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Crítica | Transformers: O Último Cavaleiro

O primeiro Transformers completou 10 anos na última terça-feira e continua sendo o filme mais bem equilibrado e estruturado da franquia. Depois do primeiro filme, a franquia se perdeu com o péssimo A Vingança dos Derrotados e se recuperou aos poucos com O Lado Oculto da Lua e A Era da Extinção, ainda que sejam filmes arrastados. Transformers: O Último Cavaleiro, quinto capítulo da saga, é Michael Bay em seus melhores dias.

É incrível ver como Bay amadureceu durante estes 10 anos e aprendeu com seus erros do passado. O Último Cavaleiro não é arrastado, não cria subtramas desnecessárias e esquece o humor sem graça dos três filmes anteriores para dar espaço ao que realmente interessa: A aventura.

Cena tensa porém curta, mas ainda sim, tensa.

E que aventura! Na trama, Optimus Prime está no espaço a procura de seus criadores, enquanto isso na Terra, Cade Yeager (Mark Wahlberg) protege os Autobots que estão sendo caçados pelos humanos. Com uma grande ameaça a caminho, Sir Edmund Burton (Anthony Hopkins) reúne Cade e Vivian Wembley, uma professora de Oxford, para entender as origens dos Transformers e salvar o mundo.

O filme é frenético, não há tempo para respirar, é uma cena de ação atrás da outra em 2 horas e meia de filme. E isso nunca o torna cansativo, desde a Era da Extinção as cenas de ação tem se tornado menos confusas, o abandono da câmera tremida e a adição de mais cores aos robôs as tornaram mais entendíveis e o 3D é totalmente bem utilizado, provavelmente um dos melhores filmes para se assistir neste formato lançado nos últimos anos.

A franquia nunca foi um exemplo de bons roteiros, mas o de Transformers: O Último Cavaleiro é provavelmente o melhor dos cinco. Cheio de referências e easter-eggs que vão desde G1 até Prime e com várias resoluções de pontas soltas dos filmes anteriores. O time de roteiristas foi feliz em construir a nova mitologia dos robôs disfarçados e diferente das outras sequências, não a desperdiçou ou modificou, mas acrescentou. A explicação dada para os Transformers sempre virem para a Terra é simples e remete a um conceito estabelecido em uma das séries animadas. No entanto, se eles escrevem bem a mitologia, não se pode dizer o mesmo de todos os personagens, alguns são bem escritos como o personagem interpretado por Hopkins e alguns carecem de motivações melhores no ato final como a personagem da Isabela Moner, no geral, o elenco humano é um dos melhores e conta com personagens que realmente tem sua importância para trama e não estão lá apenas para “encher linguiça”.

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Apesar da participação inútil no ato final, Isabela Moner é um pequeno prodígio

Quanto aos robôs, temos um bom tempo de tela para eles. Transformers: O Último Cavaleiro traz de volta um fator essencial tão esquecido no quarto filme: As transformações. Esse é provavelmente o filme de Transformers com mais transformações. Personagens como Hound, Drift e Crosshairs que não se transformaram no último longa, aqui o fazem e é incrível. As máquinas são bem carismáticas, destaque para Cogman, uma espécie de C-3PO assassino e Hot Rod, um Autobot com sotaque francês e uma arma surpreendente. Os designs misturam o estilo da nova trilogia com o da primeira. Rostos com traços mais humanos, mas ainda assim mantendo as feições alienígenas.

Hot Rod: A arma dele é incrível

Esse provavelmente é o blockbuster de 2017 com o melhor uso de efeitos especiais até agora. Mesmo com o uso exagerado deles no último ato, em nenhum momento o trabalho da Industrial Light & Magic deixa a desejar. A trilha sonora de Steve Jablonsky continua se misturando de forma orgânica às cenas de ação, criando momentos épicos. O compositor cria ótimas novas faixas como “The Staff”, “Sacrifice” e “The Coming of Cybetron”, mas a trilha ganha força total quando resgata os temas dos Autobots e de Optimus Prime.

Existe um porém em Transformers: O Último Cavaleiro, Michael Bay definitivamente não o pensou para o público em geral e sim para os fãs, é a culminação dos eventos dos quatro filmes em um só. Isso pode explicar a péssima recepção do filme. Não é nem de longe o pior trabalho do diretor e muito menos uma carta de ódio ao cinema. É um blockbuster puro e inofensivo que impressiona com as cenas de ação, constrói uma boa mitologia e guia a franquia para novos e empolgantes rumos. Michael Bay não poderia ter se despedido de maneira melhor.

 

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Sobre o Autor

João Guilherme Fidelis

"Mas sabe de uma coisa ? Sentir raiva é fácil. Sentir ódio é fácil. Querer vingança e guardar rancor é fácil. Sorte sua, e minha que eu não gosto deste caminho. Eu simplesmente acredito que esse não é um caminho" - Superman (Action Comics #775)