Tela Quente

A Morte Te Dá Parabéns: a diversão dentro da simplicidade

Escrito por Thiago Pinto

O péssimo título adaptado para o Brasil te dá vergonha. Originalmente intitulado Happy Death Day, o filme conta a história de  uma garota universitária que entra em um ciclo vicioso no dia do aniversário sempre que é morta  por uma figura misteriosa. O conceito chama a atenção, mas é cercado por uma estrutura extremamente desgastada e simples. A Morte Te Dá Parabéns não foge dos clichês do gênero terror B para adolescentes. Apresenta a estudante bonitinha que tem um círculo de amigas invejosas, conflitos amorosos e uma grande lição de amadurecimento. Apesar disso, as cenas bem humoradas e o conceito temporal formam uma boa combinação e um entretenimento válido para assistir com os amigos.

Christopher B. Landon não tenta criar algo muito complexo. Sua direção está alinhada com a história e as atuações, totalmente básicas e feitas para arrecadar uma quantia regular de dinheiro (o longa não deve se sair tão bem nas bilheterias). A câmera do diretor foca nos eventos repetitivos da vida da garota Tree (Jessica Rothe) para mostrar que ela está passando pelo mesmo momento várias vezes. Suas demonstrações detalhistas e excessivas não exercem nenhuma função significativa para a narrativa, tratando o público como burro. Até mesmo alguns diálogos e falas parecem querer conduzir o pensamento do espectador, porque este não terá a capacidade mínima de compreender uma simples ação.

Landon não é de todo ruim. Dá para sentir boas intenções na ambientação que ele tenta criar em várias cenas. Seja pelo o uso da luz e das sombras ao favorecer o assassino com máscara de bebê, que sempre está bem posicionado em tela exalando perigosidade. As sequências de perseguição são muito bonitas de acompanhar, o travelling e o plano holandês tornam satisfatória a sensação de assisti-las. A falta de violência sanguinária incomoda, provavelmente por conta da classificação indicativa, e talvez deixaria o próprio filme mais interessante.

Não só na direção, mas também no roteiro desenvolvido por Scott Lobdell há boas intenções e erros. Os dias similares guardam características e consequências próprias provocadas pela protagonista. Enquanto ela morre e o dia renasce novamente, o emocional e a personalidade da personagem vão evoluindo constantemente. Suas descobertas e decisões são pautadas pelo o que acontece durante as tentativas de descobrir quem é o assassino. Méritos do roteiro, que tem coerência quase total, tirando alguns tropeços no timing dos acontecimentos e na falta de profundidade ao tratar suas mensagens.

O filme, porém, não guarda um resultado negativo. Seu conceito de morte e ressurreição é chamativo aos adolescentes em geral. Ainda há várias cenas que inserem um humor agradável e pontual. O próprio assassino tem um estilo mais moderno, seguindo os traços parecidos com os da série Scream da Netflix. A trilha sonora guarda uma junção entre traços musicais infantis e de suspense. Além desses atrativos, há um plot twist óbvio para alguns e surpreendente para outros, que trará algumas discussões breves após a sessão.

Apesar das imensas oportunidades perdidas, ao todo, A Morte Te Dá Parabéns traz um bom divertimento, uma trama instigante até certo ponto e alcança os seus pequenos objetivos. Junte seus amigos e vá assistir uma prova concreta de que a simplicidade traz bons frutos às vezes.

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Sobre o Autor

Thiago Pinto

‘’E quando acabar de ler a matéria, terá minha permissão para sair’’

-Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012)