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Yesterday: Um mundo sem os Beatles

Em certa passagem do filme, quando o mundo já desconhece os Beatles, o protagonista Rick Maleki (Himesh Patel) canta um trecho de Yersterday – justificando o título – para um grupo de amigos. Imediatamente, as pessoas se emocionam e ficam tocadas ao ouvir uma letra tão bela e poética, atribuindo a concepção da música diretamente ao protagonista. E talvez esta seja a passagem que sintetize o significado de todo o filme; embora os Beatles sejam uma das maiores bandas da história, suas músicas são memoráveis não só por serem tocadas pelos seus artistas, mas por transcenderem a própria existência destes.

Basicamente, a trama gira em torno da não-existência dos Beatles. Quando Maleki percebe o fracasso que é a sua vida profissional na música, decide reconstituir todas as músicas da banda britânica, e montar uma carreira inteira em cima do sucesso daqueles que desapareceram da memória coletiva. O melhor de Yesterday é conseguir brincar e desenvolver sua premissa de maneira criativa e empolgante. A forma como as músicas vão sendo lembradas pelo protagonista, ou quando elas são apresentadas em shows que remetem vários momentos únicos da banda, são exemplos que demonstram as inúmeras possibilidades dos roteiristas para com o desenrolar da narrativa.

E são nessas possibilidades que se encontra um grande trunfo de Yesterday. Mesmo que o filme trabalhe bastante o romance entre Maleki e Ellie (Lily James), ele carrega consigo diversas homenagens ao grupo formado por McCartney, Starr, Harrison e Lennon. Diferencia-se, portanto, de obras como Rocketman (2019) e Bohemia Rhapsody (2018), porque parte de um diferente ponto de vista, reproduzindo as carreiras lendárias através da lembrança de um fã apaixonado.

Porém, a idealização de músicas da década de 60/70 contrastam com a produção musical contemporânea, e esta dualidade é outro ponto fortíssimo de Yersterday. A participação de Ed Sheeran é totalmente proposital, não só por sua popularidade – importante para os produtores -, mas também pela representação de uma época em que a música transformou-se em um produto puramente comercial. E, obviamente, quando Maleki apresenta certas músicas, apesar de ser ovacionado, tem um confronto entre as necessidades do mercado e o seu processo “criativo”.

Dessa forma, Yesterday faz críticas contundentes à indústria musical e à transformação do interesse artístico pelo simples fator monetário. As críticas partem da própria ridicularização de Ed Sheeran – que interpreta a si mesmo – pois trata as composições dele como superficiais e pouco criativas comparadas com as antigas. Esse ato provocador não parece ter a pretensão de julgar o presente, mas de demonstrar como as escolhas e os gostos musicais transformam-se durante a história, sendo moldados pela fama e publicidade. Não que não houvesse isso na época dos Beatles, contudo, o interesse econômico tem degradado a qualidade artística de certos músicos.

Um fortíssimo exemplo dessas oposições é quando – está nos trailers – Sheeran tenta influenciar Maleki a trocar Hey Jude para Hey Dude, demonstrando como as composições ficam em prol de um refrão ou expressão que fiquem marcados de forma instantânea nas pessoas. O impacto no coração deve ser menor do que no bolso.

Diante de tantas qualidades conceituais, Yesterday transmite simplicidade em sua cinematografia, mas esbanja inteligência. Há uma montagem e edição eficazes por aplicar as músicas em passagens de tempo e locais, além de ditar tons de certos momentos. Note como as lembranças de certas músicas são feitas através de movimentos de câmera que se encaixam no vai e volta da cabeça do protagonista, que acaba errando alguma frase ou letra. Além disso, o ápice do longa ocorre em seu terço final, em uma sequência sensacional e surpreendente, que guarda um sentimentalismo e até uma singela prática íntima do diretor Danny Boyle.

Após sete parágrafos elogiando e enaltecendo as melhores partes de Yersterday, gostaria de encerrar o texto com uma das frases mais clichês e precisas de uma crítica: “fecha com chave de ouro”. Contudo, o que acontece nos minutos finais beira ao medíocre. A relação entre Maleki e Ellie não é o maior foco, mas é o que dá substância à história dos personagens. E, depois de um terceiro ato que melhorava a cada minuto, o filme encerra de maneira clichê e completamente previsível tal romance. Se o seu desenvolvimento traduz um ótimo filme, seu desfecho traduz o final de uma novela das nove, porque extrapola o romantismo na relação do casal, e entrega conclusões pífias para as suas discussões.

Yesterday consiste em uma obra cinematográfica que busca enaltecer suas inspirações, e refletir certo otimismo ao espectador. Ainda que estrague um pouco seu final, o filme cumpre suas funções em homenagear os Beatles e desmembrar a indústria musical, que, mesmo com suas ambições financeiras, não consegue substituir o valor artístico das composições que têm como função inspirar e transcender ao longo da história.
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Breaking Bad e o episódio da mosca

Breaking Bad continua sendo para muitos uma das melhores séries já feitas, finalizada há seis anos atrás. BrBa é um exemplo de como executar uma trama, desenvolver personagens e criar um final que deixa todos os telespectadores satisfeitos – por conta disso, se tornou uma série incrível do início ao fim. Entretanto, há um episódio que divide a opinião dos fãs: 3×10 – ‘Fly‘.

O episódio em questão gira em torno de uma mosca que invade o laboratório onde Walter e Jesse produzem o famoso cristal azul, além dos métodos que eles usam para expulsar o inseto e voltar para a produção. Esse breve resumo faz parecer que é um episódio chato e massante, inclusive eu mesmo tive essa impressão quando assisti a série pela primeira vez (lá pra 2014). Porém após rever o episódio hoje e ter uma interpretação completamente diferente da que eu tive anteriormente, descobri que esse é um dos melhores episódios e um dos mais geniais de todas as temporadas. Demorou alguns anos para que eu decidisse maratonar Breaking Bad novamente, mas finalmente maratonei e entrei para o time dos que amam o episódio da mosca.

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Em 2010, durante a terceira temporada da série, a produção estava com pouco orçamento para fazer o episódio e por conta disso ‘Fly’ se passa apenas no laboratório, com os protagonistas da série e uma mosca. Se passando em apenas uma locação do início ao fim e explorando de forma excepcional a relação entre Walter White e Jesse Pinkman (que naquele momento estava, como em todo o decorrer da série, bem tensa), o décimo episódio da terceira temporada é um dos mais geniais já feitos e o mais injustiçado.

É até entendível o porque algumas pessoas não gostam dele: em uma temporada que estava bem agitada e num ponto onde faltavam apenas três episódios para sua conclusão, ‘Fly’ acaba sendo um balde de água fria jogada na cara do telespectados. Um episódio calmo, simples e sem nenhum plot twist. Entretanto, ele é fundamental para a saga de Heisenberg.

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Esse episódio é essencial no desenvolvimento de ambos os personagens, afinal, durante todo o confronto com a mosca vemos os dois conversando e interagindo, além de vermos também Walter desabafando sobre querer ter morrido antes de sua esposa descobrir a verdade e quase revelando sobre Jane para Jesse, assim como Pinkman cuidando de seu ex-professor após ter lhe dado um calmante para ele poder descansar e esquecer um pouco a obsessão de matar o inseto. Aqui, observamos que mesmo com suas brigas, ambos se preocupam verdadeiramente um com o outro.

Além do desenvolvimento, da trama e de sua execução, não podemos deixar de elogiar os detalhes técnicos da produção. A direção de Rian Johnson aqui – diferente de seu trabalho em Star Wars: The Last Jedi, que sinceramente deixou e muito a desejar – está espetacular. Sua ideia de fotografia onde a câmera segue o ponto de vista da mosca é algo único, isso em conjunto com a paleta de cores já conhecida da série.

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O fato do episódio conseguir contar uma história com tão poucos recursos, ao se passar em apenas uma locação, e conseguir desenvolver os dois personagens principais de uma forma absurda nos 50 minutos de exibição, em conjunto com a direção de Johnson, torna ‘Fly’ um dos episódios mais geniais de Breaking Bad, do início ao fim. Breaking Bad é minha série favorita, não que ela tenha algum valor sentimental pra mim ou que tenha me ensinado alguma coisa, mas foi a série que mais me prendeu para chegar ao seu desfecho, que é memorável, único e o melhor final para um seriado que eu já assisti (aprende, Game of Thrones).

Se você ainda não assistiu Breaking Bad, assista. Se você assistiu e odeia o episódio da mosca, assista 3×10 ‘Fly’ novamente, com outros olhos, e veja o quão genial esse episódio é.

 

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A estagnação dos filmes de heróis

Ao longo da história do cinema, nós já tivemos vários filmes de super-heróis, grandes clássicos e extremamente influentes até hoje. Mas, durante todo este tempo, uma coisa não mudou: Não temos uma diversidade, ou subgêneros para tais longas. Pegue de exemplo o Universo Cinematográfico Marvel, que completa onze anos e atualmente com 23 filmes já lançados, e mais 12 em desenvolvimento; sem contar suas séries. Pensando em um todo, isso não saturou  um gênero em que quase não havia diversificação?

Marvel e a DC Comics sempre estiveram presentes desde o início do século 21 com seus filmes, X-Men (2000), Homem-Aranha 2 (2004) e Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008), longas que sem dúvidas mudaram o rumo do audiovisual e dos blockbusters. Esses filmes foram extremamente importantes para a formação e a base para o que temos hoje, os universos compartilhados, novos efeitos de CGI, e bilheterias exorbitantes.

E pensando nisso, fica no ar uma questão que não quer calar, quando teremos um novo filme que  realmente mudará o cenário que nos encontramos? É dificil pensar nisso, já que praticamente estamos vivendo em uma homogeneização em estilos, formas e histórias, e o que sai deste padrão, é atacado. Isso é visivelmente comprovado em questões de crítica (tanto profissional, quanto de público) e de bilheteria.

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Um dos maiores problemas talvez seja feito diante da “Fórmula Marvel”, tão criticada pelos fãs mais antigos, porém bastante ignorada pelo público em geral. Essa Fórmula consiste em invariavelmente, como um ‘esqueleto’ para o todos os roteiros
“O protagonista geralmente está cheio de problemas e tem um interesse amoroso não reciproco,  ele descobre seus superpoderes, um vilão descartável aparece e derrota o herói, e no final o herói enfrenta o vilão, derrotando-o e conquistando a garota. Cena pós-credito”.

Mas, felizmente, nem todos os filmes da Marvel se baseiam dessa fórmula, temos uma minoria que consegue ter seu próprio estilo e roteiro inovador, como Capitão América 2: Soldado Invernal e Guardiões da Galáxia. Esse estilo de filme se tornou extremamente rentável ao estúdio, já que só esse ano, a Disney fez mais de 1 bilhão de dólares em três filmes da Marvel Studios!

Esse com toda certeza é um dos maiores motivos de provavelmente todos os filmes do estúdio seguirem dentro de uma bolha, mas não só em roteiro, como tambem em efeitos especiais, fotografia, direção e trilha-sonora; praticamente a parte técnica e artística nesses filmes sao totalmente deixadas de lado, o que cria mais ainda uma saturação ao gênero. E isso acaba se tornando uma bola de neve, já que temos uma onda de universos compartilhados se inventando e todos utilizando dessa estrutura que a Disney criou. E isso com toda certeza interfere no trabalho dos diretores, que querem trazer sua visão para dentro de um universo tão rico, mas entre ideias e dinheiro, acho que é de ciência de todos qual o estúdio prefere.

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Levando em consideração tudo o que já foi apresentado sobre como a Marvel homogeneíza os longas de super-heróis, temos de falar sobre qual é o problema da DC Films: a vontade de ser inovadora e a auto sabotação da Warner Bros.

É inegável que a DC tem seu próprio estilo de filmes desde a trilogia do Cavaleiro das Trevas, do renomado diretor Christopher Nolan. Tratando de questões sociólogas, filosóficas, psicológicas e adaptando o que tem de melhor nos quadrinhos, a visão de Zack Snyder para esse universo era única, diferente de tudo que a Marvel estava atualmente fazendo, mas acabou de tornando um tiro no escuro após ter que lidar com um público que não tem senso critico desenvolvido, e por executivos gananciosos.

Após Homem de Aço e Batman v Superman falharem em crítica, e deixar o público misto, chegou Esquadrão Suicida, o primeiro filme em que mudaram todo o conceito original para se tornar um filme mais rentável. Mesmo o filme tendo um roteiro fraco, com falhas e furos, e críticas pesadas, se o selo “Marvel Studios” estivesse ali, provavelmente seria totalmente aceito, assim como “Liga da Justiça”, que foi praticamente todo alterado por Joss Whedon, diretor de Vingadores (2012). Ambos os filmes tem em si elementos que os filmes do estúdio rival apresentam, elementos que são glorificados, agora odiados.

Mas agora, a DC está sendo pioneira novamente, com uma nova direção sobre a DC Films e a troca de CEO da Warner Bros. Já foi dito que cada herói terá seu próprio tom e temas, sendo sombrios, engraçados e afins. Também vale lembrar que a DC está abrindo um novo selo para seus filmes, que pretende trazer filmes mais adultos, sombrios e artísticos, fora do universo criado por Snyder. Então, já temos  uma produtora correndo atrás contra a mesmice dos heróis.

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Chegamos a parte de nos perguntar, “Onde estão os filmes como Cavaleiro das Trevas, Watchmen, V de Vingança? Quais serão os futuros clássicos?”. É com muito prazer que digo , finalmente estão voltando, aos poucos, e devemos agradecer principalmente a Warner e a FOX (atualmente Disney) por isso.

Como citado acima, a DC está para lançar um selo de filmes originais, adaptações fiéis aos quadrinhos e sombrios. Longas mais artísticos, focando em festivais de cinema e que tem a chance de marcar a história em si. Felizmente, o filme já foi descrito pelo co-diretor do festival canadense de cinema como ”uma grande conquista cinematográfica”. Já o diretor de arte do festival disse que Coringa é a melhor atuação do premiado e nomeado Joaquin Phoenix. Já temos provavelmente mais um filme para lista dos pioneiros na diversificação do gênero, e com o novo selo do estúdio, a tendência é vir mais e mais.

Vale lembrar que a DC também se envolve muito quando a questão é técnica em seus filmes, pegando diretores e atores premiados, como Steve Spielberg e Jared Leto, por exemplo.

Imagem relacionadaMas também não podemos deixar de citar como a FOX ajudou o gênero de heróis, filmes como X-Men: Primeira Classe, Deadpool e Logan são tão únicos como são bons, e todos deixaram a sua marca na história. Logan foi o primeiro filme de super-heróis a concorrer a categoria “Melhor Roteiro Adaptado” no Oscar, e também foi super bem recebido nas criticas, chegando a alcançar 93% no Rotten Tomatoes. Deadpool reacendeu a faísca que Watchmen criou ao ser um dos primeiros longas para maiores com o tema de heróis. A grande maioria dos X-men’s trouxeram filmes bem desenvolvidos e bons sobre a equipe, questões sociais e boas adaptações, como pode ser visto em Dias de Um Futuro Esquecido. Uma menção honrosa pode ser feita também para o seriado Legion, que é comparado por muitos como um ‘filho perdido’ de David Lynch.

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Mas não é só isso, a FOX também  se tornaria uma pioneira em praticamente criar o primeiro filme de super-heróis em que teria o subgênero de terror. Os Novos Mutantes é a promessa de um divisor de águas legitimo. Com um elenco cheio de futuras premissas de Hollywood, como Anya Taylor-Joy (A Bruxa, Fragmentado) e Maisie Williams (Game of Thrones),o longa também conta com a brasileira Alice Braga (Cidade de Deus) e Antonio Banderas (A Mascará de Zorro). Tudo ocorria bem, até que um problema maior bateu as portas: a venda da FOX para Disney.

Já foi reportado pelo site norte-americano, Variety, que o estúdio não se impressionou com o filme, e acha ele não fará sucesso. A empresa vê o filme como ‘limitado’, e que não será um sucesso de bilheteria. Chega a ser cômico eles pensarem desta forma, já que o gênero de terror e heróis são os que mais lucram todo ano, e eles já faturam bilhões por qualquer coisa com o selo ‘Marvel’ na frente. E mais uma vez, temos a Disney mostrando que não se importa com o gênero, muito menos com o potencial dele, o dinheiro fala mais alto, sempre. As ações gananciosas podem afetar não só Os Novos Mutantes, como também pode afetar Deadpool e os próprios mutantes!

Resultado de imagem para deadpool gifO próprio diretor do Deadpool 2, David Leitch, se pronunciou sobre o mercenário tagarela indo para o MCU com uma posição polêmica. Segundo Leitch, o terceiro filme da franquia não tem necessidade  ser para maiores: “Ele é classificado para maiores, que não é a marca do MCU. Mas ele não precisa ser necessariamente assim e a Disney não precisa apenas fazer filmes para maiores de 13 anos. Eu acho que vamos encontrar um bom patamar. Ainda há muito mistério sobre o que eles querem fazer com o Deadpool no mundo da Marvel, mas pelas discussões que eu ouvi, tudo é positivo. Eu acho que eles apenas estão tentando descobrir um jeito de colocar ele dentro, já que pode ser difícil com o Deadpool”.

Em 2018 a FOX tentou fazer a sua versão para maiores de 13 anos de Deadpool 2, intitulada ‘Era uma Vez um Deadpool’, e o resultado foi aprovação de 51% do público e da crítica no Rotten Tomatoes, e nota 4.0 no Metacritic pelos usuários. Tornar um personagem em algo feito para crianças com a versão já apresentada nos cinemas seria um erro fatal, já que sua imagem está associada para maiores. Seria o mesmo erro que Venom (2018) cometeu, prometer um filme para maiores e entregar um para menores, isso tirou o que o filme sempre propôs.

Outro medo é como a Disney pretende utilizar dos X-men, uma das equipes mais importantes dos quadrinhos. Desde que Stan Lee e Jack Kirby os criaram em 1963, os quadrinhos da equipe sempre abordaram temas políticos, sociais, diversidade e isso é algo que precisamos no cinema. Precisamos de diversidade, criar essa consciência de pensar no próximo, respeitar, por meio dos filmes que mais fazem sucesso atualmente. Não podemos deixar usar apenas mais uma ‘fórmula marvel’, precisamos que isso seja único.

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Diversidade é algo que felizmente anda crescendo no mundo dos heróis. Temos por exemplo Pantera Negra, que foi um sucesso de crítica, bilheteria e prêmios. Mulher-Maravilha sendo uma das personagens mais amadas pelo público prestes a ganhar seu segundo filme, ao lado das Aves de Rapina, o primeiro filme de uma equipe feminina em um universo cinematográfico. E depois de anos pedindo, finalmente teremos o filme da Viúva Negra.

Temos atores e atrizes LBGTQ+ atuando como grandes personagens, como por exemplo Chella Man, que é um ator trans e surdo, ele interpretará Jericho na segunda temporada de Titãs. Ezra Miller, o Flash, é abertamente queer. Grandes perspectivas estão a caminho.

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Concluindo, os filmes de heróis não fazem mal algum ao cinema, muito pelo contrário. Porém, precisam sair da zona de conforto, nao continuarem a ter sempre os mesmos esquemas de roteiro, ideias não originais; vilões genéricos, isso sim faz mal ao cinema e ao gênero. Abrindo novos caminhos, novas visões e adaptações, é necessário que abracemos a diversidade e caminhos diferentes. Assim como o terror, o gênero de herói precisa ter suas vertentes e subgêneros.

O futuro nos trás esperança com tantos projetos bons e novas visões vindo, o que nos resta é esperar, e torcer para que o gênero se enriqueça e não se sature.

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Hobbs & Shaw é o cinema pipoca em sua melhor forma

Conforme os anos se passaram, a franquia Velozes e Furiosos ganhou novos rumos. Antes, eram corridas ilegais, depois assaltos e mais tarde, espionagem. Mesmo com as mudanças em termos de escala, a franquia ainda consegue entreter de maneira decente. Assim como os anteriores, o primeiro spin-off, Hobbs & Shaw oferece ao espectador um cinema pipoca extremamente honesto. Mas com um acréscimo: Uma dupla extremamente carismática de protagonistas (e bota carismática nisso)

A trama começa quando Luke Hobbs e seu arqui-inimigo Deckard Shaw são convocados para uma missão. Unidos contra sua própria vontade, a dupla precisa impedir Brixton, um super-humano, de obter um vírus capaz de aprimorar humanos e matar bilhões. Entretanto, eles não são os únicos nessa procura, pois a irmã de Shaw, Hattie, também quer um pôr um fim a isso. Logo, os dois carecas precisarão aprender a trabalhar em equipe antes que o mundo acabe.

Que homens!

Dirigido por David Leitch, o filme apresenta cenas de ação grandiosas e constantes. Hobbs & Shaw é uma dose de adrenalina pura. Vale destacar também o excelente uso das diversas locações, especialmente o ato final no Havaí. Ainda em relação à condução da câmera, Leitch utiliza alguns movimentos rápidos com os golpes super-humanos do vilão e também apresenta uma grande coordenação cômica.

Aliás, grande parte da projeção é injetada com um humor extremamente funcional. Mesmo que beire ao infantil, The Rock e Jason Statham executam essa rivalidade, essa briguinha de criança, com maestria. Com seu humor de quinta série, Hobbs & Shaw arranca do espectador as risadas mais histéricas e sinceras possíveis. Além disso, o roteiro de Chris Morgan e Drew Pearce é simples e auto-referencial ao absurdo adotado pela franquia. Os personagens são, em sua maioria, bem desenvolvidos.

This is peak filmaking right here, baby!

Tematicamente o filme também é bastante clichê e familiar. Digo, familiar, no sentido literal. A família sempre foi um assunto recorrente na franquia. Provavelmente, o espectador já deve estar cansado do Toretto falar sobre isso o tempo inteiro. Porém, Hobbs & Shaw é costurado tematicamente do início ao fim, tornando-se impressionantemente conciso. Inclusive, o início ao som de “Time in a Bottle” parece ditar o aprendizado que está por vir: Não perca tempo brigando com os seus familiares, pois é precioso. Talvez seja exagero, mas a escolha musical de um filme nunca é coincidência.

Além de Johnson e Statham estarem perfeitos, Vanessa Kirby encanta, dispensando comentários, construindo a força de sua personagem, não apenas através da beleza (E ela é linda). Idris Elba parece ter se divertido bastante fazendo o vilão mais genérico possível e isso visível, por isso, Brixton possui um certo charme. Surpreendendo a todos, o filme traz dois personagens novos extremamente engraçados. Não contarei aqui, pois a surpresa é impagável.

Se Jack Kirby é Rei, Vanessa Kirby é rainha? Por mim, sim.

Concluí-se que Hobbs & Shaw cria um vínculo com seu público através de sua mensagem, carisma e sinceridade. É facilmente um dos filmes mais divertidos do ano. Concluí-se que The Rock e Jason Statham são como arroz e feijão e fica difícil não querer implorar por uma sequência depois de uma película tão explosiva que revigora a alma. É o cinema pipoca em sua melhor forma.

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The Boys é a sátira perfeita sobre a comercialização de super-heróis

É inegável dizer nos dias de hoje os super-heróis fazem parte não só da nossa cultura como de um comércio bastante lucrativo e popular  no ramo do entretenimento através de diversas mídias como cinema, jogos e quadrinhos. Também não se pode negar o quão amados e exaltados são os personagens e suas aventuras apresentadas tanto pela Marvel como pela DC – as principais editoras do ramo.

Mas e se os heróis de fato existissem? E se essa comercialização ditasse os seus atos? E se eles fossem sujos e corruptos? Pois bem, essa é a premissa de The Boys. A série é uma excelente sátira sobre como seriam os super-heróis caso eles existissem no mundo de hoje, sobre a comercialização e a exaltação dos mesmos e também é a representação perfeita de que o poder corrompe, mostrando o quão sujo seria um homem com super poderes e com os holofotes em si – se assemelhando ao estilo adotado por Zack Snyder em suas adaptações cinematográficas.

The Boys é uma série disponibilizada no serviço de streaming Amazon Prime e é baseada nos quadrinhos com o mesmo título, escrita por Garth Ennis e desenhada por Darick Robertson. A série em quadrinhos foi publicada inicialmente pela DC Comics e depois sua publicação foi para a Dynamite Entertainment.

A trama gira em torno dos Sete, uma equipe de super-heróis famosos, e de Hughie (Jack Quaid) – que perdeu sua namorada após um acidente envolvendo um desses heróis, o A-Train (Jessie Usher). Após isso Hughie começa a nutrir ódio pela equipe e se encontra com Billy Butcher (Karl Urban), que lhe oferece uma oportunidade de se vingar e acaba unindo um grupo com esse intuito.

Do outro lado acompanhamos também a heroína Starlight/Annie January (Erin Moriarty), que foi aceita recentemente para a equipe dos Sete. É através dela e do Homelander (Antony Starr) que acompanhamos como os heróis são corruptos, sujos e completamente babacas. De uma forma geral, cada membro dos Sete é uma paródia da própria Liga da Justiça. Homelander como Superman, Noir como Batman, Queen Maeve como Mulher-Maravilha, The Deep como Aquaman e A-Train como Flash. Isso torna tudo ainda mais interessante.

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Nesse caso chega a ser perturbador saber que se de fato existissem super-heróis, eles seriam exatamente da forma que são retratados durante os episódios. Como já dizia a Senadora Finch em Batman v Superman: ”O poder corrompe, e o poder absoluto corrompe absolutamente”. E aqui, não só foi o poder como também a fama e a adoração da população. A retratação dos heróis é executada de forma majestosa e é semelhante ao que Zack Snyder fez em Watchmen, Man of Steel e Batman v Superman, entretanto, em The Boys temos um extra: a comercialização dos mesmos.

Funcionando perfeitamente como uma crítica ao mercado de adaptações cinematográficas que acabou saturando o gênero, na série vemos como os heróis funcionam como uma mercadoria – com filmes, brinquedos, quadrinhos e diversos outros produtos. Além disso, para o governo eles são uma arma; para a empresa Vought, lucro; para a população, esperança e diversão. Diante de tudo isso, The Boys chega como um alívio por se apresentar diferente da fórmula conhecida e repetida ao longo desses 11 anos em termos de adaptações de quadrinhos para o audiovisual.

Outro ponto de destaque para a série é o desenvolvimento dos personagens, que é extremamente bem executado. Cada personagem tem um papel fundamental na trama e precisa lidar com suas próprias subtramas – mesmo que o foco principal seja em Hughie.

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A adaptação dos quadrinhos para a série está excelente, preservando bem o seu material fonte. Algumas modificações como por exemplo a ausência de Terror, o cachorro de Billy, estão presentes mas não pesam tanto. Além disso a violência gráfica apresentada nos quadrinhos foi bem transmitida através da parceria entre a fotografia e dos efeitos especiais, que juntos transmitem o ambiente violento e sombrio da série.

Diante de tantas séries e filmes que apresentam a mesma fórmula e saturam o gênero das adaptações de quadrinhos, The Boys chega como um presente não só para os fãs da obra original como para os fãs do gênero. Sendo uma sátira perfeita sobre a comercialização dos super-heróis, a série mostra como seria se o homem tivesse poderes no mundo real e como a sociedade reagiria – claro que há exceções, nem todos os heróis seriam babacas se fossem reais e mesmo assim a série também mostra isso, com a Starlight. Além disso, a season finale é surpreendente e deixa o espectador curioso pro que está por vir. Vale a pena dar uma conferida.

A 1ª Temporada de The Boys possui 8 episódios de, aproximadamente, 1 hora cada. A série foi lançada no dia 26 de Julho e está disponível no serviço de streaming Amazon Prime.

Nota: 4.0/5

 

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Como Shazam! e O Homem de Aço se complementam

Superman e Capitão Marvel possuem uma das rivalidades mais interessantes das HQs. Pois ambos adquiriram características um do outro conforme o passar dos anos. Por exemplo, o mundo de Kal-El se tornou mais fantástico, com Krypto e Supergirl, influenciado pela Família Marvel do Capitão. Quando assisti Shazam! pela segunda vez, eu estava fascinado em como esse filme complementa o seu rival. Mais especificamente, sua polêmica releitura: O Homem de Aço.

É importante frisar que isso não é proposital e não traduz as intenções dos cineastas para as propriedades adaptadas. Shazam! e O Homem de Aço são obras com escalas, execuções e temáticas diferentes. Entretanto, ambos se complementam em um ponto específico: Como seus protagonistas utilizam as suas habilidades. Parece bobo, porque ambos voam e são super-fortes. Mas apenas um deles possui uma figura paterna.

Durante os flashbacks de O Homem de Aço, Snyder apresenta Jonathan Kent como uma pessoa extremamente preocupada em proteger o seu filho. Tão preocupado ao ponto de considerar a possibilidade em deixar pessoas morrerem a fim de que Clark não se exponha. Nunca entendi como isso comprova seu egoísmo. Pois logo depois do “Talvez”, ele explica:

“Arrisca mais do que nossas vidas, Clark. Arrisca a vida do que nos cercam. Quando o mundo descobrir o que pode fazer, tudo irá mudar, filho. Nossas crenças, nossas noções do que é ser humano.”

Kent está preocupado em como o mundo afora reagirá quando descobrirem sobre suas habilidades. Mas não apenas isso, ele está preocupado em como Clark lidará com as adversidades da vida. Outra cena a qual valida o ponto de Jonathan, é quando alguns valentões intimidam Clark e o obrigam a reagir. Ele não o faz, mas deseja e confessa isso ao seu pai, que lhe oferece a seguinte resposta:

“Sei que você queria. Uma parte de mim também queria. Mas e depois? Você se sentiria melhor? Tem que decidir o tipo de homem que será quando crescer, Clark. Porque seja quem ele for, bom ou mau, mudará o mundo.”

As lições de auto-preservação chegam ao ápice quando Jonathan morre. Conforme o roteiro apresenta, a morte era evitável, mas por conta da sua confiança em seu pai, Clark não o salva. Como ele mesmo explica para Lois:

“Deixei meu pai morrer porque confiava nele. Pois ele estava convencido que eu precisava esperar e o mundo não estava pronto.”

Apesar de Batman vs Superman ser uma resposta para: “O mundo está pronto para ele?”, Shazam! é que reforça a importância desses ensinamentos. Pois o filme é estrelado por um herói irresponsável (que é um adolescente).

Quando Billy Batson é apresentado ao espectador, ele é um garoto solitário e acredita que não precisa de ajuda. Tudo o que importa ao personagem é encontrar. Conforme os eventos da narrativa avançam, Billy é adotado por uma família e mais tarde, um mago lhe concede poderes, pois ele é “puro de coração”. Porém, ele não faz ideia de como ser um super-herói e ele consulta o seu amigo Freddie Freeman (Grande fã desse ramo).

A fim de construir sua imagem como herói, o Capitão Dedos-de-Faísca, tira selfies, grava vídeos e lucra com suas habilidades. Ele tenta se auto-promover e isso leva Freeman a pensar: “Isso está passando dos limites.” O que comprova esse pensamento é o momento em que Shazam provoca um acidente de ônibus. Apesar de impedir a morte de civis, seu amigo atesta:

“Todo esse poder e tudo o que você fez, foi se tornar um exibido e um valentão.”

Não apenas a situação com o ônibus, mas essa fala remete diretamente aos ensinamentos de Jonathan Kent, sobre não fazer o que você quer ou se mostrar para os outros. Contudo, não para por aí, Shazam! também apresenta as consequências de ser um super-herói descolado. Após a discussão entre os dois em rede nacional, o vilão surge, humilhando-o e ameaçando sua família adotiva. O que leva Billy a adquirir um senso de responsabilidade e assumir o seu lado heroico.

*Chef kiss* Poetic Cinema

Caso tenha questionado a importância dos ensinamentos do papai Kent em O Homem de Aço, David Sandberg, sem querer, ofereceu a resposta perfeita em Shazam! Apesar do futuro incerto do Universo DC, é sempre um prazer encontrar paralelos nessa franquia. Especialmente entre dois personagens os quais sempre competiam nas vendas. Seria ótimo se Henry Cavill e Zachary Levi contracenassem juntos e Superman pudesse mostrar o peso da responsabilidade em ser um super-herói, aplicando as lições de seu pai.

Shazam! e O Homem de Aço estão disponíveis em Blu-Ray e DVD. Para saber sobre tudo o que acontece na Editora das Lendas, mantenha-se ligado na Torre de Vigilância.

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Era uma Vez em… Hollywood mostra o vício do Tarantino em fazer obras primas

É realmente difícil ter que falar sobre essa obra sem suspirar, ou não querer empolgadamente falar das cenas favoritas. Acho que esse é algo que poderia ser chamado de “Efeito Tarantino“; é quando você, mesmo depois de dias, ainda não consegue assimilar o que viu e viveu ao ver o filme. Antes de começarmos, uma coisa deve ser explicada sobre ‘Era uma Vez em… Hollywood‘, isso não é uma biografia. É um filme do Tarantino. “É O filme do Tarantino!”, como diria minha cabeça ao terminar esse longa.

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O filme se situa no ano de 1969, contando as tramas de Rick Dalton (Leonardo DiCaprio), Sharon Tate (Margot Robbie) e Cliff Booth (Brad Pitt). Os personagens de DiCaprio e Pitt são dois grande amigos que trabalham juntos no ramo de cinema e televisão, e nisso damos início ao filme. Rick ao lado de Cliff, seu dublê, busca a fama de ser uma estrela, o que os acaba levando aos assassinatos realizados por Charles Manson na época. Assim, somos apresentados a Sharon Tate, que acaba de se mudar com seu marido, Roman Polanski, para Los Angeles. Com sua junção de fantasia e realidade, nós temos aqui uma história fantástica.

Provavelmente, esse é o longa mais puxado para o humor dramático que Quentin já dirigiu em sua carreira, e também um dos com menos violência (mas não se assuste, o filme tem partes de violência muito bem dirigidas). Também já vimos algo que o diretor fez em “Bastardos Inglórios“, juntando a realidade e a ficção, e isso merece reconhecimento. O filme consegue transitar entre ‘filme de época’ e a visão do Tarantino. Na medida que temos movimentos de câmeras mais usados da época, gírias e tudo remetente aos anos 60, ainda temos a fotografia, os diálogos e piadas que apenas ele poderia ter criado, e lógico, várias cenas com pés.

O desenrolar do filme funciona muito bem, a motivação de cada personagem, suas personalidades, tudo é muito bem desenvolvido. Por mais que no segundo ato do filme o roteiro acabe ficando um pouco mais arrastado, não quer dizer que faça perder qualidade, é nesse momento onde temos as partes mais importantes para o final, e onde entramos mais na cabeça e na história de cada personagem. Em todos os atos, a diversão é algo que não falta e poder ver a progressão de cada trama é eletrizante e curioso.

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Um dos feitos mais impressionantes do filme são as atuações, todos os atores estão dando o seu melhor. Enquanto DiCaprio consegue passar a dor de um ator fracassado, Brad Pitt consegue passar a imagem de um dublê misterioso e durão. Mas, a única crítica aqui vai pelo fato de não terem usado do magnifico talento da Margot Robbie, que apenas ganha suas falas após a uma hora de filme. Sendo que o filme tem como base o caso do assassinato de Sharon Tate, durante a primeira hora de filme nós apenas vemos a atriz sendo admirada, sem ter um impacto; praticamente usada só para mostrar a sensualidade de Sharon, que foi a sex symbol dos anos 60.

Talvez possa ter sido uma forma de falar do cinema da época, ou da forma em que a mulher era retratada, mas mesmo assim, é triste ver a Margot não podendo mostrar todo seu talento. Em suma, um baita espetáculo de atuação, praticamente uma aula de um elenco de peso como esse. Até mesmo os personagens secundários e alívios-cômicos conseguem um destaque com suas atuações.

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Não podemos esquecer da parte técnica do filme, que foi feita majestosamente. A fotografia do filme, como já mencionada, usa de cenários, ângulos e movimentos que remetem a outras obras dos anos 60, mas também é possível ter a visão do diretor nelas. Com imagens lindas que possuem de cores vibrantes, contraste e chamativas; literalmente um ”every frame a painting”.

Sobre a trilha-sonora, simplesmente fantástica e selecionada. Com músicas da época, o filme cria uma atmosfera que faz o espectador entrar para o mundo do filme, e todas conseguem tornar as cenas momentos mais memoráveis ainda. Em certos momentos, a trilha sonora é também utilizada para a transição de cenas, que funciona perfeitamente bem, e deixa um toque especial.

A maestria por parte do Tarantino e sua equipe técnica fazem com que o nível do filme se eleve cada vez mais, cena após cena, é impossível não se apaixonar pela fotografia, ou não ficar com vontade de dançar ao escutar músicas tão icônicas.

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Em conclusão, Era uma Vez em… Hollywood é um filme que respeita a base da sua história, que consegue cativar o espectador até o final e que ao mesmo tempo consegue entreter. Um filme que tem sua visão própria, mas que ao mesmo tempo consegue remeter aos clássicos da época, o nono filme de Quentin Tarantino é uma grande obra, e eu poderia dizer que uma das suas melhores, que até mesmo com suas falhas, tem seu encanto único.

“Era uma Vez em… Hollywood” chega aos cinemas brasileiros dia 15 de agosto.

Nota: 4.5/5

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Turma da Mônica: Laços é uma adaptação de quadrinhos perfeita

Como não amar a Turma da Mônica? Os personagens de Maurício de Sousa definitivamente habitam o imaginário brasileiro. Afinal, quem nunca leu, ou deu ao menos uma folheada em um gibi da Turminha? Todos sabem que o Cascão tem medo de água, a Magali come muito e a Mônica bate no Cebolinha com um coelho de pelúcia quando um novo plano infalível falha. Portanto, já estava na hora de testemunhar esses personagens nas telonas. Felizmente, “Turma da Mônica: Laços” realiza esse desejo da melhor forma possível.

Baseado na graphic novel de Vitor e Lu Caffagi, a trama é basicamente a mesma da HQ. Floquinho, o cão de Cebolinha é sequestrado e a Turminha precisa se unir para encontrá-lo. Tão simples quanto o material-base, o roteiro de Thiago Dottori faz mudanças sutis, aproveitando as características mais marcantes de cada personagem. Não obstante, também introduz alguns personagens bem conhecidos. Como por exemplo, o Louco, interpretado brilhantemente por Rodrigo Santoro, auxiliado pela direção.

Responsável pelo excelente Bingo, o cineasta Daniel Rezende executa um trabalho fenomenal. Através de planos lindos e íntimos, realçando um senso de pureza no espectador, Rezende faz o impossível recriando o humor físico das histórias, sem soar bobo, antiquado ou datado. É raro existir um balanceamento entre o cartunesco e o real, como o trabalho feito por ele aqui. Nesse sentido, Laços é perfeito.

Assim como o trabalho da direção, a escolha do elenco é acertadíssima. Não apenas Giulia Benite, Kevin Vechiatto, Laura Rauseo e Gabriel Moreira se assemelham a Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão. Como também transmitem perfeitamente os trejeitos de cada um. Mesmo com a constante reafirmação dos fatos sobre o quarteto, o filme não perde o seu fôlego ou o seu charme, graças a sua excelente composição de atuações.

Outro fator o qual contribui bastante para a atmosfera do longa, é a trilha sonora composta por Fábio Goés. Evocando o tema do desenho animado minuciosamente, Goés consegue comover a quem assiste e se aliar perfeitamente aos outros fatores da produção. Também é necessário falar sobre os efeitos sonoros, essenciais para os momentos mais humorísticos.

Não seria exagero dizer que “Turma da Mônica: Laços” não é apenas um marco para o cinema nacional, mas para adaptações em quadrinhos também. Simples, inocente e divertido, o filme consegue transpor perfeitamente todos os elementos das páginas para as telonas. Talvez venha a se tornar a franquia cinematográfica nacional a qual o público tanto precisava. Espero que sim.

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Homem-Aranha: Longe de Casa | Simples e arrebatador

Anunciado como o primeiro filme da fase 4 da Marvel Studios e posteriormente vendido como a obra que encerrará a Saga do Infinito, Homem-Aranha: Longe de Casa é uma produção audiovisual realizada pela Sony Pictures, que porta todos os clichês positivos de uma típica HQ do amigão da vizinhança; que vão desde chacotas contra seus inimigos durante as batalhas, até constantes aprendizados a respeito de ”o que é ser uma pessoa melhor”.

Longe de Casa não se esconde atrás de uma moita, pelo contrário; durante suas 2h15m, o longa-metragem conta com uma trama única que não se apoia inteiramente nos acontecimentos de Vingadores: Ultimato, uma vez que as consequências da quarta jornada dos maiores heróis do planeta Terra são mencionadas de formas meticulosas e indiscretas. Entretanto, a morte de Tony Stark não afetou apenas o sentimental de Peter Parker, mas sim, o mundo todo; sendo essa a única ligação entre as películas.

Essa nova aventura do Homem-Aranha assim como De Volta ao Lar, moderniza mais ainda a vida do herói, assim como os seus familiares, amigos, professores e etc. Afinal, por que o amigão da vizinhança tem sempre que ser o mesmo e não pode mudar, visto que a sociedade passa cada vez mais por modificações? Confesso que é muito gratificante ver um Peter Parker que se assemelhe com os jovens atuais e que tem os típicos problemas do teioso não perdendo a sua clássica essência.

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Peter Parker (Tom Holland) está em uma viagem de duas semanas pela Europa, ao lado de seus amigos de colégio, quando é surpreendido pela visita de Nick Fury (Samuel L. Jackson). Convocado para mais uma missão heróica, ele precisa enfrentar vários vilões que surgem em cidades-símbolo do continente, como Londres, Paris e Veneza, e também a aparição do enigmático Mysterio (Jake Gyllenhaal).

Sintetizando brevemente, Homem-Aranha: Longe de Casa se assemelha com Shazam!, o filme mais recente da Warner Bros. Pictures sob o selo da DC Entertainment. Ambos são de comédia, tem uma lição de moral por trás de suas espetaculares e simples histórias, são divertidos, se sustentam sozinho e o principal: transmitem para os telespectadores os reais motivos de ser um super-herói.

No entanto, Longe de Casa é menos infantilizado que a obra cinematográfica da concorrente DC. Isso fica claro ao decorrer que Peter trabalha em sua maturidade, tendo que aceitar aos poucos o fato de que a vida adulta está chegando e que a sua identidade heroica é conhecida mundialmente. 

Mais uma vez, Tom Holland não decepciona no papel do cabeça de teia, provando para o público que consome os longas da Marvel Studios, que tem capacidade de carregar o MCU nas costas ao lado de outros heróis pelos próximos anos. Sua atuação inocente e deveras esforçada prova que o ator nasceu para o papel e que é um dos melhores Peter Parker que a sétima arte já teve a honra de presenciar. Holland é um astro que vai brilhar muito mais nas telonas, seja no papel do Aranha ou em outros trabalhos. 

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Mystério, ou melhor, Quentin Beck um personagem é exageradamente mimado e estrategista, fatores que acabam lhe transformando em um dos melhores vilões dos cinemas, uma vez que a fidelidade construída ao redor do personagem é extrema. Quentin está assustadoramente igual à sua contraparte cartunesca criada em Junho de 1964. 

Desde a criação do MCU, a maioria dos fãs da empresa imploravam à Kevin Feige incluir Jake Gyllenhaal neste vasto universo cinematográfico. Bem, a demora valeu pena, pois Mystério casou-se perfeitamente com Gyllenhaal em tudo, desde a sua aparência até os seus trejeitos. Jake dá um show de atuação, entregando uma performance memorável e quem sem sombras de dúvidas, não será esquecido.

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Infelizmente, em alguns momentos (poucos) o longa se perde em sua própria narrativa, ou seja, há uma quantidade de informações desnecessárias que poderiam ser explicadas em uma ou duas cenas, na qual é estendida de uma forma não tão minuciosa durante a trama. Por sorte, o elemento é esquecível ao decorrer que a história avança.

Já os personagens secundários estão mil vezes melhores em relação ao filme anterior, visto que são trabalhados de uma forma muito mais detalhada. Menção honrosa para MJ (Zendaya), que diferente do que os ”fãs” pensavam ser um mero interesse amoroso de Peter Parker sem sal, aqui Jon Watts (diretor) fez com que Michelle se transformasse em uma personagem aclamada.

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Homem-Aranha: Longe de Casa merece ser assistido mais de uma vez. A Marvel Studios e Sony Pictures fizeram um extraordinário filme para toda a família, mais especificamente, para o público adolescente e pré-adolescente.

Agradecimentos para a Sony Pictures Brasil, que nos convidou para a cabine de imprensa.

Espero que tenham gostado, até a próxima e lembrem-se, com grandes poderes vem grandes responsabilidades. 

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Os 15 documentários sobre quadrinhos que você PRECISA assistir

Além das já costumeiras adaptações cinematográficas baseadas em quadrinhos que chegam quase todos os meses aos cinemas e serviços de streaming, diversos produtores também apostaram em outros conteúdos sobre nossas tão amadas HQs, com especial destaque para os documentários.

Uma forma de expressão artística já tão antiga, que é o caso das histórias em quadrinhos, não poderia deixar de oferecer muito assunto a ser discutido. Grandes autores, grandes obras e editoras tiveram produções sobre suas trajetórias feitas de diferentes formas, e os documentários proporcionam espaço para discussão, entrevistas e abordagens centralizadas em aspectos únicos dos gibis.

Resolvemos elencar abaixo os 15 documentários mais interessantes sobre quadrinhos que você, como fã, precisa assistir! Vale ressaltar que muitos destes documentários não possuem versão brasileira. Entretanto, grande parte está disponível nos serviços de streaming e até mesmo no YouTube.

Batman & Bill (2017)

Uma emocionante narração sobre um fato triste e bem específico da história do Batman, Batman & Bill foi produzido pelo Hulu e estreou em 2017. O documentário mostra o aspecto criativo do personagem, abordando como Bob Kane ficou associado como único criador do herói enquanto o co-criador tão importante quanto Kane, Bill Finger, nunca foi creditado pelo seu trabalho apesar de ter criado boa parte da mitologia do Homem-Morcego.

O documentário traz diversas entrevistas com autores dos quadrinhos norte-americanos como Kevin Smith, Todd McFarlane, Roy Thomas, Carmine Infantino e muitos outros, mas é especialmente focado em Marc Tyler Nobleman, o homem responsável por desvendar todos os detalhes da vida de Bill Finger e iniciar uma verdadeira – e sincera – mudança na forma como o mundo encara a criação da mitologia de Gotham, de sua criação em 1939 até 2015.


Stan Lee’s Mutants, Monsters & Marvels (2002)

Documentário produzido em 2002 pela Creative Light Entertainment, Stan Lee’s Mutants, Monsters & Marvels é basicamente uma entrevista feita pelo diretor e roteirista Kevin Smith com o “pai de todos” da Marvel, Stan Lee. Os dois conversam sobre a vida pessoal de Lee, seu casamento, sobre o primeiro filme do Homem-Aranha de Tobey Maguire e também sobre os quadrinhos do personagem, e muitos outros que o autor veio a criar ao longo de sua prolífica carreira.

O sucesso deste documentário o fez ser incluído nos extras da coleção especial em quatro discos do filme Homem-Aranha, e as filmagens foram feitas em uma comic shop da California, resultando em um bate-papo de quase duas horas de duração.


Tintin et moi (2003)

Tintim, criação máxima do gênio dos quadrinhos Hergé, influenciou gerações através das décadas passando pelas HQs e animações. Tintin et moi (Tintim e Eu, traduzido do francês) é um documentário dinamarquês que, através de longas entrevistas concedidas por Hergé nos anos 70, reportagens e depoimentos de fãs e profissionais da área, oferece um panorama geral sobre a obra máxima do autor, suas influências e marcos.

O documentário também dá pinceladas sobre a vida pessoal e rotina de trabalho do autor, e complementa muito bem uma outra produção de 1976 intitulada Moi, Tintin (Eu, Tintim), filme franco-belga que mistura as entrevistas dadas por Hergé com eventos históricos reais e discute o impacto do personagem no mundo.


The Mindscape of Alan Moore (2003)

A Paisagem Mental de Alan Moore narra a vida e obra de um dos maiores autores que já contaram suas histórias através da nona arte. Produzido pela Shadowsnake como parte de um projeto maior, este é o único produto cinematográfico que o autor apoiou e colaborou com permissão para utilizar seus trabalhos na montagem do mesmo, incluindo V de Vingança, Do Inferno, Monstro do Pântano, Watchmen e outros livros.

O documentário destrincha a vida pessoal de Moore e seu início de carreira como escritor, indo até os dias mais recentes (da época em que o doc. foi produzido), e também dedica uma boa parte de sua 1h20min de duração para desvendar os mistérios por trás de seu interesse por magia. O trabalho mais recente de Moore na época em que este documentário foi produzido iria ser lançado alguns anos depois: Lost Girls.


Secret Origin: The Story of DC Comics (2010)

Com depoimentos de grandes nomes que já trabalharam para a DC Comics (e alguns rivais), Origem Secreta é o documentário definitivo sobre a história da DC, indo dos anos 30 à Era Moderna dos quadrinhos, pincelando aos poucos todas as décadas e obras mais importantes da editora ao longo de sua icônica trajetória de 75 anos, na época em que este foi lançado.

Superman, Batman, Mulher-Maravilha, Flash, Lanterna Verde e tantos outros são descritos pelas sábias palavras de autores de quadrinhos como Mark Waid, Neil Gaiman, Geoff Johns, Grant Morrison, Frank Miller, Len Wein, Jim Lee e até mesmo Bob Kane, Alan Moore, Jerry Siegel e muitos, muitos outros. Grandes diretores de cinema, como Christopher Nolan, Zack Snyder e Bryan Singer, e atores e atrizes como Natalie Portman, Christopher Reeve e Lynda Carter também aparecem. Os depoimentos são divididos em dois tipos: entrevistas atuais e outras feitas no passado.


The Image Revolution (2014)

Narrando a revolução que a Image Comics proporcionou à indústria nos anos 90 com a saída dos principais desenhistas da Marvel Comics objetivando a criação de uma nova editora e garantindo os direitos de criação dos personagens aos autores originais, este documentário aborda de forma bem direta e específica um momento-chave dos quadrinhos norte-americanos.

Todd McFarlane, Jim Lee, Rob Liefeld, Jim Valentino, Marc Silvestri, Erik Larsen e Whilce Portacio criaram na década de 90 o que veio a se tornar a terceira maior editora do mercado americano nos dias de hoje, e todos estes autores vão, com depoimentos de outros grandes nomes, descrevendo o processo de criação, as vantagens e problemas enfrentados que levaram a Image Comics a se tornar o que ela é hoje.


Future Shock! The Story of 2000 AD (2014)

A revista britânica 2000 AD foi a responsável por revelar para o mundo grandes nomes como Alan Moore, Grant Morrison, Garth Ennis, Neil Gaiman, Brian Bolland e outros, que posteriormente foram trabalhar na DC Comics e motivaram a criação do selo Vertigo, e apelidados de membros da “Invasão Britânica”, que teve mais de uma parte.

Future Shock! é um documentário com diversos depoimentos de profissionais dos quadrinhos britânicos e norte-americanos, falando sobre a criação da revista na década de 70, suas influências e ideias, e pincelando detalhes sobre seus personagens de destaque, como o Juiz Dredd, Sláine e Strontium Dog. Também é certeiro em esclarecer a importância gigantesca da revista para o mundo da nona arte, e autores como Pat Mills, John Wagner, Carlos Ezquerra e alguns outros foram os principais responsáveis por isso.


Crumb (1994)

O nome mais conhecido do quadrinho underground norte-americano também teve um documentário sobre sua vida produzido na década de 90, com direção de Terry Zwigoff. Robert Crumb possui uma vida conturbada, diversos problemas de entrosamento social e ao longo de sua carreira expôs todo tipo de polêmica em suas obras, consideradas hoje precursoras do movimento alternativo americano.

Crumb leva o espectador ao convívio do autor com sua família repleta de figuras estranhas, às suas relações com as mulheres e, claro, aborda de forma bem clara toda sua carreira fenomenal e o impacto de suas obras no movimento questionador e ousado que ele viria a criar. Um peça única dos documentários sobre quadrinhos.


Moebius Redux (2007)

O genial artista francês Jean Giraud, apelidado por si mesmo como Moebius, é um dos mais famosos e influentes autores de quadrinhos de todos os tempos. Moebius Redux dá um panorama sobre sua vida pessoal e especialmente sobre sua carreira como autor, co-criador da influente revista Métal Hurlant e grande mente por trás do experimentalismo da nona arte.

O documentário é composto por depoimentos do próprio autor (que faleceu em 2012) e outros grandes nomes do quadrinho europeu e mundial, que discutem sua influência e desapego a certos padrões que são praxe em muitas obras. Moebius é especialmente conhecido no Brasil por Incal, O Mundo de Edena e Arzach, mas esta produção não se limita somente às suas obras mais famosas.


Osamu Tezuka: The Secret of Creation (1985)

O “pai do mangá” e autor mais reverenciado dos quadrinhos e das animações japonesas também possui um documentário, produzido na década de 80 (apenas quatro anos antes de sua morte) pelo canal japonês NHK. Osamu Tezuka: The Secret of Creation acompanha a rotina de trabalho de Tezuka em um período bem atarefado de sua vida.

Produzindo três séries de mangá ao mesmo tempo neste período, participando de grandes convenções no Japão e na França e passando uma média de apenas de 60 dias/ano em sua casa com a esposa, Tezuka sempre foi um gigante produtor de quadrinhos e animações, e o documentário expõe ao público detalhes como seu local de trabalho, sua relação com os assistentes e seu incrível desempenho e dedicação, além de proporcionar um leve vislumbre de sua infância e inspirações.


Grant Morrison: Talking With Gods (2010)

Grant Morrison é, facilmente, um dos grandes nomes dos quadrinhos mundiais. Roteirista de obras-primas como Grandes Astros Superman, Asilo Arkham e Homem-Animal, sua influência na indústria é enorme e diversos personagens foram profundamente marcados por sua passagem em seus títulos.

Talking With Gods destrincha, de forma similar ao seu livro e autobiografia Superdeuses, toda sua vida, da infância aos anos mais recentes. Seu início de carreira como escritor, suas principais inspirações e viagens mágicas são contadas pelo próprio e por um seleto grupo de convidados que admiram seu trabalho, como seus colaboradores Frank Quitely, Richard Case e J. G. Jones, e parceiros de profissão como Neil Gaiman, Warren Ellis, Karen Berger e outros.


Laerte-se (2017)

Uma das autoras mais famosas do quadrinho nacional, Laerte Coutinho possui uma carreira longeva como cartunista e chargista, produzindo diversas obras-primas e críticas espetaculares, e é considerada uma das artistas mais importantes da área no Brasil, criando personagens como os Piratas do Tietê e Overman.

Laerte-se é muito mais um documentário sobre sua vida pessoal, ao invés de sua carreira como autora. Laerte se identificou por quase 60 anos como um homem, e revelou em meados de 2010 sua identidade de mulher transexual após identificar-se assim. O documentário aborda as mudanças ao longo de sua vida, seu cotidiano e sua transformação artística através dos depoimentos e entrevistas da autora para as diretoras Eliane Brum e Lygia Barbosa.


Warren Ellis: Captured Ghosts (2011)

Outro nome extremamente conhecido dos quadrinhos mundiais é o do revolucionário Warren Ellis. Autor de obras importantíssimas como Transmetropolitan, Stormwatch, Authority e Planetary, Ellis é uma figura muito presente na internet desde os anos 90 e tornou-se sinônimo de histórias que abordam o uso da tecnologia e as formas como o mundo pode se tornar um lugar mais ácido na presença de super-humanos.

Captured Ghosts proporciona uma visão panorâmica sobre sua carreira, com depoimentos de outros profissionais da área, músicos, atores de Hollywood e uma atriz pornô, fã de seu trabalho. Suas criações e inspirações são abordadas de forma séria, entretanto, este é um dos documentários mais bem-humorados desta lista.


Good Grief, Charlie Brown: A Tribute to Charles Schulz (2000)

Exibida um dia após o falecimento de Charles Schulz, criador da série Peanuts e dos personagens Charlie Brown e seu cachorro Snoopy, esta série especial da CBS é um tributo a toda sua carreira, destacando sua importância como cartunista e grande influenciador da nona arte e do mundo das animações.

Este especial é composto por inserts da série animada que marcou uma geração, e também destaca depoimentos dados por Schulz em outras entrevistas onde o autor compara Peanuts e sua vida pessoal, proporcionando uma visão de suas principais inspirações e influências.


In Search of Steve Ditko (2007)

A busca produzida pela BBC Four segue as tentativas do apresentador Jonathan Ross de rastrear o artista de quadrinhos Steve Ditko, co-criador do Homem-Aranha e da maioria dos personagens coadjuvantes e vilões do herói. Ao longo de uma hora de duração, Jonathan tenta encontrar pistas sobre o paradeiro de Ditko, um dos autores mais reclusos e marcantes da história dos quadrinhos, que sempre viveu de forma privada.

Como outros documentários, este é composto por depoimentos de autores e editores como Jerry Robinson, John Romita Sr., Neil Gaiman, Joe Quesada, Stan Lee, Mark Millar, Alan Moore e outros, que falam sobre a importância do trabalho de Dikto para a história mundial dos gibis. Ross e Gaiman conheceram Ditko em Nova York, porém o mesmo se recusou a ser fotografado ou entrevistado para o programa, apesar de ter iniciado e mantido contato com o apresentador desde então. Existem pouquíssimas fotos divulgadas do autor, que faleceu em junho de 2018.


O universo de documentários sobre quadrinhos é mais extenso e é praticamente impossível comentar sobre todos já produzidos. Tentamos, na lista acima, elencar uma variedade de documentários que falam sobre diferentes tipos de quadrinhos, de diversos países e autores, com diferentes abordagens que vão de entrevistas a homenagens.

Sabemos que alguns ficaram de fora, como os documentários sobre Will Eisner e sobre Neil Gaiman. Entretanto, nós da Torre de Vigilância ainda não conferimos estes e alguns outros, portanto ainda há muito a se explorar.

Acha que faltou algum? Indique nos comentários e espalhe conhecimento!