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Doomsday Clock | Geoff Johns fala sobre o quadrinho

Há quase um ano, o Renascimento começou, trazendo toda a esperança e otimismo perdido nos últimos anos das histórias da DC, um dos fatores mais interessantes desta nova fase é o envolvimento de Watchmen no universo das Lendas, que começou a ser explorado mais a fundo no crossover entre Batman e Flash: The Button. Depois de um misterioso teaser postado em seu Twitter no ano passado, o roteirista Geoff Johns anunciou Doomsday Clock, um novo evento da editora, que envolverá a aclamada graphic novel e terá como protagonistas: Superman e Doutor Manhattan.

Em entrevista ao Blastr, o roteirista falou um pouco sobre o novo projeto.

1 – Esta não é uma sequência de Watchmen.

“É algo a mais. É Watchmen colidindo com o universo DC,  é o projeto mais absolutamente incrível, pessoal e complexo da minha carreira. Com o Renascimento, eu abri portas para o Manhattan. Parte disto, é que eu amo a influência do mundo real que Watchmen tem. Eu pus Manhattan e eu sempre soube que existia uma história Manhattan/Superman para ser contada, mas então, cresceu. E cresceu. Tocou o meu coração e minha alma. Ainda assim, no centro de tudo isto, existe um ser que perdeu sua humanidade e se distanciou dela, e um alienígena com mais humanidade que os próprios humanos. Eu adoro a ideia de que Watchmen influencia o Universo DC, mas e se fosse ao contrário? E vai muito além disso.”

2 – É uma única história, sem tie-ins.

“Não iríamos fazer uma história como essa a menos que acreditemos 100% nela. É tudo sobre a história, é apenas sobre a história. Não existem crossovers. Não vamos diluir one-shots ou minisséries em cima desta. É uma única história. É apenas Doomsday Clock. Não tivemos interesse de fazer um crossover com isto. Não queremos ver Doutor Manhattan contra Superman em Action Comics, com todo o respeito. Não é disso que se trata. É algo diferente. Terá impacto sobre todo o universo DC. Irá afetar tudo o que fizemos anteriormente. Irá tocar na temática e na essência literal da DC.”

3 – Os personagens envolvidos na história.

“Teremos personagens da DC ao longo da história, mas só iremos nos focar em alguns deles. Há um foco muito grande no Superman e no Doutor Manhattan. Manhattan é um foco muito grande, e suas razões por estar aqui, e fazendo o que ele faz, de certa forma, tem a ver com o Superman. E há muitos personagens envolvidos, mas é um pouco cedo para discutirmos sobre isto.”

4 – As origens da história.

“Quando o Renascimento foi lançado, e eu escrevi o especial e trabalhei com todas as equipes e todas as revistas seguiram sozinhas, eu falei com Gary Frank, e disse que há uma história muito interessante com o Doutor Manhattan, e seu ponto de vista e a intersecção com o que é o Universo DC. Nós debatemos se faríamos isso. Pois é um trabalho grande. Conversamos por 6 meses, a eleição não tinha acabado, após a eleição, eu liguei para Gary e disse: “Eu tenho a história completa.”

5 – Uma história para os nossos tempos?

“Isto é muito mais do que o presidente americano ou as reações à ele. É maior, é mais assustador. É sobre o mundo e as atitudes das pessoas. Eu sinto que existem extremos em todo lugar agora, extremos de todos os lados. As pessoas estão cada vez mais separadas. Escolhendo lados ao invés de descobrir como tornar a vida melhor. Há um senso de raiva, frustração, não existe no mundo muita compaixão e disposição para entender. Contar a história de dois extremos, e explorar o espírito coletivo através destes personagens é o que nós estamos fazendo. Nós achamos isso importante… A verdade é que, se o país não tivesse seguido um certo caminho, eu não sei se estaria contando essa história. Para nós, a história não poderia existir se o ano passado não tivesse se desdobrado do jeito que o fez, e o aumento do extremismo não era tão palpável.”

6 – A parceria com Gary Frank

“Eu digo que se o Gary não estivesse desenhando este quadrinho, eu não o faria. Não existe outro artista neste planeta que possa fazer isto. Nós estamos trabalhando juntos sem parar desde 2005, eu acho. Tudo o que eu fiz com Gary, eu entregaria para alguém e diria: “Quer saber o que eu faço?” Isto. Aqui estão Brainiac, Legião dos Super Heróis, Shazam, Batman: Terra Um. Tudo o que já fizemos juntos é convidativo ao novo leitor. Você pode lê-los em qualquer ordem. Nós nos unimos em um nível criativo, e você não encontra uma frequência como essa. Ele era o único, para mim, que poderia capturar algo como isto. Estávamos trabalhando em Batman: Terra Um Volume 3, que está praticamente pronto. Estávamos conversando e esta ideia veio. Ele estava indeciso por causa do material, mas quando conversamos sobre a história, pensamos que era algo – talvez maior do que tudo que já fizemos – nós acreditamos nisso. Nunca estivemos tão entusiasmados para um projeto. É a energia mais poderosa e criativa que eu já senti trabalhando com quadrinhos. Tudo o que eu já fiz nos quadrinhos não se compara a Doomsday Clock.

Além disso, Brian Cunningham, nosso editor, que o requisitou. Ele é o melhor para nós. Como um time, ele traz um monte disso. Ele é um dos únicos que sabe a história, ao lado de Dan Didio e Jim Lee. É como se ele fosse o produtor, eu o roteirista e Gary, o diretor.”

7 – O título.

“O título pega elementos icônicos do Superman, de Watchmen e do Universo DC. Eu o acho perfeito. Eu gosto de como forma a sigla “DC”. Costumava ser chamado de “The Doosmday Clock”, mas eu tirei o “The”. Obviamente, as pessoas sabem quem o Apocalipse é, mas ele não faz parte da história, mas eu gosto das implicações que isto traz. Pessoas pensarão que a última vez em que ouviram Doomsday e Superman, ele morreu, então o que será? O que ele irá passar durante esse tempo? E como isso os afetará?”

8 – O otimismo do UDC será contaminado pelo pessimismo de Watchmen?

“Este é exatamente o ponto da história. Serão? Poderão?

Eu acredito no poder destes ícones. Eu acredito no poder da esperança e do otimismo. Pessoas dizem que se é escuro, é real e profundo. Eu discordo disso… e eu não me importo se exalta o drama. Mas eu quero que seja o drama do jeito certo. Acho que eu e Gary, ganhamos o direito de fazer uma história na qual acreditamos. Com o Renascimento, provamos que nos importamos e levamos isso a sério. Nós amamos Watchmen. Nós amamos o Universo DC.”

9 – Há dúvidas em lidar com esta história?

“Eu tive dúvidas sobre esta história? É por isso que não será lançada até novembro. Não lançamos no último novembro, ou no último julho. Gary e eu pensamos que ela só seria lançada se tivéssemos a história que temos que contar. Levou 8 meses. “Você sabe o que fazemos. Levamos a responsabilidade extremamente a sério.”

10 – A conexão com o one-shot Renascimento

“O one-shot foi tão pessoal e tão importante para mim. Não era sobre relançar uma linha. Era uma história que eu queria contar. É por isso que foi boa. Eu não acho que todos os meus quadrinhos tenham sido ótimos, mas aquele, eu acredito que foi. Porque eu acreditei bastante nele. Eu o senti. Eu não gostava de como o Universo DC estava, e eu queria uma história para trazer de volta tudo aquilo que eu tinha perdido como um fã. Isto desafia o Renascimento e diz: “Eu posso reafirmá-lo?”

SPOILERS SOBRE FLASH #22 ABAIXO 

11 – No final da edição, Bruce vê o Bat-sinal e questiona se deve respondê-lo.

“Era exatamente o que Manhattan queria. Tirar Bruce do seu caminho.”

12 – A página final mostra o escudo do Superman danificado.

“Isto é apenas visual. Quais são as falhas no Superman? Ele pode cair? Nós vamos descobrir, ainda há muito mais por vir, nos aprofundaremos nisto em breve.”

Com roteiro de Geoff Johns e arte de Gary Frank, Doomsday Clock será lançado em novembro. No Brasil, o Renascimento começou a ser publicado mês passado pela editora Panini. Para mais informações, fique ligado na Torre de Vigilância.

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Sobre o Autor

João Guilherme Fidelis

"Mas sabe de uma coisa ? Sentir raiva é fácil. Sentir ódio é fácil. Querer vingança e guardar rancor é fácil. Sorte sua, e minha que eu não gosto deste caminho. Eu simplesmente acredito que esse não é um caminho" - Superman (Action Comics #775)