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Primeiras Impressões | Roku de Nashi Majutsu Koushi to Akashic Records

É hora da aula com o Professor Vinicius, e hoje nós vamos aprender alguns motivos que fazem com que japonês seja um povo estranho. E claro que um dos principais motivos são as benditas Light Novels de nome enorme. É o caso de Roku de Nashi Majutsu Koushi to Akashic Records.

Acho interessante começarmos com uma breve introdução. Não sobre o show, nem sobre quem trabalha na obra, mas sim sobre o que diabos são REGISTROS AKÁSHICOS.

Economizando uns cinco minutos da sua vida, eu mesmo procurei no Google e contarei do que se trata: basicamente, estamos falando de uma parte importante da corrente de estudos da Teosofia, que diz que existe um “Compêndio” onde tudo que já aconteceu, tudo que vai acontecer, e tudo que poderia ter acontecido, está arquivado. Esse compilado de informações sobre todas as almas que existem em todos os sistemas planetários se encontra no “Plano Etéreo“, e pode ser acessado por qualquer “portador de alma”, desde que ele esteja sob condições ideais (como em transe ou meditação, por exemplo).

Agora, no que isso tudo se encaixa com o anime que estamos discutindo no dia de hoje? Não faço a menor ideia.
Não, sério, eu realmente não sei como o conceito de “Registros Akáshicos” faz parte do show. O nome da série (que, como sempre, deveria ser um resumo da trama) nos sugere que o Professor de Magia, nosso protagonista, devia ter acesso aos Registros Akáshicos. Mas nada que aconteceu no primeiro episódio passou essa impressão.

Já um ponto que passou uma forte impressão, foi a ambientação do mundo. Enquanto fica claro desde os primeiros minutos que estamos em um mundo mágico, as cidades e as pessoas parecem estar numa Inglaterra vitoriana comum. Não sei se essa diferença brutal entre os dois “núcleos” é proposital ou não, mas o resultado acabou ficando extremamente desconfortável. Isoladamente, cada um funciona muito bem e tem uma qualidade acima da média para o gênero, mas quando tentamos mesclá-los, um verdadeiro choque cultural ocorre. Não apenas um, mas dois: o choque interno, onde ambas as realidades não conversam muito bem no próprio anime; e o choque externo, onde a audiência não sabe como lidar com essa diferença.

Animes ruins me obrigam a beber.
Animes ruins me obrigam a beber.

Deixando as inconsistências de lado e focando naquilo que foi realmente sólido, temos um trabalho técnico impressionante. Um nível incrivelmente alto para algo do tipo, que chegou até a me espantar, confesso. Uma animação fluída e com movimentação bonita (do estúdio LIDENFILMS, com direção de Makoto Iino), em conjunto com cenários e backgrounds de tirar o fôlego (arte por Aojashin). Tudo isso para cercar os personagens cujo design é carismático e não te deixa esquecer que estamos assistindo um harém escolar mágico genérico (por Satoshi Kimura), e ambientado por uma excelente trilha sonora, quase boa o suficiente para disfarçar a ruindade da história (composta por Hiroaki Tsutsumi).

O outro lado da moeda, que anda de mãos dadas com o problema da ambientação, é a total antítese entre a aparência e a personalidade dos personagens. Como já dito, os personagens são bonitos pra caramba, bem animados e com uma dublagem excelente, mesmo com o elenco de pouca experiência. Mas… São todos tão planos, tão simples… Esteriótipos andantes que não conseguem sair de sua zona de conforto em momento algum. A melhor personagem da série até aqui é uma garota que teve uma fala só no episódio inteiro, mas mostrou mais personalidade em suas faces como figurante do que todos os protagonistas juntos.

O que falar dessa guria que eu nem conheço e já considero pakas?
O que falar dessa guria que eu nem conheço e já considero pakas?

Poderia também comentar sobre a história, mas acredito ser muito cedo para isso. O primeiro episódio serviu para simplesmente jogar a premissa de o que virá pela frente, e terminou de uma forma inimaginável: eu não achei que poderia odiar o protagonista mais do que eu já estava odiando, mas… Ah, eu consegui. Apesar disso, toda a estruturação da trama pareceu cliché, e toda aquela exposição feita preguiçosamente através de narrações e diálogos desnecessariamente detalhados não ajudaram nisso.

Se quiser ver o copo meio-cheio, pode imaginar que, por estarmos no fundo do poço, o único caminho possível é pra cima. Eu meio que concordo, por isso acabei dando 5/10 para o primeiro episódio. Se as qualidades técnicas se mantiverem por todo o percurso, e eles tentarem fazer os protagonistas deixarem de ser sacos de batata ambulantes, talvez o show tenha salvação.

O anime possui transmissão simultânea pela Crunchyroll, com novos episódios todas as terças-feiras.

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Naruto | Guia dos Episódios (Sem Fillers)

Ame ou odeie, Naruto é, e sempre será um dos mangás mais famosos já publicados. Sua fanbase é incrivelmente enorme e não é pra pouco: seu plot inicial era realmente muito bom, e conquistou muitas pessoas na época de seu lançamento. Como muitos mangás, Naruto também ganhou sua adaptação em anime e com isso muitos fillers vieram (ô, se vieram), fazendo com que muitas pessoas, como eu, abandonassem a adaptação.

Foi anunciado que Naruto Shippuden, segunda fase do anime, terminará no episódio 500, que será exibido no dia 23 de março de 2017. Ao todo, Naruto contém 720 episódios (já com o episódio 500 incluído), divididos em suas 2 fases, porém muitos destes episódios são fillers (episódios que não acrescentam em nada para a história). Pensando nisso, fizemos um guia com os arcos e episódios canônicos do anime.

Naruto ClássicoTeam_Kakashi

  • Prólogo e País das Ondas (Episódios 1-19)

Primeiro arco da obra, introduz o Time 7, composto por Kakashi, Sasuke, Sakura e Naruto. O Time 7 recebe a missão de ir ao País das Ondas. Acontece a famosa batalha contra Haku e Zabuza

  • Exames Chunin (Episódios 20-67)

Time 7 ingressa ao Exame Chunin e mais novatos aparecem. Orochimaru e Kabuto também são introduzidos.

Nove_Novatos

  • Esmagamento de Konoha (Episódios 68-80)

Orochimaru coloca seu plano em ação e causa uma pequena guerra em Konoha.

  • Busca por Tsunade (Episódios 81-100)

Introduz os Lendários Sannin (Orochimaru, Tsunade e Jiraya). Naruto sai com Jiraya em busca de Tsunade. Ocorre a primeira aparição da Akatsuki.

Time_Hiruzen2

  • Missão de Recuperação do Sasuke/Vale do Fim (Episódios 107-135)

Naruto e companhia partem em busca de Sasuke. Nesse arco temos a famosa batalha do Rock Lee bêbado.

Vale_do_Fim

Naruto ShippudenBack

  • Resgate do Kazekage (Episódios 1-32)

2 anos e meio se passam. Akatsuki começa a se mover contra a Aldeia da Areia. Remanescentes do Time 7 partem ao resgate do Kazekage. Tobi aparece.

  • Missão de Reconhecimento na Ponte Tenchi (Episódios 33-53)

Yamato e Sai se juntam ao Time 7. Batalha contra Orochimaru.

  • Missão de Repressão da Akatsuki (Episódios 72-88)

Introduz os membros da Akatsuki: Hidan e Kakuzu. Arco focado no Time 10 (Asuma, Shikamaru, Ino e Choji).

  • Missão de Perseguição a Itachi (Episódios 113-126)

Sasuke forma a Hebi/Taka, equipe composta por Suigetsu, Karin, e Jūgo. Sasuke luta contra Deidara.

Durante os episódios 119 e 120, foi adaptado o especial Kakashi Gaiden, que já tinha sido publicado antes da “fase Shippuden” começar. Conta como Kakashi conseguiu seu Sharingan. É de suma importância que mini-arco seja assistido.

Akatsuki

  • O Conto de Jiraiya, o Destemido (Episódios 127-133)

Jiraya entra em uma investigação para descobrir a identidade de Pain, líder da Akatsuki.

  • Predestinada Batalha entre Irmãos (Episódios 134-143)

Sasuke e Itachi enfim se enfrentam. Segredos são revelados.

  • Ataque de Pain (Episódios 152-175)

Pain invade Konoha. Naruto aprende o modo Sennin.

Dica do Ladino: Pare aqui e seja feliz 😀 Sério… Pare.

Six_Paths_Pain

  • Reunião dos Cinco Kage (Episódios 197-214)

Sasuke e companhia, agora pela Akatsuki, atacam o Raikage e invadem a reunião dos Cinco Kage. A Quarta Guerra Mundial Shinobi é declarada.

  • Quarta Guerra Mundial Shinobi: Contagem Regressiva (Episódios 215-222 e 243-256)

As 5 nações preparam-se para a Guerra.

  • Quarta Guerra Mundial Shinobi: Confronto (Episódios 261-321)

A Guerra começa. Os Sete Espadachins aparecem. Antigos aliados e inimigos reaparecem.

  • Quarta Guerra Mundial Shinobi: Clímax (Episódios 322-348 e 362-375)

Madara entra na batalha, para enrolar mais a história. Identidade de Tobi é revelada (todo mundo já sabia quem era).

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  • Nascimento do Jinchūriki do Dez-Caudas (Episódios 378-388, 391-393, 414-421 e 424-427)

Com a Quarta Guerra Mundial Shinobi prestes a acabar, o Dez-Caudas é invocado.

  • Ataque de Kaguya Ōtsutsuki (Episódios 428-431 e 459-479)

Ultimo arco de Naruto. Acontece a batalha final entre Sasuke e Naruto.

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Extras

Light Novels que foram adaptadas no anime:

  • Itachi Shinden (Episódios 451-458)
  • Sasuke Shinden (Episódios 484-488)
  • Shikamaru Hiden (Episódios 489-493)
  • Konoha Hiden (Episódios 494-500)

Essas adaptações podem ser consideradas fillers, porém não sabemos o que o anime de Boruto irá levar em conta. As light novels foram criadas com supervisão do próprio criador de Naruto, então fica por sua conta assisti-los ou não.

  • The Last: Naruto o Filme

Um filme de quase 2 horas que mais parece uma fanfic. Não é obrigatório assistir.

  • Boruto: Naruto o Filme

Não sabemos se o anime de Boruto irá seguir o filme ou começar do zero. No mais você terá um ótimo divertimento, pois o filme é bem bacana.

O mangá de Naruto terminou em 2014 e foi compilado em 72 volumes. No Brasil foi lançado pela editora Panini.

Fonte: WTFGamersOnly e Naruto Wiki BR

Confira também o Guia de One Piece.

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Primeiras Impressões | Masamune-kun no Revenge

Com as sábias palavras do filósofo mexicano Don Ramón: “A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena!”, começo essa postagem, que tem tudo para provar de uma vez por todas o fato de além de toda aquela história que levou a um pós-guerra traumático ser verdade e um claro exemplo da citação acima, também mostra que Japonês é um povo estranho.

Vindo de um mangá que começou sua publicação em 2012, que mesmo não tendo um volume de vendas colossal como alguns títulos, consegue se manter firme no mercado e parece não estar sofrendo pressões, temos a história criada por Hazuki Takeoka, um cara que se deu bem na vida logo de cara, acertando em cheio em sua primeira obra. Também possui a peculiaridade de ter a arte feita por uma artista coreana, mas esse é o tipo de informação que só é relevante pra quando alguma editora brasileira quiser licenciar o título.

Como uma clara resposta ao show que foi tema do último ‘primeiras impressões’, essa vingança nos traz um estilo de narrativa, que além de conseguir te prender completamente e logo de início apenas com ela mesma, também se esforça para possuir um elenco de personagens interessantes o bastante para serem levados em conta.
Cheguei a comentar sobre como existem obras que funcionam apenas por seus personagens e não possuem história alguma (Urara Meirochou, New Game!, etc.), e sobre obras que poderiam ter seus protagonistas trocados por portas que a história se sustentaria sozinha. Mas creio nunca ter falado dos outros casos. Masamune-kun nos traz um show onde não se tem nenhum dos dois pontos extremamente aguçados, mas que conseguiu encontrar um perfeito equilíbrio entre atores e roteiro, que elevou o nível da animação como um todo. Falemos sobre uma coisa de cada vez.

Como já é de praxe em obras orientais, o nome nos entrega uma (as vezes nem tão) pequena sinopse: Estamos vendo a vingança de Masamune-kun. Só a premissa de que um garoto mudou completamente de vida e se tornou alguém mais saudável e contente consigo mesmo, pode parecer estranha quando analisada de forma isolada, mas ao descobrirmos que tudo isso só ocorreu pois o menino estava sendo abastecido pelas chamas do ódio pelo bullying que sofria quando criança, já te traz perfeitamente qual vai ser o clima da obra como um todo. Ver qual será o próximo passo no plano diabolicamente planejado pelo protagonista, e principalmente, como ele irá executar essa tarefa, não é, admito, a coisa mais excitante ou inovadora do mundo, mas é, pelo menos, alguma coisa. Existe algo que possa gerar uma ansiedade no espectador, e histórias envolventes são justamente aquelas que te fazem ansiar por mais. Temos, assim, um roteiro que é efetivo o bastante.

Eu quando ele não amostra.
Eu quando ele não amostra.

O outro nó está em quem pratica essas ações. O protagonista que dá nome ao show, Masamune-kun, é um dos personagens mais bem construídos, carismáticos e relacionáveis que eu já vi. Não gostar dele é algo que beira ao impossível (e claro que, como eu falei isso, aparecerão um milhão de pessoas dizendo que o odiaram). O arquétipo que Masamune-kun representa no “presente” é justamente o protagonista estereotipado super popular e que parece ter tudo sempre a seu favor. O que o torna tão… ‘realista’ (com toda a liberdade poética para uso da palavra) é o seu ‘eu interior’, que ainda está intimamente ligado com o Masamune-kun do “passado”. Personagens que ‘fogem ao comum’ em animes são normalmente os mais convincentes. Sua infância quase que confundível com uma história ouvida no Domingo Legal, traz para nosso herói uma credibilidade quanto a sua ‘humanidade’, e faz sua mente ser mais próxima de uma pessoa real do que de uma ‘pessoa de anime’. Quando sua vida muda para o que seria mais ‘animêstico‘, ele esboça reações que eu mesmo me pego dizendo em voz alta enquanto assisto algo. O personagem é uma façanha incrível de criar uma identificação com a platéia sem precisar quebrar a quarta parede.

Os outros personagens, apesar de muito mais superficiais no quesito técnico, ainda são interessantes o bastante para que possam ser lembrados daqui há algum tempo. Isso faz com que haja um elenco que cumpre sua função.

Vai dizer que dá pra esquecer de um elenco desse nível?
Vai dizer que dá pra esquecer de um elenco desse nível?

Quando juntamos estes dois pontos discutidos acima, o resultado esperado é conseguirmos uma comédia ciente de si mesma e que consegue gerar situações cômicas tanto a partir do óbvio como do inesperado. E o show é justamente isso: uma mistura do óbvio com o inesperado. O rumo muda bruscamente entre esses dois ganchos, e o baque que essa alteração causa é um dos maiores responsáveis pelo efeito humorístico da série. É o terceiro princípio da comédia em ação. A sensação de nunca saber quando ou onde virá uma punchline é tão intensa que chega a ser pavorosa. É um tipo de comédia que, por trabalhar com extremos em sincronia, poderia ser comparada a de Sakamoto Desu Ga?, por exemplo. Ah, que saudades do meu garoto Sakamoto…

A produção técnica do show está de parabéns, aliás. Uma ótima animação do estúdio Silverlink. (Baka to Test, Strike the Blood), que mesmo não contando com cenas agitadas ou rápidas, consegue entregar uma fluidez de movimento impressionante; Personagens com designs bonitos, bem trabalhados, que garantem uma individualidade e que conseguem isso tudo sem soar absurdos são, com certeza, um ponto forte da obra, cortesia de Yuki Sawairi (que vejam só, é um estreante nesse papel!); uma seleção de músicas que amplificam de uma forma exorbitante (quase tanto quando a palavra ‘exorbitante’) a comicidade e até mesmo a seriedade dos momentos-chave da trama, uma excelente apresentação de Toshiki Kameyama (Sayonara Zetsubou Sensei, Baka to Test)… Isso sem contar o ótimo elenco de dubladores, escolha de abertura e encerramento, trabalho da diretora Mirai Minato (que trabalhou em ‘Fate/kaleid liner Prisma☆Illya’, mas que não consegui confirmar de jeito nenhum se é mesmo uma mulher) e muitas outras coisas que eu não consigo me lembrar agora. Desculpa, mas eu normalmente lembro só das coisas ruins, e Masamune-kun no Revenge não trouxe nada de ruim para a mesa até agora.

Eu procurando quem pediu a sua opinião.
Eu procurando quem pediu a sua opinião.

Ok, talvez eu pudesse reclamar do fato da mãe do protagonista ser uma criança, e que seu melhor amigo é claramente uma garota que foi desenhado como uma garota e dublado por uma garota, mas que decidiram dizer que é homem. Mas são o tipo de “erros” que só agregam ao fator inesperado que faz tão bem ao anime.

Com um começo explosivo (no caso, comigo explodindo de rir) e tendo o céu como limite para seu futuro, Masamune-kun no Revenge tem uma nota inicial de 9/10, e pode servir até de porta de entrada para várias coisas: como para alguém que não vê animes por achar seus personagens muito distantes de si; como para uma mudança de hábitos e quem sabe começar uma dieta; ou para o começo do fim das suas piadinhas ofensivas para com os coleguinhas, para que ele não tente se vingar de você no futuro.

O anime está disponível legalmente no serviço de streaming Crunchyroll, com novos episódios sendo lançados sempre nas quintas-feiras.

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Primeiras Impressões | Urara Meirochou

Começarei a postagem de hoje com uma adivinhação. Confiem em mim, eu treinei tarô com o Abdul, aprendi a ler as águas com os Jinyu e sei consultar uma bola de cristal do jeito que a Sabrina me ensinou. Depois de consultar as estrelas, elas me disseram que “japonês é um povo estranho“.

O tema da abertura das Primeiras Impressões de 2017 é justamente a adivinhação. Baseado num mangá 4-koma com início de publicação em 2014, cujo autor possui apenas dois one-shots antes desta (que, inclusive, também fez todas as ilustrações presentes nesse post. Dê uma passada no Twitter dele!), temos um anime que envolve magia, misticismo, e tudo isso junto sem levar nada disso a sério.

Se você lembra das minhas primeiras impressões sobre New Game!, então não tenho muito o que acrescentar aqui. Urara Meirochou segue a exata mesma fórmula que o seu colega da editora Houbunsha: pegue uma ambientação qualquer que não seja demasiadamente comum, encha com o maior número possível de garotinhas bonitinhas, dê uma desculpa convincente para o fato de haver zero presença masculina no elenco, e as faça fazer coisinhas bonitinhas ligeiramente relacionadas à ambientação pré-determinada.

E neste aspecto, eu diria que Urara possui a vantagem sobre seu antecessor. Embora o objetivo de ambas as obras sempre tenham sido o de mostrar o dia-a-dia de garotinhas fazendo garotinhagens, muita gente foi atrás de New Game! buscando um documentário sobre a Indústria de Jogos Japonesa, algo próximo a Shirobako, e acabaram se decepcionando e descontando a frustração desse engano em suas opiniões sobre o show. Mas não há como esperar um “retrato realístico” quando a ambientação é a de uma cidade mágica onde garotas mágicas fazem magia. Eu torço para que ninguém espere, pelo menos.

Tfw a waifu faz besteira.
Tfw a waifu faz besteira.

Quem escolhe assistir Urara sabe exatamente o que está em suas mãos. A pessoa que decide dar uma chance para o show sabe que vai encontrar garotinhas fofinhas fazendo coisas fofinhas com um pouco de história no plano de fundo. Isso já garante que, embora menos pessoas deem uma chance para a série, as que derem muito provavelmente vão gostar do que verão.

Como qualquer obra desse gênero, Urara é completamente dependente de suas personagens. A série se baseia nelas para manter o espectador interessado. Não é um show que te prende pela história. Apesar de existir sim uma história, ela é fraca, comum e principalmente, previsível. Qualquer um, ao final do episódio dois, consegue prever como será o desfecho dessa trama. Não é surpresa pra ninguém como as coisas vão se desenvolver.

Só que isso se resolve facilmente com o seu elenco. Como já dito, Urara se sobressai como obra por conter personagens carismáticos, com designs cativantes e bem chamativos, ótimo trabalho de dublagem e uma animação fluida que dá vida ao espaço detalhado em que elas se encontram. A própria essência das personagens e os métodos que elas escolheram para realizar as adivinhações já contam muito sobre elas, e essas diferenças interagindo entre si são o brilho do anime. Esse argumento vai ao extremo quando analisamos a protagonista, Chiya: ela foi criada e passou toda a vida nas montanhas, cercada apenas por animais e uma única companheira humana. Isso faz com que tudo seja desconhecido, qualquer acontecimento seja novo e traga uma nova experiência para Chiya. Até mesmo a mais banal das informações serve como mote de não apenas piadas, mas crescimento da personagem.

O elenco é o que agita a trama, as vezes, literalmente...
O elenco é o que agita a trama, às vezes, literalmente…

Apesar de conter um pouco de algo que, forçando a barra, poderia ser chamado de “fanservice” no primeiro episódio, ele pareceu funcionar de forma muito mais natural do que, por exemplo, em New Game!. Lá, dedicarem um episódio inteiro para as personagens irem fazer um check-up pareceu uma simples desculpa esfarrapada para mostrar pele que normalmente não aparece, assim como aquela vez que elas decidiram tomar banho juntas. Já em Urara, todo o foco nessa área acontece por conta da criação animalesca de Chiya, e ajuda a construir a personalidade e comportamento da garota.

Um ponto negativo que eu poderia levantar seria a OST: alguns minutos depois de assistir dois episódios em sequência, parei para conversar sobre o anime e reparei que não conseguia me lembrar de uma única música que tivesse tocado ao longo dos 45 minutos de exibição. Nem abertura, nem encerramento, nem músicas de fundo, nada. Simplesmente não deixou nenhum impacto em mim. Tenho certeza que a OST está lá, e que ajuda a construir uma ambientação para cada cena, mas não é nada memorável.

É um limão. Entendeu? Ela é vidente. Li-mão. HÁ!
É um limão. Entendeu? Ela é vidente. Li-mão. HÁ!

Consegui dar umas boas risadas e gostei bastante das interações mais “sérias” que ocorreram. Definitivamente um show que acompanharei e recomendaria a qualquer um que tenha gostado de New Game!, ou se encontre interessado em garotinhas bonitinhas fazendo garotinhagens com um background levemente influenciador (e acredite em mim, obras desse gênero não são poucas). Um bom começo, onde deixo com 6/10 com grande potencial para ambos os lados.

O show não possui stream oficial em português, mas pode ser encontrado em inglês no Anime Network.

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Guia de Franquia | Fate/ e o Nasuverso

Poucos são os grupos que conseguem bolar, a partir de suas mentes e suas ideias postas num papel, um multiverso fictício tão rico quanto o que trataremos hoje. Vocês conhecem alguns, e muito melhor do que eu: os trabalhos da DC e da Marvel, o mundo de Tolkien, Star Wars… Poderia citar vários outros nomes, mas isso iria contra a minha indagação inicial de que não existem muitos.

Provavelmente o multiverso mais famoso da mídia japonesa recente, as obras da companhia nipônica Type-Moon tratam de magia, história e mitologia de uma forma única e que só poderia ter vindo de um povinho estranho mesmo. A principal cabeça por trás dessa loucura é Kinoko Nasu, autor de diversas obras (e responsável por supervisionar várias outras) que constroem as bases do que viria a ser o Nasuverso, batizado em sua homenagem.

Talvez o nome não tenha chamado a atenção por si só, mas você já conhece algumas de suas obras: a franquia Fate/, Tsukihime, Kara no  Kyoukai, Mahoyo… Tudo isso é parte de um mesmo multiverso que tem suas histórias espalhadas por diversas mídias e idiomas, e que pode ser difícil de encontrar e entender. Mas não temam, pois é pra isso que estamos aqui!

O negócio como um todo pode acabar requerendo muito esforço para acompanhar (como por exemplo, precisar aprender japonês, ou coagir alguém que já sabe), então este Guia será separado em duas partes; as partes de fácil acesso e que necessitam de pouca ou nenhuma interação (basicamente animações) serão o “Esqueleto” da postagem. Caso você não tenha tanto tempo disponível assim, ou ainda esteja em dúvida se a franquia vale mesmo tanta dedicação, não há problema nenhum em seguir apenas o pacote básico. Encare a outra parte como um complemento, que você pode voltar atrás e conferir depois, embora eles fossem melhor aproveitados se vistos na ordem marcada.

O que for, digamos, “opcional” (não é, mas conforme explicado no parágrafo anterior), estará dentro de uma tag Spoiler, e apresentará uma marcação de “O quão interessado eu preciso ter ficado depois do último item da lista, para precisar acompanhar isso?“. Fica por sua jurisdição dizer se você realmente ficou animado o bastante para querer investir seu tempo nesse “extra”.

Sem mais delongas:

1. Fate/Stay Night

[spoiler]Mídia: Eroge/Visual Novel (2004, remake em 2007);
Duração: Variável, entre 50 e 100 horas;
Interesse necessário: 9/10.

A maior e mais famosa obra da Type-Moon, o primeiro produto oficialmente lançado por eles como empresa. Boa parte das bases e estruturas de como funciona o Nasuverso são detalhadamente explicados ao longo das três rotas do jogo (que são todas canônicas, pois multiversos e tal). É o primeiro passo ideal para qualquer um que queira se aventurar na franquia. Porém, além de estar num formato não muito comum para ocidentais, demanda muito tempo e dedicação.

Minha recomendação pessoal é que você siga pelo menos o começo do “pacote básico” antes de pensar em jogar a visual novel. Mesmo já tendo visto as obras que adaptam esse momento da história, o material original é muito mais completo e trará uma experiência completamente diferente.

OBS: O jogo original de 2004 é um Eroge, significando que possui cenas de sexo explícito (18+). Porém, essas cenas são mais cômicas do que qualquer coisa, graças ao jeito que Nasu descreve-as. Já no remake de 2007, chamado de “Fate/Stay Night: Realta Nua“, essas cenas são substituídas por semelhantes de “menor impacto”, deixando o jogo 16+ apenas.[/spoiler]

2. Fate/Zero

Mídia: Anime (2011) ou Light Novel (2006);
Duração: 25 episódios divididos entre duas temporadas; 6 volumes (edição nacional).

A Light Novel (que você já sabe o que é) que trás a história da Quarta Guerra do Cálice Sagrado, foi lindamente adaptada para anime pelo Estúdio Ufotable em 2011, dando início a uma nova forma de adentrar no mundo da franquia Fate/ e o Nasuverso.

Caso você não queira ou não possa iniciar sua aventura pela Visual Novel de Stay Night, esse é, sem dúvidas, o ponto ideal para o fazê-lo. O anime (que possui ambas as temporadas disponíveis na Netflix e no Crunchyroll) trará basicamente todas as informações básicas que você precisa saber para entendê-lo e te introduzirá no Nasuverso.

Você pode optar por ler a Light Novel. Escrita pelo famoso Gen Urobuchi (Madoka Magica; Psycho-Pass; Suisei no Gargantia) e publicada no Brasil pela editora NewPOP (disponível aqui), possui textos mais detalhados e uma profundidade de diálogos um pouco maior, em troca de menor representação gráfica. Qualquer que seja sua escolha, é válido acompanhar os lançamentos da editora, pois estão com uma ótima qualidade e são uma boa aquisição para qualquer coleção.

Depois que terminar, você pode conferir os curtas especiais, “Fate/Zero: Please! Einzbern Counseling Room“. São seis episódios de 15 minutos que apresentam de forma bem-humorada algumas informações extras para complementar a obra.

3. Fate/Stay Night: Unlimited Blade Works

Mídia: Anime (2014-2015);
Duração: 25 episódios divididos em duas temporadas.

Adaptado da segunda rota da Visual Novel original, Unlimited Blade Works (ou só “UBW” para os íntimos) sofreu leves licenças poéticas para se adequar como uma sequência direta de Fate/Zero. A animação, novamente por conta do estúdio Ufotable, trata da Quinta Guerra do Cálice Sagrado, e expandirá os conceitos que cercam esse item mágico.

Você pode assistir todos os episódios na Netflix e no Crunchyroll.

OBS: Não confundir com o anime de mesmo nome, “Fate/Stay Night” de 2006, do estúdio Deen, que será comentado a seguir.

4. Fate/Stay Night (2006) & Fate/Stay Night: Unlimited Blade Works (2010)

[spoiler]Mídia: Anime & Filme;
Duração: 24 episódios & 1h40min.
Interesse necessário: 7/10.

A primeira adaptação da Visual Novel de mesmo nome, o anime produzido pelo estúdio Deen em 2006 adapta “Fate”, a primeira rota do jogo (sim, o jogo chama “Fate/Stay Night” e a primeira rota chama “Fate”. É idiota, eu sei…).

Há muitas controvérsias quanto a credibilidade desta obra, que além de possuir qualidade gráfica questionável, faz algumas bagunças no roteiro original. O mesmo se aplica ao filme de 2010, que tenta (destaque para o verbo)  resumir em pouco menos de duas horas a rota “Unlimited Blade Works“.

Justamente por ser um conjunto extremamente duvidoso que o marco como “Material Adicional“. Enquanto o filme é totalmente dispensável por conta da nova adaptação de 2014, o anime se esforça pra passar para as telinhas acontecimentos não descritos nas outras mídias animadas. Vale a pena dar uma conferida caso você esteja realmente empolgado, só tente não perder a vontade por conta disso.

Dica pessoal: Procure pela dublagem brasileira do anime, que passava no extinto Animax (descanse em paz). Ela é divertida ao ponto de fazer a jornada massante valer a pena.[/spoiler]

5. Fate/Stay Night movie: Heaven’s Feel

Mídia: Trilogia de Filmes (2017-?);
Duração: 2h por filme (estimado).

Por fim, a terceira e última rota da Visual Novel original, “Heaven’s Feel” será adaptado em uma trilogia de filmes, mais uma vez pelo estúdio Ufotable. Eles foram anunciados em 2015, e o primeiro filme da trilogia está planejado para sair ainda este ano (2017).

Sim, durante a data de escritura deste guia, os filmes ainda não foram lançados. Sim, eu entendo que colocar algo não lançado num guia soa idiota, mas um dia ele será lançado, não é?

O primeiro filme, intitulado “Presage Flower”, será lançado nos cinemas japoneses no dia 14 de Outubro.

Caso você chegue neste ponto do guia, e os filmes ainda não tenham sido lançados, prossiga para o próximo item sem problemas, você vai acabar no mesmo patamar que um fã atual está, e acompanhará a trilogia conforme for lançada.

Caso já tenha saído, nem que seja apenas um deles, veja-os antes de prosseguir.

6. Fate/Hollow Ataraxia

[spoiler]Mídia: Visual Novel (2005);
Duração: Variável, entre 30 e 80 horas;
Interesse: 8/10.

Espécie de “continuação direta” de Fate/Stay Night (a Visual Novel), Hollow Ataraxia foi publicado um ano depois de sua antecessora, já banhada nos louros da glória de sua irmã mais velha. Muitos personagens e informações importantes tem sua primeira aparição pública aqui.

“Ataraxia” vem do grego αταραξία, que significa “Tranquilidade” (ou semelhante), fazendo com que o título “Hollow Ataraxia” possa ser traduzido para algo próximo de “Tranquilidade Vazia“.

OBS: Ter jogado a Visual Novel de Fate/Stay Night (item 1) é basicamente um pré-requisito para Hollow Ataraxia. Se você vem do Kit Básico mostrando interesse o suficiente em ler F/HA, essa empolgação deve ser usada em F/SN primeiro. Não leia F/HA sem ter lido F/SN.[/spoiler]

7. Fate/Prototype

Mídia: Curta de animação (2011);
Duração: 12 minutos.

Adoraria dizer algo como “A significância desse curta é, com certeza, inversamente proporcional a sua duração“, mas estaria mentindo… Fate/Prototype é, como o nome sugere, o “protótipo” de Fate/Stay Night. Enquanto na escola, Nasu bolou uma história em sua cabeça que no futuro, após várias mudanças e adaptações, viria a se tornar F/SN.

A relevância desta… “obra” (se é que podemos chamar isso assim) é questionável, mas tendo apenas doze minutos e podendo ser encontrado na íntegra no YouTube, que mal faz?

E antes que você se pergunte: sim, isso é tudo que existe de Fate/Prototype. O projeto que acabou saindo do papel foi mudado completamente, no fim das contas.

8. Fate/Prototype: Fragments of Blue and Silver

[spoiler]Mídia: Light Novel (2014-?);
Duração: Em publicação com 4 volumes;
Interesse necessário: 7/10.

Tudo bem, eu menti. Existe sim mais material sobre Fate/Prototype.

Escrita por Hikaru Sakurai, que não tinha ligação nenhuma com a franquia até então, a Light Novel conta sobre a Guerra do Cálice que antecede a que acontece em Fate/Prototype. Seria o Fate/Zero de Prototype, digamos assim.

Apesar de Prototype ser uma parte muito… “distante” dos multiversos da franquia, é uma leitura interessante por se tratar de uma das pouquíssimas obras onde Nasu não está administrando com rédeas curtas.[/spoiler]

9. Fate/kaleid liner PRISMA☆ILLYA

[spoiler]Mídia: Anime (2013-2017);
Duração: 42 episódios distribuídos entre 4 temporadas + 1 filme de 2 horas (estimado);
Interesse necessário: 8/10.

Baseado num mangá de mesmo nome, essa adaptação com certeza será a obra que mais vai fugir dos padrões do Nasuverso. Esse é um multiverso onde tudo que rolou em todas as oito obras que você assistiu/leu/jogou anteriormente, não aconteceram. Apesar de todas as regras e axiomas se manterem.

Apesar de não ser um termo correto, Fate/Illya normalmente é chamado de “spin-off“, por ter uma proposta completamente diferente do que era de se esperar.

Fate/Illya é uma obra sobre Garotas Mágicas Lésbicas.

Processou a informação? Encaixou tudo na cabeça? Ótimo. Agora posso continuar e dizer que se tem uma obra, UMA ÚNICA OBRA EM TODA ESSA LISTA, que você está completamente livre de qualquer fardo para com ela, é essa aqui. Fate/Illya apresenta um novo multiverso completamente novo dentro de seu próprio multiverso (a história se passa em duas dimensões diferentes), mas até agora (2017), essas duas dimensões se ligam somente entre elas.

Assim, se tudo nesse anime beirar o ofensivo para você (acredite, esse grupo é bem grande), pode ignorar sem nenhum peso na consciência. Porém deixo avisado que você estará perdendo algumas lutas extremamente bem animadas e coreografadas, cortesia do estúdio Silverlink. Mas isso pode ser visto no YouTube, caso queira.[/spoiler]

10. Notes.

[spoiler]Mídia: Novel (1999);
Duração: Volume único;
Interesse necessário: 4/10.

O primeiro texto publicado por Nasu, antes mesmo do próximo item (vocês já verão o que é), Notes. é um conto que ocorre num futuro muito distante.

Não se sabe em que multiverso essa história se passa, mas ela é importante por tratar de seres nunca comentados com profundidade em nenhuma das séries da franquia Fate/, e que são razoavelmente importantes, pois DÃO NOME À EMPRESA: os Types.

O interesse é bem baixo pois, por ser uma obra bem curta, você consegue ler tudo em questão de horas. Não demanda muito esforço. [/spoiler]

11. Tsukihime

Mídia: Visual Novel (2000) ou Anime (2003);
Duração: Variável entre 30 e 80 horas; série animada em 12 episódios.

A obra que, com tamanho sucesso, fez o grupo amador “Type-Moon” se profissionalizar na área. A outra grande franquia criada por Nasu trata de vampiros e outros seres místicos presentes no Nasuverso.

De forma semelhante a Fate/Stay Night, Tsukihime possui cinco rotas canônicas e contém conteúdo adulto (18+) que beira a pornochanchada. Mas, por ser mais antiga, e se tratar basicamente de um doujin (trabalho amador), sua qualidade gráfica é infinitamente inferior.

A própria Type-Moon disse que eles estavam trabalhando em um remake, que além de melhorar o visual, adicionaria mais conteúdo para a história, mas essa promessa foi feita em 2008, e até hoje nada mais foi divulgado. Hoje em dia, o suposto remake já se tornou meme.

Outro meme é justamente a adaptação em anime. Pelas mãos da J.C. Staff, “Shingetsutan Tsukihime” (que por algum motivo recebeu esse adendo ao título) é tão ruim em tantos sentidos diferentes que a comunidade simplesmente ignora a existência dele. “Não existe anime de Tsukihime” é uma frase bem comum em conversas e fóruns.

Então por que eu coloquei o anime na lista? Mais por desencargo de consciência do que qualquer coisa. Se você quiser conhecer Tsukihime, leia a novel. Se você não gostar dos visuais arcaicos, entre na fila dos memes e aguarde o remake sair soon™. Você pode ver o anime, mas… Ele não vai fazer muita coisa além de te apresentar os personagens e, no máximo, a premissa da história, se você conseguir entender alguma coisa.

E se for assistir mesmo, procure pela dublagem brasileira. Vale algumas risadas.

12. Kagetsu Tohya

[spoiler]Mídia: Visual Novel (2001);
Duração: Variável, entre 10 e 30 horas;
Interesse necessário: 7/10.

Kagetsu Tohya é para Tsukihime o que Fate/Hollow Ataraxia é para Fate/Stay Night: uma continuação direta da obra original, que acrescenta novos pontos para a história e desenvolve mais os já explorados.[/spoiler]

13. Fate/Extra: Last Encore

Mídia: Anime (2017 – ?);
Duração: TBA.

Voltando à franquia Fate/, temos o segundo título que ainda está para ser lançado.

Fate/Extra é uma sequência de jogos para PSP, que possui uma jogabilidade de batalha extremamente inusitada e um modo história no estilo Visual Novel. O jogo se passa num multiverso próprio e conta com alguns personagens já conhecidos da franquia (como os dois Archers das guerras de Fuyuki), assim como novos protagonistas  e servos.

“Fate/Extra” foi lançado em 2010 e recebeu uma versão em inglês para PSP em 2011. Uma sequência, “Fate/Extra CCC” saiu em 2013, mas não foi localizado para o ocidente.

Ainda não se sabe exatamente do quê vai se tratar Last Encore, que está nas mãos do Estúdio Shaft. Uma adaptação direta do primeiro jogo é o mais provável, mas pessoas estão supondo que pode ser uma continuação do segundo jogo. Não saberemos enquanto não sair.

Caso seja realmente uma adaptação de Fate/Extra, o anime pode substituir o primeiro jogo. Caso seja uma continuação de CCC, seria recomendado jogar ambos os jogos antes.

14. Carnival Phantasm

Mídia: Anime (2011);
Duração: 12 episódios de 15 minutos.

Tudo que você fez, assistiu, jogou e leu nessa lista foi para este momento. Era tudo uma preparação para esse desafio final e definitivo qu-

Ok, brincadeiras a parte, Carnival Phantasm é um especial de comédia que reúne personagens de todas as obras da Type-Moon em situações caricatas e que fazem paródias de si mesmas. É uma oportunidade de relaxar no meio dessa jornada cheia de climão que é o Nasuverso.

15. Kara no Kyoukai

Mídia: Filmes de animação (2007-2013);
Duração: Oito filmes de ~2 horas de duração + um especial de 30 minutos.

A “terceira parte” do Nasuverso, que explora novos e antigos elementos da história. Baseada numa série de Light Novels escritas por Nasu, os filmes com belíssimas animações e uma OST de dar inveja a qualquer obra, Kara no Kyoukai é uma história fechada em si mesma, apesar de ter diversas relações e referências a outras partes do Nasuverso.

Uma observação é quanto a cronologia dos filmes: a ordem de lançamento não é a mesma que a ordem em que os acontecimentos retratados acontecem. Isso significa que você deve ver os filmes fora da ordem em que foram publicados? De forma alguma! Os autores fizeram a obra nessa ordem por um motivo, e você vai entender tudo quando for o momento propício para tal.

Porém, por conta disso, os primeiros filmes podem acabar parecendo desconexos e sem sentido. Não deixe que isso te desencoraje da série, tudo vai se clarear e fazer sentido quando chegar a hora.

Se depois de completar os filmes na ordem de lançamento (Filmes 1 a 7 > Epilogue > Mirai Fukuin) você quiser assistir na ordem cronológica (2 > 4 > 3 > 1 > 5 > 6 > 7 > Epilogue > Mirai Fukuin), agora sim você está livre para fazê-lo, e interpretar a obra por essa outra perspectiva. Mas não assista nessa ordem inicialmente!

16. Melty Blood

[spoiler]Mídia: Jogo de luta (2002-2007) ou Mangá (2005);
Duração: Depende de quão bom você é; 9 volumes;
Interesse necessário: 5/10.

Uma mistura de arcade de luta no melhor estilo Street Fighter, com um modo história em estilo Visual Novel: isso é Melty Blood.

Algo como uma continuação de Tsukihime… Mais pra uma continuação de Kagetsu Tohya pois essa já era continuação de Tsukihime? Enfim. Seguindo os personagens de Tsukihime num novo multiverso, o jogo possui uma expansão, um port que possui uma nova expansão e uma continuação que também possui sua própria expansão.

É, é um pouco confuso, mas a ordem é a seguinte:

Melty Blood (Original) > Melty Blood Re-Act Final Tuned (expansão do original) > Melty Blood Act Cadenza (port que contém uma história alternativa) > Melty Blood Cadenza B (expansão de Act Cadenza) > Melty Blood Actress Again (uma sequência do original) > Melty Blood Actress Again Current Code (expansão de Actress Again).

Ufa. O último da lista, “Melty Blood Actress Again Current Code” pode ser encontrado para compra na Steam.

Claro, se você não gosta nem um pouco de jogos de luta (ou é péssimo neles, como eu), você pode ler o mangá ou simplesmente procurar o modo história no YouTube.[/spoiler]

17. Mahoutsukai no Yoru

[spoiler]Mídia: Visual Novel (2012);
Duração: Variável, de 10 a 30 horas;
Interesse necessário: 6/10.

Mais conhecido pela abreviação “Mahoyo“, essa Visual Novel é um remake de uma das primeiras obras do Nasuverso, uma Light Novel de mesmo nome, escrita por Nasu em 1996.

Se passando na mesma cidade de Tsukihime, mas antes dos eventos do mesmo, essa história possui duas sequências programadas. Quando elas vão sair, ninguém sabe. Talvez junto com o remake de Tsukihime (risos).

Por ser uma Visual Novel recente, ela é muito mais agradável aos olhos do que as anteriores da lista. Se você não deu uma chance a nenhuma até agora, por conta dos gráficos, talvez esta seja a sua deixa.[/spoiler]

18. Fate/Apocrypha

Mídia: Anime (2017); Light Novel (2012-2014) ou Mangá (2016-?);
Duração: 24 episódios; Completo em 5 volumes; Em publicação com 3 volume.

A guerra entre a facção vermelha e a facção negra pela posse do Cálice Sagrado. Sob uma jurisdição muito mais especial do que quaisquer outras, esse conflito na Romênia apresenta personagens importantes do Nasuverso, tanto no elenco de servos como no de mestres.

Light Novel de 5 volumes escrita por Yuuichirou Higashide, foi primeiramente adaptada em mangá com arte de Akira Ishida, e em recentes notícias, tivemos o anúncio de uma adaptação em anime pelo estúdio A-1 Pictures.

O mangá é bonitinho e parece ser promissor, uma ótima chance de acompanhar o material sem precisar correr atrás de botar muita coisa em dia. Já a animação, tem seus pontos fortes e fracos, mas no geral, funciona bem como adaptação.

19. Fate/Strange Fake

[spoiler]Mídia: Light Novel (2015-?);
Duração: Em publicação com 3 volumes;
Interesse necessário: 6/10.

Escrita por Ryohgo Narita, autor de Light Novels de extremo sucesso como Durarara! e Baccano!, Strange Fake, como sugere o nome, trata de uma falsa Guerra do Cálice. Será mesmo falsa? O que há de falsa? Isso parece estranho…

A obra, apesar de recente, é muito famosa entre os fãs da franquia por possuir personagens já conhecidos em situações ou estados nada convencionais, além de novos personagens interessantes.[/spoiler]

20. Fate/Grand Order

Mídia: Anime (2016) ou Jogo mobile (2015);
Duração: 1 hora e 14 minutos; Depende de quanto dinheiro você gastar nessa merda de jogo.

A mais recente máquina de imprimir dinheiro da Type-Moon, que em parceria com a empresa de jogos Delightworks está nadando em bilhões de dólares neste momento. Fate/Grand Order é um jogo estilo RPG por turnos de plataforma mobile (“Mobage” para os íntimos).

Apesar de possuir um extenso e complexo modo história, envolvendo conflitos em diversas partes do tempo-espaço em busca de evitar a destruição iminente da humanidade, o jogo se resume a gastar todo o seu salário comprando itens para poder tentar (e fracassar miseravelmente) evocar o servo que você quer na “loteria“.

Mas voltando, o foco aqui é a história: como o jogo só existe em japonês (e você tem que dar seus pulo para conseguir jogar num celular brasileiro), a melhor forma de conseguir o que você quer, além de procurar traduções na internet, é pelo anime.

Fate/Grand Order: – First Order –” foi lançado no último dia 31 de dezembro, e adapta na íntegra o primeiro “mapa” do jogo (que até o momento, conseguiu fechar a ‘primeira temporada’ com nove mapas). Você pode encontrá-lo na Crunchyroll.

Haverá uma adaptação das outras ordens? Teremos mais oito especiais pra fechar a história de Grand Order? Não se sabe. Mas a história já está toda no jogo, caso queira ir atrás de mais.

21. Fate/Extella: The Umbral Star

[spoiler]Mídia: Jogo Musou (2017);
Duração: Depende de quão rápido você mata coisas;
Interesse necessário: 5/10.

Caso você tenha um PSVita, um PS4, um Nintendo Switch ou um Computador potente, e mais alguns tostões pra gastar, e adore explodir conjuntos enormes de robôs com tipos variados de arma, considere comprar Fate/Extella.

Lançado no Japão há alguns meses, e com localização para inglês planejada para sair dentro de alguns dias, Fate/Extella se passa no mesmo multiverso de Fate/Extra e Fate/Extra CCC. Por que ele está aqui em baixo, e não como número 15, você me pergunta? Bem, para jogar esse jogo você precisaria conhecer um personagem que é introduzido em Fate/Grand Order, mas o mobage é basicamente uma coletânea de todos os personagens da Type-Moon, então para não tomar spoilers você precisaria conhecer todo o resto da franquia primeiro… É isso, basicamente.

O que importa é que neste jogo é revelada a mais nova parte do Nasuverso, que está deixando todo mundo maluco. Confira por si mesmo, da forma que for possível, quando chegar neste ponto do guia.[/spoiler]


22. E agora?

Se você chegou até aqui, meus parabéns! Não que você tenha visto todas as obras do Nasuverso e conheça agora cada centímetro de cada dimensão dele, mas você possui um leque de informações invejável, e estará preparado para qualquer outra obra ou continuação que surja no futuro.

Se você seguiu apenas o guia básico, tente se aventurar pelos números “adicionais“. Não se preocupe muito com a ordem, já que já estamos nessa situação mesmo, vá para o que lhe for mais conveniente. Se você seguiu o guia completo, você já sabe muito mais do Nasuverso do que do seu próprio, e deve conseguir fazer suas pesquisas sozinho a partir de agora.

E com isso, você está pronto para entrar nas acaloradas discussões sobre este universo tão rico. Divirta-se!


Rápido FAQ:

1. P: Você já viu/jogou/leu tudo que está aí?

R: Não, muita coisa só está disponível em japonês ou em confins muito obscuros da internet. Sei o “geral” de quase tudo, mas muitas obras eu fico sem os detalhes por conta disso.

2. P: Por que existem trezentas versões diferentes da Arthuria?

R: Os japoneses gostam do design dela.

3. P: É normal eu chegar na metade do guia sem entender absolutamente nada?

R: É.

4. P: Se eu for dedicado, quanto tempo eu levo pra acompanhar o guia completo?

R: Chamando “oito horas por dia” de dedicação, acho que um mês. Talvez menos.

5. P: Como é a fanbase do Nasuverso?

R: Tóxica e nojenta, como todas as fanbases que existem.

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Os 15 melhores mangás para colecionar hoje

O mercado de mangás do Brasil passa atualmente por sua melhor fase em diversos sentidos. Com os últimos dois anos tidos por muitos como a “Era de Ouro” dos mangás no Brasil, as editoras vem ousando em apostar em diferentes formatos e numa variedade de demografias (shounen, seinen, gekiga, shoujo, etc) impressionante, publicando títulos que se adequam aos mais variados poderes aquisitivos dos leitores. Panini, JBC, NewPOP, Nova Sampa, e Astral são algumas (dentre outras) das editoras que publicam mangás atualmente, com destaque para as três primeiras que vem sobrevivendo à crise.

Mas com tantos títulos sendo lançados mensalmente nas bancas, livrarias e lojas especializadas, quais se destacam? Esta lista tem como objetivo indicar alguns mangás com o melhor custo-benefício, melhor desenvolvimento de história, valor histórico, entre outros aspectos como a duração e formato. É importante ressaltar que esta lista foi redigida com base na opinião de dois redatores do site, e é possível que haja discordância com seu gosto pessoal. Além disso, os títulos não estão rankeados em ordem de melhor para pior ou vice-versa. Sem mais delongas, confira abaixo os quinze títulos escolhidos!

Noragami

Escrito e ilustrado por Adachitoka, Noragami é um shounen. Na história acompanhamos Yato, uma divindade menor do Japão que está em busca de novos fiéis e de ter seu próprio santuário. Para conseguir isso ele anda pela cidade pichando muros com seu número de celular e informando que ajudará as pessoas no que elas precisarem, com a condição de receber cinco ienes pelos seus feitos. Durante um desses seus trabalhos como “deus delivery” ele é salvo de ser atropelado por um caminhão pela jovem Hiyori Iki, que acaba sendo atropelada em seu lugar e fica entre a vida e a morte. Após o atropelamento, Yato decide salvar a vida da menina e essa ação acaba mudando o destino dos dois para sempre, já que após isso, Hiyori começa a sair de seu corpo às vezes, podendo assim andar entre os dois mundos, o dos humanos e o dos mortos. Mesmo não trazendo nada de novo, Noragami se sobressai pelo carisma de seus personagens e pelas lições que o mangá quer passar. Tudo em Noragami é bem equilibrado. É dramático quando tem que ser, sem parecer um dramalhão. As piadas funcionam perfeitamente, e o elenco de apoio é muito bem utilizado. No Japão, o mangá se encontra no volume 17, em publicação desde 2010. No Brasil foi lançado o terceiro volume pela Panini em novembro de 2016. O mangá ganhou duas adaptações em anime, Noragami e Noragami Aragoto, ambas com 13 episódios cada.


Assassination Classroom

Um dos mangás mais inteligentes (e nonsense) já publicados na revista semanal Shōnen Jump, criado por Yuusei Matsui, Assassination Classroom narra a história dos alunos da classe 3-E que tentam diariamente assassinar seu professor, um alienígena amarelo que destruiu 70% da lua e ameaça aniquilar todo o planeta Terra caso não consigam matá-lo no período de um ano. O professor (Koro-sensei) é um exemplo ideal de excelente tutor, e visa transformar os alunos da problemática classe 3-E (a pior de todas) em alunos também exemplares, dedicando sua vida a tornar estes alunos os melhores. A história gira em torno de grupos de personagens, e serve como uma crítica ferrenha ao sistema de ensino japonês. Essas críticas também se aplicam ao sistema de ensino brasileiro, e muitas vezes o autor traça paralelos entre a palavra “assassinato” e o “ideal de humano” que deve ser formado na escola, criando correlações entre ambos os conceitos de forma metafórica. Quando Koro-sensei diz que vai “torná-los os melhores assassinos do mundo“, ele também quer dizer que irá transformar estes alunos nos melhores seres humanos possíveis, ensinando a todos valores e deveres essenciais para que sejam boas pessoas. A obra foi completa em 21 volumes, publicada entre 2012 e 2016, e foi um dos maiores sucessos da Jump no período, alcançando famosos mangás da revista como Naruto e One Piece. O autor sempre deixou claro que encerraria a história quando ele tivesse esgotado o que planejou para o ano de convivência entre Koro-sensei e seus alunos, sem se deixar levar pela ideia de “shounens infinitos” e sem se deixar influenciar pelo sucesso arrebatador das vendas. Graças a estes ideais o artista criou uma obra com poucas falhas, muita ação e situações divertidamente inusitadas. Assassination Classroom é publicado no Brasil pela editora Panini e atualmente encontra-se em sua 15ª edição encadernada.


Terra Formars

Escrito por Yu Sasuga e ilustrado por Ken-Ichi Tachibana, Terra Formars é um mangá seinen de ação, ficção-científica e horror, publicado no Japão desde 2011 na revista semanal Young Jump. No Brasil, a Editora JBC é a detentora dos direitos do mangá, em publicação desde 2015. Narra a história de grupos de humanos geneticamente modificados vindos de diferentes partes da Terra, que vão para Marte, nos anos 2600, enfrentar baratas gigantes que sofreram mutação após tentativas da humanidade de tornar o planeta vermelho habitável, ainda no século XXI. Os 100 humanos escolhidos, detentores de diferentes poderes animais, devem enfrentar a população estimada de 200 milhões de baratas gigantes, com todas as características físicas (e intelectuais) de uma barata comum elevadas em centenas de vezes. Terra Formars une uma história envolvente, personagens carismáticos e uma arte competente e entrega um excelente mangá de ação, com muitas reviravoltas de roteiro e muitos momentos memoráveis. Além disso, o mangá conta com uma base científica bem trabalhada (e realista na medida do possível), sempre contando com apoio de diferentes fontes para criar suas ideias, e também trabalha muitas tramas políticas no desenrolar da história. No Japão, o mangá ainda está em publicação contando com 19 volumes encadernados, enquanto no Brasil estamos na 15ª edição.


Ore Monogatari!!

Mangá shoujo escrito por Kazune Kawahara e ilustrado por Aruko, completo em 13 volumes, Ore Monogatari!! é uma excelente dica até mesmo para quem não é tão fã do gênero. Um dos sucessos mais recentes dos mangás shoujo no Japão (ao lado de Aoharaido e Orange), tem sua história girando em torno de Takeo Gouda, um rapaz totalmente atípico no quesito “protagonistas de mangás shoujo” por ser grande, forte, pesado, e se “assemelhar a um gorila”. Takeo salva uma garota (Yamato) de um abusador no metrô, e eles começam a namorar. As edições então giram em torno do relacionamento dos dois, somado a um grupo de coadjuvantes divertidos como o melhor amigo de Takeo, Sunakawa (que é um típico garoto bonito de shoujos), os amigos da escola de Takeo e Yamato, e até mesmo os pais de Takeo. Todas as situações do mangá são típicas de um shoujo, porém, a dose de humor é bem alta neste título, agradando também os leitores da categoria “comédia romântica“. No Japão, Ore Monogatari!! foi publicado entre 2011 e 2016, na revista mensal Bessatsu Margaret, enquanto no Brasil a detentora de seus direitos é a editora Panini, tendo publicado até o momento apenas 3 volumes da obra, bimestralmente.


Zetman

Masakazu Katsura é um autor conhecido pelo público brasileiro especialmente pela publicação de duas obras suas pela editora JBCVideo Girl e D.N.A². Famoso por sua arte realística bem detalhada e por suas histórias com elementos de ficção-científica, Zetmanseinen de sua autoria, foi o mangá onde o artista se permitiu debandar para o lado da ação. Zetman narra a história de Jin, um órfão que possui uma misteriosa auréola na sua mão esquerda e apresenta capacidades físicas acima do normal. Tendo vivido parte de sua infância na rua, o garoto acaba se envolvendo numa misteriosa trama relacionada a um experimento de uma famosa corporação após um monstro chamado “player” atacá-lo e tirar a vida de seu avô. Jin cresce e se vê mais uma vez envolvido neste misterioso projeto, a qual é sempre referido a ele o codinome Z.E.T. O mangá, completo em 20 volumes, possui cenas de ação magníficas e um grupo de personagens interessantes e bem desenvolvidos, como o garoto Kouga, e sua irmã Konoha. Katsura tece os fios da trama de Zetman aos poucos e de forma fluida, tornando a leitura de cada volume extremamente rápida e prazerosa. O conteúdo da obra é bem adulto, com muita violência e alguma nudez, além dos elementos ecchi (já conhecidos pelos fãs) característicos do autor. A publicação brasileira de Zetman pela JBC está atualmente no 15° volume, com novas edições lançadas bimestralmente.


Blade – A Lâmina do Imortal

Segundo mangá em formato BIG (dois volumes japoneses em um) lançado pela JBC em 2015, Blade de Hiroaki Samura é tido por muitos como um dos melhores mangás de samurai de todos os tempos. No Brasil a obra já havia sido lançada pela editora Conrad em meados de 2004, no formato meio-tanko, e desde outubro de 2015 a obra retornou às livrarias, revisada e num capricho editorial muito superior graças à JBC. O mangá narra a história de Manji, um ronin contratado para matar aqueles que se negam a pagar impostos. Ao notar que estava assassinando inocentes, o assassino se rebela contra seu contratante e acaba o matando, além de assassinar seus 99 guarda-costas. Ao ser salvo, bastante ferido, por uma monge que lhe deu o chamado “chá de vermes”, Manji torna-se imortal e a única forma de reverter seu status de imortalidade e se livrar de sua culpa, sendo capaz de morrer, é matando 1000 criminosos. Blade foi serializado de 1993 a 2012 na revista mensal japonesa Afternoon, casa de muitos outros títulos de qualidade. A obra se encerrou com 30 volumes encadernados, e no formato BIG da JBC, será concluído com apenas 15 edições, sendo que o volume 7 está programado para ser lançado ainda em janeiro de 2017.


One-Punch Man

A história do herói Saitama, criada por ONE e adaptada por Yusuke Murata, é um dos maiores sucessos do Japão atualmente. No Brasil, a editora Panini é detentora dos direitos da obra, e caprichou no acabamento do blockbuster que alcançou fama mundial graças ao anime exibido no ano passado. A trama gira em torno do herói Saitama, o invencível homem que derrota qualquer inimigo com apenas um soco, seu aprendiz Genos, um androide poderoso, e diversas situações cômicas envolvendo vilões inusitados, a Organização dos Heróis e a vida cotidiana do próprio Saitama. Originalmente, One-Punch Man é uma webcomic publicada desde 2009 com roteiro e arte de ONE, e o mangá é um remake publicado digitalmente na Weekly Young Jump, especificamente na Young Jump Web Comics. O remake possui 11 volumes encadernados lançados até o momento, e cativa o leitor graças às diferentes formas que os criadores trabalham a ideia da busca por um inimigo verdadeiramente desafiador para Saitama. Além disso, a arte de Yusuke Murata é uma das mais belas em mangás seinen de ação, com a colaboração de sua equipe de assistentes que aplicam efeitos verdadeiramente cinematográficos para os desenhos, concedendo uma fluidez impressionante, como você pode conferir clicando aqui. Um excelente título para quem busca uma paródia de super-heróis e mangás shounen, com uma leitura despretensiosa e um capricho editorial absurdo.


Arakawa Under The Bridge

Comédia escrita e desenhada por Hikaru Nakamura (autora de Saint Onii-San), completa em 15 volumes e publicada no Japão na revista seinen Young Gangan de 2004 a 2015, Arakawa Under The Bridge é um deleite para fãs do gênero nonsense. O mangá foi trazido ao Brasil pela editora Panini e conta a história da vida de Kou Ichinomiya, herdeiro da grande Ichinomiya Company, que tem como lema “nunca dever nada a ninguém“. Certo dia, um grupo de crianças rouba as calças de Kou e a pendura no alto de uma ponte, onde ele conhece Nino, uma garota loira que acaba salvando a vida de Kou. Como forma de recompensar o favor e sanar a dívida de Kou para com a garota misteriosa (que, é importante dizer, mora debaixo da ponte e diz ter vindo de Vênus), Nino pede para que o rapaz mostre para ela o que é o amor. Com isso, Kou passa a viver debaixo da ponte, onde muitos outros moradores e amigos de Nino também levam suas vidas das formas mais loucas imagináveis. A obra conta com um rol de personagens coadjuvantes brilhantemente bem escritos, todos com suas próprias características e momentos engraçados, e também tece comentários e críticas (não muito sutis, sendo fáceis de identificar) muito pertinentes sobre diversos temas sociais.


Knights of Sidonia

Obra máxima do gênio dos mangás cyberpunk Tsutomu Nihei, Knights of Sidonia é publicado no Brasil pela Editora JBC, e completo em 15 volumes. O mangá (serializado na revista japonesa Afternoon) é um seinen de mechas que narra a história de Nagate Tanikaze, um garoto que cresceu na base subterrânea da nave Sidonia, no ano 3394, após a humanidade fugir do planeta Terra graças aos ataques de uma raça de alienígenas gigantes chamados Gauna. Sidonia é uma das várias naves (com destinos desconhecidos) que fugiram em direção ao espaço, e tem forte influência da cultura japonesa, criando tecnologias e avanços científicos como a reprodução assexuada, clonagem e fotossíntese humana. Nagate, que sempre treinou em simuladores no subterrâneo, sobe à superfície após a morte de seu avô e acaba tornando-se piloto de um Guardião, robôs criados para proteger Sidonia dos ataques de Gaunas, além de desempenharem tarefas braçais como mineração. Knights of Sidonia une a bela arte sombreada de Nihei a diversas ideias de mangás prévios do autor (como Abara, publicado no Brasil pela Panini) e entrega sua obra mais longeva e com melhor desenvolvimento de roteiro e personagens. A vida em Sidonia é narrada com o desenrolar da trama, e diversas subtramas envolvendo até mesmo grandes empresas da nave Sidonia começam a ser criadas com o passar do tempo. O mangá foi adaptado para anime, produzido pela Netflix em 2014, enquanto no Brasil estamos rumando para o lançamento do 8° volume da obra.


Berserk

Mais longeva infinita obra criada por Kentaro Miura, Berserk é um mangá seinen de fantasia medieval já tido por muitos como um verdadeiro clássico dos gibis japoneses. Narra a história de Guts, um ex-mercenário e espadachim amaldiçoado que vaga pelo mundo sem descanso em busca de vingança pelos atos de um antigo rival. O mangá explora diversas facetas humanas, mostrando sempre o melhor e o pior da humanidade, tendo como temas assuntos como isolamento, traição, autopreservação, etc. Berserk é um dos seinens mais populares do Japão, tendo sido publicado em duas revistas diferentes, a Animal House e a Young Animal, ambas mensais; porém, especificamente este mangá possui periodicidade indefinida graças aos constantes hiatos do autor. Apesar disso, a obra possui 38 volumes encadernados, e a arte de Miura é extremamente realística e bem detalhada, sendo cada página um show de exuberância em todos os sentidos. A serialização de Berserk começou em 1989 e no Brasil ele é publicado pela editora Panini em dois formatos, o meio-tanko desde 2005 (que está emparelhado com o Japão), e a nova edição de 2014, revisada e de tankos completos, que encontra-se atualmente em seu 14° volume. O retorno do mangá (que encontra-se em hiato desde setembro de 2016) está previsto para o início de 2017. Berserk também é um dos 60 mangás mais vendidos do Japão.


Vinland Saga

Um mangá sobre vikings, Vinland Saga é a obra máxima de Makoto Yukimura, conhecido por seu mangá de ficção-científica Planetes. Vinland Saga narra a jornada de Thorfinn, um garoto cujo pai foi assassinado por Askeladd, em busca de vingança contra o assassino. Para alcançar seu objetivo e vingar a morte de seu pai desafiando o assassino, Thorfinn une-se ao bando de Askeladd, um grupo famoso de vikings que realizam diversos trabalhos e saqueamentos. Yukimura é um autor antibelicista com ideais que se assemelham muito aos de Osamu Tezuka (conhecido por tecer críticas ao exército e guerras no geral), e apesar disso ficar muito visível em Planetes, o autor toma Vinland Saga como o meio ideal de transmitir sua mensagem à humanidade. Por muito tempo (oito volumes) o mangá serve somente como um prólogo para a verdadeira história que o autor almeja contar, e quando a mensagem fica clara, o roteiro sofre uma reviravolta inesperadamente bela. A calma com que Yukimura desenvolve seus personagens e tece sua trama no desenrolar dos anos é admirável, e apesar de ainda estar em publicação no Japão (com 18 volumes, sendo que o próprio volume 18 será publicado pela Panini em breve, alcançando o Japão), é uma obra que te inspira e desperta uma vontade de ler mais e mais. No Japão, o mangá é publicado mensalmente na revista Afternoon, e vale ressaltar que não existe mangá ou anime algum que retrate a era viking de forma verdadeiramente séria exceto este. Segundo o autor, a obra seria encerrada com 25 volumes, mas pode demorar muito mais visto que ele define a extensão de sua criação conforme o roteiro se desenrola de forma natural. No fim das contas, Vinland Saga é um mangá obrigatório para qualquer coleção.


Vagabond

A vida de Miyamoto Musashi na visão do mangaká Takehiko Inoue é um dos maiores sucessos da Panini atualmente. Após algumas tentativas infrutíferas de outras editoras em dar continuidade à publicação deste mangá tão aclamado no mundo, a multinacional italiana começou a lançar tudo novamente em um novo formato, com nova tradução e acabamento mais luxuoso que o restante de seu catálogo. Vagabond se passa logo após a Batalha de Sekigahara (1600), onde um jovem chamado Takezo e seu amigo Matahachi foram lutar após deixarem sua vila, Miyamoto, buscando fama e glória. Contudo, na Batalha ambos só encontram a derrota, e a partir dali trilham caminhos diferentes em busca de força, numa jornada de autodescobrimento cercada por confrontos e desafios espirituais. O mangá tem maior parte de seu foco na vida de Takezo tornando-se Miyamoto Musashi, grande espadachim e ronin, criador do estilo de luta com duas espadas chamado Niten Ichi Ryu. Takehiko Inoue baseia-se no romance de Eiji Yoshikawa para criar sua própria versão da vida de Musashi, e todas as liberdades criativas que o autor toma com relação ao livro são bem aceitas por não existir um relato totalmente fidedigno da vida do espadachim. O mangá possui 37 volumes encadernados, tendo entrado em hiato no Japão em 2015. A arte de Takehiko Inoue é um dos grandes chamarizes da obra, visto que nela o autor capricha no realismo e cria quadros extremamente bem detalhados. No Brasil, o volume 11 foi lançado em dezembro de 2016.


Slam Dunk

Outra obra de Takehiko Inoue, Slam Dunk é o mangá de esporte mais famoso do mundo, e nono mangá mais vendido do Japão, com mais de 120 milhões de unidades vendidas. Esta história publicada semanalmente na Shounen Jump de 1990 a 1996 e totalizando 31 volumes foi responsável por popularizar o basquete na terra do sol nascente. Takehiko Inoue é um grande fã de basquete (tendo outras duas obras publicadas sobre o esporte, uma ainda em andamento), e através de Slam Dunk ele introduziu o esporte a milhares de leitores, de forma calma e muito fluida, através de bastante comédia. O mangá narra a história de Hanamichi Sakuragi, um delinquente impopular com as garotas (que preferem os garotos que jogam basquete), que conhece Haruko Akagi, irmã do líder do time de basquete do colégio. A garota reconhece o potencial de Sakuragi e o introduz ao time, enquanto ele aceita com o objetivo de impressioná-la, e a partir daí o rapaz começa a conhecer o esporte desde o básico e a desenvolver seu amor pelo basquete. A motivação de Sakuragi é um reflexo do jovem Inoue, que também começou a jogar basquete para tentar impressionar as garotas, e mais tarde desenvolveu um grande amor pelo esporte em si. Graças a resposta dos leitores que passaram a gostar do esporte o autor também organizou o Slam Dunk Scholarship, projeto que dá bolsas de estudo para estudantes japoneses. S.D. já havia sido publicado no Brasil pela editora Conrad há alguns anos, e atualmente a Panini está relançando a obra em um formato mais caprichado e baseado no kanzenban japonês, totalizando 24 volumes e contendo adicionais de qualidade que uma edição luxuosa japonesa proporciona.


Lobo Solitário

Um dos gekigás mais famosos do mundo, a obra de Kazuo Koike e Goseki Kojima é um dos grandes clássicos dos quadrinhos japoneses, tido por muitos como a maior obra quadrinística do Japão, publicado entre 1970 e 1976, totalizando 28 volumes. Lobo Solitário narra a história de Itto Ogami, o carrasco do shogun no Período Edo, que foi desonrado por falsas acusações do clã Yagyu e condenado ao seppuku. Ogami pega seu filho de três anos de idade, Daigoro, após a morte de sua esposa, e com as acusações do clã Yagyu sempre em mente ele toma o caminho de um assassino, viajando com seu filho e arquitetando seu plano de vingança, carregando um estandarte que diz: “Alugo minha espada, alugo meu filho.” Lobo Solitário influenciou grandes autores de quadrinhos e filmes, como Frank Miller, que é um grande fã da obra e foi o responsável por trazer o mangá ao ocidente. A obra foi adaptada em seis filmes, peças de teatro e uma série de TV, muito influente, e Kazuo Koike escreveu algumas sequências para o mangá algum tempo depois do fim. No Brasil, Lobo Solitário já havia sido lançado na íntegra pela Panini, porém agora a obra retorna num acabamento mais luxuoso, com papel offset, orelhas e sempre com uma capa original de Goseki Kojima que a editora teve acesso graças aos kanzenbans. Um clássico absoluto, o mangá é obrigatório para qualquer fã de quadrinhos.


Fullmetal Alchemist

O shounen definitivo de Hiromu Arakawa tido por muitos como um dos melhores mangás de todos os tempos está sendo relançado no Brasil pela editora JBC. Completo em 27 volumes, Fullmetal Alchemist conta a história de Alphonse e Edward Elric, dois irmãos que tentaram ressuscitar a mãe através do uso de alquimia, e falharam. Com o erro, Alphonse perdeu seu corpo e Edward, uma perna. Para restituir a alma do irmão, Edward também sacrificou um braço e prendeu-a dentro de uma armadura. Motivados pela falha, os irmãos dão início à sua jornada em busca da pedra filosofal, um objeto poderoso que permitirá que ambos recuperem seus corpos. A história (que foi publicada mensalmente no Japão) possui um roteiro bem amarrado que não desperdiça nada, planejado desde sempre para ter um início, meio e fim. Hiromu Arakawa também é uma ótima escritora de comédia, e todos seus personagens possuem algum destaque na trama. Fullmetal é uma jornada de superação, emocionando seus leitores com tantos problemas apresentados ao longo da vida dos irmãos, sempre motivados a seguir em frente, e também atiçando a curiosidade de todos graças a alguns mistérios apresentados logo no início da aventura. O mangá está entre os 25 mais vendidos do Japão, totalizando cerca de 65 milhões de cópias vendidas, e já havia sido publicado no Brasil em formato meio-tanko. A publicação atual da JBC é em um acabamento mais caprichado, com papel offset e cor especial prateada nas capas, além da tradução e adaptação revisadas e o lançamento no formato original, totalizando 27 tankos. O volume 5 foi lançado recentemente no Brasil.


Com isso encerramos nossa lista de 15 mangás recomendados para se colecionar atualmente! A variedade de gêneros e lançamentos mensais pelas diversas editoras do país é muito grande, tornando impossível sugerir todos os títulos existentes. Muitos outros mereciam ser indicados e comentados em detalhes, contudo, esta matéria ficaria ainda mais extensa! Quem sabe numa segunda parte?

Está acompanhando algum dos mangás sugeridos? Acha que faltou algo? Alguma sugestão? Comente abaixo!

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E o prêmio de melhor editora de mangás vai para…?

Já dizia o famoso bordão entre aqueles que frequentam a roda de pagode nipônica, “japonês é um povo estranho”; porém o brasileiro também tem as suas peculiaridades. Uma das coisas que mais me impressiona é que gostamos de fazer “TOPs de final de ano“. O que é bem comum, afinal vemos o fim do ano como o término de um ciclo em que tentamos avaliar o que houve de bom e ruim ao decorrer do tempo, e isso é ainda mais forte dentro de uma comunidade tão exigente quanto a “otakada brasileira”, que gosta de avaliar papel, de escolher um lado para dizer “nós somos os melhores”, entre outros clichés da competitividade e do maniqueísmo que está em nossa volta no dia a dia.

Mas então o que falar das nossas amadas editoras, que tanto se esforçam para agradar um público tão meticuloso e cheio de manias, mas que possui uma grande paixão por ler coisas que são escritas da direita para esquerda? sem política por favor

NewPOPnewpoplogoNewPOP, a editora de Junior Fonseca, há algum tempo sofre de algo que poderia ser chamado de “complexo de Narciso” (do mito grego): é uma editora que tem um grande zelo pela estética de suas publicações, mas que peca muito nos detalhes, principalmente nas revisões dos textos de suas publicações e isso nunca é deixado barato pelos leitores. Este ano a editora trouxe um grande leque de obras do Osamu Tezuka, que nunca será mal visto pelo público (afinal Tezuka tem mais clássicos que a Marvel, segundo pesquisas de opinião) e eles publicam várias obras do renomado autor já há algum tempo, e é importante dar valor a isso, visto que ele é simplesmente o Deus dos Mangás.

Além disso, eles tem apostado no mercado de light novels que é bastante ignorado pelas outras editoras, e que também deveria ser valorizado, e as tais light novels (com análise feita por aqui), como Log Horizon, Fate/Zero e continuações de No Game No Life foram bastante elogiadas no decorrer do ano, com publicações recorrentes. A NewPOP trouxe um dos mangás mais polêmicos do ano publicados por aqui, que foi “Helter Skelter“, com resenha já publicada na área do Pagode da Torre.

Podemos dizer que a NewPOP investiu na diversidade. Publicando novels, graphics novels, gêneros de mangás menos consumidos como yaoi, mais Tezukão (torço que para que tragam Black Jack) e conseguiu manter uma regularidade bem modesta de duas publicações mensalmente. Merece seu destaque, tentando superar um momento tão difícil do país.

JBC (ou como chamo, Jei Bi Ci)jbcA editora que tem no seus expoentes as estrelas do bacanudo editor Cassius Medauar e o maníaco por “Os Cavaleiros do Zodíaco” (leia com a voz do narrador da chamada do desenho) Marcelo Del Greco teve um ano digno de tudo que foi 2016. A JBC não teve medo de dar a cara a tapa: ela arriscou novos formatos esse ano, materiais novos, com preço mais altos e pouco comuns ao público que estava acostumado a gastar valores menores para ler e que sempre ficará reclamando dos preços (que se são justos ou não, não cabe a mim julgar). Entre estes novos formatos está o adotado para a publicação de Blame! (com análise feita pelo Pagode), Ghost in the Shell e o Kanzenban de Os Cavaleiros do Zodíaco em capa dura, além do artbook deThe Lost Canvas. A editora também trouxe títulos diferenciados e tem um contato com o público de muito mais fácil acesso (quando não ignora as perguntas nas redes sociais)  do que as concorrentes. Contudo, a editora também leva algumas críticas, principalmente quanto a questão de transparência do papel em publicações, como em “Orange“, e a tal “cor especial” das capas de Fullmetal Alchemist, que deu alguma dor de cabeça aos leitores quando começou a descascar.

O Formato “BIG” que a JBC propôs trouxe obras que há muito haviam caído no limbo por outras editoras. Foi um formato que dividiu opiniões, mas que merece o seu destaque (principalmente se você tiver paciência de esperar as promoções em sites) e que conseguiu trazer obras que agradam gregos e troianos, principalmente do gênero “sci-fi“. Mas o maior destaque ao meu ver é conseguir tornar um hábito trazer mangakás, como por exemplo a vinda de Tsutomu Nihei à CCXP, que com certeza não é uma tarefa fácil, mas que a editora tem conseguido cumprir esse plus com primor nos últimos anos.

Paniniplanet mangáA multinacional italiana, que tem no Brasil o selo Planet Mangás e que possui em suas figuras editoriais a persona da simpática Beth Kodama e do discreto Bruno Zago, teve um ano em que conseguiu trazer muitos clássicos de volta às bancas e conseguiu realmente fazer uma avalanche de publicações ao longo do ano.

Os formatos que a editora adotou, principalmente para as obras Vagabond, One-Punch Man e Ajin, vem sendo aproveitado nos demais lançamentos, especialmente agora no final do ano com os clássicos Slam Dunk e Lobo Solitário, mesmo que estes últimos tenham tido alguns problemas de gráfica que deixaram muita gente com um pé atrás. É fato que a Panini conseguiu juntar qualidade com um preço bem competitivo e de fácil acesso em comparação às outras editoras que trabalham por aqui, mas ainda tem as suas falhas, principalmente com alguns erros de lote, de volumes de mangás que descolam na primeira folheada, entre outros. Apesar disso, também é fato que editora tem tentado resolver tais problemas de produção, ouvindo por exemplo as críticas a “Naruto Gold” que também sofreu dos mesmos problemas.

Talvez por ser uma multinacional com teoricamente muito mais recursos que as suas concorrentes, deveria ser menos difícil tentar trazer mangakás para eventos, tais como a CCXP ou Anime Friends, mas isso é algo que ainda não tem ocorrido por parte da editora, que visa o lançamento de blockbusters. Pode ser por burocracia ou talvez falta de vontade mesmo, já que a editora também tem a sua divisão de comics, e a Panini em grande parte terceiriza a sua mão de obra por aqui, e isso cria uma ponte burocrática mais complicada para buscar essas visitas. Enfim, é uma observação que pode tirar pontos da editora, que com certeza conseguiu o seu destaque este ano, principalmente por ter publicado muito material novo e possibilitado a volta de grandes clássicos.

Mas e a resposta para a pergunta do título?

Creio que a resposta seja NÓS, consumidores, leitores que ganham o maior prêmio com isso, visto que muitos que consomem estes produtos (como no meu caso) vem de uma época em que tudo era incerto, cancelamentos eram feitos sem explicação e em que era necessário encarar um meio-tanko que mais parecia ter sido feito de papel pra secar mão de rodoviária, entre outras complicações do mercado de alguns anos atrás.

masaka
“Mas eu queria ver treta!” Vai ficar querendo…

Está perfeito? Lógico que não está, mas é fato que melhorou bastante. Como dito pelos visitantes japoneses à CCXP, “o mercado brasileiro de mangás está em expansão e já se assemelha ao mercado francês (muito maior) de algum tempo no passado.

E o que esperar do futuro? Bom, sabemos que também em 2017 a DarkSide Books irá entrar nessa briga, tendo anunciado mangás do insano Junji Ito, com um formato que deve ser diferente de tudo que já vimos por aqui. A JBC ainda tem uma carta na manga chamada Akira, e a Panini tem também os seus trunfos, como o mangá do descolado Sakamoto, o retorno de Dr. Slump, entre outros. Já a NewPOP no seu ritmo também vai levando os seus trabalhos e ganhando uma certa assiduidade quanto as publicações, e já anunciou relançamento de alguns itens de seu catálogo, como o clássico Speed Racer. Vale também lembrar que durante o ano a Astral Comics marcou presença nas bancas quase mensalmente, publicando diversos hentais e até mesmo alguns mangás franceses. Ah, eu ia esquecendo a Arrow Ray e a Nova Sampa, mas o que falar dessas duas?



Enfim, que venha 2017 e com isso vários bons mangás, e por mais um ano toda a otakada brasileira sonhará com a vinda de Jojo ou Hokuto no Ken. Até a próxima e um feliz ano novo a todos!

Agradecimentos à galera do “AMA“, “Mangás Brasil“, “O mercado de mangás que deu certo” e do ”Os Consumidores do Mercado de Mangás que Deu Certo“, pela ajuda com a ideia e pelas críticas apontadas.

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Blame! | Um novo marco de qualidade dos mangás no Brasil

Durante a Comic Con Experience 2016 a Editora JBC caprichou nas novidades com diversos lançamentos de qualidade. The Ghost in the Shell, Nijigahara Holograph, o Kanzenban de Cavaleiros do Zodíaco e o Artbook de Lost Canvas eram algumas das publicações disponíveis no estande da editora. Além disso, Blame! de Tsutomu Nihei (autor de Knights of Sidonia, presente na convenção) também foi lançado no evento, com uma qualidade gráfica de ponta, surpreendendo a todos pelo custo-benefício da obra. Confira abaixo todos os detalhes técnicos do mangá!

Tsutomu Nihei é um autor conhecido por suas obras cyberpunk de ficção-científica. Blame! foi sua primeira obra serializada, publicada originalmente na revista japonesa Afternoon entre 1998 e 2003, totalizando 10 volumes. O mangá narra a história de Killy à procura de um humano com genes compatíveis para salvar a humanidade, e foi adaptado em 6 episódios ONA (original net animation) em 2003, além de ter um filme produzido pela Netflix anunciado para 2017. Pelo segundo ano consecutivo, a Editora JBC, que também publica Knights of Sidonia, trouxe um mangaká ao Brasil, e também lançou Blame! como uma publicação bimestral, estabelecendo um novo parâmetro de comparação de qualidade gráfica dos mangás brasileiros, custando apenas R$23,90.

Mangá com sua sobrecapa. O adesivo era um brinde da CCXP 2016.
Mangá com sua sobrecapa. O adesivo foi um brinde da CCXP 2016 e não acompanha o produto.

Cada uma das 10 edições terá sobrecapa (não sobrecapa-pôster, como as de eventos da JBC) e uma média de 210 páginas, sem páginas coloridas. A publicação de mangás com sobrecapa no Brasil, algo similar ao modelo japonês de publicação, onde todos possuem sobrecapa, era tida como inviável até alguns anos atrás. O gasto que a sobrecapa iria impor ao produto tornaria o mangá muito custoso. Contudo, Blame! começou surpreendendo com o anúncio de que a coleção inteira será publicada neste formato, muito similar ao modo japonês, por um preço acessível. The Ghost in the Shell também foi lançado com sobrecapa no evento, contendo duas cores especiais e acompanhada do formato maior da obra (17 x 24 cm) e suas 352 páginas com mais de 60 páginas coloridas.

Sobrecapa aberta, extremamente similar à japonesa.
Sobrecapa aberta, extremamente similar à japonesa.
Ao remover a sobrecapa é possível visualizar a capa completa da obra.
Ao remover a sobrecapa é possível visualizar a capa completa da obra.

Ainda nas especificações técnicas, Blame! é lançado em Papel Lux Cream, o papel utilizado pela editora em suas edições de luxo. Utilizado em outras publicações mais caprichadas como O Cão que Guarda as Estrelas, O Outro Cão que Guarda as Estrelas e Death Note Black Edition, o Lux Cream é um papel tido como um “Offset melhorado“, com um tom mais amarelado ou acinzentado, cansando menos a vista do leitor. Além disso, a espessura do papel Lux Cream utilizado pela JBC em Blame! e nas obras de Takashi Murakami torna inexistente qualquer tipo de transparência, ponto de reclamação recorrente dos mangás em papel jornal e offset.

Páginas de Blame!
Páginas de Blame!
Primeira e última (a clássica página de PARE!) páginas do mangá.
Primeira e última (a clássica página de PARE!) páginas do mangá.

A obra exige atenção do leitor. Nihei é um autor conhecido por sua arte sombreada, e a narrativa de Blame! é caracterizada pelo uso de poucas palavras, dependendo muito da compreensão total dos desenhos do mestre mangaká, diferente de Knights of Sidonia, que apesar de ainda basear-se muito no jogo de sombras do autor, possui diálogos explicativos e descritivos constantes, facilitando a leitura da obra. Ambos os mangás são excelentes pedidas para fãs de ficção-científica, obras cyberpunk e admiradores do gênero seinen. Foi traduzido pelo excelente Denis Kei Kimura e conta com a produção editorial de toda a ótima equipe JBC.

Blame! foi o 15° lançamento da JBC de 2016. Recapitulando suas especificações técnicas, a série é completa em 10 volumes, será de publicação bimestral contendo uma média de 210 páginas em papel Lux Cream e sobrecapa em todas as edições pelo valor de R$23,90.

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Ghost In The Shell | Páginas que foram censuradas do mangá

Graças ao relançamento na CCXP, muito começou a ser falado sobre a censura de algumas páginas do mangá GITS (Ghost In The Shell), e dada a repercussão do caso, a curiosidade também bate forte no leitor para saber o por quê do acontecido.

[AVISO: CONTEÚDO ADULTO ABAIXO, SÓ CONTINUE A LEITURA DA MATÉRIA SE FOR MAIOR DE 18 ANOS]

Censura nunca é algo bom. Porém, especificamente nesse caso, o próprio autor da obra, Masamune Shirow, foi o responsável pelo feito, alegando sentir vergonha pelas páginas. Confira abaixo todos os detalhes:

Página 52 censurada, refeita para o mangá:

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Mesma página sem censura, onde mostra uma cena de sexo:

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Páginas 53 e 54 retiradas do mangá:

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Inicialmente, a decisão de Shirow, foi tomada quando a obra foi traduzida para os EUA. A censura também aconteceu na publicação da Alemanha logo depois, mas nesse caso não se sabe se foi proposital, já que a publicação era adaptação da tradução americana.

O mangá, que será publicado pela editora JBC, tem previsão de lançamento para a CCXP (Comic Con Experience), e sua adaptação para os cinemas, estrelada por Scarlett Johansson, tem previsão de estreia para 30 de março de 2017.

Mesmo tendo duas páginas retiradas, a alteração nada influenciou no desenrolar da história. Ou seja, a qualidade da obra ainda continua intacta, sem comprometer a continuidade. Mas, mesmo assim, ainda gera polêmica e controvérsias entre os leitores, afinal, censura é censura. Vocês concordam com a decisão do autor? Deixe a resposta nos comentários!

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Primeiras Impressões | Soushin Shoujo Matoi

Um antigo provérbio japonês, datado do período Edo (1603-1868), diz que “Kawaii uguu baka desu sushi katana wasabi ne?“. Traduzindo, significa “Melhor postar dois meses atrasado do que deixar passar em branco, né?“. Não sei o que eles queriam dizer com isso na época, mas dá pra ver que desde muito tempo, japonês é um povo estranho.

Começamos essa temporada com presidiários, passamos por patinadores e viajantes do tempo-espaço, para chegarmos em garotas mágicas exorcistas…? Pera, tá certo isso aqui, produção, é isso mesmo? Parece que sim. Nessa famigerada season onde tudo é sempre tão melhor do que no resto do ano, e as esperanças estão sempre em alta para aquele conteúdo de qualidade, nós recebemos… Bem, isso. Mas de qualquer forma, segue o trailer abaixo e bola pra frente:

Resumir em uma só palavra a experiência inicial de MATOI THE SACRED SLAYER (que convenhamos, tem o nome anglófono muito mais legal que o original em japonês) seria desafiador. Isso porque todas que passam por minha mente, descrevem muito bem um dos aspectos do show, enquanto são uma abominação completa para com outro aspecto. Talvez pudesse usar “confuso”, mas até mesmo essa não se adequa o suficiente.

Prefiro começar pelas coisas que são mais consistentes. A representação visual, por exemplo. Cortesia da White Fox (Steins;Gate, Katanagatari), temos uma animação que… Poxa, não posso dizer que é excelente. Tem seus momentos, mas na média, ficamos apenas naquele limiar de “o mínimo aceitável para obras recentes“. Talvez um ponto que consiga compensar essa ‘falha’, seja o design de personagens: Todas elas são detalhadas, extravagantemente exclusivas e, principalmente, bonitinhas pra caramba (e estou incluindo os homens nisso também. Tenho uma queda por cavanhaques…). Um ótimo trabalho por parte de Mai Toda.

Ok, eu elogiei o design e tudo mais, mas que diabos é essa coisa? O cabelo dela tá preso numa forma bizarra? É um broche? wtf
Ok, eu elogiei o design e tudo mais, mas que diabos é essa coisa? O cabelo dela tá preso numa forma bizarra? É um broche? wtf

Depois, outra consistência é a sonora: uma OST forte e envolvente é uma das qualidades do show. Criar a ambientação através da música, seja ela uma suave melodia pra demonstrar a calmaria do dia-a-dia, ou um ritmo acelerado a intenso pra captar a agressividade de um combate, o anime o faz de forma excepcional. O responsável por esse feito de fazer um desinteressado como eu notar o seu trabalho foi o diretor sonoro Takayuki Yamaguchi (Terra Formars, NouCome). Só que vocês não ligam para esses detalhes industriais (e nem eu, pra ser sincero), então a abertura (“Chou Musubi Amulet” pelo grupo Mia REGINA) e o encerramento (“My Only Place” pelo grupo Sphere) seriam assuntos mais relevantes. O primeiro é perfeito para cumprir o seu dever, pois é empolgante e animador, te deixa com o sangue pulsando para finalmente chegar no episódio em si. E depois de tudo, você chega na segunda música e ela te acalma e bota seus nervos no lugar, te fazendo lembrar que isso tudo é só um desenho e que você não devia quase ter um ataque cardíaco por causa de garotas mágicas (Mas escrevo isso enquanto escuto a abertura em loop por mais de 2h).

Só que como nem tudo são flores… A ‘inconsistência‘ presente no feeling do show é tão grande que chega a ser… Inconsistente. Caramba, entende agora o meu drama sobre definir numa palavra só?! De qualquer maneira… Minha reclamação, indo direto ao ponto, é sobre o público-alvo: na prática, sabemos que garotinhas mágicas com roupas bonitinhas são sempre assistidas por homens de meia idade, independentemente de o quê a obra queria pra início de conversa (Precure, estou olhando pra você). Mas elas são, na maioria das vezes, feitas para A) Um mercado muito específico de garotinhas; ou B) Um público mais abrangente de crianças. O que atrai essas pessoas fora do nicho, via de regra, são justamente os aspectos infantis da obra. A ‘felicidade’, a ‘ingeniudade’, a ‘pureza’ que estão sempre presentes no decorrer desses shows são os pontos buscados…

Claramente uma série cheia de fãs homens entre 17 e 48 anos, não acha? Pois está corretíssimo.
Claramente uma série cheia de fãs homens entre 17 e 48 anos, não acha? Pois está corretíssimo.

E então temos Matoi, que decidiu fazer uma obra já diretamente voltada para esse grupo fora do nicho, sem inventar desculpas e sem papas na língua. Podemos ver que a própria produção do anime classifica-o como “Público alvo da obra original: Masculino“, dando suporte a essa minha teoria. Só que eles conseguiram a façanha de arruinar completamente toda e qualquer chance de fazer sucesso com quem eles queriam, ao destruir justamente os elementos mais importantes do gênero: as tais ‘ingenuidade‘ e ‘pureza‘. Eles mantiveram todos os outros pontos, o suficiente para ainda reconhecermos a trama como fiel ao que queria retratar (e não um rip-off de mahou shoujo como Madoka foi, por exemplo. Matoi é claramente um Mahou Shoujo vanilla, original), mas trocaram os detalhes que funcionam como a ‘cereja‘ do bolo por seu completo oposto. É tipo você comprar uma cereja pra então descobrir que é só chuchu.

Houve essa troca de ‘ingenuidade’ por ‘sexualidade‘, e eu simplesmente não consigo entender mais pra que lado eles estão atirando. Fica claro que eles tentavam atingir a famigerada “Pandemia Otaku“, aquela super estereotipada e que aparece no programa da Fátima Bernardes (que apesar de ser minoria e não representar as pessoas que gostam de anime num geral… Bem, elas existem), mas eles tentaram fazer isso da pior forma possível: juntaram duas coisas que fazem sucesso com o público-alvo, mas escolheram justamente as ‘piores partes‘ de ambos. Garotas mágicas fazem sucesso? Fazem. Softporn japonês faz sucesso? Também faz. Mas o que trás o sucesso de ambos são dois extremos completamente diferentes, e que se misturam tanto quanto Iodo em Tetracloreto de Carbono e Água (eu sou químico e digo: essas coisas aí não se misturam).

Garotas mágicas precisam da ‘ingenuidade’ para funcionar. Elas são garotas mágicas, afinal de contas! E softporn só dá certo por estar já num ambiente absurdo desde o princípio. Se ao menos eles tivessem estabelecido um tipo de atmosfera imbecil logo nos primeiros momentos do show, todo o papo de demônios, dimensões paralelas e garotas mágicas poderiam funcionar como absurdidade. Mas o que ocorre é uma normalidade excessiva, eles se esforçam ao máximo para dar a impressão de que aquilo vai ser um mahou shoujo vanilla, pra logo depois acabar com tudo isso sem nem perceber.
Colocando em outros termos: eles tentaram fazer o Batman ser sociável; Tentaram fazer o Homem-Aranha ser rico; Tentaram fazer o Aquaman ser útil; Tentaram fazer o Homem de Ferro não ser a pessoa mais detestável da história da ficção recente; etc.

A weapon to surpass metal gear... ai é só uma colher. Deu pra entender ou quer mais exemplos?
A weapon to surpass metal gear… Aí é só uma colher. Deu pra entender ou quer mais exemplos?

O mais impressionante é que, apesar de TODOS esses problemas, o aspecto mais de raiz dos Mahou Shoujos até que não ficou ruim. Depois de ignorar todos os zooms em peitos, garotinhas de 14 anos correndo peladas e piadas forçadas sobre exibicionismo, a trama conseguiu me deixar interessado o suficiente para continuar. Mesmo com uma desinformação enorme que chega a ser perturbadora, e que foi só parcialmente sanada no longínquo episódio 3, eu vejo um bom potencial para esse show, que por não ser baseado em nada (foi originalmente escrito para o anime), pode ir para qualquer lugar.

Acontece que potencial não significa nada se não for aplicado corretamente, e que apesar de serem em parte ignoráveis, todos os problemas de coerência ainda existem. Deixo minhas primeiras impressões de Soushin Shoujo Matoi como um 5/10, já sendo muito otimista no futuro da série e torcendo para que não caia num desfiladeiro.

O anime não possui simulcast em português, porém pode ser encontrado legalmente nos serviços de streaming da Anime Network,