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Nasce Uma Estrela é poético, emocionante e arrebatador

Existem dois tipos de silêncio ao deixar uma sala de cinema: O negativo, de desinteresse em relação ao que foi assistido, aquele constrangedor o qual não procura sequer, buscar pela mensagem transmitida. E o positivo, de impacto em relação ao que foi testemunhado, não apenas assistido, aquele silêncio, o qual faz perder nos seus próprios pensamentos e sentimentos, remoendo e refletindo até a hora de voltar para casa. Nasce Uma Estrela definitivamente se enquadra na segunda opção. O remake deste clássico, é poético, emocionante e arrebatador.

A alma do filme está nos protagonistas, verdadeiros lados opostos de uma mesma moeda, também conhecida como arte. De um lado, temos Jackson, um músico bem sucedido e com vários problemas envolvendo drogas. Do outro lado, temos Ally, uma jovem garçonete tímida com o sonho de se tornar uma cantora. O acaso entrelaça o destino dos dois e uma linda história de amor começa. Ela progride alcançando o sucesso , enquanto ele afunda nas drogas.

 

Nasce Uma Estrela é um filme sobre sucesso e lama. As duas concepções são exploradas de forma extrema durante a narrativa. Qual o preço do sucesso? Perder sua identidade e originalidade em prol daquilo que as pessoas anseiam, ou ser autêntico, ter algo a dizer, mas não ser compreendido? Há uma discussão sobre subjetividade e liberdade artística muito grande aqui. Até onde podemos afundar? É possível se reerguer? Se sim, como? Nasce Uma Estrela não apenas tece comentários sobre a indústria do entretenimento, seu principal pilar está no romance, na história de amor entre dois personagens com problemas diferentes, doando-se um ao outro no decorrer da narrativa.

Devoção e entrega, são dois adjetivos para descrever a química existente entre Lady Gaga, entregando uma personagem sonhadora, o lado mais positivo do filme e Bradley Cooper, entregando um personagem melancólico e problemático, sendo impossível determinar quando o personagem se encontra em seus momentos de sobriedade ou alucinação, a dupla é excelente, mas Cooper é quem definitivamente entrará na corrida do Oscar e arrancará as lágrimas da audiência com sua poderosíssima atuação e direção.

Este é o primeiro filme dirigido pelo ator e ele, sinceramente, não aparenta ser tão novato assim. Priorizando o silêncio, closes e movimentos de câmera agitados, Cooper traz um filme o qual parece ter vida, pulsando constantemente. Os momentos de maior destaque com certeza residem nas cenas envolvendo shows, com uma grande quantidade de flashes em cima dos personagens, neste sentido de dar vida ao filme, a edição de som, também é perfeita, assistir a obra na tela grande, é como assistir o seu músico favorito ao vivo, mas sob uma perspectiva muito mais pessoal.

Falando em perfeição, o aspecto mais poderoso e o qual será levado pelo espectador após o final da projeção, é a trilha sonora, a qual não apenas é literalmente “música para os ouvidos”, mas tem um propósito gigantesco dentro da narrativa e nos dizeres dos seus personagens.

É muito cedo para afirmar se esta versão de Nasce Uma Estrela é realmente um clássico, mas é um daqueles dramas sobre sucesso e lama o qual definitivamente merece seu ingresso e algumas indicações ao Oscar.

“Maybe it’s time to let the old ways die.”

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Venom não é o parasita que queríamos, mas é aquele que merecemos

Desde a estreia de Homem-Aranha 3 em 2007, a Sony Pictures lutou constantemente em desenvolver um filme do Venom, que segundo olhares mais minuciosos e gananciosos dos produtores, o monstrengo sempre foi um personagem que pudesse segurar uma trama sozinho sem a presença direta do amigão da vizinhança. Contudo, após diversos problemas envolvendo a franquia dirigida pelo cineasta Sam Raimi, a película do simbionte assassino ficou cerca  de sete anos engavetada. Até agora.

Então, o estúdio decidiu dar mais uma chance ao anti-herói, lançando Venom neste ano com força total. A película será a primeira de um universo cinematográfico composto por diversos heróis e vilões da Marvel em que a Sony tem propriedade, sendo Morbius de Jared Leto, a próxima obra a entrar em produção.

Eddie Brock (Tom Hardy) é um jornalista investigativo, que tem um quadro próprio em uma emissora local. Um dia, ele é escalado para entrevistar Carlton Drake (Riz Ahmed), o criador da Fundação Vida, que tem investido bastante em missões espaciais de forma a encontrar possíveis usos medicinais para a humanidade. Após acessar um documento sigiloso enviado à sua namorada, a advogada Anne Weying (Michelle Williams), Brock descobre que Drake tem feito experimentos científicos em humanos. Ele resolve denunciar esta situação durante a entrevista, o que faz com que seja demitido. Seis meses depois, o ainda desempregado Brock é procurado pela doutora Dora Skirth (Jenny Slate) com uma denúncia: Drake estaria usando simbiontes alienígenas em testes com humanos, muitos deles mortos como cobaias.

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Aclamados por muitos, Tom Hardy não entrega a sua melhor atuação para o público, pelo ao contrário, ele concede algo mais bem humorado e que no fundo, sabe que não será levado a sério por aqueles que estão o assistindo. No entanto, é perceptível o nível de esforço do ator em entregar um comportamento mais hostil vindo de um olhar desesperador de Brock por conter um parasita vivendo dentro do seu corpo e mente. 

A interação entre os protagonistas é o ponto alto da história. O modo de que os seres interagem entre si chega a dar brilho nos olhos, fazendo em determinados momentos com que o telespectador se simpatize com a relação problemática dos personagens. Mas, nem tudo é um mar de rosas. Piadas fora do tempo chegam a ser um problema, mas ainda sim, uma pequena pedra no sapato na narrativa como um todo.

Ao mesmo tempo que é uma criatura sedenta por sangue, o Venom se prova como um verdadeiro herói diante de um mundo sujo e irracional no qual ele veio. Já Brock, é a representação perfeita do fracasso, perda e depressão, mas tudo feito a partir de uma maneira divertida e menos desastrosa.

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Sem sombras de dúvidas, o enredo é o mais simples e corrido possível. A sensação que o filme passa para quem está assistindo, é de que o conto visto durante duas horas, foi feito as pressas e sem nenhum cuidado aparente, ainda que contenha elementos 100% fiéis a mitologia do personagem, existe uma sensação de insatisfação após o seu término, que é amenizada por sua primeira cena pós-créditos. É um gancho perfeito para uma eventual continuação.

Riz Ahmed interpreta dois antagonistas, o doutor Carlton Drake e o monstro RiotDrake é egoísta e perfeccionista ao extremo, indo até o fim para que os seus desejos mais profundos sejam realizados. Já Riot, é uma versão menos simpática do protagonista alienígena, mas é clara a preguiça por parte dos produtores e diretor Ruben Fleischer em desenvolver uma nova personalidade ao antagonista. Ele é basicamente o Venom, só que mais malvado e com poderes acima de qualquer outra criatura de sua terra natal. 

Além de Tom Hardy, Michelle Williams que dá vida a Anne Weying, é a cereja do bolo. Sua interação com Brock é desafiadora e empolgante, e no fim das contas, ter amizade com o ex-marido e ainda ajudá-lo nos momentos mais difíceis da vida, é pedir para ser elogiada.

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Desta maneira, Venom consegue ser competente sem a presença do Homem-Aranha em sua composição cinematográfica, que por sinal, era a preocupação de muitos em relação ao longa. Se a Sony Pictures investir mais em suas produções e pensar menos com um olhar empresarial e mais com uma visão de fã, seu universo cinematográfico pode ir longe, e quem sabe, incluir o escalador de paredes do Tom Holland em sua mitologia.

Espero que tenha gostado, até a próxima e nunca na sua vida, deixe que um parasita te dê conselhos amorosos.

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A simpatia de um namoro fiel criado por Para Todos os Garotos que já Amei

Se apaixonar é fácil, difícil mesmo é amar, mas quando amamos, nada se compara com essa sensação. A frase que você acabou de ler nada mais é do que um fato que acompanha o ser humano desde a época que os primeiros seres pensantes da nossa linhagem histórica começaram a caminhar pelo globo. Durante toda a vida, nós nos apegaremos de maneira amorosa por diversas pessoas, seja você homem ou mulher, mas, na visão de quem vos escreve, o coração de um determinado indivíduo só pertencerá ao seu companheiro(a) apenas uma única vez, afinal, se amar fosse tão simples assim, ninguém estaria sofrendo pelo amor após o término de uma relação duradoura (ou não).

Estou cursando o terceiro ano do colegial e assumo que apesar de ser um garoto um tanto quanto jovem, já sei o que é o amor, e ele é lindo. Comecei a namorar no início desse ano com uma garota que eu julgo ser a melhor do mundo. Você deve estar se perguntando: ”como que esse mero rapaz tem tanta propriedade no que fala? Sendo que ele começou a namorar nesse ano pela primeira vez?”  Eu apenas sei do que estou falando. Lembra da primeira frase que você leu nessa coluna? Então… Mas, estou aqui para falar da excelente comédia romântica Para Todos os Garotos que já Amei, adaptação cinematográfica da série de livros de mesmo nome, composta por mais duas obras, que são: Agora e Para Sempre, Lara Jean e P.S. – Ainda Amo Você e que me fez pensar muito mais sobre o meu atual relacionamento.

No longa, acompanhamos a personagem Lara Jean Song Covey, que escreve cartas de amor secretas para todos os seus antigos paqueras. Um dia, essas cartas são misteriosamente enviadas para os meninos sobre os quem ela escreve, virando sua vida de cabeça para baixo.

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Mesmo sendo uma história deveras clichê, a produção me surpreendeu em diversos aspectos. Confesso que de primeira, fui conferir o filme com olhar pessimista e um tanto quanto ranzinza, mas óbvio, esses pensamentos ”chulos” da minha parte, desapareceram logo nos primeiros minutos, após a película se provar como uma transposição extremamente fiel ao material original.

Lara Jean, vivida pela atriz Lana Condor, se sustenta por si mesma. Ela está longe de ser aquela pobre coitada que o telespectador está acostumado a presenciar nos longas de comédia romântica mais usuais. Sua inteligência e a maneira que ela trata as coisas, principalmente os seus problemas, são os pontos chaves da composição sentimentais de sua personagem; lidando com bom humor em diversas situações tensas e constrangedoras que vão lhe perseguindo em determinados momentos fundamentais da trama. Mas como tudo não é um mar de rosas, a garota também chora e sofre pelos amores de sua vida, transformando alguns momentos da trama em algo mais raso e menos alegre.

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Assim como Lara, os personagens secundários são os pontos altos do longa. Peter Kavinsky e Josh Sanderson, interpretados respectivamente por Noah Centineo e Israel Broussard, são os principais crush’s da personagem principal, que demostra ter um enorme carinho e compaixão pelos dois rapazes, nos quais em resolutos momentos, alegam a si mesmos e para quem está assistindo, de que são excelentes possíveis futuros namorados ideais para a garota.

Além dos dois rapazes, está a presença de mais três garotos que não são tratados com muita ênfase durante a narrativa, esquecendo de mostrar um deles durante a jornada cinematográfica e deixando os outros dois de escanteio apenas para serem usados em ápices temporais mais insignificantes. Primeiro e único ponto fraco do filme.Sua trilha sonora também não é uma das mais memoráveis, mas, com certeza despertará um certo nível de curiosidade na mente de quem está assistindo para que após a conclusão da película, vá correndo procurar quem é o produz um ou outro hit presente na obra.

Vale mencionar, que as atuações dos atores John Corbett, Anna Cathcart  e Janel Parrish estão entre o alto panteão da película, sendo os responsáveis por fazer diversas piadas geniais ao desenrolar da narrativa, que por incrível que pareça, não cansam e muito menos perdem a graça com o passar do tempo.

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Para Todos os Garotos que já Amei representa a minha vida amorosa nos últimos meses. Demorou muito para que eu encontrasse ”aquela que eu pudesse colocar a sapatilha de vidro em seus pés”, mas, finalmente ela apareceu e a espera valeu muito a pena. O que foi testemunhado durante os seus primeiros minutos até os seus últimos segundos é totalmente incrível e até mesmo um pouco mágico, afinal de contas, um filme de comédia romântica que não cansa e inspira é até um pouco difícil de se ver (sim, eu conheço mais alguns, mas vamos dar o foco para a história de Lara, ok?).

Espero que tenha gostado, até a próxima e não se esqueça: ”eu darei todo o meu amor à você em letras maiúsculas” <3  

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Buscando…: A sombria realidade falsa

Buscando… consiste em um trabalho pensado profundamente, que se sustenta no suspense para transformar sua narrativa em uma verdadeira experimentação. Gerando um conflito entrelaçado com seus personagens e relacionamentos, o filme consegue demonstrar a dramaticidade e urgência de sua história, mas sem ignorar a autenticidade da linguagem cinematográfica adotada. A internet e os meios eletrônicos como base para toda a construção da narrativa trazem identidade a obra, que discute polêmicas e problemáticas envolvendo os espectadores numa progressiva descoberta ligada ao enredo e à nossa própria realidade.

Nos primeiros minutos de exibição, há dois elementos fundamentais estabelecidos: o psicológico dos personagens e a linguagem. Através da tela de um computador – que será o cenário até o final – nos é transmitido o passado da família Kim até os dias de hoje. Os registros dos familiares ficam contidos nos incontáveis documentos no computador. Através de fotos, vídeos, telefonemas e notificações, conseguimos entender os acontecimentos de forma cronológica e coerente. Mesmo sendo previsível o que acontecerá com uma das personagens, o diretor Aneesh Chaganty encontra maneiras inventivas e criativas de revelar os desfechos. A partir deste início, a conexão com o filme está realizada, e a linguagem estabelecida.

O mistério é transmitido ao redor do desaparecimento da filha (Margot Kim) e a tentativa desesperado do pai (David Kim) de reencontra-la. Com isso, ele começa uma busca incansável nas redes sociais da garota, tomando conhecimento de outras dificuldades enfrentadas e escondidas por sua filha. As descobertas do pai são empolgantes, já que estão inseridas no conceito da linguagem do computador acompanhado de uma trilha tensa – intensificando a dramaticidade e a perturbação. Porém, a melhor de todas adaptações decorrentes da técnica de produção é a utilização da webcam como ponto de vista. Os planos e enquadramentos são fixos e inexpressivos, abrindo total espaço para atuação dos personagens – por outro lado, os planos do Windows e do MacBook são intercalados para se criar dinamismo na hora do suspense, incluindo cortes secos e zoom.

Bem montado e estruturalmente sem falhas, Buscando… consegue implementar um discurso rígido e sério sobre a utilização da tecnologia nos dias atuais. Contudo, nada é nu e cru. O trabalho é fragmentado pelas questões de justiça cibernética, exclusão social, pós-verdade e até julgamento público. Tais problemáticas não são abordadas de forma direta, sendo diluídas através das cenas no clímax do suspense. E, consequentemente, o filme nos coloca na posição de julgarmos as ações dos personagens, decorrentes das descobertas ao longo da exibição.

Mesmo assim, o thriller mostra que as suspeitas estavam equivocadas, nos colocando contra a parede. Neste momento, percebemos que nos tornamos logo aquilo que Buscando… estava criticando. A obra  deixa de ser um mero suspense para dar espaço a um experimento social válido e complexo, demonstrando que as influências da tecnologia são um ciclo interminável. Os pensamentos e os julgamentos estão em nossas cabeças, só basta um meio de alcance considerável para expô-los. Não importando quem esteja do outro lado da tela.

O terceiro ato é constituído por dois plot twists coerentes com o que foi contado. Existem, obviamente, algumas extrapoladas inevitáveis para concretizar o destino dos personagens, mas aceitáveis na presença de uma ótima construção e ambientação. Imitando o começo, o final combina os elementos cinematográficos na transmissão de uma conclusão em nível de excelência.

Buscando… é o tipo do gênero de suspense que consegue captar o público de primeira e desenvolver satisfatoriamente sua história. Entretanto, o principal atrativo fica com o experimento feito simultaneamente, que nos demonstra a incapacidade do ser humano diante da nova realidade dominada pela tecnologia, falsa e obscura.

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A Freira: Muito potencial, razoável aproveitamento

Os spin-offs de Invocação do Mal começaram com o pé esquerdo. Tendo Annabelle (2014) como seu ponto de partida, era nítida a falta de empenho dos realizadores em tentar produzir algo de verdadeira qualidade e significância, como as obras principais que serviam de base temática para estas outras empreitadas. Depois veio a continuação, intitulada A Criação do Mal (2017), que se distanciou do seu antecessor fazendo um filme com muito mais perspectiva, apesar de ainda ser bem inferior em relação aos dois Invocação do Mal. Agora, com A Freira, a esperança de finalmente ter um filme competente e que faria jus aos principais renascia. Prometendo uma premissa pautada diretamente a religiosidade, utilizando uma das figuras mais icônicas de Invocação do Mal 2 (2016), A Freira é, sem dúvida alguma, MAIS um erro dos realizadores que não encontraram o equilíbrio entre criatividade e reverência.

A Freira escancara o principal problema de todos os filmes paralelos, que juntos, tendem a criar um universo integrado: a falta de uma mente ambiciosa como a de James Wan. É nítida a falta de visão do diretor Colin Hardy em tentar criar algo inédito. Enquanto vemos Invocação do Mal corajoso na tentativa de alterar os padrões técnicos do terror, presenciamos A Freira indo para a direção contrária. Mesmo se sustentado na religiosidade, que poderia ser seu trunfo, o filme não ultrapassa a linha das convenções e dos clichês do gênero, resultando em outro trabalho sem personalidade e comprometimento com o que está sendo contado.

Em relação ao Annabelle, A Freira se assemelha muito no que se entende como falta de ritmo e ambientação. Se em Annabelle os ambientes e personagens soavam forçados, este não se diferencia muito. Até os primeiros dois planos gerais em que vemos a visão do castelo como uma forma de nos situarmos dentro do campo de ação, havia um certo cuidado em relação a composição espirituosa do convento e seus integrantes. Porém, o problema é quando as repetições de enquadramentos e sequências se tornam obstáculos para o fluxo da experiência: não há sentimento de claustrofobia ou inquietação em nenhum dos ambientes internos, porque o longa não se preocupa com tal.

Já falando em ritmo, A Freira consegue estragar seus pontos mais altos com bizarrices envolvendo alívio cômico sem nenhum impacto, e diálogos fracos e superficiais entre personagens quase inexpressivos. Quando há esse tipo de situação, fica escancarado o descuido em tratar seu gênero como mero entretenimento passageiro, estragando uma experiência que poderia ser, no mínimo, interessante.

Se a criatividade passou distante do processo de filmagens de A Freira, não há como se negar as reverências às convenções do gênero de terror. O momento do susto – referenciado pela expressão jump scare – as aparições diante do escuro e do vazio, o som ensurdecedor, o corte seco e preciso, além de várias outras técnicas já manjadas por fãs de longa data. Há de ser justo e dizer que, quase sempre, Hardy acerta a mão em tratar seu filme como um simples precursor do bom e velho terror. As luzes, que formam sombras e escuridões, dão uma sensação sombria satisfatória, além de trazer cores como o vermelho e o azul para irem se alternando entre as passagens. A edição e mixagem de som são, facilmente, a melhor coisa de A Freira. Correntes, vozes, passos, gritos, orações, trovões, entre outros, constroem, gradativamente, um conjunto de elementos que são encaixados de acordo com a movimentação dos objetos – corretamente dispostos no quadro, conseguindo captar a essência da religiosidade – e da tensão na cena.

O jump scare também é altamente utilizado. Vários cortes e panorâmicas são propositais, tornando previsível alguns espantos aos espectadores mais experientes. Mas há alguns bons sustos que pegam todos os públicos desprevenidos. Os que envolvem a freira são os melhores e eficazes, porque são esses que vão trabalhar toda a figura dela, desde a vestimenta até a maquiagem. Continua sendo uma das figuras mais aterrorizantes desse universo, mesmo com o excesso de CGI em quase todas as aparições.

Há um elenco formado por bons atores e atrizes, mas que trabalham pouco por seus personagens, provavelmente pelo texto fraco. O Padre Burke (Demián Bichir) e Frenchine (Jonas Bloquet) são os mais dispensáveis e entram para alguns dos piores da franquia. Ambos são os típicos que farão as maiores burrices, e às vezes ultrapassando o limite entre a facilitação do roteiro e a coerência da própria personalidade. Se um é o padre mais inútil da face da Terra, o outro é o personagem da Marvel com o pior timing da história.

Contudo, o núcleo feminino composto pela Taissa Farmiga e Charlotte Hope é formidável. Ainda acontece algumas incoerências, desta vez toleráveis. A Irmã Irene (Farmiga) chama a atenção no terceiro ato, quando é exigida pelos sufocos e dramas que envolvem a sua maturidade. Já a Irmã Oana (Hope) é rápida em sua aparição, porém marca com o peso dramático em que está envolvida. Duas personagens femininas que conseguem entregar uma parcela significativa de seu potencial.

A Freira consiste na falta do novo e na insistência do velho. Carece de criatividade e da ambição de seu próprio diretor, que parece não se importar com a falta do seu envolvimento. Como filme de terror, consegue se sair razoável por apresentar um bom domínio das velhas técnicas e truques para prender o espectador na poltrona. Talvez seja exatamente isso que o público espera, já para aqueles que buscam inovação e experiências únicas e particulares, A Freira não seria a melhor opção.

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Os Jovens Titãs em Ação: Nos Cinemas é uma crítica ácida aos filmes de HQs

Os Jovens Titãs em Ação é provavelmente o desenho de super-heróis mais controverso da face da Terra. Dito isso, a paródia baseada na série animada de 2003, acumulou no decorrer dos anos, o desgosto de inúmeros fãs da equipe e o amor, do público infantil. Entretanto, pouco importam as críticas ao fato de ser uma animação com piadas de pum constante, eles acabaram de ganhar um filme, o qual, sinceramente, no quadro mercadológico cinematográfico atual, merece sua atenção, pois acreditem ou não, é menos infantil do que aparenta.

O ditado: “Nunca julgue um livro pela capa” se aplica bem aqui. Os Jovens Titãs em Ação: Nos Cinemas – que título longo – é uma crítica ácida à saturação dos filmes baseados em HQs disfarçada de animação infantil. Na trama, a equipe faz de tudo para ganhar o seu próprio filme, pois esta é a única forma de ser considerado um super-herói de verdade. Entretanto, o mundo os enxerga como uma piada ruim (qualquer semelhança com a nossa realidade está fora de questão). Logo, para realizarem seu sonho e alcançarem a dignidade, eles precisam encontrar o seu arqui-inimigo. Assim surge, mais tarde, Slade, com o objetivo de controlar todas as mentes do mundo.

Titãs e Jade Wilson (Nome estranho, certo?)

Sem limites, o roteiro de Aaron Horvath e Michael Jelenic desconhece a linha tênue entre DC e Marvel. Fazendo as piadas mais óbvias, se aproveitando da popularidade de certas produções (Batman vs Superman é a diva a qual todos querem copiar) e até mesmo, da falta de popularidade de alguns personagens. Fãs de carteirinha da Casa Erguida pelo Batman, rirão alto durante a sessão. O script é absurdo e inclui inúmeras canções para nos lembrar que isto ainda é uma animação para crianças, mas sabe como ser sombrio em expôr a compulsividade de Hollywood em produzir adaptações baseadas em quadrinhos. Se até o Alfred pode ter um filme, por que os Titãs não podem?

Outro aspecto o qual merece atenção, é o uso de diversos estilos de animação durante a película, não apenas como uma forma de homenagear determinadas séries animadas, mas também, para se adequar ao tom de determinadas cenas. A movimentação é fluída e as cores enchem os olhos de quem assiste, principalmente os cenários desenhados pelo artista Dan Hipp, com diversos easter-eggs e trocadilhos, alguns cruéis, para os mais atentos. A trilha sonora, sempre evidenciando o tema original da série, dinamizam as cenas de ação e as canções grudam como chiclete.

Em um ano em que metade do universo foi obliterado e estamos sendo bombardeados por suposições e rumores envolvendo saída de atores, Os Jovens Titãs em Ação: Nos Cinemas vai ser amado pelas crianças, talvez odiado pelos adultos, mas nunca esquecido por este redator que vos escreve, assim como uma certa continuação de uma animação bem adorada, é uma crítica ao modo como estamos consumindo a cultura pop e como ela está nos consumindo. Mas é claro, no fim do dia, todos continuarão a pensar: “É apenas um desenho com piadas de pum.”

 

 

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Hotel Transilvânia 3: Férias Monstruosas: Colorido, divertido e esquecível

Hotel Transilvânia 3: Férias Monstruosas tem uma proposta muito particular. Enquanto há animações que tendem a cair para a infantilização completa, abusando no colorido e na falta de lógica entre personagens e história, há outras que tentam entrar em equilíbrio entre o público infantil e adulto, buscando a seriedade no meio da infantilidade. Já a trilogia de Hotel Transilvânia como um todo, sempre teve um foco para com as crianças, desde o descompromisso com a história até a exacerbação dos perfis de seus personagens, porém, nunca deixou de tentar trazer referências e piadas do mundo adulto, criando uma experiência no mínimo interessante.

Férias Monstruosas acompanha a família do Conde Drácula de férias no passeio em um navio, devido ao cansaço e o descontentamento dos personagens diante do trabalho árduo no hotel. Logo nos primeiros minutos, um rápido diálogo entre Drácula e Mavis revela que o navio funciona como uma pousada de férias, justificando o mantimento do título do filme como Hotel Transilvânia. Como no primeiro, o terceiro filme consegue explorar  o ambiente de forma leve e carismática, desfrutando comicamente, embora clichê, das diversas características de seus personagens comparadas aos hábitos humanos.

Responsável pela direção dos três longas, Genndy Tartakovsky é um dos mais experientes em sua área. Trabalhou em Samurai Jack, Star Wars: Guerras Clônicas, O Laboratório de Dexter etc. E, obviamente, fica nítida a sua experiência na telona. A forma como os enquadramentos são desenhados torna a visibilidade das cores, do ambiente e dos personagens fácil. Não contém poluição visual, nem mesmo nas cenas de ação, há uma preocupação estética na forma de construir quadros que consigam capturar a essência dos momentos e, ao mesmo tempo, criar passagens frenéticas e animadas.

Em relação a dublagem brasileira, ponto positivíssimo. Além de manterem os dubladores oficiais, não tem nenhuma fala que apresente gírias brasileiras ou referências toscas da própria cultura nacional, que só brasileiros entenderiam. Existe uma fidelidade com a própria narrativa e os personagens continuam sendo bem representados por vozes que combinam com suas ações e traços, mesmo que tenham recebido críticas no começo da trilogia.

A condução descompromissada e, por muitas vezes, exagerada, estraga bastante Hotel Transilvânia. O compromisso entre a história e o espectador infantil/adulto é mínimo na hora da diversão e da experiência cinematográfica. Mesmo tendo uma qualidade estética notável, a falta de ambição é constrangedora, colocando este filme como mais um de uma enorme parcela de medíocres que acham que “cumprir seu papel de entreter o público” é o máximo que podem atingir.

Porém, a experiência tende a ser interessante por apresentar uma particularidade. Referenciar o mundo adulto de forma maliciosa, ou a cultura popular entre adolescentes, não é uma tarefa das mais simples. É preciso dosar os momentos corretos para que isso aconteça corretamente, e Hotel Transilvânia 3 não decepciona nesse quesito. São nos ápices da aventura que as referências ocorrem, nas viradas mais importantes da trama, que pode causar até um certo descontentamento por parte das crianças mais novas. Músicas e malícias em certas falas fazem com que o filme consiga se conectar com maiores públicos, sem, necessariamente, trazer seriedade ao que está sendo contado.

Hotel Transilvânia 3: Férias Monstruosas é bonito, bem dirigido, colorido e dublado por uma equipe competente. Mesmo com tantos elogios, é fácil exemplificar os problemas e as condições que causarão o esquecimento acelerado deste. Mais uma animação que tinha potencial de ser ótima e trouxe algo pelo menos diferenciado, mas que não consegue sair da sua zona de conforto e segurança. Infelizmente, essas férias não foram as melhores como esperávamos.

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Homem-Formiga e a Vespa é um pipocão que diverte e entretém toda a família

Após a conclusão do estrondoso Vingadores: Guerra Infinita, o público consumidor de filmes de histórias em quadrinhos já estavam sedentos e curiosos por mais filmes do gênero. Contudo, Homem-Formiga e a Vespa não necessariamente preenche esse vazio por completo, mas, é um ótimo ”aperitivo” para nos dar um gosto do que está por vir no futuro do MCU:  Vingadores 4.

Lançado em 2015 com a proposta de ser um longa metragem de super-herói diferenciado dentro do Marvel Cinematic Universe, Homem-Formiga é um dos filmes mais contidos dentro do macrocosmo da casa das ideias, construído a partir de seus dizeres e ações, algo totalmente independente e longínquo do resto dos vigilantes mais famosos do mundo, mesmo contendo diversas menções a outros personagens. O mesmo se repete com Homem-Formiga e a Vespa, mas com uma frequência bem mais amena e menos corrida; onde é possível explorar mais da mitologia dos heróis com uma frequência mais estável e cautelosa.

Scott Lang lida com as consequências de suas escolhas tanto como super-herói quanto como pai. Enquanto tenta reequilibrar sua vida com suas responsabilidades como o Homem-Formiga, ele é confrontado por Hope Van Dyne e Dr. Hank Pym com uma nova missão urgente. Scott deve mais uma vez vestir o uniforme e aprender a lutar ao lado da Vespa, trabalhando em conjunto para descobrir segredos do passado.

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Era de se esperar um pouco mais a respeito da parceria entre os dois personagens, porém, a dupla consegue interagir bem entre si, entregando cenas de ações dinâmicas bem claras e concisas, longe de deixar o especator confuso. Tudo é feito a partir de uma visão mais cautelosa e delicada da coisa, entregando assim, o primeiro casal de heróis do MCU.

Na maior parte do longa, a trama se limita apenas no Homem-Formiga (Paul Rudd), deixando a Vespa (Evangeline Lilly) de escanteio em momentos cruciais da história. Entretanto, é muito gratificante que uma heroína  da Marvel tenha um destaque de peso em um filme de heróis, quanto a Hope tem em seu ”próprio” longa de guarda compartilhada. Sintetizando, ambos dos personagens fazem um bom trabalho, mesmo que isso acabe sacrificando o potencial de algum deles em alguns momentos chaves.

Diferente de seu antecessor, aqui Paul Rudd atua de maneira menos madura para executar funções mais voltadas para o humor, como por exemplo, interação de Scott com a sua filha Cassie (Abby Ryder Fortson), que mesmo tendo piadas fora do timing entre uma cena e outra, é muito divertido de se presenciar a vida de um herói que ao mesmo tempo é um pai presente.

Já, Evangeline Lilly contracena com a câmera com mais serenidade, apresentando uma visão impotente e robusta de sua personagem. Ponto positivo para a Vespa.

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As personalidades secundarias como Henry Pym (Michael Douglas) e Luis (Michael Peña), são as chaves para definir o tom do filme em certas ocasiões. De um lado, temos um senhor frustado que faz o possível e impossível para resgatar a sua esposa Janet (Michelle Pfeiffer) do reino quântico, que acaba moldando dentro de si, uma personalidade deveras ranzinza. Já, na outra face da moeda, é nos apresentado com mais ênfase, o humor genial do melhor amigo de Scott, que sempre achará um jeito de fazer as suas piadas, seja em um momento importuno ou não.

Vivida por Hannah John-Kamen, a Fantasma está longe de ser considerada uma das melhores vilãs do MCU, mas também, está bem distante de ser a pior. Sua motivação faz o total sentido dentro da história, mas infelizmente, não é bem trabalhada, caindo infelizmente no famoso clichê de antagonista. Todavia, a escolha de adicionar uma protagonista mulher e não homem ao filme é uma ótima saída para poder explorar diversos gêneros com mais calma e menos rapidez nessa pequena jornada.

 Havia muitas dúvidas sobre uma possível ligação com Vingadores: Guerra Infinita e Vingadores 4, principalmente se o longa entregaria uma ou mais soluções para o que foi visto no desfecho do terceiro filme dos maiores heróis do mundo. Pode ser que ele estabeleça sim algo que será essencial no futuro, porém, estragaria toda a graça se eu dissesse o que é, afinal de contas, a grandiosidade de ambas das produções estão na experiência de quem está assistindo, e com certeza absoluta  eu não quero tirar isso de ninguém.

Resultado de imagem para ant man and the wasp ghost Finalizando, em hipótese alguma  Homem-Formiga e a Vespa é o melhor filme do MCU, entretanto, o mesmo não consegue alcançar o feito de pior da Marvel,  pois mesmo com os seus diversos erros, ele cumpre bem o seu objetivo: divertir e entreter toda a família.

Espero que tenham gostado, até a próxima e lembre-se, antes de for vestir o seu traje heroico, verifique se o regulador de tamanho não está quebrado.

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Jurassic World 2: Um resgate ao terror de Spielberg

CONTÉM SPOILERS!

Um dos grandes símbolos de quando Jurassic Park estreou nos cinemas lá em 1993 foi o Brontossauro. Ao som de John Williams, os personagens e o público são apresentados ao primeiro espécime do parque. E é com ele que o cineasta espanhol J.A. Bayona, de O Impossível e O Orfanato, coloca um fim trágico, melancólico e triste para a Ilha Nublar em Jurassic World: Reino Ameaçado.

Os personagens de Chris Pratt e Bryce Dallas Howard assistem, enquanto saem do arquipélago totalmente tomado pela lava do vulcão, o Brontossauro, que conhecemos 25 anos atrás, gritar, envolto à uma mistura de cinzas e chamas.

O filme é dividido em duas grandes partes. A primeira discute temas como preservação das espécies, se vale a pena ou não salvar novamente os dinossauros de sua extinção. A segunda envolve grandes corporações mundiais querendo uma fatia do poderio biológico de possuir e criar espécies híbridas com propósitos financeiros e militares.

Na parte da Ilha Nublar, destaca-se o grande plano sequência dos personagens humanos e dos dinossauros fugindo da erupção vulcânica. Na segunda parte, aflora toda a especialidade de Bayona. O filme se transforma em uma produção de terror, ambientada dentro de uma casa mal-assombrada.

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O híbrido Indoraptor é arquétipo do gênero de terror, abrindo espaço para diversas homenagens do diretor ao primeiro filme de Jurassic Park e à Steven Spielberg. Com portas sendo abertas, portas não querendo fechar, personagens se escondendo, Jurassic World faz o público se lembrar de icônicas sequências, principalmente dos Velociraptors procurando pelas crianças na cozinha do parque.

Pratt e Howard retomam a parceria iniciada no primeiro filme, focando, desta vez, no relacionamento que cada um deles tem com os dinossauros, principalmente com a raptor Blue.

A trilha sonora de Michael Giacchino faz um tributo à lendária trilha criada por John Williams para a franquia Jurassic Park.

Reino Ameaçado possui uma cena pós-crédito e abre espaço para a trama do terceiro filme com os dinossauros se espalhando pela Terra, e grandes empresas criando mais e mais novos seres. A humanidade é colocada em xeque com o mundo virando cada vez mais jurássico.

Segundo filme será lançado em junho de 2018.

Esse é um filme que resgata a veia de terror iniciada por Spielberg e abre grandes possibilidades para a franquia em seu futuro.

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Os Incríveis 2 | O retorno triunfal após 14 anos de espera

Não é segredo para ninguém que a Disney em parceria com a Pixar consegue criar belas e emocionantes animações, em que na maioria das vezes, culminam em uma experiência mágica e emocionante para toda a família. Mas, quando o assunto se trata de continuações, ambas das empresas acabam pecando um pouco em desenvolvimento de roteiro; caso de Carros 2 e Universidade Monstro, que mesmo sendo dois filmes animados de sucesso, não conseguiram agradar o público em geral, caindo no logo esquecimento.

Felizmente, o erro não se repete com Os Incríveis 2, pelo o contrário, a experiência que se tem ao assistir o filme ,é exatamente a mesma de 14 anos atrás, ou seja, mesmo com pequenas falhas técnicas, é possível ter uma experiência cinematográfica de respeito do início ao fim.

Quando Helena Pêra é chamada de volta para lutar contra o crime como a super-heroína Mulher-Elástica, cabe ao seu marido, Roberto, a tarefa de cuidar das crianças, especialmente o bebê Zezé. O que ele não esperava era que o caçula da família também tivesse superpoderes, que surgem sem qualquer controle. Zezé é um dos destaques do filme e cada aparição do personagem consegue nos tirar boas gargalhadas.

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Analisando o filme de uma maneira mais minuciosa, ele se assemelha bastante com o seu antecessor. Trama e desenvolvimento de personagem são basicamente os mesmos. A história acaba se repetindo mas com inversões de papeis e diversos detalhes a mais; como por exemplo, é explorado mais a fundo os poderes do ZeZé, ponto crucial do longa que faz o telespectador deixar de lado todos os outros acontecimentos para se focar apenas na descoberta das habilidades do bebê.

Senhor Incrível e Mulher-Elástica são os dois protagonistas do filme. Enquanto Helena trabalha para salvar o mundo de diversas ameaças, Roberto fica em casa para cuidar de seus filhos superpoderosos, que em diversos momentos, acaba sendo bem mais fácil defender a Terra ao invés de ajudar o Flecha em Matemática e aturar os pitis da Violeta relacionado com Toninho Rodrigues. Além do mais, é notória a crítica feita pelo diretor e roteirista Brad Bird em relação ao trabalho de casa, que na maior parte, fica por conta das mulheres enquanto o homem da casa sai para trabalhar e dar dinheiro pra família.

A jornada heroica da Mulher-Elástica é bem construída, tendo em mãos, um verdadeiro ”filme” de uma super-heroína que volta a atividade após os super-heróis serem proibidos pelo governo, que por sinal, é outro ponto interessante de se comentar, lembrando muitas vezes, a trama do filme Capitão América: Guerra Civil,  já que os heróis são mal vistos pela sociedade até uma iminente ”salvação” para os vigilantes.

Era de se esperar que os personagens secundários tivessem ênfase mais profunda diante dos protagonistas. Apenas Zezé, Flecha, Violeta, Gelado, Voyd, Wilson e Evelyn têm um destaque considerável em comparação aos outros personagens, deixando os outros vigilantes com um gigantesco potencial de lado. Quem sabe, em uma futura continuação, os mesmos possam retornar e assim ter o seu tão merecido brilho nas telonas.

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Tudo se torna mais rico dentro da ambientação neo-clássica. Simplificando: além de uma animação mais trabalhada e rica em detalhes, o cenário que mistura elementos dos anos 60 com o começo do novo século, só contribui para deixar que o público se simpatize ainda mais com o seu rico enredo. 

Infelizmente, diferente do Síndrome, O Hipnotizador tem um potencial desperdiçado. Com uma proposta de ser um vilão diferenciado, tudo é jogado no lixo após a descoberta de sua verdadeira identidade secreta, tendo em mãos um desprezível e esquecível personagem que poderia muito bem ser substituído por alguém com motivações mais contundentes.

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Finalizando, Os Incríveis 2 acerta mais do que erra. Após o seu término, é triste saber que pode demorar mais alguns anos para que uma terceira parte seja feita. Contudo, é muito gratificante assistir algo que já estava no plano dos estúdios desde a conclusão do seu antecessor.

Espero que tenham gostado, até a próxima e lembre-se… NADA DE CAPAS!