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Crítica | Doutor Estranho

Escrito por Thiago Pinto

A felicidade dos fãs de quadrinhos chegou ao ápice em 2016. Apesar das opiniões diversas, não há como negar isso. Tivemos Deadpool, Batman V Superman: A Origem da Justiça, Capitão América: Guerra Civil, X-Men: Apocalipse, Esquadrão Suicida e agora, o aguardado Doutor Estranho, que encerrou o ano com chave de ouro.

Após várias continuações, a Marvel Studios retorna as suas raízes para contar a origem de um dos seus personagens mais interessantes e poderosos, além de ampliar seu universo no cinema, abrindo as portas para o mundo místico, pouco explorado até aqui.

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Stephen Strange é interpretado por Benedict Cumberbath, que sempre dá o máximo de si em seus papéis. De fato, parece ser uma escolha para substituir Robert Downey Jr. (Homem de Ferro) como estrela principal do MCU, mas ainda há muito chão para percorrer. Em sua interpretação, Cumberbath arrebenta e representa toda a arrogância e prepotência do Strange dos quadrinhos. Mas não tira o mérito de outros grandiosos atores do longa.  Tilda Swinton é um ponto fortíssimo como Anciã, Chiwetel Ejofor se mostra pouco como Mordo, mas demonstra muito potencial para uma futura continuação, e Benedict Wong é formidável, sendo o melhor alívio cômico (desnecessário), mas que funciona.

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Funcional seria a palavra-chave de Doutor Estranho. A fórmula Marvel sempre funcionou, mas é nítida que inovação não é sinônimo desta. As piadas continuam lá, jogadas nos ouvidos do espectador a todo momento. Cerca de 90% delas funcionam, mas parece que o diretor e roteirista Scott Derrickson não soube organizar o timing de sua história. Muitas piadas colocadas exageradamente na hora errada, principalmente em cenas que precisavam ser mais dramáticas para o filme conseguir ter um desenvolvimento agradável. Entretanto, não foi esse o único erro. Várias decisões parecem terem sido apressadas e mal resolvidas.

Novamente os vilões foram o ponto fraco do filme. Kaecilius (Mads Mikkelsen) não demonstra ser uma ameaça de fato. É mais um fantoche do que um antagonista, e sempre há alguém comandando o fantoche. Enquanto a Marvel está preparando o terreno da melhor forma possível para o Titã Thanos, ela não demonstra interesse em desenvolver um outro vilão tão grandioso quanto, fazendo qualquer coisa para ter um final mais clichê possível.

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Chega de falar de erros, porque os acertos se sobrepõem no final. Doutor Estranho é a chance da Marvel de ganhar o Oscar de melhores efeitos especiais, o 3D junto com o IMAX valem a pena. É louco, frenético, psicodélico, qualquer adjetivo maluco cabe neste contexto. As sequências de ação são de tirar o fôlego, é bonito de se ver. Se tivéssemos um filme com três horas de lutas místicas, eu já estaria na porta do cinema.

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Finalmente um filme de super heróis conseguiu transmitir uma mensagem, embora superficialmente. Pensar só em si mesmo seria o melhor caminho? Temos que sacrificar algumas coisas para o bem de outros? Não está estampado na cara do espectador, mas a ideia de Derrickson está lá.

As duas cenas pós-créditos são úteis e trazem conteúdo para o universo cinematográfico da Marvel. Podem ter certeza que veremos Doutor Estranho novamente, e em relação à sua própria história, há muito potencial a ser explorado ainda, e que podem trazer bons resultados no futuro.

Doutor Estranho foi a melhor maneira de nos apresentar um mundo novo nos cinemas. Mesmo tendo algumas decisões equivocadas e precipitadas, continua sendo um ótimo filme para introduzir um personagem, que é desconhecido pelo público em geral. Como em Guardiões da Galáxia, Doutor Estranho conseguiu impressionar com sua grandiosidade, mirando sempre em um futuro promissor, que está a cada vez mais próximo, seja em Vingadores: Guerra Infinita, Thor: Ragnarok ou até mesmo em um possível Doutor Estranho 2.

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Sobre o Autor

Thiago Pinto

‘’E quando acabar de ler a matéria, terá minha permissão para sair’’

-Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012)