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Hotel Transilvânia 3: Férias Monstruosas: Colorido, divertido e esquecível

Escrito por Thiago Pinto

Hotel Transilvânia 3: Férias Monstruosas tem uma proposta muito particular. Enquanto há animações que tendem a cair para a infantilização completa, abusando no colorido e na falta de lógica entre personagens e história, há outras que tentam entrar em equilíbrio entre o público infantil e adulto, buscando a seriedade no meio da infantilidade. Já a trilogia de Hotel Transilvânia como um todo, sempre teve um foco para com as crianças, desde o descompromisso com a história até a exacerbação dos perfis de seus personagens, porém, nunca deixou de tentar trazer referências e piadas do mundo adulto, criando uma experiência no mínimo interessante.

Férias Monstruosas acompanha a família do Conde Drácula de férias no passeio em um navio, devido ao cansaço e o descontentamento dos personagens diante do trabalho árduo no hotel. Logo nos primeiros minutos, um rápido diálogo entre Drácula e Mavis revela que o navio funciona como uma pousada de férias, justificando o mantimento do título do filme como Hotel Transilvânia. Como no primeiro, o terceiro filme consegue explorar  o ambiente de forma leve e carismática, desfrutando comicamente, embora clichê, das diversas características de seus personagens comparadas aos hábitos humanos.

Responsável pela direção dos três longas, Genndy Tartakovsky é um dos mais experientes em sua área. Trabalhou em Samurai Jack, Star Wars: Guerras Clônicas, O Laboratório de Dexter etc. E, obviamente, fica nítida a sua experiência na telona. A forma como os enquadramentos são desenhados torna a visibilidade das cores, do ambiente e dos personagens fácil. Não contém poluição visual, nem mesmo nas cenas de ação, há uma preocupação estética na forma de construir quadros que consigam capturar a essência dos momentos e, ao mesmo tempo, criar passagens frenéticas e animadas.

Em relação a dublagem brasileira, ponto positivíssimo. Além de manterem os dubladores oficiais, não tem nenhuma fala que apresente gírias brasileiras ou referências toscas da própria cultura nacional, que só brasileiros entenderiam. Existe uma fidelidade com a própria narrativa e os personagens continuam sendo bem representados por vozes que combinam com suas ações e traços, mesmo que tenham recebido críticas no começo da trilogia.

A condução descompromissada e, por muitas vezes, exagerada, estraga bastante Hotel Transilvânia. O compromisso entre a história e o espectador infantil/adulto é mínimo na hora da diversão e da experiência cinematográfica. Mesmo tendo uma qualidade estética notável, a falta de ambição é constrangedora, colocando este filme como mais um de uma enorme parcela de medíocres que acham que “cumprir seu papel de entreter o público” é o máximo que podem atingir.

Porém, a experiência tende a ser interessante por apresentar uma particularidade. Referenciar o mundo adulto de forma maliciosa, ou a cultura popular entre adolescentes, não é uma tarefa das mais simples. É preciso dosar os momentos corretos para que isso aconteça corretamente, e Hotel Transilvânia 3 não decepciona nesse quesito. São nos ápices da aventura que as referências ocorrem, nas viradas mais importantes da trama, que pode causar até um certo descontentamento por parte das crianças mais novas. Músicas e malícias em certas falas fazem com que o filme consiga se conectar com maiores públicos, sem, necessariamente, trazer seriedade ao que está sendo contado.

Hotel Transilvânia 3: Férias Monstruosas é bonito, bem dirigido, colorido e dublado por uma equipe competente. Mesmo com tantos elogios, é fácil exemplificar os problemas e as condições que causarão o esquecimento acelerado deste. Mais uma animação que tinha potencial de ser ótima e trouxe algo pelo menos diferenciado, mas que não consegue sair da sua zona de conforto e segurança. Infelizmente, essas férias não foram as melhores como esperávamos.

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Sobre o Autor

Thiago Pinto

‘’E quando acabar de ler a matéria, terá minha permissão para sair’’

-Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012)