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Tears of The Kingdom, após um mês de seu lançamento se sustenta na experiência ou apenas no Hype? – REVIEW

Conhecido por muito tempo como Breath of the Wild 2, até o anúncio oficial do seu nome definitivo The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom teve o seu lançamento oficial em 12 de maio de 2023 e foram 31 dias ininterruptos de jogatina, com mais de cem horas de jogo que hoje, sem todo a carga de hype gerado no seu lançamento, posso afirmar com propriedade sobre a obra que temos em mãos.

Por se tratar de uma sequência direta que utiliza o mesmo motor gráfico do seu antecessor a minha maior preocupação era a sensação de estar jogando algo próximo de uma DLC, com o mesmo sentir de um Breath of the Wild, (que também havia me tomado muitas horas de jogo).

Felizmente, esse definitivamente não é o caso.

Tears of the Kindgom tem sua própria personalidade, tom e cadência, e definitivamente não se escora na sombra do seu antecessor.

Ao passo que Breath of the Wild tinha um tom mais melancólico atribuído a eventos que aconteceram 100 anos atrás, Tears of the Kingdom possui um tom mais sombrio e urgente pois os eventos definitivos não estão mais no passado e sim num presente inevitável.

Sim, há reaproveitamento de assets, animações antigas e novas, (o que é comum na indústria) muitos outros assets novos, mas, ao contrário do que poderia parecer, o tempo que a equipe de produção teve, ao invés de ter de criar tudo do zero, os forneceu subsídio para que tivessem uma liberdade nunca antes vista, para brincar com mais tranquilidade e refinamento no jogo e transportando o jogador em uma experiência rica em criatividade.

A área tutorial do jogo já mostra que as coisas estão bem diferentes, as ferramentas do nosso protagonista silencioso agora são outras, os recursos mais valiosos agora são mais escassos e os desafios de puzzle estão ainda mais inventivos e complexos.

Como já se tornou de conhecimento público o mundo gigante de Hyrule ganhou ainda proporções maiores: Além da área plana do mapa principal temos várias ilhas no céu em arquipélagos de áreas flutuantes deslumbrantes e um subterrâneo sombrio, vasto e perigoso.

Também é interessante ressaltar como a parte da “sequência direta” fez bem ao jogo, os personagens agora conhecem você pelos feitos do passado, muitas delas cresceram e envelheceram, algumas áreas do mapa foram totalmente afetadas pelo tempo, misturando sempre uma sensação de descoberta e nostalgia,  agradando a novatos e veteranos.

A história principal está muito mais cativante e envolvente, o senso de perigo é maior e o jogador deverá administrar melhor seus recursos pois o dinheiro no jogo agora é mais difícil de ser obtido, bem como os itens mais relevantes e fortes são mais difíceis de se encontrar, tudo gira em torno do risco e recompensa.

E não faltam lugares para se aventurar em busca de recursos no jogo, que conta com um sistema de poços, cavernas, os já conhecidos templos (shrines) que estão em maior quantidade e muito mais criativos e desafiadores, e vários fenômenos que acometem o mundo e mudam o mapa e como você se relaciona com as personagens e inimigos a medida que resolve tais situações.

É absurdo como se montou um verdadeiro playground que ultrapassa em praticamente tudo do seu aclamado antecessor, e como, ao mesmo tempo, o tamanho do mapa parece ter sido milimetricamente pensado em todas as possibilidades dadas ao jogador (e não são poucas).

Como agora Link pode montar objetos, fundir armas, nadar através de tetos e fazer o tempo voltar em determinados objetos (tudo isso já entregue ao jogador na área tutorial do jogo) as possibilidades de resolver os problemas apresentados são inúmeras e a internet tem feito a festa diante de tanta liberdade.

Muito embora não tenham afetado a experiência final do jogo é necessário apontar que nem tudo são flores, ainda há alguns problemas de performance em decorrência do hardware do console da Nintendo e o jogo poderia atingir muito mais pessoas se tivesse a opção de linguagem em português pois há muita história e diálogos interessantes no jogo.

Mesmo com esses problemas a experiência se sustenta, e mostra um dos mais competentes trabalhos já feitos na história do game, Hyrule nunca esteve tão convidativa e intimidadora ao mesmo tempo, o jogador nunca foi tão livre e a história finalmente alcança o patamar de muitas obras anteriores da franquia, não ficando mais de lado em decorrência do mundo aberto, tudo é orgânico e fluido e sem dúvida alguma trata-se de uma das melhores experiências oferecidas pelo mundo dos games.

Superar The Legend of Zelda: Breath of the Wild desde o seu lançamento em 2017 parecia algo intangível, tão absurdo que boa parte da crítica e do público nem exigia tal feito de outros jogos, por parecer, muitas vezes, uma tarefa injusta (e um tanto um quanto impossível)

Não por acaso a tarefa foi passada ao seu sucessor direito, The Legend of Zelda: Tears of the Kindgom que cumpriu com maestria o peso do lado que carrega e as expectativas altíssimas criadas em torno de si.

Se há 6 anos Breath of The Wild reinventou a roda, revolucionando a maneira de se jogar mundos abertos, Tears of the Kingdom poliu a roda e a banhou em ouro maciço.

Nota 5/5 (Diamante)

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Sobre o Autor

Luiz Cláudio Chaves Andrade

Advogado durante o horário comercial, gamer apaixonado nas demais horas do dia e invisível durante os finais de semana.

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