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The OA: Parte 2 consegue captar com maestria o lado metafísico da história

Oa passa por novos desafios na Parte II.
Escrito por Tassio Luan

O que é a vida? Por que estamos aqui? Qual o sentido de estarmos aqui? Podemos mudar o nosso destino? Ocasionalmente, temos respostas prontas para certas perguntas com esse teor. Só que isso é uma variável que segue por vários caminhos, uma vez que minha interpretação pode ser diferente de você que segue lendo este humilde texto. The OA entra por este caminho e lá em 2016 quando foi lançada pela Netflix, surpreendeu por sua sutileza em abordar temas como vida, morte e EQM (Experiências de Quase-Morte). Podendo aparentar confusão na extensão de seus episódios, se começarmos a ”expandir nossa mente”, é possível captar as mensagens que a série vai passando.

Até reencontrarmos OA/Prairie no primeiro episódio, parecia que estávamos diante de alguma série policial. Conhecemos o detetive Karim investigando o sumiço de Michelle Vu e se depara com um jogo surreal, onde os jovens precisam desvendar enigmas para passar de nível e o grande prêmio é descobrir a verdade oculta na vidraça. Paralelo à este plot, descobrimos que OA conseguiu saltar para outra dimensão numa versão diferente a sua, se tornando Nina Azarova. Esses plots foram muito bem trabalhados ao longo da temporada e ao se cruzarem, elevaram o nível da trama de uma forma muito satisfatória.

Os coadjuvantes também foram essenciais para o sucesso desta atual temporada. O reencontro do grupo cativo na nova dimensão foi bonito e trouxe a urgência de sair mais uma vez das garras de Hap. Já o outro grupo que ouviu com tanta atenção a história de Prairie iniciaram separados após o incidente na escola, mas embarcaram numa nova missão graças a revelação de Buck no espelho. A interação entre eles continua ótima e o retorno de BBA fechou o pacote. O suicídio de Jesse trouxe de volta para uma realidade em que uma pessoa não consegue suportar o trauma vivido e mesmo com todos os sinais explícitos, a tragédia só é percebida quando acontece. Isso é The OA, que explora o inimaginável e ainda assim, mantém o crível.

The OA possui uma mitologia riquíssima e abre inúmeras portas para oque convencionalmente nomeados como desconhecido ou até fantasioso. A produção soube utilizar cada item de maneira perfeita, ou seja, trouxe elementos visuais que cativam e emocionam. A coreografia dos cinco movimentos pode parecer bastante bizarro quando assistimos, porém ela vem carregada de significados. Há sintonia. Há beleza. Há emoção em cada expressão. Você se conecta com aquele momento único.

A fantasia se conecta com a realidade quando estabelece a natureza como um grande organismo vivo e pensante na Terra. A cena em questão é carregada de informação científica, mas não tira o peso da mitologia imposta e nem a desmerece. Pelo contrário, a corrobora. Uma floresta só consegue sobreviver ao existir harmonia. A conexão entre as raízes das árvores permite trocas de informações, que permite a sua longevidade. Sim, elas se comunicam da mesma forma que conversamos naturalmente.

Você acredita nas experiências de quase-morte? Este um tema delicado que permite várias interpretações sobre suas implicações. A série discorre sobre os eventos das EQM e suas consequências para as pessoas que as vivenciam. Ao sequestrar os personagens na temporada anterior, Hap se permitiu estudar mais a fundo sobre como deveria acessar este ponto localizado na penumbra da ciência sem pensar na ética de seus atos.

O surpreendente foi saber que o Outro Lado não era um vislumbre do Pós-Vida e sim, a existência de múltiplas dimensões configurando o que chamamos de Multiverso. Os cinco movimentos eram parte do processo para essa passagem, porém através de Elodie fomos capazes de descobrir que existem outros meios para viajar. Trazendo agora para a nossa realidade: Seria muito egoísmo nosso supor que somos os únicos seres dominantes deste Sistema Solar? Parece papo de maluco, mas temos que pensar fora da caixinha e perceber estas possibilidades.

Hap. Homer. OA. Conectados por um destino e várias dimensões. Habitantes da mesma constelação. Esses três personagens estão longes de estarem num triângulo amoroso. Apenas configuram como o ponto central das viagens dimensionais, ou seja, estão fadados a se encontrarem em qualquer realidade. São completamente dependentes um do outro. A adição de Elodie permitiu algumas explicações sobre os saltos, tornando-se relevante para a trama. Caso role a terceira temporada, que ela seja regular.

Bolão: Consciência do Homer está no corpo do Steve na terceira dimensão ou é o próprio Steve? Façam suas apostas.

Netflix conseguiu manter um excelente padrão para uma produção original que teve um hiatus de três anos e apesar da cena final indicar certo desfecho para a história em si, ainda tenho esperança da renovação para finalmente ver Steve, Buck, BBA, French e Angie reencontrando OA. Para quem quebrou a quarta parede, nada mais é o limite.

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Sobre o Autor

Tassio Luan

Biólogo. Explorador do horror cósmico e de universos desconhecidos.