer mais sobre os Jedi? Alguma sugestão? deixem aí nos comentários. E lembrem-se nunca subestimem o lado negro, pois pode um caminho sem volta (Ou o nosso próximo dossiê). Até a próxima e que a força esteja com vocês.
Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell, talvez uma das transposições para live-action mais aguardadas dessa temporada de blockbusters, chega aos cinemas com a difícil missão de melhorar a imagem das adaptações orientais no ocidente, visto que nunca tivemos a experiência de presenciar obras derivadas de mangás e animes que fossem bem vistas aos olhos do público, principalmente aos fãs dos materiais originais.
Na animação de 1995, a mente e a alma de um ser original brilhante são extraídas, preservadas e realojadas em um novo corpo, elegantemente desenvolvido, tecnologicamente avançado, aprimorando suas habilidades originais com algum custo para sua identidade.Esta também é a premissa do mangá criado por Masamune Shirow em 1989, utilizado como conceito na animação, que sempre estará marcada como uma referência à Matrix, mas que também é uma descrição suficientemente adequada para a adaptação de 2017 dirigida por Rupert Sanders, fator que já provoca um ponto positivo para o live-action.
Esteticamente o filme faz jus aos seus antecessores animados, principalmente fazendo grandes referências ao longa dirigido por Mamoru Oshii (que até prestou consultoria) e também à série Stand Alone Complex, que trabalha muito em cima do conceito de quem é Motoko Kusanagi.
A questão visual é assustadoramente deslumbrante. Ver a cidade de New Port City, que parece mais uma Tóquio que bebeu de conceitos de Blade Runner,Akira e Cowboy Bebop (menos suja) traça paralelos palpáveis para admiradores de bons sci-fi. Há uma poluição visual espantosa, porém nas cenas que se passam a céu aberto durante o dia, como a memorável luta na poça d’água, você percebe o quanto a película é fiel à estética da obra original, apesar de exageros, principalmente as famosas câmeras lentas nas sequências de ação.
O roteiro sempre foi o ponto mais temido deste filme, pois no visual as produções hollywoodianas quase nunca decepcionam, e o que vemos na película são insights da complexidade da obra original. Fazer uma união de conceitos da animação de 1995 e também da série Stand Alone Complex sempre foi um dos temores deste longa, pois Ghost in the Shell é uma obra que ao mesmo tempo consegue ser algo empolgante e contemplativo. Nós seguimos a luta pessoal de Major com o questionamento sobre sua identidade ao mesmo tempo que desvendamos um mistério com a Seção 9.
De início, a narrativa é bastante desajeitada pois há muito diálogos e também uma necessidade de explicações de como funciona tal mundo corporativista, exposição feita principalmente para aqueles que nunca tiveram contato com as animações ou com o mangá, afinal este é um blockbuster e ele deve funcionar também para quem não conhece tais referências. Apesar de seu começo torto, a adaptação do roteiro funciona, criando uma certa simetria na linha narrativa e desenvolvendo algo aceitável ao longo das quase duas horas restantes.
A maneira como vemos a perspectiva de Major (Scarlett Johansson) é feita de forma crescente, enquanto também move a história para a frente e colabora com a visibilidade da Seção 9 trabalhando como uma unidade, junto do competente Batou (Pilou Asbaek). O grande vilão da trama, Kuze (Michael Pitt), consegue entregar um personagem com certa desenvoltura e muita profundidade para o seu tempo de tela.
Entre os pontos fracos do longa, muitos estão na questão corporativa da trama, principalmente com relação ao CEO da Hanka, que soa como um personagem muito genérico. A atuação da Scarlett Johansson lembra muito uma junção de seus últimos trabalhos, como uma especie de Viúva Negra mesclada com Lucy, o que faz parecer como se ela estivesse num lugar comum.
Outro ponto que não cria uma identidade para o filme é a ausência da trilha sonora clássica que ficou marcada na animação. O filme consegue até fazer algumas referências às composições de Kenji Kawaii, mas é algo que infelizmente passa despercebido e a trilha como um todo não soa tão memorável.
Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell consegue ser um ponto fora da curvade algo que tem a capacidade de ser maior e mais profundo. Porém, dado o lugar comum em que os blockbusters de Hollywood sempre se repetem, vemos ao menos algum vislumbre de esperança no futuro para tal tipo de entretenimento, e se existe uma ideia para o desenvolvimento de continuações, é bem provável que o lado mais questionador e reflexivo da franquia ganhe ainda mais destaque. Não decepciona, porém poderia ser algo além.
Um dos blockbusters mais aguardados do ano, o novo filme dos Power Rangers, franquia da Saban Entertainment, chega aos cinemas trazendo uma visão mais profunda e até então pouco explorada em todo o legado da série, tratando os jovens de uma forma que pode não agradar quem gostaria de ver somente faíscas e robôs gigantes.
Ao tomar consciência da destruição iminente da Alameda dos Anjos, os cinco adolescentes escolhidos para serem os novos Rangers iniciam seu treinamento. O que pode soar como uma trama genérica típica de toda a franquia, no longa dirigido por Dean Israelite (Projeto Almanaque) acaba tomando o aspecto de um filme de drama adolescente, onde os personagens e suas características são os principais charmes.
A história soa como um filme de origem típico de super-heróis. O roteiro de John Gatins apresenta aos poucos todos os pontos essenciais e protagonistas das duas horas de duração com o único objetivo de reintroduzir este universo aos espectadores. Mais da metade da fita é dedicada exclusivamente aos cinco Rangers e ao background de cada um. Jason (Dacre Montgomery), Kimberly (Naomi Scott), Billy (RJ Cyler), Zack (Ludi Lin) e Trini (Becky G.) formam um grupo bem diversificado e com bastante química, contendo seus próprios problemas pessoais da vida de um adolescente, que vão desde o bullying até suas orientações sexuais e transtornos nervosos. A única coisa que todos têm em comum é a sociedade os julgando como “crianças problemáticas”, além da clara necessidade de se tornarem algo mais.
Funcionando bem dentro da mitologia apresentada, o encontro e a união de pessoas tão diferentes lidando com a descoberta de seus poderes e aprendendo juntos sobre as mazelas que os cercam, superando todos seus traumas e dificuldades, acabam por deixar os personagens sem uma forma inteiramente superficial, tornando possível se identificar com algum (ou mais de um) deles, do líder ao alívio cômico. O Billy de RJ Cyler, especialmente, rouba a cena.
Além dos cinco e de seus desenvolvimentos como heróis e seres humanos, parte da aventura obviamente é feita de fanservice e cenas bregas (a famosa galhofa) típicas da série. Zordon (Bryan Cranston) e a afetadíssima Rita Repulsa (Elizabeth Banks) compartilham um passado sombrio, apresentado no filme. A já citada vilã possui os planos clichês de qualquer inimigo dos Power Rangers: destruir o mundo, pura e simplesmente. Tamanha galhofa é tão clara (como deveria ser, dada a temática do filme) não somente em cenas específicas, mas no desenrolar da trama como um todo. Por mais que a profundidade moral de cada um dos Rangers seja algo diferente, tudo é tratado de forma que irá remeter ao que está na tela: heróis coloridos lutando contra monstros alienígenas.
Alpha 5 (Bill Hader) foi modernizado para este universo. Apesar dos trejeitos típicos do Alpha original, que tornam a comparação inevitável, este Alpha é muito mais ativo e age como um professor, física e psicologicamente. Ainda assim, você reconhece o personagem, um ponto positivo de todas as caracterizações do longa. No saldo geral, todo o elenco entrega boas atuações. Ai ai ai ai ai, Zordon.
Obviamente, existem problemas. A maneira despretensiosa como algumas situações são tratadas algumas vezes incomodam, gerando até um desconforto. Porém, não dá para dizer que algo assim não é proposital. As cenas de ação (contidas no terceiro ato, mais acelerado que os dois anteriores) são bem feitas, com coreografias ninjas que remetem ao estilo de luta dos Rangers no decorrer dos anos, porém duram pouco e demoram demais para acontecer. Os grandes destaques acabam sendo os Zords, que partem para a batalha prestando uma homenagem, e possuem visuais e efeitos bem convincentes, algo não tão positivo e deslumbrante quando falamos do grande inimigo físico criado por Rita, também prestando uma homenagem. O clímax da batalha também é fraco, e o peso da destruição não é sentido.
A trilha sonora é outro ponto com pouco destaque. Apesar das músicas se encaixarem na proposta adolescente e dramática do filme, quando os heróis partem para a ação falta algo que empolgue mais que uma música do Kanye West. E a parte instrumental da trilha também chama pouca atenção.
Ao optar pelo desenvolvimento de seus personagens e não pela ação pirotécnica do começo ao fim, Power Rangers entregou o que propôs desde seus primeiros trailers: uma aventura adolescente, destinada aos adolescentes, que mostra como você pode ser um super-herói mesmo com todas as suas falhas. Tomando este rumo, quem espera algo extremamente despretensioso e com ação desenfreada pode se decepcionar, mesmo com o feeling típico de estar assistindo algo da franquia.
Acima de tudo, o filme é honesto no que se propôs, e a cena pós-créditos é promissora, feita para agradar os fãs, dando o gancho ideal – e inevitável – para uma sequência. E os Power Rangers estarão lá para salvar o mundo novamente.
Kong: A Ilha da Caveira começa com os olhos vibrantes e vermelhos do Rei dos Macacos, que ganhou uma homenagem incrível neste novo filme. Baseando-se em clássicos como Apocalypse Now (1979) e até O Predador (1987), Jordan Vogt-Roberts traz um survival horror junto de lutas inacreditáveis entre monstros, humanos e mais monstros. A definição perfeita do blockbuster bem feito.
Na história, Bill Randa (John Goodman) consegue o investimento necessário para juntar alguns militares liderados pelo coronel Preston Packard (Samuel L. Jackson) para uma expedição à uma ilha desconhecida por um motivo até então desconhecido.
Jordan Vogt-Roberts teve à sua disposição atores renomados e importantes no cinema atual. Nomes como Tom Hiddleston, Brie Larson, John Goodman, Samuel L. Jackson e John C. Reily trazem uma bagagem muito grande, mas pouco requisitada. Kong deixa em primeiro plano as cenas de ação e suspense, colocando o desenvolvimento dos personagens de lado prejudicando um pouco a narrativa, mas sem comprometê-la.
E o Oscar de Efeitos Visuais vai para…
Kong é visualmente e esteticamente maravilhoso. A primeira sequência dos helicópteros passando pelo “macaco gigante” em slow motion e sem trilha é de tirar o fôlego. A câmera acompanha freneticamente cada movimentação dos personagens e das mãos de Kong, tornando a chacina completa. Jordan demonstra competência em estilizar ao máximo a ilha e seus detalhes ambientais. Parece bastante como um documentário da National Geographic produzido no conceito hollywoodiano.
Se for ir para assistir a um filme de porradaria e explosões, essa é a escolha. Não há nenhuma profundidade nos personagens, toda a construção da relação entre Kong e Brie Larson passa batida e as mortes ao longo da história se tornam superficiais. Continua sendo um filme pipoca, mas que todo nerd e fã de monstros irá gostar.
Kong: A Ilha da Caveira deixa bem claro no título que Kong ainda não é o famoso King Kong. Ao longo da trama vai se construindo o título de Rei, já que quase todos os diálogos são voltados à sua importância para ilha e seu papel como protetor. É bastante original criar uma origem do zero para o personagem que já é conhecido há décadas.
Porém, nenhuma dessas pautas foram o que chamaram o público aos cinemas. A Warner Bros. estava prometendo um universo de monstros e criaturas, deixando todos na expectativa. Kong tem um futuro, e este é bastante promissor. Não saia antes dos créditos intermináveis, pois há uma cena que irá começar a montar o quebra-cabeça. Godzilla irá retornar em breve…
O novo filme de King Kong é principalmente, uma homenagem aos fãs da criatura e ao próprio personagem. Apesar dos problemas com os protagonistas, Jordan Vogt-Roberts coloca o mais importante na frente sem medo de se arriscar. Um ótimo filme de ação e survival horror para quem curte o gênero.