De acordo com o dicionário oficial do Google, a definição de vida é a seguinte: ”propriedade que caracteriza os organismos cuja existência evolui do nascimento até a morte”.
Derivando-se de um ponto de vista mais científico e racional, a manifestação dada pelo ”pai dos burros” moderno está mais do que certa, visto que a origem da existência, aparentemente se iniciou de uma gnose menos cultural e mais precisa. Entretanto, com o nascimento da filosofia moderna e dos milhares ”maus do século”, a vida ganhou um significado mais amplo e dependendo do ponto de vista do indivíduo, pode-se dizer que a precedência de um alicerce é muito mais que simples termos criados pelo homem.
Em inúmeros momentos da vida, tem-se a sensação que nada dará certo e que tudo conspira contra nosso favor, dando a impressão, que esse tipo de ”divindade” efetivamente é uma criatura sedenta por vingança por algo que não fizemos de errado, sendo capaz, de causar inúmeras doenças psicológicas e neurais em determinado sujeito, como por exemplo, a depressão; que é a enfermidade que mais mata no mundo todo, que como consequência, vem se tornando algo difícil de se combater ao passar dos anos.
Do final de 2017 para cá, admito que a minha vida mudou drasticamente, tendo altos e baixos durante essa fase que eu posso chamar de ”fim da adolescência” para ”o começo de uma vida adulta visto a partir de um ponto de vista jovem”. Mas, como ninguém é de ferro, admito que estou no meu ápice, não aguentando mais determinadas atitudes e rumos que estou seguindo, mesmo que diferentes e maravilhosos fatores vem me abraçando ao decorrer que amadureço como pessoa.
Eu necessitava de uma história em quadrinhos que me intrigasse e que me envolvesse emocionalmente com a sua trama, mas, eu sabia que narrativas comuns de super-heróis não iriam me entreter por muito tempo. Após uma longa procura (ok, não foi tão longa assim) de algo que se distanciasse do Homem-Aranha, Flash, Batman, Vingadores, Liga da Justiça e Superman, acabei encontrando um personagem que sem sombras de dúvidas, é um herói que marcará minha vida e que será praticamente impossível de ser eliminado do meu coração. Senhoras e senhores, estou falando de ninguém mais ninguém menos, que o esplêndido Cavaleiro da Lua.
Diferente dos dramas e motivações convencionais dos audaciosos vigilantes que cercam o mundo do entretenimento nos dias de hoje, o Cavaleiro da Lua é um dos poucos que se diferenciam do restante da ”massa popular”.
Antes de resumir a sua trajetória nos quadrinhos, e assim, poder ir direto ao ponto, é preciso expressar a minha imensa gratidão ao roteirista Jeff Lemire e ao desenhista Greg Smallwood, que graças a eles, foi-me entregue o melhor gibi que eu li em anos.
Lemire tem em seu currículo grandes nomes, como: Black Hammer, Teen Titans: Earth One, Wolverine: Old Man Logan e dentre outros. O roteirista é conhecido por abordar temais mais realistas e pé no chão em seus gibis, fazendo na maioria das vezes, com que o leitor se identifique com o que está acontecendo nas entrelinhas de seus projetos.
Já Smallwood, trabalha quase de maneira exclusiva para a Marvel, sendo Black-out e Dream Thief: Escape os seus únicos projetos fora da casa das ideias. No momento, o artista vem se consolidando com a atual fase do Cavaleiro.
Sintetizando de maneira breve a origem e história do personagem criado por Doug Moench e Don Perlin em 1975, Marc Spector é filho de um rabino que conseguiu fugir do regime nazista na época da Segunda Guerra Mundial. Spector é um ex-pugilista e fuzileiro naval que após abandonar a sua carreira militar e se tornar um mercenário, foi deixado por Raul Bushman a beira da morte no deserto enquanto cumpria uma missão especial.
No entanto, o deus egípcio Konshu cedeu ao mercenário, mais uma chance para viver, se tornando assim, o vigilante Cavaleiro da Lua. Mas será que isso aconteceu mesmo? Ou foi apenas ilusão da mente traiçoeira de Steven Grant e Jake Lockley, as duas personalidades que compartilham o mesmo corpo de Marc?
O protagonista dessa loucura, possui transtorno dissociativo de identidade, enfermidade que certifica a psique de um determinado sujeito a acreditar que uma ou mais consciências diferentes abitam o seu corpo, tendo controle total de sua mente e alma. No caso de Spector, ele desenvolveu três principais identidades, que são: O Cavaleiro da Lua propriamente dito; Steven Grant, um milionário e produtor de filmes hollywoodianos e o taxista Jake Lockley, que sai em patrulhas noturnas em busca de informações que possam favorecer as investigações do Cavaleiro.
Marc Spector descobriu o trastorno ainda criança e logo após a descoberta, foi levado por seu pai para um sanatório em busca de uma eventual cura, que óbvio, não adiantou em nada e só ajudou o pequeno garoto a ficar ainda mais louco, dando início a uma incrível e longa jornada até a sua vida adulta.
Após um breve resumo sobre a história do personagem, finalmente pude chegar aonde eu queria, que é contar para você meu (minha) caro (a) leitor (a), o que me fez amar tanto o personagem e quais são as semelhanças da nova e atual fase do herói com a filosofia feita nos primeiros parágrafos dessa coluna. Lançado em 2016 e tendo continuidade até os dias de hoje, o novo gibi do vigilante mascarado mescla entre a realidade do nosso mundo, com a fantasia vista nas HQ’s da Marvel. Mas não se deixe enganar, a ficção presente em Cavaleiro da Lua: Lunático e Cavaleiro da Lua: Reencarnação , é totalmente diferente com o que é testemunhado nas histórias da casa das ideias, pois enquanto uma trama de um personagem distinto fala sobre um vilão que viaja entre dimensões para caçar diferentes versões desse herói com a finalidade de se alimentar, aqui, é visto algo mais pé no chão que em determinados momentos, fica óbvio que uma critica ao mundo moderno está sendo feita.
De início, Lunático e Reencarnação são extremamente confusos e sem nexo, fatores essenciais para que o leitor se sinta desconfortável, como se estivesse passando pela mesma situação de Marc, que é praticamente impossível de associar com o que é real e com o que não é. Claro, depois tudo é explicado e pontuado como deve ser feito. Isso deve-se ao fato do excelente roteiro de Lemire, que em pequenos quadros e dizeres de personagens, mostra ao leitor o quão duro é enfrentar o cotidiano e como tudo pode ir por água a baixo por mais boa que a situação pode aparentar.
Não tenho outra palavra para descrever o quão bela é a arte de Smallwood além de ”espetacular”. Com traços finos e cuidadosos, seus desenhos levam a cabeça dos fãs a outro mundo, encantando qualquer um ao decorrer das diversas páginas da revista.
Outro ponto que merece ser mencionado, é que o Cavaleiro da Lua se distingue de todos os outros personagens da Marvel em vários aspectos, mas o mais evidente, é a sua motivação. Enquanto os outros heróis buscam redenção por algum ocorrido que aconteceu no passado, o propósito do Cavaleiro é apenas combater a sua mente, e conseguir viver em paz com as suas outras personalidades e nada mais. Pode parecer um pouco distante da realidade até então, mas a sua representação nessas duas histórias citadas no parágrafo anterior, se aproxima muito com o que vem assolando a humanidade, que é ninguém mais ninguém menos, que o maior vilão da coletividade mundial, a Depressão. Alem do que, o parecer final de sua jornada, se assemelha muito com os males da vida mencionados anteriormente. Portanto, o herói é definitivamente, uma representação com o que acontece com todos nós.
Além de ser o título desse artigo, a frase: ”nós somos o Cavaleiro da Lua e finalmente, nossa mente permanece em silêncio” foi a que mais me chamou a atenção em toda a história. Parando brevemente para refletir, eu percebi o quão bom foi acompanhar essa jornada do Cavaleiro da Lua até a saída de Jeff e Greg, que com muito orgulho, posso falar com toda a certeza nesse mundo: o personagem é mais que um herói de gibis convencionais, mas foi com ele que eu aprendi a ver a vida com um olhar mais otmundia e o melhor, foi Marc que me ensinou à seguir em frente e nunca desistir do melhor, pois o êxito sempre irá recompensar as falhas.
Espero que tenha gostado, até a próxima e não se esqueça, a chuva é real o suficiente para cair em nossos rostos.