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O Sombra: a trajetória do personagem nos quadrinhos

Escrito por Gabriel Faria

O Sombra é um dos personagens pulp mais famosos até os dias de hoje. Criado em 1930, o intrigante herói encapuzado foi adaptado em diversas mídias: rádio, livros, videogames, quadrinhos e cinema, com um legado que ultrapassa gerações e inspirou a criação de grandes marcas como o Batman. Confira abaixo todos os detalhes sobre a criação e quadrinhos deste enigmático personagem, marcado por sua icônica risada e ferrenho combate ao crime.

Originalmente O Sombra era um misterioso narrador de rádio do programa Detective Story Hour com voz de James LaCurto, substituído e imortalizado por Frank Readick, criado com o objetivo de promover as vendas da Street and Smith Publications, tornando-se um personagem literário algum tempo depois, protagonizando a série pulp The Shadow Magazine escrita por Walter B. Gibson e criada graças à ânsia dos leitores por “aquela revista do Sombra.” A caracterização do Sombra dada por Gibson firmou os arquétipos de tudo que é usado até hoje nos super-heróis, incluindo sidekicks, identidades secretas e vilões.

Posteriormente, a revista (publicada até 1949, somando 325 aventuras) inspirou a criação da série de rádio, em 1937, que possuiu episódios narrados por Orson Welles. Neste programa, o sloganQuem sabe o mal que se esconde nos corações dos homens? O Sombra sabe” tornou-se parte da cultura pop americana, e algumas das habilidades do personagem foram reveladas em suas aventuras. Walter Gibson e Edward Hale Bierstadt foram os responsáveis pela criação da série, e Welles deu vida à Lamont Cranston, alter ego do Sombra. A série foi transmitida até 1954, com outras vozes escolhidas para o personagem conforme os anos passaram. Ela também foi a responsável pela criação de alguns personagens secundários como o interesse amoroso do herói, Margo Lane.

Nos quadrinhos

O Sombra possui vida longa nas histórias em quadrinhos. Sua primeira aparição se deu em 1940, também pelas mãos de Walter Gibson, em tiras diárias de jornal que adaptavam as histórias dos pulps. A arte era de Vernon Greene, e as tiras foram canceladas em 1942. Entretanto, a Street and Smith publicou 101 edições da revista Shadow Comics, entre 1940 e 1949, e durante os anos 50 o personagem apareceu em algumas edições da revista Mad.

Nos anos 60, durante a Era de Prata dos quadrinhos, a Archie Comics publicou uma minissérie em oito partes (1964-1965), que possuiu roteiros de Jerry Siegel, criador do Superman. Sua fase mais lembrada veio então nos anos 70, mais especificamente em 1973, com a série em doze edições publicada pela DC Comics com roteiros de Dennis O’Neil e arte de Michael KalutaFrank Robbins e E. R. Cruz. O personagem apareceu nas revistas do Batman (#253 e #259), referenciado pelo Homem-Morcego como “uma grande inspiração“, além de ser mencionado também em Detective Comics #446. Nesta fase, as histórias d’O Sombra estavam situadas nos anos 30, na Terra Um do Multiverso da DC, e o personagem lidava com criminosos e experimentos bizarros, característica típica dos heróis pulp.

Em 1986, a minissérie em quatro edições escrita e ilustrada por Howard Chaykin trouxe O Sombra para a modernidade, em Nova York, e atualizou seus equipamentos, quando passou a utilizar metralhadoras Uzi e lançadores de mísseis. Muito humor negro e violência foram utilizados, entretanto a minissérie Sangue & Sentença foi um grande sucesso que motivou a DC Comics a dar continuidade com uma série mensal iniciada em 1987.

A série foi continuada por Andy Helfer (que editou a série de Chaykin) e ilustrada por Bill Sienkiewicz (edições #1 a #6) e Kyle Baker (#8 a #19 e dois Anuais), com a sétima edição ilustrada por Marshall Rogers. O Sombra lida com cultos religiosos, inimigos corporativos e a corrupção que toma conta da cidade. Em 1988, O’Neil e Kaluta produziram uma graphic novel da Marvel Comics situada na Segunda Guerra Mundial, e no mesmo ano a Malibu Comics deu início à republicação das clássicas tiras de jornal.

Entre 1989 e 1992 a DC Comics publicou uma nova série d’O Sombra, The Shadow Strikes, com roteiros de Gerard Jones e arte de Eduardo Barreto. A revista trouxe o personagem de volta às origens pulp, com aventuras situadas em 1930, e mostrou seu primeiro team-up com Doc Savage, outro clássico personagem dos pulps. A série foi concluída com 31 edições e um Anual e tornou-se a maior revista do personagem, em duração, desde as tiras de 1940.

Os direitos então partiram para a Dark Horse Comics, que publicou algumas minisséries entre os anos de 1993 e 1995, com roteiros de Joel Goss e Michael Kaluta e arte de Gary Gianni, além de Steve Vance com Stan Manoukian e Vince Roucher. A editora também publicou alguns one-shots e adaptou o filme de 1994 para quadrinhos, com duas revistas feitas por Goss e Kaluta. Em 95, o crossover de Ghost com O Sombra também foi publicado, com textos de Doug Moench e arte de H. M. Baker e Bernard Kolle.

Após mais republicações das tiras de jornal por editoras diversas durante o final dos anos 90 e começo dos anos 2000, em 2011 a Dynamite Entertainment licenciou o personagem para novas revistas e minisséries. O primeiro arco da série mensal foi publicado em 2012, escrito pelo superstar Garth Ennis com arte de Aaron Campbell, e a revista seguiu com outras equipes criativas até a edição #26, com a editora publicando neste período algumas minisséries e especiais como Máscaras (que mostra O Sombra encontrando outros personagens pulp como o Zorro, Besouro Verde e O Aranha), O Sombra/Besouro Verde: Cavaleiros das Trevas, O Sombra: Ano Um e o crossover com Grendel, personagem de Matt Wagner publicado pela Dark Horse. Em 2015 a editora deu início ao segundo volume da série mensal do personagem, além de ter republicado as séries da DC e Marvel citadas anteriormente.

E no Brasil?

Em terras tupiniquins, O Sombra foi publicado por muitas editoras. A editora Globo, no início dos anos 40, lançou as aventuras do personagem na revisa Gibi, e na revista Lobinho da Grande Consórcio Suplementos Nacionais o herói dividiu espaço com Batman, Superman e outros. Sua publicação teve continuidade através da editora Ebal, que lançou a primeira minissérie da DC Comics, e no final da década de 80/início de 90 a editora Abril lançou as histórias da DC criadas por Chaykin e Helfer, além da graphic novel da Marvel e a série de Gerard Jones e Eduardo Barreto na revista Os Caçadores.

Ausente das bancas e livrarias desde então, em 2013 a Mythos Editora começou a publicar edições de luxo contendo a fase moderna licenciada pela Dynamite, tendo lançado até agora cerca de sete encadernados do personagem, com seus crossovers, aventuras solo e republicações das clássicas fases mencionadas no parágrafo anterior com a coleção O Sombra: Grandes Mestres.

E aparentando ter encontrado uma casa estável no Brasil, o legado deste clássico justiceiro segue vivo para os leitores, que podem desfrutar das deliciosas histórias criadas por grandes nomes da Nona Arte. Mas quem sabe o que o futuro reserva para o herói? Apenas O Sombra sabe.

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Sobre o Autor

Gabriel Faria

Assistente Editorial, apaixonado por quadrinhos, redator da Torre de Vigilância, criador do blog 2000 AD Brasil e otaku mangazeiro nas horas vagas.