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Panini lança os encadernados Marvel 1602, Elektra Vive e Guardiões da Galáxia

A Panini Lançou nesse final de ano alguns encadernados da Marvel Comics para todos os tipos de público. Para os leitores mais antigos e saudosistas, temos Elektra Vive de Frank Miller. Para os leitores mais recentes, tem Guardiões da Galáxia em dose dupla: A Queda e O Julgamento de Jean Grey. E para os que gostam de outras realidades e algo mais “cabeça”, foi lançado Marvel 1602 de Neil Gaiman.

Elektra Vive

Lançado originalmente em 1990 nos Estados Unidos, Elektra Vive conta a história da sua ressurreição pelo clã ninja Tentáculo. A HQ é uma das obras primas de Frank Miller com a ninja que ele mesmo criou para as páginas de Demolidor no inicio dos anos 80. É a primeira vez que a HQ ganha uma reedição no Brasil desde 1991, quando foi publicada pela Editora Abril em Graphic Album #6.

Elektra Vive tem formato 24,5 x 31,5 cm, 80 páginas e capa dura


Guardiões da Galáxia: A Queda

O Senhor das Estrelas está desaparecido e toda a galáxia está caçando o que sobrou da equipe dos Guardiões da Galáxia. Então o time faz novas adições com Venom e a Capitã Marvel para ajudar a superar essa fase dificil. É da fase elogiada de Brian Michael Bendis.

Guardiões da Galáxia: A Queda tem formato 26 x 17 cm, 128 páginas e capa dura.

 


Guardiões da Galáxia: O Julgamento de Jean Grey

Quando os X-Men originais chegaram do passado e se instalaram no presente, todo o Universo Marvel ficou em polvorosa. Mas até, então só tínhamos presenciado as reações no planeta Terra. O problema é quando o Império Shiar descobre que Jean Grey, a hospedeira da entidade Fênix, está viva. Eles então resolvem julgá-la pelos crimes e mortes da entidade cósmica. Sem se importar que essa versão da Jean, nunca entrou em contato com a Fênix. Então, os Mutantes se aliam aos Guardiões para resgatarem Jean.

Guardiões da Galáxia: O Julgamento de Jean Grey tem formato 17 x 26 cm, 136 páginas e capa dura.

 


Marvel 1602

Neil Gaiman apresenta uma versão diferente do Universo Marvel ambientada há 400 anos. Enquanto as intrigas minam a corte da Rainha Elizabeth I, os principais personagens da Casa das Ideias buscam resolver o mistério por trás de sua própria existência. Nick Fury é o chefe da inteligência britânica, Doutor Estranho é o médico da rainha, Peter Parker é o assistente de Fury, o Demolidor é um menestrel cego que conta canções sobre um grupo de navegadores que adquiriram poderes especiais chamado de Os Quatro do Fantásticko. Capitão America, Homem de Ferro, X-Men e outros personagens também participam. Os desenhos são de Andy Kubert.

Marvel 1602 tem formato 15,5 x 27,5 cm, 248 páginas e capa dura.

Fique ligado na Torre de Vigilância para mais notícias e lançamentos

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Superman: Year One | John Romita Jr. fala sobre a graphic novel de Frank Miller

Durante a Boston Comic Con que aconteceu no último final de semana, o desenhista John Romita Jr. falou um pouco mais sobre Superman: Year One. A HQ de Frank Miller que vai mostrar os primeiros anos do Homem de Aço.

“Eu vi algumas reações online, ’meu Deus, de novo uma origem do Superman’, mas na verdade não se trata exatamente de uma nova versão da origem. É sobre o pós-origem, depois que ele chega na Terra, o que acontece, mas precisamente na época entre a aterrissagem e o momento em que ele descobre quem é”, disse Romita. “Ele só pensa que é alguém especial, e não aparece de uniforme até o fim. É parecida com a do Demolidor: Homem Sem Medo da década de 90. O período que antecede o herói vestindo seu uniforme pela primeira vez.”

Segundo o desenhista, a HQ vai ser mesmo extensa, terá 100 páginas, mas pode chegar até 200. E vai ter diversos coadjuvantes nela. “Teremos mais de um milhão de personagens”, completou o Romita.

Superman: Year One ainda não tem data de lançamento confirmada. Saiba mais sobre a graphic novel AQUI.

 

 

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“De Volta ao Lar fez eu me sentir uma criança novamente” diz Frank Miller

Frank Miller, a mente por trás de O Cavaleiro das Trevas, Sin City Demolidor, deu uma entrevista ao site Deadline falando o que achou dos filmes Homem-Aranha: De Volta ao Lar Mulher-Maravilha.

”É muito interessante. Eu achei Mulher-Maravilha a joia da coroa dos filmes de super heróis, sendo um longa metragem estimulante e impressionante, mas, Homem-Aranha: De Volta ao Lar me fez sentir uma criança novamente. Eles tiraram a sorte grande ao escalar um ator super novo para o papel. Este foi muito mais divertido em relação aos seus antecessores, incluindo a trilha sonora. Essa tem sido uma grande era para os filmes de heróis, fico feliz em ver os estúdios ‘voltando atrás’ , trazendo novamente alegria ao gênero” Declarou o quadrinista ao site.

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Homem-Aranha: De Volta ao Lar e Mulher-Maravilha já estão em cartaz em todos os cinemas brasileiros. O próximo projeto realizado por Frank Miller será Superman: Ano Um em parceria com o desenhista  John Romita Jr (para mais informações, clique aqui).

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Frank Miller e John Romita Jr. anunciam Superman: Ano Um

Durante o painel DC Master Class na San Diego Comic-Con 2017, o famoso e atualmente controverso roteirista/artista Frank Miller apareceu de surpresa para anunciar que se juntará mais uma vez ao artista John Romita Jr. para produzir uma história. Trata-se de Superman: Ano Um.

Tem a ver com revisitar a origem de um certo personagem da DC Comics“, disse Miller. “Tem a ver com revisitar um certo personagem que usa óculos na sua identidade civil.

Em entrevista, Miller comentou que vê nesta história a oportunidade de criar sua “marca significativa” em um dos personagens mais ricos da ficção, pois já explorou em O Cavaleiro das Trevas basicamente todos os personagens relevantes do universo DC. O autor também comentou que a origem será abordada a partir do momento que Jonathan Kent descobre o pequeno Kal-El, quando sua nave caiu na Terra.

Durante a New York Comic-Con do ano passado, Frank Miller já havia comentado que tinha planos de escrever uma história definitiva para o Superman, explorando principalmente a origem judaica do personagem. Já na CCXP – Comic-Con Experience 2016, o escritor falou mais sobre essa ideia e ainda incluiu a Mulher-Maravilha e o Bruce Wayne como participantes da história.

Miller é a mente criativa por trás de clássicos como Batman: Ano Um, O Cavaleiro das Trevas, Sin City e Os 300 de Esparta, além de ter redefinido o Demolidor durante sua longa fase no personagem, e com a origem O Homem Sem Medo. Esta origem do Demolidor foi criada em parceria com John Romita Jr., que há alguns anos trabalha para a DC Comics (com Superman, Batman e outras séries), e durante muitos anos foi um dos principais artistas da Marvel, tendo ilustrado histórias do Homem-Aranha, Capitão América e muitos outros.

Não foi divulgada a trama completa nem a data de lançamento de Superman: Year One. A única coisa confirmada, além da equipe criativa, é que a graphic novel terá 100 páginas.

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Cavaleiro das Trevas | O Batman definitivo de Frank Miller

Para muitos, Batman: O Cavaleiro das Trevas se trata de uma simples história sobre um duelo entre os dois maiores ícones da DC Comics. E se eu te disser que não? E se eu te disser que ela vai muito além disso?

“Eu quero que você se lembre, Clark, em todos os anos que estão por vir, em seus momentos mais íntimos, eu quero que você se lembre da minha mão na sua garganta, eu quero que você se lembre do único homem que te derrotou.”

Vindo de uma família pobre de operários irlandeses, Frank Miller se mudou para o violento bairro de Hell’s Kitchen em Nova York ainda em sua adolescência, para tentar a vida como artista. No início, Miller trabalhou em títulos genéricos na Gold Key Comics. Até que, em 1979 teve a chance de mostrar seu talento a Jim Shooter, na época editor-chefe da Marvel Comics. Em pouco tempo, assumiu o título do Demolidor, que vinha de uma constante queda nas vendas, mas isso a gente deixa pra outro dia.

O jovem Frank Miller na San Diego Comic Con (direita) em 1982 e sua estreia no título do Demolidor na edição 158 de 1979

Em Batman: O Cavaleiro das TrevasFrank Miller consagrou o Batman que conhecemos hoje. Psicótico, violento e sombrio, características que já estavam sendo apresentadas alguns anos antes por Denny O’NeilNeal Adams na década de 70. Policiais não eram mais os mocinhos e você não podia confiar em seus pais, o morcego entrava na Era Moderna dos quadrinhos, onde o mundo não era mais o mesmo, e todos eram passíveis de corrupção.

Batman #244 (O Demônio vive outra vez) escrita por Denny O’Neil e desenhada por Neal Adams, já retratava um Batman mais adulto e sombrio.

Antes de tudo, é preciso entender o contexto e a época em que a história é baseada. O ano era 1986, a Era do novo conservadorismo de Ronald Reagan nos Estados Unidos e a tensão nuclear da Guerra Fria regiam o mundo. Era uma época sombria de incertezas. A energia nuclear poderia ser a nossa salvação ou nossa destruição. Muitos heróis e vilões criados durante o início dos anos 60 receberam seus poderes advindos da radiação.

Bruce Banner ganha seus poderes através da radiação gama em Hulk #1. A radiação era o assunto nos quadrinhos durante a Guerra Fria.

Desemprego, violência, inflação, decadência… eram coisas que incomodavam a mente tempestuosa de Miller na época.

Na história, ambientada em um futuro distópico e autoritário, Bruce Wayne está aposentado há 10 anos de suas atividades como vigilante, após a trágica morte de seu parceiro, Robin (Jason Todd) e de diversas pressões governamentais, que tornara qualquer atividade de mascarados ilegais. O Batman não existe mais e o mundo vive em decadência, a mercê das gangues e da corrupção. Mas agora, com 55 anos, ele se vê obrigado a reviver velhos hábitos e vestir novamente o manto do protetor de Gotham:

”O momento chegou. Em seu íntimo você sabe, pois eu sou sua alma. Não há como escapar de mim. Você é frágil, você é pequeno…Você é menos que nada, uma carcaça vazia, um trapo que não pode me conter. Ardentemente eu queimo sua pele e assim brilho cada vez mais belo e feroz. Você não pode me deter, nem mesmo com o vinho ou o peso da idade! Você não tem como me deter, e mesmo assim ainda tenta, ainda foge.” Em uma de suas alucinações, vemos o morcego retomar o controle de Bruce Wayne.

Considerado um fora da lei, ele age como um agente anti-governo para proteger o povo. Para muitos, chega a ser um personagem com tendências fascistas, já que ele atua como juiz, júri e executor, passando por cima de qualquer burocracia ou legislação. O traço de Miller casa perfeitamente com a narrativa, dando um tom ”sujo” e decadente a história. Não podemos esquecer da arte-final magistral de Klaus Janson e as cores de Lynn Varley que complementam a obra e toda sua atmosfera.

Um detalhe interessante em algumas das páginas da Graphic Novel é seu formato 4×4. Uma grade de 16 quadros com textos e diálogos torna a leitura mais densa e pode assustar alguns leitores inexperientes logo de cara. A inspiração de Miller para o personagem veio de uma figura carimbada dos filmes de ação. Clint Eastwood, de Impacto Fulminante de 1983, onde o policial Harry Callahan é forçado a voltar a ativa e botar ordem na casa com sua Magnum 357. Um clássico do cinema Brucutu!

Cavaleiro das Trevas foi um marco no mercado também. Visto antes como um produto infantil, os quadrinhos ganharam notoriedade e atenção da mídia da época. O impacto da obra e o boca-a-boca fizeram com que o título tivesse 4 reimpressões seguidas, coisa que não acontecia há pelo menos 30 anos.

Entrevista de Frank Miller a badalada Revista Rolling Stone em Janeiro de 1986.

Logo na primeira parte da trama, somos apresentados ao reabilitado ex-promotor público e criminoso, Harvey Dent (Duas Caras). Através de uma cirurgia plástica, Harvey tem sua face reconstruída e aparentemente arrependido de seus crimes, deseja ser reintroduzido a sociedade. Mas se tratando de vilões do Batman, nada termina com um final feliz e Harvey acaba ressurgindo ainda pior e mais obssessivo com o número 2 e sua dualidade (bem e mal). Os diálogos poéticos de Miller trazem uma profundidade ímpar as páginas.

Fato curioso, é que percebemos que o Morcego é tão perturbado quanto os vilões que combate, e tudo que ele vê é um reflexo.

Também somos apresentados a Carrie Kelley, a carismática sidekick que, com uma fantasia caseira de Robin e inspirada pelos atos do Morcego decide fazer a diferença no mundo e lutar contra aquilo que acha errado. Essa é uma característica muito marcante de Frank Miller e seus personagens. O “American Way of Life” de fazer as coisas. Lutar por aquilo em que acredita, liberdade, direitos à vida e a busca pela felicidade. A relação paternal e hierarquica entre os dois personagens ao decorrer da trama é outro ponto alto do gibi.

Não faltam críticas ácidas às políticas brandas de punição e aos Direitos Humanos. Os diálogos televisivos mostram sempre a dualidade das opiniões em relação a violência. De um lado, a hipocrisia dos intelectuais, do outro, Lana Lang, a ‘advogada do Diabo’, defendendo os atos ilegítimos do Morcego.

Até onde vão os direitos de um criminoso? Tema muito debatido até hoje, principalmente nas Redes Sociais.

Nem a mídia escapa. Em seu prefácio, publicado aqui no Brasil na edição definitiva, Miller faz duras críticas aos meios de comunicação, e a parcialidade dos mesmos.

“O Cavaleiro das Trevas é, obviamente, uma história do Batman. Em grande parte, procurei usar a escalada da criminalidade no mundo ao meu redor para retratar um mundo que precisava de um gênio obsessivo, hercúleo e razoavelmente maníaco para por as coisas em ordem. Mas isso era apenas metade do serviço. Eu não guardei meu veneno mais poderoso pro Coringa ou pro Duas-Caras, mas para as insípidas e apelativas figuras da mídia que cobriam de forma tão pobre os gigantescos conflitos daquela época. O que essas pessoas insignificantes fariam se gigantes andassem sobre a Terra? Que tratamento elas dariam a um herói poderoso, exigente e inclemente?”

As autoridades sempre se esquivam quando questionadas sobre a escalada da violência em Gotham. Um jogo de Volleyball de responsabilidades, que passa do Presidente, ao Governador, do Prefeito ao Comissário.

O Dr. Bartholomew Wolper representa os direitos humanos. Cumpre o papel de sempre defender vilões, e sempre atribuir a culpa a terceiros e ao próprio Batman pela violência em Gotham.

Batman passa a sentir prazer na tortura que inflige aos criminosos. Miller nos faz sentir empatia por um personagem sádico e violento, ao mesmo tempo que nos apresenta adversários tão violentos quanto. Seria uma forma de justificar  os seus métodos. Fogo contra fogo.

“Foi difícil carregar 120 quilos de sociopata até o topo das Torres de Gotham… o ponto mais alto da cidade. Mas os gritos compensaram”.

Alguém está armando a Gangue Mutante em Gotham. Ao interrogar um dos membros da sádica gangue de jovens, Batman chega ao General do Exército, que se suicida ao saber que foi descoberto. Impossível não associar ao famoso escândalo Caso Irã-Contras, episódio onde os EUA facilitara a venda de armas aos Iranianos em troca de reféns estadunidenses, sequestrados pelo Hezbollah e o Exército dos Guardiões da Revolução Islâmica. Oliver North, na época membro do  Conselho de Segurança Nacional, usara o dinheiro das armas para financiar os Contras na Nicarágua em uma campanha rebelde anticomunista.

O Coronel Oliver North na capa da revista Time (esquerda) O General do exército se suicida ao ser descoberto (direita) O quadro representa a morte da moral e da ética.

Os jovens integrantes da Gangue Mutante se resumem simplemente a brutalidade. Não se importam com dinheiro, apenas chocar a sociedade.

“Mulher explode no Metrô. Imagens no noticiário às onze.” A violência nas estações de metro nos anos 80 retratada em ‘Cavaleiro das Trevas.

As gangues eram o assunto do momento, inclusive na música e no cinema.

Em seu primeiro confronto contra o Líder Mutante, Batman acaba percebendo que não é páreo para o vigor e a selvageria da juventude. Outro ponto interessante que marcou e influenciou o personagem em seus anos seguintes nos quadrinhos: a necessidade constante de sempre estar se testando diante de inimigos mais fortes.

A juventude em Cavaleiro das Trevas é retratada como uma massa sem direção, a procura de um líder. Ela clama por um líder. Um tópico bem atual hoje em dia também. Isso é exemplificado na épica luta contra os Mutantes, onde, após humilhar o Líder Mutante em uma poça de lama, ganha a liderança dos jovens, sedentos por brutalidade.

“Isso não é uma poça de lama! É uma mesa de operação, e eu sou o cirurgião!”

O Líder Mutante é humilhado na frente de todos os seus soldados, brutalmente espancado. Uma vitória moral.

Os Mutantes agora não existem mais e têm um novo líder.

”Gotham City pertence ao Batman!” Os Mutantes foram extintos. Os remanescentes da antiga gangue foram presos, e a maioria se juntou a nova gangue: Os Filhos do Batman.

Ainda falando de vilões, Brüno, uma vilã com suásticas nazistas tatuadas nos seios e glúteos, aterroriza Gotham a serviço do Coringa.

Brüno teve seu visual inspirado em um vilão de sucesso da época: Ivan Drago de Rocky IV (1985).

A volta de Batman a ativa trouxe não só os holofotes da mídia para si, mas também de um antigo inimigo: O Coringa, há 10 anos no Asilo Arkham sem um objetivo, agora desperto, planeja uma aparição na TV junto ao seu médico, o Dr. Bartholomew Wolper.

O Coringa planeja algo grande para sua aparição na TV.

The David Endochrine Show vs Late Show With David Letterman: uma paródia ao icônico apresentador, responsável por difundir formatos de Talk Shows.

O Palhaço do Crime está no ápice de sua insanidade. Mata todos no estúdio, centenas de pessoas inocentes. Agora, ele quer que o Batman o cace, como um jogo de gato e rato, como nos velhos tempos. Mas agora é diferente. O morcego se sente responsável por todas aquelas vidas ceifadas. Decidido de vez a acabar com o Coringa, parte com tudo pra cima do Palhaço. Desta vez não haverá prisioneiros.

Carrie Kelley fica chocada com a pilha de mortos deixada pelo Coringa na Feira da Amizade. Pelo menos 16 escoteiros.

“Pretendo contar os mortos, um a um. Vou pôr todos na lista, Coringa. A lista das pessoas que eu assassinei, por ter deixado você viver[…] Consegue ver, Coringa? Eu sinto como estivesse escrito em meu rosto. Passei noites em claro planejando, visualizando a cena. Noites sem fim. Considerando todos os métodos possíveis, saboreando cada momento imaginário. Desde o começo eu sabia, que não há nada errado em você que eu não possa resolver com minhas mãos.”

A luta contra o Coringa é sangrenta e implacável. Ela se estende por toda a Feira, passando pela casa de espelhos até ter seu desfecho no Túnel do Amor. Miller não poderia ter escolhido lugar melhor para terminar. No último instante, a moral do Morcego prevalece.

“Vozes me chamando de assassino. Eu gostaria de ser.”

Ele desiste da ideia de matar o Coringa, mas o aleija, deixando o vilão paralítico do pescoço pra baixo e um pouco decepcionado.

“Eu estou desapontado com você, querido. O momento era tão perfeito, e você não teve coragem. Uma pressãozinha a mais e eu teria…”

Em um último ato de vilania, ele termina de quebrar o próprio pescoço. Este é o fim do Palhaço do Crime. Batman agora precisa fugir da polícia o quanto antes, mas não sem antes de um último adeus. Digno.

Na útlima parte, temos a cereja do bolo, ou pelo menos o momento mais lembrado pelos fãs. Batman x Superman.

Mesmo impedindo a bomba nuclear, o Superman não consegue impedir o blackout total, gerado pelo pulso eletromagnético da explosão. Antes, sufocando pelo calor angustiante, agora a cidade perece com a ausência de energia elétrica e luz solar, esta última bloqueada pela fuligem das cinzas da bomba. Pessoas estão morrendo de frio e de fome, o caos é instaurado e o sentimento de egoísmo toma conta dos corações dos cidadãos de Gotham, que querem a qualquer custo sobreviver. Mesmo que para isso tenham que matar seus vizinhos.

“Não existe desculpa pro que fizemos. Não estávamos loucos. Simplesmente viramos um bando de animais egoístas”.

Batman e sua nova Gangue, os Filhos do Batman, botam ordem ao caos, não só combatendo aqueles que se negam a ajudar, mas inspirando os cidadãos a despertar o seu bom senso. Dentre todas as cidades afundadas em desordem e desespero, Gotham é a única que consegue se manter no controle.

“Hoje nós somos a lei. Hoje, eu sou a lei”.

Isso enfurece o presidente, que agora com a opinião publica contra suas políticas, aciona o Superman para dar cabo, de uma vez por todas no Vigilante de Gotham. Presidente este que atua diante as câmeras, um falso otimismo em meio ao pânico nacional. Uma alfinetada de Miller ao presidente Ronald Reagan, que foi ator em sua juventude.

“Nada que não possamos resolver, pessoal. Nós ainda somos a América e eu ainda sou o presidente.”

É interessante frisar que este Superman submisso ao presidente não é o mesmo Superman que estamos acostumados. Há sempre aquele papo de “Frank Miller descaracterizou o meu Superman”. É bom lembrar que este universo é pertencente a Terra-31. Essa é a beleza do Multiverso da DC Comics e as variadas versões de seus personagens. Voltando…

A luta contra o Escoteiro é curta e épica. Contando com apenas meia dúzia de páginas, cheia de simbolismos, e com diálogos magistrais e poéticos, nos apresenta uma analogia do Povo contra o Estado. Um Estado este ausente e omisso, que não garante nem protege nenhum dos direitos básicos, e manipula a opinião pública a seu favor. Todos falharam, é a nossa vez de tentar.

”Naquele momento víamos o fogo do Liberalismo acabar com a época calma e conservadora dos anos 80.”

-Mark Waid

A surra no Azulão dói. Mas não é uma dor física. O Superman toma uma surra moral, um choque de realidade.

“Você traiu a todos nós, Clark. Deu a eles o poder que devia ter sido nosso!”

Um ataque cardíaco coloca fim a luta. O Batman está morto, ou quase isso. Depois de forjar a própria morte,  e com um exército secreto no subterrâneo, o Morcego é um fantasma, que agirá pelas sombras secretamente onde o Estado falhar, para proteger e guiar a população. Fascista para alguns, herói para outros, o Batman de Frank Miller sempre vai dividir opiniões nos campos ideológicos.

Em 2012 e 2013, Batman: O Cavaleiro das Trevas ganhou uma adaptação animada. Não tem todo o background dos quadrinhos, mas mesmo assim é um ótimo entretenimento.

Em 2015 foi lançado um prequel da história, The Dark Knight Returns: The Last Crusade. Confira nossa crítica aqui.

Resumir Batman: O Cavaleiro das Trevas a uma simples porradaria entre Batman e Superman ou ao “Roteirismo” deveria ser um crime. Ela é muito mais que isso. É uma história atemporal, de relevância histórica, com uma narrativa desafiadora que até hoje influencia os autores e personagens de quadrinhos. É, sem dúvidas, um material indispensável em qualquer coleção e independente de qualquer orientação política.

“A good life. Good enough.”

Minha tattoo.

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Cavaleiro das Trevas III | Confira a prévia da última edição

A DC Comics divulgou a prévia do último capitulo de Cavaleiro das Trevas III – A Raça Superior, a edição Nº 9 encerra a terceira investida no universo criado por Frank Miller. A HQ hega nas Comics Shops americanas nesse final de semana.

Confira a prévia e as capas variantes na galeria abaixo, um recado para quem não leu ainda as edições anteriores, as páginas contém spoilers:

 

Cavaleiro das Trevas III – A Raça Superior, uma parceria de Miller com Brian Azzarello, começou a ser publicada em 2015 mensalmente. Logo após passou para bimestral. Os atrasos, infelizmente, atrapalharam o “pique” da minissérie, e também (sem querer) o inicio da fase Renascimento, fizeram o parte público perder o interesse na boa minissérie. Na trama, Batman e Superman são obrigados a lutarem lado a lado, após uma invasão de Kandorianos ao planeta Terra.

Aqui no Brasil, Cavaleiro das Trevas III é publicada pela Editora Panini e se encontra na edição Nº 7.

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Frank Miller planeja voltar com Sin City

Frank Miller e Brian Azzarello, equipe criativa de Cavaleiro das Trevas: A Raça Superior, participaram de um painel da Chicago C2 E2, evento de quadrinhos nos EUA, e conversaram sobre diversas coisas, incluindo futuro projetos. Miller revelou que tem planos para dois projetos com a franquia Sin Ciy, só que agora situados no passado.

Enquanto eu estiver na ativa,  Sin City não vai acabar. Esse é o meu pilar. Eu tenho o próximo planejado. Espere para voltar no tempo no próximo … Eu tenho os próximos dois Sin City planejados, e ambos estão situados no passado. Um ocorre em meados do século 20, e o outro ocorre várias centenas de anos antes disso.”  – disse Miller.

Miller ainda foi perguntado se um de seus projetos envolvia a origem de Jackie Boy, ou algo relacionado a isso. Ele prontamente respondeu que não.

Não. O Jackie Boy já foi feito, acho que vimos muito dele, e ele está tão morto quanto você consegue imaginar.” – Completou Miller. 

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Jackie Boy no quadrinhos e no cinema

Por enquanto, o retorno de Frank Miller à Sin City ainda é um projeto do quadrinista, mas fique atento para mais informações.

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Cavaleiro das Trevas 3 | Confira as capas da última edição

A DC Comics divulgou três capas variantes de Cavaleiro das Trevas III – Raça Superior #9. A edição fecha a minissérie de Frank Miller e Brian Azzarello. Os desenhos são dos artistas Mikel Janin, Chip Kidd e Frank Quitely. Confira na galeria abaixo:

 

Na trama, os habitantes que viviam na cidade engarrafada de Kandor, conseguem a liberdade e tentam fazer da Terra seu novo reino. Cabe ao Homem Morcego, com a ajuda do Superman, tentar impedi-los.

Cavaleiro das Trevas III sofreu um bocado com atraso nas edições e na demora para o produto final chegar ao leitor. A nona edição nem existiria, mas foi um pedido de Miller e Azzarello para a editora, que foi prontamente atendido.

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CCXP 2016 | Frank Miller fala sobre Cavaleiro das Trevas III, Sin City e 300

Frank Miller e Brian Azzarello participaram de um painel hoje na CCXP – Comic Con Experience 2016. Os autores falaram sobre Cavaleiro das Trevas III: A Raça Superior e o retorno ao universo icônico dos personagens 15 anos depois. A minissérie que tem oito volumes está na quinta edição.

“Depois da chuva de Kryptonita que o Flash provocou, a Mulher-Maravilha vai começar a ganhar mais destaque. É importante lembrar que Diana e Clark tiveram um filho, e os Kryptonianos sabem disso, e esse fato trará consequências para todos” comentou Miller, que disse ainda sobre a próxima geração de heróis que surge dentro da historia. “Bruce escolheu todos os Robins, mas Carrie o escolheu, e ela é tão inteligente que impressiona a todos. Já Lara está em um momento de se encontrar. Ela precisa tomar uma decisão, e parece estar pendendo para o lado de Krypton.”

Sobre o Universo do Cavaleiro das Trevas, Azzarello falou que a mitologia da DC Comics é muito rica, sendo possível realizar inserções e derivações de histórias e arcos de personagens. Frank Miller revelou um desejo de fazer um projeto os personagens da DC Comics durante a Segunda Guerra Mundial. Algo como a Mulher-Maravilha lutando no Pacífico, o Bruce Wayne trabalhando na indústria bélica e o Batman na França.  Miller comentou mais uma vez sobre a ideia de fazer uma história do Superman combatendo os campos de concentrações Nazistas. Onde focaria em suas origens judias. A primeira vez que o autor falou sobre essa ideia para o Superman foi durante a New York Comic Con desse ano, saiba mais detalhes AQUI.

O aniversário de 30 anos da minissérie original do O Cavaleio das Trevas também foi assunto no painel. Na época em que foi publicada, ela alavancou a carreira de Frank Miller, trouxe um novo olhar sobre o Homem Morcego e mudou a indústria dos quadrinhos. Sobre a obra original, Miller falou que sente orgulho da mudança que a história fez no mercado e principalmente na sua carreira e na sua vida, apesar de que alguns editores amaram e outros simplesmente odiaram.

Sem título

Além do Cavaleiro das Trevas III, Miller ainda falou que quer voltar a trabalhar em Sin City e em 300. “Gostaria de trabalhar em alguma coisa sobre o Xerxes, tenho ideias interessantes para empregar ao Imperador Persa” ,comentou o autor.

Acompanhe a cobertura da CCXP – Comic Com Experience 2016 pelo nosso Instagram.

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Frank Miller | Roteirista quer explorar a origem judaica do Superman

Durante a New York Comic-Con, Frank Miller, deu uma entrevista ao site inverse, onde falou que está nos seus planos escrever uma história definitiva para o Superman. Miller revelou que gostaria de explorar a origem judaica do personagem. O roteirista foi confirmado  na Comic-Con Experience deste ano.

“Superman, originalmente, era um personagem que pegaria os líderes militares de lados opostos que estivessem em conflitos e os colocaria-os na mesma mesa para conversar. Ele tem uma história na Segunda Guerra Mundial, gostaria de colocá-lo lá novamente” falou Frank Miller. “O personagem precisa enfrentar suas raízes judaicas, e eu gostaria de escrever isso. Eu gostaria de vê-lo enfrentar um campo de extermínio”.

Quando cita “raízes judaicas” Miller se refere à origem do Homem de Aço. Esta discussão já é bastante antiga e muitos acreditam que essa relação exista pelos inúmeros fatos. Muito em parte dos comentários de Jerry Siegel (criador do personagem junto com Joe Shuster, ambos judeus) feitas em suas notas pessoais. Ao criar o Superman, ele aparentemente, pretendia escrever uma responda ao anti-semitismo. Chegando a comparar o personagem com Sansão. Outra referencia do judaísmo na criação, é que Kal-El escapa de  Krypton em destruição em uma pequena nave especial, o que se espelharia a fuga de Moisés do Egito ao longo do Rio Nilo. A palavra El é uma das primeiras em hebraico para se referir a Deus. Vemos esse sufixo em muitos nomes de origem hebraico que aparecem na bíblia como: Dani-el, Samu-el, Gabri-el, etc. O nome Kal-El em hebraico significa “Voz de Deus”.

Além disso, ao receber o nome “Clark Kent” e escondendo quem realmente ele é, muitos afirmam que seria uma metáfora fantástica para a perseguição dos judeus pelos nazistas que ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial. O personagem foi denunciado publicamente por Joseph Goebbels, ministro da propaganda do Terceiro Reich. A origem judaica foi se perdendo ao longo do tempo, com o herói sendo associado ao cristianismo.

Ao ser perguntado sobre o estado atual do Superman, Miller resultou a dizer que ele é muito poderoso agora. E falou que a sua versão preferida do Homem de Aço é o do desenho animado de Dave Fleischer de 1940.

Se Frank Miller realmente fizer essa história, e ela se tornar tão influente como ele fez com o Batman no Cavaleiro das Trevas em 1986, estaríamos vendo um ressurgimento para o personagem? A ideia de um Superman lidando com a realidade da Alemanha nazista e os campos de extermínio de Hitler, lembrando que o Homem de Aço teria as suas raízes judaicas sendo confrontadas na historia, soa como uma grande experiência para os leitores de quadrinhos.

A atual fase do Superman, logo depois do Rebirth da DC Comics, vem sido bem elogiada e considerada um renascimento do personagem tanto por fãs como pelos críticos. Sendo sucesso de vendas nos EUA.