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Resenha | Peek a Boo – A Masmorra dos Coalas

Foi um dia duro. O trabalho tinha me consumido, final de mês, metas apertadas, clientes que ainda não tinham recebido seus produtos e um trânsito infernal. Chego em casa exaurido. Cansado. Em frangalhos. Ao desabar no sofá, troco meia dúzia de brincadeiras com minha filha de 1 ano, mas com a cabeça ainda a mil. Eis que minha esposa diz: “isso chegou para você pelo correio”, peguei o pacote e vi no remetente o nome do meu amigo Felipe Castilho da Editora Plot! o novo selo de quadrinhos da Alto Astral. Já falamos dela aqui na Torre de Vigilância. Abro o pacote e puxo Peek a Boo – A Masmorra dos Coalas. Tomo um banho e parto para a leitura. Melhor coisa do dia.

Ilustrado e idealizado pela quadrinista Psonha e com a contribuição de Thiago Ossostortos nos diálogos, logo conhecemos a carismática Mambay e sua fiel companheira Cassandra, a sua gata de estimação, que são praticamente “arrancadas” de casa para ir acampar com os pais sem noção. Uma vez no meio do mato, sem telefones, computadores e WI-FI a menina se perde e conhece Apolônio, um simpático vampiro que deixou de chupar sangue para se tornar um peixetariano. Então a dupla se mete em uma aventura com direito a coalas, garotinhos com chapéus de Napoleão, cogumelos pigmeus zumbis, vampiros obcecados por karaokê e um morcego que se chama Bruce. [Cole aqui o meme de referência do Capitão América].

Parece ser bem louco né? E pode ter certeza amado leitor, é bem louco. E é leve. Gostoso de ler. Um refresco para a mente (no caso da minha que estava cansada), e um bom recreio entre um quadrinho de super-heróis e outro. Apesar de ser uma loucura, não pesa a leitura e o teor meio que “descompromissado” ajuda no desenrolar da trama. A salada de cores que passa por azul, roxo, magenta, vermelho e um tom de verde para nos lembrar da floresta é bem aprazível aos olhos, ajudando na melhor concepção da história.

Em termo de história, Psonha usou e abusou de “viagens na maionese”. Em algum momento parece que estamos lendo/assistindo um episodio de A Hora da Aventura ou então Apenas um Show. Mas diferente de alguns casos, os absurdos apresentados durante a aventura de Mambay e Apolônio, não são forçados, eles simplesmente acontecem por que ali, naquela floresta, tinha que acontecer. Apesar de ser uma trama até que meio óbvia, são esses absurdos que ditam a batida da história. E eles funcionam muito bem.  E não se engane achando que o teor infantil é forte, longe disso, Peek a Boo agrada para todas as idades.

Os personagens são bem construídos. Impossível não olhar para a Mambay e não pensar em a criançada de hoje em dia, que vivem mais enfurnados nas tecnologias e acabam não sabendo muito sobre o mundo ao redor deles. Coisas simples como ver uma árvore dançando ao vento, estrelas e lua iluminando a noite, ou se socializarem pessoalmente com outras crianças. Coisas que estão ficando para trás. Saber lidar com outras pessoas, acreditando nelas de olhos fechados, é a maior lição de Peek a Boo. Mambay e Apolônio, cada um tem sua confusão pessoal com a sua família, e se completam e funcionam muito bem e o final fica o gostinho de quero mais.

Peek a Boo – A Masmorra dos Coalas é o cartão de visita da Editora Plot! e que belo começo. A edição tem o acabamento muito bonito, capa dura e algumas páginas mostram os primeiros esboços da produção. A Plot! chegou e mostrou que quer ficar no mercado cada vez mais concorrido dos quadrinhos nacionais. O próximo lançamento, que está acontecendo na Bienal do Livro do Rio, é Kombi 95 de Thiago Ossostortos. Que vai seguir o padrão de Peek a Boo, é sucesso garantido.

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Wasteland Scumfucks é o próximo lançamento da Editora Veneta

Trabalho em andamento desde 2015 criado por Yuri Moraes, Wasteland Scumfucks: Terra do Demônio chegará em breve às livrarias pela Editora Veneta, e já encontra-se em pré-venda na Amazon. Confira abaixo  do que se trata este surtado quadrinho nacional!

Wasteland Scumfucks é como O Senhor dos Anéis, só que os heróis são violentos assassinos canibais. Um pouco mais violento talvez que Game of Thrones, mas com personagens muito fofos. O protagonista é inspirado em G. G. Allin, o legendário punk rocker norte-americano famoso por comer as próprias fezes e praticar automutilação durante os shows, e também por agredir a plateia ao ponto de ter saído de alguns shows direto para a cadeia.

Na saga criada por Yuri de Moraes, GG é um jovem ex-escravo que escapou de um terrível campo de trabalhos forçados, roubou o bastão mágico de uma gangue de elfos malvados e tenta sobreviver em um deserto (conhecido como Terra do Demônio) acompanhado de seus amigos: um robô chamado Z e uma elfa chamada Sérgio.

Yuri Moraes lançou em 2011 a graphic novel Garoto Mickey, uma história de 210 páginas sobre infância, amadurecimento e outras loucuras. A série começou a ser publicada como webcomic e posteriormente foi lançada impressa.

Wasteland Scumfucks: Terra do Demônio possui 112 páginas encadernadas em formato 14 x 21 cm, e o preço de capa sugerido é R$ 49,90. Garanta sua edição com 25% de desconto na pré-venda da Amazon clicando aqui.

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Estudante de Medicina | Quadrinho nacional de qualidade

A Editora Veneta vem publicando há algum tempo quadrinhos autorais e alternativos, produzidos por artistas brasileiros, que são obras de excelente qualidade e podem dar aquela curva acentuada para quem quer sair um pouco do esquema super-heróis e/ou criaturas fantásticas.

Um desses quadrinhos é o elogiado Estudante de Medicina, primeiro álbum da Cynthia B., onde ela conta a sua trajetória de sete anos na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), uma das mais tradicionais e concorrida faculdades do Brasil. E suas desventuras durante esse período estão na história.

Cynthia é hoje uma das principais figuras femininas dos quadrinhos brasileiros. Já publicou tiras na Folha de S. Paulo, na revista Piauí e criou fanzines como Golden Shower e Pintinho. Na HQ ela mostra que como qualquer outro estudante está empolgada para as aulas começarem, mas logo percebe que não é bem assim que funciona, e que a faculdade, mesmo sendo brasileira, segue a tradicional ideologia de filmes americanos, de festas e bebedeiras no final de semana. Algo que nem sempre é uma boa ideia.

Lidar com uma nova realidade, novas responsabilidades, amizades, relacionamento com a mãe e novos hábitos não tão saudáveis assim, não é algo tão fácil. E deixar seus medos de lado e ignorá-los pode se tornar uma bola de neve no futuro.

Estudante de Medicina toca em diversos assuntos de uma fora sincera e sem muitos rodeios, como o aborto, sexo casual, bebedeiras, festas e dilemas existenciais. Cynthia B. não deixa de expor o que pensa, mas tudo de uma forma franca e bem-humorada. Ele tem cenas estranhas, que fazem rir de algo que pode acontecer no nosso cotidiano e ainda traz informações didáticas. É um álbum totalmente indicado para quem gosta de quadrinhos.

Estudante de Medicina, tem 176 páginas todas em preto e branco, encadernadas com acabamento brochura em formato 17 x 24 cm, e foi lançado simultaneamente no Brasil e na França. Você pode adquirir seu exemplar clicando no banner abaixo.

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SESI-SP Editora lança Jardim Atlântico do artista Flávio Capi

Dando sequência a seus lançamentos da área de quadrinhos a SESI-SP Editora, que há pouco tempo lançou a primeira HQ do mundo, Monsieur Jabot, está lançando o álbum Jardim Atlântico do artista Flávio Capi, um “cine-livro” situado no futuro que foi publicado com apoio da editora.

“Ano de 2082. Meu nome é Jardim Atlântico. Sou um pequeno espaço de preservação ecocultural em uma área litorânea ultra-urbana e vivo constrangido entre grandes construções. Em meu ambiente crianças se perdem voluntariamente em busca de aventura, outras passam a tarde com brinquedos antigos, jovens mergulham atrás do peixe magnético e famílias desconhecidas transformam suas diferenças em amizade. Ao final de cada dia os portões se fecham e um funcionário me observa com saudade. Saudade de um mundo que já foi, quando seus antepassados viviam da pesca e do artesanato. Estas histórias, contadas no formato cine-livro, possuem várias camadas de entendimento. A harmonia das cores retrata uma supernatureza e a ação está implícita no silêncio da ausência de palavras.”

Flávio Capi se surpreendeu na infância quando marcando centenas de pontinhos numa folha de papel criou algo que parecia com uma superfície. De lá pra cá essa paisagem virtual vem se desenvolvendo em paralelo com sua realidade de professor, pai e profissional do desenho. Ilustrou os livros “Cadeira de Balanço”, de Vanessa Campos Rocha (Editora Hedra, prêmio PNBE 2009), “A Botija”, de Clotilde Tavarez (Editora 34, prêmio PNBE 2010) e “O Menino que Perdia as Palavras”, de Laércio Furquim, (Editora Bamboozinho, selecionado pelo Governo de Minas Gerais em programa de distribuição gratuita). É autor da narrativa visual “Melhor Amigo” em parceria com Gabi Mariano (Editora 34) e agora desse “cine-livro” Jardim Atlântico que tem o prazer de publicar com o apoio de SESI-SP Editora.

Esta não é a primeira empreitada da editora com produtos nacionais. Além de publicar diversas séries europeias (Gus, Valentine, Verões Felizes, Spirou e tendo anunciado recentemente Valérian e Blacksad), a editora aposta no mercado de quadrinhos brasileiros desde o início do selo SESI-SP Quadrinhos. A primeira publicação da editora, Quantoon, foi feita em parceria com a Quanta Academia de Artes e deu o pontapé para outras elogiadas histórias, como Daruma (do famoso artista Orlandeli), Paraíba (de Gabriel Mourão e Olavo Costa) e Púrpura (de Pedro Cirne e Mário César).

Para maiores informações visite o site da SESI-SP Editora clicando aqui.

Jardim Atlântico possui 168 páginas encadernadas em capa brochura no formato 29 x 21 cm e preço de capa sugerido R$ 47,00. Já está disponível para compra na Amazon.

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Super Ego | Psicologia no mundo dos super heróis

Há algum tempo em meio à postagens do Facebook, passou pela minha linha do tempo uma do Caio Oliveira a respeito do seu novo projeto no Catarse, Super Ego. Após ler a sinopse logo pensei: “Caraca, que genial esse conceito, um psicólogo de heróis!“. Com um hype danado e sabendo do talento do Caio, já que tinha lido seus outros gibis publicados, apoiei sem pensar duas vezes e enfim o gibi tinha chegado. Depois que li, não veio outra ideia, precisava falar sobre ele com vocês, e aqui estamos nós, vamos lá?!

Imagem promocional do Gibi, referenciando a frase clássica dita quando o Superman  aparece.
Imagem promocional do Gibi, referenciando a frase clássica dita quando o Superman
aparece.

Super Ego não é apenas mais uma história comum sobre heróis e vilões, punhos, força bruta e ação. Apesar de ter todos esses elementos, que estão sempre presentes nos gibis de heróis, o título focaliza no lado B das histórias em quadrinhos, no que acontece por trás das câmeras. Você já parou pra pensar o que se passa na cabeça deles quando não estão por aí combatendo o crime? Ou como conseguem conciliar sua vida social com a vida de herói? Pois é exatamente isso que é evidenciado dentro do título.

Apesar de parecerem indestrutíveis por fora, a mente é algo que deixa os heróis muito vulneráveis, e para um trabalho que um psicoterapeuta comum não daria conta, surge nada menos que um super psicoterapeuta, o Super Dr. Ego.

Página em preto e branco mostrando uma consulta com o DR Ego.
Página em preto e branco mostrando uma consulta com o DR Ego.

Com um desenvolvimento genial do personagem principal, envolvendo muitos plot twists até o final da trama (Claro que não vou falar o que acontece, já que isso tiraria a graça da surpresa ao ler o gibi), Super Ego trás diversas referências e elementos do restante da cultura Pop, elementos estes que são principalmente encontrados nos próprios super heróis encontrados na história, que são uma espécie de mistura dos heróis das gigantes MARVEL e DC, como Superman, Mulher Maravilha, Homem de Ferro, Arqueiro Verde, etc.

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Seguindo a linha de humor inteligente (característica marcante do autor), uma das coisas que mais agradam dentro da HQ são os fatores cotidianos misturados aos da ficção, como por exemplo o ser mais forte da terra ser um garoto magro e franzino, pois nunca teve que fazer esforço algum para levantar objetos, tendo como consequência não desenvolver músculos ou um corpo atlético, como é comum dentro do universo dos Super seres.

Um dos maiores talentos do Caio é o seu lado irônico e a capacidade de expor heróis super poderosos a situações ridículas, dando um tom de humor a qualquer tipo de quadro possível, e é claro que isso também não poderia faltar dentro dessa obra.

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Capa do voulme, ao lado de duas de suas obras, Alan Moore: O mago Supremo, e All Hipster Marvel.

Outro fator super importante, é a construção de todos os personagens criados para a história, mostrando até, após a leitura, fichas técnicas de cada um, com notas do próprio Dr. Ego que ajudam a descrever como é a mente deles.

Super Ego
Caio Oliveira segurando o encadernado.

Super Ego consegue te divertir do início ao fim, uma excelente leitura e super relaxante, e o melhor de tudo é que é NACIONAL!

Aproveito para fazer um apelo para todos os leitores de quadrinhos. Vamos valorizar nossos quadrinistas, coloristas, roteiristas e os demais artistas que vivem no nosso país, existe uma multidão de gente com bastante talento espalhado por aí, só precisam achar o público certo, vai que eles conseguem ganhar um lugar especial na sua estante?!

Super Ego é escrito e ilustrado por Caio Oliveira, colorido por Lucas Marangon, tem capa de Glenn Fabry, edição de Bernardo Aurélio e Mike Kennedy, design de Deron Bennett e teve 255 apoiadores no Catarse.