Riders Republic está aqui e já adiantamos que esportes radicais são o verdadeiro sentido da vida. Além de oferecer uma proposta bem inteligente que mistura os esportes radicais com um mundo aberto repleto de localidades bem interessantes, como vários parques dos Estados Unidos, eles são apresentados como verdadeiros cartões postais.
Logo de cara o sentimento de comunidade, liberdade e diversão que Riders Republic oferece é insano. Dentro de todas as pessoas existe um sentimento de nostálgia e felicidade quando lembramos dos tempos onde corríamos, brincávamos com nosso amigos. O jogo tenta capturar esse sentimento “infantil”, que para muitos até hoje está presente, no sentindo positivo da palavra, pois muitos tem isso tão verdadeiramente cravados em sua vida que acabam optando como estilo de vida.
Todo o ambiente apresentado aqui, te permite ser uma pessoa radical, dentro de seu quarto ou de sua sala. Transformando seu espaço de vida em um playground pessoal onde você é livre para seguir suas paixões.
O que vemos aqui não é completamente diferente dos jogos de mundo aberto da Ubisoft. Você pode se sentir bastante familiarizado com Riders se ja teve a experiência de jogar Steep, o jogo de snowboard da Ubisoft. Esqui e snowboard, mountain bike e voo com Wingsuit são as modalidades que encontramos por aqui. Se alguma dessas atividades parecer desagradável, você não precisa se preocupar, porque aqui em Riders Republic raramente você terá impedimento de fazer o que você quer, você está livre para se aventurar nos parques nacionais dos EUA podendo encontrar sua própria diversão.
Isto é o que faz o jogo funcionar, sua falta de progressão linear, não há desafios obrigatórios ou requisitos de vitória que te impedem que fazer as atividades disponibilizadas.
Uma coisa que chama atenção, mas desta vez para o lado negativo, são os diálogos e NPCs. Infelizmente há momentos onde os diálogos enchem seus ouvidos, com piadas e brincadeiras que poderiam funcionar, mas que acabam sendo colocadas fora de contexto ou de hora. Além da trilha sonora que passa muito longe de ser empolgante.
Um problema raso para um jogo nesta proposta. Visto que basta você conectar (PS5 e Xbox Series X) ou abrir a aba em seu PC de algum streaming de música, colocar sua playlist preferida e curtir o jogo.
Ainda falando um pouco do mapa,a Ubisoft falou a respeito da recriação dos Parques Nacionais dos EUA, utilizando dados de GPS. A empresa recriou a geologia de cada região de maneira mais fiel possível. É sem dúvidas um espaço impressionante para se divertir o suficiente. O mapa não é apenas agradável para se passar o tempo, conforme você se move, verá outros jogadores conectados, aumentando a sensação de comunidade que falei logo antes, e poderá deslumbrar lugares muito bonitos no decorrer do percurso. Eu nunca tive a oportunidade de visitar um Parque Nacional nos Estados Unidos, então acreditando na representação feita pela Ubisoft, são espaços realmente muito bonitos.
E você pode ficar tranquilo. Se os esportes não forem suficientes para você, existem competições reais com mais de cinquenta jogadores simultâneos. E caso você não encontre alguma competição que te interesse, você pode criar a sua própria e compartilhá-la com outras pessoas. São corridas padrões, onde você precisa ultrapassar a linha de chegada primeiro, também há modos Tricks Battle que consiste em reunir uma equipe de outros jogadores para mostrar seus movimentos mais legais e enfrentar equipes adversárias.
É disponibilizado um modo carreira, com seis progressões diferentes em jogo solo ou PvP e infinitas opções de personalização, assim como opções de modo gratuito.
Posso dizer que Riders Republic não é perfeito, mas é muito divertido e atende a tudo que o jogo se propõe a realizar. A Ubisoft aprendeu muito com seus últimos lançamentos e sua construção de mundo aberto. Além de tudo isso, trazer uma base de esportes radicais me deixa confortável, muitos terão acesso a novas experiências e poderão buscar elas na realidade, de certa forma Riders Republic incentiva e dá uma nova energia para os que viveram dias terríveis nos últimos meses. Aproveite da melhor maneira possível!
Riders Republic foi lançado para PS5, Xbox Series X, PC, Xbox One e PS4 em 28 de outubro.
Riders Republic foi analisado por código fornecido pela Agência Drone para PC.
Lá pelos idos de 2017, a jovem Larissa Palmieri realizou um dos seus sonhos: publicou sua primeira história em quadrinhos, ela saiu na coletânea Space Opera em Quadrinhos, pela Editora Draco. Ela já andava pelos caminhos dos quadrinhos realizando resenhas no seu blog pessoal e na batalha de uma série de cursos de roteiros.
De lá para cá, foram publicações em editoras e dezenas de histórias importantes, como por exemplo, “Meu corpo, minhas regras” da coletânea Na Quebrada da Editora Draco, a recente adaptação em quadrinhos para Frankenstein de Mary Shelley, recentemente veio a grande notícia em que o quadrinho O Fantasma da Ópera em São Paulo, que tem desenhos de Al Stefano e edição de Daniel Esteves foi aprovado no ProAc Expresso 20/2021 e uma adaptação literária de um famoso livro infanto-juvenil, em parceria com a Fabi Marques e Mario Cau também aponta no horizonte. Ou seja, a musa dos quadrinhos nacionais está com tudo e não está prosa.
Aqui conversamos sobre processo de trabalho nos roteiros, “pitacos” em parcerias e como usar, ou tentar, as redes sociais para promover o próprio trabalho de maneira sadia dentro e/ou fora da nossa bolha. Sem mais delongas, Larissa Palmieri:
1 – O que você está lendo atualmente?
No momento em quadrinhos estou lendo “Terra da Garoa” do Rafael Calça e do Tainan Rocha, além de ter pego umas edições antigas da Revista Animal pra ler também. De livro, estou alternando entre Hellraiser do Clive Baker com o Onze Reis do meu querido amigo Tiago P. Zanetic. Mas preciso urgente terminar o Retrato de Dorian Gray do Oscar Wilde.
2 – Esse ano você lançou a adaptação de Frankenstein da Mary Shelley. Essa obra é muito mais do que uma história de monstros, como muitos consideram e pensam. Como foi trabalhar em cima de um texto tão cheio de camadas, e ainda tentar colocar as suas características nela?
Foi uma responsabilidade enorme. E coincidiu de começarmos esse trabalho junto com a pandemia, então foi um momento muito tenso da vida de todo mundo e o ritmo ficou bem bagunçado. Mas tive a oportunidade de dar um mergulho e eu acabei lendo o livro várias vezes, estudando a vida da Mary Shelley pra entender melhor os subtextos que estavam ali. Mas, de todos os desafios, acho que o maior foi tentar contar essa história de uma forma que fosse acessível para mais idades e que pudesse combinar com o traço do Pedro também. Tive que segurar um pouco meus ímpetos mais violentos de narrativa como costumo fazer sempre essas histórias e foi uma experiência interessante.
3 – Um passarinho contou que você, juntamente com o Mario Cau e a Fabi Marques estão no forno para lançar um novo trabalho. O que podemos esperar? Será que pode adiantar alguma coisa sobre?
Ah, eu acho que dá pra imaginar que é um dos trabalhos mais lindos que fiz até agora. Também posso dizer que essa adaptação literária de um famoso livro infanto-juvenil, com adaptações para série televisiva, é uma saga muito conhecida na língua inglesa, em especial no Canadá. Como autora, foi algo muito diferente de tudo o que já fiz até agora e amei demais navegar por esses estilos.
Lindo spoiler do projeto que terá cores da Fabi Marques e roteiro de Mario Cau.
4 – Já se foram um ano e tanto de pandemia. Isolamento, ficar longe de eventos e pessoas queridas. Isso mexeu com sua forma de escrever ou com as ideias de roteiros que tinha antes do isolamento iniciar?
Estou totalmente “trilili” das ideias como autora. Não consegui fazer nada autoral, do zero, desde julho do ano passado. Acho que além de um contínuo esforço para sobreviver e pagar as contas, a falta de eventos, vida social e passar muito tempo em casa meio que fez os meus estalos criativos fugissem de mim. Sou uma observadora do cotidiano e as pessoas no meu entorno sempre me inspiram demais, ao contrário das minhas paredes.
5 – O caminho para se tornar o roteirista muitas pessoas passam por etapas. Existem cursos, o network é importante e sempre estar escrevendo é essencial. Nem que seja uma ponta de ideia. Qual o melhor caminho para chegar nesse nível de competência sendo uma roteirista inteligente, talentosa, poderosa e cheirosa como você?
(RISOS) Obrigada pelo cheirosa. Bom, eu acho que a coisa mais importante de tudo isso que você citou na pergunta é sentar a bunda na cadeira e escrever e realizar – coisa que não ando fazendo por causa desses tempos tenebrosos, mas geralmente é meu modo padrão. Ainda tenho muito pra construir, é verdade, mas publiquei quase 20 histórias desde 2017 porque meti as caras mesmo. Infelizmente o medo segura o nosso ímpeto de subir os degraus e acho que na maior parte do tempo eu não tive esse sentimento apesar de ser uma pessoa muito surtada e sofrer muito com a síndrome do impostor.
Ainda tenho muitos desafios pra superar, como escrever uma história longa completamente autoral, mas sei que vou chegar lá se tiver os gatilhos certos. E acho que isso vale pra todo mundo, não parar muito pra pensar nos poréns, mas começar a escrever e ir atrás. A sua primeira história será ruim, as próximas serão piores do que as futuras. Mas tem uma frase que eu amo: antes feito que perfeito, e é assim que eu sigo com a minha vida, com o tempo vou lapidando a técnica com a prática. E tem que ter tesão por contar histórias, né?
O Fantasma da Ópera em São Paulo, que tem desenhos de Al Stefano e edição de Daniel Esteves foi aprovado no ProAc Expresso 20/2021.
6 – Você é uma roteirista que caminha entre os dois pontos: ser publicada por uma editora e também pelo fato de ser independente. Hoje temos algumas mídias que sempre serviram para divulgar e atingir o público. Mas com a mudança do Instagram, o algoritmo do Facebook caindo cada vez mais, o Youtube é caixa de surpresa e eu sempre acho que o Twitter é mais para a nossa bolha de alcance, como elevar o trabalho para mais pessoas? Um dos caminhos seria apostar nos blogs pessoais?
Eu sinceramente acho que estou ficando velha. Pois não consigo me adaptar a esse momento louco em que o vídeo para redes sociais está em primeiro lugar, é um pesadelo pensar em ficar gravando coisas pras redes sociais. Dá um trabalho enorme e irá morrer nos próximos cinco minutos. Por isso ainda amo o Twitter, as pessoas pelo menos estão lendo alguma coisa, ainda que vire uma bola de neve de caos e tretas às vezes.
Eu acho que nosso problema com formação de leitores é muito mais profundo e grave, pois competir com as redes sociais é quase uma guerra perdida, além de estarmos neste esgoto do governo atual que vai deixar uma marca profunda de desinformação e abandono. Quem conseguir se adaptar a esses tempos novos se dará muito bem, mas é um desafio e tanto para os quadrinhos, que ainda sofrem um pouco para encontrar um formato que realmente seja um sucesso em telas. Por isso, até cogito trabalhar com audiovisual de alguma forma com séries ou cinema, sem abandonar os quadrinhos, claro. O que importa é contar histórias, sempre.
7 – Como funciona o processo de criação de uma história com você? Tipo você é daquelas pessoas que chega para o desenhista e dá aquele “pitaco”? E também rola o “pitaco” vindo do outro lado?
Eu sou uma pessoa de referências meio inusitadas, como meus próprios sonhos, experiências bizarras de vida, jornalismo policial… Leio menos quadrinhos do que devia, na verdade. Estou sempre mergulhada em outras coisas, como buscas insanas sobre um assunto qualquer na internet. No começo me via mais presa a certas etiquetas de gênero, hoje tenho vontade de contar apenas as minhas histórias de acordo com meu fluxo. E sim, quando se trata da criação do conceito da história, eu adoro fazer isso em parceria com o desenhista. Amo “pitacos” e sou “pitaqueira” também, quando estou em uma parceria boa funciona superbem. Sou uma ótima parceira, faço guia de roteiro, pesquiso fotos pra referências, ajudo a tirar dúvidas e tudo mais, modéstia a parte.
8 – Muitas vezes o trabalho do roteirista é um tanto solitário, é você com sua história e seus personagens. Às vezes é necessário passar para uma outra pessoa ler antes de ir para o editor ou nem todo texto é assim?
Eu sempre preciso de outras opiniões no meu texto. Além da insegurança natural de alguém que não domina todas as ferramentas, tem coisas que você tá tão viciado na sua forma de enxergar a história que escapam à percepção, então tem que ter leituras críticas sim. Felizmente tenho grupos de amigos autores que sempre me ajudam nesse sentido e eu também sempre leio as coisas deles.
9 – Uma das histórias que eu mais gosto sua é “Meu corpo, minhas regras” da coletânea Na Quebrada da Editora Draco. Ela mistura religião, abuso de poder, cyberpunk e um forte discurso feminino. Você uma vez falou da sua experiência com a religião, digamos, mais doutrinadora. Você às vezes se vê com essa “missão”, ou por poder falar com um alcance maior, não somente sobre esses temas, de colocar assuntos tão importantes nos seus roteiros?
Nem é uma coisa que eu racionalizo muito, são só as minhas questões pessoais que eu sinto um impulso inevitável de colocar nas histórias. São muitas das minhas experiências de vida somadas as minhas idealizações, mas não penso muito sobre atingir as pessoas com uma lição de moral ou expondo algo que deve ser denunciado e sim em fazê-las sentirem a jornada com o que conto no roteiro. Algo em mim crê que a transformação acontece mais pelo impacto ao ler uma história do que quando é mais panfletário – não sei se essa é a palavra certa, mas é por aí. É muito o caso de “Meu corpo, minhas regras”, que você citou.
10 – Qual seria o desenhista, ou equipe criativa, que você gostaria muito de trabalhar?
Essa pergunta é TÃO difícil de responder, eu não idealizo demais isso porque a vida sempre me surpreende com possiblidades que eu não imaginei que teria e, sabe como é, um roteirista não pode se dar muito ao luxo de escolher. Eu amo quase todo mundo com quem eu trabalhei até aqui, na real, repetiria várias parcerias.
11 – Qual seria o assunto, ou história, que você gostaria de escrever e não tem nada a ver com você, qual seria?
Eu gostaria muito de fazer um quadrinho histórico sobre o período colonial do Brasil. E talvez um dia me arriscar na comédia, pois é algo completamente fora da minha zona de conforto e ainda não me desafiei nesse sentido.
12 – Quais os projetos da Larissa para a reta final de 2021?
Bom, vem aí uma adaptação literária que ainda não foi anunciada, como disse acima, e também estou trabalhando em uma história mais curta com o querido André Oide, acho que conseguimos lançar a campanha no Catarse na CCPX deste ano.
13 – E se você pudesse voltar no tempo e encontrar a Larissa Palmieri dez anos atrás, o que você diria para ela e o que ela diria para você?
Eu diria para ela: guarde dinheiro e invista em coisas mais sólidas. Cuide da sua saúde. Estude muito. Larga o que não te faz bem e vai atrás dos seus sonhos. Ela diria para mim: Sou sua fã. Você é incrível e corajosa.
“Prepare-se Duprat… o front não está muito longe.”
A Guerra do Paraguai foi o maior conflito armado internacional que já aconteceu na América Latina. A batalha travada entre o Paraguai, liderado pelo Marechal Solano López, contra a Tríplice Aliança, composta pelo Império do Brasil, Argentina e Uruguai, iniciou por diversos motivos diferentes (mas que todos ou a maioria, envolve influência do governo Britânico) e durou cinco anos.
A Guerra teve seu final com a captura e assassinato do Marechal López em Primeiro de Março de 1870, mas o grande último embate foi a Batalha de Campo Grande, também conhecida como “Batalha de Los Niños” ou “Acosta Ñu” pelos paraguaios, em 16 de agosto de 1869, a partir dessa data, ela tornou-se o Dia da Criança naquele país. Essa batalha foi a última tentativa desesperada de defesa do Paraguai, onde ele recrutou de forma forçada, crianças de no máximo 15 anos contra as forças de 20 000 homens da Tríplice Aliança, entre as crianças, vários jovens índios da tribo Guarani.
É esse é o grande ponto de Guarani – Terra sem mal dos argentinos Diego Agrimbau (roteiro) e Gabriel Ippóliti (arte), publicada aqui no Brasil pela editora Comix Zone em mais um belo trabalho editorial que se tornou característica de suas publicações.
Na graphic novel o leitor segue o fotografo francês Pierre Duprat, que vem para a América Latina para realizar um ensaio fotográfico com as índias da tribo Guarani, e, inevitavelmente, ele está testemunhando e convivendo com a guerra, suas mazelas e ideologias. Pois Guarani não trata somente do horror e miséria que uma guerra traz em sua bagagem. Durante a sua saga pela batalha, Duprat convive com pessoas que defende cada lado, e como os dias atuais, discutem em exaustão para justificar cada tiro e morte. Convive com as vitórias mortais da selva em cima de soldados de ambos exércitos, o que acontece com desertores, com pessoas recrutadas forçadamente para a guerra e como a guerra atingiu os mais antigos dessas terras: os indígenas.
E os únicos momentos belos e de respiro que existem, são exatamente quando Duprat finalmente encontra os Guaranis e convive com ele, mesmo por pouco tempo. Ali testemunhamos costumes, algumas tradições, o outro lado da selva com beleza e ternura. Algo que nos dimensiona um pouco de como eram os tempos antes do homem branco chegar com sua maquina de morte e guerra. E assim segue até o recrutamento forçado de homens e crianças da tribo para a guerra.
O roteiro de Diego Agrimbau conduz como telespectadores desde a chegada de Duprat, fazendo-nos escorregar por dentro de um conflito que, apesar da proximidade geográfica, não parece ser nosso. Mas a arte de Gabriel Ippóliti, com cores… digamos… que “não vibram”… mas que impressiona como deveria ser uma guerra, dão um tom importante demais para a ambientar o leitor dentro da história. O quadro dos corpos boiando mescla um horror que está aproximando e sentimos uma melancolia arrependida do personagem principal como fosse algo do tipo “onde eu fui me meter?”. E esse sentimento que a arte proporciona é um dos grandes diferenciais da obra.
Uma grande importância de Guarani – A terra sem mal é ser um registro histórico de uma parte da história do Brasil que muitas vezes é renegada em prol da glória do “nosso” exército. Massacrar crianças com armas e cavalos, não é nada digno de nota e grandes feitos. Mas muitos usam essa guerra para falar de libertação do povo paraguaio das mãos de López, que foi o estopim para a abolição da escravidão e que o primeiro vento do surgimento da Republica contra o Império. Mas o massacre de crianças, muitas delas indígenas seguem negligenciado por grande parte de historiadores. Como acontece até hoje em dia.
O Brasil por exemplo, segundo dados divulgados pelo Atlas da Violênciano dia 31 de agosto desse ano, as taxas de mortes violentas de indígenas aumentou 21,6%, nos municípios que têm terras indígenas apresentaram um crescimento mais acentuado na última década. Muito fruto de invasões, garimpo ilegal e uma série de ilícitos que vêm ocorrendo.
O mais irônico (se é que existe alguma coisa irônica em uma guerra) é que as duas cabeças pensantes mais poderosas, Solano López pelo Paraguai, e o D. Pedro II pelo Brasil, assumiram suas posições quando muito jovens. Solano López foi nomeado general-de-brigada aos 18 anos de idade. Já D. Pedro II tornou-se Imperador quando tinha 5 anos, depois de seu pai abdicar o trono, e assumiu para valer ao completar 15 anos. Ambos iniciaram jovens e se tornaram expoentes, Solano é visto até hoje como herói nacional no Paraguai, enquanto seu rival é visto como a pessoa que não descansou até capturar, o para ele, sanguinolento ditador paraguaio.
Mas como é apresentado em Guarani – Terra sem mal, o grande vencedor dessa guerra não teve honra e a herança deixada foi um país devastado. Apresentar esses fatos, muitas vezes tomando um ou outro lado, mas sabendo que o horror da guerra é o único vitorioso aqui.
Para quem não conhece ou não lembra, a Freeform ficou conhecida por exibir uma série que fez muita gente de trouxa: Pretty Little Liars. Neste ano, especificamente entre abril e junho, a emissora colocou Cruel Summer em sua grade de programação. Com uma temática voltada para o mistério, o fantasma de Pretty Little Liars veio assombrar para trazer uma grande dúvida na cabeça do telespectador: Cruel Summer valeu a pena ou era só uma armadilha? Eu digo com toda a certeza que valeu muito a pena ter assistido.
Cruel Summer acompanha a pequena cidade fictícia de Skylin, no Texas, onde a linda adolescente popular, Kate Wallis (Olivia Holt), é sequestrada sem deixar vestígios. Em 1995, uma garota tímida e nerd chamada Jeanette Turner (Chiara Aurelia), aparentemente sem nenhuma ligação a Kate, deixa de ser vista como uma doce garota e muda de personalidade completamente. Jeanette, aos poucos, assume tudo em relação a vida de Kate, os amigos, o namorado, a vida social, e acaba se tornando a menina mais popular da escola. Teria Jeanette uma conexão com o desaparecimento de Kate?
A sinopse conseguiu transmitir o mistério que pairou em seu ano de estreia sobre o que aconteceu com Kate e a provável culpada disso, pois o outro objetivo alcançado pela sinopse foi criar uma única suspeita: Jeanette. Tudo parecia muito óbvio, porém a série mostrou com maestria a clássica frase: Nem tudo é o que parece.
Esse mistério se tornou trilateral quando tiveram a excelente ideia de fragmentar a história em três anos:
1993 mostrando a rotina normal das meninas em seus círculos de amizade e família. Aqui as cores das cenas estavam vivas e sempre tinham cenas ensolaradas como reflexo da áurea boa dos personagens;
1994 começou a pesar no drama do desaparecimento repentino de Kate e o ambiente passou a refletir essa situação: O ensolarado não dava mais o tom e no seu lugar veio uma camada mais fria e o ambiente foi ficando cinza. As principais relações estavam fragmentadas e não era mais a mesma coisa. Mesmo assim, Jeanette estava tendo o seu momento ao sol através de uma mudança radical;
1995 pesou ainda mais nessa camada mais fria e a paleta azulada chegava a sufocar pela sua densidade. A fagulha de esperança estava quase apagando e todos ainda estavam lidando com as consequências do desaparecimento.
Apesar dessa boa intenção em trazer uma dinâmica diferente para montar esse quebra-cabeça, alguns episódios ficaram confusos na montagem dos eventos 94-95. Principalmente quando começou a apresentação da perspectiva de Kate, mas prestando atenção nos detalhes acaba se localizando sem problemas.
O problema da primeira temporada ter tido dez episódios foi ter permitido que a trama ficasse arrastada em determinados momentos, causando então um certo cansaço e pressa por respostas relevantes.
O conceito de inocente e culpada apresentado em Cruel Summer fez-me lembrar da novela A Favorita, exibida pela Rede Globo entre 2008 e 2009. A trama também mostrava a dualidade de duas personagens principais (Donatela e Flora) e o público bancava o detetive para descobrir quem era a vilã e mocinha. Revelação esta que aconteceu eventualmente no folhetim das nove.
A série foi até mais fundo nisso: Kate e Jeanette conseguiram apresentar os dois lados da moeda em ambas. Não eram totalmente culpadas, porém também não eram inocentes. Suas atitudes questionáveis andavam de mãos dadas com as mais louváveis. Não posso dar muito spoiler, mas tem outra personagem que fecha essa trindade de personagens cinzas. Sem falar que as interpretações de Olivia Holt e Chiara Aurelia ajudaram bastante que o público se identificasse com o sofrimento das duas ao longo da série.
Resumo do mistério: Mesmo com deslizes comuns, a primeira temporada de Cruel Summer apresentou uma trama consistente e atraente com essa narrativa misteriosa. Com a segunda temporada confirmada pela Freeform, fica o hype para saber como será a próxima trama e torcer que não faça a gente cair no mesmo conto de Pretty Little Liars.
Ah, o último episódio tem uma cena extra.
Nota: 4/5
Cruel Summer está disponível no Amazon Prime Video.
De um tempo para cá, estamos sendo bombardeados com inúmeras produções ressuscitando através de reboots, remakes, soft-reboots ou qualquer termo para oficializar que determinada série e/ou filme está de volta para o público. Considero compreensível quando a reação não é muito boa por parte de quem consumiu a produção original, porém não acho um pecado a ideia de trazê-la de volta. Dá para aceitar de braços abertos quando o revival é feito com carinho e atenção, ganhando o público novo e até quem sabe o mesmo de antes. Sucesso garantido. Depois de 9 anos do desfecho de Gossip Girl, eis que o HBO Max teve a ideia de trazer a fofoqueira mais ácida de Upper East Side de volta. Será que deu certo?
A equipe criativa tentou se separar, mesmo que brevemente, da série-mãe trazendo mais diversidade no elenco e foi um ponto positivo. Só que apesar dos personagens serem novos, fica fácil captar as personalidades do grupo original através das atitudes desses colegais ao longo da primeira parte da temporada. Fica um interessante jogo de detetive para lembrar quem já fez a mesma coisa durante as seis temporadas.
Outra diferença significativa foi trazer o vício nas redes sociais como uma pauta para o ano de estreia e com isso, modernizou Gossip Girl. Estamos 100% conectados com tudo e todos, então nada mais justo que a blogueira também tivesse o seu lugar ao sol no Instagram, conhecido como a Rede da Utopia. Lá tudo é perfeito e todos vivem maravilhosamente. Só que GG retornou com o lembrete de que tudo poderia desmoronar ao simples sopro do vento e/ou também com uma pequena ajuda sua.
A revelação sobre quem era Gossip Girl aconteceu da forma mais rápida possível, ao contrário da série anterior que levou bastante tempo para o plot twist acontecer (E até hoje continua controverso). A recepção do público em saber que os professores ficariam responsáveis por todo o caos que veio a seguir foi recebida de forma mista. A ideia até pode parecer sem sentido, mas estamos falando de professores frustrados com o tratamento errático de seus alunos ricos. Era o momento da virada de conseguir o respeito mesmo que indiretamente.
Se alguns elementos vieram para diferenciar com GG original, algumas outras permaneceram como uma lembrança que ainda estávamos diante dos mesmos dramas charmosos e também irritantes da elite. A rivalidade iô-iô das irmãs Julien e Zoya era um dos plots que cansavam de jogar na nossa cara e acabavam deixando personagens interessantes de lado em prol de vermos as duas sendo amigas agora, mas depois virando rivais em poucos segundos. Tudo isso com o gomadinho Otto entre as duas.
Luna foi a personagem que mais cativou e tudo indica que a segunda parte teremos mais destaque para ela. Quem caiu no gosto do público também foi o trio Aki-Audrey-Max com toda a tensão sexual que exalava entre eles, além da excelente química entre os atores. +desse trio e -do outro trio, por favor.
O que seria da continuação sem nossa querida Kristen Bell, não é mesmo? A atriz que emprestou sua voz para as narrações retornou e continuou mostrando o motivo de GG ser tão irresistível ao divulgar suas fofocas. Referências aos personagens antigos também foram agradáveis de ver e ajudou a manter a conexão entre as duas séries.
Resumo da fofoca: O soft-reboot de Gossip Girl tentou inovar ao trazer ideias que não tinham aparecido na série original, mas não conseguiu se livrar da áurea da mesma. E isso é bom demais, pois a graça era acompanhar todos os dramas, as tretas e inúmeras coisas que apareciam a cada episódio. Xingávamos e amávamos, então era uma relação de amor e ódio com a série-mãe. Assim como está sendo com a nova versão.
Nota: 3/5
A segunda parte de Gossip Girl retorna em novembro pelo HBO Max. Até lá, xoxo!
Depois de um ano de espera, eis que a parceria do Amazon Prime Video com o conceituado estúdio Blumhouse Productions retornou para a próxima rodada com mais 4 filmes de terror. Começando ontem (01) com o lançamento de Bingo Hell e Black as Night na plataforma de streaming e vou falar um pouco do que vocês podem esperar do segundo filme.
Parecia mais um verão comum em Nova Orleans, mas tudo mudou quando uma jovem foi atacada por vampiros sem-teto. Agora, ela vai se unir com seu melhor amigo, o garoto por quem ela sempre teve um crush e uma garota rica peculiar em busca de vingança contra os vampiros da cidade.
Já aviso de antemão para quem estava esperando uma produção imersa no horror: Black as Night não tem nada disso. O roteiro assinado por Sherman Payne resolveu contar essa história de vampiros de uma forma mais humorada através de determinadas cenas que beiram ao ridículo e isso não é um demérito. Achei bastante válido como foi usado e trouxe um pouco de diversão com a caçada realizada pelos personagens principais.
O vício nas drogas e a desvalorização do bairro pós-Katrina foram as pautas desenvolvidas no longa sob o olhar de Shawna, onde precisa lidar com sua mãe viciada e quando menos espera, suas férias mudam drasticamente após ser atacada ao sair de uma festa.
A história vai se desenrolando através de clichês já conhecidos com essa temática e ainda arruma espaço para brincar com os principais elementos da mitologia dos vampiros. Como eu disse, tudo com um cunho humorístico. Existem sim diálogos que passam um certo ar de seriedade até para lembrar o propósito dessa missão suicida.
Não espere atuações fantásticas do elenco juvenil, mas destaco a participação de Fabrizio Zacharee Guido por ter ficado responsável pela maioria dos diálogos engraçados. O longa teria ficado muito mais apático sem ele como alívio cômico. O tipo de amigo que entende do plano ser perigoso, mas mesmo assim vai junto por causa da amiga.
Vale mencionar a colocação do personagem de Keith David sobre a criação de seu exército num bairro deteriorado e remete diretamente ao racismo e gentrificação. Pessoas que sempre foram invisíveis tendo a chance de estarem numa situação menos lamentável que antes e terem algum propósito, mesmo que este envolva se alimentar de humanos. Isso acaba trazendo um ar moderno no longa que traz seres milenares e uma região com certa elegância histórica como é Nova Orleans.
Resumo da caçada: Esquecendo a seriedade para tratar das criaturas da noite, Black as Night vai direto ao ponto em apostar na galhofa para contar sua história para o telespectador. Então, nada de criar expectativas demais e depois ficar decepcionado com o resultado. O trailer já deixava claro de como seria a proposta do filme. Apenas aperte o play e divirta-se!
Nota: 3/5
Black as Night já pode ser visto no Amazon Prime Video.
Tenho a leve impressão de que algumas pessoas possam concordar com o título que abre essa crítica. Ainda mais aqueles que continuam reféns, assim como eu, de tudo que envolva a franquia American Horror Story. Ao bem da verdade, estamos cansados de prever com exatidão a direção torta que cada temporada seguirá após um primoroso início. Chega a ser clichê todo ano soltarmos frases como: Ah, vamos esperar em qual episódio tudo desandará – Falei que iria estragar tudo – Murphy e cia., vão se tratar!. A qualidade das nove temporadas anteriores sempre foi bastante polarizada, mas não estou aqui para falar delas. Vim em paz (ou não) para comentar brevemente da atual décima temporada que encerrou há quase uma semana sua primeira parte.
Seguindo a tradição, Double Feature é o subtítulo da temporada e Red Tide foi o nome dado para a Parte I. Em relação ao tema, não tenho do que reclamar. O visual não deixou a desejar em nenhum momento, pois a ambientação litorânea se tornou um essencial personagem para contar para nós o que precisávamos saber sobre o local junto com seus habitantes misteriosos. O tom melancólico ditou as regras principalmente nos ambientes externos e ajudou a criar o clima necessário para que comprássemos a ideia dessa primeira parte sobre a Maré Vermelha.
A ganância do ser humano para conseguir os seus objetivos foi a pauta e trouxe uma questão que traz muita reflexão: Somos talentosos ou pensamos quesomos?. Cada personagem tinha fome de poder e sucesso, pois acreditavam no seu potencial. Ou queriam acreditar apenas para terem algum norte a seguir e não ficarem vagando enquanto a vida passa diante de seus olhos. Esse tema não é original, porém como o assunto foi tratado aqui foi mais um elemento que tornou Red Tide excelente até sua derrapada habitual.
O elenco de American Horror Story sempre foi bastante versátil em trazer novos ângulos para seus personagens apesar de seus rostos já serem conhecidos desde Murder House (2011). Vou continuar rasgando elogios para Sarah Paulson, Lily Rabe e Frances Conroy, que seguem dando um show de interpretação. Não posso deixar de mencionar também Leslie Grossman, pois essa nasceu para interpretar personagem ácida. Evan Peters e Finn Wittrock estão ok em seus respectivos papeis. Angelica Ross entregou uma ótima interpretação como a Química e com isso, ajudando a criar diversas teorias entre os fãs sobre a possível ligação com Death Valley (Parte II).
Macaulay Culkin estava ótimo como Mickey, mas a estrela foi a atriz mirim Ryan Kiera Armstrong. Ela conseguiu trazer uma excelente Alma Gardner com facetas excelentes de personalidade. Quando a temporada começa, temos uma Alma fofa e dedicada. Com a trama avançando, conhecemos um lado mais perverso dela. Você só queria um destino cruel para Alma e tudo isso foi possível pela atuação ótima de Ryan.
O público ficou surpreso positivamente com o roteiro em Red Tide e também fui atingido com esse sentimento. Por ter somente seis episódios, não teve aquela trama arrastada para revelar os pontos cruciais da história. Desde o episódio duplo que abriu a temporada até o quinto episódio, a qualidade era inegável. Claro que com algumas ressalvas em certas situações, mas isso não tirou o gosto bom que ficou. Blood Buffet (S10E04) e Gaslight (S10E05) foram os melhores episódios.
Era para ser um desfecho satisfatório, mas acabou dando tudo errado. Winter Kills (S10E06) foi desajeitado do início ao fim em seus quase 40 minutos e o espectador não conseguiu tirar proveito de quase nada do que foi resolvido na trama das pílulas pretas. Boa parte do que aconteceu daria para ter mudado para melhor. Muito melhor!
A esperança é que Death Valley não repita esse erro em sua conclusão, mas se for depender da mente alucinada de Ryan Murphy e cia. já sabemos o que nos aguarda no Vale da Morte.
Nota: 4/5
Então, o que preferem: Pílula preta, azul ou vermelha?
Empolgados para a estreia da série Sandman? Essa semana foi revelado que neste sábado, 25 de setembro, ao vivo às 12:50 no canal do youtube da Netflix Brasil, será divulgado o primeiro teaser da série no evento Tudum: Um evento mundial para fãs da Netlix, que já está em contagem regressiva e recheada de novidades. E para aguardar esse teaser e aumentar ainda mais as expectativas para essa tão aguardada série, que tal conhecer um pouco mais desse universo fantástico de Neil Gaiman? Saiba aqui por onde começar sua leitura e quem são os Perpétuos!
A série ainda nem foi lançada e já é sucesso de críticas e elogios, e está dividindo os fãs já na escolha dos elenco, que diga- se passagem, teve uma escolha excepcional e me gerou grandes e positivas expectativas.
Vamos começar do início, nos primórdios haviam entidades que chegaram antes mesmo dos seres humanos e esses seres eram denominados Perpétuos, que ao todo eram 7 e eles eram irmãos. Todos eles representam algo que compõe nossa humanidade e vida na Terra. Todos os perpétuos possuem seu próprio reino e símbolo, que são artefatos usados para invocar uns aos outros quando necessário.
Morpheus, senhor do Sonhar. Todos que estão vivos sonham e em algum momento irão passear pelos seus reinos. Os sonhos movem a humanidade e sem sonhos nossas vidas não seriam as mesmas e essa analogia é descrita de forma muito singular quando por um período de 70 anos a humanidade perde a capacidade de sonhar após o aprisionamento do senhor do reino dos sonhos no arco Prelúdios e Noturnos. Morpheus, dentro de toda sua sabedoria e seriedade, já foi também imaturo e indiferente a vida da humanidade, mas seu período no aprisionamento o fez ter uma grande compressão e empatia sobre a vida dos mortais.
Morte, a mais velha entre os irmãos depois de Destino, a única que esteve presente na nossa chegada e a única que estará presente para fechar as portas quando nós nos formos finalmente no fim dos tempos. Morte é a Perpétua que demonstra mais humanidade e simpatia, mas nem sempre foi assim, esse dom foi aperfeiçoado após tomar a decisão de passar um dia na Terra como uma mortal a cada cem anos para conhecer e entender esse seres que ao mesmo tempo são tão frágeis e tão complexos.
Destino, o irmão mais velho. Quando a humanidade surgiu seus destinos foram traçados, assim nasceu o Destino.Descrito como um homem cego, trajado de um manto e sempre com um livro nas mãos, o livro do destino está acorrentado à ele por toda a eternidade, nele contém todos os segredos do passado, presente e futuro. Destino é o irmão mais sério e dedicado aos seus deveres.
Desejo, em alguns momentos representado com aparência de uma mulher, outras com a aparência de um homem andrógeno, pois o desejo não tem gênero, todos desejam alguém ou alguma coisa, ele representa o desejo e a ambição do ser humano. Desejo é egocêntrico, e foi o grande responsável por manipular ações que levaram ao aprisionamento de Morpheus em Prelúdios e Noturnos, sua arrogância e seus joguinhos foram responsáveis por muita dor e sofrimento, apenas para o seu desejo de satisfazer as peças que pregava contra o irmão Morpheus.
Desespero, uma mulher de aparência horripilante, baixinha e nua, seu símbolo é um anel em formato de gancho que usa para fazer cortes na própria pele. Desespero vê refletido em sua galeria de espelhos o pior do homem, assassinos, pedófilos, abusadores e a insanidade, refletidos em suas faces frias e tristes. Desespero é retratada como gêmea de Desejo, ainda que não possuam nenhuma similaridade física, dado ao fato de que Desejo é uma criatura de beleza indescritível, mas o desejo também é capaz de levar ao sofrimento e desespero.
Destruição, é o perpétuo que quis abandonar suas obrigações e não mais viver em função do que era esperado para ele, ele compreendeu que o nosso mundo é assim e nós, seres humanos, sempre vamos dar um jeito de destruir e nos autodestruir até o final dos tempos, independente das ações do perpétuo que era responsável por causar a destruição para que novos ciclos se iniciassem. Destruição um dia simplesmente foi embora para ter uma vida comum com seu companheiro fiel, o cachorro falante Barnabas. Todos os seus irmãos aceitaram ou foram indiferentes à sua escolha, exceto Delírio, a irmã mais nova e confusa, o que deu origem a uma incrível saga no arco Vidas breves, onde Delírio convence Morpheus a acompanhá – la em busca do irmão.
“Eu gosto de estrelas. Creio que é a ilusão de permanência. Sei que vivem explodindo, esmorecendo e se apagando. Mas daqui posso fazer de conta… Posso fazer de conta que as coisas duram. Que vidas são além de momentos. Deuses vêm e vão. Mortais lampejam, brilham e desvanecem. Mundos não duram; estrelas e galáxias são transitórias, coisas passageiras que cintilam como vagalumes e se desfazem em frio e pó. Mas posso fazer de conta.” Destruição, em Vidas breves.
Delírio, que um dia foi Deleite, é a irmã mais nova. Delírio vive em constante variação, nem mesmo sua sombra se assemelha com a aparência que ela apresenta no momento. Seu estilo é uma tremenda mistura desconexa, cabelos coloridos que hora são compridos e bonitos, hora curtos e desgrenhados, olhos de cores díspares, um verde como esmeralda e outro azul, representando a confusão de sua mente “Quem pode saber o que Delírio vê através de seus olhos desiguais?”. Dentro de suas confusões Delírio tem vários momentos de lucidez e consegue se mostrar mais forte e sábia, ainda que por poucos minutos, nesses momentos seus olhos se tornam iguais como se pudessem vislumbrar a estabilidade por alguns instantes. A jovem é a representação da dor da mudança, em não aceitar a transformação e o crescer. Além de ser uma forte alusão aos transtornos da mente, Delírio se perde em seus devaneios constantemente, esquece o que ia dizer, troca e inventa palavras, demonstra confusão de pensamentos e desconexão com a realidade. Seus balões de fala são sempre coloridos e sua fonte bagunçada. Mas, como Sandman é uma história da evolução dos Perpétuos e os resultados de suas ações no mundo, Delírio também nem sempre foi assim. Vemos claramente no arco Noites sem Fim, que é dedicado a contar individualmente a história de todos os irmãos, nele é possível ver fatos que levaram eles a serem o que são ou motivo de terem buscado mudança, nele na história de Morpheus em uma convenção com os astros no início do universo, vemos pela primeira vez Delírio como uma criança normal, assim como qualquer outra, feliz, curiosa, argumentativa, dois olhos iguais e sem balões diferentes, era puramente uma criança inocente que ainda não tinha assumido a responsabilidade de ser uma das 7 Perpétuas. “Alguns dizem que a grande frustração de Delírio é saber que, apesar de ser mais velha que as estrelas e mais antiga que os deuses, ela continua sendo, eternamente, a mais jovem da família, pois os Perpétuos não medem tempo como nós nem vêem mundos através de olhos mortais.”
Delírio é minha Perpétua preferida, como não compreender a dificuldade em aceitar a perda da nossa inocência e sanidade tão bruscamente para sermos jogados em um mundo tão cruel?
O universo dos quadrinhos de Sandman é extenso e rico. Seu primeiro arco foi publicado entre Janeiro e Agosto de 1989 e a continuação dos demais arcos foi lançada até 1996. Os personagens são muito bem construídos e não apenas em seu núcleo principal, a trama gira em torno de causa e efeito, seus arcos se complementam como uma dança sincronizada e todas as ações resultam em consequências futuras, nada passa despercebido. Isso fica claro logo nas primeiras histórias, Morpheus nem sempre foi sábio, era imaturo, arrogante, e apenas após seus anos aprisionado pela seita da Ordem dos Antigos Mistérios sua visão do mundo mudou. Como Delírio diz em Entes queridos, nossa existência deforma o universo. Isso é responsabilidade.” Essa é uma das muitas formas de retratar passagens de amadurecimento e nos mostrar que mesmo sendo tão poderosos e evoluídos, quase como Deuses, os Perpétuos também tem que arcar com suas responsabilidades aqui na Terra e que suas pegadas também deixarão marcas.
Uma particularidade dessa saga é a forma que aborda situações reais, fazendo duras críticas sociais e ao nosso modo de vida. Neil Gaiman sempre busca retratar em suas histórias mulheres fortes, de grande personalidade, sejam elas humanas ou não (Fadas, Musas e Bruxas da Mitologia), transxesuais, relacionamentos entre personagens lgbt, preconceito, sem contar as inúmeras referências que você pode brincar de listar em todos os arcos como se tivesse dentro de o Jogador N1 ( Livro de Ficção de Ernest Cline ). Em suas histórias Gaiman trás desde personagens históricos à personagens da mitologia, e ainda outras personalidades do Universo DC como Batman, Caçador de Marte e Constantine.
Muitas edições já foram publicadas ao longo dos anos, ao todo são 13 arcos que compõe 75 histórias
Sandman: Prelúdios e Noturnos (01 a 08)
Sandman: A Casa de Bonecas (09 a 16)
Sandman: Terra dos Sonhos (17 a 20)
Sandman: Estação das Brumas (21 a 28)
Sandman: Espelhos Distantes (29 a 31 e 50)
Sandman: Um Jogo de Você (32 a 37)
Sandman: Convergência (38 a 40)
Sandman: Vidas Breves (41 a 49)
Sandman: Fim dos Mundos (51 a 56)
Sandman: Entes Queridos (57 a 69)
Sandman: Despertar (70 a 73)
Sandman: Exílio (74)
Sandman: A Tempestade (75)
Dê uma olhada em algumas das publicações que sairam aqui no Brasil:
Coleção lançada pela Editora Conrad, 2005
Edição Definitiva, Paninini 2006
Edição Comemorativa 30 anos Panini 2019-2021
Essas são as publicações que eu acho mais bonitas lançadas até agora, mas além delas também foram publicadas no Brasil pela Editora Globo os 13 arcos entre anos 80 e 90 e a Editora Pixel fez sua participação publicando Prelúdios e Noturnos em 2008.
E então? Despertou a curiosidade de conhecer um pouco mais desse universo e maratonar a série de quadrinhos antes de assistir a série de TV da Netflix? Conta pra gente!
Existem diversos jogos, de tabuleiro, cartas e videogames, com a temática de O Senhor do Anéis, aqui vamos focar em específico no jogo de videogame e em sua sequência direta. Middle-earth: Shadow of Mordor ou Terra-Média: Sombras de Mordor e sua continuação, Middle Earth: Shadow of War ou Terra-Média: Sombras da Guerra, eles poderão te ajudar a entender um pouco mais a respeito das histórias e lendas a respeito da Terra-Média.
A série de O Senhor do Anéis fará parte do universo criado por J. R. R. Tolkien assim como os eventos de O Hobbit e O Senhor dosAnéis. Se você é uma pessoa que gosta de videogame, ou tem uma empatia singela com este tipo de material, jogar Shadow of Mordor é sem duvidas uma excelente escolha.
Vou recapitular nesse texto as informações que temos sobre a série e os eventos do jogo, assim você pode tirar sua conclusão. Espero que concorde comigo no final dele… rsrsrs! Lembrando que este texto está recheado de spoilers de Shadow of Mordor. O jogo foi lançado em 30 de setembro de 2014 e sua sequencia em 27 de setembro de 2017.
A informação principal que temos da série de O Senhor do Anéis é que a Amazon Prime Video divulgou sua data de estreia, 2 de setembro de 2022. A data pegou de surpresa a maioria dos fãs que esperavam a série já neste ano de 2021.
A história que será contada na série, trará os lendários heróis da Segunda Era da Terra-Média. Passando portanto, milhares de anos antes dos eventos que testemunhamos em O Senhor dos Anéis e O Hobbit, e exibirá de acordo com os produtores, como os grandes poderes foram forjados (guardem bem essa informação), como os reinos ascenderam à glória e como caíram em ruínas diante do maior mal já visto e que todos nós conhecemos bem. Ameaçando toda a existência da Terra-Média.
Assim com essas informações podemos começar a falar um pouco mais a respeito da história de Middle-earth: Shadow of Mordor ou Terra-Média: Sombras de Mordor.
A trama principal de Shadow of Mordor se passa cerca de 20 anos antes dos eventos descritos em O Senhor dos Anéis. Acompanhamos Talion, um Cavaleiros de Gondor também conhecidos como Ithilien Rangers ou Cavaleiros do Sul (pessoal cheio de nome, não sabiam como se apresentar nos lugares), eles são um grupo militar de elite, e sua missão é defender o reino de Gondor, em especial Minas Tirith. Talion era além de cavaleiro um dos administradores de Gondor , que acima de tudo tinham a incumbência de defender o Portão Negro de Mordor.
Algo que não é muito comum é o fato do personagem principal morrer logo nos primeiros minutos de gameplay. O que acontece é que, o Senhor do Escuro ou Sauron para os íntimos, ordena que seu exército volte para Mordor e assim acabam invadindo a estação de vigília onde Talion reside junto com outros guardiões e suas respectivas famílias. O Martelo de Sauron, A Torre de Sauron e A Mão Negra de Sauron três dos principais generais do exército de Sauron, capturam Talion, seu filho Dirhael, e sua esposa Ioreth para serem sacrificados em um ritual para invocar o Lord Elfo.
Entretanto, o Cavaleiro de Gondor acaba sendo alvo de uma maldição, tornando-se um ser que vive no limbo entre a vida e morte, e acaba se fundindo a um Wraith (espectro/alma) que busca o auxilio de Talion para recuperar sua memória e dar uma chance do Cavaleiro se vingar de seus algozes.
No decorrer do jogo vamos conhecendo novos personagens como Lithariel, o anão Torvin, e também vemos algumas figurinhas repetidas de O Senhor do Anéis como Saruman e Nosso Precioso (desculpa o trocadilho) Gollum ou Smeagol. Mas o que acontece de mais importante é quando descobrimos sobre o passado do nosso companheiro Wraith, ele é o elfo chamado Celebrimbor. E você desconfia o que ele fez? Sim, ele foi o responsável por FORJARos anéis do poder. Sauron disfarçado como Annatar, o Senhor dos Presentes, convenceu Celebrimbor a realizar a tal tarefa. Lembra da informação da série? Que ela iria contar sobre “como os grandes poderes foram forjados”, então poderemos ter mais informações sobre o passado de Celebrimbor?
Celebrimbor enganado por Sauron, forjou portanto nove anéis e presenteou os reis dos homens com eles, transformando-os posteriormente em Nazgûls. Entretanto os sete senhores anões e os três lordes elfos que também receberam o presentinho de Sauron, não sucumbiram ao poder do Senhor do Escuro. Além disso (Celebrimbor estava com o sangue no olho pra forjar nesse dia), ele ainda forjou o Um Anel que exerceu o controle sobre os demais anéis. Por fim (Ufa!) Celebrimbor acabou morto por Sauron (Eita!), mas por estar ligado ao Um Anel, ele fiou no limbo da vida e morte assim como Talion.
O plano de Sauron é revelado ao final do jogo, na batalha final. Trazendo Celebrimbor “de volta à vida” o Senhor do Escuro o convidaria (amigavelmente?) para se unir a seu exército. Seja sincero, você iria recusar um pedido tão lindo desses? Sauron é derrotado ao final do jogo, mas como sabemos bem, ele continua na ativa. E teve que esperar uns hobbits aparecerem na Terra-Média para ser derrotado de verdade.
E vocês acham que isso acabou? Está na hora de Talion e Celebrimbor descansarem? Errou. Com a preocupação a respeito de um possível retorno de Sauron (pelo menos nisso eles estavam certos) eles resolvem, isso mesmo, FORJAR um novo anel. Parece brincadeira mas não é. Esse é o plot da sequencia de Shadow of Mordor, Middle Earth: Shadow of War ou Terra-Média: Sombras da Guerra.
A jogabilidade de Shadow of Mordor e Shadow of War é muito semelhante a de jogos conhecidos pelo público, entre eles a série Assassin´s Creed e Arkham do Batman. Essa semelhança acontece tanto nos combates, com espada, adaga e arco, quanto nas escaladas nas paredes do cenário. Este último um pouco problemático em certas ocasiões onde o personagem acaba indo de encontro a uma parede ou terreno elevado e não executa a escalada, ou trava entre um movimento e outro.
Além é claro, de todo o inventário que pode ser reforjado no decorrer da gameplay, gerando melhorias e gradualmente tornando Talion mais forte a medida que vai cumprindo as missões de cada região do mapa. Em questão de gráfico, ele agrada, visto que é um jogo com 7 anos de produção. A trilha sonora desempenha seu papel muito bem, entregando um tom mais agressivo e ritmado quando estamos diante de uma área de confronto, e mais tranquila quando estamos em ambientes mais seguros, além das músicas que lembram muito os filmes de O Senhor do Anéis, fazendo crer que estamos dentro da Terra-Média.
Embora a sequência, Shadow of War seja um pouco inferior no quesito história, à Shadow of Mordor, na minha opinião, ele dispara na frente em questões mais técnicas, por ter sido lançado em 2017, isso é uma obrigação. Embora isso, ambos os jogos tenham um embasamento no universo de J. R. R. Tolkien considerável. E são bons condensadores de conteúdo da Terra-Média, para aqueles que querem um contato maior com o universo e histórias. São uma experiências agradável, e oferece boas horas de entretenimento.
Em vista disso, Shadow of Mordor e Shadow of War são experiências boas para aqueles fãs, que gostariam de ter um contato maior com os acontecimentos da Terra-Média, fora o que já se foi registrado em O Hobbit e O Senhor dosAnéis e até mesmo em O Silmarillion. Fica a dica para explorar ainda mais esse universo criado por J. R. R. Tolkien que conquistou milhares de fãs ao redor do mundo.
Qual o elemento que mais chama atenção quando estamos assistindo alguma produção de ação? Porradeira do começo ao fim? Reviravoltas inesperadas e/ou clichês? Personagem principal carismático/a? Personagens que não fogem de uma briga? Mesmo que o roteiro não seja lá essas coisas, tendo um desses elementos fica fácil chegar até o final do filme com uma pequena parcela de satisfação sanada. E quando tem tudo isso? Entretenimento puro, meus amigos!Kate, o recente filme da Netflix, juntou esses ingredientes e trouxe para nós um excelente filme de ação. Quer mais? Continue lendo este texto.
Habilidosa assassina, Kate é envenenada e tem menos de 24 horas para viver. Ela embarca numa vingança desenfreada contra seu algoz antes de morrer.
A sinopse é exatamente dessa forma: curta e direta. Nada além disso. O filme não tenta crescer e insultar a inteligência do telespectador. Assim como a sinopse, ele é direto com sua trama. Não cria-se tramas complexas com um monte de subtramas para desenvolver em quase 120 minutos. Ele possui um foco do início ao fim e não acontece nenhum desvio que comprometa o seu desempenho. Quando a personagem principal ajuda também nesse quesito, não temos do que reclamar. Estamos falando da nossa eterna Ramona (Scott Pilgrim contra o Mundo) e mais recentemente, a Caçadora (Aves de Rapina).
Mary Elizabeth Winstead está bastante confortável no papel da personagem-título e isso facilita em transmitir toda o carisma para o público. Conseguimos nos importar com cada passo cambaleante dela para achar a pessoa responsável pelo seu envenenamento, ao mesmo tempo que começamos a aceitar o seu derradeiro destino. As sequências de lutas estão bem coreografadas e é divertido que mesmo no bico do corvo de tanto apanhar, a Kate continua ali de pé pronta para devolver cada golpe. A direção é competente em explorar vários ângulos nas lutas, causando puro desconforto e empolgação.
A atriz Miku Martineaumerece menção, pois trouxe uma química boa com Mary em todas as cenas que contracenaram. Apesar de ser clichê, é bacana acompanhar a evolução entre Ani e Kate durante o filme. Da antipatia a pura simpatia conforme os eventos vão se desdobrando. O lado cômico ficou principalmente entre as duas também.
As luzes neon ficaram responsáveis por criarem um visual bem bacana para o longa, além de detalhes arquitetônicos do Japão. Mesmo sendo algo recorrente em inúmeras produções, o choque entre as culturas do Ocidente e Oriente cumpre bem o seu papel. O plot twist pode ser considerado previsível e quem prestar atenção, pode até matar a charada antes mesmo da revelação (como aconteceu comigo).
Resumo da ópera: Kate é um excelente filme de ação que reúne os principais elementos que o tornam bem gostoso de assistir e de acompanhar a saga violenta da personagem antes de morrer. Vale muito a pena dar uma conferida.
Nota: 4/5
Kate está disponível na Netflix desde o dia 10 deste mês.