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Primeiras Impressões | Urara Meirochou

Começarei a postagem de hoje com uma adivinhação. Confiem em mim, eu treinei tarô com o Abdul, aprendi a ler as águas com os Jinyu e sei consultar uma bola de cristal do jeito que a Sabrina me ensinou. Depois de consultar as estrelas, elas me disseram que “japonês é um povo estranho“.

O tema da abertura das Primeiras Impressões de 2017 é justamente a adivinhação. Baseado num mangá 4-koma com início de publicação em 2014, cujo autor possui apenas dois one-shots antes desta (que, inclusive, também fez todas as ilustrações presentes nesse post. Dê uma passada no Twitter dele!), temos um anime que envolve magia, misticismo, e tudo isso junto sem levar nada disso a sério.

Se você lembra das minhas primeiras impressões sobre New Game!, então não tenho muito o que acrescentar aqui. Urara Meirochou segue a exata mesma fórmula que o seu colega da editora Houbunsha: pegue uma ambientação qualquer que não seja demasiadamente comum, encha com o maior número possível de garotinhas bonitinhas, dê uma desculpa convincente para o fato de haver zero presença masculina no elenco, e as faça fazer coisinhas bonitinhas ligeiramente relacionadas à ambientação pré-determinada.

E neste aspecto, eu diria que Urara possui a vantagem sobre seu antecessor. Embora o objetivo de ambas as obras sempre tenham sido o de mostrar o dia-a-dia de garotinhas fazendo garotinhagens, muita gente foi atrás de New Game! buscando um documentário sobre a Indústria de Jogos Japonesa, algo próximo a Shirobako, e acabaram se decepcionando e descontando a frustração desse engano em suas opiniões sobre o show. Mas não há como esperar um “retrato realístico” quando a ambientação é a de uma cidade mágica onde garotas mágicas fazem magia. Eu torço para que ninguém espere, pelo menos.

Tfw a waifu faz besteira.
Tfw a waifu faz besteira.

Quem escolhe assistir Urara sabe exatamente o que está em suas mãos. A pessoa que decide dar uma chance para o show sabe que vai encontrar garotinhas fofinhas fazendo coisas fofinhas com um pouco de história no plano de fundo. Isso já garante que, embora menos pessoas deem uma chance para a série, as que derem muito provavelmente vão gostar do que verão.

Como qualquer obra desse gênero, Urara é completamente dependente de suas personagens. A série se baseia nelas para manter o espectador interessado. Não é um show que te prende pela história. Apesar de existir sim uma história, ela é fraca, comum e principalmente, previsível. Qualquer um, ao final do episódio dois, consegue prever como será o desfecho dessa trama. Não é surpresa pra ninguém como as coisas vão se desenvolver.

Só que isso se resolve facilmente com o seu elenco. Como já dito, Urara se sobressai como obra por conter personagens carismáticos, com designs cativantes e bem chamativos, ótimo trabalho de dublagem e uma animação fluida que dá vida ao espaço detalhado em que elas se encontram. A própria essência das personagens e os métodos que elas escolheram para realizar as adivinhações já contam muito sobre elas, e essas diferenças interagindo entre si são o brilho do anime. Esse argumento vai ao extremo quando analisamos a protagonista, Chiya: ela foi criada e passou toda a vida nas montanhas, cercada apenas por animais e uma única companheira humana. Isso faz com que tudo seja desconhecido, qualquer acontecimento seja novo e traga uma nova experiência para Chiya. Até mesmo a mais banal das informações serve como mote de não apenas piadas, mas crescimento da personagem.

O elenco é o que agita a trama, as vezes, literalmente...
O elenco é o que agita a trama, às vezes, literalmente…

Apesar de conter um pouco de algo que, forçando a barra, poderia ser chamado de “fanservice” no primeiro episódio, ele pareceu funcionar de forma muito mais natural do que, por exemplo, em New Game!. Lá, dedicarem um episódio inteiro para as personagens irem fazer um check-up pareceu uma simples desculpa esfarrapada para mostrar pele que normalmente não aparece, assim como aquela vez que elas decidiram tomar banho juntas. Já em Urara, todo o foco nessa área acontece por conta da criação animalesca de Chiya, e ajuda a construir a personalidade e comportamento da garota.

Um ponto negativo que eu poderia levantar seria a OST: alguns minutos depois de assistir dois episódios em sequência, parei para conversar sobre o anime e reparei que não conseguia me lembrar de uma única música que tivesse tocado ao longo dos 45 minutos de exibição. Nem abertura, nem encerramento, nem músicas de fundo, nada. Simplesmente não deixou nenhum impacto em mim. Tenho certeza que a OST está lá, e que ajuda a construir uma ambientação para cada cena, mas não é nada memorável.

É um limão. Entendeu? Ela é vidente. Li-mão. HÁ!
É um limão. Entendeu? Ela é vidente. Li-mão. HÁ!

Consegui dar umas boas risadas e gostei bastante das interações mais “sérias” que ocorreram. Definitivamente um show que acompanharei e recomendaria a qualquer um que tenha gostado de New Game!, ou se encontre interessado em garotinhas bonitinhas fazendo garotinhagens com um background levemente influenciador (e acredite em mim, obras desse gênero não são poucas). Um bom começo, onde deixo com 6/10 com grande potencial para ambos os lados.

O show não possui stream oficial em português, mas pode ser encontrado em inglês no Anime Network.

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Guia de Franquia | Fate/ e o Nasuverso

Poucos são os grupos que conseguem bolar, a partir de suas mentes e suas ideias postas num papel, um multiverso fictício tão rico quanto o que trataremos hoje. Vocês conhecem alguns, e muito melhor do que eu: os trabalhos da DC e da Marvel, o mundo de Tolkien, Star Wars… Poderia citar vários outros nomes, mas isso iria contra a minha indagação inicial de que não existem muitos.

Provavelmente o multiverso mais famoso da mídia japonesa recente, as obras da companhia nipônica Type-Moon tratam de magia, história e mitologia de uma forma única e que só poderia ter vindo de um povinho estranho mesmo. A principal cabeça por trás dessa loucura é Kinoko Nasu, autor de diversas obras (e responsável por supervisionar várias outras) que constroem as bases do que viria a ser o Nasuverso, batizado em sua homenagem.

Talvez o nome não tenha chamado a atenção por si só, mas você já conhece algumas de suas obras: a franquia Fate/, Tsukihime, Kara no  Kyoukai, Mahoyo… Tudo isso é parte de um mesmo multiverso que tem suas histórias espalhadas por diversas mídias e idiomas, e que pode ser difícil de encontrar e entender. Mas não temam, pois é pra isso que estamos aqui!

O negócio como um todo pode acabar requerendo muito esforço para acompanhar (como por exemplo, precisar aprender japonês, ou coagir alguém que já sabe), então este Guia será separado em duas partes; as partes de fácil acesso e que necessitam de pouca ou nenhuma interação (basicamente animações) serão o “Esqueleto” da postagem. Caso você não tenha tanto tempo disponível assim, ou ainda esteja em dúvida se a franquia vale mesmo tanta dedicação, não há problema nenhum em seguir apenas o pacote básico. Encare a outra parte como um complemento, que você pode voltar atrás e conferir depois, embora eles fossem melhor aproveitados se vistos na ordem marcada.

O que for, digamos, “opcional” (não é, mas conforme explicado no parágrafo anterior), estará dentro de uma tag Spoiler, e apresentará uma marcação de “O quão interessado eu preciso ter ficado depois do último item da lista, para precisar acompanhar isso?“. Fica por sua jurisdição dizer se você realmente ficou animado o bastante para querer investir seu tempo nesse “extra”.

Sem mais delongas:

1. Fate/Stay Night

[spoiler]Mídia: Eroge/Visual Novel (2004, remake em 2007);
Duração: Variável, entre 50 e 100 horas;
Interesse necessário: 9/10.

A maior e mais famosa obra da Type-Moon, o primeiro produto oficialmente lançado por eles como empresa. Boa parte das bases e estruturas de como funciona o Nasuverso são detalhadamente explicados ao longo das três rotas do jogo (que são todas canônicas, pois multiversos e tal). É o primeiro passo ideal para qualquer um que queira se aventurar na franquia. Porém, além de estar num formato não muito comum para ocidentais, demanda muito tempo e dedicação.

Minha recomendação pessoal é que você siga pelo menos o começo do “pacote básico” antes de pensar em jogar a visual novel. Mesmo já tendo visto as obras que adaptam esse momento da história, o material original é muito mais completo e trará uma experiência completamente diferente.

OBS: O jogo original de 2004 é um Eroge, significando que possui cenas de sexo explícito (18+). Porém, essas cenas são mais cômicas do que qualquer coisa, graças ao jeito que Nasu descreve-as. Já no remake de 2007, chamado de “Fate/Stay Night: Realta Nua“, essas cenas são substituídas por semelhantes de “menor impacto”, deixando o jogo 16+ apenas.[/spoiler]

2. Fate/Zero

Mídia: Anime (2011) ou Light Novel (2006);
Duração: 25 episódios divididos entre duas temporadas; 6 volumes (edição nacional).

A Light Novel (que você já sabe o que é) que trás a história da Quarta Guerra do Cálice Sagrado, foi lindamente adaptada para anime pelo Estúdio Ufotable em 2011, dando início a uma nova forma de adentrar no mundo da franquia Fate/ e o Nasuverso.

Caso você não queira ou não possa iniciar sua aventura pela Visual Novel de Stay Night, esse é, sem dúvidas, o ponto ideal para o fazê-lo. O anime (que possui ambas as temporadas disponíveis na Netflix e no Crunchyroll) trará basicamente todas as informações básicas que você precisa saber para entendê-lo e te introduzirá no Nasuverso.

Você pode optar por ler a Light Novel. Escrita pelo famoso Gen Urobuchi (Madoka Magica; Psycho-Pass; Suisei no Gargantia) e publicada no Brasil pela editora NewPOP (disponível aqui), possui textos mais detalhados e uma profundidade de diálogos um pouco maior, em troca de menor representação gráfica. Qualquer que seja sua escolha, é válido acompanhar os lançamentos da editora, pois estão com uma ótima qualidade e são uma boa aquisição para qualquer coleção.

Depois que terminar, você pode conferir os curtas especiais, “Fate/Zero: Please! Einzbern Counseling Room“. São seis episódios de 15 minutos que apresentam de forma bem-humorada algumas informações extras para complementar a obra.

3. Fate/Stay Night: Unlimited Blade Works

Mídia: Anime (2014-2015);
Duração: 25 episódios divididos em duas temporadas.

Adaptado da segunda rota da Visual Novel original, Unlimited Blade Works (ou só “UBW” para os íntimos) sofreu leves licenças poéticas para se adequar como uma sequência direta de Fate/Zero. A animação, novamente por conta do estúdio Ufotable, trata da Quinta Guerra do Cálice Sagrado, e expandirá os conceitos que cercam esse item mágico.

Você pode assistir todos os episódios na Netflix e no Crunchyroll.

OBS: Não confundir com o anime de mesmo nome, “Fate/Stay Night” de 2006, do estúdio Deen, que será comentado a seguir.

4. Fate/Stay Night (2006) & Fate/Stay Night: Unlimited Blade Works (2010)

[spoiler]Mídia: Anime & Filme;
Duração: 24 episódios & 1h40min.
Interesse necessário: 7/10.

A primeira adaptação da Visual Novel de mesmo nome, o anime produzido pelo estúdio Deen em 2006 adapta “Fate”, a primeira rota do jogo (sim, o jogo chama “Fate/Stay Night” e a primeira rota chama “Fate”. É idiota, eu sei…).

Há muitas controvérsias quanto a credibilidade desta obra, que além de possuir qualidade gráfica questionável, faz algumas bagunças no roteiro original. O mesmo se aplica ao filme de 2010, que tenta (destaque para o verbo)  resumir em pouco menos de duas horas a rota “Unlimited Blade Works“.

Justamente por ser um conjunto extremamente duvidoso que o marco como “Material Adicional“. Enquanto o filme é totalmente dispensável por conta da nova adaptação de 2014, o anime se esforça pra passar para as telinhas acontecimentos não descritos nas outras mídias animadas. Vale a pena dar uma conferida caso você esteja realmente empolgado, só tente não perder a vontade por conta disso.

Dica pessoal: Procure pela dublagem brasileira do anime, que passava no extinto Animax (descanse em paz). Ela é divertida ao ponto de fazer a jornada massante valer a pena.[/spoiler]

5. Fate/Stay Night movie: Heaven’s Feel

Mídia: Trilogia de Filmes (2017-?);
Duração: 2h por filme (estimado).

Por fim, a terceira e última rota da Visual Novel original, “Heaven’s Feel” será adaptado em uma trilogia de filmes, mais uma vez pelo estúdio Ufotable. Eles foram anunciados em 2015, e o primeiro filme da trilogia está planejado para sair ainda este ano (2017).

Sim, durante a data de escritura deste guia, os filmes ainda não foram lançados. Sim, eu entendo que colocar algo não lançado num guia soa idiota, mas um dia ele será lançado, não é?

O primeiro filme, intitulado “Presage Flower”, será lançado nos cinemas japoneses no dia 14 de Outubro.

Caso você chegue neste ponto do guia, e os filmes ainda não tenham sido lançados, prossiga para o próximo item sem problemas, você vai acabar no mesmo patamar que um fã atual está, e acompanhará a trilogia conforme for lançada.

Caso já tenha saído, nem que seja apenas um deles, veja-os antes de prosseguir.

6. Fate/Hollow Ataraxia

[spoiler]Mídia: Visual Novel (2005);
Duração: Variável, entre 30 e 80 horas;
Interesse: 8/10.

Espécie de “continuação direta” de Fate/Stay Night (a Visual Novel), Hollow Ataraxia foi publicado um ano depois de sua antecessora, já banhada nos louros da glória de sua irmã mais velha. Muitos personagens e informações importantes tem sua primeira aparição pública aqui.

“Ataraxia” vem do grego αταραξία, que significa “Tranquilidade” (ou semelhante), fazendo com que o título “Hollow Ataraxia” possa ser traduzido para algo próximo de “Tranquilidade Vazia“.

OBS: Ter jogado a Visual Novel de Fate/Stay Night (item 1) é basicamente um pré-requisito para Hollow Ataraxia. Se você vem do Kit Básico mostrando interesse o suficiente em ler F/HA, essa empolgação deve ser usada em F/SN primeiro. Não leia F/HA sem ter lido F/SN.[/spoiler]

7. Fate/Prototype

Mídia: Curta de animação (2011);
Duração: 12 minutos.

Adoraria dizer algo como “A significância desse curta é, com certeza, inversamente proporcional a sua duração“, mas estaria mentindo… Fate/Prototype é, como o nome sugere, o “protótipo” de Fate/Stay Night. Enquanto na escola, Nasu bolou uma história em sua cabeça que no futuro, após várias mudanças e adaptações, viria a se tornar F/SN.

A relevância desta… “obra” (se é que podemos chamar isso assim) é questionável, mas tendo apenas doze minutos e podendo ser encontrado na íntegra no YouTube, que mal faz?

E antes que você se pergunte: sim, isso é tudo que existe de Fate/Prototype. O projeto que acabou saindo do papel foi mudado completamente, no fim das contas.

8. Fate/Prototype: Fragments of Blue and Silver

[spoiler]Mídia: Light Novel (2014-?);
Duração: Em publicação com 4 volumes;
Interesse necessário: 7/10.

Tudo bem, eu menti. Existe sim mais material sobre Fate/Prototype.

Escrita por Hikaru Sakurai, que não tinha ligação nenhuma com a franquia até então, a Light Novel conta sobre a Guerra do Cálice que antecede a que acontece em Fate/Prototype. Seria o Fate/Zero de Prototype, digamos assim.

Apesar de Prototype ser uma parte muito… “distante” dos multiversos da franquia, é uma leitura interessante por se tratar de uma das pouquíssimas obras onde Nasu não está administrando com rédeas curtas.[/spoiler]

9. Fate/kaleid liner PRISMA☆ILLYA

[spoiler]Mídia: Anime (2013-2017);
Duração: 42 episódios distribuídos entre 4 temporadas + 1 filme de 2 horas (estimado);
Interesse necessário: 8/10.

Baseado num mangá de mesmo nome, essa adaptação com certeza será a obra que mais vai fugir dos padrões do Nasuverso. Esse é um multiverso onde tudo que rolou em todas as oito obras que você assistiu/leu/jogou anteriormente, não aconteceram. Apesar de todas as regras e axiomas se manterem.

Apesar de não ser um termo correto, Fate/Illya normalmente é chamado de “spin-off“, por ter uma proposta completamente diferente do que era de se esperar.

Fate/Illya é uma obra sobre Garotas Mágicas Lésbicas.

Processou a informação? Encaixou tudo na cabeça? Ótimo. Agora posso continuar e dizer que se tem uma obra, UMA ÚNICA OBRA EM TODA ESSA LISTA, que você está completamente livre de qualquer fardo para com ela, é essa aqui. Fate/Illya apresenta um novo multiverso completamente novo dentro de seu próprio multiverso (a história se passa em duas dimensões diferentes), mas até agora (2017), essas duas dimensões se ligam somente entre elas.

Assim, se tudo nesse anime beirar o ofensivo para você (acredite, esse grupo é bem grande), pode ignorar sem nenhum peso na consciência. Porém deixo avisado que você estará perdendo algumas lutas extremamente bem animadas e coreografadas, cortesia do estúdio Silverlink. Mas isso pode ser visto no YouTube, caso queira.[/spoiler]

10. Notes.

[spoiler]Mídia: Novel (1999);
Duração: Volume único;
Interesse necessário: 4/10.

O primeiro texto publicado por Nasu, antes mesmo do próximo item (vocês já verão o que é), Notes. é um conto que ocorre num futuro muito distante.

Não se sabe em que multiverso essa história se passa, mas ela é importante por tratar de seres nunca comentados com profundidade em nenhuma das séries da franquia Fate/, e que são razoavelmente importantes, pois DÃO NOME À EMPRESA: os Types.

O interesse é bem baixo pois, por ser uma obra bem curta, você consegue ler tudo em questão de horas. Não demanda muito esforço. [/spoiler]

11. Tsukihime

Mídia: Visual Novel (2000) ou Anime (2003);
Duração: Variável entre 30 e 80 horas; série animada em 12 episódios.

A obra que, com tamanho sucesso, fez o grupo amador “Type-Moon” se profissionalizar na área. A outra grande franquia criada por Nasu trata de vampiros e outros seres místicos presentes no Nasuverso.

De forma semelhante a Fate/Stay Night, Tsukihime possui cinco rotas canônicas e contém conteúdo adulto (18+) que beira a pornochanchada. Mas, por ser mais antiga, e se tratar basicamente de um doujin (trabalho amador), sua qualidade gráfica é infinitamente inferior.

A própria Type-Moon disse que eles estavam trabalhando em um remake, que além de melhorar o visual, adicionaria mais conteúdo para a história, mas essa promessa foi feita em 2008, e até hoje nada mais foi divulgado. Hoje em dia, o suposto remake já se tornou meme.

Outro meme é justamente a adaptação em anime. Pelas mãos da J.C. Staff, “Shingetsutan Tsukihime” (que por algum motivo recebeu esse adendo ao título) é tão ruim em tantos sentidos diferentes que a comunidade simplesmente ignora a existência dele. “Não existe anime de Tsukihime” é uma frase bem comum em conversas e fóruns.

Então por que eu coloquei o anime na lista? Mais por desencargo de consciência do que qualquer coisa. Se você quiser conhecer Tsukihime, leia a novel. Se você não gostar dos visuais arcaicos, entre na fila dos memes e aguarde o remake sair soon™. Você pode ver o anime, mas… Ele não vai fazer muita coisa além de te apresentar os personagens e, no máximo, a premissa da história, se você conseguir entender alguma coisa.

E se for assistir mesmo, procure pela dublagem brasileira. Vale algumas risadas.

12. Kagetsu Tohya

[spoiler]Mídia: Visual Novel (2001);
Duração: Variável, entre 10 e 30 horas;
Interesse necessário: 7/10.

Kagetsu Tohya é para Tsukihime o que Fate/Hollow Ataraxia é para Fate/Stay Night: uma continuação direta da obra original, que acrescenta novos pontos para a história e desenvolve mais os já explorados.[/spoiler]

13. Fate/Extra: Last Encore

Mídia: Anime (2017 – ?);
Duração: TBA.

Voltando à franquia Fate/, temos o segundo título que ainda está para ser lançado.

Fate/Extra é uma sequência de jogos para PSP, que possui uma jogabilidade de batalha extremamente inusitada e um modo história no estilo Visual Novel. O jogo se passa num multiverso próprio e conta com alguns personagens já conhecidos da franquia (como os dois Archers das guerras de Fuyuki), assim como novos protagonistas  e servos.

“Fate/Extra” foi lançado em 2010 e recebeu uma versão em inglês para PSP em 2011. Uma sequência, “Fate/Extra CCC” saiu em 2013, mas não foi localizado para o ocidente.

Ainda não se sabe exatamente do quê vai se tratar Last Encore, que está nas mãos do Estúdio Shaft. Uma adaptação direta do primeiro jogo é o mais provável, mas pessoas estão supondo que pode ser uma continuação do segundo jogo. Não saberemos enquanto não sair.

Caso seja realmente uma adaptação de Fate/Extra, o anime pode substituir o primeiro jogo. Caso seja uma continuação de CCC, seria recomendado jogar ambos os jogos antes.

14. Carnival Phantasm

Mídia: Anime (2011);
Duração: 12 episódios de 15 minutos.

Tudo que você fez, assistiu, jogou e leu nessa lista foi para este momento. Era tudo uma preparação para esse desafio final e definitivo qu-

Ok, brincadeiras a parte, Carnival Phantasm é um especial de comédia que reúne personagens de todas as obras da Type-Moon em situações caricatas e que fazem paródias de si mesmas. É uma oportunidade de relaxar no meio dessa jornada cheia de climão que é o Nasuverso.

15. Kara no Kyoukai

Mídia: Filmes de animação (2007-2013);
Duração: Oito filmes de ~2 horas de duração + um especial de 30 minutos.

A “terceira parte” do Nasuverso, que explora novos e antigos elementos da história. Baseada numa série de Light Novels escritas por Nasu, os filmes com belíssimas animações e uma OST de dar inveja a qualquer obra, Kara no Kyoukai é uma história fechada em si mesma, apesar de ter diversas relações e referências a outras partes do Nasuverso.

Uma observação é quanto a cronologia dos filmes: a ordem de lançamento não é a mesma que a ordem em que os acontecimentos retratados acontecem. Isso significa que você deve ver os filmes fora da ordem em que foram publicados? De forma alguma! Os autores fizeram a obra nessa ordem por um motivo, e você vai entender tudo quando for o momento propício para tal.

Porém, por conta disso, os primeiros filmes podem acabar parecendo desconexos e sem sentido. Não deixe que isso te desencoraje da série, tudo vai se clarear e fazer sentido quando chegar a hora.

Se depois de completar os filmes na ordem de lançamento (Filmes 1 a 7 > Epilogue > Mirai Fukuin) você quiser assistir na ordem cronológica (2 > 4 > 3 > 1 > 5 > 6 > 7 > Epilogue > Mirai Fukuin), agora sim você está livre para fazê-lo, e interpretar a obra por essa outra perspectiva. Mas não assista nessa ordem inicialmente!

16. Melty Blood

[spoiler]Mídia: Jogo de luta (2002-2007) ou Mangá (2005);
Duração: Depende de quão bom você é; 9 volumes;
Interesse necessário: 5/10.

Uma mistura de arcade de luta no melhor estilo Street Fighter, com um modo história em estilo Visual Novel: isso é Melty Blood.

Algo como uma continuação de Tsukihime… Mais pra uma continuação de Kagetsu Tohya pois essa já era continuação de Tsukihime? Enfim. Seguindo os personagens de Tsukihime num novo multiverso, o jogo possui uma expansão, um port que possui uma nova expansão e uma continuação que também possui sua própria expansão.

É, é um pouco confuso, mas a ordem é a seguinte:

Melty Blood (Original) > Melty Blood Re-Act Final Tuned (expansão do original) > Melty Blood Act Cadenza (port que contém uma história alternativa) > Melty Blood Cadenza B (expansão de Act Cadenza) > Melty Blood Actress Again (uma sequência do original) > Melty Blood Actress Again Current Code (expansão de Actress Again).

Ufa. O último da lista, “Melty Blood Actress Again Current Code” pode ser encontrado para compra na Steam.

Claro, se você não gosta nem um pouco de jogos de luta (ou é péssimo neles, como eu), você pode ler o mangá ou simplesmente procurar o modo história no YouTube.[/spoiler]

17. Mahoutsukai no Yoru

[spoiler]Mídia: Visual Novel (2012);
Duração: Variável, de 10 a 30 horas;
Interesse necessário: 6/10.

Mais conhecido pela abreviação “Mahoyo“, essa Visual Novel é um remake de uma das primeiras obras do Nasuverso, uma Light Novel de mesmo nome, escrita por Nasu em 1996.

Se passando na mesma cidade de Tsukihime, mas antes dos eventos do mesmo, essa história possui duas sequências programadas. Quando elas vão sair, ninguém sabe. Talvez junto com o remake de Tsukihime (risos).

Por ser uma Visual Novel recente, ela é muito mais agradável aos olhos do que as anteriores da lista. Se você não deu uma chance a nenhuma até agora, por conta dos gráficos, talvez esta seja a sua deixa.[/spoiler]

18. Fate/Apocrypha

Mídia: Anime (2017); Light Novel (2012-2014) ou Mangá (2016-?);
Duração: 24 episódios; Completo em 5 volumes; Em publicação com 3 volume.

A guerra entre a facção vermelha e a facção negra pela posse do Cálice Sagrado. Sob uma jurisdição muito mais especial do que quaisquer outras, esse conflito na Romênia apresenta personagens importantes do Nasuverso, tanto no elenco de servos como no de mestres.

Light Novel de 5 volumes escrita por Yuuichirou Higashide, foi primeiramente adaptada em mangá com arte de Akira Ishida, e em recentes notícias, tivemos o anúncio de uma adaptação em anime pelo estúdio A-1 Pictures.

O mangá é bonitinho e parece ser promissor, uma ótima chance de acompanhar o material sem precisar correr atrás de botar muita coisa em dia. Já a animação, tem seus pontos fortes e fracos, mas no geral, funciona bem como adaptação.

19. Fate/Strange Fake

[spoiler]Mídia: Light Novel (2015-?);
Duração: Em publicação com 3 volumes;
Interesse necessário: 6/10.

Escrita por Ryohgo Narita, autor de Light Novels de extremo sucesso como Durarara! e Baccano!, Strange Fake, como sugere o nome, trata de uma falsa Guerra do Cálice. Será mesmo falsa? O que há de falsa? Isso parece estranho…

A obra, apesar de recente, é muito famosa entre os fãs da franquia por possuir personagens já conhecidos em situações ou estados nada convencionais, além de novos personagens interessantes.[/spoiler]

20. Fate/Grand Order

Mídia: Anime (2016) ou Jogo mobile (2015);
Duração: 1 hora e 14 minutos; Depende de quanto dinheiro você gastar nessa merda de jogo.

A mais recente máquina de imprimir dinheiro da Type-Moon, que em parceria com a empresa de jogos Delightworks está nadando em bilhões de dólares neste momento. Fate/Grand Order é um jogo estilo RPG por turnos de plataforma mobile (“Mobage” para os íntimos).

Apesar de possuir um extenso e complexo modo história, envolvendo conflitos em diversas partes do tempo-espaço em busca de evitar a destruição iminente da humanidade, o jogo se resume a gastar todo o seu salário comprando itens para poder tentar (e fracassar miseravelmente) evocar o servo que você quer na “loteria“.

Mas voltando, o foco aqui é a história: como o jogo só existe em japonês (e você tem que dar seus pulo para conseguir jogar num celular brasileiro), a melhor forma de conseguir o que você quer, além de procurar traduções na internet, é pelo anime.

Fate/Grand Order: – First Order –” foi lançado no último dia 31 de dezembro, e adapta na íntegra o primeiro “mapa” do jogo (que até o momento, conseguiu fechar a ‘primeira temporada’ com nove mapas). Você pode encontrá-lo na Crunchyroll.

Haverá uma adaptação das outras ordens? Teremos mais oito especiais pra fechar a história de Grand Order? Não se sabe. Mas a história já está toda no jogo, caso queira ir atrás de mais.

21. Fate/Extella: The Umbral Star

[spoiler]Mídia: Jogo Musou (2017);
Duração: Depende de quão rápido você mata coisas;
Interesse necessário: 5/10.

Caso você tenha um PSVita, um PS4, um Nintendo Switch ou um Computador potente, e mais alguns tostões pra gastar, e adore explodir conjuntos enormes de robôs com tipos variados de arma, considere comprar Fate/Extella.

Lançado no Japão há alguns meses, e com localização para inglês planejada para sair dentro de alguns dias, Fate/Extella se passa no mesmo multiverso de Fate/Extra e Fate/Extra CCC. Por que ele está aqui em baixo, e não como número 15, você me pergunta? Bem, para jogar esse jogo você precisaria conhecer um personagem que é introduzido em Fate/Grand Order, mas o mobage é basicamente uma coletânea de todos os personagens da Type-Moon, então para não tomar spoilers você precisaria conhecer todo o resto da franquia primeiro… É isso, basicamente.

O que importa é que neste jogo é revelada a mais nova parte do Nasuverso, que está deixando todo mundo maluco. Confira por si mesmo, da forma que for possível, quando chegar neste ponto do guia.[/spoiler]


22. E agora?

Se você chegou até aqui, meus parabéns! Não que você tenha visto todas as obras do Nasuverso e conheça agora cada centímetro de cada dimensão dele, mas você possui um leque de informações invejável, e estará preparado para qualquer outra obra ou continuação que surja no futuro.

Se você seguiu apenas o guia básico, tente se aventurar pelos números “adicionais“. Não se preocupe muito com a ordem, já que já estamos nessa situação mesmo, vá para o que lhe for mais conveniente. Se você seguiu o guia completo, você já sabe muito mais do Nasuverso do que do seu próprio, e deve conseguir fazer suas pesquisas sozinho a partir de agora.

E com isso, você está pronto para entrar nas acaloradas discussões sobre este universo tão rico. Divirta-se!


Rápido FAQ:

1. P: Você já viu/jogou/leu tudo que está aí?

R: Não, muita coisa só está disponível em japonês ou em confins muito obscuros da internet. Sei o “geral” de quase tudo, mas muitas obras eu fico sem os detalhes por conta disso.

2. P: Por que existem trezentas versões diferentes da Arthuria?

R: Os japoneses gostam do design dela.

3. P: É normal eu chegar na metade do guia sem entender absolutamente nada?

R: É.

4. P: Se eu for dedicado, quanto tempo eu levo pra acompanhar o guia completo?

R: Chamando “oito horas por dia” de dedicação, acho que um mês. Talvez menos.

5. P: Como é a fanbase do Nasuverso?

R: Tóxica e nojenta, como todas as fanbases que existem.

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Cultura Japonesa Mangá

NewPOP Day | Confira os anúncios da editora

Em Janeiro, a editora NewPOP comemora seu décimo aniversário. Fundada em 2007 por Júnior Fonseca, hoje ela está entre as três maiores editoras de mangás do Brasil. Com o passar dos anos, sua imagem de “adoradora de mercados de nicho” foi se expandindo, e agora possui mais de 200 volumes de obras de diversas origens, formatos e gêneros.

Para comemorar essa data, a segunda edição do evento NewPOP Day aconteceu neste sábado (21), e contou com discussões sobre o que faz um bom mangá, uma hora de conversa sobre No Game No Life, roda de conversa com artistas sobre quadrinhos nacionais, sorteios e, principalmente, seis novos anúncios!

Eu esperando a NewPOP abrir os portões do evento. @jrfonseca10

Os anúncios do evento são:

Madoka Magica – The Rebellion Story: Completo em 3 volumes.

Koe no Katachi – A Silent Voice: Completo em 7 volumes.

Clockwork Planet (mangá): Em andamento com 5 volumes.

Philosophia: Completo em 1 volume.

Sunset Orange: Completo em 1 volume.

Happiness: Em andamento com 5 volumes.

[ATUALIZADO]

Great Teacher Onizuka: Completo em 25 volumes. Previsão de lançamento para o Anime Friends!

E aí, a editora trouxe o título que você queria? Ainda não? O ano está apenas começando, e teremos ainda muitos anúncios para lamentarmos não ser JoJo. Fique ligado nas novidades através da Torre de Vigilância!

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Primeiras Impressões | Soushin Shoujo Matoi

Um antigo provérbio japonês, datado do período Edo (1603-1868), diz que “Kawaii uguu baka desu sushi katana wasabi ne?“. Traduzindo, significa “Melhor postar dois meses atrasado do que deixar passar em branco, né?“. Não sei o que eles queriam dizer com isso na época, mas dá pra ver que desde muito tempo, japonês é um povo estranho.

Começamos essa temporada com presidiários, passamos por patinadores e viajantes do tempo-espaço, para chegarmos em garotas mágicas exorcistas…? Pera, tá certo isso aqui, produção, é isso mesmo? Parece que sim. Nessa famigerada season onde tudo é sempre tão melhor do que no resto do ano, e as esperanças estão sempre em alta para aquele conteúdo de qualidade, nós recebemos… Bem, isso. Mas de qualquer forma, segue o trailer abaixo e bola pra frente:

Resumir em uma só palavra a experiência inicial de MATOI THE SACRED SLAYER (que convenhamos, tem o nome anglófono muito mais legal que o original em japonês) seria desafiador. Isso porque todas que passam por minha mente, descrevem muito bem um dos aspectos do show, enquanto são uma abominação completa para com outro aspecto. Talvez pudesse usar “confuso”, mas até mesmo essa não se adequa o suficiente.

Prefiro começar pelas coisas que são mais consistentes. A representação visual, por exemplo. Cortesia da White Fox (Steins;Gate, Katanagatari), temos uma animação que… Poxa, não posso dizer que é excelente. Tem seus momentos, mas na média, ficamos apenas naquele limiar de “o mínimo aceitável para obras recentes“. Talvez um ponto que consiga compensar essa ‘falha’, seja o design de personagens: Todas elas são detalhadas, extravagantemente exclusivas e, principalmente, bonitinhas pra caramba (e estou incluindo os homens nisso também. Tenho uma queda por cavanhaques…). Um ótimo trabalho por parte de Mai Toda.

Ok, eu elogiei o design e tudo mais, mas que diabos é essa coisa? O cabelo dela tá preso numa forma bizarra? É um broche? wtf
Ok, eu elogiei o design e tudo mais, mas que diabos é essa coisa? O cabelo dela tá preso numa forma bizarra? É um broche? wtf

Depois, outra consistência é a sonora: uma OST forte e envolvente é uma das qualidades do show. Criar a ambientação através da música, seja ela uma suave melodia pra demonstrar a calmaria do dia-a-dia, ou um ritmo acelerado a intenso pra captar a agressividade de um combate, o anime o faz de forma excepcional. O responsável por esse feito de fazer um desinteressado como eu notar o seu trabalho foi o diretor sonoro Takayuki Yamaguchi (Terra Formars, NouCome). Só que vocês não ligam para esses detalhes industriais (e nem eu, pra ser sincero), então a abertura (“Chou Musubi Amulet” pelo grupo Mia REGINA) e o encerramento (“My Only Place” pelo grupo Sphere) seriam assuntos mais relevantes. O primeiro é perfeito para cumprir o seu dever, pois é empolgante e animador, te deixa com o sangue pulsando para finalmente chegar no episódio em si. E depois de tudo, você chega na segunda música e ela te acalma e bota seus nervos no lugar, te fazendo lembrar que isso tudo é só um desenho e que você não devia quase ter um ataque cardíaco por causa de garotas mágicas (Mas escrevo isso enquanto escuto a abertura em loop por mais de 2h).

Só que como nem tudo são flores… A ‘inconsistência‘ presente no feeling do show é tão grande que chega a ser… Inconsistente. Caramba, entende agora o meu drama sobre definir numa palavra só?! De qualquer maneira… Minha reclamação, indo direto ao ponto, é sobre o público-alvo: na prática, sabemos que garotinhas mágicas com roupas bonitinhas são sempre assistidas por homens de meia idade, independentemente de o quê a obra queria pra início de conversa (Precure, estou olhando pra você). Mas elas são, na maioria das vezes, feitas para A) Um mercado muito específico de garotinhas; ou B) Um público mais abrangente de crianças. O que atrai essas pessoas fora do nicho, via de regra, são justamente os aspectos infantis da obra. A ‘felicidade’, a ‘ingeniudade’, a ‘pureza’ que estão sempre presentes no decorrer desses shows são os pontos buscados…

Claramente uma série cheia de fãs homens entre 17 e 48 anos, não acha? Pois está corretíssimo.
Claramente uma série cheia de fãs homens entre 17 e 48 anos, não acha? Pois está corretíssimo.

E então temos Matoi, que decidiu fazer uma obra já diretamente voltada para esse grupo fora do nicho, sem inventar desculpas e sem papas na língua. Podemos ver que a própria produção do anime classifica-o como “Público alvo da obra original: Masculino“, dando suporte a essa minha teoria. Só que eles conseguiram a façanha de arruinar completamente toda e qualquer chance de fazer sucesso com quem eles queriam, ao destruir justamente os elementos mais importantes do gênero: as tais ‘ingenuidade‘ e ‘pureza‘. Eles mantiveram todos os outros pontos, o suficiente para ainda reconhecermos a trama como fiel ao que queria retratar (e não um rip-off de mahou shoujo como Madoka foi, por exemplo. Matoi é claramente um Mahou Shoujo vanilla, original), mas trocaram os detalhes que funcionam como a ‘cereja‘ do bolo por seu completo oposto. É tipo você comprar uma cereja pra então descobrir que é só chuchu.

Houve essa troca de ‘ingenuidade’ por ‘sexualidade‘, e eu simplesmente não consigo entender mais pra que lado eles estão atirando. Fica claro que eles tentavam atingir a famigerada “Pandemia Otaku“, aquela super estereotipada e que aparece no programa da Fátima Bernardes (que apesar de ser minoria e não representar as pessoas que gostam de anime num geral… Bem, elas existem), mas eles tentaram fazer isso da pior forma possível: juntaram duas coisas que fazem sucesso com o público-alvo, mas escolheram justamente as ‘piores partes‘ de ambos. Garotas mágicas fazem sucesso? Fazem. Softporn japonês faz sucesso? Também faz. Mas o que trás o sucesso de ambos são dois extremos completamente diferentes, e que se misturam tanto quanto Iodo em Tetracloreto de Carbono e Água (eu sou químico e digo: essas coisas aí não se misturam).

Garotas mágicas precisam da ‘ingenuidade’ para funcionar. Elas são garotas mágicas, afinal de contas! E softporn só dá certo por estar já num ambiente absurdo desde o princípio. Se ao menos eles tivessem estabelecido um tipo de atmosfera imbecil logo nos primeiros momentos do show, todo o papo de demônios, dimensões paralelas e garotas mágicas poderiam funcionar como absurdidade. Mas o que ocorre é uma normalidade excessiva, eles se esforçam ao máximo para dar a impressão de que aquilo vai ser um mahou shoujo vanilla, pra logo depois acabar com tudo isso sem nem perceber.
Colocando em outros termos: eles tentaram fazer o Batman ser sociável; Tentaram fazer o Homem-Aranha ser rico; Tentaram fazer o Aquaman ser útil; Tentaram fazer o Homem de Ferro não ser a pessoa mais detestável da história da ficção recente; etc.

A weapon to surpass metal gear... ai é só uma colher. Deu pra entender ou quer mais exemplos?
A weapon to surpass metal gear… Aí é só uma colher. Deu pra entender ou quer mais exemplos?

O mais impressionante é que, apesar de TODOS esses problemas, o aspecto mais de raiz dos Mahou Shoujos até que não ficou ruim. Depois de ignorar todos os zooms em peitos, garotinhas de 14 anos correndo peladas e piadas forçadas sobre exibicionismo, a trama conseguiu me deixar interessado o suficiente para continuar. Mesmo com uma desinformação enorme que chega a ser perturbadora, e que foi só parcialmente sanada no longínquo episódio 3, eu vejo um bom potencial para esse show, que por não ser baseado em nada (foi originalmente escrito para o anime), pode ir para qualquer lugar.

Acontece que potencial não significa nada se não for aplicado corretamente, e que apesar de serem em parte ignoráveis, todos os problemas de coerência ainda existem. Deixo minhas primeiras impressões de Soushin Shoujo Matoi como um 5/10, já sendo muito otimista no futuro da série e torcendo para que não caia num desfiladeiro.

O anime não possui simulcast em português, porém pode ser encontrado legalmente nos serviços de streaming da Anime Network,

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Primeiras Impressões | Nanbaka

A temporada de outubro já começou, mas estamos em novembro e eu ainda não postei nenhum “Primeiras Impressões“. O que seria desse Pagode sem o nosso querido Gabriel? Mas, antes tarde do que nunca, trago, outra vez, um negócio que podemos passar alguns minutos dando gostosas risadas por conta de trocadilhos com as cores laranja e preto. Só que dessa vez, a conexão com o seriado é a própria temática. Que apesar de parecer comum, não é, e por um simples motivo: Japonês ser um povo estranho.

Sabe Prison Break? Se você colocar uma peruca super extravagante em todas as pessoas carecas de lá, Nanbaka é mais ou menos o que você vai conseguir.
Eu acho, nunca vi Prison Break.
Baseado num mangá, esse show é tão excêntrico quanto a autora da obra. Ao conhecer Shou Futamata, você terá certeza que nada menos poderia sair de sua cabeça. A moça é tipo uma Lady Gaga japonesa.

Quando você compara com a autora, até que os personagens são bem realistas...
Quando você compara com a autora, até que os personagens são bem realistas…

Inclusive, “extravagante” é uma excelente palavra pra descrever esse anime como um todo. Eu poderia facilmente dar uma de Porchat e fazer uma postagem inteira falando “Extravagante! Extravagante! Extravagante! Extravagante! Extravagante!“, que as ‘primeiras impressões’ teriam sido passadas muito bem.

Apesar de não ser o fã mais assíduo do mundo quando o assunto são filmes hollywoodianos, um dos gêneros que eu gosto bastante são as “comédias policiais“: filmes que trazem toda aquela carga de ação estadunidense extremamente exagerada, com carros sendo arremessados em helicópteros, além de piadas sendo contadas no meio de tiroteios, e coisas do tipo. Poderia citar “Os Badboys” como exemplo, mas acredito que “Loucademia de Polícia” se encaixa melhor no que eu quero dizer.
Há claras diferenças no tipo de humor utilizado, mas Nanbaka é basicamente Loucademia de Polícia em japonês. E não sei vocês, mas pra mim, isso é sensacional!

A história se passa na Prisão de Nanba, que acaba sendo um personagem por si só. Digo isso pois em obras desse tipo, o que causa o efeito humorístico são as características peculiares dos personagens. Em qualquer show você percebe que seu elenco possui individualidades específicas, mas que nem sempre (quase nunca) são abordadas abertamente. A ambientação da Prisão, o sistema carcerário, os funcionários e suas formas de agir, acabam por dar ao próprio local uma personalidade que funciona como mote para piadas. Em um momento do episódio dois, o Supervisor (já falo dele) precisa ir à sala de sua chefe. Algo que parece uma situação comum, se torna cômica por conta da caracterização da Prisão de Nanba: ele pega um trem pra se locomover entre os blocos!

Já os personagens que são, de fato, pessoas, não ficam para trás de maneira alguma. Os quatro “Números” trazem para a atmosfera do anime um ar descontraído, e fazem isso muito bem. Diversas comédias falham em te fazer rir por simplesmente não conseguirem fazer o meio parecer propenso para tal. Há várias formas de contornar esse problema, e o próprio jeito de ser de seus protagonistas é a resposta de Nanbaka. E para balancear todo esse bem-estar, e para te lembrar que o anime ainda se passa dentro de uma prisão de segurança máxima, temos o Supervisor: único personagem careca da história, ele sim parece ter sido retirado na íntegra de Prison Break. Mas sua seriedade acaba no mesmo lugar onde a palhaçada dos prisioneiros começa, fazendo com que seu papel de Tsukkomi seja sempre bem colocado, e que é ainda mais acentuado pelo excelente trabalho do veterano Tomokazu Seki. Ah, e também temos a carcereira tsundere. Adorei ela.

Falemos um pouco da parte artística da obra: o estúdio Satelight não nos deixa na mão, e apresenta uma animação super fluida, com cores vibrantes (que é extremamente necessário para o clima da obra, como citado no parágrafo anterior) e filtros em tudo que é lugar, de fazer inveja a qualquer filme do Zack Snyder.

No campo sonoro, temos uma OST muito bem colocada, com um sincronismo que eu não (ou)via há muito tempo. Todas as músicas tem uma pegada meio eletrônica-retrô, que combinam perfeitamente com a proposta do show. Tanto a arte como a sonoplastia nos fazem pensar em um joguinho de fliperama. Essa vibe é completa quando chegamos ao encerramento: “Nanbaka Datsugoku Riron♪!“, cantada pelos dubladores da obra.

[Imagem: WnD8bHU.gif]
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Enquanto a história pode não parecer importante ou relevante (e se eu fosse opinar, diria que não é mesmo), ela está guardada num potinho, como algo que tem potencial de ser uma agradável surpresa. Não criem esperanças porém, já que a comédia, que é o prometido pela obra, não precisa desse desenvolvimento para ocorrer. Eles apenas sugerem que existe uma trama por trás disso tudo… Mas que ninguém ali se importa com ela.

Foi uma estreia muito divertida, contrariamente aos péssimos boatos que tinha ouvido, e meu comedômetro marcou um 7/10 para esse início de Nanbaka. Vale a pena dar uma conferida, com toda certeza.

A série pode ser assistida na Crunchyroll, com novos episódios todas as Terças-feiras.

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J-Novel Club chega para iniciar o mercado de Light Novels online

Parece até que foi combinado, mas nada disso: três dias após a minha postagem sobre como Light Novels são importantes, um enorme passo para o público ocidental dessa mídia foi tomado. A editora digital J-Novel Club abre suas portas para a publicação digital de Light Novels, com títulos traduzidos para o inglês.

De forma semelhante a famosos serviços de streaming online por ‘aluguel’, como Netflix, Crunchyroll e Funimation, o J-Novel Club funciona na base de uma assinatura: pagando US$4,95 por mês para uma conta de membro, você terá acesso a todos os títulos previamente publicados e a um capítulo novo de todos os títulos em andamento por semana, além de um fórum de discussão exclusivo. Caso seu bolso permita, você pode pagar US$10,95 mensalmente para ser um membro premium, que além de todas as vantagens do membro comum, também conta com um e-book grátis por mês, que fica a escolha do usuário; e acesso a um fórum ainda mais exclusivo, dentro do já exclusivo fórum, onde os tradutores e editores do site terão participação ativa. Haja exclusividade!

Infelizmente, não há planos aparentes para que possa haver pagamentos em outras moedas, além do Dólar Americano. Então, caso queira se tornar um membro, precisará de um cartão internacional. Porém, o site possui direitos em todo o mundo, então eles prometem que nunca haverá problemas de conteúdo ‘Region-lock‘.

Eles podem ter bom gosto para Light Novels, mas já para garotas-barco…

No lançamento, a editora online conta com quatro títulos, todos com o primeiro capítulo grátis para qualquer usuário. Eles ainda prometem trazer dez novos títulos no futuro. Os atuais e já disponíveis, que podem ser lidos tanto pelo computador, como pelo aplicativo da J-Novel Club, para aparelhos Android ou iOS, são (com traduções livres feitas por mim):

Título: My Big Sister Lives in a Fantasy World (Minha irmã mais velha vive em um mundo de fantasia)
Autor: Tsuyoshi Fujitaka
Ilustrador: An2A
Sinopse: Um dia, um garoto do primeiro ano do colegial, chamado Yuichi Sakaki, repentinamente desperta em si um poder de “ler almas”, e passa a ver palavras acima da cabeça das pessoas, que descrevem sua verdadeira natureza! Com apenas um olhar ao seu redor, ele vê coisas malucas como “Zumbi”, “Bruxa” e “Vampiro”… Isso por si só já seria ruim o bastante, mas então ele vê “Assassina em Série” – Natsuki Takeuchi, vindo em sua direção… Ninguém jamais acreditaria nele! Bem, ninguém, exceto por sua irmã mais velha, Mutsuko: esse tipo de coisa é exatamente a sua praia.
Comentário pessoal: Parece ser um título divertido, que apelará para um humor exagerado. Vale a pena conferir.

Título: Brave Chronicle: The Ruinmaker
Autor: Kenya Atsui
Ilustrador: Saori Toyota
Sinopse: Conheça Kurono Kokuya, um estudante com o rank mais baixo na Academia do Portão Estelar – o melhor centro de treinamento para Feiticeiros Estelares do mundo, os seres que usam feitiços estelares para proteger a Terra de invasões de outros mundos. Sua amiga de infância Yukihime Yukigane é simplesmente a mais poderosa Feiticeira Estelar do mundo, e ela nunca o deixa se esquecer desse fato. Um dia, sua rotina pacífica é interrompida por uma poderosa ameaça de outro mundo. Kokuya e Yukihime vão para as linhas de frente, arriscando suas vidas para proteger aqueles que amam, mas eles serão capazes de derrotar o Lorde Sombrio Redge e seus cruéis lacaios?
Comentário pessoal: Rapaz, isso é um exemplar magnífico de um “harém escolar mágico genérico”, com todas as letras. Com certeza fará sucesso o suficiente para vermos um anime num futuro próximo (eu espero).

Título: My Little Sister Can Read Kanji (Minha irmã mais nova pode ler Kanji)
Autor: Takashi Kajii
Ilustrador: Halki Minamura
Sinopse: O ano é 2202, e o Japão se tornou a Terra do Moe. O aspirante a autor Gin Imose e sua irmã mais nova Kuroha estão viajando para Tóquio para se encontrar com o autor mundialmente famoso, Gai Odaira.  Kuroha não tem interesse em seu estilo literário ortodoxo, e surpreendentemente, é capaz de ler antigos livros de ‘japonês moderno’, escritos em kanji! Esse fatídico encontro inicia uma cadeia de eventos que iria mudar o curso da história da literatura! Poderia ser que, há muito tempo, livros podiam ter sido sobre outra coisa além de irmãs mais novas mostrando suas calcinhas e acabando em situações duvidosas com seus irmãos-mais-velhos-adotivos? Impossível! É muito difícil de simplesmente imaginar um Japão onde qualquer um podia ler Kanji, e cujo primeiro Ministro fosse um ser humano 3D…
Comentário pessoal: Ainda mais um título que se enquadra naquele famoso arquétipo de meta-obras, que tiram sarro de si mesmo, e do mercado de Light Novels como um todo. Pode não ser uma obra boa para se começar, mas que com certeza acabará trazendo boas risadas para quem já está no meio há algum tempo.

Título: Occultic;Nine
Autor: Chiyomaru Shikura
Ilustrador: pako
Sinopse: Dos autores por trás de Steins;Gate, Chaos;Head, Robotic;Notes e Chaos;Child! “- Pergunta: Você acredita em fantasmas? – Resposta: É claro que não!” Yuta Gamon, um jovem rapaz que mora em Kichijoji, administra um blog de ocultismo chamado “Kirikiri Basara”. Seu sonho é conseguir uma fortuna através de seus links de vendas com programas de associados. De repente, o blog de Yuta une o destino de nove estranhos, com o que começa como um pequeno sentimento de que algo está errado, e se torna um caso que vai além da imaginação. Magia negra, o pós-vida, atividades paranormais, previsões do futuro, outras dimensões, profecias, hipnose, lendas urbanas… Esse mundo está repleto de misticidades!
Comentário pessoal: Com um anime que está saindo agora nessa temporada de Outubro/2016, Occultic;Nine é a mais recente obra da série “ponto e vírgula”. Prato cheio para quem é fã dos trabalhos da 5pb.

Caso tenha alguma dúvida, você pode consultar o FAQ da editora, ou entrar em contato através do Twitter.
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Light Novels: O que são e por que você devia se importar

Hoje o papo é sério, então não podemos começar com piadinhas. Se quiser rir por causa de japonês, essa nova novela das seis está cobrindo minha cota muito bem. Sério, vocês viram a Giovanna Antonelli falando (ou tentando falar) em glorioso NIHONGO? Nem preciso mais perder algumas linhas pra dizer que japonês é um povo estranho.

Você, caro leitor das partes menos obscuras (e mais ativas) da Torre, pode não dar a mínima para os meus outros posts. Eu escrevo sobre aqueles desenhos japoneses cheios de garotinhas, afinal de contas. E você gosta mesmo é do Bátima. Eu sei, eu sei. Acontece que esse post em específico, assim como aquela série (que eu ainda vou terminar, prometo) sobre como entrar no mundo dos animes, foi feito justamente pra você.

Dessa vez, vou tentar te vender outra roubada, mas um pouco diferente da anterior. Essa está bem mais próxima da sua zona de conforto do que você imagina, e tem uma influência midiática tão colossal, que a probabilidade de você já ter cruzado com algo diretamente amaldiçoado por ela é enorme. Começaremos pelo começo:

O recado está sendo dado na própria capa da Novel! Não diga que não avisei!
O recado está sendo dado na própria capa da Novel! Não diga que não avisei!

O que são Light Novels?

Segundo a Wikipédia: “são romances ilustrados geralmente no estilo anime/mangá, compilados de folhetins de revistas ou sites na internet“. Mas é claro que isso não explica nada. Vamos expandir um pouco a definição café-com-leite que nos foi dada.

A começar por “São romances“. Apesar de grande parte dos títulos terem algum tipo de relação de fato, romântica, entre seus personagens, o termo ‘romance‘ provém de seu significado mais amplo: uma prosa, um gênero narrativo. No ápice dos meus doze anos de idade, achei engraçado o fato de, na capa nacional de “O Diário de um Banana“, estar escrito que se tratava de “um romance em quadrinhos“. De forma semelhante, light novels são, portanto, prosas. Prosas que, por sua vez, são escritas, como é de se imaginar, em forma de textos. Em bom português, se trata, basicamente, de um livro.

Mas não apenas um livro. Continuando, temos que são “ilustrados“. Interessante, estamos começando a pegar o espírito da coisa. Então, além de ser um livro, uma light novel também possui ilustrações. Isso não é tão incomum assim, claro. Existem diversos livros ilustrados por aí. Se expandirmos o conceito o suficiente, podemos até incluir suas amadas HQs nesse conjunto.

A questão muda de figura (entendeu? Estamos falando de ilustrações! Há!) quando prosseguimos na leitura: “geralmente no estilo anime/mangá“. É agora que a porca torce o rabo. Sei que você fez cara feia quando chegou nessa parte. Tudo bem, eu te entendo. Como já comentei outras vezes, eu também mudaria de calçada se cruzasse comigo mesmo na rua. Nem todo mundo gosta desse estilo de arte, e isso faz com que a resistência dessas pessoas aos ‘animes‘ seja enorme. Muitos acabam perdendo ótimas tramas, com excelentes roteiros e histórias envolventes, apenas por desdém ao modo de exibição.

Você ainda vai ter que lidar com isso, só que em doses homeopáticas.
Você ainda vai ter que lidar com isso, só que em doses homeopáticas.

Mas é por isso que as light novels são tão importantes: elas trazem, no geral, o tipo de trama, narrativa e roteiro que você encontraria em animes e mangás… Mas com 347% (segundo fontes confiáveis) menos arte que você odeia! Hooray! Enquanto ambos os casos citados são repletos desse tipo de desenho, as light novels possuem poucas ilustrações em seu miolo, tendo o seu bruto preenchido por letras. É uma oportunidade que você tem de conhecer esse tipo de escrita sem precisar sofrer com imagens que fazem seus olhos sangrarem.

Fechamos, então, com “compilados de folhetins de revistas ou sites na internet“. Se você está no famigerado grupo dos “Millenials”, que tem causado muitas discussões extremamente irrelevantes na mídia ultimamente, muito provavelmente nunca ouviu falar desse bagulho. E é claro que nunca ouviu mesmo. O único título nacional que eu conheço, que saiu nesse formato, é “Memórias de um Sargento de Milícias“, cuja publicação é datada em mil oitocentos e vovó menina (1852). Imagine algo próximo de… Harry Potter. A autora poderia ter escrito um grande livro contando toda a história do rapaz, mas decidiu fazer sete livros diferentes, com lançamentos mais ou menos igualmente espaçados entre si. Light Novels são publicadas nesse estilo: a cada seis ou doze meses, um ‘volume‘ novo é lançado, continuando a história de onde ela parou da última vez. Pensando enquanto digito, é quase que a mesma coisa que mangás e HQs, não é? Viu só como esse universo não é tão diferente do que você já conhece?

Por que elas são importantes?

Agora que você sabe (mais ou menos) do que estamos tratando, podemos dar um passo à frente. No começo do post eu disse que, além de apresentarem boas narrativas, Light Novels possuem uma influência midiática extraordinária. Você, com certeza, não acreditou em mim; e por isso eu irei provar meu ponto. Me acompanhe:

Se até JoJo tem conteúdo em Light Novels, como você pode ignorar algo tão FABULOSO?
Se até JoJo tem conteúdo em Light Novels, como você pode ignorar algo tão FABULOSO?

Começarei com a mídia que, obviamente, é a mais afetada pelo surto de Light Novels, iniciado em meados dos anos 2000: os animes. E eu sei o que você está pensando, você não se importa com animes, certo? Meu grande objetivo de vida (e a única coisa que me mantém vivo atualmente) é fazer você se importar um dia. Por isso, é importante você saber dessas coisas.

Contando as últimas três temporadas de animes que já não estão mais entre nós (julho, abril e janeiro), aproximadamente um dezesseis avos (1/16) dos títulos são adaptações de Light Novels. Isso pode não parecer muito (e não é mesmo, se comparado ao número de adaptações de mangás, por exemplo), mas se levarmos em conta que cada temporada nos trás, em média, entre quarenta e cinquenta novos shows (com algumas abominações, como Julho/2016, que teve exorbitantes sessenta e quatro novas animações), e que essa proporção está mais ou menos constante nos últimos DEZ ANOS, podemos estimar aproximadamente 125 adaptações de Light Novels, na última década.

Não há como discordar...
Não há como discordar…

E não apenas em quantidade, mas em volume de informações, esse dado é importante: uma obra originalmente escrita para animação é fácil de se trabalhar; um mangá requer um mínimo esforço de leitura, mas grande parte da adaptação pode se basear nas massivas ilustrações. Agora, Light Novels? O diretor do show precisa ler e reler diversas vezes cada volume da obra original, e tirar totalmente de sua cabeça todo o cenário e distribuição de todas as cenas que não são ilustradas. O trabalho nas costas do diretor é diversas ordens de grandeza maior, quando a obra a ser adaptada é uma Light Novel. E mesmo assim, elas continuam sendo adaptadas. Se isso não é um sinal de que elas são importantes, então eu não sei o que é.

Se isso não te convenceu, posso usar mais números para te assustar. Sem problemas. O mercado de Light Novels é surpreendentemente gigante, e movimenta muito dinheiro por ano. Em 2009, esse setor movimentou 30,1 bilhões de Ienes (392 milhões de dólares, na época), representando quase um quarto de todo o lucro da indústria de livros japonesa. Os títulos mais famosos vendem, anualmente, na faixa de um milhão de cópias, apenas no mercado nipônico. E os números são ainda maiores, quando expandimos para o mercado ocidental. Recentemente, a Editora Kadokawa publicou dados sobre as vendas mundiais da Novel de Sword Art Online, e os números ultrapassam os dezenove milhões de exemplares.

Acredite, essa imagem é Real™
Acredite, essa imagem é Real™

Mas você não se importa com nada disso, não é? Parece que tudo que eu falei não está assim “tão influenciado” por Light Novels como eu fiz parecer no início. E se eu disser que, na realidade, até mesmo TOM CRUISE já encarnou um personagem vindo desse meio? Que foi, não acredita? “No Limite do Amanhã“, filme de Doug Liman (diretor de “Senhor e Senhora Smith”, a série de filmes de Jason Bourne, entre outros títulos que eu nunca ouvi falar… Exceto “Jumper”. Adoro esse filme, puta merda.) estrelado pelo galã citado é uma adaptação cinematográfica de nada mais, nada menos… Que uma light novel! Escrita por Hiroshi Sakurazaka em 2004, “All You Need is Kill” foi o primeiro (e único) grande sucesso do autor, que recebeu além do filme, adaptações para graphic novel e para mangá (esse último, publicado no Brasil pela JBC).

Ok, “Isso é um caso a parte“, você deve estar pensando. “Esse negócio de Light Novels continua sendo coisa de Japonês safado“. Ah amigo, eu bem que queria concordar contigo. Bem que queria dizer que você está certo dessa vez… DAGA KOTOWARU Mas eu estaria mentindo. O maior exemplo que posso dar para refutar essa sua hipotética afirmação é uma pessoa que, coincidentemente, surge das terras em que nós pisamos agora: Thiago Lucas Furukawa, nascido no Brasil. Este jovem rapaz futuramente seria conhecido pelo nome artístico de “Yuu Kamiya” (afinal, tenho certeza que ele sofreria bullying no Japão, se tentasse publicar qualquer coisa com o nome de “Thiago Lucas”), é a prova viva que para fazer algo dar certo, só é preciso dar um jeitinho brasileiro.

Piadas a parte, “No Game No Life“, maior obra do jovem tupiniquim, é um sucesso absurdo em todo o mundo: no primeiro semestre de 2013 foram vendidas mais de 255 mil cópias da novel, e um dos volume mais recentes vendeu, só na primeira metade deste ano, 168 mil cópias; Foi adaptado em uma série animada pelo estúdio Madhouse, que teve uma média de 8,5 mil blurays vendidos (que é um bom número, caso você não esteja familiarizado), e que causou uma comoção colossal com o público na internet. Enfim, é uma Light Novel importante nos dias de hoje, e de fazer inveja em muito japonês safado.

Tudo bem, você me convenceu! Que Light Novels eu encontro no Brasil?

Ok, ok, formem uma fila organizada para comprar as suas Light Novels! Tem pra todo mundo! (Isso não são light novels, mas use sua imaginação)
Ok, ok, formem uma fila organizada para comprar as suas Light Novels! Tem pra todo mundo! (Isso não são Novels, mas use sua imaginação)

Ora pois, que bom que perguntou! Embora existam milhões de títulos super interessantes e que não apenas eu, mas muitas pessoas adorariam ver sendo publicados por aqui (inclusive… Junior, se estiver lendo esse post… Dá uma olhada no cantinho de sugestões com carinho, vai? Nunca te pedi nada, só queria um Encontro ao Vivo… *wink*), o mercado nacional de Light Novels ainda está começando a engatinhar. É um nicho relativamente recente, e com poucos títulos a disposição. O seu apoio é essencial nessa fase importante da vida dessa criança, pois é neste momento que começamos a moldar o seu futuro, começamos a ver se ele crescerá forte e saudável e conquistará muitas realizações memoráveis em sua vida, ou se vai acabar como um blogueiro depressivo que escreve sobre desenhos chineses. E eu tenho certeza que, por mais que você não se importe com isso, você não ia querer um destino tão ruim para ninguém, não é?

A melhor forma de mostrar para as editoras que você gosta (ou gostaria de começar a gostar) da mídia, e que adoraria um catálogo maior de títulos, é apoiando os títulos atuais, e orientando-os a que rumo seguir. Se os títulos atuais não te agradam, peça novos! Comente, procure, recomende às editoras! Elas, apesar de parecerem, não são monstros de sete cabeças que vivem em outra dimensão. Se você conversar civilizadamente com elas, elas te responderão com todo o prazer.

No Brasil isso não está tão grave... Ainda...
No Brasil isso não está tão grave… Ainda…

De qualquer maneira, vamos deixar essa parte chata de lado e ir logo ao ponto. Embora existam publicações mais antigas de outras editoras, atualmente, apenas JBC e NewPOP publicam Light Novels no mercado brasileiro, normalmente apenas em lojas especializadas (ou seja, você pode não encontrá-las em sua banca de esquina predileta). Mas é claro que compras online são sempre viáveis. Segue lista:

NewPOP

JBC

E… Ufa! Acabamos por aqui, hoje. Se você realmente chegou até aqui, espero que eu tenha te convencido sobre a importância das Light Novels na mídia atual. E mesmo se você não goste, entenda a sua influência, que aos poucos, se alastra pelas vastidões, e logo logo alcançará você. Isso se já não alcançou. Eu não olharia para trás se fosse você…

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Anime Friends 2016 | Estivemos lá

“E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?”

– Carlos Drummond de Andrade, 1942

E então, o Anime Friends 2016 passou voando baixo, ligeiro, sem ser notado. Pousou no Campo de Marte, discreto. Descarregou suas maletas, suas muambas e tudo mais. Encontrou alguns velhos conhecidos, e também fez novas amizades. Se despediu de todos, com um aceno discreto…

Se você acompanha a Torre nas Redes Sociais, especialmente no Instagram ou no Facebook, deve ter ficado sabendo que estivemos lá, fazendo a cobertura do evento para vocês. E o que nos resta agora, é apenas um sabor amargo na boca. Amargo em qual sentido, você me pergunta? Em todos eles.

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Esse é, sem dúvida, o maior evento de cultura oriental do Brasil. Um título conquistado ao longo dos anos, na base de esforço, suor, lágrimas e muita mercadoria de origem duvidosa. Não é uma tarefa fácil, conseguir encher um lugar como o Campo de Marte. Ainda mais quando a maioria esmagadora das pessoas ali, são indivíduos que raramente saem de casa. São méritos positivos do evento, de ter conquistado um nome pra si. E maior ainda, de ter alcançado um público tão grande num ano de crise.

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A edição deste ano contou com diversos nomes da indústria musical japonesa. Foram diversos shows distribuídos ao longo dos dois finais de semana. Além disso, diversos estandes de figures e mangás, como de praxe, marcaram presença no evento. As editoras brasileiras de mangás realizaram suas palestras costumeiras (confira os anúncios da Panini clicando aqui e da NewPOP clicando aqui. A palestra da JBC foi coberta através no Twitter da Torre), lançamentos foram… lançados?, e diversas fotos foram publicadas. Todos buscando Fullmetal Alchemist, Log Horizon e vários outros. É um evento tradicional, onde costumes são respeitados todo ano. Inclusive otakus completando suas coleções pra lá e pra cá.

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O citado gosto amargo fica após o fim pois é sempre bom encontrar pessoas com os mesmos hobbies que você. Ter um lugar onde você possa ir e saber que lá, haverão colegas com quem você pode conversar abertamente, se divertir ao falar mal da waifu alheia, e essas coisas. A parte amarga é lembrar que esse lugar só existe por alguns dias, e que depois disso, é preciso voltar aos mais profundos abismos da internet.

Cosplayers, parceiros e otakus de todo o Brasil tornaram um evento já impregnado no subconsciente popular, mais uma vez, um aparente sucesso. E a vontade que fica é de que em 2017 tudo seja ainda melhor!

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Primeiras Impressões | Qualidea Code

Psst. Ei. É, você mesmo. Vem cá, deixa eu te contar um segredo: Sabia que Japonês é um povo estranho? Hein? Como assim todo mundo sabe disso? De qualquer maneira, aconchegue-se e venha ler o mais novo Primeiras Impressões. Depois de paradoxos quânticos do Jailson Mendes e garotas sexistas e superficiais, podemos ir para frases de bandeira, que tal? Uma vez um amigo meu me disse que frase de bandeira é sempre algo que nós fingimos que temos, mas na realidade é o que mais precisamos (vide: Ordem e Progresso). Quer uma frase de bandeira maior do que algo próximo de “Qualidade” no nome desse anime?

A reação mais normal que qualquer pessoa poderia ter, ao assistir isso (além de falar mal da péssima animação, mas que já comento sobre), é ficar mais perdida que garota inocente na hora de levar madeirada. Eu não me perdi muito, já que fiz minhas pesquisas antes de começar, mas um ser humano médio ficaria atordoado com o que viu.

Vou passar rapidamente sobre os resultados de minhas pesquisas. Se quiser ir mais a fundo, você pode ler o mesmo post que eu li, no blog do Frog-kun (em inglês, infelizmente). Basicamente, a série “Qualidea” é uma cooperação de três autores de Light Novels relativamente famosas: Tachibana Koushi, autor de Date a Live, uma série que eu gosto bastante; Sou Sagara, autor de Hentai Ouji to Warawanai Neko, ou Henneko para abreviar; e Watari Wataru, autor de Oregairu (essa eu nem ouso escrever o nome completo). Juntos, eles tiveram essa ideia depois de beber até falar mole (é sério), e decidiram botar em prática.

Cada escritor toma conta de uma das escolas da trama: Koushi da escola de Kanagawa (a escola das espadas), Sagara da escola de Tóquio (a escola dos magos), e Wataru, da escola de Chiba (a das arminhas). Tendo em vista que o projeto ainda é novo, há pouco material disponível, mas o plano é de que cada escola possua suas histórias independentes, contadas em Light Novels separadas. A história do anime é um “roteiro original”, escrito em conjunto pelos três.

Os três autores da obra em seu habitat natural (é sério, são eles mesmo).
Os três autores da obra em seu habitat natural (é sério, são eles mesmo).

Isso significa que você precisa ter lido as outras trocentas obras para entender o que está dançando na sua tela? Não exatamente. Basta você entender que o show não é um universo fechado, mas sim uma peça de um quebra-cabeça maior. Ainda não tenho uma bola de cristal, mas acredito fortemente que a obra será auto-suficiente o bastante para poder ser aproveitada sozinha. Para questões não resolvidas e desentendimentos de história, só podemos dar tempo ao tempo.

Falando na história… Caras, não dá. Quando eu criei o gênero “Harém Escolar Mágico Genérico” alguns anos atrás, eu não imaginava que o último adjetivo viria a ser o mais importante e o mais relevante. Tá certo que o que faz sucesso tende a ser copiado, e que algo só se torna ‘clichê’ porque foi tão bem recebido que começou a ser utilizado em demasia… Mas nossa, é demais, caras… Não tem nada que eu não tenha visto em Qualidea Code. Tudo que está presente e todos os aspectos envolvidos são genéricos e você encontra, quase que na íntegra, em outros 49 shows semelhantes.

Cutucando a ferida, falemos da tal animação. O estúdio responsável, a A-1 Pictures (também conhecido na comunidade tóxica de animes como “McDonalds”. Longa história…) está claramente com as mãos cheias demais. Com uma pesquisa rápida, pude ver que Qualidea Code é o TERCEIRO show que eles estão fazendo ao mesmo tempo. Digo terceiro pois os outros dois (B-Project: Kodou Ambitious e a adaptação de Phoenix Wright) são lançados antes dele.

Antes que me joguem pedras ou peguem os tridentes e as tochas, já adianto que não sou especialista em animação ou expert no trabalho de estúdios, mas consigo muito bem imaginar que a culpa da arte HORRENDA de Qualidea se dá, além do baixo investimento, pela sobrecarga dos responsáveis.

Uma dessas prints é de Qualidea Code, a outra é de uma obra de 2001. Consegue descobrir qual é qual?

A A-1 Pictures normalmente não é associada a boas animações, embora possa tirar alguns bons resultados vez ou outra. Mas quando o assunto são animes atuais, nós sempre esperamos um nível MÍNIMO de qualidade. Se você mostrar o primeiro episódio de Qualidea para alguém que conhece o meio, mas está por fora dos lançamentos atuais, uma reação muito plausível seria a pessoa achar que o show foi produzido em meados dos anos 2000. E que me perdoem Haruhi, Cowboy Bebop e Sakura Card Captors, que tem uma animação muito superior, mesmo sendo dos anos 2000.

Você percebe que não é simples falta de capacidade, ao assistir a abertura: a animação lá é boa. Não chega a ser maravilhosa, mas é um nível aceitável. A primeira coisa que passou pela minha cabeça, ao vê-la, foi: “Essa qualidade deveria ser o padrão DO EPISÓDIO, e não da abertura”. É uma pena, já que o show poderia ser muito mais aproveitável (menos insuportável).

Já que toquei no assunto musical, a direção sonora é, com certeza, um dos pontos positivos do show. Talvez o único indivíduo que tenha feito um trabalho decente em todo o elenco seja o senhor Taku Iwasaki. Suas grandes participações incluem Ben-to, Tengen Toppa Gurren Lagann, Soul Eater e a Parte 2 de JoJo. Com um currículo desses, é de se imaginar que a BGM seja, no mínimo, satisfatória de se ouvir. Além das músicas de fundo, as músicas-tema da abertura e encerramento foram muito bem produzidas, sendo cantadas por dois grandes nomes da cultura recente, LiSA e ClariS, respectivamente. Poderia até ser maldoso e dizer que gastaram o orçamento inteiro do anime só na contratação das cantoras, e depois tiveram que animá-lo com os vales-refeição.

https://www.youtube.com/watch?v=cMRqSKCZ0wQ

Outro ponto que podemos dizer ser algo positivo, são os personagens. Desde seus designs (nem tão) marcantes, até suas habilidades (nem tão) especiais e suas personalidades (nem tão) bem definidas.

Na aparência, temos quatro garotas com características que, embora facilmente encaixáveis em “esteriótipos”, não são tão óbvias quanto as que vimos em New Game! (tirando a loirinha, ela é estereotipada demais, meu deus do céu. Mas ainda é linda melhor garota 10/10). Temos também dois garotos que… Bem… São garotos, então quem liga pra aparência deles? Apesar que devo dizer que a armadura mágica (ou seja lá o que for aquilo) no braço do Líder de Tóquio é até que bem estilosa.

Já as habilidades… Como comentei algumas vezes, já vi iguais em outros shows. Não são muito criativas, nem fogem do básico. Talvez a única inovação, seja a enorme possibilidade de piadas com JoJo, por conta de tais poderes serem chamados de “Worlds“.

Por fim, as personalidades são, sim, bem definidas. Tendo em vista que isso não é algo que se pode ter um espectro enorme, até que foram escolhidas sabiamente. Chega a ser engraçado, pois com um pouco de conhecimento sobre os três autores, fica muito fácil de descobrir quem criou cada personagem, só por suas personalidades.

Resumindo tudo, então: três caras beberam demais e criaram mais um harém escolar mágico genérico de baixo orçamento, mas com uma música bacana, e que poderia ser viável, se não parecesse ter sido criado nos anos 2000. Difícil dar mais que 4/10 para essa estréia, e resta torcer para que façam um make-over total nos Blurays, como aconteceu com Mekakucity Actors (todos podemos sonhar, não é?).

A série pode ser assistida legalmente na Crunchyroll, com episódios novos todos os sábados.

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Primeiras Impressões | New Game!

Ok, calma lá. Vamos começar devagar. Que tal começar um novo jogo? Prometo que nesse save eu não falo que japonês é um povo estranho. Ah, droga!

Por mais relacionado a jogos que esse post possa passar a impressão de ser, estamos ainda no ramo de análises prematuras de animes. E no Primeiras Impressões de hoje, vamos dar uma olhada nesse grupo de garotinhas que com certeza estão vivendo no Easy Mode. E como sabemos, easy-mode é para criancinhas.

Com o início da serialização em 2013, o mangá é de Tokunou Shoutarou (Não muito famoso, mas que em seu pequeno nicho de fãs é conhecido por suas “ilustrações divinas”), que apesar de não ser um estouro de vendas, tem alguns números bons para o gênero, além de ter desbancado outros títulos de peso, como ReLife, Gundam e GATE. Ainda não é publicado no Brasil, mas seria uma ótima adição ao catálogo nacional. Não que eu esteja insinuando algo, mas o cantinho de sugestões da NewPOP é ali do lado…

<Alerta de Garotas bonitinhas fazendo coisas bonitinhas>

Você sabe que está assistindo uma obra de ficção, quando a pessoa diz que conseguiu o emprego dos sonhos logo após se formar no ensino médio. E quando uma pessoa se dispõe a trabalhar numa empresa sexista de jogos sem nem saber modelar em 3D. E quando uma empresa sexista de jogos aceita contratar uma garota recém-formada que nem tem as qualificações para o emprego.

De qualquer maneira, se você for assistir já sabendo que é uma ficção, você vai se deparar com um típico humor de quatro painéis. Pela obra original ser um 4-koma, as piadas são quase que cronometradas. O que pode não ser um agrado muito grande pra quem prefere algo mais elaborado, mas pode ser ótimo pra pessoas que se cansam rápido de coisas que se prolongam demais, e querem algo mais dinâmico, mais veloz ou pra quem tem problema de atenção tipo eu.
É um tipo de humor bem característico do gênero. Não tem uma piada sendo contada, ou uma situação (muito) absurda acontecendo. É só… A existência das personagens. Elas existem, e isso é cômico. O dia-a-dia delas que deveria te fazer rir. Não é algo pra todo mundo.

Bagulho é tão doce que chega a dar dor de dente...
Bagulho é tão doce que chega a dar dor de dente…

Já a belíssima animação fica por conta do Estúdio Dogakobo, que além de já ter uma boa experiência com o gênero (Outras adaptações de 4-komas muito aclamadas incluem Gekkan Shoujo Nozaki-kun e Mikakunin de Shinkoukei), trazem todos os lucros gerados pelo inferno demônio capiroto tinhoso sucesso de Himouto! Umaru-chan. A primeira sequência do show é de deixar qualquer um pasmo, de tão detalhada e bonita. Não há um corte que não seja bem executado nos dois primeiros episódios… Embora 90% do tempo essa qualidade toda seja usada em garotinhas tomando chá. Também existem alguns frames onde você percebe a clara influência da origem em mangás da obra: Cenas que quebram totalmente o fluxo de animação, sendo imagens estáticas de poses características, mas que ainda assim conseguem passar a ideia de movimento, quando sobrepostas umas as outras.

Falando nas garotinhas, vamos a elas: Na realidade, são todas maiores de idade, apesar do design de personagens dizer o contrário (e isso é, infelizmente, uma prática bem comum em animes…). Excelente trabalho por parte do veterano Kikuchi Ai, que conseguiu fazer com que sempre haja uma nova expressão no rosto da Aoba (nossa querida protagonista), qualquer que seja a situação.
As personagens tem suas características e personalidades muito claras desde o princípio, sendo fácil de identificar quem deveria ser o quê ali. Mais uma vez, uma herança de seu gênese como 4-koma, que não possui muitos quadros para estabelecer caráter. Mas elas são todas bonitinhas, então não tem problema elas serem superficiais, né?

Minha cara quando falam que aquela loli 'tem 900 anos então não tem problema'...
Minha cara quando falam que aquela loli ‘tem 900 anos então não tem problema’…

Um ponto interessante a se ressaltar, é o elenco de dubladores (ou dubladorAs, no caso, já que não tem nenhum personagem masculino no elenco que não seja um porco-espinho): Não há meios-termos, todas as garotas são dubladas ou por profissionais super experientes (Como  Hikasa Yoko, famosa por seus papeis em diversos haréns escolares mágicos genéricos), ou por meninas que acabaram de entrar no ramo (por exemplo, Takeo Ayumi, que está, literalmente, estreando nesse anime, e vem fazendo um excelente trabalho). Acho que de forma semelhante ao que acontece na história do show com a protagonista, essas novas dubladoras aprenderão muito com as veteranas.

E… Isso é tudo? A série, apesar de ser um ótimo show de se assistir, por ter uma pegada divertida e que faz o tempo passar rápido, não deixa muito de uma impressão. Já assisti os episódios há três dias, mas só consegui terminar de escrever um texto razoável o bastante pra ser postado, hoje. É difícil ter “Primeiras impressões” quando não há muitas “impressões”.
Tenho certeza que será um anime que eu adorarei assistir enquanto durar, mas que não ocupará espaço na minha memória poucas semanas depois de ser finalizado. Vai virar aquele “Nossa, isso existe né? Era engraçado! Eu acho… Não lembro.” em pouco tempo.

Depois do sucesso de Pokémon GO, conheça agora Counter-Strike GO.

Mas o passado já era, e o futuro está longe, a vida a gente faz agora, e no agora, eu estou acompanhando e adorando New Game! Esse começo ficará no meu comedômetro com um 7/10, e recomendo a qualquer um que esteja precisando relaxar, ou que goste de utopias empresariais.

A série pode ser assistida na Crunchyroll, com episódios todas as terças-feiras mas boatos por ai dizem que certos becos escuros arranjam os episódios na segunda.