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Primeiras Impressões | Yuri!!! on Ice

Atrasado sim, desistindo nunca. Apesar do nome, Yuri!!! on Ice não é uma história sobre garotinhas trocando beijos na neve. Na verdade, é uma história sobre dois garotos que dividem o nome Yuri, um treinador famoso e patinação no gelo. Mas poderia ser sobre as garotinhas se beijando, levando em conta que japonês é um povo bem estranho.

Animes e mangás sobre esporte são, quase sempre, parecidos. Não que não existam exceções. Sim, elas existem e são muito lembradas por todos, mas no grosso é quase sempre a mesma coisa. Mais especificamente sobre os animes, em toda temporada são lançados alguns do gênero, e quase sempre eles tratam de garotos ou garotas na escola que treinam e desejam subir na vida, competindo entre escolas e sempre usando o esporte como uma metáfora para a superação, aprendendo desde o básico. Porém, a temporada atual trouxe dois animes bem diferentes sobre esporte: Keijo!!!!!!!! e Yuri!!! on Ice. É a temporada dos animes de esporte cheios de exclamações!!!!!!!!!!!!!!!!! (Apesar do primeiro citado ser diferente por outros motivos).

Esse levou a Medalha de Ouro na categoria "Melhor Roupa de JoJo".
Esse levou a Medalha de Ouro na categoria “Melhor Roupa de JoJo”.

Dito isso, é importante ressaltar que não sou grande fã do gênero. Por não ser muito fã de esportes (seja vôlei, futebol ou qualquer outro), as obras japonesas sobre tais assuntos nunca chamaram minha atenção. Existe uma infinidade de obras nipônicas sobre futebol, algumas sobre basquete, vôlei, beisebol, diferentes tipos de luta e até sobre natação ou ciclismo. E sim, existem alguns sobre patinação no gelo, e nenhum deles jamais me cativou.

SHIKASHI, depois de quatro parágrafos de texto sobre nada, é aí que entra Yuri!!! on Ice. Poucas vezes tive contato com um anime tão envolvente e encantador como este. E se não bastasse a história cativante, os valores de produção da série beiram a perfeição.

No way! Estes garotos bonitos deslizando sobre o gelo são fabulosos!
No way! Estes garotos bonitos deslizando sobre o gelo são absolutamente fabulosos!

Resumidamente, Yuri!!! on Ice conta a história de um garoto japonês chamado Yuri Katsuki (oh!), que carrega nas costas o nome do Japão na área de patinação no gelo. Ele já é um profissional que cresceu adorando o esporte, e ao competir no Grand Prix Finale, ficou em último lugar. Quando retorna para sua terra natal pensando em desistir da carreria, após alguns eventos sua grande inspiração da vida, o ídolo Victor Nikiforov, bate na porta de sua casa dizendo que irá treiná-lo. Ao mesmo tempo, um jovem prodígio russo chamado Yuri Plisetsky (oh! São dois Yuris!) também deseja obter o treinamento de Victor após uma promessa. Victor e seus dois Yuris começam então seus treinamentos para competirem e descobrir qual será o discípulo definitivo do grande patinador, que então competirá nos grandes campeonatos de patinação no gelo. O que acontece daí pra frente, só assistindo para descobrir.

A premissa é ótima. O character design de Mitsurou Kubo e o desenvolvimento de todos os personagens também são ótimos. Logo de cara a diferença desta para outras obras sobre esportes ficam claras ao notarmos que o protagonista já é um adulto de 23 anos que compete e deseja aprimorar suas habilidades. Graças a este fator, toda a parte de descoberta do esporte e aprendizado é pulada, tornando a história bem fluida. Além disso, a animação proveniente do estúdio MAPPA (Shingeki no Bahamut: Genesis, Ushio to Tora, Zankyou no Terror) também é belíssima, e a trilha sonora é um show a parte. Entendeu? Patinação, esporte, TV, show… Enfim.

Toda vez que eles começam a girar, minha mente infernal toca a música do Pião da Casa Própria.

Os movimentos dos personagens são belissimamente animados. Por ser um leigo no assunto, é difícil eu julgar se o anime reproduz fielmente movimentos existentes nas competições de patinação no gelo, mas dando uma rápida pesquisada no papai Google notei que aparentemente sim, eles são bem fiéis a movimentos reais do esporte. Se isso é verdade ou não, só Deus sabe, mas se tá na internet é verdade e isso dá pontos adicionais à obra (que aliás, é uma obra original, não adaptada de mangá ou novel). E quando mencionei a bela trilha sonora é impossível não pensar imediatamente no lindo tema de abertura cantado por Dean Fujioka. Poucas vezes uma música de anime cantada em inglês ficou tão bela na história da Terra do Sol Nascente.

E caso seja do interesse do(a) espectador(a), Yuri!!! on Ice é cheio de baits de fanservices. Não que precise de muito esforço, já que patinação no gelo já é um esporte bem peculiar, mas algo similar a Free! (anime sobre natação), parte do público ficará bem satisfeito. Mas não, esse não é o foco da obra. É um adicional para shippers de BL. As situações são bem cômicas.

Yuri!!! on Ice foi uma grata surpresa. Ao somar uma animação linda, uma trilha sonora soberba, character design e development de primeira qualidade e uma narrativa fluida e cativante, a fama que o anime vem ganhando nesta temporada é totalmente merecida. Malemá consigo pensar em pontos negativos. Talvez o design dos cachorros, que ficaram meio estranhos. Mas isso seria forçar bastante a barra. Leva um 9/10 tranquilamente, com potencial de, se bem conduzido, manter o nível até o fim.

Novos episódios podem ser assistidos todas as quartas-feiras na Crunchyroll.

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Primeiras Impressões | Nanbaka

A temporada de outubro já começou, mas estamos em novembro e eu ainda não postei nenhum “Primeiras Impressões“. O que seria desse Pagode sem o nosso querido Gabriel? Mas, antes tarde do que nunca, trago, outra vez, um negócio que podemos passar alguns minutos dando gostosas risadas por conta de trocadilhos com as cores laranja e preto. Só que dessa vez, a conexão com o seriado é a própria temática. Que apesar de parecer comum, não é, e por um simples motivo: Japonês ser um povo estranho.

Sabe Prison Break? Se você colocar uma peruca super extravagante em todas as pessoas carecas de lá, Nanbaka é mais ou menos o que você vai conseguir.
Eu acho, nunca vi Prison Break.
Baseado num mangá, esse show é tão excêntrico quanto a autora da obra. Ao conhecer Shou Futamata, você terá certeza que nada menos poderia sair de sua cabeça. A moça é tipo uma Lady Gaga japonesa.

Quando você compara com a autora, até que os personagens são bem realistas...
Quando você compara com a autora, até que os personagens são bem realistas…

Inclusive, “extravagante” é uma excelente palavra pra descrever esse anime como um todo. Eu poderia facilmente dar uma de Porchat e fazer uma postagem inteira falando “Extravagante! Extravagante! Extravagante! Extravagante! Extravagante!“, que as ‘primeiras impressões’ teriam sido passadas muito bem.

Apesar de não ser o fã mais assíduo do mundo quando o assunto são filmes hollywoodianos, um dos gêneros que eu gosto bastante são as “comédias policiais“: filmes que trazem toda aquela carga de ação estadunidense extremamente exagerada, com carros sendo arremessados em helicópteros, além de piadas sendo contadas no meio de tiroteios, e coisas do tipo. Poderia citar “Os Badboys” como exemplo, mas acredito que “Loucademia de Polícia” se encaixa melhor no que eu quero dizer.
Há claras diferenças no tipo de humor utilizado, mas Nanbaka é basicamente Loucademia de Polícia em japonês. E não sei vocês, mas pra mim, isso é sensacional!

A história se passa na Prisão de Nanba, que acaba sendo um personagem por si só. Digo isso pois em obras desse tipo, o que causa o efeito humorístico são as características peculiares dos personagens. Em qualquer show você percebe que seu elenco possui individualidades específicas, mas que nem sempre (quase nunca) são abordadas abertamente. A ambientação da Prisão, o sistema carcerário, os funcionários e suas formas de agir, acabam por dar ao próprio local uma personalidade que funciona como mote para piadas. Em um momento do episódio dois, o Supervisor (já falo dele) precisa ir à sala de sua chefe. Algo que parece uma situação comum, se torna cômica por conta da caracterização da Prisão de Nanba: ele pega um trem pra se locomover entre os blocos!

Já os personagens que são, de fato, pessoas, não ficam para trás de maneira alguma. Os quatro “Números” trazem para a atmosfera do anime um ar descontraído, e fazem isso muito bem. Diversas comédias falham em te fazer rir por simplesmente não conseguirem fazer o meio parecer propenso para tal. Há várias formas de contornar esse problema, e o próprio jeito de ser de seus protagonistas é a resposta de Nanbaka. E para balancear todo esse bem-estar, e para te lembrar que o anime ainda se passa dentro de uma prisão de segurança máxima, temos o Supervisor: único personagem careca da história, ele sim parece ter sido retirado na íntegra de Prison Break. Mas sua seriedade acaba no mesmo lugar onde a palhaçada dos prisioneiros começa, fazendo com que seu papel de Tsukkomi seja sempre bem colocado, e que é ainda mais acentuado pelo excelente trabalho do veterano Tomokazu Seki. Ah, e também temos a carcereira tsundere. Adorei ela.

Falemos um pouco da parte artística da obra: o estúdio Satelight não nos deixa na mão, e apresenta uma animação super fluida, com cores vibrantes (que é extremamente necessário para o clima da obra, como citado no parágrafo anterior) e filtros em tudo que é lugar, de fazer inveja a qualquer filme do Zack Snyder.

No campo sonoro, temos uma OST muito bem colocada, com um sincronismo que eu não (ou)via há muito tempo. Todas as músicas tem uma pegada meio eletrônica-retrô, que combinam perfeitamente com a proposta do show. Tanto a arte como a sonoplastia nos fazem pensar em um joguinho de fliperama. Essa vibe é completa quando chegamos ao encerramento: “Nanbaka Datsugoku Riron♪!“, cantada pelos dubladores da obra.

[Imagem: WnD8bHU.gif]
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Enquanto a história pode não parecer importante ou relevante (e se eu fosse opinar, diria que não é mesmo), ela está guardada num potinho, como algo que tem potencial de ser uma agradável surpresa. Não criem esperanças porém, já que a comédia, que é o prometido pela obra, não precisa desse desenvolvimento para ocorrer. Eles apenas sugerem que existe uma trama por trás disso tudo… Mas que ninguém ali se importa com ela.

Foi uma estreia muito divertida, contrariamente aos péssimos boatos que tinha ouvido, e meu comedômetro marcou um 7/10 para esse início de Nanbaka. Vale a pena dar uma conferida, com toda certeza.

A série pode ser assistida na Crunchyroll, com novos episódios todas as Terças-feiras.

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TOP 15 | Mangás que deveriam ser relançados/reimpressos

Entre 2014, 2015 e 2016 vivemos a Era de Ouro dos mangás no Brasil. Publicados entre diversas editoras, das maiores às menores, os gibis japoneses são atualmente lançados em diversos formatos, do luxo ao mais simples, com preços para todos os bolsos. E um dos motivos dos últimos anos terem sido tão positivos para o mercado brasileiro é a quantidade de relançamentos e reimpressões de mangás.

Yu Yu Hakusho, Berserk, Rurouni KenshinVagabond, Fullmetal Alchemist, Éden, Blade, Chobits, Hellsing, parte de Dragon Ball e títulos vindouros como Akira, InuYasha e Slam Dunk são alguns dos que compõe a extensa lista de relançamentos dos últimos anos, concluídos, iniciados ou anunciados neste período. SHIKASHI, ainda existem títulos que merecem ser relançados no Brasil, e este TOP 15 visa citar alguns destes títulos que deveriam ser republicados (em outro formato) ou que simplesmente poderiam ser reimpressos. Confira abaixo a lista dos quinze mangás escolhidos.

15 – Negima!

Uma das obras mais famosas de Ken Akamatsu, ao lado da já republicada Love Hina, Negima! foi completo no Brasil em 76 volumes meio-tanko (dividindo um volume japonês em dois). A obra possui originalmente 38 volumes, e merecia uma republicação no estilo do já citado Love Hina. Além da fama, Negima! também faz parte do universo do atual mangá de Akamatsu, UQ Holder!, que já é publicado no Brasil pela JBC e ganhará uma versão em anime muito em breve. Com um relançamento de Negima! a editora JBC teria um catálogo completo das mais famosas obras de Ken Akamatsu em seus formatos originais, com bom acabamento e nova revisão de texto.

14 – Fushigi Yuugi

Obra da famosa mangaká Yuu Watase (O Mito de Arata), Fushigi Yuugi é o maior sucesso da carreira da autora. Publicado no Japão de 1992 a 1995, a história é ambientada na China Antiga e foi publicada no Brasil pela editora Conrad de 2002 a 2005, no formato meio-tanko, totalizando 36 volumes (18 tankos originais japoneses). Por se tratar da obra mais famosa da autora, Fushigi merecia uma republicação em terras brasileiras, no formato original japonês com melhor acabamento gráfico. Porém, é importante lembrar do cancelamento de O Mito de Arata (obra mais recente da autora) pela Panini, visto que as vendas foram insatisfatórias na época (entre 2011 e 2013), e se alguma editora viesse a republicar Fushigi ela estaria, talvez, arriscando um pouco mais do que o normal.

13 – Hunter x Hunter

Este entra para a lista de reimpressões. Obra mais longeva do gênio Yoshihiro Togashi, Hunter x Hunter é publicado atualmente no Brasil pela editora JBC, já em seu formato original. No Japão, Togashi publica alguns capítulos por ano (se publicar), e isso faz com que a obra esteja em hiatos constantes. Contudo, os primeiros volumes de Hunter foram lançados por aqui em meados de 2008, aproximadamente oito anos atrás. Graças a este fator é praticamente impossível encontrar as edições em bom estado por preços justos. Apesar de ainda estar em publicação no Japão, outros mangás republicados no Brasil (como Berserk) são a prova de que seria possível relançar (ou reimprimir) um mangá que ainda esteja saindo por lá, caso o licenciante permita. Não é necessário um lançamento com qualidade superior (ao estilo de Yu Yu Hakusho, obra do Togashi mais famosa no Brasil republicada recentemente pela JBC), podendo somente repor as edições esgotadas para que se formem novos leitores, e estes possam acompanhar os lançamentos, como o vindouro volume 33 que deverá sair em breve nas bancas.

12 – Claymore

Outro para a lista de reimpressões. Ou talvez um relançamento com melhor acabamento? Publicado no Brasil pela Panini bimestralmente (e depois quadrimestralmente) entre 2009 e 2015, Claymore é um mangá de ação criado por Norihiro Yagi. Apesar de ter sido concluído há pouco mais de um ano no Brasil, Claymore sofre dos mesmos problemas de Hunter: a falta de edições em catálogo. Ainda é possível encontrar com certa facilidade os volumes finais (a obra é completa em 27 volumes) para compra, porém, os primeiros são mais complicados e quando estão disponíveis são por preços abusivos ou bem desgastados. A publicação espaçada (convenhamos, um volume a cada quatro meses é algo complicado) fez com que muitos volumes desaparecessem do mercado, impedindo que leitores interessados tentem completar a coleção. E um novo lançamento seria muito bem-vindo.

11 – Gunnm – Hyper Future Vision

Este entra para a categoria de Negima! Gunnm foi publicado no Brasil pela JBC entre 2003 e 2004 em formato meio-tanko, completo em 18 volumes. Mangá de ficção-científica criado por Yukito Kishiro, Gunnm possui uma temática ao estilo Mad Max, com uma cidade flutuante e o convívio entre humanos e ciborgues, que se encaixa numa categoria similar ao mangá Éden – It’s An Endless World que a JBC está finalizando a republicação no recém criado formato Big. Gunnm saiu no Japão entre 1991 e 1995 e é completo em 9 volumes, tornando um relançamento em terras tupiniquins algo bem agradável por ser um mangá curto com uma temática que está em alta na editora (que publica outras ficções-científicas e derivados como Terra Formars e Knights of Sidonia). Além disso, é a chance de revisar a tradução e adaptação e dar a oportunidade de novos leitores conhecerem um ótimo título.

10 – Bleach

Finalizado recentemente no Japão, Bleach, a maior obra de Tite Kubo, é publicado no Brasil pela Panini desde 2007, encontrando-se atualmente no volume 70. A série durou até a edição 73, e assim como Hunter e Claymore os primeiros volumes são impossíveis de se encontrar para compra. Como Bleach foi durante muito tempo um dos maiores sucesso da revista Shonen Jump, é possível que haja interesse da Panini em querer relançá-lo como fez duas vezes com Naruto (com a versão Pocket e recentemente com a edição Gold). Com o fim da série, mais leitores criaram interesse pela obra e seria uma boa chance para a Panini reeditar o texto, publicando o mangá com as onomatopeias originais japonesas e até uma revisão na tradução.

9 – Adolf

Clássico de Osamu Tezuka publicado no Japão entre 1983 e 1985, Adolf foi publicado no Brasil pela editora Conrad entre 2006 e 2007. A editora que recentemente finalizou a clássica série Gen – Pés Descalços desde então não fez uma reimpressão dos cinco volumes que compõe a obra de Tezuka na íntegra. A NewPOP vem publicando outras séries do Tezuka há alguns anos (Dororo, Kimba, Don Dracula e one-shots), porém, a editora nunca deixa seus títulos do Tezuka saírem de catálogo, e Adolf é uma das obras que deveriam estar sempre disponíveis, assim como a Conrad faz com o já citado Gen.

8 – Buda

Outro clássico de Osamu Tezuka publicado no Brasil pela Conrad, Buda possui 14 volumes e durou onze anos de publicação no Japão (de 721983). A série completa foi finalizada no mercado brasileiro entre 2005 e 2006, e assim como as publicações citadas anteriormente, é praticamente impossível encontrar todos os volumes para compra, tornando uma reimpressão do título algo essencial para o mercado.

7 – Gantz

Série criada por Hiroya Oku, Gantz é um seinen (mangá para adultos) de ficção-científica lançado no Brasil pela Panini em 2007, durando até 2014, tendo sido finalizado no volume 37. O mangá é um dos casos em que a editora já publicava seus novos títulos com as onomatopeias originais japonesas, porém a obra cai na mesma questão de Claymore, Bleach e Hunter x Hunter: é basicamente impossível encontrar os primeiros volumes em bom estado por um preço justo, e uma reimpressão ou relançamento seriam muito bem-vindos. Gantz é uma obra que, apesar de encerrada no Japão em 2013 rende frutos até hoje, como o recente filme em computação gráfica Gantz: O.

6 – Video Girl Ai/Len

Mangá de Masakazu Katsura, criador de Zetman, Video Girl é uma comédia romântica de ficção-científica publicada no Japão entre 1989 e 1991. No Brasil a série foi publicada pela editora JBC de 2001 a 2003 em meio-tanko, durando 30 edições. A versão original japonesa possui 15 edições, sendo treze de Video Girl Ai e duas de Video Girl Len. Com a recente publicação de Zetman no Brasil caminhando para o fim, é provável que Video Girl seja um dos futuros títulos relançados pela editora JBC, juntando-se aos relançamentos de mangás publicados em meio-tanko anos atrás, agora com nova tradução e melhor acabamento. E se isso não está nos planos da editora, deveria estar, pois nem só de relançamentos dos Cavaleiros do Zodíaco vive o mercado.

5 – Uzumaki

Uma das obras mais famosas do mestre do horror Junji Ito, Uzumaki não vê a luz do mercado brasileiro desde 2006, quando a Conrad publicou a série completa em suas três edições originais. Recentemente a editora DarkSide, conhecida por seus livros com ótimo acabamento gráfico, anunciou que estaria publicando a obra Fragments of Horror em 2017, também de Junji Ito, marcando assim sua estreia no mercado brasileiro de mangás. Com isso as expectativas ficam altas com relação a Uzumaki, que já recebeu uma edição integral de luxo publicada nos Estados Unidos pela Viz Media perfeita para o padrão de qualidade da DarkSide Books.

4 – Sanctuary

Yoshiyuki Okamura, também conhecido como Buronson ou Sho Fumimura, é o criador do famoso mangá Hokuto no Ken. Contudo, além de Hokuto no Ken, Sho publicou entre 1990 e 1995 um mangá policial inspirado em Mad Max ilustrado por Ryoichi Ikegami (Crying Freeman), completo em 12 edições, chamado Sanctuary. A obra teve cinco volumes publicados no Brasil pela editora Conrad entre 2006 e 2007, com o lançamento do sexto volume em 2008. O mangá foi então cancelado pela editora e os leitores brasileiros nunca tiveram a chance de ler o final da série. Uma excelente obra criada por dois ótimos mangakas, Sanctuary merecia uma segunda chance no Brasil.

3 – Cowboy Bebop

Cowboy Bebop possui duas séries em mangá com aventuras inéditas e paralelas em relação à animação. Cowboy Bebop: A New Story (completo em 3 volumes) foi publicado pela editora JBC no formato meio-tanko em seis edições, semanalmente, no ano de 2004. Recentemente a editora disponibilizou uma votação para que o público decidisse qual seria o próximo relançamento, e Cowboy Bebop era uma das opções. Infelizmente o título perdeu para InuYasha, porém a promessa é que Bebop também será relançado no futuro. E quem sabe a outra série inédita no Brasil, chamada Cowboy Bebop: Shooting Star, também seja lançada por aqui, completando as publicações de um título baseado em um famoso anime.

2 – Yu-Gi-Oh!

Yu-Gi-Oh! é um sucesso da Shonen Jump no Brasil e no mundo, e rendeu diversos spin-offs e diferentes cartas para jogos. A coleção completa possui 38 volumes e foi publicada no Brasil pela JBC entre 2006 e 2010, já no formato original japonês. O autor, Kazuki Takahashi, queria criar um mangá onde as pessoas não batessem em nada, mas sim competissem de outras formas. Então surgiu a ideia das batalhas através de um cardgame. Yu-Gi-Oh! tornou-se um sucesso estrondoso no Brasil graças ao anime exibido na Rede Globo, Nickelodeon e PlayTV, criando uma legião de fãs em terras tupiniquins. Por se tratar de uma obra nostálgica e com uma fanbase devota ou novos potenciais leitores, a saga de Yugi Muto merecia uma republicação no Brasil com melhor acabamento gráfico, no mesmo estilo do que foi feito com Rurouni Kenshin e Yu Yu Hakusho, outros clássicos da Jump.

1 – Shaman King

Por fim, outro título que estava na lista da pesquisa feita pela JBC e que ficou em segundo lugar, perdendo para InuYasha. Shaman King (1998-2004), criação de Hiroyuki Takei, foi publicado na íntegra pela editora no formato meio-tanko com um acabamento gráfico lamentável entre 2003 e 2006, totalizando 64 edições (32 tankos originais japoneses). Contudo, a JBC só publicou o que foi lançado pela Shonen Jump, e o verdadeiro final foi publicado após o fim da coleção no Japão, em um kanzenban. Graças a este fato os leitores brasileiros nunca tiveram a chance de conhecer o verdadeiro final da obra, tornando o relançamento em novo formato com melhor acabamento gráfico, tradução revisada e compilando todo o material algo essencial para o mercado brasileiro, visto que se trata de uma obra famosa no Japão e com um anime de suporte exibido no Brasil anos atrás.

Obviamente existem diversos outros títulos que merecem ser republicados ou reimpressos no Brasil. A Princesa e o Cavaleiro, Battle Royale, Angelic Layer, Fruits Basket, Bastard!!Monster (que já está esgotado há algum tempo) e diversos outros poderiam até mesmo compor uma segunda lista ou serem incluídos em um TOP 20. Vale também lembrar que as posições do TOP não são necessariamente a preferência ou necessidade de cada título para ser republicado, mas sim uma ordem aleatória.

Concorda com a lista? Discorda? Gostaria de citar outros mangás? Comente abaixo!

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Resenha | Ajin #1

O terror, o medo do desconhecido e como isso é refletido numa aparente sociedade bem pacata, mas cheia de preconceitos, sempre foi um tema interessante nos mangás. Se bem trabalhado, pode conseguir um sucesso instantâneo facilmente e, quando esse acontece, vemos o surgimento de um fenômeno em tal seguimento.

Ajin é a mais nova aposta da editora Panini, num gênero que é ainda pouco explorado em terras brasileiras, e esperamos que mais obras do gênero ganhe o destaque que merecem.

A obra com roteiro de Tsuina Miura e com a arte de Gamon Sakurai, é uma obra do gênero seinen, onde o mistério é a palavra chave para o que o ele quer nos apresentar, mas que tem muito potencial e um plus: o anime foi parar no catálogo da Netflix e, apesar do conceito estranho de uma animação 3D, conseguiu angariar o seu público.

SINOPSE

Ajin são seres de aparência humana, mas que possuem uma habilidade bem peculiar: eles não morrem. Dezessete anos atrás, eles apareceram pela primeira vez em um campo de batalha na África. Desde então, mais de sua espécie são descobertos no seio da sociedade humana. Sua raridade na aparência significa que, para fins experimentais, o governo vai recompensar generosamente quem capturar um. Nos dias atuais, para que um aplicado estudante chamado Kei Nagai do ensino médio que espera ter um feriado típico de verão pra um aluno aplicado e um tanto antissocial, a sua vida está prestes a virar algo inesperado…

Nagai
Eis o nosso antissocial protagonista.

A HISTÓRIA

Ajin no seu primeiro volume consegue ser um mangá que sabe alternar muito bem entre o mistério, lançando mais questionamentos do que propriamente respostas no seu inicio, seguindo meio que uma fórmula do gênero, e consegue apresentar muitos elementos de ação, típicas de histórias de fuga, pois é esse o foco inicial como já disse acima; a sociedade ver tudo que não entende com muitos preconceitos, ou como algo negativo, e os Ajins nesse universo ao ponto de serem raros e de certa forma ainda incompreendidos pelos humanos, se tornam alvos de caçadas e da ganância, pois os mesmos não são tratados como serem humanos.

cobaia
Perfeitamente compreensível a fuga…

Os personagens principais da obra são o que o que chamaria de personagens de tons de cinza, que possuem alguns clichês, como o mal encarado diretor de uma agência governamental e sua seguidora, o velho misterioso que sabe o que está acontecendo, o psicótico caçador… Mas tem alguns que despertam nossa simpatia, principalmente Kai, o renegado amigo do Nagai Kei (a criatividade dos nomes… enfim), o único que fica ao seu lado, apesar de não ter motivos apresentados para isso.

Inicialmente não nos é mostrado quem é bom ou quem é mau, evitando muito o maniqueísmo e causando ainda mais mistérios, mas que consegue nos mostrar certa crueldade, quando focam nos personagens secundários e sua ganância, principalmente na caça ao recém descoberto Ajin.

vamos fugir
Vamos fugir!

Outra coisa que chama muita atenção é o traço, utilizando perspectivas de visão que não muito convencionais e que conseguem definir com clareza a situação vivida pelas personagens, e isso é algo muito positivo e poucos mangás conseguem oferecer este impacto. Como estamos falando de uma obra de mistério em que a premissa é não morrer, não poderiam faltar as mortes, com uma violência gráfica explicita, mas que não chega a ser gore, e que enriquece muito com os detalhes.

violento
O seu amigo da vizinhança, SQN!

A Panini fez um ótimo trabalho com Ajin. A edição é semelhante às de One-Punch Man e Vagabond (com resenha feita por esse que vos fala), com orelhas e papel off-set. O título do mangá e a imagem estão em hot stamp, dando um efeito muito bacana, contrastando com o fundo escuro da capa. Além do glossário que dá um norte para algumas expressões citadas.

Ajin, além de tudo é, uma história sobre auto-conhecimento e isso fica bem evidente na jornada de Nagai. Ele não sabe em quem confiar, e tem que se virar da maneira que pode, apesar da ajuda do amigo Kai, mesmo que isso seja algo que não o leve por um melhor caminho mas, enfim, é um caminho necessário para o seu desenvolvimento como personagem e para que possa ter uma solução para os seus problemas, mesmo que sejam soluções que possam ser dolorosas.

ate
Até a próxima!

FICHA TÉCNICA

Nome: Ajin (Vol. 1 de 8)
Publicado em: Julho de 2016
Editora: Panini
Gênero: Seinen
Autor(a): Tsuina Miura (roteiro)/Gamon Sakurai (arte)
Status: Série em andamento/ Bimestral
Número de páginas: 232 paginas (papel off-set) / Leitura Oriental
Formato: 13,7×20 cm / P&B com páginas coloridas / Lombada quadrada com orelhas
Preço de capa: R$ 17,90

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Light Novels: O que são e por que você devia se importar

Hoje o papo é sério, então não podemos começar com piadinhas. Se quiser rir por causa de japonês, essa nova novela das seis está cobrindo minha cota muito bem. Sério, vocês viram a Giovanna Antonelli falando (ou tentando falar) em glorioso NIHONGO? Nem preciso mais perder algumas linhas pra dizer que japonês é um povo estranho.

Você, caro leitor das partes menos obscuras (e mais ativas) da Torre, pode não dar a mínima para os meus outros posts. Eu escrevo sobre aqueles desenhos japoneses cheios de garotinhas, afinal de contas. E você gosta mesmo é do Bátima. Eu sei, eu sei. Acontece que esse post em específico, assim como aquela série (que eu ainda vou terminar, prometo) sobre como entrar no mundo dos animes, foi feito justamente pra você.

Dessa vez, vou tentar te vender outra roubada, mas um pouco diferente da anterior. Essa está bem mais próxima da sua zona de conforto do que você imagina, e tem uma influência midiática tão colossal, que a probabilidade de você já ter cruzado com algo diretamente amaldiçoado por ela é enorme. Começaremos pelo começo:

O recado está sendo dado na própria capa da Novel! Não diga que não avisei!
O recado está sendo dado na própria capa da Novel! Não diga que não avisei!

O que são Light Novels?

Segundo a Wikipédia: “são romances ilustrados geralmente no estilo anime/mangá, compilados de folhetins de revistas ou sites na internet“. Mas é claro que isso não explica nada. Vamos expandir um pouco a definição café-com-leite que nos foi dada.

A começar por “São romances“. Apesar de grande parte dos títulos terem algum tipo de relação de fato, romântica, entre seus personagens, o termo ‘romance‘ provém de seu significado mais amplo: uma prosa, um gênero narrativo. No ápice dos meus doze anos de idade, achei engraçado o fato de, na capa nacional de “O Diário de um Banana“, estar escrito que se tratava de “um romance em quadrinhos“. De forma semelhante, light novels são, portanto, prosas. Prosas que, por sua vez, são escritas, como é de se imaginar, em forma de textos. Em bom português, se trata, basicamente, de um livro.

Mas não apenas um livro. Continuando, temos que são “ilustrados“. Interessante, estamos começando a pegar o espírito da coisa. Então, além de ser um livro, uma light novel também possui ilustrações. Isso não é tão incomum assim, claro. Existem diversos livros ilustrados por aí. Se expandirmos o conceito o suficiente, podemos até incluir suas amadas HQs nesse conjunto.

A questão muda de figura (entendeu? Estamos falando de ilustrações! Há!) quando prosseguimos na leitura: “geralmente no estilo anime/mangá“. É agora que a porca torce o rabo. Sei que você fez cara feia quando chegou nessa parte. Tudo bem, eu te entendo. Como já comentei outras vezes, eu também mudaria de calçada se cruzasse comigo mesmo na rua. Nem todo mundo gosta desse estilo de arte, e isso faz com que a resistência dessas pessoas aos ‘animes‘ seja enorme. Muitos acabam perdendo ótimas tramas, com excelentes roteiros e histórias envolventes, apenas por desdém ao modo de exibição.

Você ainda vai ter que lidar com isso, só que em doses homeopáticas.
Você ainda vai ter que lidar com isso, só que em doses homeopáticas.

Mas é por isso que as light novels são tão importantes: elas trazem, no geral, o tipo de trama, narrativa e roteiro que você encontraria em animes e mangás… Mas com 347% (segundo fontes confiáveis) menos arte que você odeia! Hooray! Enquanto ambos os casos citados são repletos desse tipo de desenho, as light novels possuem poucas ilustrações em seu miolo, tendo o seu bruto preenchido por letras. É uma oportunidade que você tem de conhecer esse tipo de escrita sem precisar sofrer com imagens que fazem seus olhos sangrarem.

Fechamos, então, com “compilados de folhetins de revistas ou sites na internet“. Se você está no famigerado grupo dos “Millenials”, que tem causado muitas discussões extremamente irrelevantes na mídia ultimamente, muito provavelmente nunca ouviu falar desse bagulho. E é claro que nunca ouviu mesmo. O único título nacional que eu conheço, que saiu nesse formato, é “Memórias de um Sargento de Milícias“, cuja publicação é datada em mil oitocentos e vovó menina (1852). Imagine algo próximo de… Harry Potter. A autora poderia ter escrito um grande livro contando toda a história do rapaz, mas decidiu fazer sete livros diferentes, com lançamentos mais ou menos igualmente espaçados entre si. Light Novels são publicadas nesse estilo: a cada seis ou doze meses, um ‘volume‘ novo é lançado, continuando a história de onde ela parou da última vez. Pensando enquanto digito, é quase que a mesma coisa que mangás e HQs, não é? Viu só como esse universo não é tão diferente do que você já conhece?

Por que elas são importantes?

Agora que você sabe (mais ou menos) do que estamos tratando, podemos dar um passo à frente. No começo do post eu disse que, além de apresentarem boas narrativas, Light Novels possuem uma influência midiática extraordinária. Você, com certeza, não acreditou em mim; e por isso eu irei provar meu ponto. Me acompanhe:

Se até JoJo tem conteúdo em Light Novels, como você pode ignorar algo tão FABULOSO?
Se até JoJo tem conteúdo em Light Novels, como você pode ignorar algo tão FABULOSO?

Começarei com a mídia que, obviamente, é a mais afetada pelo surto de Light Novels, iniciado em meados dos anos 2000: os animes. E eu sei o que você está pensando, você não se importa com animes, certo? Meu grande objetivo de vida (e a única coisa que me mantém vivo atualmente) é fazer você se importar um dia. Por isso, é importante você saber dessas coisas.

Contando as últimas três temporadas de animes que já não estão mais entre nós (julho, abril e janeiro), aproximadamente um dezesseis avos (1/16) dos títulos são adaptações de Light Novels. Isso pode não parecer muito (e não é mesmo, se comparado ao número de adaptações de mangás, por exemplo), mas se levarmos em conta que cada temporada nos trás, em média, entre quarenta e cinquenta novos shows (com algumas abominações, como Julho/2016, que teve exorbitantes sessenta e quatro novas animações), e que essa proporção está mais ou menos constante nos últimos DEZ ANOS, podemos estimar aproximadamente 125 adaptações de Light Novels, na última década.

Não há como discordar...
Não há como discordar…

E não apenas em quantidade, mas em volume de informações, esse dado é importante: uma obra originalmente escrita para animação é fácil de se trabalhar; um mangá requer um mínimo esforço de leitura, mas grande parte da adaptação pode se basear nas massivas ilustrações. Agora, Light Novels? O diretor do show precisa ler e reler diversas vezes cada volume da obra original, e tirar totalmente de sua cabeça todo o cenário e distribuição de todas as cenas que não são ilustradas. O trabalho nas costas do diretor é diversas ordens de grandeza maior, quando a obra a ser adaptada é uma Light Novel. E mesmo assim, elas continuam sendo adaptadas. Se isso não é um sinal de que elas são importantes, então eu não sei o que é.

Se isso não te convenceu, posso usar mais números para te assustar. Sem problemas. O mercado de Light Novels é surpreendentemente gigante, e movimenta muito dinheiro por ano. Em 2009, esse setor movimentou 30,1 bilhões de Ienes (392 milhões de dólares, na época), representando quase um quarto de todo o lucro da indústria de livros japonesa. Os títulos mais famosos vendem, anualmente, na faixa de um milhão de cópias, apenas no mercado nipônico. E os números são ainda maiores, quando expandimos para o mercado ocidental. Recentemente, a Editora Kadokawa publicou dados sobre as vendas mundiais da Novel de Sword Art Online, e os números ultrapassam os dezenove milhões de exemplares.

Acredite, essa imagem é Real™
Acredite, essa imagem é Real™

Mas você não se importa com nada disso, não é? Parece que tudo que eu falei não está assim “tão influenciado” por Light Novels como eu fiz parecer no início. E se eu disser que, na realidade, até mesmo TOM CRUISE já encarnou um personagem vindo desse meio? Que foi, não acredita? “No Limite do Amanhã“, filme de Doug Liman (diretor de “Senhor e Senhora Smith”, a série de filmes de Jason Bourne, entre outros títulos que eu nunca ouvi falar… Exceto “Jumper”. Adoro esse filme, puta merda.) estrelado pelo galã citado é uma adaptação cinematográfica de nada mais, nada menos… Que uma light novel! Escrita por Hiroshi Sakurazaka em 2004, “All You Need is Kill” foi o primeiro (e único) grande sucesso do autor, que recebeu além do filme, adaptações para graphic novel e para mangá (esse último, publicado no Brasil pela JBC).

Ok, “Isso é um caso a parte“, você deve estar pensando. “Esse negócio de Light Novels continua sendo coisa de Japonês safado“. Ah amigo, eu bem que queria concordar contigo. Bem que queria dizer que você está certo dessa vez… DAGA KOTOWARU Mas eu estaria mentindo. O maior exemplo que posso dar para refutar essa sua hipotética afirmação é uma pessoa que, coincidentemente, surge das terras em que nós pisamos agora: Thiago Lucas Furukawa, nascido no Brasil. Este jovem rapaz futuramente seria conhecido pelo nome artístico de “Yuu Kamiya” (afinal, tenho certeza que ele sofreria bullying no Japão, se tentasse publicar qualquer coisa com o nome de “Thiago Lucas”), é a prova viva que para fazer algo dar certo, só é preciso dar um jeitinho brasileiro.

Piadas a parte, “No Game No Life“, maior obra do jovem tupiniquim, é um sucesso absurdo em todo o mundo: no primeiro semestre de 2013 foram vendidas mais de 255 mil cópias da novel, e um dos volume mais recentes vendeu, só na primeira metade deste ano, 168 mil cópias; Foi adaptado em uma série animada pelo estúdio Madhouse, que teve uma média de 8,5 mil blurays vendidos (que é um bom número, caso você não esteja familiarizado), e que causou uma comoção colossal com o público na internet. Enfim, é uma Light Novel importante nos dias de hoje, e de fazer inveja em muito japonês safado.

Tudo bem, você me convenceu! Que Light Novels eu encontro no Brasil?

Ok, ok, formem uma fila organizada para comprar as suas Light Novels! Tem pra todo mundo! (Isso não são light novels, mas use sua imaginação)
Ok, ok, formem uma fila organizada para comprar as suas Light Novels! Tem pra todo mundo! (Isso não são Novels, mas use sua imaginação)

Ora pois, que bom que perguntou! Embora existam milhões de títulos super interessantes e que não apenas eu, mas muitas pessoas adorariam ver sendo publicados por aqui (inclusive… Junior, se estiver lendo esse post… Dá uma olhada no cantinho de sugestões com carinho, vai? Nunca te pedi nada, só queria um Encontro ao Vivo… *wink*), o mercado nacional de Light Novels ainda está começando a engatinhar. É um nicho relativamente recente, e com poucos títulos a disposição. O seu apoio é essencial nessa fase importante da vida dessa criança, pois é neste momento que começamos a moldar o seu futuro, começamos a ver se ele crescerá forte e saudável e conquistará muitas realizações memoráveis em sua vida, ou se vai acabar como um blogueiro depressivo que escreve sobre desenhos chineses. E eu tenho certeza que, por mais que você não se importe com isso, você não ia querer um destino tão ruim para ninguém, não é?

A melhor forma de mostrar para as editoras que você gosta (ou gostaria de começar a gostar) da mídia, e que adoraria um catálogo maior de títulos, é apoiando os títulos atuais, e orientando-os a que rumo seguir. Se os títulos atuais não te agradam, peça novos! Comente, procure, recomende às editoras! Elas, apesar de parecerem, não são monstros de sete cabeças que vivem em outra dimensão. Se você conversar civilizadamente com elas, elas te responderão com todo o prazer.

No Brasil isso não está tão grave... Ainda...
No Brasil isso não está tão grave… Ainda…

De qualquer maneira, vamos deixar essa parte chata de lado e ir logo ao ponto. Embora existam publicações mais antigas de outras editoras, atualmente, apenas JBC e NewPOP publicam Light Novels no mercado brasileiro, normalmente apenas em lojas especializadas (ou seja, você pode não encontrá-las em sua banca de esquina predileta). Mas é claro que compras online são sempre viáveis. Segue lista:

NewPOP

JBC

E… Ufa! Acabamos por aqui, hoje. Se você realmente chegou até aqui, espero que eu tenha te convencido sobre a importância das Light Novels na mídia atual. E mesmo se você não goste, entenda a sua influência, que aos poucos, se alastra pelas vastidões, e logo logo alcançará você. Isso se já não alcançou. Eu não olharia para trás se fosse você…

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Primeiras Impressões | Udon no Kuni no Kiniro Kemari

Imagine que você é um cara normal na casa dos 30 anos de idade que herda o antigo restaurante de seu falecido pai. Sem grandes promessas para seu próprio futuro, você visita o local com o objetivo de limpá-lo para vender e acaba encontrando um garotinho de rua, aparentando ter no máximo cinco anos de idade. Parece o sonho de um pedófilo, mas é só Udon no Kuni no Kiniro Kemari, anime recém-estreado (e ouso dizer, mais fofo) da atual temporada!

Produzido pelo estúdio LIDENFILMS (Terra Formars, Aiura), Udon no Kuni é a adaptação de um mangá criado por Nodoka Shinomaru. Dirigido por Ibata Yoshihide (Haikyuu!!), o anime contará com 12 episódios e narra a história de Souta Tawara, um designer que morava em Tóquio e herdou o restaurante de udon (tipo de macarrão japonês grosso feito de farinha, servido comumente como sopa) de sua família em Kagawa. Lá ele encontra um garotinho de rua escondido e com fome, e sem sinal de seus pais, acaba o adotando. Contudo, o garoto não é somente um perdido, mas sim um cão-guaxinim folclórico que se disfarça de criança!

O primeiro episódio de Udon no Kuni foi uma grata surpresa sendo bastante introdutório e singelo. Seja por conta de sua belíssima animação bem detalhada e limpa ou por sua trilha sonora calma e tocante dirigida por Tsuruoka Yota (insira aqui uma infinidade de animes famosos), a obra entregue é de fazer qualquer um sorrir bastante. A premissa é simples e a simplicidade é bela. E fofa. Kawaii. Já falei que isso é muito fofo?

Em poucas cenas o anime situa bem o espectador sem parecer um panfleto de introdução, característica típica de obras seinen/josei slice of life. Utilizando flashbacks e detalhes simples nos cenários, aos poucos a história vai sendo contada e alguns personagens (que aparentemente serão parte do elenco fixo) são apresentados. E se não bastasse a ótima e relaxante construção de episódio (de verdade, assistir isso é muito desestressante), o elenco de dublagem também fez um ótimo trabalho, especialmente o responsável pela voz de Souta, Nakamura Yuuichi (Haikyuu!!91 Days da temporada passada, Drifters da atual temporada, Fairy Tail, Durarara!!, Fullmetal Alchemist: Brotherhood e outros).

Infelizmente, algumas cenas deste anime darão fome. Assista por sua conta e risco.

Para os mais conhecedores de animes a premissa deve lembrar bastante Barakamon, com um quê de Usagi Drop e Amaama to Inazuma. A diferença, além do restaurante da família de Souta ser de udon, é o lado místico/folclórico, já que o garotinho chamado Poko é um tanuki (cão-guaxinim) mágico descrito pelo monge do templo como “uma criatura que se disfarça de humano e vive assim durante anos e anos“. E Souta acaba descobrindo isso no final do episódio de forma hilária.

Parece doença mas é só um guaxinim mágico e fofo.

Souta, o protagonista, é o típico esteriótipo de personagem que não se importa com o legado da família. Ao demonstrar zero interesse em reabrir o restaurante, fica óbvia a construção de plot onde Souta reabrirá o negócio e tentará tocá-lo à sua maneira com a ajuda dos amigos e familiares (como sua irmã), motivado por sua convivência com Poko e aprendendo com as recém descobertas receitas de seu pai. A relação perturbada de pai e filho entre Souta e seu progenitor também deve servir como inspiração, especialmente para o seu convívio com Poko. É tudo muito bonito nessa belezinha. Até a música de abertura é uma belezinha.

Souta decide seguir os passos do pai.
Souta decide começar a seguir os passos do pai ao herdar seu restaurante.

Udon no Kuni no Kiniro Kemari tem potencial. Julgando somente pelo primeiro episódio e comparando com outros “primeiros episódios” da temporada assistidos até o momento, este foi de longe meu favorito, recebendo todo o apoio possível e a torcida para que o bom nível se mantenha.

A série é exibida aos sábados no Japão e pode ser assistida simultaneamente através do serviço de streaming Crunchyroll.

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Primeiras Impressões | Drifters

Samurais. Decapitações. Sangue jorrando em doses cavalares. Elfos. Esferas mágicas. Um homem usando óculos. Portas que levam a outros mundos. História japonesa e patos depenados. Adicione a tudo isso uma trilha sonora bem louca com um humor doente e temos Drifters, um dos animes mais promissores da atual temporada. É até meio louco parar pra pensar que tudo isso saiu da cabeça de um japonês estranho.

Drifters é um mangá escrito e ilustrado por Kouta Hirano. Caso o nome não signifique nada pra você, saiba que esse gordinho simpático é o criador de Hellsing, mangá violento com vampiros nazistas em dirigíveis matando pessoas por nada. Drifters vem sendo publicado no Japão numa velocidade tão lenta quanto a editora Nova Sampa lança mangás no Brasil, já que em sete anos a série teve somente cinco volumes compilados. Mas quem se importa? Nada impede que um anime bacana seja feito.

No vídeo acima é possível ter uma leve noção da porraloquice desse anime. Produzido pelo estúdio Hoods Entertainment (que só fez porcarias que não merecem ser mencionadas), Drifters possui uma história peculiar. Figuras históricas japonesas são teletransportadas para um mundo desconhecido onde deverão, basicamente, salvar esse mundo da destruição total. Mas é impossível chegar a essa conclusão assistindo somente o primeiro episódio, já que ele não diz absolutamente nada sobre a história. No próximo eles podem formar uma banda e começar a dar shows, destruindo essa parte do texto. Quem sabe?

Após sofrer ferimentos mortais durante a Batalha de Sekigahara (que ocorreu no ano de 1600), Shimazu Toyohisa se vê transportado para um corredor com diversas portas ao seu redor e um homem usando óculos sentado numa mesa. Subitamente, após ação do homem misterioso, Toyohisa é sugado para uma das portas e acaba sendo salvo e conhecendo outros dois guerreiros, Oda Nobunaga (daimyo do Período Sengoku da história japonesa que viveu entre 1534 e 1582) e a garota Nasu Yoichi Suketaka (samurai que viveu no final do Período Heian, entre 1169 e 1232). E o primeiro episódio acaba aí mas ouso prever que, juntos, essa turminha do barulho (que mal foi apresentada) entrará em várias confusões neste mundo com elfos e anões.

Remember Monstros S.A.? This is him now! Feel old yet?
Remember Monstros S.A.? This is him now! Feel old yet?

É difícil julgar Drifters somente pelo primeiro episódio, mas ao mesmo tempo o currículo do autor nos permite fazer isso. Hirano é um cara muito louco, que adora fazer loucuras loucas em situações malucas. E Drifters, numa primeira impressão, é o tipo de coisa que só um cara como ele conseguiria pensar. Ao mesmo tempo que a série parece não exigir muito do espectador, um leve conhecimento da história do Japão é importante para que algumas piadas façam sentido, visto que a obra usa tais personagens históricos como protagonistas. Porém, tirando isso, você pode simplesmente gostar de ver algumas cenas violentas, típicas das obras de Hirano, uma vez por semana.

E essa violência fica linda de se ver na ótima animação utilizada no anime. Ágeis, poluídas, meio granuladas e respeitando muito o traço do autor no mangá, as cenas são todas muito bem animadas. Além disso, o character design de Nakamori Ryouji (que trabalhou na animação Hellsing Ultimate) é perfeito e, sendo fiel à obra original, diferencia muito bem todos os personagens. Pausa rápida para admiração de violência gratuita:

VASH! SPLASH!

Outro ponto positivo do anime é sua trilha sonora, que simplesmente não dá a mínima para o contexto da época da Batalha de Sekigahara e enfia logo um rock’n roll nas cenas de luta, para alguns momentos depois utilizar uma típica música relaxante de dez horas do YouTube com o objetivo de criar um aspecto mais sério. Música essa que é quebrada rapidamente com um rap louco. No final das contas, assim como a trama, os personagens e a animação, a trilha sonora também é uma bagunça. É tudo uma bagunça. E funciona muito bem. Como ponto negativo só consigo pensar no ritmo acelerado até demais, dificultando a leitura e associação dos nomes de personagens. Alguns morrem com cinco segundos de cena, então tudo bem. Pausa rápida para admiração de violência gratuita:

VASH! VASH! PÉIM! BLOSH!

Drifters entregou um primeiro episódio muito bom. Não se levando muito a sério e prometendo situar o espectador aos poucos especialmente com relação aos mistérios (tipo quem diabos é aquele cara do corredor), a trama tem um potencial absurdo e praticamente infinito, já que existem diversas portas diferentes que, deduzo, levam para outros mundos. A ideia gera situações cômicas com um humor típico do autor, e mesmo que entregue um desenvolvimento de personagens raso como um pires, tem um potencial gigantesco para gerar uma boa diversão despretensiosa.

Resta saber se, com tão pouco material do mangá disponível até o momento, o estúdio optará pela fidelidade ou apelará para os tão odiosos fillers, que porém, podem ser bem aplicados numa ideia como a desta série. É tudo uma incógnita e uma bagunça, assim como esse anime. Mas que ele é legal, é.

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Resenha | Noragami #1

Deuses, espíritos, maus agouros e entre outras coisas, o xintoísmo é cheio de mitologias, e nos mangás podemos dizer que há obras e obras que utilizam e muito dessa mitologia, como por exemplo: Yuyu Hakusho, Soul Eater, Nura, Kekkaishi, entre tantos outros.  Dentro desse subgênero do shounen, a Panini nos fez o favor de trazer uma obra bem singular, dentro de um gênero que já tiveram vários tipos de abordagens, chamada “Noragami“.

A obra de Adachitoka, ficou conhecida principalmente pela adaptação animada feita pelo estúdio Bones, e com o sucesso do anime nas redes sociais aqui no Brasil, a editora multinacional acabou lançando o primeiro volume do mangá no Anime Friends, cuja cobertura foi feita por nós (clique aqui), ainda em andamento em terras nipônicas.

SINOPSE

Yato é um Deus menor, bem peculiar, com uma vestimenta esportiva, cujo sonho é ter um monte de seguidores a adorá-lo. Infelizmente, o seu sonho está longe de se tornar realidade desde que ele não tem sequer um único santuário dedicado a ele. Para piorar as coisas, o único parceiro que o ajudava a resolver os problemas das pessoas, acabou pedindo demissão. Sua existência divina e sua sorte parecem mudar, quando ele se depara com Hiyori Iki, uma garota que acaba por salvar a sua vida. Com isso, ela acaba ficando ‘presa’ à Yato, até que os ‘novos problemas’ da jovem sejam resolvidos. Junto com Hiyori, e seu novo parceiro/arma Yukine, Yato fará de tudo para ganhar fama, reconhecimento, e talvez, quem sabe, um templo em seu nome, também.

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Um exemplo de divindade, SQN.

A HISTÓRIA

Noragami, como já citei no inicio, não é uma obra original na sua temática, pois esse gênero do sobrenatural no shonen é bastante comum, mas a autora consegue ser bem singular, primeiramente, pelo foco da obra: não focar no personagem inicialmente humano, como em Yuyu Hakusho por exemplo, e o agente espiritual; a divindade; ou o que seja ficar num papel de mentor para o humano, que serve de “orelha” pra apresentar o que é aquele limiar. O que ocorre é um foco no dilema de Yato, a divindade menor, mostrando sua personalidade forte, um tanto egocêntrica, mas que no fundo tem um bom coração.

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O trono do reino do Yato!

Como um Deus menor, Yato presta serviços para humanos, que por serem seduzidos por energias negativas, ou simplesmente por serem crianças (que são mais sujeitas a terem visões do mundo espiritual na mitologia da obra), podem contratá-lo, pela exorbitante quantia de 5 Ienes (algo como 15 centavos), e ele tenta resolver esses problemas, no cumprimento do seu dever divino, mesmo que as vezes as soluções sejam um tanto radicais.

O primeiro volume da obra serve mais como uma apresentação desse universo, mostrando o dilema que é ser um Deus sem seguidores, que tipo de serviços o Yato pode fazer, e também nos apresenta mais dois personagens que terão grande importância na obra. Um desses personagem é a humana Hiyori Iki, que por um acaso, durante o seu percurso comum para a escola, consegue ver Yato, e consequentemente o salva, mas acaba sendo atropelada em seu lugar, assim tornando-se uma pessoa que está ligada ao mundo humano e ao limiar espiritual, mesmo que isso lhe cause certas complicações na sua vida humana. E pra resolver esse problema, ela contrata… o próprio Yato.

016-017
Um encontro de dois mundos.

O outro personagem que terá uma grande importância, é um Shinki: uma espécie de arma espiritual que tem um contrato com os Deuses, se tornando ferramentas que exorcizam os maus espíritos. O Shinki em questão se chama Yukine, que digamos, também tem uma personalidade bem parecida com a do Yato. E é lógico que isso causa momentos cômicos na obra.

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A arma mal encarada!

Noragami tem uma arte com alguns trejeitos de shoujo, apesar ser de um shounen. Creio que seja por ser feito por uma mulher, o que torna perceptível a presença de uma certa delicadeza no traço, mas que quando precisa ter um traço mais ativo, principalmente nos combates, não fica devendo.

Como uma obra sobrenatural, o primeiro volume nos apresenta muitas informações, e o glossário feito pela Panini ajuda muito nesse quesito.

Noragami é uma obra que conquista principalmente pelos personagens: Yato, apesar de ser um Deus muito despojado, é muito carismático; Hiyori também não fica atrás, não fazendo jus a típica menina a ser protegida, mas sim alguém que vai a luta, mesmo sendo uma mera humana nesse limiar dos espíritos, e como uma grande fã de boxe, ela se constrói como nada clichê dentro desse gênero.

Podemos dizer que foi um excelente lançamento, e que vale a pena dar uma conferida na jornada de Yato, rumo a conquista de seu próprio templo.

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Até a próxima!

 

FICHA TÉCNICA

Nome: Noragami. (Vol. 1 de 17)
Publicado em: Julho de 2016
Editora: Panini
Gênero: Shonen
Autor(a): Adachitoka
Status: Série em andamento/ Bimestral
Número de páginas: 200 paginas (papel jornal) / Leitura Oriental
Formato: 13,7×20 cm / P&B / Lombada quadrada/ Marcador incluso
Preço de capa: R$ 13,90

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Anime Friends 2016 | Estivemos lá

“E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?”

– Carlos Drummond de Andrade, 1942

E então, o Anime Friends 2016 passou voando baixo, ligeiro, sem ser notado. Pousou no Campo de Marte, discreto. Descarregou suas maletas, suas muambas e tudo mais. Encontrou alguns velhos conhecidos, e também fez novas amizades. Se despediu de todos, com um aceno discreto…

Se você acompanha a Torre nas Redes Sociais, especialmente no Instagram ou no Facebook, deve ter ficado sabendo que estivemos lá, fazendo a cobertura do evento para vocês. E o que nos resta agora, é apenas um sabor amargo na boca. Amargo em qual sentido, você me pergunta? Em todos eles.

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https://www.instagram.com/p/BHnGqiEgktO/

Esse é, sem dúvida, o maior evento de cultura oriental do Brasil. Um título conquistado ao longo dos anos, na base de esforço, suor, lágrimas e muita mercadoria de origem duvidosa. Não é uma tarefa fácil, conseguir encher um lugar como o Campo de Marte. Ainda mais quando a maioria esmagadora das pessoas ali, são indivíduos que raramente saem de casa. São méritos positivos do evento, de ter conquistado um nome pra si. E maior ainda, de ter alcançado um público tão grande num ano de crise.

AN2
https://www.instagram.com/p/BHpkwh4giFs/

A edição deste ano contou com diversos nomes da indústria musical japonesa. Foram diversos shows distribuídos ao longo dos dois finais de semana. Além disso, diversos estandes de figures e mangás, como de praxe, marcaram presença no evento. As editoras brasileiras de mangás realizaram suas palestras costumeiras (confira os anúncios da Panini clicando aqui e da NewPOP clicando aqui. A palestra da JBC foi coberta através no Twitter da Torre), lançamentos foram… lançados?, e diversas fotos foram publicadas. Todos buscando Fullmetal Alchemist, Log Horizon e vários outros. É um evento tradicional, onde costumes são respeitados todo ano. Inclusive otakus completando suas coleções pra lá e pra cá.

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https://www.instagram.com/p/BHnMbW7g1Nw/

O citado gosto amargo fica após o fim pois é sempre bom encontrar pessoas com os mesmos hobbies que você. Ter um lugar onde você possa ir e saber que lá, haverão colegas com quem você pode conversar abertamente, se divertir ao falar mal da waifu alheia, e essas coisas. A parte amarga é lembrar que esse lugar só existe por alguns dias, e que depois disso, é preciso voltar aos mais profundos abismos da internet.

Cosplayers, parceiros e otakus de todo o Brasil tornaram um evento já impregnado no subconsciente popular, mais uma vez, um aparente sucesso. E a vontade que fica é de que em 2017 tudo seja ainda melhor!

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Primeiras Impressões | Qualidea Code

Psst. Ei. É, você mesmo. Vem cá, deixa eu te contar um segredo: Sabia que Japonês é um povo estranho? Hein? Como assim todo mundo sabe disso? De qualquer maneira, aconchegue-se e venha ler o mais novo Primeiras Impressões. Depois de paradoxos quânticos do Jailson Mendes e garotas sexistas e superficiais, podemos ir para frases de bandeira, que tal? Uma vez um amigo meu me disse que frase de bandeira é sempre algo que nós fingimos que temos, mas na realidade é o que mais precisamos (vide: Ordem e Progresso). Quer uma frase de bandeira maior do que algo próximo de “Qualidade” no nome desse anime?

A reação mais normal que qualquer pessoa poderia ter, ao assistir isso (além de falar mal da péssima animação, mas que já comento sobre), é ficar mais perdida que garota inocente na hora de levar madeirada. Eu não me perdi muito, já que fiz minhas pesquisas antes de começar, mas um ser humano médio ficaria atordoado com o que viu.

Vou passar rapidamente sobre os resultados de minhas pesquisas. Se quiser ir mais a fundo, você pode ler o mesmo post que eu li, no blog do Frog-kun (em inglês, infelizmente). Basicamente, a série “Qualidea” é uma cooperação de três autores de Light Novels relativamente famosas: Tachibana Koushi, autor de Date a Live, uma série que eu gosto bastante; Sou Sagara, autor de Hentai Ouji to Warawanai Neko, ou Henneko para abreviar; e Watari Wataru, autor de Oregairu (essa eu nem ouso escrever o nome completo). Juntos, eles tiveram essa ideia depois de beber até falar mole (é sério), e decidiram botar em prática.

Cada escritor toma conta de uma das escolas da trama: Koushi da escola de Kanagawa (a escola das espadas), Sagara da escola de Tóquio (a escola dos magos), e Wataru, da escola de Chiba (a das arminhas). Tendo em vista que o projeto ainda é novo, há pouco material disponível, mas o plano é de que cada escola possua suas histórias independentes, contadas em Light Novels separadas. A história do anime é um “roteiro original”, escrito em conjunto pelos três.

Os três autores da obra em seu habitat natural (é sério, são eles mesmo).
Os três autores da obra em seu habitat natural (é sério, são eles mesmo).

Isso significa que você precisa ter lido as outras trocentas obras para entender o que está dançando na sua tela? Não exatamente. Basta você entender que o show não é um universo fechado, mas sim uma peça de um quebra-cabeça maior. Ainda não tenho uma bola de cristal, mas acredito fortemente que a obra será auto-suficiente o bastante para poder ser aproveitada sozinha. Para questões não resolvidas e desentendimentos de história, só podemos dar tempo ao tempo.

Falando na história… Caras, não dá. Quando eu criei o gênero “Harém Escolar Mágico Genérico” alguns anos atrás, eu não imaginava que o último adjetivo viria a ser o mais importante e o mais relevante. Tá certo que o que faz sucesso tende a ser copiado, e que algo só se torna ‘clichê’ porque foi tão bem recebido que começou a ser utilizado em demasia… Mas nossa, é demais, caras… Não tem nada que eu não tenha visto em Qualidea Code. Tudo que está presente e todos os aspectos envolvidos são genéricos e você encontra, quase que na íntegra, em outros 49 shows semelhantes.

Cutucando a ferida, falemos da tal animação. O estúdio responsável, a A-1 Pictures (também conhecido na comunidade tóxica de animes como “McDonalds”. Longa história…) está claramente com as mãos cheias demais. Com uma pesquisa rápida, pude ver que Qualidea Code é o TERCEIRO show que eles estão fazendo ao mesmo tempo. Digo terceiro pois os outros dois (B-Project: Kodou Ambitious e a adaptação de Phoenix Wright) são lançados antes dele.

Antes que me joguem pedras ou peguem os tridentes e as tochas, já adianto que não sou especialista em animação ou expert no trabalho de estúdios, mas consigo muito bem imaginar que a culpa da arte HORRENDA de Qualidea se dá, além do baixo investimento, pela sobrecarga dos responsáveis.

Uma dessas prints é de Qualidea Code, a outra é de uma obra de 2001. Consegue descobrir qual é qual?

A A-1 Pictures normalmente não é associada a boas animações, embora possa tirar alguns bons resultados vez ou outra. Mas quando o assunto são animes atuais, nós sempre esperamos um nível MÍNIMO de qualidade. Se você mostrar o primeiro episódio de Qualidea para alguém que conhece o meio, mas está por fora dos lançamentos atuais, uma reação muito plausível seria a pessoa achar que o show foi produzido em meados dos anos 2000. E que me perdoem Haruhi, Cowboy Bebop e Sakura Card Captors, que tem uma animação muito superior, mesmo sendo dos anos 2000.

Você percebe que não é simples falta de capacidade, ao assistir a abertura: a animação lá é boa. Não chega a ser maravilhosa, mas é um nível aceitável. A primeira coisa que passou pela minha cabeça, ao vê-la, foi: “Essa qualidade deveria ser o padrão DO EPISÓDIO, e não da abertura”. É uma pena, já que o show poderia ser muito mais aproveitável (menos insuportável).

Já que toquei no assunto musical, a direção sonora é, com certeza, um dos pontos positivos do show. Talvez o único indivíduo que tenha feito um trabalho decente em todo o elenco seja o senhor Taku Iwasaki. Suas grandes participações incluem Ben-to, Tengen Toppa Gurren Lagann, Soul Eater e a Parte 2 de JoJo. Com um currículo desses, é de se imaginar que a BGM seja, no mínimo, satisfatória de se ouvir. Além das músicas de fundo, as músicas-tema da abertura e encerramento foram muito bem produzidas, sendo cantadas por dois grandes nomes da cultura recente, LiSA e ClariS, respectivamente. Poderia até ser maldoso e dizer que gastaram o orçamento inteiro do anime só na contratação das cantoras, e depois tiveram que animá-lo com os vales-refeição.

https://www.youtube.com/watch?v=cMRqSKCZ0wQ

Outro ponto que podemos dizer ser algo positivo, são os personagens. Desde seus designs (nem tão) marcantes, até suas habilidades (nem tão) especiais e suas personalidades (nem tão) bem definidas.

Na aparência, temos quatro garotas com características que, embora facilmente encaixáveis em “esteriótipos”, não são tão óbvias quanto as que vimos em New Game! (tirando a loirinha, ela é estereotipada demais, meu deus do céu. Mas ainda é linda melhor garota 10/10). Temos também dois garotos que… Bem… São garotos, então quem liga pra aparência deles? Apesar que devo dizer que a armadura mágica (ou seja lá o que for aquilo) no braço do Líder de Tóquio é até que bem estilosa.

Já as habilidades… Como comentei algumas vezes, já vi iguais em outros shows. Não são muito criativas, nem fogem do básico. Talvez a única inovação, seja a enorme possibilidade de piadas com JoJo, por conta de tais poderes serem chamados de “Worlds“.

Por fim, as personalidades são, sim, bem definidas. Tendo em vista que isso não é algo que se pode ter um espectro enorme, até que foram escolhidas sabiamente. Chega a ser engraçado, pois com um pouco de conhecimento sobre os três autores, fica muito fácil de descobrir quem criou cada personagem, só por suas personalidades.

Resumindo tudo, então: três caras beberam demais e criaram mais um harém escolar mágico genérico de baixo orçamento, mas com uma música bacana, e que poderia ser viável, se não parecesse ter sido criado nos anos 2000. Difícil dar mais que 4/10 para essa estréia, e resta torcer para que façam um make-over total nos Blurays, como aconteceu com Mekakucity Actors (todos podemos sonhar, não é?).

A série pode ser assistida legalmente na Crunchyroll, com episódios novos todos os sábados.