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What If…?’ fica entre o que sonhamos e o que precisamos na Marvel

O universo da Marvel é um terreno de possibilidades infinitas, criativas e que merecem ser muito bem exploradas. Ao finalizar a Saga do Infinito, a casa das ideias está apostando todo seu mundo no multiverso, histórias novas e com caminhos completamente diferentes, que moldarão todo o futuro de todas as realidades existentes, que abrangem todos os mundos… menos o seu principal.

Em seu papel de explorar histórias completamente ‘inovadoras’ é ótimo, a sua apresentação de novas personagens, releituras e criações é extremamente divertida e bem executada, em sua maioria. Em seus nove episódios, vemos o Vigia guiando o público por certas realidades que ele assiste, algumas trágicas, outras fantásticas. Esse ritmo de trinta minutos por história é um ótimo e agradável passatempo. Mas o seu problema, não é sua criatividade, e sim, sua importância dentro do quadro atual do MCU.

Por algum motivo, ainda parece que o estúdio, após mais de 10 anos produzindo filmes e séries, não consegue dar um salto de fé em se atrever de fato, em seus momentos chave, a sensação de que entrar no primeiro plano é extremamente arriscado e isso faz com que nada que não seja o planejado, voe. Em suas últimas produções que envolvem a linha dos múltiplos mundos, nenhum realmente conseguiu trazer aquele sentimento de clamor que faz o público vibrar na cadeira. A série deixa tantos pontos que podem se conectar com o mundo principal, coisas que fariam os fãs esperarem mais e mais para suas futuras grandes produções, como ‘Doutor Estranho: O Multiverso da Loucura’ e ‘Homem Aranha: Sem Volta Para Casa’. O estúdio pode estar aprendendo a sair de sua saturada fórmula, mas ainda não aprendeu que suas obras precisam ser, em sua totalidade, o foco principal do holofote. Eles precisam ousar de verdade. Foi dito que essa série seria tão importante quanto ‘Loki’, mas ela simplesmente não deu nenhuma ponta para como ela influenciará o futuro, sendo que todo seu conceito, já havia sido apresentado no passado.

Mas falando sobre seus episódios, aqui temos um espetáculo extremamente divertido, e que faz qualquer fã vidrar na frente dos episódios. Por início, pode-se sentir como se tudo fosse ficar desconectado, o que é ruim, mas depois, tudo se ata com maestria. Capitã Carter, T’Challa como Star Lord, Doutor Estranho Supremo, Killmonger, todos são personagens que conquistam os corações, você quer ver mais desses personagens, e o que o futuro aguarda para todos. O único ponto fraco disso tudo, é o episódio sete (7), que mostra como seria se o Thor fosse filho único, o que é completamente desinteressante ao meio de histórias que realmente importam e marcam. De resto, os roteiros de todos os episódios são feitos com muita dedicação, principalmente dos episódios quatro e cinco (4 e 5).

Já o seu estilo gráfico é atípico, e visualmente ilustre. Por mais que pelas primeiras vezes possa se tornar um tanto desconfortável de se acostumar no princípio, logo se admira como é fluído e algo que estava precisando no currículo da Marvel Studios, uma animação deslumbrante. Suas lutas são marcadas por um trabalho de cores surreal, e conceitos exteriores únicos, os trajes também são um ponto alto do uso desse estilo gráfico. Talvez, em futuras temporadas, novos traços e singularidades possam ser explorados, como em ‘Star Wars: Visions’ e ‘Love, Death + Robots’. Sua direção e fotografia também tem seu grande destaque, como tudo é conduzido e estruturalmente belíssimo, é um trabalho feito em conjunto que funcionou perfeitamente bem.

A dublagem também é espetacular, tanto no idioma original quanto na brasileira, é perceptível o cuidado que se tem em transportar as emoções para o espectador, e de transportar vozes que são ouvidas nos filmes. O trabalho de som é surreal, único e merece um reconhecimento tão grande quanto o da própria animação.

Por fim, ‘What If…?’ merece o reconhecimento de todos os fãs desse universo gigantesco e engenhoso, feito com tanta atenção. E o estúdio também precisa reconhecer isso, e cessar esse pavor que se tem em dar o interesse para outras obras. O que é apresentado é uma peça fundamental para o futuro que a Marvel está trilhando, desperdiçar histórias como as que são contadas aqui, seria um tiro no próprio pé. Explorem mais do que versões alternativas dos filmes, explorem essas realidades atípicas com o padrão, o marinar os fãs até certo filme é degradante; tanto para sua qualidade, quanto para quem cria esses mundos. Que o Vigia sempre possa encontrar esses acontecimentos fantásticos para as vindouras temporadas dessa obra.

Nota: 4/5 – Ouro

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Sobre o Autor

Eduardo Kuntz Fazolin

"I dwell in Possibility" -Emily Dickinson

Graduado em Produção Audiovisual pela FAPCOM, amante de música estranha e gosto controverso para video-games. Meu amor em escrever sobre tudo isso, é o mesmo amor que Kanye sente por Kanye.

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